terça-feira, 31 de março de 2020

Pandemia e socialismo




*por Prabhat Patnaik [*]

Doentes da Gripe Espanhola, 1918. Diz-se que numa crise todos se tornam
socialistas; os mercados livres passam a ocupar um lugar secundário, em
benefício dos trabalhadores. Durante a Segunda Guerra Mundial, por
exemplo, quando o racionamento universal foi introduzido na
Grã-Bretanha, o trabalhador médio tornou-se mais bem nutrido do que
antes. Da mesma forma, as empresas privadas são mandatadas para produzir
bens para o esforço de guerra, introduzindo assim um planeamento de facto.

Algo do género está a acontecer hoje sob o impacto da pandemia. Em país
após país há uma socialização da saúde e da produção de alguns bens
essenciais, a qual se afasta apreciavelmente da norma capitalista – e
quanto mais grave é a crise, maior é o grau de socialização. Assim, a
Espanha, o segundo país europeu mais atingido depois da Itália,
nacionalizou todos os hospitais privados para enfrentar a crise: todos
eles estão agora sob o controlo do governo. Até mesmo Donald Trump está
a orientar empresas privadas para produzirem bens urgentemente
necessários durante a pandemia. Endurecer o controle governamental sobre
a produção não caracteriza apenas a China do presente; marca também a
política dos EUA, para não mencionar vários países europeus.

Há uma segunda razão pela qual um mundo atingido por uma pandemia toma
um rumo aparentemente socialista. Isto tem a ver com a necessidade
forçada de um temperamento científico; e o próprio temperamento
científico é um grande passo rumo ao socialismo. A absoluta vacuidade
das "teorias" apregoadas pelas "prescrições" do [partido] Hindutva, por
exemplo, como a bosta e a urina de vaca servirem de antídotos contra o
coronavírus, são encaradas com desprezo num momento como este. Os
próprios indivíduos que apregoam tais teorias, muito sensatamente, ou
correm para os hospitais por conta própria ou são levados para os
hospitais pelos seus parentes, ao primeiro sinal de uma tosse. A
superstição revela-se cara numa tal situação. Ocorre uma mudança forçada
de atitudes que também é conducente à ideia de socialismo.

'. É verdade que a Índia está muito atrasada em relação a outros países,
tanto em termos da adopção forçada de um temperamento científico, como
em termos da volta forçada à socialização da produção e dos cuidados de
saúde. A propensão prevalecente para o kitsch ainda não foi abandonada,
apesar da crise. Durante o "toque de recolher de Janata" de Modi, em 22
de Março, por exemplo, quando ele havia apelado a cinco minutos de
toques de sinos pelos trabalhadores da saúde, entusiásticos devotos de
Modi não só estenderam o período até meia hora como até se reuniram para
manifestações barulhentas e fizeram procissões em praças enquanto
sopravam conchas, o que anulou a própria lógica do "toque de recolher",
destinado a impor o distanciamento social.

Da mesma forma, embora o governo tenha agora ampliado as instalações de
testes com a inclusão de hospitais privados, ainda não faz nos mesmos os
testes e o tratamento gratuito dos pacientes que se revelam positivos.

Mas a contínua prevalência do kitsch Hindutva tende à exclusão de um
temperamento científico. E a contínua deferência ao desejo de lucro nos
hospitais privados pode ser atribuída ao facto de até agora a crise ter
sido menos grave na Índia. Se a sua gravidade aumentar, o que se espera
que não aconteça, então a Índia também terá de mudar de atitude e seguir
o caminho da socialização tal como outros países.

Uma tendência alternativa oposta também é discernível no momento, que é
a de adoptar uma política de "mendigo-meu-vizinho". A oferta de Trump de
comprar direitos exclusivos para uma vacina que está a ser desenvolvida
pela empresa alemã CureVac capta essa tendência. Trump, por outras
palavras, estava a tentar garantir que a vacina estaria disponível
apenas para os EUA e não para outros, uma tentativa que foi negada pelo
governo alemão. Da mesma forma, a tentação, de modo algum
negligenciável, de concentrar a protecção apenas num segmento da
população e abandonar os outros – que incluiria os idosos, as mulheres e
os grupos marginalizados – aos seus destinos, é outra expressão desta
tendência. E a persistência de Trump nas sanções ao Irão, apesar de o
país ter sido muito atingido pela COVID-19, é outro exemplo óbvio desta
tendência. A ideia em todos estes casos é típica do capitalismo, a qual
é deixar os pobres e os vulneráveis à mercê da pandemia, assegurando ao
mesmo tempo que os ricos, os fortes, os bem sucedidos, permanecem
protegidos. O revés de Bernie Sanders, um socialista confesso que na
campanha eleitoral advogara cuidados de saúde universais nos EUA, só
reforçaria esta tendência.

Contudo, tal tendência tem um limite natural. A característica da actual
pandemia é que é difícil mantê-la restrita a apenas um país ou a um
segmento do mundo ou a um segmento da população. A tentativa estéril de
o fazer, na qual Trump se deleita, está condenada ao fracasso. Dizer
isto não é sugerir que a humanidade de alguma forma se moveria sem
problemas para uma nova compreensão da necessidade de ir além do
capitalismo a fim de enfrentar a crise, mas, ao contrário, que na
confusão das medidas anti-pandémicas, aquelas que vão para além do
capitalismo acabarão por ter de assumir uma posição dominante. E quanto
mais tempo perdurar a pandemia, mais verdadeiramente provável isto se
tornará.

O que esta pandemia demonstra é que enquanto a actual globalização tem
estado sob a égide do capitalismo, o capitalismo não tem os meios para
lidar com a sua propagação. O capitalismo conduziu a uma situação em que
os movimentos de mercadorias e capitais, incluindo os das finanças, se
tornaram globalizados; acreditava que as coisas podiam ficar confinadas
só a tais movimentos. Mas isso era impossível. Globalização também
significa o rápido movimento global de vírus e, portanto, o surto global
de pandemias.

Tal surto global de uma pandemia com mortalidade muito elevada havia
ocorrido só uma vez anteriormente e isso foi em 1918 com o vírus da
gripe espanhola. E esta propagou-se por todo o mundo porque ocorreu em
meio a uma guerra, quando milhares de soldados haviam cruzado milhares
de quilómetros para combater em trincheiras e depois voltaram para casa
como portadores do vírus. A guerra, em resumo, havia rompido a exclusão
nacional durante o período em que se desencadeou, provocando uma
pandemia global. O surto da SRA de 2003 afectou 26 países e embora
grave, levou a uma mortalidade estimada em 800, ao passo que a actual
pandemia já ceifou mais de dez vezes esse número.

Agora, contudo, o colapso da exclusão nacional foi incorporado ao
sistema, razão pela qual os surtos globais do tipo que estamos a
testemunhar serão fenómenos comuns na fase actual do capitalismo. E
também é por isso que os esforços do estilo Trump para restringir a
crise apenas a alguns segmentos da população e proteger outros, estão
destinados ao fracasso. Em suma, o capitalismo chegou agora a uma fase
em que as suas instituições específicas são incapazes de lidar com os
problemas por ele criados.

A pandemia é apenas um exemplo deste fenómeno. Vários outros reclamam a
nossa atenção com urgência, dos quais mencionarei apenas três. Um é a
crise económica global que não pode ser resolvida dentro das
instituições existentes do capitalismo. No mínimo, requer uma
estimulação globalmente coordenada da procura através de meios
orçamentais, por vários governos a actuarem em conjunto. Quão longe
estamos de tal coordenação global é ilustrado pelo facto de que o
principal país capitalista, os Estados Unidos, só pode pensar em
proteger sua economia para superar a crise, o que é uma abordagem de
segmentação análoga à que está a tentar no contexto da pandemia. O
segundo exemplo refere-se à mudança climática [NR] <#nr> , onde mais uma
vez o capitalismo criou uma crise que não pode resolver dentro dos
parâmetros que o definem. Meu terceiro exemplo refere-se à chamada
"crise dos refugiados" ou o movimento global dos vitimizados pelo
capitalismo com as suas guerras e também com a sua paz.

