POR João Moreno
O latifúndio monoexportador, herdado do sistema escravocrata colonial,
se apresenta, hoje, para os donos do poder, como um pilar intocável do
modo de produção capitalista. Mas esse é apenas um modelo que nos mantém
preso ao velho subdesenvolvimento.
(Foto retirada do blog da Syngenta)
Nossa nova edição impressa sobre "raça e classe" <https://
jacobin.com.br/revista/> já foi lançada. Assine um de nossos planos
<https://jacobin.com.br/assine/> ou compre ela avulsa hoje <https://
jacobin.com.br/revista/>.
<https://autonomialiteraria.com.br/loja/teoria-politica/capitalismo-uma-
historia-de-horror-o-marxismo-gotico-e-o-lado-obscuro-da-imaginacao-radical>
O texto a seguir está na 4ª edição impressa da /Jacobin Brasil/. Adquira
a sua edição avulsa <https://jacobin.com.br/loja/revista/educacao-
revolucao/> ou assine <https://jacobin.com.br/assine> um de nossos planos!
------------------------------------------------------------------------
O clipe da música “Agro é top”, da dupla de sertanejo universitário Léo
e Raphael, tem mais de 19 milhões de visualizações no YouTube.
Assistimos a picapes e grande extensão de terras agricultáveis,
maquinários ultratecnológicos para colheitas mecanizadas, bois, peões
selando cavalos, e mulheres, muitas mulheres, enquanto o refrão /“/Agro
é top/ agro é chique/ agro é show/ agro é nóis” toca. Nos mais de 1.700
comentários direcionados ao vídeo, encontramos concepções que destoam da
realidade do nosso país: “O clipe é uma aula de informação” e “Por isso
o Brasil e os brasileiros são abençoados; nunca saberemos o que é
fome!!! viva o agro, viva o brasil!!!!”.
É possível identificar quais são os mecanismos responsáveis por essa
alienação? Como se transforma uma atividade deletéria ao próprio
desenvolvimento capitalista, e que aprofunda o subdesenvolvimento
brasileiro, em sinônimo de riqueza e sucesso? Tentaremos aqui aglutinar
informações, furar bolhas e, por fim, indicar alternativas.
O latifúndio e a economia monoexportadora, as bases do sistema
escravocrata do Brasil colonial, se apresentam, hoje, para os donos do
poder, como um pilar intocável do modo de produção capitalista no país.
Sob a ótica da economia política, buscaremos compreender o imbricamento
entre a renda da terra e o poder político, e de que forma essa relação é
responsável pela atual configuração da realidade brasileira. A partir de
dados e estudos, apontaremos o vínculo entre o agronegócio e o
subdesenvolvimento.
Eles nos disseram que “O agro é a riqueza do Brasil”
Em uma peça publicitária da Rede Globo, um tom de voz otimista anuncia
“Agro, a indústria-riqueza do Brasil”. E, entre a frase “Agro é tech” e
“porque tudo que vem do campo é feito com tecnologia, que não para de
avançar”, tratores, ceifadeiras e drones ajudam o agricultor na colheita
do vastíssimo campo.
A peça mercadológica não para por aí. Mais uma vez, uma área cultivável
quase sem fim ganha a tela enquanto o texto conecta o agronegócio ao
cotidiano dos brasileiros. “Agro é pop porque está no dia a dia, nas
indústrias, no comércio e na vida das pessoas. Porque gera emprego”,
diz. A publicidade televisiva, além aproximar os universos urbano e
rural, apresenta uma suposta proximidade entre camponeses e agronegócio:
pouco depois do recorte de uma família de agricultores – pai, mãe e
filhos pequenos –, a imagem de um latifúndio produtivo aparece. Ao mesmo
tempo, o narrador afirma que o “Agro é tudo! É o sustento de famílias e
a riqueza do Brasil”.
“Na América Latina, 51,19% das terras agrícolas concentram-se sob o
poder de 1% dos proprietários rurais.”
A Rede Globo foi ainda mais longe em sua propaganda ideológica. Lançou
outra campanha institucional em 2021, mesmo ano em que o aumento
acumulado no preço das carnes, medido pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), chegou a 69%. A campanha consistia em uma “ode”
aos ovos como substitutos da carne e como a indústria granjeira alcançou
a marca de 16 bilhões de reais. Tais números contrastam com os dados
levantados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança
Alimentar e Nutricional (Rede penssan) com o Inquérito Nacional sobre
Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil.
Nos três últimos meses de 2020, “do total de 211,7 milhões de
brasileiros(as), 116,8 milhões conviviam com algum grau de Insegurança
Alimentar e, destes, 43,4 milhões não tinham alimentos em quantidade
suficiente e 19 milhões de brasileiros(as) enfrentavam a fome”. A
pesquisa fala de um Brasil em que ossos de animais e farelos de arroz e
de feijão tornaram-se as únicas opções de alimentos disponíveis para
muita gente. <https://brasil.elpais.com/brasil/2021-07-25/arroz-
quebrado-bandinha-de-feijao-e-ossos-de-boi-vao-para-o-prato-de-um-
brasil-que-empobrece.html>
Como a mesma realidade pode comportar situações tão opostas? O “Agro, a
indústria-riqueza do Brasil” e a fome de milhões?
Mau negócio
Segundo os pesquisadores Marco Antonio Mitidiero Junior e Yamila
Goldfarb, no estudo chamado “O agro não é tech, o agro não é pop e muito
menos tudo” (2021), o agronegócio pode ser definido como um “um modelo
de produção e gestão resultante da associação do capital agroindustrial
nacional e internacional com a grande propriedade fundiária”. Por meio
do sistema financeiro, do capital bancário e do uso de tecnologia
intensiva, o agro impõe um modelo único de produzir alimentos (não
destinados à alimentação dos brasileiros, aliás) e de enxergar a relação
com a terra.
Para além do consenso – construído pelos “aparelhos ideológicos” – , uma
análise detalhada do agronegócio demonstra que o setor está muito longe
de ser a “salvação” do Brasil, tal como ele se define. Segundo o estudo
de Mitidiero e Goldfarb, “A análise da balança comercial, da balança de
pagamentos e dos créditos recebidos pelo setor somados aos incentivos
fiscais, como é o caso da Lei Kandir, à baixa arrecadação, como no caso
do itr, e à constante renegociação e perdão das dívidas do setor mostra
um país atado a uma economia reprimarizada, de uso intensivo de recursos
naturais e profundamente dependente”. Ou seja, “até sobre o ponto de
vista do capitalismo, o agronegócio é um mau negócio”, como os
pesquisadoresresumiram em uma entrevista.
<https://www.camisacritica.com/collections/jacobin>
Em /Economia política: uma introdução crítica/, José Paulo Netto e
Marcelo Braz afirmam que a sociedade não pode existir sem a natureza,
“afinal, é a natureza, transformada pelo trabalho, que propicia as
condições da manutenção da vida”. Especialmente a partir da Revolução
Industrial, a sociedade capitalista revolucionou tal relação, primeiro
com uma nova forma de produzir energia, o carvão; depois, com o
desenvolvimento de novas matrizes de transportes, encurtando distâncias
e conectando mercados, agora globais.
