quinta-feira, 12 de outubro de 2017
Estaline e Hitler: irmãos gémeos ou inimigos mortais?
Domenico Losurdo*
A reaccionária teoria do “totalitarismo” procura associar Hitler e Stáline e, em
termos gerais, comunismo e fascismo. Este lúcido texto demonstra não só
falsidade histórica da assimilação entre essas duas figuras como as reais
afinidades entre as concepções do nazismo e as das outras potências coloniais, e
as doutrinas racistas – nomeadamente da “supremacia branca,” ainda com tão forte
expressão nos EUA dos dias de hoje. Nenhuma falsificação histórica ou teórica
pode ocultar que é à URSS que se deve, no fundamental, a derrota do
nazi-fascismo.
Acontecimentos históricos e categorias teóricas
Na actualidade, com base na categoria de “totalitarismo” (a ditadura terrorista
do partido único e o culto do líder), Estaline e Hitler são considerados as
máximas encarnações desse flagelo, dois monstros com características tão
semelhantes a ponto de parecerem gémeos. Não por acaso – argumenta-se –, ambos
se uniram por quase dois anos em um pacto perverso. Se é verdade que a esse
pacto se seguiu uma guerra impiedosa entre eles, não importa – essa guerra foi
conduzida por irmãos gémeos, a despeito da violência do conflito.
Seria essa uma conclusão necessária? Afastemo-nos da Europa. Gandhi também
estava convencido de que Hitler tinha um irmão gémeo. Mas ele não era Estaline a
quem, já em Setembro de 1946 e com a Guerra Fria em vigência, o líder indiano
definia como “um grande homem” à frente de um “grande povo”[1]. Não, o irmão
gémeo de Hitler, em última instância, era Churchill, o que se verifica em pelo
menos duas entrevistas de Gandhi, uma de Abril de 1941, outra de Abril de 1945:
“Na Índia, temos um governo hitlerista, ainda que camuflado em termos mais
brandos”. E por fim: “Hitler foi ‘o pecado da Grã-Bretanha’. Hitler é
tão-somente a resposta ao imperialismo britânico”[2].
Das duas declarações, talvez a primeira seja a que mais faça pensar. Ela foi
dada num momento em que ainda vigorava o pacto de não-agressão entre Alemanha e
União Soviética: o líder independentista indiano não parecia escandalizado por
isso. No âmbito dos movimentos anticolonialistas, a política das frentes
populares era a que encontrava maior resistência. Quem explica esse facto é um
grande historiador afro-americano de Trinidad, admirador ardoroso de Trotsky,
Cyril L. R. James, que em 1962 descreve da seguinte maneira a evolução de outro
grande intérprete, também proveniente de Trinidad, da causa da emancipação
negra:
Ao chegar aos Estados Unidos, ele [George Padmore] tornou-se um comunista
actuante. Foi transferido para Moscovo para assumir a direcção do escritório de
propaganda e organização do povo negro, período em que se tornou o mais
conhecido e confiável dos agitadores da independência africana. Em 1935 o
Kremlin, na busca de alianças, separou a Grã-Bretanha e a França, enquanto
“imperialismos democráticos”, da Alemanha e do Japão, considerados
“imperialistas fascistas” e que se tornaram os principais alvos da propaganda
russa e comunista. Essa distinção reduziu a luta pela emancipação africana a uma
farsa, pois a Alemanha e o Japão, de facto, não possuíam colónias na África.
Padmore rompeu imediatamente as suas relações com o Kremlin.[3]
Estaline era criticado e condenado não enquanto irmão gémeo de Hitler, mas por
se recusar a ver este último como o irmão gémeo do líder do imperialismo
britânico e francês. Para importantes figuras do movimento anticolonialista não
era fácil entender que quem comandava a contra-revolução colonialista (e
escravista) era o Terceiro Reich: o recorrente debate sobre o pacto de
não-agressão claramente padece de eurocentrismo.
Por mais discutível que seja, a aproximação Hitler-Churchill feita por Gandhi
(e, indirectamente, por outros expoentes do movimento anticolonialista) é fácil
de compreender: Hitler não declarou diversas vezes o desejo de construir na
Europa oriental as “Índias germânicas”? E Churchill não prometeu defender com
todas as forças as Índias britânicas? De facto, a fim de sufocar o movimento
independentista, em 1942 o primeiro-ministro inglês “recorreu a meios extremos,
como o uso de aeronaves para metralhar multidões de manifestantes”[4]. A
ideologia que encabeçava a repressão dá muito que pensar. Leiamos Churchill: “Eu
odeio os indianos. É um povo bestial, com uma religião bestial”; por sorte, a
ordem foi mantida e a civilização, defendida, por um número sem precedentes de
“soldados brancos”. Tratava-se de enfrentar uma raça “que só está protegida do
destino que merece porque prolifera muito rápido”; teria agido bem, portanto, o
marechal Arthur Harris, artífice dos bombardeios sobre a Alemanha, quando
resolveu a questão dos indianos enviando “para destruí-los alguns dos seus
bombardeiros excedentes”[5].