Estas crises sugerem um fim de jogo para o sistema. Elas não são
meramente episódicas: a crise económica não é uma mera recessão cíclica,
mas representa uma crise estrutural prolongada. A crise causada pelo
aquecimento global [NR] <#nr> também não é apenas um episódio temporário
que desapareceria por si só; e a pandemia mostra o perfil das coisas que
estão para vir na era da globalização capitalista, quando o mundo
inteiro será atingido por vírus em rápido movimento que afligem milhões
de pessoas, não uma vez em um século, mas com muito mais frequência.
Para que a espécie humana sobreviva a todos estes desafios, as
instituições do capitalismo são extremamente inadequadas. É necessário
um movimento rumo ao socialismo. Assim, as medidas actuais que
substituam o "mercado livre" e a motivação do lucro, embora
aparentemente apenas temporárias e de emergência, são indicadores
inconscientes.

29/Março/2020

[NR] Um falso problema, como resistir.info tem mostrado. Ver por exemplo
Acerca do chamado "aquecimento global"
<https://www.resistir.info/climatologia/ag_faqs_out19.html> .

*[*] Economista, indiano, ver Wikipedia
<http://en.wikipedia.org/wiki/Prabhat_Patnaik>

In
RESISTIR.INFO
https://www.resistir.info/patnaik/patnaik_29mar20.html
29/3/2020

domingo, 29 de março de 2020

Coronavirus y Crisis Sistémica del Capitalismo

In
OBSERVATORIO DE LA CRISIS
https://observatoriocrisis.com/2020/03/29/coronavirus-y-crisis-sistemica-del-capitalismo/
29/3/2020



In
OBSERVATORIO DE LA CRISIS
https://observatoriocrisis.com/2020/03/29/coronavirus-y-crisis-sistemica-del-capitalismo/
29/3/2020

sexta-feira, 27 de março de 2020

Salvar o capital ou salvar o povo?




*por Ángeles Maestro [*] <#asterisco> *

Angeles Maestro. A actual crise sanitária e social tem proporções
gigantescas e consequências ainda por determinar, sem comparação desde
há décadas.

A saúde pública é ultrapassada enquanto os hospitais de gestão privada
com financiamento público olham para o outro lado, mantêm boa parte das
suas instalações encerradas e continuam a sua actividade habitual. As
seguradoras privadas, em meio à tragédia, multiplicam a publicidade
pretendendo aproveitar-se da angústia das pessoas enquanto aproveitam as
medidas do governo para reduzir o seu pessoal.

Ao mesmo tempo, surge uma autêntica hecatombe social.

O confinamento decretado para tentar minimizar os contágios revelou toda
a magnitude da criminosa desordem capitalista. A polícia, a guarda civil
e o exército tomaram as ruas para evitar que as pessoas saiam de casa
sem motivo justificado enquanto se deixa ao livre arbítrio do grande
capital manter ou não a produção. A incongruência produz situações
aberrantes como trabalhadores e trabalhadoras indo trabalhar em sectores
não indispensáveis, apinhadas no metro, enquanto o exército com
metralhadora em punho ou a polícia as impedem de dar um passeio pelo seu
bairro no fim-de-semana. Ao mesmo tempo, a redes sociais reflectem um
número crescente de abusos, arbitrariedades e brutalidade policial na
aplicação, precisamente, da Lei Mordaça.

De facto, as empresas que fecharam fizeram-no, na maioria dos casos, em
consequência da exigência do pessoal. Milhares de empresas mantêm sua
produção de bens e serviços não essenciais; e fazem-no expondo seu
pessoal – mesmo com casos e sintomas positivos e sob ameaça de demissão
– a correr o risco de contágio e de se converterem em novas fontes de
infecção. Um dos muitos casos relatados foi o da multinacional
dinamarquesa VESTAS, que fabrica turbinas eólicas e obriga os seus 1.300
funcionários a trabalhar na sua sede em Saragoça, apesar de ter vários
casos confirmados de Coronavírus. Os sindicatos denunciaram que esta
empresa armazena e esconde milhares de máscaras, luvas de nitrilo,
óculos e fatos de segurança, etc [1] <#notas> .

O sindicato CGT da Airbus, depois de comprovar que tanto na empresa como
em indústrias auxiliares havia centenas de trabalhadores e trabalhadoras
com sintomas – positivo ou em quarentena – e perante a recusa da empresa
em parar a produção, convocaram greve indefinida a partir de 30 de
Março. O objectivo é dar cobertura a todas as pessoas que decidam não
comparecer ao trabalho.

*Onde está o dinheiro? *

Seria possível pensar que esta penúria desesperada de meios da saúde
pública e de miséria em milhões de lares é consequência da ausência
generalizada de recursos. Não é assim, nada que se pareça. Recordo
alguns dados relativos a fundos que saem dos Orçamentos Gerais do
Estado, que vão parar em sectores de prioridade discutível e que não o
Estado de Alarme não alterou em absoluto:

Só o pagamento dos juros da Dívida [2] <#notas> que triplicou depois de
transferir dezenas de milhares de milhões de euros de dinheiro público à
banca e que não foi devolvido – sem contar os vencimentos de capital –
supõe €31,4 mil milhões por ano, €86 milhões por dia [3] <#notas> . O
gasto militar é de €31,4 mil milhões por ano, €87 milhões por dia [4]
<#notas> . As subvenções à igreja católica, mais de €11 mil milhões/ano,
€30 milhões/dia [5] <#notas> . O pagamento à casa real, oito mi milhões
de euros por ano, €22 mil/dia [6] <#notas> .

A tudo isto temos de somar os dados da evasão fiscal dos grandes bancos
e empresas, que se em condições normais provocam indignação hoje são
directamente escandalosos.

As empresas do [índice] Ibex 35 mantêm 805 filiais em paraísos fiscais,
80% delas na própria UE, para os quais desviam lucros empresariais,
provocando perdas multimilionárias nas receitas do Estado pelo já muito
desvalorizado imposto sobre Sociedades. Desta forma, apesar do
incremento espectacular de lucros declarados nestes últimos anos, as
receitas estatais com este imposto foram a metade, ao passo que as
receites provenientes de impostos indirectos como o IVA subiram 14%. Os
lucros destas empresas nos anos de 2018 e 2019, segundo a CNMV, somam
77.677 milhões de euros.

As empresas do Ibex que mais filiais possuem em paraísos fiscais são o
Banco Santander com 207, seguindo-se ACS com 102, Repsol com 70,
Ferrovial com 65 e Arcelor Mital com 55 [7] <#notas> .

E um respirador, material pelo qual clama a saúde pública, custa 4.000
euros.

*O grande capital aumenta seu poder com o Estado de Alarme *

E frente a esta situação, que antes do coronavírus já partia de
condições de miséria dramáticas para 12 milhões de pessoas e de penúria
para mais da metade da população [9] <#notas> , o governo na declaração
do Estado de Alarme limitou-se a por ridículos remendos frente ao
desmoronamento social e económico em curso.

O governo estabeleceu mecanismos de controle social estritos da
população, alguns deles com justificação mais do que duvidosa, ao passo
que o capital continua a actuar em função dos seus lucros e contra a
saúde da população, a começar pelos seus próprios trabalhadores e
trabalhadoras.

As medidas económicas anunciadas pelo governo do PSOE-PODEMOS no passado
dia 17 de Março, tal como ocorreu há uma década, põem em poder da banca
e das grandes empresas a capacidade de decisão sobre os fundos públicos
que, sem dúvida, vão empregar para resgatarem-se a si próprias. A
oligarquia económica e financeira, cujas empresas e bancos estão
interpenetrados, não só se verá beneficiada por esta gigantesca
emergência sanitária e social como é a banca que decidirá a que empresas
concede créditos com o aval do Estado e a quais não concede.

Como mandam os cânones da luta de classes, o grande capital, com o
governo "progressista" ao seu serviço, mantém o ceptro do poder, ainda
mais aumentado, para beneficiar-se com o desastre da imensa maioria.

Vejamos o mecanismo.

Dos 200 mil milhões que se anunciam, 100 mil são avais do Estado que o
governo põe em mãos dos bancos para que os administrem. Ou seja, são os
bancos os que avaliarão a solvência das empresas que os solicitarem e os
que decidirão a quais delas darão e a quais não darão, em função da sua
capacidade de assegurar a devolução do crédito concedido. E sem nenhum
risco, porque sem por acaso errassem na decisão e se verificasse o não
pagamento o Estado actuaria com o aval.