Todavia, apesar de um “sistema global”, o capitalismo não se desenvolveu
em todo o globo de forma homogênea. No Sul Global ele está subordinado
ao centro capitalista, o que cria estruturas específicas de dominação,
nas diferentes áreas. Como sintetizou o escritor Eduardo Galeano, no
clássico /As veias abertas da América Latina/:
“a América Latina nasceu para obedecer, quando o mercado mundial
ainda não se chamava assim, e aos trancos e barrancos continuamos
atados ao dever de obediência. Essa triste rotina dos séculos
começou com o ouro e a prata, e seguiu com o açúcar, o tabaco, o
guano, o salitre, o cobre, o estanho, a borracha, o cacau, a banana,
o café, o petróleo. O que nos legaram esses esplendores? […] Agora é
a vez da soja transgênica”.
Essa relação de dependência possibilitou o desenvolvimento de estruturas
específicas no capitalismo periférico brasileiro que permanecem até
hoje, como uma burguesia reacionária e o latifúndio de base escravista.
Galeano escreveu em 1971 que
“as burguesias dessas terras nasceram como simples instrumentos do
capitalismo internacional, prósperas peças da engrenagem mundial que
sangravam as colônias e as semicolônias […] Por sua vez seus sócios,
os donos de terras, não estavam interessados em resolver a ‘questão
agrária’, a não ser na medida de suas próprias conveniências. O
latifúndio se consolidou sobre a espoliação, tudo ao longo do século
XIX”.
Na América Latina do presente, 51,19% das terras agrícolas concentram-se
sob o poder de 1% dos proprietários rurais, de acordo com levantamento
da Oxfam.
O século XX viu o Brasil abandonar o eixo do poder oligárquico agrário,
mesmo que momentaneamente, fruto dos impactos Revolução de 30 e da
ditadura do Estado Novo. Todavia, enquanto o país sustentou, entre os
anos de 1930 e 1980, notável desenvolvimento industrial, crescimento
econômico e aspirações modernizantes, o latifúndio permaneceu. Pode ser
apontado, inclusive, como uma das razões para o Golpe de 1964, pois,
como escreveu o historiador Moniz Bandeira, a reforma agrária proposta
por João Goulart “afetaria os interesses dos latifundiários”.
O poder do agronegócio não recrudesceu com a redemocratização. Muito
pelo contrário. Segundo a historiadora Adelaide Gonçalves, a Assembleia
Nacional Constituinte foi um dos lugares em que o lobby do agronegócio
mostrou o poder acumulado pela elite fundiária durante o Regime Militar.
Financiamento de milícias para “extermínio de trabalhadores sem-terra,
posseiros, sindicalistas, agentes de pastoral leigos e missionários e
advogados das causas camponesa”; arrecadação de fundos; financiamento de
Meios de Comunicação. O agronegócio, por meio da União Democrática
Ruralista (UDR), também lançou candidato à presidência, em 1989. Assim,
a estrutura da terra, herdada da escravidão, permaneceu e se multiplicou.
É a parte que te cabe deste latifúndio
A extensão do latifúndio brasileiro é equivalente à da Arábia Saudita.
São 2,3 milhões de quilômetros quadrados. Do total de imóveis rurais,
0,91% concentram 45% da área produtiva do país. E 10,9% da superfície
agrícola é composta de terras públicas “sem destinação”. A grilagem de
terras faz com que o Brasil tenha registrado 38 milhões de hectares a
mais do que seria possível existir em suas fronteiras. As terras
improdutivas alcançam 175,9 milhões de hectares e seriam suficientes
para conceder posse aos mais de 800 mil produtores rurais sem-terras,
conforme dados do /Atlas do Agronegócio 2018/ <https://rosalux.org.br/
product/atlas-do-agronegocio-fatos-e-numeros-sobre-as-corporacoes-que-
controlam-o-que-comemos/>, organizado pelas fundações Heinrich Böll e
Rosa Luxemburgo.
“Apenas a construção de alternativas populares ao agronegócio poderá
salvar o Brasil desse tiro no pé.”
Um exemplo dessa realidade de consenso e de poder é o Centro-Oeste
brasileiro, região em que o agronegócio representa 80% <https://
g1.globo.com/economia/noticia/2021/05/21/estados-atrelados-ao-
agronegocio-devem-liderar-alta-do-pib-em-2021-veja-ranking.ghtml> do PIB
e onde o discurso de que o “agro é pop” tem grande relevância econômica
e política. A extensão média de imóveis rurais no Centro-Oeste é de 339
hectares contra os 79 hectares da média nacional. O tamanho da
propriedade privada contrasta com as áreas públicas destinadas à
preservação ambiental. Característico da região, o cerrado tem 178
milhões de hectares sob propriedade particular de latifundiários; apenas
7% desse bioma, que está entre os mais devastados do mundo, é protegido.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), em
15 anos (2000-15), o cerrado perdeu 236 mil quilômetros quadrados de
cobertura vegetal. O /Atlas do Agronegócio/ calcula que 52% de sua área
vegetal sofreu perdas irreversíveis. No mesmo período, a agropecuária
expandiu suas fronteiras de 76 para 90 milhões de hectares.
A ofensiva às nossas terras pelo setor ruralista carrega em si
contradições fundamentais. Ao mesmo tempo que avança sobre recursos
naturais e sobre as formas de resistência à sua dominação, evidencia os
limites socioambientais de um sistema cuja prioridade é sempre o aumento
da produtividade, aceleradamente e a qualquer custo. Como resumem
Mitidiero e Goldfarb, o “agro” contribui para a reprimarização da
economia, com a desindustrialização do país e uma inserção subordinada
no mercado mundial. Ele tem pouca participação no crescimento do PIB,
sendo responsável por apenas 5% dele. Contudo, recebe muito subsídios e
paga pouco imposto, além de gerar pouco emprego e renda. Apenas a
construção de alternativas populares ao agronegócio poderá salvar o
Brasil desse tiro no pé, até para o capitalismo brasileiro, que é o
atual modelo produtivo.
João Moreno <https://jacobin.com.br/author/41f26c7a50847ab4/>
Em
Jacobina
https://jacobin.com.br/2022/08/o-agro-nao-e-pop/
25/8/2022
/10/1/2025
Trabalho associado
segunda-feira, 10 de novembro de 2025
O agro não é pop
sábado, 8 de novembro de 2025
El capitalismo feroz avanza, ¿por qué se nos hace tan difícil reaccionar?
“Es momento de entrar en una nueva etapa, otro reto, y ¿por qué no?, sacar a los zurdos de mierda y mandarlos a chingar a su madre”.
Ricardo Salinas Pliego, multimillonario y posible candidato presidencial en México
“Al zurdo de mierda no le podés dar ni un milímetro, porque lo usan para destrozarte. No se negocia con esa mierda”.
Javier Milei, presidente de Argentina
Lo que algunas décadas atrás parecía un camino directo y despejado hacia una sociedad post capitalista, hoy día ha quedado clausurado. No digamos absolutamente sucumbido, terminado de una vez, enterrado para siempre. Pero sí, sin dudas, obstruido. Ese camino ha encontrado muy poderosos obstáculos que tornan difícil seguir avanzando. ¿Habrá que desistir de la lucha, desechar lo ideales de cambio o, cobrando nuevas fuerzas, tomar rutas alternas entonces? ¿Cuáles? ¿De qué manera? En todo caso, ¿cómo superar esas sólidas barreras que se han alzado, sabiendo que el sistema, aunque se muestre victorioso ahora, no da salida a la humanidad? No olvidar nunca -eso nos debe dar esas fuerzas que hoy parecen faltar- que ahora apenas un 15% de la humanidad tiene acceso a satisfactores dignos, mientras el 85% restante pasa grandes penurias.
