“Reforma nacional
democrática e contrarreforma no ABC paulista: 1956-1964”, é uma pesquisa
histórico-empírica que utilizando exaustivamente fontes escritas e orais traça
um esboço vívido da trajetória do movimento operário e popular (MOP) na década
que antecedeu a instauração da ditadura militar, colocando em evidência que: à
época Santo André era o epicentro econômico, social e político da vida regional
e também nucleava o MOP; o Conselho
Sindical da Borda do Campo articulava o sindicalismo; o Centro Popular de
Cultura tinha uma influência cultural estendida e o Sindicato dos Metalúrgicos
do ABC, com sede em Santo André, desempenhava o tradicional papel de “quartel
general” da classe trabalhadora. O MOP na região remontava ao fim do século
XIX, permanecendo sob a influência do ativismo anarquista pelo menos até a
Revolução Russa de 1917. No pós-guerra, entretanto, os comunistas, sobretudo do
PCB, que têm um papel protagonista neste estudo, tornam-se a força de
referência do Movimento. Concomitantemente, os católicos de esquerda, buscando incluir-se
no MOP, iam emprestando deste, algumas de suas formas de luta. Em 31 de março
de 1964, a ditadura burguesa, em conúbio com o imperialismo, esmagou o MOP manu militari, interrompendo sua
trajetória ascendente e compelindo o
Movimento a viver uma existência semilegal e semiclandestina durante doze anos.
No, entanto, exibindo sua capacidade de autopreservação mesmo sob a maior
adversidade, a partir do segundo lustro dos anos 1970, o Movimento reavivado,
valendo-se de velhas e novas formas de organização, das quais fizeram parte o
autodenominado “novo sindicalismo” e o Partido dos Trabalhadores, reassumiu a
luta política abertamente, vindo a desempenhar papel decisivo na liquidação da
ditadura militar.
Candido Giraldez Vieitez
Reforma nacional
democrática e contrarreforma no ABC paulista: 1956-1964
Marília: Lutas Anticapital, 2019. 2ª edição
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