Existe alguma dúvida quanto a que empresas serão consideradas solventes,
tendo em conta que os mesmos capitalistas são donos de bancos e grandes
multinacionais? Haverá alguma possibilidade de que as mais de 150 mil
pequenas empresas ou os mais de três milhões de autónomos que estão a
ver afundarem-se seus negócios acedam maioritariamente a esses créditos?
É evidente que não.

Foi aos bancos, portanto, que foi concedida a enorme prenda de poder
vender a sua matéria-prima, o dinheiro, dando créditos no valor da
enorme soma de 100 mil milhões de euros. E venderão seus créditos à taxa
de juros "de mercado" quando o Banco Central Europeu (BCE) lhes empresta
a eles, e se emprestam entre si, à taxa zero ou inclusive negativa [10]
<#notas> .

A eles somar-se-ão os 750 mil milhões do BCE para comprar "activos
públicos e privados", ou seja, para insuflar essa enorme quantidade de
dinheiro público mediante a compra de títulos às grandes corporações,
enquanto o risco é assumido pelo BCE. Ou seja, a parte desses 750 mil
milhões que caiba à Espanha irá parar aos mesmos grandes bancos e às
mesmas empresas multinacionais.

Quanto às medidas destinadas às necessidades mais prementes da classe
operária, habitação, luz, gás, água, etc, são meros adiamentos de
pagamentos de hipotecas e facturas, que se acumularão para depois. E
caso nos esqueçamos, os credores são os mesmos grandes bancos e as
grandes multinacionais.

O resto das medidas do governo que impliquem gasto irão incrementar a
Dívida pública, essa que pagamos todos, sem que ao grande capital se
tenha imposto qualquer fardo. Muito pelo contrário, como vimos. E o que
mais veremos quando "para sair da crise" reclamem reduções, ainda mais,
no Imposto de Sociedades e outros impostos directos.

Na sua negligência criminal, porque há vidas a pagar por ela, o
Executivo não assumiu medidas paliativas que foram adoptadas por outros
governos europeus, pelo menos durante do Estado de Alarme, como:

Proibição absoluta de despedimentos neste período, como na Itália e
Grécia, declarando nulo qualquer despedimento que se verifique. Na
Itália, cada autónomo receberá um bónus de 600 euros em Março e Abril.
Na Grécia o Estado dará 800 euros em Abril àqueles que tiverem perdido
seu emprego. Na Dinamarca, o Estado pagará 75% dos salários de empresas
em risco de crise em contrapartida de não haver despedimentos. Em
França, moratória no pagamento de alugueres às PMEs, que além disso não
pagarão água, luz ou gás. Na Alemanha, até há pouco gendarme da
austeridade na UE, será utilizado o banco público KfW para usar os 550
mil milhões de euros em empréstimos às empresas durante a crise e serão
usadas ajudas públicas para que não haja despedimentos.

Neste quadro resumem-se as medidas adoptadas por alguns países. Como se
pode ver, a Espanha está na cauda das ajudas se tivermos em conta as
aprovadas até 22 de Março último:


*Estado *     *% Total ajudas/PIB *     *% Ajudas directas/PIB *
Alemanha     22%     19,09%
Itália     20,98%     1,40%
Reino Unido     17,21%     1,36%
França     14,26%     1,86%
EUA     12,15%     4,86%
Espanha     9,40%     1,37%

Fonte: recopilação de anúncios governamentais (22 de Março) Carlos
Sanchez Mato [11] <#notas>

Como se pode ver, até na Itália, com um governo de direita, as medidas
de choque social superam amplamente as aprovadas por este governo.

*Conclusão urgente: por o salvamento do povo no posto de comando *

Por muito que queiram ocultar, sob o sinistro manto do Coronavírus, é
evidente que a pandemias foi só o detonador de uma nova crise, de muito
maior envergadura e menos margem de manobra que aquela de uma década
atrás, e que já estava em avançado estado de gestação.

Esta conclusão não tem interesse só para economistas. É indispensável
saber que quando a emergência sanitária se atenuar estaremos em meio à
mais gigantesca crise social e económica que se recorda.

Os dados já são alarmantes: 50 mil despedimentos diários, 760 mil
pessoas somaram-se a uma paralisação (temporária?). Na semana passada
perderam-se mais empregos do que em todo o ano de 2019 e a cara da fome
sem paliativos surge com intensidade progressiva nos bairros operários.

O governo, como se viu, não abordou as responsabilidades essenciais que
lhe cabem perante uma situação de grave emergência como a actual. Nem
sequer quando já se ouvem os estalidos da derrocada foram incluídos nas
decisões do Conselho de Ministros de 24 de Março migalhas como a
moratória ou ajudas ao pagamentos de alugueres ou a protecção social
mais ampla (fala-se em 70% da base reguladora) para as trabalhadoras do
lar quando são milhões as mulheres, chefes de família, na economia
submersa e que ficam sem nada ao perder o trabalho devido ao Coronavírus.

O Governo de Coligação mostra com cada vez mais clareza de quem recebe
as ordens e o Podemos continua a somar batalhas perdidas a mostrar que
não serve senão para dar uma imagem "progre" no relato, não nos factos.
Enquanto isso, cada vez mais sectores da classe trabalhadora vão
descobrindo na sua própria pelo que não se pode continuar assim.

O conto de que não se pode fazer outra coisa senão salvar banqueiros e
grandes capitalistas já não é comprado por ninguém, sobretudo depois de
haver comprovado como o Rei Emérito é provavelmente o maior ladrão do
reino e isso quando a competição é árdua.

As dimensões do desastre não podem ser enfrentadas senão com medidas que
considerem as causas, não apenas os sintomas, e que devem constituir o
programa básico de uma Frente para salvar o povo.

1. Nacionalização de todos os recursos sanitários e planificação do seu
funcionamento ao serviço das necessidades de saúde da população e da
protecção eficaz daqueles que estão na primeira linha: os trabalhadores
e trabalhadoras de todo o sistema sanitário.
2. Paralisação da actividade em todos aqueles sectores não
indispensáveis para a sobrevivência e intervenção das empresas
produtoras de recursos sanitários, incluídas as farmacêuticas.
3. Intervenção de todas as grandes empresas de produção e distribuição
para a fuga maciça de capitais que já se a verificar e declarar a função
social das empresas estratégicas.
4. Expropriação da banca que parasita o resto da sociedade. Recusa a
pagar a Dívida, criada em boa parte ao transferir dinheiro público à
banca, e não aceitar os limites do gasto público impostos pela UE.

Só com estes instrumentos se pode abordar o objectivo essencial:

5. Planificação racional da economia em função das necessidades sociais.

Em definitiva, o que é incontornável é a necessidade de sair da barbárie
de um funcionamento social destinado com mão férrea a assegurar o
incremento permanente dos lucros de grandes capitalistas, à custa da
miséria, da saúde, da repressão e da vida daqueles que, precisamente,
criam suas riquezas.

Junto a estas medidas inescapáveis, cuja urgência irá crescendo a cada
dia, surge a necessidade de construir o poder capaz de mostrar o caminho
à mobilização popular que sem dúvida se produzirá após esta fase de
confinamento e catatonia e, em definitivo, levá-las a cabo. Com base
nestas colocações programáticas, enunciadas de uma maneira ou de outra,
é preciso construir uma Frente destinada à salvação do povo, a partir do
acordo político de organizações e da construção de poder popular a
partir da base.

A história nos ensina que nos momentos de crise grave é que se vêm as
coisas com mais clareza e chegou o momento por mãos à obra.

