quinta-feira, 30 de junho de 2016

Resgistro histórico: o Brasil de ontem e de hoje - golpe parlamentar em Santo André***

Comunistas na Prefeitura de Santo André

Carlos Alberto Batista

O dia 1º de janeiro de 1948 estava para entrar na história de Santo André. Democraticamente eleitos pelo voto livre e secreto, iriam tomar posse 13 vereadores e um prefeito que haviam feito toda a sua campanha eleitoral como “os candidatos de Prestes”. O então secretário do Partido Comunista - mais uma vez proscrito- não só sabia da utilização de seu nome, como havia autorizado que isto acontecesse e veio até a cidade após as apurações (acompanhado de Diógenes Arruda, Maurício Grabois e Gregório Bezerra) para participar de uma churrascada comemorativa.
Cerca de 15 dias antes da posse, todos os “candidatos de Prestes” têm seus mandatos cassados pelo Tribunal de Justiça Eleitoral, o mesmo que pouco tempo antes havia emitido o diploma legal que lhes garantia a posse pelo Partido Social Trabalhista. Em 1º de janeiro centenas de pessoas compareceram à Câmara, para ver empossados aqueles que haviam eleito. Mas, a polícia que também estava presente para garantir a posse dos que os substituiriam - indicados também pelo Tribunal. Resultado: uma batalha campal entre a população, “os candidatos de Prestes” e a polícia, que durou cerca de três horas e deixou muitos feridos.
A campanha desenvolvida, então, foi encarada com tal importância, que até uma das maiores figuras comunistas da época, Gregório Bezerra, deslocou-se para Santo André e participou intensamente de sua realização, dormindo na casa de Guillen [um ativista e liderança do movimento operário]. Todos os candidatos saíram às ruas e sua principal tática eram os comícios nas portas de fábricas.
Nelas apresentavam-se como “os candidatos de Prestes”, utilizando o nome do secretário geral com sua autorização prévia. A plataforma básica consistia dos seguintes itens: melhores condições de vida (abrangendo salários, condições de trabalho, férias, jornada de oito horas, semana de cinco dias e remuneração das horas extras), solidariedade contra a guerra, paz, petróleo e legalidade para o Partido Comunista.
Guillen salienta que eles sempre eram recebidos simpaticamente pelos operários, “tanto que nos elegeram”. A pichação era assim: “vote nos candidatos de Prestes. Para prefeito Armando Mazzo. Para vereador ...”, sendo as reticências preenchidas pelo nome do candidato que havia pintado a propaganda. Também eram distribuídos panfletos - impressos em São Paulo, na gráfica do partido - e realizadas manifestações em frente à estação ferroviária.
Existia também um carro alegórico, assim descrito por Guillen: “Um caminhão cheio de altofalantes que divulgava nossa plataforma e nomes. Na carroceria foi montado um enorme tubarão de cartolina, tendo em seus dois lados a seguinte inscrição: para matar o tubarão, votem nos candidatos de Prestes [referência ao domínio de classe burguês]. Mas, o principal eram os comícios nas portas de fábrica”, complementa.
As eleições transcorreram normalmente, contando ainda com a participação de outros partidos além do PST: PDC, PSP, PTB, UDN (os mais fortes na opinião de Guillen), PTN, PR e PSB. Nem todos tinham candidato a prefeito. O PDC tinha Antonio Flaquer que acabou substituindo Armando Mazzo, os “candidatos de Prestes” eleitos vereador foram os seguintes: Miguel Gillen, Marcos Andreotti, Carmem Savietto, João Sanches, Waldomiro Ament, Armelinda Bedin, José Gualberto, José Benedito, Iguatemy Lopes de Oliveira, Paulo Cervin, Vicente Bistratini, Francisco Siedler e Oswaldo Monteiro. O resultado foi comemorado com uma churrascada, que contou com a presença de Luiz Carlos |Prestes, Maurício Grabois, Gregório Bezerra e Diógenes Arruda. Algumas das maiores lideranças do Partido Comunista na época.
Para Guillen, a eleição de Adhemar de Barros para governador do Estado com os votos dos Comunistas, “aliviou por algum tempo as tensões reacionárias”. Tanto que todos os “candidatos de Prestes receberam seus diplomas do Tribunal Regional de Justiça Eleitoral. Guillen nota que isto significava o aval oficial para a posse, de acordo com a lei eleitoral de então.
A posse do prefeito e vereadores estava marcada para 1º de janeiro de 1948 e tudo transcorria normalmente, sem qualquer tipo de pressão. O ambiente era tão tranquilo, que a preocupação maior dos “candidatos de Prestes” era conquistar a simpatia de mais quatro vereadores, com o fim de conseguirem a maioria dentro da Câmara. As reuniões prosseguiam no Comitê Municipal de Santo André, enquanto se aguardava o dia da posse.
“Perto de 15 dias antes desta data, foram postos fora da lei os elementos eleitos, que se apresentavam como candidatos de Prestes. A coisa foi tão estranha que não chegamos a ser comunicados oficialmente do fato. Soubemos da notícia através de jornais e pelo rádio”, lembra-se Guillen.
Foi também por intermédio de outras pessoas que souberam que o Tribunal de Justiça Eleitoral estava nomeando candidatos que não tinham alcançado o mesmo número de votos para seus postos. Entre eles, Gujillen recorda-se de Valdemar Matei, Octaviano Gaiarsa e Henrique Poletto e até um certo Albino da Rocha, que residia em São Paulo.
Ele nota que em Santo André foi apenas cassado o registro, sem perseguição de um modo geral. Apenas a direção e alguns filiados com maior projeção, que tiveram que refugiar-se em outras cidades. Alguns não retornaram mais a Santo André.
“No dia 1º de janeiro dirigimo-nos à Câmara, que ficava então na rua Alfredo Flaquer, para ver o que acontecia. O povo e os trabalhadores compareceram maciçamente para assistir a posse dos candidatos de Prestes, mesmo sabendo que tínhamos sido cassados. Eram mais de mil pessoas em frente ao prédio da Câmara e este número poderia ter sido maior caso tivessem feito alguma convocação”, o que Guillen jura que não aconteceu.
Guillen não sabe quem chamou a repressão. Acredita que tenha vindo a mando do governo estadual, “com medo dos 13 vereadores e do prefeito comunista”. Mas o fato é que a cavalaria já havia tomado conta da cidade e caminhões com tanques cheio de água estavam espalhados em pontos considerados “estratégicos”. Além disso, nas ruas Siqueira Campos, Senador Flaquer e Fernando Prestes era grande o contingente de policiais acompanhados de cachorros.
“O povo, concentrado, queria a posse dos cassados e os policiais impediam as aglomerações. Mas quando começaram a gritar nossos nomes, a reação desceu com tudo o que tinha. O povo fugiu pela Fernando Prestes e Oliveira Lima. A polícia veio atrás. Eles batiam em todos que encontrassem pela frente e recebiam tijoladas de volta. Várias mulheres chegaram a atracar-se com policiais. Tudo isso acontecia, enquanto os vereadores e o prefeito recém empossados assistiam impassíveis a luta”.
De acordo com Guillen, apenas um vereador manifestou-se neste dia contra a cassação. Foi Anacleto Campanella, que depois seria prefeito de São Caetano. Ele teria dito que se orgulhava de ter sido eleito pelo povo e não pelo Tribunal, acrescentando que ocupava um lugar que a população lhe conferia, mas tinha gente ocupando o lugar de vereadores eleitos pelo povo.
Guillen calcula que foram três horas de verdadeira batalha campal, que não deixou nenhum morto, mas fez vários feridos. No final o povo terminou por espalhar-se e a polícia impedia a formação de grupos. Alguns policiais dirigiam-se à resid~encia de Guillen -que se escondia em outro local, onde ficou três dias- e dispararam suas armas várias vezes em direção do teto e da parede “para assustar”.
Armando Mazzo tgeve o fornecimento de água da sua casa cortado e passou a sofrer vários tipos de pressão – como não conseguir emprego- até que se viu obrigado a mudar de Santo André. O mesmo destino foi tomado por outros companheiros de Guillen. Alguns ainda ficaram na cidade, mas abandonaram a militância política. “Durante uns dois ou três anos, a cavalaria continuou tomando conta da cidade. Depois, acalmou um pouco. Mas até o final do mandato de Adhemar a ordem dada aos policiais era esta: conversou com comunista, vai preso”, finalizou Guillen.

In
DIÁRIO DO GRANDE ABC
3/12/1982

*** No tempo referente a essa narrativa Santo André era a cidade mais importante do denominado ABC Paulista, uma das mais importantes aglomerações industriais do país. A sigla ABC é uma alusão às cidades de Santo André, São Bernardo e São Caetano do Sul. Mas, de fato, à época a designação já abarcava mais do que essas cidades, as quais cosntituíam uma conurbação na Grande São Paulo. A região, particularmente Santo André, tinha uma tradição de organização e lutas operárias que remontava ao fim do século XIX, quando ao que parece, os canteiros deflagraram a primeira greve sob o regime do capital. Assim, não foi por caso que tenha sido nessa região que nos anos 1970 e 1980 tenha emergido o Partido do Trabalhadores e muitas lideranças sindicais, dentre as quais a mais notória foi Luis Inácio Lula da Silva.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

‘Com Temer, estamos assistindo ao impeachment do processo civilizatório






Gabriel Brito e Valéria Nader



O governo interino de Michel Temer continua a tentar emplacar
suas medidas econômicas, em meio à recessão e desemprego que
se prolongam. Enquanto o novo presidente do Banco Central
avalia a política inflacionária e a redução dos juros como
motores da estabilidade do tripé macroeconômico, o Correio da
Cidadania entrevista o economista e professor da Unicamp
Eduardo Fagnani, que fez severas análises das pretensões do
novo governo, a seu ver bastante calcadas em vontades
políticas e ideológicas.



“Na gestão macroeconômica, há o reforço das políticas de
austeridade que fracassaram na Europa pós-crise de 2008, cujo
propósito não é o crescimento e o bem estar social, mas
preservar a riqueza financeira. Diversos dispositivos para
turbinar o ‘tripé macroeconômico’ (câmbio flutuante, superávit
fiscal e regime de metas de inflação) estão tramitando no
Congresso Nacional (dentre outras, autonomia jurídica para o
Banco Central e a criação de uma Autoridade Fiscal
Independente, por exemplo)”.



Em suas respostas, Fagnani destrincha os principais pontos das
propostas fiscais e orçamentárias, em especial por meio da
ampliação da Desvinculação de Receitas da União, a retirar
recursos de áreas sociais. Assim, mantém a análise política ao
lado do debate econômico, posto que as medidas a serem tocadas
pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles se concentram nos
pilares que conformam a renda do trabalhador médio e os
serviços que acessa.



“Mais grave é a Proposta de Emenda à Constituição PEC 241/16,
que congela gastos públicos por 20 anos. Chamada de ‘Novo
Regime Fiscal’, a PEC limita as despesas primárias da União
aos gastos do ano anterior corrigidos pela inflação. Estudos
realizados por especialistas apontam que, se for adotada essa
PEC, em dez anos haverá redução de gastos superiores a 40% em
áreas como saúde, educação e previdência”, apontou.



Pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho da
Unicamp, com especialidade em questões previdenciárias,
Fagnani volta a ressaltar que a dupla Temer-Meirelles, antes
de qualquer recuperação da economia e do emprego, visa apenas
satisfazer os anseios do mundo financeiro. Dessa forma, coloca
outros elementos na mesa da discussão de eventuais mudanças no
regime de previdência.



“Somos um dos países mais desiguais do planeta e seremos
campeões mundiais em exigências para aposentadoria. A
experiência de países desenvolvidos revela que a reforma da
Previdência tem por objetivo aperfeiçoar o sistema para
enfrentar as transformações demográficas. A reforma
Temer-Meirelles não considera a questão social e não tem por
objetivo aperfeiçoar o sistema”, resumiu, sem dar trégua ao
caráter das ideias liberais que voltaram a hegemonizar o
debate público.



A entrevista completa com Eduardo Fagnani pode ser lida a
seguir.





Correio da Cidadania: Passados quase dois meses do mandato
provisório de Michel Temer, qual avaliação geral, política e
econômica, você faz desse governo e das propostas até aqui
apresentadas?



Eduardo Fagnani: O Brasil é um dos países mais desiguais do
mundo. Em pleno século 21, sequer foi capaz de enfrentar suas
desigualdades históricas. Nos últimos dez anos, enquanto o
assassinato de mulheres brancas caiu 10%, o assassinato de
mulheres negras subiu 54%, por exemplo. Nosso estágio
civilizatório é rudimentar. Somos o país que mais mata
travestis e transexuais no mundo (uma morte é registrada a
cada 28 horas), por exemplo.