Retornemos da Ásia para a Europa. Em 23 de Julho de 1944, Alcide De Gasperi, que
se preparava para ser presidente do Conselho na Itália livre do fascismo,
pronunciou um discurso em que afirmava enfaticamente:
“Quando vejo que Hitler e Mussolini perseguiam homens por causa de suas raças, e
inventavam aquela pavorosa legislação antijudaica que conhecemos, e ao mesmo
tempo vejo o povo russo, composto por 160 raças, buscar a sua fusão, superando a
diversidade existente entre a Ásia e a Europa, essa tentativa, esse esforço pela
unificação do consórcio humano, permitam-me dizer: isso é cristão, isso é
eminentemente universalista, no sentido do catolicismo”.[6]
Neste caso, o ponto de partida foi constituído pela categoria do racismo, um
flagelo que encontrava a sua expressão mais crua na Itália de Mussolini e na
Alemanha de Hitler. Pois bem, qual era a antítese a esse respeito? Esta não
podia ser representada pela Grã-Bretanha de Churchill, pelas razões já
observadas, mas tampouco pelos Estados Unidos, onde, ao menos no que se refere
ao Sul, continuava incandescente a ideologia da white supremacy. Acerca desse
regime, um notável historiador estado-unidense (George M. Fredrickson) escreveu
recentemente: “Os esforços para preservar a ‘pureza da raça’ no Sul dos Estados
Unidos anteciparam alguns aspectos da perseguição deflagrada pelo regime nazi
contra os judeus nos anos trinta do século XX”[7]. Não impressiona então que De
Gasperi identificasse a União Soviética como a verdadeira, a grande antagonista
da Alemanha de Hitler. Os irmãos gémeos de que fala a categoria do totalitarismo
configuram-se como inimigos mortais à luz das categorias do racismo e do
colonialismo.
“A maior guerra colonial da história”
Sendo assim, qual categoria devemos desenvolver? Vamos dar a palavra às duas
personalidades aqui discutidas. Em 27 de Janeiro de 1932, dirigindo-se aos
industriais de Düsseldorf (e da Alemanha) e conquistando definitivamente o seu
apoio para ascender ao poder, Hitler expressava desta forma a sua visão da
história e da política. Durante todo o século XIX, “os povos brancos”
conquistaram uma posição de incontestável domínio, concluindo um processo
iniciado com a conquista da América e que se desenrolou erguendo o estandarte do
“absoluto, inato sentimento senhorial da raça branca”. Ao pôr em discussão o
sistema colonial, o bolchevismo provocava e agravava a “confusão do pensamento
branco europeu”, fazendo a civilização correr um perigo mortal. Para enfrentar
tal ameaça, era preciso bradar a “convicção da superioridade e, assim, do
direito [superior] da raça branca”, era necessário defender “a posição de
domínio da raça branca em relação ao resto do mundo”, recorrendo à “mais brutal
falta de escrúpulos”: era impositivo “o exercício de um direito senhorial
(Herrenrecht) extremamente brutal”[8]. Sem dúvida, Hitler apresentava sua
candidatura à direcção de um dos países mais importantes da Europa apegando-se
ferrenhamente à causa da white supremacy, que ele almejava defender em escala
planetária.
O apelo à defesa e ao resgate da raça branca tinha encontrado uma vasta
repercussão na Alemanha no decorrer da Primeira Guerra Mundial, e sobretudo nos
anos imediatamente posteriores. Suscitara escândalo e indignação o recurso da
Entente e, em particular, da França às tropas de cor – que faziam parte do
exército de ocupação da Renânia e violavam as mulheres alemãs: era a impiedosa
vingança dos vencedores que tentavam de todas as formas humilhar o inimigo
derrotado e também contaminar o seu sangue, “mulatizando-o”. Seja como for, tal
como no Sul dos Estados Unidos, onde quem fazia a guarda era contudo a Ku Klux
Klan, a ameaça negra pesava também nas costas da Alemanha (e da Europa). Era
assim que na Alemanha, àquela época, argumentava uma vasta opinião pública[9], e
esse clima ideológico influenciou fortemente a formação do grupo dirigente nazi.
Em 14 de Junho de 1922, Heinrich Himmler participou de uma manifestação lançada
em Munique pela “Deutscher Notbund gegen die Schwarze Schmach” (Liga Pela Defesa
da Alemanha contra a Ameaça Negra) que – nas palavras de um jornal local –
definia “a ocupação da Renânia por tropas de cor como um crime concebido a
sangue frio e de pura bestialidade, um crime que visa contaminar-nos e
degradar-nos enquanto raça, a fim de nos aniquilar”. No seu diário, Himmler
anotou: “Muitíssimas pessoas. Todas gritavam: ‘Vingança!’. Realmente
impressionante. E, todavia, eu participei de iniciativas deste tipo mais bonitas
e mais entusiasmantes”[10].
Por sorte, a irresponsabilidade racial da França foi estranha para a Inglaterra.
Era o que dizia Alfred Rosenberg, que lutou pela “aliança dos dois povos
brancos” ou dos três povos brancos por excelência, se examinarmos a luta contra
a “negrização” (Vernegerung) no plano mundial e levando em conta também os
Estados Unidos, além de Alemanha e Grã-Bretanha[11]. Ainda no final de Janeiro
de 1942 – o Terceiro Reich e o Japão combatem juntos na guerra –, mais do que
gozar dos sucessos de seu aliado de raça amarela, Hitler lamenta “as duras
perdas que o homem branco é obrigado a sofrer na Ásia oriental”: quem refere
tais palavras, numa nota do seu diário, é Joseph Goebbels, o qual por sua vez
condena Churchill como “o verdadeiro coveiro do Império inglês”[12].