26/Março/2020

[1] https://intersindicalaragon <https://intersindicalaragon/> .
[2] Como se recorda, a Dívida Pública triplicou em sete ano. Passou de
37% do PIB em 2007 para 100% em 2014. A rubrica mais importante pela
qual se verificou este incremento espectacular foi a transferência aos
grandes bancos de dezenas de milhares de milhões de dinheiro público
que, como é sabido, perante a passividade absoluta do governo, nega-se a
devolver.
Precisamente neste lapso de crise social agudíssima, em 2011, o PSOE e o
PP reformaram o artigo 135 da Constituição, para juntamente com o
Tratado de Estabilidade da UE considerar seu pagamento como prioridade
absoluta frente a qualquer outra necessidade. Até à data esta
consideração continua a ser a mesma.
[3] https://byzness.elperiodico <https://byzness.elperiodico/> .
[4] https://www.elsaltodiario.com/ <https://www.elsaltodiario.com/>
[5] https://www.elplural.com/ <https://www.elplural.com/>
[6]  https://cadenaser.com/ser/ <https://cadenaser.com/ser/>
[7]  https://www.europapress.es/ <https://www.europapress.es/>
[8]  https://www.elconfidencial <https://www.elconfidencial/> .
[9]  https://www.rtve.es/noticias/ <https://www.rtve.es/noticias/>
[10]  https://www.lavanguardia.com/ <https://www.lavanguardia.com/>
[11]  https://elmundoencifras.es/ <https://elmundoencifras.es/>

*[*] Médica, dirigente da Red Roja.

O original encontra-se em www.redroja.net/...
<http://www.redroja.net/index.php/autores/angeles-maestro/5530-salvar-al-capital-o-salvar-al-pueblo>

In
RESISTIR.INFO
https://www.resistir.info/espanha/angeles_26mar20.html
27/3/2020

quinta-feira, 26 de março de 2020

Corona-virus: ¿el fin del neoliberalismo o algo más?






Andrés Piqueras, sociólogo profesor de la Universidad Jaume I

Efectivamente, estamos en una encrucijada histórica. Ya nada volverá a
ser lo mismo. Esta crisis del capitalismo mundial, manifestada en forma
de pandemia vírica, cambiará el curso del sistema y dejará una honda
huella en las generaciones que la están viviendo. El impacto social será
profundo y duradero.

Difíciles de prever todos los cambios que nos depara el futuro. Pero en
el punto en que estamos es necesario hacer ya algunos análisis de primer
momento y algunas previsiones mínimas.

1. El desastre que atravesamos no tiene sus orígenes hace un mes, ni
incluso, en el Reino de España, con los recortes del PP, sino que
arranca 40 años atrás, cuando unos gobiernos tras otros, en la fase
“neoliberal” del capitalismo, fueron descuartizando la sanidad pública,
acometiendo procesos de desindustrialización, entregando la soberanía
alimentaria, y luego la monetaria y la fiscal. Confiando la economía a
que otros tuvieran dinero para divertirse (turismo), abandonaron el
capital productivo (ni mascarillas somos capaces de fabricar) para
entregarse alegremente a la especulación bursátil (mientras las
poblaciones se arruinaban, las Bolsas se hinchaban).

Se destruyó la protección civil social, dejándola en manos exclusiva del
Ejército (UME -¿para que éste pudiera adquirir alguna legitimidad
social?-). Se eliminaron las cadenas de suministros de
proximidad. También estamos empezando a descubrir cómo se ha “aparcado”
a la población mayor en residencias-basura, sin condiciones
higiénicas (muchas  en manos de Florentino Pérez, sin las más mínimas
garantías de cuidado, sin personal, con ancianos desnutridos…).

2. La espantosa ineficiencia con la que los gobiernos capitalistas están
afrontando esta crisis, ha seguido más o menos los mismos pasos en todo
el mundo: primero minimización del peligro (seguir con la vida normal y
no preparar y dotar los sistemas de salud); segundo, cuando el virus ya
ha hecho su aparición, negarse a parar las actividades económicas
(incluidas las deportivas, culturales y recreativas, y también las
concentraciones y manifestaciones políticas –Francia hasta celebró
elecciones-); tercero, no “cerrar” los focos principales de infección
(Milán y el conjunto de Lombardía-Véneto en Italia, Madrid y
Euskadi-Rioja en el caso español, por ejemplo.

A USA le pasa lo mismo con New York); cuarto, hacer suspensiones
parciales de las actividades económicas: durante días de plena
infección, la fuerza de trabajo ha continuadodesplazándose apiñada en
metros, trenes y autobuses, además de trabajar sin medidas de
protección; por último, llega el desbordamiento final, con unos sistemas
de salud que tienen carencia de todo. Prueba evidente de la falta de
autonomía industrial que la mayoría de países tienen. También es una
muestra de que se han intentado salvaguardar los intereses empresariales
hasta el último momento, por encima de la prevención y protección
pública. Esto vale también, por supuesto, para los organismos
supraestatales, como el FMI y la propia OMS.

En cuanto a la UE, ¿qué decir? su falta absoluta de dirección y de
cohesión en esta crisis hace que sea posible que nos encontremos en el
principio del fin de esa quimera política, que siempre fue un mercado
planificado para beneficio de las elites transnacionales-financieras del
capital. Todavía hoy se resiste a emitir una suficiente cantidad de
“corona-bonos” para mitigar el impacto económico-social en los distintos
Estados (la misma institución que se inventa decenas de miles de
millones de euros cada mes para dárselos a las entidades financieras).

Sólo cuando ya la catástrofe está encima es que algunos (sólo algunos)
gobiernos capitalistas están empezando a redescubrir los beneficios de
la estatalización de ciertas actividades económicas que se fueron
privatizando y que ahora vuelven (¿pasajeramente?) a convertirse en
“servicios públicos” (como ocurrió tras la segunda guerra mundial, por
ejemplo).

 Alemania se ha desecho ya de los límites de deuda pública (es lo que
tiene ser un Estado mínimamente soberano –el Reino de España, en cambio,
sólo puede tomar las medidas macroeconómicas que le permitan las
instituciones supraestatales, EE.UU. o Alemania-). Quizás poco a
poco los gobiernos del capital descubran de nuevo a la fuerza que, al
menos por ahora, el tándem privatización de beneficios  – socialización
de pérdidas debe de ser invertido.

3. Todo esto pasará una alta factura a la legitimidad política de los
distintos gobiernos del capital. Lo más probable es que el corona-virus
se lleve por medio muchos gabinetes de todo tipo y color (pudiera ser
que incluso instituciones de peso como la monarquía española,
absolutamente incapaz de hacer nada que no sea seguir proporcionando
escándalos; y ya veremos qué pasa con el propio Estado).

También hará trizas bastantes de las expectativas que habían albergado
las izquierdas integradas al orden del capital y a sus instituciones
(así como las ilusiones que habían despertado en ciertos sectores de la
población).

Mientras, los países asiáticos en vías de construcción del socialismo
están dando otra lección histórica [no estoy tan seguro de que las
medidas en Cuba hayan sido tan rápidas y contundentes, pero al menos
allí se cuenta con un sistema de salud preventivo y de investigación
puntera, que ya ha mostrado su capacidad no sólo de proteger a su
población sino también de ayudar a otros países en repetidas ocasiones,
y en ésta, como vemos, también. En cuanto a Rusia, puede permitirse
todavía niveles de eficacia sanitaria gracias a la herencia de la URSS,
(aunque ya bastante menguada por el paso de la “doctrina del
shock” neoliberal por el país, y sólo parcialmente recuperada con Putin)].

Por contra, EE.UU., seguido demasiado a menudo por la UE y sus políticas
infames, en plena pandemia mundial continúa bloqueando la dotación
sanitaria en general y de medicamentos antivíricos y tests a países tan
golpeados como Irán, pero también Venezuela y Cuba, por no citar a la
propia Rusia. Aunque nuestros medios hacen todo lo posible por
ocultarlo, no creo que a muchas sociedades, en adelante, les pase esto
desapercibido.

4. Sí, estamos en una encrucijada sin precedentes en “tiempos de paz” y
sin que sea consecuencia de algún proceso revolucionario en curso. Habrá
un antes y un después des esta crisis. El capitalismo que salga de ella
ya no será el mismo. Habrá una profunda reestructuración del poder entre
las elites del capital. Su globalización implosiona y lo que quede de
ella será en adelante liderada probablemente por China (si es que USA no
se decanta por la salida bélica) pero, en cualquier caso, de una forma
más “multipolar”. Sea como sea, el “neoliberalismo” ha llegado a su
fin (hasta los fanáticos de las privatizaciones han redescubierto el
gasto público).

