segunda-feira, 13 de novembro de 2017

O que a televisão russa diz sobre o livro de Thierry Meyssan


Evgeny Baranov

Enquanto no Ocidente se apresenta o politólogo francês Thierry Meyssan como um
imbecil, ele é celebrado como um dos principais pensadores contemporâneos das
relações internacionais na maior parte do mundo. O principal canal de TV russo
acaba de dedicar, durante a sua principal emissão de informação, uma reportagem
ao seu último livro. Os jornalistas russos, que no seu trabalho já se debruçaram
sobre a estratégia do Pentágono, encontraram na sua obra as provas que confirmam
as suas novas investigações.
 
 

Após as “Primavera Árabes”, o mundo testemunhará “primaveras” latino-americanas,
ou seja, uma série de revoluções e golpes de Estado na América Latina. É uma
premissa base do novo livro do renomado analista e politólogo Thierry Meyssan,
Os Crimes do Estado Profundo (The Crimes of the Deep State). O “Estado Profundo”
é uma parte muito influente da elite dos EUA, cujos membros utilizaram o
Médio-Oriente para realizar uma experiência geopolítica: desestabilizar o mundo
para obter vantagens económicas. É de facto o novo formato da política colonial.
Roubar os países fracos, mas de uma maneira nova. Por sinal, note-se que Donald
Trump não está incluído neste grupo ignominioso.
Formalmente, esta nova política foi lançada em 11 de Setembro de 2001, após o
horrível ataque terrorista em Nova Iorque —a destruição das Torres Gémeas com
aviões—. Depois do qual o chamado Patriot Act foi adoptado. Esta lei permite uma
vigilância omnipresente sobre qualquer cidadão norte-americano.
Meyssan fala do fim da democracia na América. Mas ele vai ainda mais longe e
afirma que o Patriot Act foi concebido bem antes do 11-de-Setembro. A restrição
de liberdades fazia parte do plano. Um outro ponto do plano é o controle total
dos média (mídia-br) por Washington. Assistimos, bem diante dos nossos olhos, à
degradação dos média ocidentais. No contexto actual, os jornais soviéticos
pareceriam faróis de democracia.
O novo livro do escritor e jornalista francês Thierry Meyssan está ausente das
prateleiras das livrarias parisienses. Tem de ser encomendado. Este autor é
considerado no seu país natal como um personagem pouco confiável, depois de se
ter permitido questionar publicamente, há 16 anos, a versão oficial do atentado
terrorista em Nova Iorque, o de 11 de Setembro de 2001. ´
Durante todos estes anos, Meyssan foi forçado a viver e trabalhar no
Médio-Oriente, onde testemunhou a aplicação gradual da estratégia da Nova Ordem
Mundial, construída sobre as ruínas das Torres Gêmeas.
A edição russa do livro de Meyssan saiu sob o título Os Crimes do Estado
Profundo : do 11 de Setembro a Donald Trump (Преступления глубинного
государства. От 11 сентября до Дональда Трампа). Os nossos leitores não se
surpreenderão muito ao constatar que, por trás dos acontecimentos que se
desenrolaram em todo o mundo no decurso das últimas duas décadas, há um grupo de
pessoas, algumas das quais são líderes oficiais dos países implicados. O facto é
que tudo aquilo que acontece, e é aplicado para concretizar a ideia de uns
poucos, está sujeito à lógica de alguns e à sua vontade cega. O que não é para
nós uma surpresa.
O livro de Meyssan é a ocasião para compreender os mecanismos reais que colocam
em movimento as relações internacionais modernas, com todo o seu cinismo, as
suas mentiras e o seu sangue derramado.
«É o resultado do meu trabalho desde há sete anos, ao serviço de diferentes
governos. Eu trabalhei com documentos diplomáticos, com funcionários, com
diplomatas. Não se trata de uma «teoria de complô», antes uma descrição dos
métodos de trabalho de certos protagonistas. Infelizmente, não há outra