A construção de uma sociedade menos desigual e minimamente
civilizada requer que aperfeiçoemos nossa democracia; que
reforcemos o papel do Estado (não há, na história econômica do
capitalismo, nenhum caso de país que se tenha desenvolvido sem
o concurso expressivo do próprio Estado nacional); políticas
sociais universais que assegurem o acesso a serviços sociais
básicos e ampliem a cidadania; requer também que se consolidem
e preservem-se direitos sindicais e trabalhistas; e requer uma
gestão macroeconômica voltada para criar um ambiente favorável
à redução continuada das desigualdades.



Entretanto, no governo Temer, todos esses pressupostos estão
sendo aviltados. A começar pela democracia, que parece ser um
corpo estranho ao capitalismo brasileiro (menos de 50 anos de
democracia, e interrompidos, em mais de 500 anos de história).
O último ciclo democrático, inaugurado em 1988, começou agora
a ser dizimado. Em vez de fortalecer o Estado, o objetivo de
Temer é "privatizar tudo o que for preciso" na infraestrutura
econômica e na área social.



A cidadania social também parece ser corpo estranho ao
capitalismo brasileiro, que não tolera sequer conquistas
marginais de direitos fundamentais. Em vez de consolidar os
direitos sociais conquistados em 1988, o objetivo é destruir o
que ainda restou do Estado Social e implantar o Estado Mínimo.
Nesse particular, os ideólogos liberais tiveram êxito ao
induzir um "consenso" segundo o qual o ajuste fiscal
requereria a revisão do "pacto social da redemocratização".
Argumentam que os gastos "obrigatórios" (previdência social,
assistência social, saúde, educação, seguro-desemprego) têm
crescido num ritmo que compromete as metas fiscais. Estão
dizendo que as demandas sociais da democracia não cabem no
PIB. Não escrevem uma linha sequer sobre gastos com juros, por
exemplo. Mas decretam a necessidade de interditar a cidadania
social inaugurada pela Carta de 1988. No caso dos direitos
sindicais e trabalhistas, os retrocessos nos levam de volta
para o início do século 20 (fim da regra de valorização do
salário mínimo; prevalência do "negociado sobre o legislado";
e terceirização sem limite, que leva à precarização das
relações de trabalho, por exemplo).



Na gestão macroeconômica, há o reforço das políticas de
austeridade que fracassaram na Europa pós-crise de 2008, cujo
propósito não é o crescimento e o bem estar social, mas
preservar a riqueza financeira. Diversos dispositivos para
turbinar o "tripé macroeconômico" (câmbio flutuante, superávit
fiscal e regime de metas de inflação) estão tramitando no
Congresso Nacional (dentre outras, autonomia jurídica para o
Banco Central e a criação de uma Autoridade Fiscal
Independente, por exemplo).



O reforço do "tripé" é incompatível com o crescimento, geração
de empregos e ampliação da cidadania. Recentemente, um
professor de Oxford afirmou que "não é nenhum exagero dizer
que austeridade mata". O próprio papa Francisco, referindo-se
a políticas de austeridade, também sentenciou que "esta
economia mata". A austeridade econômica é desacreditada
inclusive por setores do establishment internacional.
Expressões como "estagnação secular" e "nova mediocridade"
passaram a ser utilizadas por órgãos como o FMI e Banco
Mundial para sinalizar os riscos do baixo crescimento
associado à "explosão da desigualdade". Na semana passada,
três economistas do FMI alertaram que "em vez de gerar
crescimento, algumas políticas neoliberais aumentaram a
desigualdade, colocando em risco uma expansão duradoura". E
apontam que cortes de gastos do governo, privatização, livre
comércio e abertura de capital podem ter custos significativos
em termos de maior desigualdade. Mas aqui, a "equipe econômica
dos sonhos" (dos detentores da riqueza?), na contramão do
mundo, vai aprofundar ainda mais a gestão ortodoxa.



Em suma, com Temer, estamos assistindo ao impeachment do
processo civilizatório. Todos os instrumentos necessários para
o desenvolvimento econômico e social estão sendo destruídos. O
golpe contra a democracia representa oportunidade histórica
para aprofundar radicalmente a agenda liberal conservadora –
projeto que foi derrotado pelo voto popular nas últimas quatro
eleições.



Correio da Cidadania: Estão sendo anunciadas diversas medidas
de cortes de gastos públicos, que impactarão áreas sociais.
Qual é a extensão real, a seu ver, do déficit público? E como
enxerga, primeiramente, as novas regras que estabelecem que
despesas de um ano não possam ser maiores do que a inflação do
ano anterior, ao lado da desvinculação das despesas com saúde
e educação como uma proporção da receita? São medidas de fato
necessárias para controlar o déficit fiscal?



Eduardo Fagnani: A crise financeira internacional de 2008
abalou a confiança, destruiu riqueza, paralisou o crédito e
levou à contração da atividade em quase todo o planeta. A
crise global do capitalismo, associada aos equívocos
domésticos, bem como ao fim de um ciclo de expansão ancorado
parcialmente no mercado interno, desaceleraram gradativamente
a economia ao longo do primeiro governo de Dilma Rousseff.
Mas, para os economistas liberais brasileiros, o mundo viajava
em "céu de brigadeiro" e os problemas econômicos eram
exclusivamente fruto do "excesso de intervenção do Estado". O
"terrorismo" econômico intensificou-se com a proximidade das
eleições de 2014. Com o apoio dos meios de comunicação,
criou-se um cenário de "crise terminal". O principal argumento
estava relacionado ao déficit primário de 0,6% do PIB ocorrido
em 2014. Essa construção ideológica não leva em conta que
entre 2002 e 2013 a relação dívida líquida/PIB reduziu-se
quase à metade (de 60% para 33% do PIB); e que o Brasil foi um
dos poucos países do mundo que gerou expressivos superávits
primários (em média, cerca de 3% do PIB ao ano).



Os países desenvolvidos e alguns emergentes incorreram em
expressivos déficits primários durante o período 2009-2014.
Nos casos dos EUA, Japão, Inglaterra e Índia, por exemplo, o
déficit primário anual médio nessa quadra atingiu,
respectivamente, -7%, -8,6%, -5,8% e -3,6% do PIB. Nos países
mais duramente afetados pela crise de 2008 (Irlanda, Portugal,
Espanha e Grécia, por exemplo), os patamares são
dramaticamente superiores. Se um país que gerou superávit
fiscal por mais de uma década e, num único ano, apresentou
déficit primário de apenas 0,6% do PIB, está em "crise
terminal" e imerso em dramática "irresponsabilidade fiscal", o
que dizer de países que desde 2009 apresentam déficits
primários elevadíssimos (EUA, Japão, Canadá, Reino Unido,
Portugal, Irlanda, Espanha, Grécia e Índia, por exemplo)? Qual
o problema de haver déficit primário de cerca de 1% ou 2% do
PIB ao ano, por exemplo, durante um curto período, para
enfrentar e superar o final de um ciclo econômico, sem perder
a perspectiva do longo prazo?



O fato grave é que, num contexto em que a comunicação do
governo Dilma optou por não disputar ideias, não enfrentar o
debate e sequer defendeu as suas ações, a narrativa liberal
passou a ser hegemônica junto à opinião pública. O próprio
governo alterou a sua rota e cometeu "haraquiri" após a
vitória eleitoral, ao ceder às pressões do mercado, adotar o
projeto derrotado nas urnas e colocar no Ministério da Fazenda
um dos porta-vozes do "terrorismo econômico". O atual
funcionário do FMI fez seu serviço, colocando o país, que não
estava em crise severa, numa grave recessão.



O governo Temer vai duplicar a aposta de Joaquim Levy. Vende a
ilusão de que sem ajuste fiscal nada será possível (baixar
juros, crescer, criar emprego etc.). Como disse o professor
Pedro Rossi, da Unicamp, para os liberais brasileiros o ajuste
fiscal (das contas primárias, que exclui as despesas
financeiras) transformou-se numa espécie de Posto Ipiranga.
Essa centralidade equivocada não é técnica nem é neutra. Ela
serve de justificativa para destruir o Estado Social e
implantar o Estado Mínimo liberal. "Não há alternativas",
voltam a sentenciar, a não ser ampliar as severas restrições
ao gasto social que estão em curso.



A ampliação da Desvinculação das Receitas da União (DRU) de
20% para 30%, recém-aprovada pelo Congresso, alastrou a
captura de recursos que a Constituição atrelava ao
financiamento da Seguridade Social e da Educação. Em breve,
outras mudanças constitucionais que visam acabar com a
vinculação de recursos fiscais para Saúde e Educação serão
enviadas para o Congresso. Mais grave é a Proposta de Emenda à
Constituição PEC 241/16 que congela gastos públicos por 20
anos. Chamada de "Novo Regime Fiscal", a PEC limita as
despesas primárias da União aos gastos do ano anterior
corrigidos pela inflação. Estudos realizados por especialistas
apontam que, se for adotada essa PEC, em dez anos haverá
redução de gastos superiores a 40% em áreas como saúde,
educação e previdência.



O dito "Novo Regime Fiscal" desestrutura por completo o Estado
Social. Se vier a ser aprovado e cumprido, inviabilizará a
vinculação de recursos (educação e saúde) e o atrelamento do
piso dos benefícios ao salário mínimo (Previdência e
Assistência Social). Na renegociação das dívidas com os
governos estaduais, o governo federal impôs o teto de gastos
para estes entes federativos, o que também afetará essas
áreas, dado o caráter cooperativo da gestão federativa em
áreas como educação, saúde e assistência social.





Correio da Cidadania: Por que seria tão brutal o impacto nas
áreas sociais, conforme os números apresentados aqui?






Eduardo Fagnani: Um corte brutal de gastos estimados em mais
de 40% em dez anos desarticulará ainda mais as ações dos
governos federal, estaduais e municipais em tais áreas. Eis um
dos "cavalos de Troia" para impor o Estado Mínimo: políticas
pobres dirigidas somente para os pobres definidos pelo
establishment internacional (o indivíduo que ganha menos de um
ou dois dólares por dia). O restante da população (os "não
pobres") que comprem serviços sociais no "mercado". O
propósito é desestruturar o Estado Social e impor o Estado
Mínimo liberal.



Com o fim da vinculação de recursos para a educação,
retrocederemos ao início dos anos 1930. Como se sabe, a
Constituição de 1934 introduziu a obrigatoriedade de União,
estados e municípios aplicarem percentuais mínimos das
receitas de impostos em educação. Esse dispositivo foi
excluído da Carta de 1937 e foi reincorporado na Constituição
de 1946. O regime militar manteve a obrigatoriedade apenas
para os municípios. Posteriormente, a Constituição de 1988
restabeleceu o mecanismo.



No caso da Saúde, voltaremos ao chamado "buraco negro" do
financiamento do SUS vivido no início dos anos de 1990, quando
o governo Itamar Franco decidiu utilizar integralmente as
contribuições de empregados e empregadores sobre a folha de
salários para cobrir os benefícios previdenciários. A
subtração dessa base financeira vigente desde a ditadura
comprometeu estruturalmente o início da implantação do SUS.
Este ‘buraco negro’ permaneceu até 1996, quando o Congresso
Nacional aprovou a Contribuição Provisória sobre Movimentações
Financeiras (CPMF).



Mas, como se sabe, uma vez aprovada como contribuição
"vinculada" ao SUS, a área econômica do governo FHC passou a
utilizar a CPMF segundo as conveniências da gestão das contas
públicas. Nesse cenário, ainda em meados dos anos 90,
parlamentares ligados ao movimento sanitário apresentaram
proposta de Emenda Constitucional que vinculava recursos à
saúde. Após longa tramitação, somente em 2002 foi aprovada a
Emenda Constitucional n. 29/2002 que estabeleceu vinculação
dos orçamentos nos três entes federativos. Agora, querem
enterrar essa emenda e restabelecer o "buraco negro".





Correio da Cidadania: Outra medida que vem sendo defendida é a
mudança no regime geral da Previdência, com aumento de idade
mínima e desvinculação do reajuste das aposentadorias do
ajuste do salário mínimo. Você poderia comentar quais são as
medidas que estão sendo estudadas e qual a avaliação que faz
sobre elas?






Eduardo Fagnani: Somos um dos países mais desiguais do planeta
e seremos campeões mundiais em exigências para aposentadoria.
Entre as medidas ensaiadas está a desvinculação do reajuste
dos benefícios ao piso do salário mínimo. Revisitaremos
práticas da ditadura militar, quando o governo corrigia os
benefícios previdenciários abaixo da inflação, o que corroía
sistematicamente o poder de compra dos aposentados. Para
enfrentar essa injustiça, os constituintes de 1988 instituíram
a exigência de que nenhum benefício seria inferior ao piso do
salário mínimo. Com a reforma Temer-Meirelles, os reajustes da
Previdência voltarão a ser corrigidos pela inflação ou por um
índice arbitrário fixado pela área econômica, que certamente
será inferior à inflação. Em poucos anos, o poder de compra
dos aposentados pode regredir significativamente. Como
consequência, os gastos da Previdência serão reduzidos e
recapturados para a gestão da dívida pública.