El corona-virus le ha proporcionado al capital un tratamiento de choque
a la altura de una conflagración bélica de considerables dimensiones.
Obviamente, hay fracciones del capital que ya tienen preparado el
futuro, con unas nuevas tecnologías y formas de producción que no
auguran nada bueno para la fuerza de trabajo mundial. De las luchas de
las poblaciones dependerá que tal futuro no se realice, y que esta
encrucijada sirva para cambiar el curso de la historia. Pero para ello
se necesitan organizaciones sociales, políticas, sindicales, que estén a
la altura de los tiempos y que sean capaces de encauzar la rabia e
indignación que esta pandemia está ocasionando en las poblaciones el mundo.

5. Hoy apenas tenemos esas fuerzas. Décadas de integración en el orden
del capital por parte de nuestras izquierdas, y de asumir que
capitalismo conlleva democracia, crecimiento y bienestar, han llevado a
una gran orfandad de organizaciones de masas altersistémicas,
integrales. Eso quiere decir que la coyuntura tiene hoy por hoy más
posibilidades de ser aprovechada por las versiones más reaccionarias y
despóticas del capital, que sí están organizadas y dotadas de medios, y
que manejan a la perfección clichés aberrantes y maniqueos, pero simples
y fáciles de entender por poblaciones amedrentadas, con altas dosis de
ansiedad y casi en estado de neurosis.

6. En el caso del Reino de España partimos de una desventaja mayor, y es
que “nuestras izquierdas” más masivas, o las que hacen de tales,
incluida la izquierda clásica “comunista” y parte de la que se decía
“anticapitalista”, ESTÁN INCLUIDAS en el gobierno. Es decir, no tenemos
una izquierda organizada más o menos de masas, para hacer oposición a un
gobierno que ha demostrado la misma incapacidad para afrontar la crisis
que cualquier otro gobierno capitalista y que da muestras de querer
proteger sobre todo los intereses del capital a la salida de la crisis. 

Veamos sólo algunos detalles. La mayor parte de los 200.000 millones de
euros de las medidas que el gobierno decreta como “escudo económico y
social” están destinadas a las empresas. Sólo 300 de esos millones son
previstos para los servicios sociales, mientras que se dedican
100.000 millones a constituir un aval que permita a la Banca gestionar
créditos para las empresas. Importe que se podrá ampliar en otros 87.000
millones de euros por parte de los propios Bancos (ya sabemos para
quiénes serán los beneficios de todo ello). Se niega la prestación de
desempleo indefinida para todas las personas que queden en paro a
consecuencia de esta crisis.

El conjunto de medidas de ayuda para la población trabajadora por cuenta
ajena y autónoma, no tienen más vigencia que el final del mes en que
acabe el Estado de Alerta (ridículo). Ni se intervienen clínicas
privadas ni se nacionalizan corporaciones farmacéuticas, ni se incautan
los beneficios de la Bolsa (ni, en general, de las principales empresas
y fortunas, incluyendo la de la casa real) para financiar medidas
sociales y laborales de urgencia.

 Ante el acelerado incremento del gasto social y la inevitable bajada en
la recaudación de impuestos, sería imprescindible una extracción de
recursos de la clase capitalista y aristocracias del dinero, a la vez
que la condonación de deudas de pequeños negocios y empresas, así como
la quita de deudas estatales con los mercados
financieros(satisfacer deudas púbicas en estos momentos es un crimen
social).

Nada indica que se vaya por ese camino.

Esto quiere decir que a la catástrofe social se le unirá a buen seguro
una debacle económica, con seria contracción, lo que será una tragedia
sin paliativos para millones de familias. La implicación directa más
probable, de no cambiarse las medidas hacia un giro realmente social,
será que la legitimidad de “la izquierda” se irá al garete (en
general; aquí da igual que se forme parte del gobierno que no, a falta
de una actuación social contundente por fuerzas de izquierda
integral, la población indentificará lo que pasa con “la izquierda” en
general, y la derecha del capital sabrá aprovechar bien el momento en
ese sentido).

Por tanto:

7. No queda otra que las fuerzas sociales, sindicales y políticas
alternativas, no integradas en la versión socialdemócrata o reformista
del capitalismo, entablen una alianza estructural, no coyuntural. Todos
y cada uno de nosotros/nosotras hemos de trabajar para ello.

Cabe esperar, además, que con la degeneración de las condiciones de vida
de la población en general, y el consiguiente deterioro del gobierno, a
ciertos sectores de PCE y puede que de IU, les llegue de nuevo cierta
“luz” socialista y la decencia política suficiente como para sumarse en
algún momento a esas alianzas. Es más, hemos de hacer lo posible por ello.

8. Las claves que desde esos primeros núcleos pueden llevar a alianzas
más amplias, en un segundo pero también urgente momento, deben ser
concisas, claras y al tiempo contundentes: 1. Potenciación de lo
público. 2. República. 3. Proceso constituyente (incluye forma de
Estado).  

Por ese orden, paso a paso, sin pasar al siguiente sin haber conseguido
antes articular fuerzas en torno al anterior.

Hay que ponerse a la tarea ya mismo. La lucha comienza desde ahora, en
nuestros encierros. Para hacer de ellos también un arma política.

In
OBSERVATORIO DE LA CRISIS
https://observatoriocrisis.com/2020/03/25/corona-virus-el-fin-del-neoliberalismo-o-algo-mas/
25/3/2020

quarta-feira, 25 de março de 2020

Sociedade de Infectologia confronta Bolsonaro e reafirma orientação para o isolamento




A Sociedade Brasileira de Infectologia, a Associação Brasileira de Saúde
Coletiva, a Associação Paulista de Medicina, e outras entidades de saúde
no Brasil condenaram o pronunciamento de Jair Bolsonaro sobre o novo
coronavírus edit

*247 -* Entidades importantes de saúde no Brasil condenaram a tentativa
de minimização da magnitude da pandemia de coronavírus, no
pronunciamento oficial de Jair Bolsonaro, que aconteceu na noite desta
terça-feira (24). A informação é do portal G1
<https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/03/25/sociedade-brasileira-de-infectologia-diz-que-distanciamento-social-e-fundamental-para-conter-o-coronavirus.ghtml>.

O chefe do Executivo tratou a Covid-19 como um “resfriadinho”, culpou a
imprensa pela “histeria” e contrariou especialistas, em apelo, pedido
pelo fim do “confinamento em massa”. A Sociedade Brasileira de
Infectologia demonstrou sérias preocupações com a declaração,
classificou a pandemia de coronavírus como “grave”, e considerou
perigosa a fala que associa cerca de 800 mortes por dia, causadas pela
doença na Itália, a idade da população e ao clima do país europeu.

O discurso de Jair Bolsonaro, segundo a Associação Brasileira de Saúde
Coletiva, é "intolerável e irresponsável", e soou como um "discurso da
morte”.  

"[Bolsonaro] nega o conjunto de evidências científicas que vem pautando
o combate à pandemia da COVID-19 em todo o mundo, desvalorizando o
trabalho sério e dedicado de toda uma rede nacional e mundial de
cientistas e desenvolvedores de tecnologias em saúde", afirmou a entidade.

Para a Associação Paulista de Medicina, "se a intenção foi acalmar, a
reação da sociedade mostra que ele [Bolsonaro] não alcançou seus
objetivos. Você não traz esperança minimizando o problema, mas
reforçando as soluções. Existe um perigo próximo, evidente, real e
gravíssimo. Enfrentá-lo é prioritário”.


In
BRASIL 247
https://www.brasil247.com/coronavirus/sociedade-de-infectologia-confronta-bolsonaro-e-reafirma-orientacao-para-o-isolamento
25/3/2020

segunda-feira, 23 de março de 2020

Olhando para os aspectos militares da guerra biológica.




The Saker


O século 20 viu um número aparentemente incontável de conflitos militares, que
vão desde pequenos confrontos locais a pelo menos duas guerras mundiais. O mesmo
século XX viu um grande esforço das principais potências para desenvolver três
tipos das chamadas “armas de destruição em massa” (ADM): A tomômica,
acteriológica e química (ABC). Todas essas armas de destruição em massa foram
inicialmente vistas como muito eficazes e assustadoras, mas foram usadas apenas
em poucas ocasiões limitadas.

Pergunte a si mesmo, por que isso?

