segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
A declaração de guerra dos neocons contra Trump
por The Saker
Após várias falsas partidas, os neocons deram agora um passo que só pode
ser chamado de declaração de guerra contra Donald Trump.
Tudo começou com um artigo publicado na CNN com o título "Intel chiefs
presented Trump with claims of Russian efforts to compromise him" ("Chefes
da inteligência mostraram a Trump alegações de esforços russos para
compromete-lo"), o qual afirmava que:
Documentos classificados apresentados na semana passada ao presidente
Obama e ao presidente eleito Trump incluíam alegações de que operacionais
russos afirmam ter informação pessoal e financeira comprometedora acerca
do sr. Trump, contaram à CNN múltiplos responsáveis estado-unidenses com
conhecimento directo das sessões informativas. As alegações foram
apresentadas numa sinopse de duas páginas que foi acrescentada a um
relatório sobre interferência russa na eleição de 2016. As alegações
vieram, em parte, de memorandos compilados por um m antigos operacional da
inteligência britânica, cujo trabalho passado responsáveis da inteligência
dos EUA consideram crível (...) O resumo de duas páginas também incluiu
alegações de que durante a campanha houve uma troca de informação
contínua entre subordinados e intermediários de Trump com o governo russo,
segundo dois responsáveis da segurança nacional.
O sítio web Buzzfeed a seguir publicou o documento completo . Aqui está o
seu texto integral:
https://drive.google.com/file/d/0ByibNV3SiUooOXJxMGMzVk9ndlk/preview
Quando li pela primeira vez o documento minha intenção era desmascará-lo
sentença por sentença. Contudo, não tenho tempo para isso e, francamente,
não há necessidade. Apenas apresentarei aqui evidências objectivas bastante
simples de que se trata de uma falsificação. Aqui estão alguns elementos
para comprovar:
1. O documento não tem papel timbrado, nem identificação, nem data, nem
nada. Por muito boas razões técnicas e mesmo legais, documentos delicados de
inteligência são criados com muita informação de rastreamento e
identificação. Exemplo: um documento assim tipicamente teria uma
referência à unidade que o produziu ou uma combinação de numeros-letras
indicando a fiabilidade da fonte e da informação que contém.
2. A classificação CONFIDENCIAL/SENSITIVE SOURCE é uma brincadeira. Se isto
fosse um documento verdadeiro seu nível de classificação seria muito mais
elevado do que "confidencial" e, uma vez que a maior parte dos documentos de
inteligência vêm de fontes sensíveis, não há necessidade de especificar
isso.
3. A alegação de que "O dossier é controlado pelo porta-voz do Kremlin,
PESKOV, directamente sob ordens de PUTIN" está para além do risível.
Claramente, o autor desta falsificação não tem ideia de como funcionam os
serviços russos de inteligência e segurança (pista: o porta-voz
presidencial não tem envolvimento com nada disso).
4. Na página 2 há esta outra sentença hilariante "explorar a obsessão
pessoal e a perversão sexual de TRUMP a fim de obter 'kompromat' (material
comprometedor) sobre ele". Ninguém num documento real de inteligência se
incomodaria em esclarecer que a palavra "kompromat" tanto em russo como em
inglês significa obviamente a combinação das palavras "comprometimento" e
"materiais". Qualquer responsável ocidental de inteligência, mesmo um muito
júnior, conheceria a palavra, nem que fosse por causa dos muitos livros de
espionagem da era da Guerra Fria escritos acerca das armadilhas do KGB.
5. O documento fala da "fonte A", "fonte B" e daí em frente alfabeto
abaixo. Agora pergunte-se uma questão simples: o que acontece depois de a
"fonte Z" ser utilizada? Pode qualquer agência de inteligência funcionar com
um conjunto de fontes potenciais limitado a 26? Obviamente, não é assim que
agências de inteligência classificam suas fontes.
Vou parar aqui e dizer que há ampla evidência de que isto é uma
falsificação grosseira produzida por amadores que não têm ideia do que estão
a falar.
Isto, no entanto, não torna o documento menos perigoso.