Outro item da reforma Temer-Meirelles é exigir para todos os
tipos de aposentadoria a idade mínima de 65 anos e 35 anos de
contribuição. Essa regra se aplicaria às mulheres – que,
atualmente se aposentam com 60 anos de idade – e para a
previdência rural – que, hoje, exige idade mínima de 60/55
anos (homem/mulher). A visão fiscalista não considera a
especificidade da inserção da mulher na sociedade e no mercado
de trabalho, nem as enormes heterogeneidades da zona rural
brasileira. Como se sabe, mais de 70% da pobreza extrema está
situada na zona rural do Nordeste. Temer-Meirelles querem
aplicar àquela zona rural nordestina o mesmo padrão de idade
que é exigido hoje na Dinamarca.



Também existe a intenção de transformar a Previdência Rural em
benefício assistencial, com a intenção de fixar o valor desse
benefício abaixo do piso do salário mínimo e sem regras
definidas para a correção monetária. O mesmo deve acontecer
com um benefício da assistência social, o Benefício de
Prestação Continuada, que atende 4 milhões de famílias cuja
renda familiar per capita é inferior a ¼ de salário mínimo.



A reforma Temer-Meirelles parece não respeitar sequer os
direitos adquiridos. O ministro da Fazenda e da Previdência
afirmou que direito adquirido seria "um conceito impreciso",
sinalizando que seria necessário incluir na reforma os
contribuintes que já estão no mercado de trabalho.



Correio da Cidadania: Como encara os argumentos, inclusive de
alguns setores progressistas, que de fato veem um problema
explosivo à frente com respeito às contas da Previdência, em
face do envelhecimento da população do Brasil, que já se faz
evidente?



Eduardo Fagnani: A experiência de países desenvolvidos revela
que a reforma da Previdência tem por objetivo aperfeiçoar o
sistema para enfrentar as transformações demográficas. Nesses
países, os direitos adquiridos são preservados. O acréscimo na
idade para a aposentadoria é gradual ou passa a valer para as
novas gerações que estão entrando no mercado de trabalho. Em
algumas nações, a idade de 67 anos será implantada num
horizonte temporal mais amplo.



Na Alemanha, por exemplo, a idade mínima para se aposentar
será gradualmente aumentada de 65 para 67 anos até 2029.
Seguindo a experiência internacional, o Brasil também deve
promover mudanças graduais no sistema de pensões para
ajustar-se ao envelhecimento da população.



É preciso alertar, no entanto, que reconhecer a necessidade de
reformas não implica aceitar o fatalismo demográfico muito
difundido pelos idealizadores da reforma. Por outro lado, os
ajustes devem ser fruto de amplo debate entre trabalhadores,
empresários e governos, sempre com o objetivo de buscar
aperfeiçoar o sistema. Nesse processo, não se pode perder de
vista o fato de que a Previdência Social é um dos pilares da
proteção social brasileira. Ela beneficia direta e
indiretamente mais de 90 milhões de pessoas (uma família com
três membros) e tem efeitos importantes na redução da pobreza
e da desigualdade social.



Entretanto, a reforma Temer-Meirelles não considera a questão
social e não tem por objetivo aperfeiçoar o sistema. O
propósito, unicamente fiscalista, é destruir o legado de 1988,
para recapturar cerca de 8% do PIB conquistado pelos
movimentos sociais das décadas de 1970 e 1980.



Ao colocar a Previdência dentro do Ministério da Fazenda –
fato inédito no mundo –, os detentores da riqueza deixam claro
que não precisam mais de intermediários. Não há necessidade
sequer de ministro da Previdência. A própria Fazenda vai
completar o serviço que tentam fazer desde 1989. Trata-se aí
de disputar recursos. O capital quer de volta a parcela
capturada pela sociedade há trinta anos.



É paradoxal que a reforma da Previdência seja vendida como
"solução" para os problemas fiscais de curto prazo. Se o
objetivo for aperfeiçoar o sistema, ela somente terá impactos
fiscais no longo prazo. Mas se o objetivo for obter efeitos
imediatos, nesse caso deve-se prever radicalismo predatório e
total desrespeito aos direitos adquiridos.





Correio da Cidadania: O que você poderia comentar também sobre
a Previdência dos servidores públicos, no que diz respeito aos
argumentos que vêm sendo arrolados para a sua reforma e o
sentido que possuem momento atual?



Eduardo Fagnani: A Reforma da Previdência do Setor Público
Federal já foi feita. Ela foi iniciada no Governo FHC (EC
20/1980); começou a ser regulamentada no início do governo
Lula (PEC 41/2003); e foi aprovada no governo Dilma Rousseff
(Lei 12.618/2012), com validade para os servidores que
ingressarem no serviço público após a aprovação da lei que
introduziu o "regime de capitalização" baseado na
"contribuição definida". As regras são exigentes, se se
considera o quadro internacional (65 anos de idade e 35 anos
de contribuição). Os efeitos na redução dos gastos serão
sentidos daqui a 30 anos. O que mais eles querem fazer?
Aumentar a exigência de idade para 67 anos? Também seremos
campeões mundiais nesta categoria?



Correio da Cidadania: Diante da situação em que está o país,
quais seriam as medidas econômicas mais adequadas, a seu ver,
para combater e contornar o déficit fiscal e ao mesmo tempo
enfrentar a crise econômica, de forma a começar a inverter a
curva recessiva?



Eduardo Fagnani: A medida principal e mais eficaz é fazer
crescer o Brasil, fazer crescer a economia. Com a economia em
queda livre, é impossível ter êxito em algum ajuste fiscal. O
declínio da arrecadação é sistematicamente superior ao corte
das despesas. O crescimento da economia exige ampliação de
investimentos e reforço do papel dos bancos públicos nos
financiamentos de longo prazo. A ampliação do déficit no curto
prazo seria compensada com o crescimento das receitas públicas
no médio prazo. Mas, aqui, as tradicionais políticas
anticíclicas passaram a ser criminalizadas. O "impeachment de
Keynes", ressaltado pelo Senador Lindbergh Faria (PT-RJ), está
em marcha.



O crescimento econômico requer, pelo menos, tornar flexíveis
os fundamentos doutrinários consubstanciados no tripé
macroeconômico, seguindo-se a vasta experiência internacional.
"Bandas" para a meta de superávit fiscal, excluir
investimentos do cálculo da meta do superávit primário,
ampliar o ano-calendário do Regime de Metas de Inflação,
realizar o cálculo da inflação pelo núcleo de preços (proteção
contra choques conjunturais de oferta), estabelecer duplo
mandato do banco central (estabilidade de preços e emprego) e
controle do câmbio são exemplos de medidas adotadas por
diversos países, antes mesmo da crise financeira de 2008.
Aqui, caminhamos na direção contrária. Temer-Meirelles querem
aprofundar a gestão ortodoxa do tripé.



O crescimento e o ajuste fiscal também requerem redução da
taxa de juros que transferiu para os detentores da riqueza R$
500 bilhões em 2015 (equivalente a mais de 50 anos de gastos
federais em saneamento, por exemplo). Não existem
justificativas técnicas para que o Brasil (com dívida bruta de
66,2% do PIB) pague 8,5% de juros, enquanto que a Grécia,
literalmente quebrada, com dívida bruta/PIB quase três vezes
superior (197% do PIB), pague menos da metade (4,2% do PIB).
Por que não impõem tetos para despesas com juros?



O ajuste fiscal pode ser obtido pela radical revisão da
política de isenções fiscais para setores econômicos
selecionados e famílias de alta renda. Essa política retira R$
280 bilhões anuais dos cofres da União. Isso significa que
anualmente o governo federal simplesmente abre mão de
arrecadar 25% das suas receitas.



O combate ao déficit fiscal também requer fortalecer o Estado
para combater a sonegação de impostos que, segundo estudos do
Banco Mundial, atinge 14% do PIB (cerca de R$ 800 bilhões
anuais deixam de ser arrecadados). Na mesma perspectiva,
coloca-se a necessidade de cobrar a dívida ativa, cujo estoque
supera a cifra de um trilhão de reais. Estudos recentes
revelam que apenas 135 pessoas físicas e jurídicas devem mais
de R$ 370 bilhões ao fisco.



Finalmente, o ajuste fiscal pode ser viabilizado mediante uma
reforma tributária que incida sobre lucros, dividendos,
heranças e patrimônio. Estudos realizados por Rodrigo Orair e
Sergio Gobetti, pesquisadores do IPEA, revelam que 71 mil
cidadãos, cujos rendimentos atingiram R$ 297,93 bilhões em
2013 (renda per capita de R$ 4,170 milhões por ano), pagaram
de impostos apenas 6,51% de sua renda. Isto ocorre porque
65,8% da renda total são rendimentos considerados isentos e
não tributáveis pela legislação brasileira do Imposto de Renda
(IR), como é o caso dos lucros e dividendos, por exemplo.



Esse grupo de contribuintes, que representa 0,3% do total de
contribuintes do IR (0,05% da população economicamente ativa),
foi responsável por 14% de toda a renda declarada pelos
contribuintes ao fisco (mais de 26 milhões de pessoas
apresentaram declaração de imposto de renda no ano
considerado).



Portanto, do ponto de vista técnico, existem alternativas. Mas
a questão é política e reflete a correlação de forças
favoráveis aos detentores da riqueza, dentro e fora do
governo.



Correio da Cidadania: O que se pode esperar das medidas do
governo como resposta à crise que continua a paralisar o país
e provocar desemprego? Como enxerga a economia do país a curto
e médio prazos?



Eduardo Fagnani: O objetivo não é crescer e gerar emprego.
Isso é conversa para boi dormir. O objetivo é "colocar a
inflação no centro da meta" pela manutenção das taxas de juros
elevadas e pelo aprofundamento do ajuste fiscal (corte de
despesas não financeiras). Isso limita o crescimento,
aprofunda o desemprego e a queda da renda do trabalho. Por sua
vez, a degradação do mercado de trabalho é funcional para
combater a inflação. Desde 2013, diversos economistas liberais
alertam sobre a dificuldade de reduzir a inflação com pleno
emprego. Era preciso demitir, profetizavam.



Mas a recessão tem outras serventias. Desde 2015, ela tem sido
eficaz para realimentar a crise política e insuflar as ações
golpistas e antidemocráticas em curso. Ademais, ela é
funcional para rebaixar os custos trabalhistas, liquidar em
poucos anos o legado social dos governos petistas, construído
por mais de uma década, criminalizar quaisquer políticas
distributivas (declaradas "populistas", "irresponsáveis" e
"bolivarianas") e, por consequência, todos os partidos
políticos e movimentos de esquerda.



A recessão também é funcional para implantar o Estado Mínimo
liberal, pois “não há alternativa” a não ser o severo corte de
gastos "obrigatórios" nas políticas sociais universais,
liquidando com a ordem social instituída pela Constituição de
1988, uma oportunidade para que os rentistas concluam, em
poucos anos, o serviço que vêm tentando fazer desde a
Assembleia Nacional Constituinte dos anos de 1980. Nessa
linha, não se recomenda crescimento. Por que crescer? Talvez
se observe algum esforço socialmente benéfico a partir do
final de 2017, para tentar ganhar as eleições de 2018.



In
CORREIO DA CIADANIA
http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=11781:2016-06-28-23-40-33&catid=34:manchete
28/6/2016

terça-feira, 28 de junho de 2016

Why the British said no to Europe



Why the British said no to Europe


By John Pilger

The majority vote by Britons to leave the European Union was an act of raw
democracy. Millions of ordinary people refused to be bullied, intimidated and
dismissed with open contempt by their presumed betters in the major parties, the
leaders of the business and banking oligarchy and the media.

This was, in great part, a vote by those angered and demoralised by the sheer
arrogance of the apologists for the “remain” campaign and the dismemberment of a
socially just civil life in Britain. The last bastion of the historic reforms of
1945, the National Health Service, has been so subverted by Tory and
Labour-supported privateers it is fighting for its life.

A forewarning came when the Treasurer, George Osborne, the embodiment of both
Britain’s ancient regime and the banking mafia in Europe, threatened to cut £30
billion from public services if people voted the wrong way; it was blackmail on
a shocking scale.

Immigration was exploited in the campaign with consummate cynicism, not only by
populist politicians from the lunar right, but by Labour politicians drawing on
their own venerable tradition of promoting and nurturing racism, a symptom of
corruption not at the bottom but at the top. The reason millions of refugees
have fled the Middle East – irst Iraq, now Syria – are the invasions and
imperial mayhem of Britain, the United States, France, the European Union and
Nato. Before that, there was the wilful destruction of Yugoslavia. Before that,
there was the theft of Palestine and the imposition of Israel.