A razão é simples: enquanto os EUA poderiam destruir as cidades japonesas com
impunidade em 1945, e enquanto as potências anglo-americanas desenvolveram pelo
menos TRÊS planos de travar uma guerra total contra a União Soviética (detalhes
neste artigo), eles nunca ousaram implementá-las.

Novamente, pergunte a si mesmo, por que isso?

Sou um ignorante médico total e não tenho nada a dizer sobre a natureza do
SARS-CoV-2, sou um analista militar e uma das minhas duas áreas de
especialização (além de planejar forças nucleares) era a arte operacional, esse
é o nível de operações militares acima da tática, mas sob a estratégia: você
pode pensar nela como o que liga os meios táticos às metas estratégicas. Você
também pode pensar nisso como o nível em que as formações combinadas de armas
(acima do nível de divisão) são reunidas em algo semelhante a um corpo de
exército. Este é exatamente o nível em que o uso de armas de destruição em massa
seria o mais provável de acontecer. No entanto, se você olhar para os manuais
típicos soviéticos / russos ou norte-americanos que discutem arte operacional,
perceberá que sempre é assumido que o outro lado iniciará o uso de armas de
destruição em massa (mesmo em documentos secretos).

Novamente, pergunte a si mesmo, por que isso? É apenas um tipo de correção
política que mostra que “somos os mocinhos” e “eles são realmente maus”? Até
certo ponto, sim, mas não apenas.

Eu afirmo que todos os três casos têm a mesma explicação: as armas de destruição
em massa são muito difíceis de usar e, quando usadas, podem resultar em
consequências políticas absolutamente verdadeiramente cataclísmicas . Tomemos,
por exemplo, os relatórios (completamente falsos) sobre o governo sírio usando
armas químicas contra os Takfiris: eles não faziam sentido para nenhum analista
militar simplesmente porque 1) eles não traziam vantagem para Damasco e 2) todo
mundo sabia que assim que este último “novo Hitler” seria acusado de usar
munições químicas, o Império aproveitaria esse pretexto para atacar a Síria.

É verdade que os Takfiris * DID * desenvolvem armas químicas, aparentemente,
eles tentaram usá-las aqui e ali, sem nenhum resultado especial para mostrar, e
recentemente eles parecem ter se envenenado (de acordo com relatórios russos).
Além disso, os estoques muito reais de armas biológicas Takfiri foram usados
​​como prova dos ataques do governo sírio (quão insanamente estúpido é isso?).
Portanto, para esses malucos Takfiri, não há consequências políticas reais.
Quanto à sua imagem pública, após muitas horas de atrocidades gravadas em vídeo,
você pode ter certeza de que elas não se importam nem um pouco com o que pensam
os “kafirs” e outros “cruzados” …

O mesmo acordo para Saddam Hussein, que, auxiliado pela “comunidade
internacional” (principalmente o Império, a URSS e a França), usou produtos
químicos contra sua própria população e contra o Irã, mas desde que ele fosse
“nosso canalha”, ele estava sob ZERO risco de retaliação. Mas quando o Império
se voltou contra ele, ele não se atreveu a usar sua ADM contra ninguém.

Por quê?

Porque as forças lideradas pelos EUA não seriam interrompidas por um ataque
químico. E porque tal ataque daria aos EUA e ao resto da coalizão anti-iraquiana
uma “licença” para usar qualquer arma ou tecnologia contra o Iraque que eles
desejassem, incluindo armas nucleares táticas.

A verdade é que existem muito poucos cenários militares nos quais o uso de armas
de destruição em massa faz sentido, isso é verdade para todos os três, mas isso
é especialmente verdadeiro para a guerra biológica, a mais difícil de controlar.

Aqui, devo lembrar novamente a todos que a guerra nunca é um fim em si mesma,
mas apenas um meio para um fim, e esse fim é sempre POLÍTICO. Entrar apenas para
matar pessoas e até bombardear um país de volta à idade da pedra NÃO se
qualifica como um objetivo político. Se você preferir, o objetivo político é o
que deve ser definido como “vitória”. Então, novamente, “destruir todas as naves
inimigas” ou “desencadear um ataque decapitante contra a liderança” NÃO são
objetivos políticos.

Existem vários países por aí que são capazes de desenvolver armas biológicas. De
fato, a maioria dos biolabs poderia fabricar uma arma biológica simples usando
agentes comumente encontrados. Mas os laboratórios não decidem usar essas armas.
Essa decisão é claramente uma que só pode ser tomada no nível nacional do centro
de comando e somente após um argumento convincente de especialistas militares e
científicos. Por fim, nenhum governo responsável jamais ordenaria o uso de armas
de destruição em massa, se sentisse que havia um risco de retaliação, militar ou
política.

Finalmente, no caso da SARS-CoV-2 e de todas as outras epidemias/pandemias,
vemos situações em que a infecção não está confinada ao local original da
infecção, mas é global.

Tanto quanto eu sei, e corrija-me se estiver errado, mas sei se nenhum vírus foi
implantado com sucesso em um destino específico e depois permaneceu contido
nesse destino. Em outras palavras, o risco de “dano colateral” das armas
biológicas é bem próximo do infinito (pelo menos potencialmente).

Sim, em teoria, um país poderia desenvolver um novo vírus ou armar um conhecido,
e então desenvolver uma vacina e depois vacinar suas forças armadas ou mesmo
toda a sua população. Mas isso equivaleria a colocar uma enorme placa na Casa
Branca dizendo “Sim, nós conseguimos!”: Suicídio político.

Agora, a grande maioria dos comentários aqui se concentrou nos possíveis
aspectos médicos dessa pandemia, o que é bom e com o qual não tenho nada a
contribuir. Mas peço agora que você olhe para as dimensões MILITAR e, portanto,
POLÍTICA da crise e se pergunte cui bono?

Parece-me que a China e a Rússia fizeram muito, muito bem. A crise está
praticamente sob controle na China e na Rússia está limitada e confinada. O fato
de nem os chineses nem os russos terem ilusões sobre o “setor privado” e o fato
de essas sociedades entenderem perfeitamente que um governo poderoso é
necessário para responder a esse tipo (e muitos outros) tipos de crise os
ajudou. Não é a mesma sorte para os Estados Unidos iludidos, que têm menos de
950.000 camas hospitalares em todo o país e cujo presidente parece acreditar que
o Walmart e a Amazon podem fornecer respiradores para os necessitados.

De fato, os EUA são um país que PODE PERMITIR uma pandemia real. Por que os
líderes americanos decidiram lançar uma arma contra MUITOS países mais bem
preparados, enquanto ele próprio é um dos mais vulneráveis ​​do planeta?

Que tal o fato de a situação na Europa parecer absolutamente terrível? Sim, eu
sei, o Idiota em Chefe nem se deu ao trabalho de consultar os chamados “aliados”
dos EUA antes de declarar sua (confusa) proibição de 30 dias de viagens entre os
EUA e a UE. Mas uma coisa é não ter educação e não entender a diplomacia; outra
é ser a parte responsável por dezenas de milhares, possivelmente até milhões, de
mortos entre os chamados “aliados”.

Então, tudo se resume a isso: acreditamos que os verdadeiros líderes do Império
Anglo-Sionista (e não os palhaços da Casa Branca, obviamente) são loucos o
suficiente para continuar tentando realizar tal operação?

Francamente, não direi “não”. Eu vou admitir que isso é possível.

Mas, como eu gosto de lembrar a todos, possível NÃO é o mesmo que “provável” e é
dramaticamente diferente de “estabelecido” .

Em conclusão:
  1. Até agora, tudo o que temos são especulações e suposições.
   2. Também sabemos que, independentemente de quão “bom” / “ruim” / eficaz seja
  o vírus SARS-CoV-2, o uso de QUALQUER WMD é extraordinariamente perigoso tanto
  política quanto militarmente.
   3. E não conhecemos casos modernos de ataque bem-sucedido e limitado de armas
  biológicas virais (bactérias e esporos são bem diferentes desse ponto de
  vista)
Agora, este é o meu pedido a todos os comentadores:

Como discutimos os aspectos biomédicos do SARS-CoV-2 ad nauseam, vamos parar por
um tempo e agora discutir SOMENTE as implicações políticas e militares de um uso
deliberado do SARS-CoV-2 contra a China (ou qualquer outro país).