Durante la primera mitad del siglo XX el discurso contestatario y anticapitalista fue tomando cada vez más fuerza. Todo ello permitió que en una buena cantidad de países se pasara a construir nuevos modelos sociales; es lo que llamamos socialismo. Para la década de 1970 aproximadamente un tercio de la población mundial vivía en países que, con diferencias y estilos muy propios en cada caso, pero todos con un común denominador, caminaban por una senda que apuntaba a superar el capitalismo. Ahí estaban la Unión Soviética, la República Popular China, Vietnam, Laos, Camboya, Cuba, Nicaragua, Corea del Norte, el este de Europa (países signatarios del Pacto de Varsovia), varias jóvenes repúblicas del África que comenzaban a romper sus cadenas coloniales (Burkina Faso, Congo, Angola), el socialismo árabe, Afganistán. En sintonía con eso, en numerosos puntos del globo se sucedían numerosas y variadas luchas sociales, con un ideal antiimperialista buscando siempre propuestas que condujeran al socialismo. Ahí estaban las insurgencias guerrilleras, los sindicatos combativos, los movimientos sociales y estudiantiles, la Teología de la Liberación de la iglesia católica, un despertar anticolonial y numerosas manifestaciones que prometían un nuevo futuro.
Pero el sistema capitalista reaccionó. Una suma compleja de factores hizo que esos movimientos emancipatorios fueran reduciéndose o extinguiéndose. La caía de la Unión Soviética -sin dudas una tragedia para la causa popular- fue factor determinante en esta retracción que vivimos en la actualidad. Hoy, medio siglo después de aquella época, buena parte de la humanidad pareciera caminar en sentido contrario. O la hacen caminar, más correctamente dicho: se pierden conquistas laborales y sociales conseguidas con años de lucha y sacrificio, se retrocede en el ámbito de derechos conseguidos, se termina glorificando a los propios verdugos a quienes se puede elegir alegremente en una elección poniendo mandatorios de ultra derecha, se fomenta en forma creciente el supremacismo y el racismo xenofóbico, se avanza hacia planteos neofascistas que parecían ya extinguidos para siempre, se estupidiza cada vez con más profundidad a través de tecnologías muy efectivas la conciencia de las poblaciones por medio de “espejitos de colores” científicamente construidos, se reemplaza el pensamiento crítico con banalidades y una cultura de la inmediatez y superficialidad que asombra, se desarticulan las luchas y reivindicaciones populares condenando el discurso comunista con una fuerza superior a la que usaba la Inquisición medieval, se presentan las experiencias socialistas que aun sobreviven en este mar de derechización como la evidencia elocuente del fracaso de la ideología socialista (¡la gente escapa de Cuba!, vociferan los medios comerciales, sin hablar del bloqueo), se cambia la noción de “trabajador” por la de “colaborador”, se fragmentan las luchas apoyando determinadas reivindicaciones puntuales, sin duda importantísimas -género, cuestiones étnico-culturales, diversidad sexual, cuidado del medioambiente- obviando un tema básico como la lucha de clases, a partir de la máxima de “divide y vencerás”, propiciando así la falta de unidad. Muchos otrora militantes comunistas bajan los brazos y terminan haciéndose socialdemócratas…, o pasando abiertamente a la derecha. ¿Qué está pasando?
Todo eso, que nos muestra un panorama bastante desolador para el campo popular, no significa que se borró de la historia la idea de un mundo post capitalista. Hace evidente, en todo caso, la gran dificultad en que nos encontramos quienes apostamos por algo superador del desastre social que vivimos hoy para encontrar esos caminos liberadores. Pero debe quedar claro que el sistema capitalista, aunque ahora se alza victorioso, sigue siendo esa serpiente viperina que nos sojuzga y mata (20,000 personas diarias mueren por falta de alimento, siendo que sobra comida en el mundo: 40% más de la necesaria para nutrirnos muy bien todas y todos). Este sistema solo crea bienestar para una pequeñísima parte de la humanidad; el resto… ¡que se aguante! Ahora, con este capitalismo depredador llevado a un grado superlativo, la población es solo una variable de ajuste, un número. Si alguien pasa hambre, según la lógica en juego, es porque “no se esforzó lo suficiente”. Sin dudas, en este momento, como fuerzas de izquierda, estamos perdiendo la pelea.
Solo para graficarlo, veamos algunos datos que nos muestran cómo vamos en el mundo: el Parlamento de Grecia acaba de aprobar una ley que extiende la jornada laboral -con carácter excepcional, según argumenta- hasta un máximo de 13 horas diarias, lo que abre la puerta a que eso se pueda transformar en una constante, y otros países emulen la medida. ¿Dónde quedan las 8 horas diarias, ganadas en históricas luchas que costaron vidas y mucho sufrimiento? En Estados Unidos, cuyo arrogante presidente se permite decir en público que mucha de la migración que llega a su nación proviene de “países de mierda” (sic), por autorización legal, aprobada por la Corte Suprema de Justicia, son potencialmente sospechosas las personas con características latinas y que hablan español. Es decir: por portación de cara (¿volvemos al nazismo de un siglo atrás con la creencia de “raza superior”?). En Bolivia, luego de 20 años de gobiernos socialistas que habían traído numerosas mejoras sociales, la población termina votando a candidatos de derecha que hablan un lenguaje antipopular sin esconder su ideología supremacista y de derecha. En Argentina, que hace años viene cayendo en picada con una población ya al borde del hambre y la desesperación, un ultraderechista que se presenta con máscara de desquiciado mental sigue ganando en las elecciones, pese al monumental tornado destructor que está trayendo su gobierno. ¿Por qué vuelve a ganar en las elecciones?
¿La gente es tonta, o la vuelven tremendamente tonta? ¿Somos tan inútiles en la izquierda que no sabemos reaccionar, o la derecha es atroz, vil, dispuesta a absolutamente todo para no perder ni un milímetro de privilegios? ¿Es ética la amenaza que hace Trump a Milei respecto a que si no gana las elecciones, no hay crédito para Argentina? Por lo que se puede apreciar, la voracidad capitalista da para todo, para torturar, usar armas atómicas (Hiroshima y Nagasaki), mentir, desaparecer personas, violar mujeres, chantajear, y un sangriento y monstruoso etcétera. La izquierda, sin que se puede decir que sea santa -nadie lo es-, no apela a estos recursos. Como izquierdas estamos desorientados, eso es innegable: ¿somos tontos, o es más compleja la cuestión? Del campo popular, de las izquierdas, han salido importantísimos pensadores y estrategas, analistas de alta capacidad y militantes con una ética inquebrantable. ¿Se podrá decir, tan casi frívolamente, que “la izquierda no sabe qué hacer” -sin que nadie marque entonces el camino-, o estamos ante situaciones tremendamente confusas, multicausales, muy complicadas, donde el enemigo de clase, sin la más mínima ética, puede avasallar todo? Las dos citas que figuran en el epígrafe pueden ilustrar los tiempos que corren.