A raça branca já vinha sendo defendida na Europa. O seu principal inimigo era a
União Soviética, que incitava a revolta das raças “inferiores” e que inclusive
fazia parte, ela própria, do mundo colonial. Tal visão era bastante difusa na
Alemanha da época: a partir da ascensão dos bolcheviques ao poder – escrevia
Oswald Spengler, um ano depois –, a Rússia retirou a “máscara branca” para se
tornar “de novo uma grande potência asiática”, ‘mongol’”, parte integrante “da
totalidade da população de cor do planeta”, animada pelo ódio contra a
“humanidade branca”[13].
Essa grave ameaça era, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade: diante da raça
branca e da Alemanha abrira-se um imenso espaço colonial, uma espécie de Velho
Oeste. Já no Mein Kampf Hitler celebrara “a inaudita força interior” do modelo
americano de expansão colonial, um modelo que era preciso imitar, a fim de se
construir um império territorialmente compacto na Europa centro-oriental[14].
Mais tarde, após a eclosão da Operação Barbarossa, Hitler reiteradamente
comparava a sua guerra contra os “indígenas” da Europa oriental à “guerra contra
os índios”, à luta “promovida contra os índios da América do Norte”: tanto num
caso como no outro, “será a raça mais forte que triunfará”[15]. Por sua vez, nos
discursos privados, não direccionados ao público, Himmler ilustrava com clareza
particular outro aspecto essencial do programa colonial do Terceiro Reich: são
absolutamente necessários os “escravos de raça estrangeira” (fremdvölkische
Sklaven), diante dos quais a “raça dos senhores” (Herrenrasse) não deve jamais
perder sua “aura senhorial” (Herrentum), e com os quais não se deve jamais
misturar ou confundir. “Se não enchermos os nossos campos de trabalhadores
escravos – neste recinto permito-me definir as coisas de modo nítido e claro –,
de operários-escravos que construam as nossas cidades, nossas vilas, nossas
fábricas, a despeito de quaisquer perdas”, o programa de colonização e
germanização dos territórios conquistados na Europa oriental não poderá ser
realizado[16].
Em suma: os “indígenas” da Europa oriental eram, por um lado, os peles-vermelhas
que deveriam ser expropriados de suas terras, deportados e dizimados; por outro
lado, eram os negros, destinados a trabalhar como escravos ao serviço da raça
dos senhores (ao passo que os judeus que, tal como os bolcheviques, eram
responsabilizados pela sublevação das raças inferiores, deveriam ser
liquidados). É óbvio que uma visão desse tipo não poderia ser compartilhada
pelas vítimas, entre as quais a União Soviética era a mais considerável. Mas é
interessante observar que já entre Fevereiro e Outubro de 1917, Estaline
insistentemente chamava a atenção para o facto de a Rússia, àquela altura
destruída pelo interminável conflito, correr o risco de se tornar “uma colónia
da Inglaterra, dos Estados Unidos e da França”: tentando impor a qualquer custo
a continuação da guerra, a Entente se comportava na Rússia como se estivesse “na
África central”. A Revolução Bolchevique era necessária também para afastar tal
perigo[17]. Depois de Outubro, Estaline identificava o poder dos sovietes como o
protagonista da “transformação da Rússia de colónia em país livre e
independente”[18].
Conclusão: desde o início, Hitler propunha-se retomar e radicalizar a tradição
colonial, fazendo-a valer na própria Europa oriental e em particular na Rússia,
considerada bárbara após a vitória bolchevique. No lado oposto, desde o início,
Estaline convocava o seu país a enfrentar o perigo da submissão colonial e,
através dessa chave interpretativa, lia a própria importância da Revolução
Bolchevique.
Embora procedesse com cautela, Estaline começava a identificar as
características fundamentais do século que se abria. Na esteira da Revolução de
Outubro, Lénine imaginava que o conteúdo principal ou exclusivo do século XX
seria a luta entre capitalismo, de um lado, e socialismo/comunismo, de outro: o
mundo colonial já fora totalmente ocupado pelas potências capitalistas e
qualquer outra divisão por iniciativa das potências derrotadas ou
“desfavorecidas” teria significado uma nova guerra mundial e um novo passo rumo
à destruição definitiva do sistema capitalista. Isto é, a conquista da nova
ordem socialista estava imediatamente na ordem do dia. Porém, Hitler fez um
movimento inesperado: identificou a Europa oriental, e em particular a Rússia
soviética, como o espaço colonial ainda livre e à disposição do império alemão a
ser erguido. De modo análogo agiam o Império do Sol Nascente, que invadia a
China, e a Itália fascista, que mirava os Balcãs e a Grécia, além da Etiópia.
Estaline começava a perceber que, ao contrário das expectativas, o que
caracterizava o século XX era o confronto, na própria Europa, entre colonialismo
e anticolonialismo (este último apoiado ou promovido pelo movimento comunista).