The pith helmets may have long gone, but the blood has never dried. A nineteenth
century contempt for countries and peoples, depending on their degree of
colonial usefulness, remains a centrepiece of modern “globalisation”, with its
perverse socialism for the rich and capitalism for the poor: its freedom for
capital and denial of freedom to labour; its perfidious politicians and
politicised civil servants.

All this has now come home to Europe, enriching the likes of Tony Blair and
impoverishing and disempowering millions. On 23 June, the British said no more.

The most effective propagandists of the “European ideal” have not been the far
right, but an insufferably patrician class for whom metropolitan London is the
United Kingdom. Its leading members see themselves as liberal, enlightened,
cultivated tribunes of the 21st century zeitgeist, even “cool”. What they really
are is a bourgeoisie with insatiable consumerist tastes and ancient instincts of
their own superiority. In their house paper, the Guardian, they have gloated,
day after day, at those who would even consider the EU profoundly undemocratic,
a source of social injustice and a virulent extremism known as “neoliberalism”.

The aim of this extremism is to install a permanent, capitalist theocracy that
ensures a two-thirds society, with the majority divided and indebted, managed by
a corporate class, and a permanent working poor. In Britain today, 63 per cent
of poor children grow up in families where one member is working. For them, the
trap has closed. More than 600,000 residents of Britain’s second city, Greater
Manchester, are, reports a study, “experiencing the effects of extreme poverty”
and 1.6 million are slipping into penury.

Little of this social catastrophe is acknowledged in the bourgeois controlled
media, notably the Oxbridge dominated BBC. During the referendum campaign,
almost no insightful analysis was allowed to intrude upon the clichéd hysteria
about “leaving Europe”, as if Britain was about to be towed in hostile currents
somewhere north of Iceland.

On the morning after the vote, a BBC radio reporter welcomed politicians to his
studio as old chums. “Well,” he said to “Lord” Peter Mandelson, the disgraced
architect of Blairism, “why do these people want it so badly?” The “these
people” are the majority of Britons.

The wealthy war criminal Tony Blair remains a hero of the Mandelson “European”
class, though few will say so these days. The Guardian once described Blair as
“mystical” and has been true to his “project” of rapacious war. The day after
the vote, the columnist Martin Kettle offered a Brechtian solution to the misuse
of democracy by the masses. “Now surely we can agree referendums are bad for
Britain”, said the headline over his full-page piece. The “we” was unexplained
but understood – just as “these people” is understood. “The referendum has
conferred less legitimacy on politics, not more,” wrote Kettle. ” … the verdict
on referendums should be a ruthless one. Never again.”

The kind of ruthlessness Kettle longs for is found in Greece, a country now
airbrushed. There, they had a referendum and the result was ignored. Like the
Labour Party in Britain, the leaders of the Syriza government in Athens are the
products of an affluent, highly privileged, educated middle class, groomed in
the fakery and political treachery of post-modernism. The Greek people
courageously used the referendum to demand their government sought “better
terms” with a venal status quo in Brussels that was crushing the life out of
their country. They were betrayed, as the British would have been betrayed.

On Friday, the Labour Party leader, Jeremy Corbyn, was asked by the BBC if he
would pay tribute to the departed Cameron, his comrade in the “remain” campaign.
Corbyn fulsomely praised Cameron’s “dignity” and noted his backing for gay
marriage and his apology to the Irish families of the dead of Bloody Sunday. He
said nothing about Cameron’s divisiveness, his brutal austerity policies, his
lies about “protecting” the Health Service. Neither did he remind people of the
war mongering of the Cameron government: the dispatch of British special forces
to Libya and British bomb aimers to Saudi Arabia and, above all, the beckoning
of world war three.

In the week of the referendum vote, no British politician and, to my knowledge,
no journalist referred to Vladimir Putin’s speech in St. Petersburg
commemorating the seventy-fifth anniversary of Nazi Germany’s invasion of the
Soviet Union on 22 June, 1941. The Soviet victory – at a cost of 27 million
Soviet lives and the majority of all German forces – won the Second World War.

Putin likened the current frenzied build up of Nato troops and war material on
Russia’s western borders to the Third Reich’s Operation Barbarossa. Nato’s
exercises in Poland were the biggest since the Nazi invasion; Operation Anaconda
had simulated an attack on Russia, presumably with nuclear weapons. On the eve
of the referendum, the quisling secretary-general of Nato, Jens Stoltenberg,
warned Britons they would be endangering “peace and security” if they voted to
leave the EU. The millions who ignored him and Cameron, Osborne, Corbyn, Obama
and the man who runs the Bank of England may, just may, have struck a blow for
real peace and democracy in Europe.

By John Pilger


In
TUAEU
http://www.tuaeu.co.uk/why-the-british-said-no-to-europe/
June 2016

Porque os britânicos disseram não à Europa



por John Pilger

O voto maioritário dos britânicos a favor do abandono da União Europeia
foi um acto de democracia pura. Milhões de pessoas comuns recusaram-se a
serem ameaçadas, intimidadas e descartadas pelo desrespeito descarado dos
seus supostos líderes à frente dos principais partidos, dos negócios, da
oligarquia bancária e dos media.

Este foi, em grande parte, um voto dos irados e desmoralizados pela
arrogância absoluta dos que defendiam a campanha da "permaneça"
("remain") e do despedaçar de uma vida civil socialmente justa na
Grã-Bretanha. O último bastião das reformas históricas de 1945, o Serviço
Nacional de Saúde, foi tão subvertido pela privataria apoiada pelo Tory e
pelo Labour que agora tem de combater pela sua sobrevivência.

Uma advertência prévia surgiu quando o ministro das Finanças, George
Osborne, encarnação tanto do antigo regime britânico como da máfia
bancária na Europa, ameaçou cortar 30 mil milhões de libras dos serviços
públicos se o povo votasse do modo errado. Foi chantagem numa escala
chocante.

A imigração foi explorada na campanha com perfeito cinismo, não só por
políticos populistas da direita como por políticos do Labour que se
inspiraram na sua própria venerável tradicional de promover e alimentar o
racismo, um sintoma de corrupção não na base e sim no topo. A razão porque
milhões de refugiados fugiram do Médio Oriente – primeiro do Iraque,
agora da Síria – está nas invasões e no caos imperial provocado pela
Grã-Bretanha, Estados Unidos, França, União Europeia e NATO. Antes disso,
houve a deliberada destruição da Jugoslávia. E antes ainda houve o roubo
da Palestina e a imposição de Israel.

Os capacetes de cortiça podem ter desaparecido, mas o sangue nunca secou.
Um desprezo desde o século XIX por países e povos, dependendo do seu grau
de utilidade colonial, permanece como uma peça central da moderna
"globalização", com o seu perverso socialismo para os ricos e capitalismo
para os pobres: sua liberdade para o capital e negação de liberdade para o
trabalho; seus políticos pérfidos e funcionários públicos politizados.

Tudo isto agora volta à Europa, enriquecendo os amigos de Tony Blair e
empobrecendo e despojando milhões. Em 23 de Junho, os britânicos disseram
basta.

Os propagandistas mais eficazes do "Ideal europeu" não foram os da
extrema-direita, mas sim uma insuportável classe aristocrática para quem a
Londres metopolitana é o Reino Unido. Seus membros principais vêem-se como
liberais, esclarecidos, oradores cultos do espírito (zeitgeist) do
século XXI, mesmo "brilhantes". O que realmente são é uma burguesia com
gostos consumistas insaciáveis e instintos antigos quanto à sua própria
superioridade. No seu jornal de empresa, o Guardian, eles olharam
triunfantes, dia após dia, aqueles que consideravam a UE profundamente
anti-democrático, uma fonte de injustiça social e de um extremismo
virulento conhecido como "neoliberalismo".

O objectivo deste extremismo é instalar uma teocracia capitalista
permanente para assegurar que dois terços da sociedade, com uma maioria
dividida e endividada, sejam administrados por uma classe corporativa,
com trabalhadores permanentemente pobres. Na Grã-Bretanha de hoje, 63 por
cento das crianças pobres crescem em famílias onde um membro está na
força de trabalho. Para eles, a armadilha fechou-se. Mais de 600 mil
residentes na segunda cidade britânica, a Grande Manchester, estão,
informa um estudo, "a experimentar os efeitos da pobreza extrema" e 1,6
milhão estão a deslizar para a penúria.

Pouco desta catástrofe social é reconhecida nos media controlados pela
burguesia, nomeadamente os elitistas que dominam a BBC. Durante a campanha
do referendo, quase nenhuma análise informativa foi permitida
intrometer-se na histeria acerca de "abandonar a Europa", como se a
Grã-Bretanha estivesse prestes a ser arrastada por correntes hostis para
algum lugar a norte da Islândia.

Na manhã seguinte à votação, o repórter de rádio da BBC deu boas vindas a
políticos no seu estúdio como se fossem velhos amigos. "Bem", disse ele
para "Lorde" Peter Mandelson, o desgraçado arquitecto do blairismo,
"porque este povo quis isto tão tristemente?" O "este povo" é a maioria
dos britânicos.

O criminoso de guerra ricaço Tony Blair permanece um herói da classe
"europeia" de Mandelson, embora poucos ousem dizê-lo nestes dias. O
Guardian certa vez descreveu Blair como "místico" e tem sido fiel ao seu
"projecto" de guerra de rapina. No dia seguinte à votação, o colunista
Martin Kettle propôs uma solução brechtiana para o mau uso da democracia
pelas massas. "Agora certamente podemos concordar em que referendos são
maus para a Grã-Bretanha", dizia a manchete em cima do seu artigo de
página inteira. O "nós" não foi explicado mas foi entendido – assim como
"este povo" é entendido. "O referendo conferiu menos legitimidade à
política, não mais", escreveu Kettle. "... o veredicto sobre referendos
deveria ser implacável. Nunca mais".

A espécie de brutalidade de que Kettle sente saudade é encontrada na
Grécia, um país agora vaporizado. Ali, eles tiveram um referendo e o
resultado foi ignorado. Tal como o Labour Party na Grã-Bretanha, os
líderes do governo Syriza em Atenas são os produtos de uma classe média
educada, rica, altamente privilegiada, tratada na falsificação e traição
política do pós-modernismo. O povo grego corajosamente utilizou o
referendo para pedir ao seu governo "melhores condições" em relação a um
status quo venal em Bruxelas que estava a esmagar a vida do seu país. Ele
foi traído, assim como os britânicos teriam sido traídos.

Na sexta-feira, a BBC perguntou ao líder do Labour Party, Jeremy Corbyn,
se ele prestaria homenagem de despedida a Cameron, seu camarada na
campanha do "permanece". Corbyn repugnantemente louvou a "dignidade" de
Cameron e chamou a atenção para o seu apoio ao casamento gay e as suas
desculpas às famílias irlandesas enlutadas pelo Bloody Sunday . Ele nada
disse acerca da tendência para a discórdia de Cameron, suas políticas de
austeridade brutal, suas mentiras acerca de "proteger" o Serviço de Saúde.
Nem tão pouco recordou pessoas que prepararam guerras no governo Cameron:
o despacho de forças especiais britânicas para a Líbia e os tripulantes
britânicos que faziam pontaria para bombas da Arábia Saudita e, acima de
tudo, o aceno à terceira guerra mundial.

Na semana da votação do referendo, nenhum político britânico e, que eu
saiba, nenhum jornalista referiu-se ao discurso de Vladimir Putin em S.
Petesburgo comemorativo do 75º aniversário da invasão da União Soviética
pela Alemanha nazi em 22 de Junho de 1941. Foi a vitória soviética – a um
custo de 27 milhões de vidas soviética e [enfrentando] a maior parte do
conjunto das forças alemãs – que venceu a Segunda Guerra Mundial.

Putin comparou a actual acumulação frenética de tropas e material de
guerra da NATO nas fronteiras ocidentais da Rússia à Operação Barbarossa
do Terceiro Reich . Os exercícios da NATO na Polónia foram os maiores
desde a invasão nazi; a Operação Anaconda simulou um ataque à Rússia,
presumivelmente com armas nucleares. Na véspera do referendo, o
colaboracionista (quisling) secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg,
advertiu os britânicos de que eles estariam a por "a paz e a segurança" em
perigo se votassem pelo abandono da UE. Os milhões que o ignoraram, assim
como ignoraram Cameron, Osborne, Corby, Obama e o homem que dirige o Banco
da Inglaterra, podem ter dado uma bofetada a favor da paz e da democracia
reais na Europa.
O original encontra-se em
www.tuaeu.co.uk/why-the-british-said-no-to-europe/


In
RESISTIR.INFO
http://resistir.info/pilger/pilger_27jun16.html
28/6/2016

Trabalhadores e Estudantes das Universidades Estaduais de MG estão em luta


Intersindical


Veja abaixo o documento construido pelas três categorias e divulgado pelo
Sindicato dos Professores das Universidades Estaduais Mineiras sobre as pautas
de reivindicação.

Todo apoio aos trabalhadores e estudantes em luta!