El brasileño Henrique Canary pinta de modo exacto la situación que vivimos a nivel mundial: “La clase trabajadora «clásica» (fabril) se descompone, se desestructura, se vuelca en las apps, las bicicletas Glovo y los coches Uber. La economía -y con ella la clase trabajadora- se plataformiza. El movimiento sindical está en crisis y tiene enormes dificultades para organizar a la gente. Las desafiliaciones son masivas. Los sindicatos se vuelven ajenos a la clase trabajadora y a su vida cotidiana. Pocos responden a sus convocatorias. La propaganda neoliberal enfrenta a unos trabajadores con otros. Los huelguistas son «vagos», sobre todo los empleados públicos, que son «privilegiados» y «no quieren trabajar»”. Todo esto ¿es por la incapacidad y estulticia de las izquierdas?
La solidaridad, y más aún, eso que hoy parece una rara avis, pero fundamental en tiempos pasados, que se llamaba “internacionalismo proletario”, han ido desapareciendo. Como bien lo dice Atilio Borón: “Prevalece en cambio un radical individualismo alentado por la uberización del capitalismo de plataformas, cuyo reflejo en el plano de las ideas y las actitudes es un radical rechazo a -o una marcada indiferencia ante- cualquier estrategia de acción colectiva y, por ende, a sindicatos, partidos y asociaciones de base territorial.”
El sistema se sabe defender muy bien. Por supuesto, su clase dominante -esa minúscula élite que vive a cuerpo de rey a partir de la explotación de las grandes masas humanas- no desea en modo alguno perder sus privilegios. Más aún: no está dispuesta a conceder nada, cada vez menos, ni un milímetro. Si con la socialdemocracia y el Estado de bienestar el pobrerío tuvo un respiro, ahora el capitalismo actual -voraz, criminalmente depredador- no da tregua. Los datos arriba presentados muestran cómo estamos. Hasta hay quien habla de un “tecnofeudalismo”, es decir: una involución histórico-social hacia un modo de producción ya superado, pero con características de ultra modernidad. Es evidente que luego del avance popular en las primeras décadas del siglo pasado, el sistema supo reaccionar. Y esa batalla -pero no la guerra- la viene ganando.
Definitivamente lo que se pudo haber avanzado en las primeras décadas del siglo XX desde el campo popular, ahora ha quedado obstaculizado. El sistema nos está ganando este momento de la lucha. Pero la historia no ha terminado. Si se habla de la terrible posibilidad de una nueva guerra mundial -¿exterminio de la humanidad?-, eso significa que el movimiento no se detiene, y aunque la robotización y la inteligencia artificial nos aplasten, la gente de carne y hueso seguimos reaccionando.
Lo dicho anteriormente no es un resignado mensaje desmovilizador, que asume el momento actual de reflujo en la lucha como una derrota definitiva. ¡No, en absoluto! Es una consideración crítica de lo que estamos viviendo, para intentar ver por dónde seguir. Es más que evidente que sigue habiendo protestas, malestares, levantamientos, reacciones. Sucede que todo ese potencial no encuentra los canales adecuados para hacer colapsar al sistema. ¿Por qué las izquierdas no pueden conducir ese descontento? Léanse de nuevo los dos epígrafes.
Este modesto texto -quizá tonto intelectualmente, pero que no ha perdido las esperanzas– no pretende dar las pistas de por dónde ir entonces. Es, con toda honestidad, un llamado a no bajar los brazos, intentando reflexionar sobre la necesidad de encontrar caminos nuevos en la lucha. Como dicen que dijo Einstein: “Si hacemos siempre lo mismo, obtendremos los mismos resultados”. Por tanto, visto que hoy los caminos tradicionales para la lucha popular desde las izquierdas no están dando resultados y la derecha nos está aplastando, ¿habrá que inventar formas nuevas? ¿Por dónde empezamos?
Blog del autor: https://mcolussi.blogspot.com/
Em
REBELION
https://rebelion.org/el-capitalismo-feroz-avanza-por-que-se-nos-hace-tan-dificil-reaccionar/
7/11/2025
sexta-feira, 7 de novembro de 2025
Jaque a la criminalidad: la medida contundente del Banco Central de Brasil
Un salto a la seguridad
quinta-feira, 6 de novembro de 2025
Usar o tempo como arma: a ansiedade da elite e a luta por uma janela que se fecha (2)
Nel Bonilla [*]

II. Os fundamentos ideológicos do pânico da elite
Um mundo em constante mudança perturba não só a geopolítica, mas também a arquitetura mental daqueles que acreditavam que a história tinha terminado a seu favor. Como observa o analista de economia geopolítica Warwick Powell, o lento declínio da hegemonia ocidental põe em causa todo o edifício filosófico que justificava o seu domínio global:
“A questão do diálogo civilizacional está a tornar-se mais premente porque o monólogo de uma história de desenvolvimento europeia singular e linear já não é sustentável... Estamos agora a enfrentar uma nova dimensão do ‘abismo do império’ — a sua estrutura narrativa, ou o seu modelo mental de como o mundo funciona, já não reflete as suas antigas ambições ideológicas.”
A história que Powell nomeia, o liberalismo colonial, assenta numa visão hierárquica do desenvolvimento humano: que a liberdade, a civilização e a governação racional se desenrolam ao longo de uma linha temporal europeia, medida pela proximidade às normas ocidentais. As vertentes religiosas e seculares encontram-se aqui: Hegel e Mill, missionários e comerciantes, universidades e canhoneiras. A crença numa missão civilizadora ainda influencia a política externa, mesmo quando disfarçada de "promoção da democracia" ou "intervenção humanitária".
Essa arquitetura se adaptou ao lento processo de descolonização. Onde a metrópole antes governava por decreto, agora governa por padrões, referências e condicionalidades. Onde o império antes traçava fronteiras, agora estabelece regras para o comércio, as finanças, os dados e a tecnologia “responsável”. E quando realidades materiais ameaçam a narrativa, ela é reescrita como uma avaliação de ameaças. (O que, por sua vez, influencia as ações.)
Militarismo racial como pré-história
Jasmine K. Gani, estudiosa de relações internacionais numa perspetiva histórica, mostra que o militarismo europeu surgiu não apenas de um sentimento de superioridade, mas também de ansiedade civilizacional, insegurança sobre a posição social quando "um Oriente muçulmano ascendente" se aproximou nos séculos XV e XVI. A resposta foi dupla: expansão material e criação de fronteiras discursivas. Nas suas palavras:
"Esta (insegurança) criou uma necessidade imperativa de (re)afirmar uma hierarquia através da expansão militar e de estigmas depreciativos sobre a capacidade militar dos seus rivais... uma insistência na fraqueza militar e intelectual do Oriente foi incorporada no militarismo europeu. Este militarismo racial compensou inicialmente a insegurança e a falta de confiança dos europeus, mais tarde proporcionou um autoconhecimento chauvinista e, finalmente, ofereceu uma justificação moral para a colonização."