Nos nossos dias, observou-se com correcção que “a guerra de Hitler pelo
Lebensraum [espaço vital] foi a maior guerra colonial da história”[19], guerra
colonial inicialmente promovida contra a Polónia. São eloquentes as instruções
dadas pelo Führer na véspera da agressão: impõe-se a “eliminação das forças
vitais” do povo polaco; é preciso “proceder de modo brutal”, sem ser afectado
pela “compaixão”; “o direito está do lado do mais forte”. São análogas as
directrizes que mais tarde regem a Operação Barbarossa: uma vez capturados, é
preciso imediatamente eliminar os comissários políticos, os quadros do Exército
Vermelho, do Estado soviético e do Partido Comunista; no Oriente, impõe-se uma
“dureza” extrema e os oficiais e soldados alemães estão convocados a superar as
suas reservas e escrúpulos morais. Para que povos de civilização antiga possam
ser reconduzidos à condição de peles-vermelhas (que possam ser expropriados e
dizimados) e de negros (que possam ser escravizados), “todos os representantes
da intelectualidade polaca” e russa – observa o Führer – “devem ser
aniquilados”; “isso pode soar duro, mas não deixa de ser uma lei da vida”[20].
Explica-se assim a sorte reservada na Polónia ao clero católico, na União
Soviética aos quadros comunistas e, em ambos os casos, aos judeus, presentes em
grande número entre os grupos intelectuais e suspeitos de inspirar e alimentar o
bolchevismo. Hitler consegue jogar Polónia e União Soviética uma contra a outra,
mas reserva às duas a mesma sorte; mesmo que através de um percurso tortuoso e
trágico, a guerra popular de resistência nacional e a grande guerra patriótica
acabam por se associar. A brusca mudança de rumo da “maior guerra colonial da
história” é representada por Estalinegrado. Se Hitler foi o comandante da
contra-revolução colonialista, Estaline comandou a revolução anticolonial que,
de modo completamente inesperado, teve na Europa seu epicentro.
Estaline, Hitler e as minorias nacionais
A definição de Estaline que acabo de oferecer contrasta com a política que ele
seguiu em relação às minorias nacionais na União Soviética? É inegável que, na
visão de Estaline, não há espaço algum para o direito de secessão. Isso
confirma-se pela conversa com Dimitrov, em 7 de Novembro de 1937: “Nós
destruiremos qualquer um que, com as suas acções e seus pensamentos, mesmo que
apenas com os pensamentos, atente contra a unidade do Estado socialista”[21].
Derrubar inclusive os pensamentos: é uma definição extraordinariamente eficaz,
mas completamente involuntária do totalitarismo! Simultaneamente, no entanto,
Estaline saúda e até mesmo promove o renascimento cultural das minorias
nacionais vastamente oprimidas da Europa oriental. São eloquentes as observações
que ele desenvolve em 1921, no decorrer do X Congresso do Partido Comunista
Russo: “cinquenta anos atrás, todas as cidades da Hungria tinham um carácter
alemão, agora magiarizaram-se”; também “despertaram” os “tchecos”. Trata-se de
um fenómeno que toma a Europa inteira: de cidade “alemã” que era, Riga torna-se
uma “cidade letã”; de modo análogo, as cidades da Ucrânia “inevitavelmente irão
ucranizar-se”, tornando secundário o elemento russo antes predominante[22]. É
constante em Estaline a polémica contra os “assimilacionistas”, sejam os
“assimilacionistas turcos”, sejam os “germanizadores prussiano-alemães” ou os
“russificadores russo-tzaristas”. Essa tomada de posição é muito importante
porque está ligada a uma elaboração teórica de carácter mais geral. Em polémica
com Kautsky, Estaline sublinha que, longe de representar a desaparição da língua
e das peculiaridades nacionais, o socialismo comporta o seu desenvolvimento e
desdobramento ulterior. Toda “política de assimilação” deve ser tachada como
“inimiga do povo” e “contra-revolucionária”: tal política é ainda mais “fatal”
porque ignora “o colossal poder de estabilidade das nações” que língua e cultura
nacional representam; querer declarar “guerra à cultura nacional” significa ser
“adepto da política de colonização”[23]. Por mais dramática que pareça a sua
diferença adiante da política concretamente realizada, as declarações de
princípio não podem ser ignoradas, muito menos no âmbito de um regime político
em que a formação e a mobilização ideológica dos quadros e militantes do partido
e o doutrinamento das massas desenvolvem um papel bastante relevante.
Aqui, de novo emerge a antítese com Hitler. Este também começa por assumir a
eslavização e “anulação do elemento alemão” (Entdeutschung) que ocorre na Europa
oriental. A seus olhos, no entanto, trata-se de um processo que pode e deve ser
rejeitado com todas as forças. Não basta nem mesmo a assimilação linguística e
cultural, que na realidade significaria “o início de um abastardamento” e,
portanto, da “aniquilação do elemento germânico”, a “aniquilação justamente das
características que, em seu tempo, permitiram ao povo conquistador
(Eroberervolk) alcançar a vitória”[24]. É preciso germanizar o solo sem
germanizar os homens de modo algum. E isso só é possível seguindo-se um modelo
muito preciso: do outro lado do Atlântico, a raça branca expandiu-se para o
Oeste americanizando o solo, nunca os peles-vermelhas. Dessa maneira, os Estados
Unidos tornaram-se “um Estado nórdico-germânico” sem se rebaixar à condição de
“lamaçal internacional de povos”[25]. Esse mesmo modelo deve ser seguido pela
Alemanha na Europa oriental.