Primeiro, e esta é a parte realmente crucial, há mais do que o suficiente
aqui para [obter] o impeachment de Trump sob numerosas bases tanto políticas
como legais. Deixem-me repetir isto outra vez – trata-se de uma tentativa
de remover Donald Trump da Casa Branca. É um coup d'état político.
Segundo, este documento enlameia toda a gente envolvida: o próprio Trump,
naturalmente, mas também os perversos russos e suas feias técnicas
maquiavélicas. Trump é dessa forma "confirmado" como um pervertido sexual
que gosta de contratar prostitutas para urinarem sobre ele. Quanto aos
russos, eles são basicamente acusados de tentarem recrutar o presidente dos
Estados Unidos como agente dos seus serviços de segurança. O que, a
propósito, tornaria Trump um traidor.
Terceiro, em apenas uma semana passámos de alegações de "hacking russo"
para "ter um traidor sentado na Casa Branca". Só podemos esperar um novo
tsunami de tais alegações, a continuarem e ficarem cada vez piores a cada
dia. É interessante que Buzzfeed já antecipou (preempted) a acusação de
isto ser uma campanha de difamação e demonização contra Trump ao escrever
que "Agora BuzzFeed News está a publicar o documento completo de modo a
que americanos possam fazer seus próprios juízos quanto a alegações acerca
do presidente eleito que têm circulado nos mais altos níveis do governo dos
EUA", como se a maior parte dos americanos tivesse perícia para detectar
imediatamente que este documento é uma falsificação grosseira!
Quarto, a menos que todos os responsáveis que informaram Trump saiam cá
para fora e neguem que esta falsificação fez parte da reunião informativa
com Trump, parecerá que este documento tem o imprimatur oficial dos altos
responsáveis da inteligência dos EUA, o que lhe daria uma autoridade legal,
probatória. Isto significa de facto que os "peritos" avaliaram aquele
documento e certificaram-no como "crível" mesmo antes de quaisquer
procedimentos legais em tribunal ou, pior, no Congresso. Espero seguramente
que Trump tenha tido a precaução de registar em áudio e em vídeo esta
reunião com os chefes da inteligência e que ele agora seja capaz de
ameaçá-los com acção legal se actuarem de um modo contraditório com o seu
comportamento anterior.
Quinto, o facto de a CNN se ter envolvido em tudo isto é um factor crítico.
Alguns de nós, incluindo eu próprio, ficámos chocados e enojados quando o
Washington Post publicou uma lista de 200 sítios web denunciados por
"falsas notícias" e "propaganda russa", mas o que a CNN fez ao lançar este
artigo é infinitamente pior: é uma calúnia (smear) directa e um ataque
político ao presidente eleito a uma escala mundial (a BBC e outros já estão
a espalhar a mesma sujeira). Isto mais uma vez confirma que as luvas foram
deitadas fora e que os siomedia [media sionistas] estão em pleno estado de
guerra contra Donald Trump.
Todo o exposto acima confirma o que tenho estado a dizer ao longo das
últimas semanas: se Trump alguma vez entrar na Casa Branca (escrevo "se"
porque penso que os neocons são perfeitamente capazes de assassiná-lo), sua
primeira prioridade deveria ser implacavelmente tomar medidas severas tão
duras quanto legalmente puder contra aqueles no "deep state"
estado-unidense (o qual inclui muitíssimo os media) que agora lhe declararam
guerra. Lamento dizer, mas será ou ele ou os outros – uma das partes aqui
será esmagada.