Gani observa como a proximidade agravou a ansiedade: os ideólogos frequentemente colocavam os povos “orientais” em uma posição relativamente elevada, logo abaixo dos europeus, de modo que a proximidade tinha de ser forçada com estigma. O etnólogo americano John Wesley Powell (1888) já havia identificado a força militar, a organização e a capacidade de destruição como características de uma “comunidade avançada e civilizada”. A equação se mantinha: ser moderno era monopolizar a violência organizada em casa e projetá-la no exterior. Lida com Max Weber, a história é familiar: o monopólio da violência organizada legítima torna-se a marca registrada do Estado moderno, enquanto a capacidade de projetar essa violência torna-se a marca registrada de um Estado “civilizado”. O crescente militarismo nos séculos XVIII e XIX então “desempenhou um papel central na incorporação de hierarquias raciais na imaginação europeia”, que se materializaram na administração colonial.
Gani, assim, fornece a pré-história; o que se segue é a sua codificação.
As reencarnações estratégicas do liberalismo colonial
O livro The Eurocentric Conception of World Politics, de John M. Hobson, rastreia como as primeiras RI formalizaram essa visão racial do mundo. Entre 1860 e 1914, dois ramos se fundiram: o racismo-realismo (Mahan, Mackinder), que buscava conter os não brancos capazes, e o racismo liberal (Pearson, Kidd), que prometia ascensão social, mas que, quando necessário, se transformava em projetos exterminadores. O "padrão de civilização" colocava os europeus no topo (com a hiper-soberania ocidental e a negação da soberania oriental e sulista), a "barbárie amarela" no meio e a "selvageria negra" na base. Hobson cataloga os medos que animavam ambas as vertentes: "demografia amarela", "clima tropical", "mestiçagem racial" e o "inimigo interno" de uma classe trabalhadora branca "desajustada", e mostra como eles influenciaram e, consequentemente, organizaram a conquista e a política.
Na política contemporânea, ainda podemos reconhecer três caminhos que refletem essas visões de mundo:
- Internacionalismo liberal: civilizar a periferia por meio da “promoção da democracia” (por exemplo, a Parcerias da UE no Leste).
- Realismo liberal: conter e, em seguida, civilizar por meio de sanções e armamento por procuração (por exemplo, AUKUS, controles de exportação; primeiro sancionar, depois ensinar).
- Realismo de cerco: conter o "bárbaro às portas" através do rearmamento e de muros (por exemplo, proibições do TikTok, aplicar tarifas).
Essas estruturas mentais levam a práticas rotineiras, incorporadas na lei, nas aquisições e nos media. Os nomes mudaram, mas a gramática organizacional permaneceu a mesma. Ainda assim, houve uma breve exceção histórica.
A exceção da Guerra Fria
A Guerra Fria representou um desvio temporário desse padrão, não sua negação. As elites ocidentais viam a URSS como um rival ideológico, e não como uma ameaça existencial aos seus papéis domésticos e globais. Durante a ordem pós-guerra, por quarenta anos, as elites ocidentais compraram a paz social para seus países: aumento de salários, gasolina barata, vagas subsidiadas nas universidades. Por quê? Porque a própria existência da URSS, combinada com sindicatos fortes, tornava as concessões mais baratas do que a repressão da oposição interna.
Quando a União Soviética entrou em colapso, o acordo expirou. Os lucros recuperaram, a desigualdade aumentou e os programas sociais atrofiaram. As elites funcionais e governantes dos EUA conseguiram conter a "ameaça" através de intervenções forçadas (Coreia, Vietname, Jugoslávia), operações secretas (El Salvador, Chile, Burquina Faso) e meios menos coercivos nos países europeus. Isto permitiu a distensão e o compromisso das elites (abertura de Nixon à China). A abertura global à globalização baseava-se na ideia de uma missão civilizadora através do comércio, que "falhou" especificamente no que diz respeito à China.
Mas e nos dias de hoje?
Uma exposição doutrinária: Perspetiva russa e estrutura operacional (2020)
Um exemplo recente dessa gramática aparece no artigo Perspetiva russa e estrutura operacional do Military Intelligence Professional Bulletin. O artigo adverte que a Rússia emprega uma abordagem “toda a Rússia” que confunde competição e conflito, e esferas civis e militares. Ele começa admitindo um erro categórico que revela a estrutura subjacente:
"Aplicámos incorretamente a nossa própria visão do mundo à Rússia e avaliámos a Rússia como europeia após o colapso da União Soviética, procurando trazê-la para a aliança da NATO na luta contra o extremismo violento. Ficámos desapontados quando a Rússia agiu como um Estado-nação eurasiano distinto, totalmente separado da Europa Ocidental, que rejeitou uma invasão progressiva da NATO em direção a Moscovo."
Os autores então reformulam um repertório diversificado de políticas como uma única campanha:
“Embora possa parecer que os russos estão a conduzir uma ampla gama de ações discretas em todo o continente eurasiano, na verdade trata-se de uma campanha em todo o teatro. Os russos estão a empregar novas tecnologias e técnicas para realizar tarefas tradicionais, o que muitas vezes obscurece a sua intenção ou propósito.”
Admitindo que as ações russas são em grande parte posicionais, eles, no entanto, agrupam tudo numa única categoria:
"A Rússia continua a ser oportunista, mas as suas ações são estrategicamente defensivas... A dicotomia entre híbrido e convencional é falsa — a Rússia não distingue nem compartimenta a guerra como o Ocidente faz... Em vez disso, ao compreender a Rússia e a China, deveríamos simplificar as suas ações para uma única — a guerra."
Tendo simplificado, segue-se a conclusão: "riscos inaceitáveis para a NATO" e a necessidade de "uma postura avançada reforçada". Portanto, o quadro de contenção da barbárie persiste sem insultos explícitos. No entanto, investimentos portuários, contratos de gás ou acordos de lítio são interpretados como "guerra abaixo do limiar", ou seja, casus belli por outros meios. O significado reside menos na análise tática do que na assunção: o desenvolvimento não ocidental é inteligível principalmente como uma ameaça.
Uma codificação civilizacional — "eurasiática", "não europeia" — ancora uma visão de mundo na qual sociedades inteiras são interpretadas como envolvidas em uma guerra permanente e nacional. Essa interpretação permite uma resposta espelhada: sanções contínuas, operações de informação, mudanças de postura, negação de tecnologia e apoio indireto entrelaçados em uma única estrutura operacional.
Essencialismo civilizacional na corrente dominante: os media como canal ideológico
Uma vez incorporada na doutrina, a gramática viaja dos documentos do pessoal para o estúdio de televisão, onde tenta adquirir legitimidade popular. Considere duas aparições no programa alemão Markus Lanz, uma da analista militar Florence Gaub (2022) e outra da jornalista Katrin Eigendorf (2025). Gaub apresentou o modelo:
"Não devemos esquecer que, embora os russos pareçam europeus, eles não são europeus — pelo menos não culturalmente. Eles têm uma relação diferente com a violência, uma relação diferente com a morte. Não existe uma visão liberal e pós-moderna da vida, em que cada pessoa projeta individualmente a sua própria vida como um projeto. A vida pode terminar cedo.”
Eigendorf endureceu a linha:
“Acredito que, fundamentalmente, a compreensão do que é a guerra é diferente na Rússia... Esse é o DNA a partir do qual o que estamos a viver hoje se desenvolveu... As forças armadas sempre fizeram parte do DNA russo.”