O papel da geografia e da geopolítica
Ao menos no que se refere à atitude tomada perante a questão nacional,
confirma-se a antítese entre a Rússia soviética e o Terceiro Reich. Chegamos a
resultados muito diferentes, porém, se nos concentramos nas práticas de governo
dos dois regimes, que bem podemos comparar à luz da categoria de totalitarismo.
E, ainda assim, seria um engano querer ler em chave psicopatológica o terror, a
brutalidade, até mesmo a reivindicação de controlar o pensamento.
Convém não esquecermos a lição metodológica transmitida por um clássico do
liberalismo: em 1787, na véspera do lançamento da Constituição federal,
Alexander Hamilton explicava que a limitação do poder e a instauração do governo
da lei tinham alcançado sucesso em dois países de tipo insular (Grã-Bretanha e
Estados Unidos) graças ao mar que os separava das ameaças de potências rivais.
Se o projecto de União federal falhasse e sobre as suas ruínas emergisse um
sistema de Estados correspondente àquele existente no continente europeu, teriam
aparecido inclusive na América os fenómenos do exército permanente, de um forte
poder central e até mesmo do absolutismo: “Assim, deveríamos, em curto espaço de
tempo, ver estabelecidos em cada parte deste país os mesmos mecanismos de
despotismo que foram o flagelo do Velho Mundo”[26]. Aos olhos de Hamilton, para
explicar a permanência ou dissolução das instituições liberais, era preciso em
primeiro lugar considerar a situação geográfica e geopolítica.
Se analisarmos as grandes crises históricas notaremos que, mesmo em matizes
distintos, todas elas terminaram por provocar uma concentração do poder nas mãos
de um líder mais ou menos autocrático: a Primeira Revolução inglesa desaguou no
poder pessoal de Cromwell; a Revolução Francesa no de Robespierre e, sobretudo,
anos depois, no de Napoleão; o resultado da revolução dos escravos negros de
Santo Domingo foi a ditadura militar, primeiro, de Toussaint Louverture, e mais
tarde de Dessalines; a Revolução francesa de 1848 levou ao poder pessoal de Luís
Bonaparte ou Napoleão III. A categoria de totalitarismo pode servir à análise
comparada das práticas de governo a que se recorrem em situações de crise mais
ou menos agudas. Mas, se nos esquecemos do carácter formal dessa categoria e a
absolutizamos, corremos o risco de constituir uma família de irmãos gémeos
demasiadamente numerosa e heterogénea.
No que se refere ao período entre as duas grandes guerras mundiais do século XX,
são inúmeras as crises que culminaram na instauração de uma ditadura pessoal. De
fato, uma análise mais atenta permite observar que esse é o destino de quase
todos os países da Europa continental. Os únicos que se preservaram foram os
dois países de tipo insular mencionados por Hamilton. Mas inclusive esses
países, a despeito de terem atrás de si uma sólida tradição liberal e de gozarem
de uma situação geográfica e geopolítica particularmente favorável, viram a
manifestação da tendência à personalização do poder, à acentuação do poder
executivo sobre o legislativo, à restrição do rule of law: nos Estados Unidos,
bastava uma ordem de F. D. Roosevelt para que os cidadãos estado-unidenses de
origem japonesa fossem presos num campo de concentração. Quer dizer, a análise
das práticas de governo, na qual se funda a categoria de totalitarismo, acaba
atacando, ou ao menos roçando, até mesmo os mais insuspeitos países.
“Totalitarismo” e “autocracia absoluta de raça”
Das práticas de governo, desloquemos outra vez a nossa atenção para os
objectivos políticos. Também no que se refere à política interna Hitler tem um
olhar para o outro lado do Atlântico. Tanto o Mein Kampf quanto o Zweites Buch
repetidamente alertam que, na Europa, a revelar-se inimigo jurado da civilização
e da raça branca não é somente a Rússia soviética, que conclama os povos de cor
a insurgirem-se contra o domínio branco; não se pode esquecer o país que
submeteu uma nação de raça branca como a Alemanha ao insulto da ocupação
realizada por soldados de cor. É mister atentar também para o “abastardamento”,
para a “negrização” (Vernegerung) ou “negrização geral” (allgemeine
Verniggerung) que acontece na França ou, mais exactamente, “no Estado mulato
euro-africano”, que àquela altura se estendia “do Reno ao Congo”[27].
Contrapõe-se a essa infâmia o exemplo positivo da “América do Norte”, onde os
“germânicos, evitando a ‘mistura do sangue ariano com o de povos inferiores’ e o
‘insulto ao sangue’ (Blutschande), se mantiveram ‘racialmente puros e
incontaminados’, de modo que podem exercer seu domínio em todo o
continente”[28].
