segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Coordenação Nacional do MST lança Carta ao Povo Brasileiro




Movimento firmou compromissos na luta pela Reforma Agrária, contra a
retirada de direitos do povo brasileiro, em defesa do meio ambiente e da
soberania nacional


Por Coordenação Nacional do MST/

Desde as terras inconfidentes e rebeldes das Minas Gerais, e solidários
com as famílias das vítimas da Vale em Mariana e Brumadinho, a
Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra,
reunida em janeiro de 2020, reafirma seu compromisso com a organização
popular, a luta por Reforma Agrária e a transformação social.

Testemunhamos aqui nestas terras a agressão do capital aos bens da
natureza e as condições de vida do povo, gerando a morte de pessoas,
rios, plantas e toda biodiversidade, como pedágio à sanha de seu lucro
incontrolável. Aqui estamos para afirmar a luta justa do povo por sua
libertação e por uma vida sem a lógica perversa da acumulação do
agronegócio e da mineração.

O capital, sob profunda crise, impõe aos povos do mundo desemprego,
fome, retirada de direitos sociais, precarização do trabalho, violência,
extermínio, privatizações, destruição do meio ambiente, expropriações,
saque dos bens naturais e dos recursos estratégicos. Promove guerras de
todo tipo e ameaça a existência humana, seja por seu projeto destrutivo
à natureza, mas também por sua agenda ultraliberal que acentua a
desigualdade social e aumenta os privilégios da classe dominante.

Este projeto de morte é neofascista, odeia a democracia e a participação
popular. Produz governos de extrema direita e Estados serviçais aos
interesses dos mais ricos. Promove golpes, desestabiliza economias e
incita o caos social.

No Brasil, o governo Bolsonaro entrega o país aos interesses dos Estados
Unidos, nossas terras aos estrangeiros e quebra a economia nacional em
detrimento do capital. Atenta contra a soberania dos povos e sobre os
bens naturais existentes. Bolsonaro é um gerente do projeto de poder das
elites, age sob a tutela militar, em conluio com uma parte significativa
do judiciário e do congresso, governa com as milícias e com os corruptos.

Impõe o medo, despreza a Constituição e pratica o terrorismo de Estado
contra os povos, especialmente indígenas, negros, mulheres e LGBTs.

No campo, promove a regularização do crime de grilagem e quer entregar
70 milhões de hectares de terras públicas, especialmente na Amazônia, a
quem desmatou, destruiu, sonegou impostos e assassinou povos. Pretende
premiar quem se autodeclara dono de terras roubadas dos brasileiros e
brasileiras.

Bolsonaro legitima a ação dos jagunços do agronegócio, autoriza o
extermínio, desmata a floresta e destrói a biodiversidade. Tudo para
expandir a fronteira agrícola, a mineração e o lucro das empresas
transnacionais. Defender a Amazônia é defender o Brasil, os povos, seus
territórios, a vida e o meio ambiente.

Nosso dever é atuar sobre as contradições deste projeto das elites, pois
eles não têm solução para os principais problemas que afetam o povo
brasileiro. Devemos nos mobilizar diante do desmonte dos direitos
sociais, trabalhistas e previdenciários. Diante da generalização da
violência, das perseguições e assassinatos de lutadores e lutadoras.
Devemos nos indignar perante o envenenamento em massa do povo através da
comida e da água, promovido pelo agronegócio.

Nos comprometemos a ocupar os latifúndios do campo e das cidades. Lutar
pelos direitos sociais e não permitir retrocessos nas conquistas.
Estamos de pé e dispostos a contribuir no legítimo levante das massas
populares.

Reafirmamos nosso compromisso com a terra, com a vida, garantindo
alimentação saudável para todo o povo. Defendemos um Projeto Popular
para o Brasil. Seguiremos lutando em defesa da Soberania Nacional e Popular.

Nos solidarizamos com todos os trabalhadores e trabalhadoras em luta do
mundo. Rechaçamos os golpes e intervenções. Defendemos a legitima
soberania dos povos.

Estaremos nas ruas com as mulheres, com a juventude, com os educadores,
as educadoras e com a classe trabalhadora. Conclamamos o povo brasileiro
à travar as batalhas necessárias, manter a luta permanente e construir
uma sociedade justa e igualitária. Uma sociedade socialista!

/*Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!*/

/Coordenação Nacional do MST
Sarzedo (MG), 25 de janeiro de 2020/

In
MST
https://mst.org.br/2020/01/25/coordenacao-nacional-do-mst-lanca-carta-ao-povo-brasileiro/
25/1/2020

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