O padrão é consistente: toda uma população é levada a ter uma mentalidade bélica, a aceitar a morte e a estar coletivamente implicada na violência. A linguagem do “ADN” empurra o argumento para um determinismo cultural biologizado, um eco direto do pensamento eugénico do início do século XX que Hobson cataloga. A medida reflete a injunção do documento militar de “simplificar... para uma — a guerra”. À medida que a complexidade entra em colapso, o leque de políticas legítimas estreita-se; sanções e punições coletivas tornam-se concebíveis como necessidade moral. A observação de Emmanuel Todd capta a projeção em ação: "A Rússia é o nosso teste de Rorschach."
No entanto, o perigo não é apenas o excesso retórico. Este discurso prepara o público para políticas que tratam sociedades inteiras como alvos legítimos. A diplomacia encolhe, a escalada é interpretada como prudência e "paz" torna-se sinónimo de capitulação.
III. Pânico temporal
O historiador Paul Chamberlin recorda-nos que os impérios são governados por relógios (assim como por territórios e recursos). Na década de 1930, um mundo lotado de impérios gerou ansiedade de enclausuramento: a maior parte do globo já estava dividida; os Estados Unidos ascenderam meteoriticamente no Ocidente; a União Soviética consolidou-se no Oriente. Os líderes em Roma, Tóquio e Berlim aprenderam uma lição contundente: para ser importante, é preciso ter um império, e o tempo era curto. Como diz Chamberlin, as potências aspirantes sentiam que tinham "uma janela de tempo curta para se fortalecerem e conquistarem... territórios imperiais" antes de ficarem "à mercê" de hegemonias rivais.
As guerras não eclodiram apenas por causa de ideologias abstratas, mas por causa do acesso e da ordem: quem controlava territórios, rotas marítimas e fluxos de recursos. A Grã-Bretanha e a França lutaram contra a Alemanha não porque ela fosse nazista em essência, observa Chamberlin, mas porque invadiu a Polónia e ameaçou a estrutura existente; na Ásia, a invasão japonesa da Birmânia, Malásia, Índias Orientais Holandesas e Filipinas desencadeou o conflito. A lição para hoje é a questão do ritmo. Quando os estrategas dos EUA falam de "janelas cada vez menores" com a China, eles expressam uma antiga ansiedade imperial em termos modernos: agir agora ou ser constrangido mais tarde.
Significado atual: Washington agora pensa em termos de soberania da cadeia de abastecimento e gestão de pontos de estrangulamento, não necessariamente em termos de expansão territorial (embora isso tenha sido manifestado por Trump em relação à questão da Gronelândia e do Canadá). A desdolarização dos BRICS, a nacionalização de minerais críticos e o redirecionamento de corredores de energia são encarados em Washington como ameaças. O receio não é apenas que a ideologia se espalhe, mas que o acesso se torne mais difícil face ao poder de manobra. A observação de Chamberlin de que a Grã-Bretanha entrou em guerra por causa da invasão territorial encontra eco na prática do século XXI, onde as intervenções e sanções visam menos promover a democracia do que impedir o realinhamento do controlo sobre oleodutos, gasodutos, portos e pagamentos.
O modelo de proxy persiste:
- 1940–45: Os EUA aproveitam a infraestrutura imperial britânica enquanto as forças soviéticas e chinesas absorvem o golpe continental; eles escolhem quando e onde combater.
- 2022-25: O Ocidente usa a Ucrânia como um sumidouro de desgastes contra a Rússia (com a UE como sumidouro de subsídios e amortecedor); no Indo-Pacífico, cultiva impasses que mantêm Pequim reativa (por exemplo, trânsitos no Estreito de Taiwan, patrulhas no Mar da China Meridional).
Operacionalmente, a continuidade é gritante. O memorando Plan Dog de 1940 estabeleceu a "Alemanha em primeiro lugar" e previu a utilização de bases imperiais britânicas como plataformas de lançamento. Em setembro daquele ano, o acordo Destroyers-for-Bases trocou navios americanos desativados por arrendamentos de 99 anos em locais coloniais britânicos em todo o hemisfério ocidental. O poder marítimo, a logística e a proficiência anfíbia permitiram que Washington e Londres mantivessem a iniciativa, enquanto os soviéticos e os chineses lutavam principalmente na defensiva. No início de 1944, o medo dos Aliados já não era a vitória do Eixo, mas que os soviéticos vencessem demasiado rapidamente e ditassem a paz: um motivo para a corrida à Normandia. O análogo moderno é frequentemente sobre a China: se a capacidade tecnológica e industrial chinesa avançar rapidamente, ela ditará as normas e fechará a janela para a influência coercitiva. Esse pânico temporal molda a tendência atual para a escalada.
Violência colonial repatriada
Chamberlin é direto sobre o método. O "bombardeamento estratégico" anglo-americano antes da primavera de 1944 significava, em grande parte, bombardear civis. A permissibilidade de tais campanhas foi incubada nas colónias do período entre guerras, onde o bombardeamento de cidades etíopes ou a artilharia contra Damasco eram codificados como "guerra selvagem". Com a Segunda Guerra Mundial, esse repertório migrou para casa. Numa "guerra selvagem", as restrições à guerra "civilizada" não se aplicam; populações inteiras tornam-se alvos; seguem-se reassentamentos e represálias. A mesma escada cognitiva que coloca as sociedades não ocidentais "fora" das leis da guerra civilizada torna novamente pensável a população como alvo. O conceito desliza facilmente para o presente.
Hoje, a punição centrada na população chega frequentemente através do cerco financeiro (sanções amplas que derrubam os salários e as importações de medicamentos), ataques à infraestrutura (redes, pontes, portos) e estrangulamento de informação (banimento de plataformas e proibições de media). Esses são os descendentes lineares tardios da caixa de ferramentas da “guerra selvagem”: o sofrimento civil é tratado como uma alavanca, ao invés de uma restrição à política.
IV. Império pontilhista: toque leve, alavanca pesada
Dessa convergência surgiu uma forma imperial mais leve. Como argumenta Daniel Immerwahr, os Estados Unidos pós-1945 não anexaram vastos territórios como os impérios antigos. No entanto, construiram um arquipélago de bases, aliado à supremacia naval e aérea, pontos de estrangulamento financeiro e padrões tecnológicos: um "império pontilhista" que podia estar por toda a parte e, quando a sinalização era necessária, atuar brutalmente. O alcance anfíbio, os grupos de porta-aviões, o transporte aéreo global e a capacidade de atacar com armas atómicas ou convencionais a partir de nós dispersos preservaram a iniciativa sem colónias formais. Infraestruturas culturais e informativas, Hollywood, ONGs e bancos de desenvolvimento completaram a rede. Esta forma é mais vulnerável onde a soberania multipolar fecha pontos de estrangulamento e redireciona fluxos.
| (...) veneno foi destilado nas veias da Europa e, vagarosa mas seguramente, o continente prossegue rumo à selvageria. Então num belo dia a burguesia é despertada por um terrífico efeito bumerangue: as gestapos estão atarefadas, as prisões cheias, os torturadores posicionados nos bastidores inventam, refinam, discutem. As pessoas são surpreendidas, ficam indignadas. Dizem elas: “Como é estranho! Mas não importa – é nazismo, será ultrapassado!” E elas esperam e têm esperança; e escondem a verdade de si próprias, que isto é barbárie, a barbárie suprema, a coroação da barbárie que resume todas as barbáries diárias; que é nazismo, sim, mas que (...) Aimé Césaire, Discourse on Colonialism (Monthly Review Press, 2000), p. 36 — “O terrível efeito bumerangue” da violência colonial. |
Notas finais: Transição para a Parte II
Métodos aperfeiçoados no exterior retornam para organizar a vida em casa (do ponto de vista ocidental); línguas cunhadas para um império reaparecem como senso comum. A sensação de que o tempo está a esgotar-se não é uma novidade na arte de governar imperial, mas é mais uma vez o principal acelerador. Onde a metrópole antes temia o encerramento territorial, agora teme a soberania por outros meios: bancos de desenvolvimento com os seus próprios padrões, nacionalização do lítio, corredores energéticos que contornam centros privilegiados, sistemas de pagamento que ignoram o dólar. O império pontilhista das bases encontra um mundo ocupado a redirecionar o mapa.