GREVE nas universidades estaduais mineiras, Universidade do Estado de Minas
Gerais (UEMG) e Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) completou
mais de cinquenta dias. As universidades estaduais mineiras, passam por uma
crise devido ao descaso dos sucessivos governos estaduais em relação ao ensino
superior público no Estado de Minas Gerais. As negociações com o governo atual
iniciadas em 2015, não avançaram. Em resposta a esta situação crítica, docentes
das unidades Ibirité e Frutal da UEMG e da UNIMONTES deflagraram um movimento
grevista. Os estudantes estão ocupados e mobilizados em apoio à Greve e
apresentaram sua pauta de reivindicações. Os técnicos administrativos e
analistas também estão se organizando e mobilizando em torno de suas pautas e
demandas específicas.

Pauta dos Professores:

Reajuste imediato dos vencimentos, para reparar as perdas ocorridas desde
2011;


Implementação de políticas efetivas de assistência estudantil;


Realização de concursos públicos em fluxo contínuo, de acordo com as demandas
dos departamentos e organizados pela própria universidade, garantindo ainda a
manutenção da vaga na instituição de origem;


Reparação de danos materiais e morais aos professores atingidos pela Lei 100;


Incorporação das gratificações ao vencimento básico;


Dotação orçamentária baseada na Receita Corrente Líquida do Estado, garantindo
autonomia universitária;


Implementação das Estatuintes nas Universidades Estaduais;


Revisão da Lei 15.463, que regulamenta a carreira:


- Imediato reconhecimento da titulação e recolocação ao nível correspondente,
independente do período do estágio probatório;

- Progressão do regime de trabalho de 20h para 40h sob parecer favorável do
departamento onde o docente esteja lotado e aprovação da Unidade Acadêmica;

- Dedicação Exclusiva (DE) como carreira preferencial docente.



Pauta dos Técnicos Administrativos:

Receber pela titulação – Mudança de nível diretamente para o nível
correspondente à titulação após período probatório;


Revisão da Lei 15.463/2005 para reestruturação do plano de carreira;


Reajuste de salário (40%);


Redução de carga horária de trabalho para 30 horas semanais sem redução de
salários;


Concessão de vale transporte para Unidades não pertencentes a BH e região
metropolitana;


Insalubridade para técnicos que atuam diretamente nos laboratórios. Art. 13.
§1º da Lei 10.745, de 25/05/1992 e decreto nº 39.032, de 8/9/199;


Adicional noturno – acréscimo de 20% ao valor da hora de trabalho após as
22horas sobre o vencimento básico. Art. 12 da Lei nº 10.745 de 25/5/1992
Decreto nº 46.038, de 5/9/2012, alterado pelo Decreto nº 46.057, de 3/09/2012.




Pauta dos Estudantes:

Criação de lei/decreto por parte do governo que destine e garanta dotações e
recursos à operacionalização e à manutenção de atividades necessárias ao
desenvolvimento das Universidades do Estado no valor mínimo de 2% da receita
orçamentária corrente ordinária do Estado ou de 10% do ICMS arrecadado do
estado de Minas Gerais.


Implementação da Assistência Estudantil nos moldes de outras Universidades
Públicas do País, com a disposição de alojamentos para estudantes e a
estrutura correta para recebê-los, identidade estudantil e meio passe.


Mudança do texto do artigo 4º da PL3507/16, passando todos os bens imóveis e
móveis da fundação Hidroex para a UEMG-Frutal, a fim de garantir a primeira
grande estrutura da UEMG e o avanço do ensino superior de Minas Gerais.


Maior atenção da reitoria às Unidades, ampliando a comunicação reitoria/aluno
e diminuindo as divergências entre direção das unidades e reitoria. Sendo
assim, mudança da política posta até agora pela reitoria.


Criação de departamentos em todas as unidades da UEMG de forma democrática.


Que seja respeitada a autonomia dos departamentos das unidades no que concerne
a elaboração de editais para contratação de professores, como também na
dispensa dos mesmos.


Coerência no processo de seleção de projetos de pesquisa e extensão, com
avaliadores com formação próxima ou específica na linha de pesquisa do projeto
submetido.


Descentralização das decisões administrativas e pedagógicas da UEMG.
Respeitando as peculiaridades de cada unidade.


Maior repasse para as unidades que contam com baixíssimo orçamento.


Maior autonomia da UEMG em relação SECTES e SEPLAG, respeitando a autonomia da
Universidade, como descrito na Constituição Mineira de 1989, LEI n.º 11.539,
DE 22 DE JULHO DE 1994 Art. 1º. "A Universidade do Estado de Minas Gerais –
UEMG –, criada pelo artigo 81 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias das Constituição do Estado, é uma autarquia de regime especial,
pessoa jurídica de direito público, com sede e foro em Belo Horizonte, tem
patrimônio e receita próprios e goza de autonomia didático-cientifica,
administrativa e disciplinar, incluída a gestão financeira e patrimonial".


Criação de programas de monitorias como descrito no estatuto e regimento da
universidade.


Isenção ou redução nas taxas de emissão de documentos.


Autonomia dos diretórios acadêmicos para realizar atividades culturais que
envolva a obtenção de lucros para sua autogestão, autonomia para utilização do
espaço físico em suas demandas.


Desburocratização de atividades relacionadas ao espaço das unidades.




As entidades e organizações que subscrevem este documento manifestam seu apoio e
solidariedade a pauta de reivindicação dos estudantes, técnicos administrativos,
analistas e docentes das universidades estaduais mineiras (UEMG e UNIMONTES).
Cobramos do Governador do Estado de Minas Gerais Fernando Pimentel, dos seus
secretários e dos reitores da UEMG e da UNIMONTES, o atendimento às justas
reivindicações apresentadas pelos técnicos administrativos e analistas e pelas
entidades representativas dos estudantes e docentes da UEMG e UNIMONTES.

Belo Horizonte, 24 de junho de 2016.

Diretoria executiva ADUEMG

In
INTERSINDICAL
http://www.intersindical.org.br/mobilizacao/noticias2/item/1184-trabalhadores-e-estudantes-das-universidades-estaduais-de-mg-estão-em-luta
26/6/2016

segunda-feira, 27 de junho de 2016

O resultado do referendo britânico sobre a saída da UE





por KKE

O resultado do referendo britânico demonstra o descontentamento crescente
da classe trabalhadora e das forças populares com a União Europeia e suas
políticas anti-povo. Contudo, essas forças têm que se desembaraçar das
escolhas dos sectores e forças políticas da burguesia e assumir um
carácter radical e anti-capitalista.

O resultado assinala a dissipação das expectativas fomentadas pelos
partidos burgueses – também na Grécia – de que, com os mecanismos da União
Europeia, os povos europeus prosperariam dentro de sua moldura.

O facto de que a saída de um país da União se tenha constituído em um
debate tão intenso – ainda mais um país com a importância da Grã-Bretanha
– deve-se, por um lado, às contradições internas da UE e às assimetrias de
suas diversas economias, e por outro lado, à confrontação em curso entre
os centros imperialistas, que se agudiza em condições de recessão
económica. Tais fatores reforçam o assim chamado eurocepticismo e dão
origem não somente a tendências secessionistas, mas também de tendências a
modificações nas formas de administração política da UE e da Eurozona.

Os veículos do eurocepticismo reacionário são os partidos nacionalistas,
racistas e fascistas, como o UK Independence Party (UKIP) de Nigel Farage,
a Frente Nacional de Jean-Marie e Marine Le Pen em França, a "Alternativa
para a Alemanha" e organizações similares na Áustria, Hungria e Grécia,
como por exemplo o partido fascista Aurora Dourada, a Unidade Nacional de
Giorgios Karatzaferis e outros. Mas o eurocepticismo também é expresso por
partidos que se rotulam como esquerda, que criticam ou rejeitam a UE e o
Euro, apoiam moedas nacionais e buscam outras alianças imperialistas, numa
estratégia que opera dentro da moldura capitalista.

Essas contradições e antagonismos permeiam as classes burguesas de todos
os Estados membros da União Europeia. Os processos económicos e políticos
que terão lugar tanto na Grã-Bretanha como no resto da União e as
negociações acerca da posição da burguesia britânica nos dias seguintes
ao referendo poderão levar a novos acordos temporários entre a UE e a
Grã-Bretanha. O que se pode ter por certo é que enquanto houver a
permanência da propriedade capitalista dos meios de produção e o poder
burguês, tais desenvolvimentos virão acompanhados por novos sacrifícios
dolorosos para a classe trabalhadora e as forças populares.

O resultado do referendo britânico expõe as outras forças políticas na
Grécia, que glorificaram a participação do país na UE durante anos a fio,
apresentando-a como um processo irreversível ou semeando ilusões acerca
de uma "Europa mais justa e democrática". Também expõe as forças que
consideram que a moeda nacional seja uma panaceia que levará à
prosperidade do povo. A Grã-Bretanha, com sua libra esterlina, adoptou as
mesmas medidas anti-povo e contra as classes trabalhadoras que tiveram
lugar nos outros países da Eurozona. E continuará a adoptá-las fora da
União Europeia, uma vez que seus monopólios seguirão tendo necessidade de
ser competitivos e rentáveis.

É certo que nos próximos dias as vozes e as "lágrimas" multiplicar-se-ão,
tanto por parte do governo SYRIZA-ANEL quanto dos outros partidos
burgueses, sobre a "necessidade de restabelecer a UE", sobre "o descaminho
da UE e a necessidade do retorno às raízes" etc. Contudo, a UE, desde sua
criação, foi e segue sendo uma aliança reacionária das classes burguesas
da Europa capitalista, com o objetivo de sangrar à morte as classes
trabalhadoras e saquear outros países do mundo, no quadro da competição
com os demais centros do imperialismo. Não é, e não será, um arranjo
permanente. A desigualdade e a competição capitalistas e a mudança na
correlação de forças irá, mais cedo ou mais tarde, fazer aflorar as
contradições, que não mais poderão ser superadas por compromissos frágeis
e temporários. Simultaneamente, novos fenómenos e processos de formação de
novas alianças reacionárias frutificarão no terreno do capitalismo.

Os interesses do povo grego, do povo britânico e de todos os povos da
Europa não podem ser abrigados sob "falsas bandeiras". Não podem ser
postos sob as bandeiras dos diversos sectores da burguesia, que
estabelecem suas escolhas e suas alianças de acordo com seus próprios
interesses e com base na maior exploração possível dos trabalhadores. A
necessária condenação da aliança predatória do capital e a luta pelo
desmembramento de todos os países da União Europeia, para ser efetiva, tem
de estar conectada à necessária derrubada do poder do capital pelo poder
dos trabalhadores. A aliança social da classe trabalhadora e as demais
camadas populares, o reagrupamento e o fortalecimento do movimento
comunista internacional são precondições para pavimentar o caminho que
levará a essa esperança.

Gabinete de Imprensa do CC do KKE


24/junho/2016

Ver também:
Sobre a vitória da saída da União Europeia no referendo realizado no
Reino Unido

Nous exigeons un référendum permettant au peuple français de rompre
définitivement avec la dictature européenne!

A versão em inglês encontra-se em inter.kke.gr/... . Tradução de LL.

In
RESISTIR.INFO
http://resistir.info/gb/nota_kke_24jun16.html
24/6/2016

sábado, 25 de junho de 2016

Um gigantesco abalo numa União Europeia em crise






Resistir.info Nota dos Editores



A Grã-Bretanha votou de forma inequívoca pela saída da UE. Mas se a opção
“Brexit” foi clara, é ainda muito cedo para retirar conclusões acerca do
significado profundo deste importantíssimo acontecimento, cujas repercussões
futuras provocarão um profundo abalo na UE.

E será necessário repetir o que é efectivamente esta UE: a “Europa” do capital
monopolista, inimiga dos direitos dos trabalhadores e da soberania dos povos,
imperialista, neocolonialista, pilar “europeu” das agressões militares e dos
planos de guerra da NATO. A UE de um capitalismo afundado na crise, cujas
contradições internas não cessam de se agudizar.

Pela primeira vez um país soberano pronunciou-se sobre a saída da UE. E a
importância que o grande capital transnacional atribuía ao voto pela permanência
fica bem clara se lembrarmos que, de Obama a Hollande, de Merkel a George Soros,
não houve figura de peso do sistema capitalista global que não interviesse na
campanha. Nesse sentido, é também o que essas figuras significam que sofreu uma
pesada derrota.

David Cameron, que se aventurou na convocação do referendo para negociar com a
UE em posição de força - e com isso conseguiu no início deste ano um acordo
especial particularmente retrógado - demitiu-se, depois de uma campanha em que
recuou em toda a linha. O reaccionário Boris Johnson, que fez campanha pela
saída, veio já dizer que não há pressa em sair. A comissão europeia
respondeu-lhe de imediato que quanto mais depressa saia, menor será a
“incerteza”.