[Explicação lateral: àqueles que se perguntam o que quero dizer com
"medida de força" ("crackdown") resumirei aqui o que escrevi alhures: o
melhor meio para fazer isto é nomear um director do FBI hiper-leal e
determinado e instruí-lo para ir atrás de todos os inimigos de Trump
investigando-os sobre acusações de corrupção, abuso de poder, conspiração,
obstrução da justiça e todos os outros tipos de comportamento que perduram
há muito no Congresso, na comunidade de inteligência, no mundo bancário e
nos media. Negociar com os neocons como Putin fez com os oligarcas russos ou
como os EUA negociaram com Al Capone – processando-o por evasão fiscal. Não
há necessidade de abrir Gulags ou matar pessoas quando se pode apanhá-las a
partir dos seus comportamentos diários normais :-)]
Espero sinceramente estar errado e admito que possa estar, mas não tenho o
sentimento profundo de que Trump disponha do que é preciso para atingir com
dureza suficiente aqueles que estão a utilizar todo e qualquer vergonhoso
método imaginável para impedi-lo de entrar na Casa Branca ou tê-lo impedido
(impeached) se ele tentar cumprir suas promessas da campanha. Não posso
culpá-lo por isso: o inimigo infiltrou todos os níveis de poder na
sociedade dos EUA e há sinal forte de que eles estão representados mesmo no
círculo imediato de Trump. Putin pôde fazer isso porque era um responsável
de inteligência com vontade de ferro e altamente treinado. Trump é apenas um
homem de negócios cujo melhor "treino" para negociar com tais pessoas seria
provavelmente a sua exposição ao crime organizado (the mob) em Nova York.
Será isto suficiente para permitir que vença os neocons? Duvido, mas tenho
esperança de que assim seja.
Como previ antes da eleição , os EUA estão prestes a entrar na pior crise
da sua história. Estamos a entrar em tempos extraordinariamente perigosos.
Se o perigo de uma guerra termonuclear entre a Rússia e os EUA recuou
dramaticamente com a eleição de Trump, a guerra total dos neocons contra
Trump coloca os Estados Unidos num risco muito grave, incluindo o de guerra
civil (se o Congresso controlado pelos neocon impedisse Trump acredito que
levantamentos espontâneos aconteceriam, especialmente no Sul e
particularmente na Florida e no Texas). Com o risco de soar excessivo, direi
que o que está a acontecer agora está a colocar em perigo a própria
existência dos Estados Unidos quase sem ter em conta o que Trump fará
pessoalmente. Seja o que for que possamos pensar de Trump como pessoa e
acerca do seu potencial como presidente, o que é certo é que milhões de
patriotas americanos votaram por ele para "limpar o pântano", despedir a
plutocracia baseada em Washington e restaurar o que veem como valores
americanos fundamentais. Se os neocons conseguirem agora encenar um golpe
de estado contra Trump, prevejo que estes milhões de americanos se tornarão
violentos para proteger o que encaram como o seu modo de vida, seus valores
e seu país. Apesar da imagem que Hollywood gosta de apresentá-los, a maior
parte dos americanos é constituída por pessoas pacíficas e não violentas,
mas se forem demasiado pressionados não hesitarão em tomar suas armas para
defender-se, especialmente se perderem todas as esperanças na sua
democracia.
Não estou a falar só de labregos portadores de armas, estou a falar acerca
de autoridades locais, estaduais e municipais, que muitas vezes se importam
mais com o que os seus eleitores locais pensam e dizem do que os que estão
lá em cima em Washington. Se um golpe for encenado contra Trump e algum
imitador de presidente à la Hillary ou McCain der a ordem à Guarda Nacional
ou mesmo ao US Army para sufocar uma insurreição local, poderíamos assistir
ao que vimos na Rússia em 1991: uma recusa categórica dos serviços de
segurança a disparar sobre o seu próprio povo. Este é o perigo maior e final
para os neocons: o risco de darem ordens para suprimir a população e a
polícia, os serviços de segurança e militares simplesmente se recusarem a
actuar. Se isto pôde acontecer no "país controlado pelo KGB" (para utilizar
um cliché da Guerra Fria) também pode acontecer nos EUA.
Espero estar errado e que este ataque mais recente contra Trump seja o
último "hurra" neocon antes de eles finalmente desistirem e abandonarem.
Espero que tudo o que está acima seja a minha paranóia a falar. Mas, como
eles dizem, "só porque você está paranóico isso não significa que eles não
estejam no seu encalço".
Digam-me por favor que estou errado!
11/Janeiro/2017
Ver também:
4Chan déclare avoir fabriqué de toute pièce le rapport anti-Trump (Canal 4
declara ter fabricado inteiramente o relatório anti-Trump)
O original encontra-se em
http://thesaker.is/the-neocons-declaration-of-war-against-trump/
In
RESISTIR.INFO
http://resistir.info/eua/guerra_a_trump_11jan17.html
16/1/2017
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