quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Crise no Brasil é obra do imperialismo, diz Requião



Em palestra magna ministrada, no dia 6 de setembro, durante o 11º Congresso
Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge), em Curitiba, o senador
paranaense Roberto Requião (PMDB) garantiu que a atual conjuntura é resultado de
um projeto do imperialismo que defende interesses próprios, “na desgraçada luta
pela dominação dos recursos minerais, do petróleo e do minério”

Em palestra magna ministrada, no dia 6 de setembro, durante o 11º Congresso
Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge), em Curitiba, o senador
paranaense Roberto Requião (PMDB) garantiu que a atual conjuntura é resultado de
um projeto do imperialismo que defende interesses próprios, “na desgraçada luta
pela dominação dos recursos minerais, do petróleo e do minério”.
“Essa política moribunda da Europa financia o golpe e derrubou um governo eleito
pelo voto popular”, disse o senador. Segundo ele, o governo Temer (PMDB) toma
decisões referenciadas no documento chamado “Ponte para o Futuro”, elaborado
pelo economista gaúcho que escreve no jornal Estado de São Paulo, Marcos Lisboa,
e por alguns economistas de bancos ou financiados pela estrutura bancária
brasileira. “Nós temos que enfrentar o capital financeiro no Brasil, que tem
Meirelles na Fazenda”, pontuou, reafirmando a falta de coesão no partido.
“É uma tragédia anunciada”, enfatizou. De acordo com ele, essas propostas estão
de acordo com as considerações do Consenso de Washington e com a teoria da
dependência, formulada por Fernando Henrique Cardoso e Enzo Paleta, economista
italiano naturalizado argentino. Essa teoria diz que “nós brasileiros não temos
empresários capazes e esgotamos nossa capacidade de criação e construção, que
nossa engenharia não vale nada e que os nossos trabalhadores são incapazes. E
aponta como solução para a retomada do crescimento a dependência absoluta ao
comando de empresários capazes de construir os países de primeiro mundo”,
explicou.
Celeiro do mundo
Requião também declarou que se, essa política prosseguir, o país irá regredir no
tempo e se transformar no “celeiro do mundo”. Isso significa que o Brasil será
mero fornecedor de commodities, produtos agropecuários ou minerais com baixo
custo, para os países desenvolvidos do mundo. “Este cenário interessa
fundamentalmente ao bloco norte americano, bem como à China, que se transformou
na “fábrica do mundo”, associada à Rússia. Nós passamos a ser objeto de cobiça
dessa guerra que não é mais ideológica. É uma guerra geopolítica de potências
tentando viabilizar suas economias internas sem se preocupar com o que acontece
com o país provedor das matérias primas”, analisou.
Venda territorial
O senador avaliou que a agricultura brasileira possui grande produtividade. “Nós
temos uma produtividade igual ou superior à norte-americana. Mas eles querem
expandir isso. Expandir como? Com a venda de propriedades agrícolas, de espaços
territoriais brasileiros para estrangeiros de qualquer natureza. Dessa forma,
nós não estaríamos alavancando a produtividade”, comentou.
Para Requião, essa política avança sobre as reservas naturais da Amazônia, de
forma a liberar áreas de proteção ambiental para produção de cobre por
mineradoras, principalmente para as canadenses, que são as que se demonstram
mais interessadas.
Esse “aumento de produção”, com abertura de espaço e uma tecnologia que já é
nossa, com uma injeção maior de recursos financeiros e mecanização nos levará,
necessariamente ao desemprego.
“Quando nos transformamos em “celeiro do mundo”, não estamos viabilizando os
empregos necessários para conseguirmos uma relativa paz social para
sobrevivência dos trabalhadores, das suas famílias e garantia de seus salários”,
disse.
Contramão das soluções
Para Requião, a reforma trabalhista e o fim dos investimentos públicos atua na
contramão das soluções apontadas pela história de superação de crises econômicas
e sociais, como as tomadas nos Estados Unidos, durante a grande recessão com a
crise imobiliária da Flórida na década de 30. “Ela foi superada com políticas
extremamente claras, por meio de uma aliança entre o capital produtivo e o
trabalho. Ao contrário de toda asneira que faz o atual governo do Brasil, a Ford
propõe a diminuição da carga horária, ou seja, menos horas e mais gente
trabalhando, garantindo por lei o salário mínimo, para viabilizar o poder
aquisitivo”, disse.
O senador ainda destacou que, ao propor tais medidas, o atual governo imaginou
que o Brasil receberia investimento norte-americano, com o objetivo de utilizar
mão de obra barata. Segundo ele, os formuladores dessa reforma apostaram,
também, na ideia de que a oportunidade de trabalho extraordinariamente mal
remunerada poderia barrar a possibilidade de revolta das camadas populares.
Contudo, o senador acredita que o Brasil viveu um período de conquistas sociais
e que os trabalhadores jamais se conformarão com uma regressão para uma posição
de colônia.
“O Brasil tem saída. Se nós nos inspirarmos nesse modelo de recuperação de
crise, nós saímos da mesma forma e muito rapidamente”, ratifica.
Retomada do crescimento
A recuperação e a valorização da Petrobras são apontadas por Requião como
caminho principal para o crescimento e a retomada de desenvolvimento do país.
“No Brasil, a Petrobras é a responsável por 70% dos investimentos realizados no
país, e são esses os investimentos e a política de compra de sumos nacionais que
alavancavam nossa economia”, defende. “A história do mundo é a guerra do
petróleo. O petróleo é o sangue mineral que impulsiona as economias. E nós
estamos entregando sem conflito, na bandeja”.
Requião avalia que é imprescindível conter o processo de entrega do patrimônio
nacional. Neste sentido, foi criada no Congresso Nacional, uma Frente
Nacionalista pela Soberania, que conta com 201 deputados e 18 senadores. Uma das
propostas da Frente é a realização de um referendo popular, junto às eleições de
2018, “para que o povo diga SIM ou NÃO para essas medidas de entreguismo de
terra, de reforma trabalhista, de entrega da Amazônia, de entrega da Petrobras”.
Ele defende, também, mobilização popular. “Com certeza, conseguiremos alguma
coisa a partir de mobilizações populares, sindicatos, movimentos populares,
presença nas ruas e protestos”.
Congresso
O 11º Consenge ocorreu em Curitiba, de 6 a 9 de setembro, com cerca de 300
participantes. O evento foi realizado pela Federação Interestadual de Sindicatos
de Engenheiros (Fisenge), que tem sede no Rio de Janeiro, e pelo Sindicato dos
Engenheiros do Paraná (Senge-PR). Ao longo dos quatro dias, filiados aos 12
sindicatos que compõem a Federação, oriundos de todas as regiões do Brasil,
tiveram como debate central a defesa da engenharia e da soberania nacional.

In
BRASIL247
https://www.brasil247.com/pt/247/parana247/316941/Crise-no-Brasil-é-obra-do-imperialismo-diz-Requião.htm
13/9/2017

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