explicação para além da qual eu descrevi (...) Não quer dizer que esteja
totalmente certo, mas eu estou próximo da verdade. Toda a gente vê hoje que o
mundo ficou descontrolado, que as coisas correm mal, mas ninguém compreende como
e porquê. Eu explico isso. Explico a reação dos actores (...) Eu estou
convencido da veracidade destes factos», assegura o jornalista francês Thierry
Meyssan.
O Estado “profundo”, como qualquer outro, tem a sua própria história. Na dos
Estados Unidos contemporâneo, a contagem regressiva começa geralmente com o
assassínio do Presidente Kennedy.
Por outro lado, Meyssan começa por testemunhar a história deste «Estado
Profundo», o do 11 de Setembro de 2001. Segundo ele, naquele dia deu-se nos
Estados Unidos um golpe de Estado.
As raízes desta ideia podem ser encontradas, no início dos anos 90, na Defense
Policy Guidance (Guia de Política de Defesa-ndT), redigido por Paul Wolfowitz: o
conceito de liderança mundial e a supressão de toda a concorrência possível.
«Até 2002, eles supunham que os recursos energéticos esgotavam, deviam, pois,
controlar todas as fontes de energia fóssil. Foi por isso que invadiram o
Iraque. Mas, agora eles entendem que o petróleo e o gás durarão dois ou três
séculos, talvez até mais. A política do Ocidente está, pois, em vias de mudar.
Ideias inaceitáveis para uma pessoa normal constituem o cerne desta política. O
exército dos EUA está convencido da necessidade de extorquir todos os grandes
Estados, de dividir o mundo em dois e de rapar a segunda parte. Eles começaram
pela destruição do Médio-Oriente Médio, na Líbia, na Síria, no Iraque, no Iémene
(Iêmen-br), no Afeganistão, na Turquia e na Arábia Saudita, e isto não é um
efeito colateral. É o seu objectivo: destruir as instituições dos Estados afim
de que ninguém possa rivalizar com eles», explica Thierry Meyssan.
Meyssan chama a atenção do leitor para o facto de que nenhuma das guerras
desencadeadas por Washington foi concluída, apesar da mudança de administração e
da alternância de partidos políticos no Poder. Isso significa que o «Estado
Profundo» não busca derrubar governos, nem apropriar-se dos recursos, ou em
controlar o trânsito de petróleo e do gás, numa dada região. O seu objectivo é a
completa destruição desses mesmos países.
«Claro, eu não sei exactamente quem dirige este projecto, mas identifiquei, no
caso, alguns responsáveis, por exemplo Hillary Clinton, o General Petraeus,
Jeffrey Feltman, o ex-número 2 do Departamento de Estado (...) Este sistema, por
si mesmo, evolui com o tempo. Em 2001, era dirigido pelo Vice-presidente Cheney,
que agora já não tem aí nenhum papel (...) Esta organização está vinculada aos
governos do Reino Unido e de Israel. Temos provas documentais da sua existência,
mas ainda não sabemos como é que ela está organizada», prossegue Thierry
Meyssan.
Esta estratégia, que põe completamente à margem o conceito actual de
imperialismo moderno, foi proposta pelo Professor Thomas Barnett,
pesquisador-chefe no Departamento de Estudos Estratégicos do Centro de Estudos
Navais dos Estados Unidos. Ela foi publicamente anunciada em Março de 2003,
precisamente antes do ataque ao Iraque.
Segundo esta estratégia, o mundo deveria ser dividido em duas partes: uma zona
estável, favorecida pelo Sistema, e uma zona de caos na qual as pessoas não
poderiam sequer imaginar resistir, mas unicamente tentar sobreviver; As
corporações transnacionais poderiam explorar livremente os recursos naturais e
humanos sem estar vinculadas por obrigações, nem ser tidas responsáveis perante
ninguém. Este Novo Mapa do Pentágono parece tão cruel que ninguém imaginou
sequer que seria posto em prática.
«Em 2004, um denunciante do Ministério dos Negócios Estrangeiros (Relações