O regime da white supremacy vigente no Sul dos Estados Unidos já se tornara um
modelo para a cultura reaccionária que desembocou no nazismo. Em visita aos
Estados Unidos no final do século XIX, Friedrich Ratzel, um dos grandes teóricos
da geopolítica, traça um quadro bastante significativo: dissipada a fumaça da
ideologia fiel ao princípio da “igualdade”, impõe-se a realidade da
“aristocracia racial”, como demonstram os linchamentos dos negros, “a deportação
e o aniquilamento dos índios” e as perseguições de que são alvo os imigrantes
provenientes do Oriente. A situação criada nos Estados Unidos “evita a forma da
escravidão, mas mantém a essência da subordinação, da hierarquização social com
base na raça”. Verifica-se um “rompimento” em relação às ilusões caras aos
abolicionistas e aos apoiantes da democracia multirracial dos anos da
Reconstruction. Tudo isso – observa Ratzel com lucidez – provocará efeitos para
além da República norte-americana: “Estamos apenas no início das consequências
que esse rompimento provocará, mais na Europa do que na Ásia”. Posteriormente,
também o vice-cônsul austro-húngaro em Chicago chama a atenção para a
contra-revolução que acontece nos Estados Unidos e para seu carácter benéfico e
instrutivo. Nesse aspecto, a Europa revela o seu grande atraso: aqui, o negro
proveniente das colónias é acolhido na sociedade como uma “guloseima”: que
diferença em relação ao comportamento do “americano tão orgulhoso da pureza da
sua raça”, que evita o contacto com os não brancos, entre os quais inclui até
mesmo aqueles que têm “uma só gota de sangue negro”! Pois bem, “se a América
pode ser de algum modo um exemplo para a Europa, ela é-o na questão do negro” e
da raça.
De facto, como previam os dois autores aqui citados, a contra-revolução racista,
que nos Estados Unidos dá cabo da democracia multirracial dos anos da
Reconstrução, atravessa o Atlântico. Alfred Rosenberg celebra os Estados Unidos
como um “esplêndido país do futuro”: restringindo a cidadania política aos
brancos e sancionando em todos os níveis e com todos os meios a white supremacy,
os Estados Unidos tiveram o mérito de formular a feliz “nova ideia de um Estado
racial”. Sim: “A questão negra está no topo de todas as questões decisivas”; e
uma vez que o absurdo princípio da igualdade seja cancelado para os negros, não
haverá razão para não se trazer “as consequências necessárias também para os
amarelos e os judeus”[29].
Trata-se de uma declaração estarrecedora apenas à primeira vista. No começo do
século XX, nos anos que precederam a formação do movimento nazi na Alemanha, a
ideologia dominante no Sul dos Estados Unidos era expressa pelos chamados
“Jubileus da supremacia branca”, nos quais marchavam homens armados e
uniformizados, inspirados pela denominada “profissão de fé racial do povo do
Sul”. Essa ideologia era formulada da seguinte maneira:
1) “O sangue dirá”; 2) a raça branca deve dominar; 3) os povos teutónicos
declaram-se pela pureza da raça; 4) o negro é um ser inferior e permanecerá como
tal; 5) “Este país é do homem branco”; 6) Nenhuma igualdade social; 7) Nenhuma
igualdade política […]; 10) Transmitir-se-á ao negro aquela profissão que melhor
se adeqúe a fazê-lo servir o homem branco […]; 14) O homem branco de condição
mais baixa deve ser considerado superior ao negro de condição mais alta; 15) As
declarações acima indicam as directrizes da Providência[30].
Não há dúvida de que estamos nas margens do nazismo. Tanto é verdade que no Sul
dos Estados Unidos os que professavam esse catecismo eram militantes que
explicitamente declaravam estar prontos para “mandar para o inferno” a
Constituição, além de bradar, na teoria e na prática, a absoluta “superioridade
do ariano”, bem como dispostos a impedir “a perigosa, nefasta ameaça nacional”
representada pelos negros. Se – observam isoladas vozes críticas – aterrorizados
como estão “os negros não podem fazer mal” a ninguém, isso não impede que grupos
racistas estejam prontos para “matá-los e exterminá-los da face da terra”; são
decisões que instauram “uma autocracia absoluta de raça”, com a “absoluta
identificação da raça mais forte com a própria essência do Estado”[31].
Para definir o Terceiro Reich, é mais adequada a categoria de “totalitarismo”
(que compara Hitler a Estaline) ou a de “autocracia absoluta de raça” (que
remete ao regime da white supremacy ainda em vigor no Sul dos Estados Unidos
quando do advento do poder nazista na Alemanha)? É certo que não se pode
compreender adequadamente o dicionário nazi se limitamos nosso olhar à Alemanha.