Gostaria de compartilhar mais duas coisas.

Primeiro, observei o tweet do funcionário chinês que declarou que o SARS-CoV-2
poderia ter vindo dos EUA. Eu acredito que é este:

Refere-se a este artigo da GlobalResearch traduzido em Dinâmica Global. Por sua
vez, o artigo em GlobalResearch faz referência a um artigo da GlobalTimes: Este
artigo mais recente refere-se ao site ChinaXiv http://chinaxiv.org/home.htm (eu
acho!). Então, o que temos é um funcionário chinês, referenciando uma agência
canadense, que faz referência a uma fonte chinesa que baseia seus relatórios em
um site claramente próximo ao governo chinês.

Agora, ao contrário da maioria das pessoas no Ocidente, confio no governo chinês
infinitamente mais do que em QUALQUER regime ocidental, mas até eu posso ver que
uma vez que a campanha contra a China atingiu um nível totalmente novo assim que
o pânico da SARS-CoV-2 começou, os chineses tinham um grande interesse político
em apontar um dedo de volta para os EUA.

Na verdade, eu argumentaria que NENHUM governo lá fora quer ser responsabilizado
por esse último desastre e que o apontar com o dedo não vai parar, especialmente
se um político dos EUA morrer de complicações respiratórias.

A outra coisa que inevitavelmente crescerá é o pânico. Até o momento,
relativamente poucas pessoas no Ocidente morreram, mas a maioria dos
especialistas concorda que esta crise está longe de terminar, especialmente não
na UE e nos EUA, onde a epidemia ainda está em ascensão. No momento, o público
em geral no Ocidente me lembra um cara caindo de um arranha-céu e que, passando
pelo 10º andar, pensa “até agora, tão bom”. Amigos, isso * vai * piorar, mesmo
que apenas 1 ou 2 por cento das pessoas infectadas morram. Detesto tanto Merkel
quanto Jonhson, mas comparados aos “melhores idiotas em chefe da galáxia”, eles
aparecem como políticos quase honestos (pelo menos e somente neste caso).

Finalmente, quero postar uma entrevista extremamente interessante da versão
russa da RT do acadêmico e pneumologista chefe da Rússia, Aleksandr Chuchalin <<
Traduzido para o português. Esta entrevista é EXTREMAMENTE interessante e contém
inúmeras declarações importantes que, considerando quem as está fazendo, eu
gostaria de levar ao banco.

       Autor: The Saker

      Traduzido para publicação em dinamicaglobal.wordpress.com

      Fonte: The Saker.is

In
DINÂMICA GLOBAL
https://dinamicaglobal.wordpress.com/2020/03/23/olhando-para-os-aspectos-militares-da-guerra-biologica/
23/3/2020

quarta-feira, 18 de março de 2020

Crisis mundial, coronavirus y capitalismo moribundo: un cóctel mortal





*Andrés Piqueras, Profesor de Sociología y Antropología Social
Universidad Jaume I*

Sería demasiado ingenuo creer que la crisis financiera y los terremotos
económicos que vamos a padecer por una larga temporada son sólo
consecuencia del corona-virus. La economía capitalista está tocada desde
hace bastante tiempo. El crecimiento anual a escala mundial se ha
ralentizado en torno al 2,5%. EE.UU. creció al 2%, mientras que Europa y
Japón lo hicieron al 1%. En concreto Italia ha venido arrastrando 17
meses consecutivos de declive en la actividad manufacturera. Parecida
contracción que en Francia, donde la actividad de las empresas (índice
PMI) cayó 1.3 puntos, hasta 49.8 (por debajo de 50 significa que más de
la mitad de las empresas no tienen ganancias).

La deuda global en relación al PIB ha crecido un 322% en el último
cuarto de 2019, sobrepasando los 253 billones $. Simplemente una
recesión mediana conllevaría que la deuda de las corporaciones
capitalistas, de más de 19 billones $, sería sencillamente impagable
para muchas de ellas. Las empresas “zombi”, aquellas que quebrarían
solamente con subirse los tipos de interés, se estiman en un 10% a
escala mundial. Según Bloomberg, las obligaciones de muchos Estados y la
salud de los fondos de inversión no es precisamente mejor.

Toda esa desaceleración, sin embargo, fue acompañada una vez más, por la
estúpida euforia de las Bolsas, mostrando toda la irrealidad de la
economía capitalista y haciendo presagiar desde hace tiempo un
considerable estallido de burbuja.

Los Bancos Centrales (en comanda con los gobiernos) ya no saben qué
hacer para “salvar” a la economía: desde inyectar “dinero mágico”
inventado de la nada, a poner los intereses en negativo, bajar al mínimo
los costos laborales (salarios y cotizaciones patronales a la seguridad
social), hacer grandes recortes sociales… Pero aun así el enfermo no
reacciona. Y no reacciona porque la inversión capitalista está
paralizada (en torno al 22% del PIB). La cual a su vez lo está porque no
obtiene suficientes beneficios, y no los obtiene porque padece un grave
problema de pérdida de /valor/ provocado por una sobreacumulación de
capital (debido a la sustitución de personas por máquinas).

Es decir, que estamos desde hace tiempo inmersos en una “crisis
sistémica” que afecta la capacidad del capital de reproducirse.
Entonces, y de la forma más sorprendentemente extraña posible surge algo
inverosímil: una pandemia que mata sobre todo a la población menos
“productiva” y con mayor incidencia en el gasto público. Una pandemia
salida de… ¿dónde?

El 18 de octubre de 2019, el Johns Hopkins Center for Health Security,
en Baltimore (EE.UU.), llevó a cabo una cuidada simulación de una
epidemia tipo “corona-virus”, titulada nCoV-2019. Incluso la OMS, que ha
actuado más como agente comercial de las transnacionales farmacéuticas
que como velador de la salud de las poblaciones del mundo[1] <#_ftn1>,
dio primero al virus el mismo acrónimo que el del experimento, para
cambiarlo finalmente por el de COVID-19.

En la simulación 201 se llegaba a la conclusión de que el 15% de los
mercados financieros colapsaría y que alrededor de 65 millones de
personas en el mundo perderían la vida. Participaron en esa simulación
la Fundación Gates, el Foro Económico Mundial, así como las
corporaciones Johnson & Johnson y Henry Schein (líder mundial de la
producción de material médico).

Ese mismo mes se celebraron los Juegos Mundiales Militares, del 18 al
27, en Wuhan, con amplia participación de militares estadounidenses.
Hoy, muertes que desde entonces se creyeron por influenza en EE.UU.
están siendo revisadas como posibles decesos por corona-virus; pero ese
país americano no encuentra a su “paciente cero”. Lo que sí está claro
es que muchos de los rasgos de la simulación han ocurrido en enero de
2020, y ese 15% de desplome bursátil es el que realmente se ha producido
a finales de febrero de este año. En Wall Street se tuvo que intervenir
la Bolsa para que no se hundiera.

Pero más allá del que sea el origen real de este “oportuno” virus (y el
hacinamiento industrial de miles de millones de animales no augura nada
bueno para el futuro en ese sentido), veamos algunas otras de las claves
que enfrentamos:

El COVID-19 no sólo ataca duramente a economías estatales, como la
italiana o la española. El “modo pánico” en que ha entrado el mercado
mundial está golpeando las cadenas de producción y suministros,
afectando de plano el conjunto de las cadenas mundiales del valor.
Jamás, ni en los momentos de guerra, el consumo se ha visto sometido a
tal disciplina de choque.

El círculo vicioso es el clásico: se detiene la actividad comercial, se
frena la producción, se dispara el desempleo, se desploma el consumo.
Esto es ya catastrófico, pero lo será mucho para todos los indicadores
económicos (hasta el 10% de bajada en el PIB y una disminución del
crecimiento anual de la producción mundial del 6,5%, se están ya
pronosticando –por lo bajo-). Pero atención, los indicadores sociales
pueden ser peores, especialmente cuando el virus golpee con fuerza a
países con escasos recursos sanitarios. En el caso concreto del Reino de
España, el asunto es muy grave, pues nos pilla sin soberanía alimentaria
ni industrial (además de monetaria y fiscal). Dependemos enormemente de
lo que produzcan otros.