A resposta ainda segue uma gramática antiga. A ambiguidade estratégica e a lógica das operações multidomínio fornecem o nervo administrativo de uma mentalidade de “guerra selvagem” atualizada para o século XXI: sociedades inteiras são vistas como ameaças civilizacionais, então sociedades inteiras se tornam alvos legítimos por meio de sanções que desmoronam salários e importações de medicamentos, por meio de listas de negação de tecnologia que estrangulam ciclos de vida industriais, por meio de campanhas de informação que fixam o “DNA” de um inimigo. O essencialismo mediático de Gaub e Eigendorf, juntamente com as simplificações doutrinárias nos documentos da equipe, fornece uma licença para uma estratégia que deve acreditar na barbárie dos seus alvos a fim de justificar pressão permanente ou pior.
Nessa névoa, a aposta é simples. Não ganhar em nenhum sentido decisivo, mas ganhar tempo: manter o patamar de desgaste intacto até que algum alívio externo (um salto tecnológico, uma crise de um rival) restaure a margem de manobra. É a governança pelo adiamento.
O que está a acontecer em termos materiais? Quais doutrinas, orçamentos e canais unem a névoa? Onde o patamar pode rachar: saturação fiscal, fadiga da aliança ou uma guinada para a escalada quando outras estratégias deixarem de funcionar?
A Parte II aborda essas questões. Passamos da visão de mundo para a maquinaria — qualitativamente, lendo os textos e artefactos que fazem o trabalho:
- Ambiguidade estratégica como controlo de ritmo: como “conversas”, pausas e fintas coreografam ataques, forçam coberturas de riscos dispendiosas e mantêm os rivais reativos.
- Operações multidomínio (MDO) financeiras: como sanções, controlos de exportação, ações cibernéticas e movimentos cinéticos limitados são sequenciados como uma única operação.
- Resistência multipolar: como a China, a Rússia, o Irão e os parceiros não alinhados constroem resistência e como os seus próprios relógios moldam as escolhas.
Se este ensaio esclareceu alguma coisa ou o fez refletir, acrescente a sua opinião. Comente, partilhe, traduza, discuta as premissas. O debate sobre como tempo, tecnologia e ideologia estão a ser transformados em armas pertence a todos nós, não apenas aos think tanks.
21/Agosto/2025
Anteriores:
[*] Candidata a PhD, especializada em Sociologia da Migração, Geografia Social e Estudos de conflito.
O original encontra-se em themindness.substack.com/p/weaponizing-time-elite-anxiety-and
Emhttps://resistir.info/crise/bonilla_2.html
21/8/2025
segunda-feira, 27 de outubro de 2025
Pepe Escobar: Y la caravana china de los cinco años sigue su camino

“El Partido Comunista Chino necesita redefinir su modernidad reafirmando su misión, enfatizando sus aspiraciones originales y reviviendo su naturaleza revolucionaria”.
Pepe Escobar, geopolítico itinerante
Cuatro días en Pekín. El cuarto pleno del XX Comité Central del Partido Comunista de China fue realmente digno de ver.
La metodología importa. Lo que ocurrió durante estos cuatro días fue que los delegados debatieron y luego adoptaron «recomendaciones» que conducen al XV Plan Quinquenal de China . Un comunicado estableció los vectores básicos que debían abordarse. El plan completo solo se conocerá en detalle el próximo marzo, cuando sea aprobado por las llamadas “Dos Sesiones” en Pekín.
Vayamos directo al grano: así funciona China: planifica todo meticulosamente con antelación, con objetivos claros y supervisión meritocrática. La terminología —metafórica— permite cierto margen de maniobra: todos son conscientes de los fuertes vientos, olas embravecidas y tormentas furiosas que se avecinan, tanto a nivel nacional como internacional. Pero la determinación estratégica no flaqueará.
Los vectores clave para el liderazgo de Beijing incluyen “fortalecer la agricultura”, “beneficiar a los agricultores” y “lograr la prosperidad rural”, junto con el progreso de una “nueva urbanización centrada en la gente”.
En el tablero de ajedrez global, Pekín seguirá enfatizando el poder del «sistema multilateral de comercio». Como el polo opuesto de Trump 2.0.
Los principales objetivos del XV Plan Quinquenal son bastante claros. Entre ellos: avances en el desarrollo de alta calidad; mejorar la autosuficiencia científica y tecnológica; un notable progreso cultural y ético en toda la sociedad, de corte confucianista; y el fortalecimiento de la seguridad nacional.
En resumen: la principal prioridad del liderazgo chino es construir un sistema industrial modernizado. Es decir, un sistema económico mixto, productivo y no especulativo, que impulse el desarrollo rural, urbano y tecnológico.
Hacia un “mercado nacional unificado” de ultraalta tecnología
Ha habido muchísimos ejemplos prácticos y gráficos en toda China de lo que se ha logrado hasta ahora. El mes pasado, tuve el privilegio de presenciar de primera mano el auge del socialismo con características chinas en términos de desarrollo sostenible en Xinjiang . Xinjiang es ahora un centro de tecnología de la información y líder en energía limpia, con exportaciones al resto de China.
Además, están los logros tecnológicos de «Hecho en China 2025», lanzado hace 10 años, y que ya sitúa a China como líder tecnológico en al menos 8 de 10 campos científicos. También , existen programas clave que muchos chinos desconocen, con especial énfasis en el Programa 973 y el Proyecto 985.
El Programa 973, lanzado en 1997, es el Programa Nacional de Investigación Básica que busca obtener una ventaja tecnológica y estratégica en diversos campos científicos, especialmente en el desarrollo de la industria de tierras raras. Este programa, sin duda, elevó a China a la cima de la competitividad científica mundial.
El Proyecto 985 se lanzó en 1998 para desarrollar un selecto grupo de universidades de primer nivel a un nivel de clase mundial. De ahí el surgimiento de Tsinghua, Pekín, Zhejiang, Fudan y el Instituto Tecnológico de Harbin, entre otras, como líderes mundiales en ingeniería, informática, robótica y aeroespacial, incluyendo avances clave en IA, computación cuántica y energías renovables. ¿Ivy League y Oxbridge? Olvídenlo: la verdadera clave son las universidades chinas.
Otro proyecto clave es el Corredor de Ciencia e Innovación del G60, que conecta nueve ciudades en el delta del río Yangtsé de China. Estas ciudades aportaron casi el 2,2 % del valor añadido manufacturero mundial tan solo el año pasado. Esa es, en efecto, la planificación económica estratégica de China que impulsa el progreso tecnológico.