O que é a Blutschande, contra a qual o Mein Kampf alertava, se não a
miscigenação denunciada inclusive pelos líderes da white supremacy? Até mesmo a
palavra-chave da ideologia nazi, Untermensch, é a tradução do Under Man
americano! Quem nos lembra disso, em 1930, é Rosenberg, que expressa a sua
admiração pelo autor estado-unidense Lothrop Stoddard: atribui-lhe o mérito de
ter sido o primeiro a cunhar o termo em questão, que se destaca no subtítulo
(The Menace of the Under Man) de um livro que ele publica em Nova Iorque em
1922, bem como em sua versão alemã (Die Drohung des Untermenschen), publicado em
Munique três anos mais tarde[32]. É o Under Man ou Untermensch quem ameaça a
civilização e é para espantar tal perigo que se impõe a “autocracia absolutista
de raça”! Se fizermos uso dessa categoria mais do que daquela de totalitarismo,
consideraremos irmãos gémeos não Estaline e Hitler, mas sim os suprematistas
brancos do Sul dos Estados Unidos e os nazis alemães. Tanto em relação a uns
quanto aos outros, a antítese é Estaline, que não por acaso foi algumas vezes
considerado pelos militantes afro-americanos o “novo Lincoln”[33].
Duas guerras pelo restabelecimento do domínio colonialista e escravista
Bem, ainda falta explicar o pacto Molotov-Ribbentrop. A União Soviética não foi
a primeira a tentar um acordo com o Terceiro Reich, mas a última. Neste ponto,
enquanto filósofo que, através da análise das categorias políticas, procede com
uma comparação histórica, gostaria de fazer uma consideração distinta. Quase um
século e meio antes da guerra desencadeada por Hitler a fim de subjugar e
escravizar os povos da Europa oriental, houve outra grande guerra cujo
objectivo, num contexto histórico evidentemente diferente, era o
restabelecimento do domínio colonial e da escravidão. Refiro-me à expedição,
ordenada por Napoleão e confiada a seu cunhado, Charles Leclerc, contra Santo
Domingo, ilha governada pelo líder da vitoriosa revolução dos escravos negros,
Toussaint Louverture. Mesmo depois de 29 de Agosto de 1793, dia em que L. F.
Sonthonax, representante da França revolucionária, proclamou a abolição da
escravidão na ilha, Louverture continuou combatendo ao lado da Espanha; porque
desconfiava da França; por muito tempo o líder negro continuou a colaborar com
um país do Antigo Regime, escravista e empenhado na guerra contra a República
jacobina e o poder abolicionista que se empossara em Santo Domingo. Ainda em
1799, a fim de salvar o país que dirigia do iminente colapso económico,
Louverture estreitou relações comerciais com a Grã-Bretanha, país em guerra
contra a França e cuja eventual vitória traria consequências bastante negativas
para a causa do abolicionismo[34]. Mesmo assim, Toussaint Louverture permanece
como o grande protagonista da revolução anticolonialista e antiescravista e como
antagonista de Leclerc (e de Napoleão). Não obstante a completa mudança no
quadro histórico que se verifica cerca de um século e meio depois, não há
nenhuma motivo para procedermos diferentemente com Estaline: as reviravoltas do
processo histórico não nos devem fazer perder de vista o essencial.
Ainda antes da invasão francesa, e prevendo-a, Toussaint Louverture impunha uma
férrea ditadura produtivista e reprimia com mão de ferro quem desafiasse o seu
poder; posteriormente, a chegada a Santo Domingo das tropas francesas dirigidas
por Leclerc foi o início de um conflito que se tornou uma guerra de
aniquilamento de ambas as partes. O que podemos dizer sobre uma leitura que
compara Louverture e Leclerc à luz da categoria de “totalitarismo”, contrapondo
os dois aos dirigentes liberais e democráticos dos Estados Unidos? Por um lado,
essa categorização seria banal: é óbvio o horror implícito num conflito que se
configura como guerra racial. Por outro lado, essa leitura seria um tanto quanto
mistificadora: colocaria num mesmo plano antiescravistas e escravistas, e
omitiria o facto de que estes últimos encontravam inspiração e apoio nos Estados
Unidos, onde a escravidão dos negros vigorava com todo o esplendor. A categoria
de totalitarismo não se torna mais persuasiva se a utilizamos como única chave
de leitura do gigantesco conflito entre revolução anticolonial e
contra-revolução colonialista e escravista que ocorreu na primeira metade do
século XX. É evidente que se trata de um capítulo da história que merece
aprofundamento e que ainda não pode evitar interpretações controversas. Mas não
há motivos para transformar em irmãos gémeos dois inimigos mortais.
Notas:
[1] Dinanath G. Tendulkar, Mahatma. Life of Mohandas Karamchand Gandhi, v. 7
(Nova Deli, Division, 1990), p. 210.
[2] Mahatma K. Gandhi, The Collected Works of Mahatma Gandhi, v. 80 e 86 (Nova
Deli, Division/Ministry of Information and Broadcasting of India, 1969-2001), p.
200 e 223.
[3] Cyril L. R. James, I Giacobini Neri. La prima rivolta contro l’uomo bianco
[1963] (trad. R. Petrillo, Milão, Feltrinelli, 1968), p. 327 [ed. bras.: Os
jacobinos negros: Toussaint Louverture e a revolução de São Domingo, São Paulo,
Boitempo, 2000].
[4] Michel Guglielmo Torri, Storia dell’India (Roma/Bari, Laterza, 2000), p.
598.
[5] Madhusree Mukerjee, Churchill’s Secret War: The British Empire and the
Ravaging of India during World War II (Nova York, Basic Books, 2010), p. 78 e
247.