Si por cualquier razón se obstaculizan las cadenas de suministros, no lo
vamos a pasar nada bien.

  * Estamos asistiendo de forma traumática a un cambio de ruta del
    sistema, para el cual se precisa acometer una limpieza de capitales
    sin precedentes en “tiempo de paz”. Es decir, el corona-virus está
    llamado a cumplir las funciones de una guerra de importantes
    dimensiones. Empezamos un nuevo tiempo del capitalismo, (¿su lenta y
    larga agonía?), que será de barbarización generalizada para la mayor
    parte de la humanidad (ver El Público,
    https://blogs.publico.es/dominiopublico/30412/empiezan-los-20-los
    <https://blogs.publico.es/dominiopublico/30412/empiezan-los-20-los>
    terribles-20/). 

  * Como toda crisis, ésta será también una oportunidad para algunos
    especuladores. Provocará un reacomodo del mercado, para dar comienzo
    también a otro tipo de tecnologías (el cuento para las poblaciones
    será a buen seguro el de acabar con la producción contaminante, para
    empezar a hacer un “capitalismo sostenible”, oxímoron donde los haya
    que no tiene más misión que la de acomodar conciencias a lo que viene).

  * Cualquier salida a esta crisis traerá una nueva y dura vuelta de
    tuerca a los mercados laborales en detrimento de la población
    trabajadora, así como redoblados ajustes sociales y recortes. Esto
    es, conllevará una recomposición de la relación de las clases
    dominantes con sus sociedades, abundando en el perjuicio de estas
    últimas. Las organizaciones laborales, políticas y sociales de la
    población deben estar muy atentas para enfrentar desde el principio
    lo que se viene encima. Para empezar, dejar de creer en un
    capitalismo humano, reformable, y comenzar a establecer las
    posibilidades de otra sociedad.

  * De igual manera, se reestructurará el poder entre la propia clase
    capitalista global. En este sentido, por ejemplo, la fracción más
    globalista-financiera de EE.UU. parece haberle preparado una
    encerrona a Trump. Su pésima gestión de la epidemia (es casi
    imposible gestionarla bien en un país con un sistema de salud
    pública prácticamente inexistente) bien puede costarle una
    reelección que hasta ahora tenía prácticamente ganada. Pero si
    entran los demócratas en la Casa Blanca habrán más amenazas de
    guerra, pues están buscando el enfrentamiento militar, sobre todo
    con Rusia.

  * En general, por todas partes, la crisis corona-vírica cambiará
    ejecutivos y estructuras de poder entre las burguesías, y se llevará
    por medio “gobiernos de izquierda” (de coalición con las
    burguesías), donde las “izquierdas integradas” en el sistema
    soñaban, o esa decían a la sociedad, con que el capitalismo se
    dejaría endulzar socialmente.

  * Más allá de que haya sido pretendido desde el principio o no (como
    manifestación de una “guerra bacteriológica”), estamos delante de un
    experimento de grandes dimensiones mundiales: el control y
    confinamiento de poblaciones en una escala sin precedente. También
    un ensayo de psicología colectiva tipo “Guerra de los Mundos” pero a
    lo grande. ¿Se está preparando con ello el terreno para dinámicas de
    choque propias de tiempos de guerra social y militar?

La campaña mediática para generar psicosis global y permanente puede
ayudar a justificarlo todo. ¿Nos imaginamos que cada día los media
reportaran los contagios y las muertes por malaria, ébola, cólera o
gripe normal? Claro, este virus mata europeos y eso es “más
preocupante”, pero aun así también los mataba la gripe, el cáncer y los
suicidios (alrededor de seis cada hora en la UE).

Ya antes de los estados de alerta, por puro miedo la gente estaba
dejando de viajar, se suspendían eventos, no sólo actividades
productivas y comerciales, sino también sociales. De tal manera que en
2020 el crecimiento de la demanda mundial de petróleo se estima por la
OPEP un 30% inferior
<https://edition.cnn.com/2020/02/13/business/oil-prices-coronavirus/index.html> de
lo previsto; lo que quiere decir que el aumento del consumo se limitará
a 825 mil barriles al día  (hecho que no sólo está desmoronando el
precio del petróleo –y haciendo subir las primas de riesgo de sus
bonos-, sino de todo el sector energético).

Esta parece ser la única manera en que se haga algo real por el clima: a
la fuerza. Los golpes de crisis son hasta ahora los únicos momentos en
que se han rebajado las emisiones de efecto invernadero en la
civilización capitalista. Esto muestra que si las cosas volvieran a la
normalidad seguiríamos con nuestro suicidio ecológico-climático,
volveríamos en masa, como si nada, a coger aviones para irnos a sitios
remotos, a lanzarnos sobre nuestros coches para quemar petróleo, a
producir mercancías sin apenas utilidad y con una programada
obsolescencia, a consumir recursos sin parar…

Pero si un virus puede paralizar la economía capitalista, ¿no deberíamos
preguntarnos de una vez qué tipo de economía tenemos? ¿Es la competencia
de todos contra todos y el exclusivo lucro privado los que pueden salvar
a la humanidad de su autodestrucción, de pandemias, del cambio
climático, del hambre, de la guerra? Parece evidente que no. Ahora que
este virus ha dado el arranque del principio del fin de la
globalización, quizás sea hora de prestar atención a China que, con sus
defectos (¿quién no los tiene?), está mostrando otro camino.

No lo perdamos de vista. Fueron medicamentos cubanos, sobre todo el
interferon Alfa 2B, los que llegaron a China para comenzar la lucha
contra el corona-virus. Por su parte, este país ha demostrado al mundo
cómo una economía planificada, en la que cada quien no va a la suya para
sacar más beneficios que sus rivales, es capaz de poner de rodillas un
virus desconocido en un tiempo récord. Y ahora personal sanitario chino
y cubano (y venezolano) llega a Italia a colaborar en el combate contra
el COVID-19. España ya ha reconocido también la necesidad de su ayuda.

Mientras, la UE, más preocupada de nuevo por preservar de la crisis a la
Banca y a las grandes transnacionales que a las poblaciones, ha mostrado
una vez más su fracaso como entidad política, dejando claro lo que ha
sido siempre, un simple Mercado en favor de las oligarquías, y dejando
por tanto 27 modalidades diferentes de salvarse cada quien como pueda,
sin ni siquiera colaborar de forma efectiva en la emergencia sanitaria
de Italia (¿y ahora tampoco en la de España?).

Mientras, en la mayoría de Europa nos hemos quedado con unos sistemas de
salud cada vez más precarizados, con menos personal sanitario y recursos
(hasta mascarillas faltan). Mientras, las principales farmacéuticas
compiten por ver quién saca antes la vacuna en vez de colaborar para eso
a escala mundial, y suben alegremente los precios de los productos de
protección. Mientras, EE.UU. sigue bloqueando económica y sanitariamente
más de 10 países, algunos tan golpeados por el virus como Irán.

Y mientras, gran parte de las poblaciones europeas ya no se acuerdan de
las calamidades y guerras que la UE provoca en otros lugares, ni de los
refugiados y desahuciados causados… tampoco se han percatado de que
siguen llegando más uniformados estadounidenses a Europa (30.000 a
desplegar en la maniobras /Defender 20/), aumentando el peligro de
enfrentarnos contra Rusia…

------------------------------------------------------------------------

[1] <#_ftnref1> El actual presidente de la OMS, Tedros Adhanon
Ghebreyesus, ha tenido desde hace tiempo estrechas relaciones con la
Fundación Gate y con la Fundación Clinton, y estuvo envuelto en oscuras
maniobras como presidente de la Fundación Global para la lucha contra el
sida, la tuberculosis y la malaria, con acusaciones de corrupción y
fraude. Como ministro de salud de Eiopía llegó a tapar una epidemia de
cólera caracterizando los casos de “diarreas agudas”, además de impulsar
campañas de vacunación de la mano de las 5 grandes farmacéuticas
productoras de vacunas: GlaxoSmithKline, Novartir, Merck&Co., Sanofi y
Pfizer.


In
OBSERVATORIO DE LA CRISIS

https://observatoriocrisis.com/2020/03/17/crisis-mundial-coronavirus-y-capitalismo-moribundo-un-coctel-mortal/
17/3/2020