Exteriores-br) do Reino Unido [Derek Pasquill] desvelou documentos internos
confidenciais e, claro, foi imediatamente preso. De acordo com esses documentos,
o Reino Unido preparava as Primaveras Árabes desde 2004 (...) Um outro documento
revela um tratado secreto entre a França e a Turquia, planeando (planejando-br)
os acontecimentos na Líbia e, em parte, os da Síria (...) um terceiro é um
documento da Administração da ONU e do governo Alemão: o plano completo de
capitulação da Síria; um tão cruel plano para este país que ele iria ser
submetido a condições que nem sequer ousaram exigir ao Japão após a Segunda
Guerra Mundial, quando o Japão tinha responsabilidades na guerra, que não é o
caso da Síria», explica Thierry Meyssan.
Quase toda a África, a América Central e a América Latina, à excepção do Brasil
e da Argentina, caem na zona de «Estados não integráveis» votados ao caos.
Também, todo o Médio-Oriente com a Turquia, o Golfo Pérsico, o Irão e o
Paquistão, a Ásia do Meio e do Sudeste e os Balcãs, com excepção da Grécia.
Todas as ferramentas necessárias para este efeito foram já criadas. Mas há um
problema: a rede de estruturas internacionais não-governamentais, o império
subversivo de George Soros, o conglomerado de canais de Televisão mundiais,
entre as quais a CNN, a BBC, a Sky News, France 24 e, claro, a Al Jazeera, que
provou ser tão eficaz nos eventos do Médio-Oriente, estão, agora, ocupados em
neutralizar Trump.
«Trump é a única personalidade que nos Estados Unidos, no próprio dia do
11-de-Setembro, gritou fraude. Muito embora ele não seja um político
profissional, ele percebe muito bem o funcionamento do seu país. Ele não é um
imperialista, mas um Republicano. Ele prometeu pôr um termo a esta política
externa imperialista, parar as actividades de terroristas internacionais, parar
de alimentar o terrorismo no mundo inteiro ... No Iraque, Barzani organizou um
referendo de independência não apenas no seu território, mas, também incluindo
os que ele tinha ocupado. Agora está sozinho e foi forçado a demitir-se. A mesma
coisa aconteceu na Catalunha, onde Puigdemont declarou a independência e foi
imediatamente isolado e optou por pedir ajuda em Bruxelas (...) É por isso que
eles continuam a gritar que Trump é um Presidente fraco e que quase toda a sua
Administração está contra ele. Mas isso vai passar. Tudo muda e tudo mudará»,
disse Meyssan.
O tempo muda tudo realmente. E o que parecia ser uma teoria marginal de
conspiração, é hoje em dia uma explicação completamente fiável do que se passa
no planeta. Além disso, não há outras explicações para a demagogia oficial, e
todos os dias nos trazem uma nova revelação.
Eis a última: o Primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, apelou à comunidade
internacional para prestar atenção aos documentos surgidos na Internet provando
que a Fundação Soros (Open Society) influencia directamente as decisões tomadas
pela União Europeia. Neles são apontados 226 membros do Parlamento Europeu
associados ao bilionário. É mais de um terço do conjunto dos membros do
Parlamento Europeu. Ainda há alguns dias, pretender que o bilionário e
filantropo George Soros se tem activamente ingerido na política mundial, e
tentou controlar países inteiros, teria sido considerado como uma teoria de
conspiração barata.

NdT : O livro revelação de Therry Meissan, foto acima, com dados explosivos
sobre a política mundial dos últimos anos, «Sous Nos Yeux : du 11 Septembre à
Donald Trump» («Sob os Nossos Olhos : do 11 de Setembro a Donald Trump») tem já
uma versão traduzida em Português aguardando o interesse de um editor .

In
VOLTAIRE.NET
http://www.voltairenet.org/article198755.html
13/11/2017

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