[6] Alcide De Gasperi, “La democrazia cristiana e il momento politico” [1944],
em Tommaso Bozza (org.) Discorsi politici (Roma, Cinque Lune, 1956), p. 15-6.
[7] George M. Fredrickson, Breve storia del razzismo (trad. A. Merlino, Roma,
Donzelli, 2002), p. 8.
[8] Adolf Hitler, citado em Max Domarus (org.), Reden und Proklamationen,
1932-1945 (Munique, Süddeutscher, 1965), p. 75-7.
[9] Cf. Domenico Losurdo, Il revisionismo storico. Problemi e miti (Roma/Bari,
Laterza, 1996), cap. IV, § 6 [ed. bras.: Guerra e revolução: o mundo um século
após Outubro de 1917, São Paulo Boitempo, 2017].
[10] Peter Longerich, Heinrich Himmler: Biographie (Munique, Siedler, 2008), p.
66.
[11] Cf. Ernst Piper, Alfred Rosenberg. Hitlers Chef Ideologie (Munique,
Blessing, 2005), p. 299 e 160.
[12] Joseph Goebbels, Tagebücher (org. R. G. Reuth, Munique/Zurique, Piper,
1992), p. 1.747-8.
[13] Oswald Spengler, Jahreder Entscheidung (Munique, Beck, 1933), p. 150.
[14] Cf. Adolf Hitler, Mein Kampf [1925-1927] (Munique, Zentral verlag der
NSDAP, 1939), p. 153-4.
[15] Idem, citado em Werner Jochmann (org.), Monologe im Führerhauptquartie
1941-1944 (Hamburgo, Albrecht Knaus, 1980), p. 377 e 334 (conversações de 30 e 8
ago. 1942).
[16] Cf. Heinrich Himmler, citado em Bradley F. Smithe e Agnes F. Peterson,
Geheimreden 1933 bis 1945 (Berlim, Propyläen, 1974), p. 156 e 159.
[17] Cf. Josef Estaline, Werke, v. 3 (Hamburgo, Roter Morgen, 1971-1976), p.
127 e 269.
[18] Ibidem, v. 4, p. 252; cf. Domenico Losurdo, Il revisionismo storico, cit.,
p. 52-3.
[19] David Olusoga e Casper W. Erichsen, The Kaiser’s Holocaust. Germany’s
Forgotten Genocide (Londres, Faberand Faber, 2011), p. 327.
[20] Adolf Hitler, citado em Max Domarus (org.), Reden und Proklamationen, cit.
Vejam-se sobretudo os discursos de 22 Ago. 1939, de 28 Set. 1940, de 30 mar.
1941 e de 8 Nov. 1941.
[21] Georgi Dimitrov, citado em Silvio Pons (org.), Diario. Gli anni di Mosca
(1934-1945) (Turim, Einaudi, 2002), p. 81.
[22] Josef Estaline, Werke, cit., v. 5, p. 31 e 42.
[23] Ibidem, v. 9, p. 305-11 e v. 10, p. 60-1.
[24] Adolf Hitler, Mein Kampf, cit., p. 82 e p. 428-9.
[25] Adolf Hitler, citado em Gerhard L. Weinberg (org.), Hitlers Zweites Buch.
Ein Dokument aus dem Jahre 1928 (Stuttgart, Deutsche Verlags-Anstalt, 1961), p.
131-2.
[26] Alexander Hamilton, “The Consequences of Hostilities between the States
from the New Yor Packet”, The Federalist Papers, Nova York, n. 8, 20 Nov. 1787.
[27] Adolf Hitler, citado em Gerhard L. Weinberg (org.), Hitlers Zweites Buch,
cit., p. 152; idem, Mein Kampf, cit., p. 730.
[28] Idem, Mein Kampf, cit., p. 313-4.
[29] Alfred Rosenberg, Der Mythus des 20. Jahrhunderts [1930] (Munique,
Hoheneichen, 1937), p. 673 e 668-99.
[30] Comer Vann Woodward, Origins of the New South 1877-1913 [1951] (Louisiana,
Louisiana State University Press, 2013), p. 330 e p. 334-5.
[31] Ibidem, p. 332.
[32] Sobre Ratzel, o vice-cônsul em Chicago e Stoddard, ver Domenico Losurdo,
“White Supremacy und Konterrevolution, die Vereinigten Staaten, das Russland,
der ‘Weissen’ und das Dritte Reich”, em Christoph J. Bauer et al. (orgs.),
Faschismus und soziale Ungleichheit (Duisburg, Universitäts verlag Rhein-Ruhr,
2007), p. 164-5 e 159.
[33] Cyril L. R. James, I Giacobini Neri, cit., p. 118 e p. 200.
[34] Idem.
- Este artigo foi retirado do livro «1917: o ano que abalou o mundo», da Editora
Boitempo e Edições Sesc São Paulo e publicado em,
https://pcb.org.br/fdr/index.php?option=com_content&view=article&id=873:2017-09-25-15-48-07&catid=2:artigosZ
* Domenico Losurdo, Professor de História da Filosofia na Universidade de
Urbino, Itália, é amigo e colaborador de odiario.info.
Tradução: Diego Silveira
In
O DIARIO.INFO
https://www.odiario.info/estaline-e-hitler-irmaos-gemeos-ou/
12/10/2017
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