Os grandes media internacionais promoveram uma campanha verdadeiramente
terrorista acerca das “devastadoras consequências”, nacionais e internacionais,
que o Brexit teria. Os grandes media portugueses intervieram activamente nessa
linha. O grande capital não permite que qualquer debate sobre a UE não seja de
imediato inquinado. Mas é significativo do beco sem saída em que a UE se
encontra que só lhe seja possível utilizar argumentos negativos, do “colapso
económico” à “ameaça terrorista”.

A história da UE é a de desrespeito pelo resultado de qualquer referendo que lhe
seja desfavorável, o que significa que este processo está longe de ter ficado
encerrado. Mas o que a UE, nas actuais condições, dificilmente poderá conter é o
generalizado descontentamento e insatisfação perante a situação existente.
Descontentamento que está longe de identificar com acerto as suas causas, e que
por esse facto envolve graves riscos. Mas que contém também um valioso
potencial, se a luta dos trabalhadores e dos povos lhe der o sentido da ruptura
com um sistema apodrecido e sem saída.

Os Editores de odiario.info

In
O DIARIO.INFO
http://www.odiario.info/um-gigantesco-abalo-numa-uniao-europeia/
24/6/2016

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Tenha esperança, agora é possível outra Grã-Bretanha e outra Europa




Tenha esperança, agora é possível outra Grã-Bretanha e outra Europa

por TUAEU [*]

Fora da UE podemos prosseguir o assunto essencial de reconstruir nossa
indústria manufactureira, nacionalizar nossas ferrovias, serviços
postais, empresas de utilidade pública e companhias de energia; podemos
reinvestir nos nossos serviços públicos e nas pessoas que os
providenciam. Podemos proteger nosso Serviço Nacional de Saúde do TTIP ou
de qualquer coisa equivalente, podemos desenvolver nossas escolas sob
controle público e começar a providenciar segurança de emprego e salários
decentes e pensões para todos.

Os apoiantes do Trade Unionists Against the EU (TUAEU) quando falavam ao
país sabiam que o povo estava farto das consequências da
desindustrialização, da austeridade, congelamentos de pagamentos, pioria
das pessoas e do sentimento de impotência que acompanhou o desemprego em
massa, o trabalho precário, a pobreza e o estar sujeito a decisores cada
vez mais distantes da responsabilização democrática.

Durante 40 anos foi-nos negado um voto sobre a UE. Ao longo desse tempo
ela tornou-se mais remota, mais centralizada, mais submetida aos bancos e
grandes corporações e mais indiferente à democracia. Seus pais fundadores,
como Monnet, sempre foram claros que era um projecto destinado a "abolir o
estado nação".

Seus sucessores, como o actual presidente da UE, Junkers, o qual
transformou um país chamado Luxemburgo em nada mais do que um paraíso
fiscal, herdou este ódio às nações e à democracia do povo. Portanto, a
votação de referendo britânico sacudiu todo o seu projecto até ao seu
âmago.

Esperamos outros apelos a referendos por todos os países da UE vindos de
populações que nunca tiveram uma oportunidade de votar sobre a adesão e
de algumas que o fizeram mas agora lamentam.

No movimento sindical estamos habituados à prática democrática. Foram
nossos antecessores que estabeleceram o sufrágio universal e conceitos de
democracia participativa e representativa nos nossos lugares de trabalho e
organizações comunitárias.

Defendemos que os nossos líderes sejam responsabilizados pelas suas
acções e os mandatamos para fazer o que o colectivo deseja que façam.
Isso é o que exigimos agora a todo o país que seja implementado.

Nenhuns obstáculos deveriam ser postos no caminho por uma Câmara dos
Comuns dominada por aqueles que fizeram campanha pela permanência.

Obstáculos no caminho serão colocados pelos bancos, parasitas e
especuladores. Eles estiveram ocupados durante toda a noite do referendo
a fazerem apostas sobre isto e aquilo. E não é incrível que um voto do
povo de Sunderland [NR] possa afecta o valor do esterlino. Que poder temos
nós!

Os magnatas do mercado do dinheiro, que foram os principais apoiantes da
permanência, são altamente voláteis e preparam-se para outro crash. A
culpa disto sem dúvida será atribuída ao bom povo de Sunderland e àqueles
como eles.

O povo britânico, como esperava o TUAEU, decidiu rejeitar toda a base da
anti-democrática União Europeia e seus compromissos essenciais com a
austeridade, o "livre" movimento de capitais, de trabalho e de bens e
serviços. Terão de ser implementadas políticas centradas na remoção destes
princípios da nossa sociedade e na reconstrução da nossa economia real e
serviços públicos.

Foi um movimento sindical altamente organizado que deu um grande sentido
de finalidade e integração à nação. Sindicatos trabalham em prol de
trabalhadores por toda a Gales, Escócia e Inglaterra e naturalmente no
nosso vizinho mais próximo, a Irlanda.

Nossas necessidades como trabalhadores e sindicalistas, nossos problemas
partilhados, nossos interesses são comuns e nossos valores irradiam-se em
oposição a divisões superficiais e o flagelo do racismo.

Deve haver um retorno ao sindicalismo activo em todos os lugares de
trabalho a fim de proporcionar o leito sólido para prosseguir com a
decisão de colocar o povo em primeiro lugar e mobilizar toda a população
em idade de trabalhar com confiança rumo a objectivos partilhados.

Finalmente o espírito de 1945 retornou. Devemo-lo inteiramente aos nossos
avós assim como aos nossos netos mobilizarem-se e finalizarem o pesadelo
neoliberal. Este pesadelo procurou arruinar as conquistas do passado e
remover as oportunidades de vida do futuro.

A chave para isto é uma nova expressão do poder popular, um empenho da
vontade da maioria sobre a minúscula minoria que apoia os bancos e grandes
corporações. Desde 1975 os principais apoiantes da UE no Partido Tory
estraçalharam nossa manufactura, liquidaram nossas empresas de serviços
públicos, reduziram a democracia local e introduziram o desemprego em
massa e os contratos de zero horas. Uma condenação sobre tudo isto nunca
foi feita.

Libertos do Tratado de Lisboa, agora seremos capazes de construir uma
verdadeira solidariedade internacional com os países da Europa e para
além dela.

O internacionalismo significativo precisa retornar. Alguns, durante o
referendo, passaram por alto o que estava a acontecer aos trabalhadores e
sindicatos na Grécia, Portugal, Espanha, Itália e França porque isto
inconvenientemente revelava a natureza real da UE.

Sindicalistas na Grã-Bretanha diziam-nos continuamente que a
solidariedade com os nossos irmãos e irmãs em países da UE, quando as
suas estruturas e direitos de negociação colectiva estavam sob ataque, era
mais necessária do que nunca. A TUAEU visitou vários países e conferências
internacionais para tentá-lo e manter a sua responsabilidade
internacional.

Sindicalistas de todo o globo escreveram-nos instando-nos a abandonar a
UE e dar um sinal a pessoas progressistas por toda a parte de que, como
nação poderosa e com a primeira classe trabalhadora sindicalizada,
precisamos dar um sinal importante de que a agenda neoliberal que tem
devastado a maior parte do mundo pode ser derrotada.

Podemos fazer isto. Todos nós temos um mandato, devemos todos
implementá-lo.

Sindicalistas contra a UE (Trade Unionists Against the EU)
[NR] A votação em Sunderland foi de 61,3% a favor da saída da UE e 38,7%
pela permanência

Ver também:
Resultados do referendo britânico

O original encontra-se em www.tuaeu.co.uk

IN
RESISTIR.INFO
http://resistir.info/gb/vitoria_23jun16.html
24/6/2016

quinta-feira, 23 de junho de 2016

AGOTAMIENTO Y ENTRAMPAMIENTO DEL SISTEMA CAPITALISTA


POR: ENRIQUE MUÑOZ GAMARRA (*)





A más de ocho años del inicio de la gran crisis económica
(2008 para adelante) y prácticamente a cuarenta y tres
años (desde el año 1973) del inicio del actual ciclo
económico largo de crisis y estancamiento, sus
consecuencias son extremadamente crueles sobre todo
en los países oprimidos del planeta.



Pero para las decadentes burguesías financieras aquello
no existe, aunque en el fondo muy temerosas ante su
futuro, aún se sienten en las alturas como dioses, muy
seguras por las potencialidades armamentísticas que
supuestamente les brindarían sus ejércitos y sus estados.
Para ellas las luchas de las masas pobres del planeta no tienen trascendencia alguna, pero, vayan a ver, para
apagarlas movilizan divisiones enteras de sus fuerzas armadas.



Cierto, en estas condiciones, la historia ha seguido su curso gravando en sus páginas los grandes hechos que
han venido suscitándose alrededor del mundo. En esto el hecho más importante ha sido la gran crisis
económica iniciada el año 2008 y en la que las grandes protagonistas, qué duda cabe, han sido esas masas
ridiculizadas por las ignaras y decadentes burguesías. Pues, obsérvese por donde se observe, bajando desde
las alturas al llano, es decir, desde las fantasías (estadísticas, etc.) hacia la vida sencilla (economía real), la
sobre producción de mercancías, única causa de la gran crisis económica, ha sido originada por la grave
caída del consumo ¿De quién? Pues de esas enormes masas (entes vivientes y objetivos que se alimentan,
se visten, se educan, etc.), más de siete mil millones de personas que circundan el planeta, sometidas a
crueles estrecheces y con cuyas circunstancias queda demostrado aquello que se llama: “La historia la hacen
las masas”.



Y en el fragor de estos palpitantes hechos es imposible no advertir el serio agotamiento del modo de
producción capitalista que en estos últimos años (2014, 2015 y 2016) se ha vuelto muy claro (prolongado
estancamiento de la economía mundial) que está conduciendo a un grave riesgo el proceso de su
acumulación y reproducción, lo digo a sabiendas de sus extremos altibajos, que en la actualidad está
agravada con el desfase de la continuidad del ciclo económico largo.



En general el agotamiento del modo de producción capitalista proviene de la profunda caída de las tasas de
ganancia de los capitalistas como consecuencia del aumento de la composición orgánica del capital que en
estos últimos tiempos ha sido vertiginoso, es decir, aquí nos estamos refiriendo a la supremacía del capital
constante (maquinarias, nuevas tecnologías, robot, etc.) sobre el capital variable (capital utilizado en el pago
de los salarios del proletariado que conducen de acuerdo a esta situación a bajos salarios, mayor número de
horas de trabajo, incremento de la plusvalía relativa y un gran número de desempleo).



Ciertamente esto es un presagio del advenimiento de la revolución comunista que obligará a las direcciones
de los partidos comunistas del mundo a observar el asunto del poder con mayor responsabilidad para
trasuntar victoriosas las próximas batallas que se aproximan.



Veamos esto:



1.- Los grandes incrementos de la composición orgánica del capital:




La composición orgánica del capital se refiere a la
relación habida entre el capital constante y el capital
variable. A este respecto Marx dice: “Esta revolución se
refleja, a su vez, en la composición variable del capital
–constituido por una parte constante y otra variable–, o
en la relación variable que existe entre su parte de valor
convertida en medios de producción y la parte que se
convierte en fuerza de trabajo. Denomino a esta
composición la composición orgánica del capital” (Marx,
1999, t. 1, p. 771).



Sin embargo debemos tener en cuenta que la
composición orgánica del capital crece con la acumulación del capital, es decir, esto está referido al
crecimiento del capital invertido en medios de producción. No olvidemos que en esto es muy importante la
concentración y centralización del capital que en la época de los monopolios, es decir, en su fase imperialista,
es lo central. Esto en la actualidad (2000-2016) es palpitante. Entonces el agolpamiento de las burguesías por
la plusvalía relativa es desesperante que ha llevado al proletariado a situaciones crueles de sobre-explotación
y estreches económicas.



Si nos atenemos a la nueva situación mundial, particularmente a partir del año 2000 para adelante,
observaremos que en los principales países capitalistas (China, Estados Unidos, Rusia, etc.) existen
fenomenales desarrollos científico-tecnológicos. Esto no podemos ocultar. Hablamos de la biotecnología,
cibernética, robótica, etc. Esto debe ser sorprendente. No olvidemos que China está considerada la nueva
gran fábrica del mundo.



Tengamos presente que los capitalistas en sus intentos por salir de sus graves situaciones de crisis, en su
insano juicio por mantener sus cuotas de ganancias intactas y en las mismas proporciones, elevan
considerablemente la parte del capital constante en detrimento del variable. Sin embargo, estos no entienden
por qué a pesar de todos aquellos esfuerzos esas cuotas no mantienen los mismos nivel de sus ganancia ni
eliminan las crisis económicas. Los capitalistas ofuscados en medio de aquellos propósitos mecanizan
intensamente sus fábricas con robots y nuevas tecnologías. Y en estas condiciones la interrogante que se les
plantea es la siguiente: ¿Acaso habéis olvidado que los robots carecen de estómago? ¿Ahora quién
consumirá vuestros productos si habéis despedido al elemento central (el proletariado) de vuestro vetusto
sistema? ¿En que se basa la producción capitalista? ¿Acaso no es en la plusvalía, los medios de producción,
en fuerza de trabajo y todo lo demás? ¿Y aun así os quejáis de las graves bajas del consumo? ¿Os pregunto
cuánta cantidad de desocupados habéis originado solo desde 2008 para adelante?. El apunte que abajo
adjunto es solo una muestra de lo generalizado que pueda estar ocurriendo esto en los países capitalistas
más desarrollados.