En una conferencia de prensa, funcionarios del Comité Central señalaron algunos aspectos básicos que, obviamente, el Occidente fragmentado ignora por completo, pero no así amplios sectores del Sur Global. En particular, el hecho de que los Planes Quinquenales se consideran una de las principales ventajas políticas de China.
La formulación del próximo plan, como es habitual en China, incluye sugerencias de todos los niveles de la sociedad. A partir de ahora, los impulsores del mercado incluirán necesariamente la infraestructura informática, la conducción inteligente y la fabricación inteligente. Y, previsiblemente, hasta 2035, se hará especial hincapié en la tecnología cuántica, la biofabricación, el hidrógeno, la fusión nuclear, las interfaces cerebro-computadora, la inteligencia artificial y el 6G, sin olvidar la IA.
Conceptualmente, China se centrará en su inmenso mercado interno: lo que se define como el “mercado nacional unificado”.
Se hizo especial hincapié en la iniciativa de Beijing para combatir la “involución”, es decir, la competencia intraindustrial que ha causado problemas a varios sectores chinos.
En cuanto a las espinosas relaciones entre Estados Unidos y China, los funcionarios del Comité Central se mostraron inflexibles: la atención se centrará en el diálogo y la cooperación, en lugar de la disociación y la fragmentación. Ambas partes se reúnen en Malasia en estos momentos, al margen de la cumbre de la ASEAN. Sin embargo, las perspectivas de un acuerdo comercial de amplio alcance son escasas.
Cómo entender la evolución del sistema político chino
La conclusión clave: el XV Plan Quinquenal abarcará el período 2026-2030. Pekín pretende reforzar todo lo logrado hasta la fecha, con un enfoque nítido a largo plazo: alcanzar la denominada «modernización socialista» para 2035.
Basándome en lo que vi personalmente en Xinjiang el mes pasado, en comparación con mis visitas anteriores (la última fue hace más de una década), no hay ninguna duda de que lo harán.
Es crucial examinar cómo dos destacados académicos chinos explican la evolución del sistema político chino. Merece la pena citar extensamente las secciones relevantes:
Si bien el sistema tradicional no era inmune al cambio, el objetivo de estos cambios era mantener el statu quo, impidiendo cambios revolucionarios. Tras la dinastía Han, la política de abolir todas las escuelas de pensamiento y defender únicamente el confucianismo suprimió ideológicamente cualquier factor que pudiera catalizar un cambio político significativo.
El confucianismo se convirtió en la única filosofía dominante, y su propósito principal era mantener el poder. El filósofo alemán moderno Hegel argumentó que «China no tiene historia». De hecho, durante miles de años, desde el emperador Qin Shihuang hasta finales de la dinastía Qing, China experimentó solo una sucesión de dinastías, no un cambio en sus instituciones fundamentales.
El concepto de Marx del «modo de producción asiático» se alinea con las ideas de Hegel. Académicos chinos como Jin Guantao también tienen esto en mente cuando utilizan el término «estructura superestable». Se podría argumentar que esto refleja la vitalidad del sistema político tradicional, o que China careció de cambios estructurales durante miles de años.
El sistema político actual es bastante diferente, principalmente porque la Ilustración estableció firmemente el concepto de progreso: que la sociedad puede progresar y que el progreso es infinito. Desde la revolución de Sun Yat-sen hasta el Partido Nacionalista de Chiang Kai-shek y, posteriormente, el Partido Comunista, generaciones de chinos han buscado el cambio, compartiendo el mismo objetivo: transformar China y lograr el progreso.
Durante la Ilustración moderna, la ética individual confuciana que sustentaba el antiguo sistema fue objeto de las críticas y los ataques más radicales. Sin embargo, aunque la antigua ética ya no es viable, diversas facciones políticas no han llegado a un consenso sobre el futuro. ¿Qué tipo de cambio necesita China? ¿Cómo debería impulsarse? ¿Cuál es el propósito del cambio? Diversas fuerzas políticas tienen opiniones divergentes.
Lo que ha hecho el Partido Comunista Chino, argumentan los dos académicos, es de hecho bastante revolucionario, pues busca un cambio radical:
«Esta es la revolución socialista que ha perseguido desde su fundación, utilizando la revolución para derrocar al antiguo régimen, transformar profundamente la sociedad y establecer un sistema completamente nuevo. Naturalmente, esto también conduce a las diversas contradicciones que enfrenta China hoy en día, en particular el conflicto entre la filosofía confuciana tradicional y el marxismo-leninismo. El primero se centra en mantener el statu quo o adaptarse para sobrevivir, mientras que el segundo busca un cambio constante».
Desde mediados de la década de 1990, el Partido Comunista Chino ha acelerado su transformación de partido revolucionario a partido gobernante (…). Una cosa está clara: si un partido político gobierna simplemente por gobernar, inevitablemente decaerá. Esto es evidente en la historia del régimen comunista en la Unión Soviética y Europa del Este, así como en la experiencia histórica y actual de los partidos políticos occidentales que calculan su legitimidad en función de los votos.
Tras la reforma y la apertura, el Partido Comunista Chino redefinió su modernidad, buscando alcanzar el objetivo revolucionario original de resolver el problema del «empobrecimiento universal». Sin embargo, al redefinir la modernidad, el Partido también se esforzó por preservar la «naturaleza revolucionaria» del partido gobernante (…)
En términos de desarrollo económico, la economía orientada al PIB desempeñó un papel invaluable, transformando la situación de «socialismo de pobreza» de China en tan solo unas décadas.
Para el XVIII Congreso Nacional del Partido Comunista de China en 2012, China se había convertido en la segunda economía más grande del mundo y la mayor nación comercial, con un PIB per cápita que se disparó de menos de 300 dólares a principios de la década de 1980 a 6000 dólares. Más importante aún, China sacó a más de 700 millones de personas de la pobreza absoluta.
La conclusión, sin embargo, es ineludible y es inherente a la forma en que Beijing está enmarcando su evolución política actual: “El Partido Comunista Chino necesita redefinir su modernidad reafirmando su misión, enfatizando sus aspiraciones originales y reviviendo su naturaleza revolucionaria”.
Después de todo, como señalan los dos académicos, «en China, los partidos políticos son el sujeto de la acción política, y esta acción no se limita a la supervivencia y el desarrollo, sino a liderar el desarrollo nacional en todos los aspectos (…) El partido gobernante debe definir proactivamente su propia modernidad mediante la acción, persiguiéndola y lográndola. Al renovar y definir constantemente su modernidad, el partido gobernante puede mantener su sentido de misión al liderar el desarrollo social mientras se renueva constantemente».
Difícilmente podría haber un resumen más claro de por qué el socialismo con características chinas es único en su clase a la hora de traducir decisiones políticas en objetivos de desarrollo sostenible. Complételo con el sucinto análisis del multimillonario de Hong Kong, Ronnie Chan, sobre la inevitabilidad del ascenso —de nuevo— de China.
El contrapunto es que China ha dejado de ser la prioridad clave del Pentágono. El director de circo se ve obligado a ceder la competencia estratégica global a China. Olvídense de «ganar» una guerra tecnológica/comercial contra China, especialmente después de la operación de tierras raras de Sun Tzu.
Mientras tanto, los perros de contención ladran mientras la caravana china de los Cinco Años sigue adelante.
Em
OBSERVATORIO DE LA CRISIS
26/10/2025