Veamos un apunte:



“La fábrica Changying Precision Technology Company en Dongguan ha automatizado sus líneas de
producción que utilizan brazos robóticos para producir piezas para teléfonos celulares. La fábrica también ha
creado equipos de mecanizado autónomos, camiones de transporte autónomos, y todo el resto del
equipamiento del almacén también ha sido robotizado. Sin embargo, aún hay personas que trabajan en la
fábrica. Tres trabajadores comprueban y vigilan cada línea de producción y otros empleados supervisan el
sistema de control por ordenador. Anteriormente, había 650 empleados de la fábrica. Con los nuevos robots,
ahora hay solamente 60. Luo Weiqiang, gerente general de la compañía, dijo al Diario del Pueblo que el
número de empleados podría bajar hasta 20 en el futuro”




Continua: ““Los robots han producido casi tres veces la cantidad de piezas que se producían antes. De
acuerdo con el Diario del Pueblo, la producción por persona ha aumentado de 8.000 piezas a 21,000 piezas.
Eso es un aumento del 162,5%. El aumento de la tasa de producción no ha llegado a costa de la calidad. De
hecho, la calidad ha mejorado. Antes de que se implantaran los robots, la tasa de defecto del producto era del
25%; ahora está por debajo del 5%. Y sabiendo todo esto, la pregunta que todo el mundo debería hacerse es:
si esta tendencia, como es de prever, se amplía a todos los sectores productivos, ¿cómo se va a sustentar a
ese 90% de trabajadores que se quedarán sin trabajo?” (1).



Sin embargo en las actuales condiciones históricas que presenta el mundo, todo esto (gran desarrollo
tecnológico-científico) marcha principalmente adherido a la industria bélica como parte de la carrera
armamentística en que están involucradas las principales burguesías financieras, en un marco de extremo
cuidado de estos avances, es decir, el control es absolutamente muy estricto. En consecuencia la
competencia inter-burguesa por nuevas tecnologías es extremadamente violenta. En otras palabras la
monopolización de las nuevas tecnologías es muy fuerte.



2.- Ahondamiento de la tendencia decreciente de las tasas de ganancia capitalistas:



Las parasitarias burguesías financieras que antes se
jactaban de la eternidad de los niveles elevados de sus
cuotas de ganancia ahora no entienden la disminución
cada vez más notoria de aquellas. Sus afanes por obtener
elevadas ganancias las han obligado a la introducción de
nuevas tecnologías, nuevas maquinarias que ellos llaman
“mejoras técnicas” y “aumento de productividad”. Esto por
supuesto eleva la composición técnica y orgánica del
capital, lo que a la larga conduce al descenso de la cuota
general de sus ganancias. No olvidemos que las
ganancias capitalistas solo provienen de la apropiación de
una parte de los salarios del trabajador (proletariado) que
en buena cuenta es lo que se llama la plusvalía.



Bien sabemos que sobre la base de la propiedad privada sobre los medios de producción, la finalidad
inmediata de la producción capitalista es la producción de la plusvalía, única fuerte de sus llamadas
ganancias y ley económica suprema y fundamental del capitalismo.



Sobre la tendencia decreciente de las tasas de ganancia capitalistas, Marx fue muy claro. Sus apuntes
mantienen plena vigencia, aun de los tantos años transcurridos, son de tremenda profundidad científica que
los “sabios” del Pentágono, en sus diversas vertientes, keynesianas y neoliberales, son incapaces de
rebatirlas). A este respecto dice lo siguiente: “Pero hemos demostrado que esta es una ley del modo de
producción capitalista: a medida que este se desarrolla, se produce una disminución relativa del capital
variable respecto del constante, y por lo tanto del capital total puesto en movimiento. Lo cual significa muy
sencillamente lo siguiente: la misma cantidad de obreros, la misma cantidad de fuerza de trabajo que hacia
trabajar un capital variable de un volumen de valor dado, pondrá en movimiento, en el mismo lapso, a
consecuencia del desarrollo de los métodos de producción propios de la producción capitalista, una masa
cada vez mayor de medios de trabajo, de máquinas y de capital fijo de todo tipo, tratará y consumirá en forma
productiva una cantidad cada vez mayor de materia primas y auxiliares, y por consiguiente hará funcionar un
capital constante de un valor en perpetuo aumento” (2).



Cuando analizamos el bajo crecimiento de los PBI en los principales países capitalistas ocurridos en estos
últimos años (2014, 2015 y 2016), ahondado por la gran crisis económica que afecta el sistema, aquello tiene
que ver con la tendencia decreciente de la tasas de ganancia del capital. El dato que dispongo y muestro más


abajo (un dato reciente) viene de Estados Unidos. Allí el crecimiento del PBI en el primer trimestre de este
año (2016) ha sido solo del 0.8%. Si se profundiza la investigación, en efecto esto proviene de la resistencia
de los empresarios estadounidenses a invertir en el sector productivo debido a que consideran que allí existen
enormes riesgos y, por supuesto, a las tasas demasiadas bajas de rentabilidad de sus inversiones, es decir,
nuevamente nos encontramos con la tendencia decreciente de las tasas de ganancia capitalistas.



Veamos el apunte:



“El primer trimestre del año la tasa de expansión del Producto Interno Bruto (PIB) de la economía
estadounidense a duras penas alcanzó 0,80 por ciento. Por eso ningún integrante del FOMC salió a festejar
que la tasa de desempleo empleo cayera a 4,7 por ciento cuando, en paralelo, la tasa de participación laboral
descendió a 62,6 por ciento: miles de personas abandonaron la búsqueda de trabajo ante la falta de
oportunidades. Es que la tasa de desempleo oficial oculta el subempleo masivo, si se contabilizaran tanto a
las personas que están ocupadas en puestos de trabajo de tiempo parcial así como a aquellas que han
abandonado recientemente el mercado laboral, las cifras cambiarían por completo. Hay alternativas de
medición, la metodología U-6 que sí considera estos dos rubros, ubica la tasa de desempleo en 9,7 por
ciento, esto es, representa más del doble de la tasa de paro oficial. Cabe destacar que la falta de dinamismo
de la economía estadounidense es consecuencia fundamentalmente de la extrema debilidad de la inversión
empresarial, producto a su vez de una tasa de rentabilidad del capital demasiado baja, o por lo menos
insuficiente para poner en marcha nuevas plantas productivas, capaces de generar empleo masivo y con ello,
detonar un proceso recuperación de largo aliento. Sucede que los empresarios norteamericanos se resisten
no solamente a invertir sino también a elevar los salarios, situación que ha impedido apoyar un incremento
sustantivo de la inflación: el índice de precios al consumidor (CPI, por sus siglas en inglés) aumentó apenas
1,1 por ciento en términos anuales el mes pasado” (3).



3.- Anémica acumulación y reproducción capitalista, y el grave estancamiento de la
producción:



Veamos esto tomando como muestra a Estados
Unidos. Y la primera constatación que quiero
mostrar es que este país (Estados Unidos) ha vivido
desde 1971 (cuando se inicia el actual ciclo económico
largo de crisis y contracción) fuera de sus posibilidades
de producción drenando importantes ahorros y riquezas
mundiales, se dice que ahora esto sería nada menos de
las tres cuartas partes.



Desde esos años, por supuesto, empezaba a
acentuarse su déficit comercial (mayor importación y
menor exportación), el mismo que devino en muy grave
cuando hizo funcionar con gran impulso la máquina de impresión de la FED que empezó a inflar y distorsionar
los mercados financieros.



Es tan cierto lo anterior que en los últimos años (viene de un apunte del 2013) se dice que los Estados Unidos
habrían creado casi la mitad de toda la masa monetaria de su historia en los últimos cinco años.



Veamos:



“Estados Unidos ha creado casi la mitad de toda la masa monetaria de su historia en los últimos cinco años, y
ha vivido el periodo más largo jamás visto sin subir los tipos de interés…” (4).




Por otra parte debemos saber que los niveles de crecimiento en las regiones históricamente elevadas
(Estados Unidos y Europa) han decrecido considerablemente. Así, según el Fondo Monetario Internacional
(FMI), entre 1992 y 2013, el PIB de Estados Unidos ha decrecido del 27% al 23%. De la Unión Europea
también ha decrecido del 33% al 23%. En tanto de los llamados BRIC (Brasil, Rusia, India y China) se ha visto
incrementado del 5 al 21%. Indudablemente del 2013 para adelante las cifran han ido en aumento siguiendo
esta tendencia. La situación económica de Estados Unidos está aún más complicada cuando se observa un
mayor flujo de mercancías procedentes de la “Gran Fábrica del Mundo” (China) en su mercado interno que
lógicamente aumenta su déficit comercial. Por ejemplo se sabe que los Estados Unidos importan todos sus
iPhones de China.



Y siguiendo esta lógica entre 2012-2016 esta ante nuestros ojos el debilitamiento económico de los Estados
Unidos e incluso su desplazamiento por China como máxima potencia capitalista. Cierto, desde 2012 China
fue el primer país comercial e industrial por ser la mayor fábrica del mundo. Y, desde el 2014, la primera
potencia capitalista.



Pero en general la mejor muestra del estancamiento económico la encontramos en los anémicos crecimientos
de los PBI tanto en Estados Unidos como en Europa. El último dato que dispongo es el crecimiento en este
país (Estados Unidos) de 0.8 % en el primer trimestre de 2016. Lo más sorprendente es que el crecimiento de
los salarios reales en este mismo país está estancado desde principios de la década de los años 1970. En
tanto el crecimiento del Producto Interno Bruto (PIB) de la Unión Europea durante 2012-2014 alcanzó un 0,4%
y en general en el período 2003-2014 aumentó apenas 0,3%.



Veamos esto:



“El Producto Interno Bruto (PIB) de América Latina y el Caribe creció entre 2003 y 2014 a tasas mucho más
elevadas que el de Europa, señala un informe preparado para la cumbre de la Unión Europea (UE) y la
Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (CELAC). En el período 2003—2014, América Latina
acumuló un crecimiento de 10,7% del PIB, mientras el de la UE aumentó apenas 0,3%” (5).



Además quiero acentuar aquí lo importante que es en esta anémica acumulación y reproducción capitalista, la
tendencia de las burguesías financieras por priorizar sus actividades en el sector financiero. Es la tendencia a
la primacía de las actividades financieras en detrimento de la producción en cuya esencia está, vuelvo a
recalcar, el origen de este estado anémico de la acumulación y reproducción capitalista. En realidad, una
tendencia histórica del modo de producción capitalista como consecuencia de la tendencia decreciente de las
tasas de ganancia. Esto en la etapa de los monopolios está absolutamente acentuado.



Sin olvidar que la actual gran crisis económica que viene desde el año 2008 ha sido mortal y las medidas
destinadas para salir de aquella, fijadas sobre todo en la emisión descontrolada, solo han sido orientadas
hacia los grandes bancos y empresas monopólicas para salvarlos de las quiebras y sus bancarrotas. La
economía real ha seguido hundiéndose con cero inversiones por ser consideradas inversiones riesgosas y
difíciles de recuperarlas.



Las agitaciones de las burguesías financieras por su accionar en el sector financiero han traspasado incluso
los marcos legales que les conferían sus propias legislaciones. Para muestra solo dos ejemplos:



Primero, se sabe que cuatro bancos estadounidenses son dueños del 98 % de los derivados que se han
convertido en el principal instrumento de manipulación de los mercados financieros, bolsas de mercancías,
materias primas, y por lo tanto de la economía mundial.



Segundo, asimismo en diciembre de 2015 se supo que el banco alemán, Deutsche Bank, estaba
comprometido en unos planes de evasión de impuestos para algunos de sus privilegiados clientes.




Veamos esto:



“Deutsche Bank ideó complejas estrategias internacionales de evasión de impuestos para algunos de sus
principales clientes corporativos, al tiempo que los gobiernos del G-20 y la OCDE intentaban cerrar los vacíos
legales existentes en los movimientos de dinero entre jurisdicciones. Así lo asegura el Financial Times, que
cita tanto documentos a los que ha tenido acceso como personas familiarizadas con el proceso. (6).



4.- No hay visos de un nuevo ciclo económico largo de avance y prosperidad:



El capital necesita cada cierto tiempo de unas condiciones
especiales para continuar con su proceso de acumulación y
reproducción. Así ha sido a lo largo de su existencia. Esto
ocurre o se presenta con bastante claridad en los periodos
de tránsito de un ciclo económico largo de crisis y
contracción a uno de avance y prosperidad. Un ciclo
económico largo de contracción necesita un ciclo
económico largo de ascenso y expansión.



Tras la gran crisis económica iniciada en 2008 ciertamente el sistema ha ingresado en la urgencia de esas
condiciones especiales que lo conduzcan a un nuevo ciclo largo de ascenso y expansión. Solo que ahora ese
ciclo económico no está por ningún lado. Pero también la revolución social está retrasada. Esto hace suponer
que el actual proceso económico capitalista mundial devenga en una situación de entrampamiento histórico y
la situación internacional sea vista como muy compleja.



Un entrampamiento que ahoga al sistema en la enmarejada de los ciclos económicos cortos que pinta un
futuro nada estable y que en lo inmediato lo enfrenta a la actual coyuntura. En efecto no es más la coyuntura
de los ochenta del siglo pasado cuando por ejemplo las burguesías financieras estadounidenses podían
apropiarse de las empresas públicas latinoamericanas. Tampoco es la época de los noventa cuando estas
mismas burguesías podían succionar los capitales de la implosionada ex URSS. O cuando desde los años
noventa del siglo pasado cabalgaban entornillados sobre las espaldas de la China expansiva.
Consecuentemente: ¿A dónde pueden apuntar? ¿Al ártico? ¿África? ¿América Latina? En todas ellas hay
presencia enconada de capitales chinos, rusos y de otras potencias económicas.



Y la advertencia más sería viene de la constatación que se hace del estancamiento de la economía mundial
debido a la falta de nuevas fuentes reales que permitan la acumulación y reproducción del capital.



Veamos:



“De cumplirse este escenario no puede descartarse algún nivel de estabilización de corto plazo. Pero el
problema central es que no hay estabilización posible de largo plazo sin nuevas fuentes “reales” para la
acumulación de capital. Y es este asunto de carácter estratégico el que, sean cuales fueran los escenarios
coyunturales, mantiene latente la probabilidad de una nueva recesión mundial” (7).



En consecuencia el paso a un ciclo económico largo de ascenso y expansión en estos momentos es
absolutamente ilusoria e inalcanzable. Los principales centros de poder mundial están en la urgencia de
procesos de reacomodamiento, que en realidad es su exigencia de un nuevo reparto de mercados y zonas de
influencia, en este caso, esquilmando a los pueblos.



Ahondando aún más este análisis. Obviamente todo lo anterior ha conducido a un anémico avance de la
reproducción y acumulación capitalista, que en los principales países capitalistas (Imperialistas) el crecimiento


de sus PBI ha sido cero con absolutos indicios de estancamiento de la producción y consecuentemente ha
conducido a que el ciclo económico largo de crisis iniciado en 1973 siga invariable aproximadamente durante
cuarenta y tres años y, lo más grave, es que no hay siquiera vestigios mínimos de un nuevo ciclo económico
largo de avance y desarrollo. Esto es muy grave que ha llevado a un entrampamiento nunca visto en la
historia del desarrollo capitalista, conduciendo al sistema a un desbarajuste y caos total



Algo de esto ha aseverado el presidente ruso, Vladimir Putin, en el reciente 20º Foro Económico Internacional
de San Petersburgo que tuvo lugar entre el 16 y el 18 de junio de 2016: "Inevitablemente tendrá lugar la
reestructuración de industrias enteras, se depreciará una gran cantidad de producciones y activos, se
agudizará la competencia tanto en los mercados tradicionales como en los emergentes. De hecho hoy vemos
intentos de monopolizar los beneficios de las tecnologías de nueva generación", ha subrayado Putin.
Asimismo, Putin ha reconocido que actualmente hay una tensa situación geopolítica que se debe en muchos
aspectos a las dificultades económicas. "La actual tensión geopolítica está relacionada en cierta medida con
la incertidumbre económica y con el agotamiento de las fuentes de crecimiento, ha sostenido".



5.- Peligroso entrampamiento del sistema y las sombrías perspectivas de los capitalistas:



Partimos siendo muy claros en lo referido a que
las crisis en el sistema de producción capitalista
han sido periódicas. Marx en “Palabras finales a
la segunda edición alemana” publicadas el 25 de
julio de 1867 (El Capital: I tomo. Editorial Cartago.
Edición de 1975) decía: “por un lado, la gran
industria acababa de salir de la infancia, pues
solo con la crisis de 1825 se abre el ciclo
periódico de su vida moderna”



Ante todo debemos saber que, tras la quiebra de la hegemonía mundial estadounidense y devenida en el
mundo nuevos bloques económicos (Alemania, Irán, etc.), los grupos de poder mundial (burguesías
financieras) están hoy en la desesperación de ampliar y/o abrirse hacia nuevas regiones. Es la lucha por un
nuevo reparto de mercados y zonas de influencia.



Entonces el encono es muy fuerte. En esto la desesperación estadounidense es muy peligrosa. Es el centro
de los conflictos actuales. No olvidemos que la causa principal de esto es su bancarrota económica.



Incurso en esto mismo es muy aleccionador lo ocurrido en la cumbre de Ministros de Economía de la Unión
Europea (UE) realizada en la ciudad de Breslavia en Polonia el 17 de septiembre de 2011, cuando este país
estuvo de turno en la Presidencia de la Unión Europea, del 01 de julio al 31 de diciembre de 2011, donde se
vio el asunto de la crisis europea y en la que las partes se hicieron de oídos sordos y hasta cuestionaron los
“consejos” de Tim Geithner, Secretario del Tesoro estadounidense, que participaba en esa reunión y que,
entre otras, puso en evidencia las duras fricciones existentes entre Estados Unidos y el bloque europeo. En
efecto, allí, Geithner exigió a la Unión Europea ponga sobre la mesa sus garantías efectivas para proceder
desde Washington el rescate de Italia y España, es decir, la entrega de sus recursos a la voracidad de las
transnacionales estadounidenses. El presidente del Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, no se aguantó más y
dijo lo siguiente: “No se debate (en este conclave) sobre el incremento o la expansión del Mecanismo
Europeo de Estabilidad Financiera con un Estado no miembro de la eurozona”, se refería claramente a la
intromisión estadounidense en los asuntos internos de esta región. Y, aún más tajante fue la intervención de
la Ministra de Finanzas de Austria, María Fekter, que dijo: “No creo que se justifique que alguien esté aquí
para darnos lecciones de nada. Si se mira los datos macroeconómicos, Europa está mejor que ellos” (8).




Las presiones estadounidenses, en realidad dominio, contra sus propios aliados han sido permanentes. En
esto es muy significativa la presión que ejerció sobre Japón en el marco de lo que se llama “El Acuerdo Plaza”
en 1985 para que apreciara el yen. Sin olvidar que en 2003 la FED redujo por primera vez la tasa de interés a
un 1%.



Veamos el apunte:



“A fines de 2003 la Reserva Federal redujo por primera vez la tasa de interés al 1% (lo que produjo la burbuja
inmobiliaria estadounidense) y desde entonces, las reservas de dólares en los mercados emergentes se
sextuplicaron, hasta alcanzar los 7 billones de dólares en 2011. La resultante expansión de la base monetaria
de los países emergentes les ocasionó tasas de inflación mucho más altas que en Estados Unidos, además
de burbujas internacionales de precios de los commodities, especialmente el petróleo y los alimentos
básicos……A todo esto hay que sumar las quejas estadounidenses respecto de las políticas cambiarias de
otros países. Hace dos décadas, Estados Unidos presionó a Japón para lograr que el yen se apreciara
respecto del dólar, con el argumento de que las políticas cambiarias desleales de Japón eran responsables
del rampante déficit comercial bilateral estadounidense con los japoneses. Hoy sucede lo mismo con China,
que en la actualidad es blanco de una campaña de acusaciones en Estados Unidos cuyo objetivo es forzar a
las autoridades chinas a acelerar la apreciación del renminbi (campaña que se vio reforzada por el enorme
aumento de la contribución china al déficit comercial bilateral)” (9).



Así fue el historial de la burguesía estadounidense. Sin olvidar en sus orígenes el uso de la dinamita para
dirimir sus diferencias.



Y, como quien dice, la historia ha seguido su curso, ahora el sistema capitalista mundial está ingresando a un
punto de inflexión de lo más importante, un punto que va marcar un antes y un después, de esta segunda
fase del sistema capitalista, es decir, el imperialismo. La continuidad de los ciclos económicos largos, las altas
tasas de ganancia capitalista, al parecer ha llegado hasta el año 1971 en que se inicia el último largo ciclo
económico de crisis y estancamiento en el que está entrampado ahora y, que en estos últimos años, 2008
para adelante, tras la bancarrota de la economía estadounidense, exige un nuevo rumbo, pero, en una
situación de imposibilidad de un proceso normal de acumulación y reproducción capitalista, sujeto en una total
disminución de las tasas de ganancia capitalistas, es decir, de completo agotamiento del sistema. Un periodo
de inflexión absolutamente histórico.



Cierto, el imperialismo, denominado por Lenin fase superior del capitalismo o fase de los monopolios, está
ingresando ahora a un periodo de sobredimensionamiento incontrolable del sistema financiero, sobrecargado
de capitales ficticios que conducen a las burguesías financieras a una situación de extrema degradación que
los enfrenta con virulencia al sistema productivo. Estas (burguesías financieras) ya no piensan en la
producción para cumplir sus metas, por ejemplo para salir de la gran crisis económica, sino, en lo más fácil,
es decir, en ocupar mercados y zonas de influencia para lo cual sus ejércitos y sus armamentismos han
devenido absolutamente en trascendentales, de vida o muerte, para su existencia. Los hechos actuales que
gravitan en el contexto internacional lo demuestran así.



El sistema, como consecuencia del anémico proceso de acumulación y reproducción, el ahondamiento de la
tendencia decreciente de las tasas de ganancia capitalista y su desfase en la continuidad del proceso del ciclo
económico largo, ahora se siente absolutamente en una verdadera situación de entrampamiento histórico que
lo agobia y lo incapacita al avance. Las caducas burguesías financieras magullan entre dientes el control de
zonas estratégicas, sobre todo, de aquellas donde hay riquezas energéticas, es decir, petróleo y gas. Y
consecuentemente no es una coincidencia el que las depredadoras burguesías estadounidense están
orientándose ahora con desesperación y vehemencia, con las manos ensangrentadas y en medio de una gran
carrera armamentística hacia Oriente Medio donde precisamente está el reservorio más grande del petróleo y
el gas del planeta-




El asunto es: ¿Qué depara a la humanidad el nuevo periodo de sobredimensionamiento incontrolable del
sistema financiero, sobrecargado de capitales ficticios al que está ingresando finalmente el imperialismo? ¿El
fascismo? ¿La revolución comunista? La historia tiene su palabra…



NOTAS:

1.- “UNA FÁBRICA CHINA NOS MUESTRA UN RETRATO SOBRE NUESTRO FUTURO…Y YA PODEMOS
TEMBLAR”. Nota publicada el 03 de agosto de 015, en: https://elrobotpescador.com/2015/08/03/una-fabrica-
china-nos-muestra-un-retrato-sobre-nuestro-futuro-y-ya-podemos-temblar/.

2.- Marx, Carlos: El capital. III tomo. Editorial Cartago. Edición 1975. Página 234.

3.- “La economía de Estados Unidos no logra salir del atolladero”. Autor: Ariel Noyola Rodríguez. Nota
publicada el 16 de junio de 2016, en: ALAI ALATINA.

4.- “El espejismo de Estados Unidos”. Autor: Daniel Lacalle. Nota publicada el 23 de noviembre de 2013, en:
el confidencial.

5.- “PIB latinoamericano creció mucho más que el de la UE en la última década”. Nota publicada el 09.de junio
de 2015, en Sputnik.

6.- “Deutsche Bank diseñó planes para ayudar a empresas a evadir impuestos”. Nota publicada el 01 de
diciembre de 2015, en: Librered.net).

7.- “Consecuencias de un riesgo global inminente”. Autor: Paula Bach-Nota publicada el 26 de abril de 2016,
en: http://www.laizquierdadiario.com/spip.php?page=gacetilla-articulo&id_article=37464).

8.- “Duro cruce entre EEUU y la UE”. Noticia publicada el 17 de septiembre de 2011, en: Associated Press-
AP.

9.- “El Odiado patrón del dólar”. Autor: Ronald McKinnon. Nota publicada el 25 de enero de 2013 en: Crisis
siglo XXI.



(*) ENRIQUE MUÑOZ GAMARRA:

Sociólogo peruano, especialista en geopolítica y análisis internacional. Autor del libro: “Coyuntura Histórica.
Estructura Multipolar y Ascenso del Fascismo en Estados Unidos”. Su Página web es:
www.enriquemunozgamarra.org


In
ENRIQUE MUÑOZ GAMARRA
http://www.enriquemunozgamarra.org/Articulos/149.pdf
22/6/2016