terça-feira, 31 de julho de 2018

Marcuse e o inimigo íntimo da esquerda brasileira, por Fábio de Oliveira Ribeiro



  



Fábio de Oliveira Ribeiro



“O inimigo é o denominador comum do que é feito e desfeito. E o inimigo não é o mesmo que o comunismo e o capitalismo atual – é, em ambos os casos, o espetro real da libertação.” (Ideologia e Sociedade Industrial, Herbert Marcuse, p. 65)
Hoje faz 39 anos que Herbert Marcuse saiu da história sem, entretanto, ter saído de nossas vidas. No Brasil, país independente que paradoxalmente luta para se transformar numa colônia norte-americana, as observações da sociedade industrial continuam extremamente atuais.



Durante quase duas décadas, a direita brasileira definiu o seu inimigo como sendo a apropriação do Estado pelo PT. Como não conseguiu destruir a legitimidade do partido criado por Lula, ela passou a se esforçar para destruir o próprio Estado brasileiro. Nesse sentido, o golpe de 2016 é apenas um meio para um fim.
A liberdade que os golpistas (entre os quais se destacam juízes, promotores e políticos mafiosos do PSDB, PMDB, DEM, PDT etc...) almejam é a servidão. O objetivo último deles é a reconstrução do Brasil comum Estado vassalo submisso e incorporado ao império norte-americano. A ideia não é nova. Ela foi cogitada durante a primeira constituinte republicana por membros do grupo que adotou uma bandeira do Brasil idêntica à dos EUA com listras verdes e amarelas.
“Essas referências aos Estados Unidos desagradavam, no entanto, a parte dos militares mais nacionalistas e, em especial, os adeptos do Apostolado Positivista, cujo líder, Teixeira Mendes, dizia tratar-se de ‘uma imitação servil’ dos símbolos de outra nação.” (1889, Laurentino Gomes, Globo Livros, São Paulo, 2013, p. 321)
A Constituição de 1891, entretanto, fez uma referência evidente aos Estados Unidos da América ao chamar nosso país de "República dos Estados Unidos do Brasil". O art. 1o da CF/1988 prescreve que vivemos na “República Federativa do Brasil”. No entanto, o primeiro Ministro das Relações Exteriores de Michel Temer, chamou nosso país de Estados Unidos do Brasil. E recentemente Aloysio Nunes se inclinou de maneira servil diante do vice-presidente dos EUA como se ele tivesse vindo tomar posse do país.
O servilismo de Aloysio Nunes também não chega a ser novidade. De quando em vez, as forças políticas que imaginam o Brasil como uma entidade subalterna aos EUA fazem demonstrações canhestras de servilismo.
Quando Dwight Eisenhower visitou o Brasil após o fim da II Guerra Mundial, Octavio Mangabeira, então presidente da UDN, foi indicado para fazer o discurso de recepção.
“...Mas além das loas de praxe, Mangabeira encerrou o discurso afirmando que, em nome do povo brasileiro, desejava fazer uma reverência mais eloquente, ‘inclinando-me respeitoso diante do general comandante-chefe dos exércitos que esmagaram a tirania, e beijando, em silêncio, a mão que conduziu à vitória as forças da liberdade’. Foi um escândalo o servilismo do senador baiano. Um deputado mineiro protestou e considerou o ato uma servidão política e achou que até o general americano deve ter estranhado ‘que um povo se genuflexe ante ele para beijar-lhe a mão’.” (A história das constituições brasileiras, Marco Antonio Villa, Leya, São Paulo, 2011, p. 82)
A ideia de transformar o Brasil numa colônia servil dos EUA ganhou força após o golpe de 1964, que foi urdido na embaixada dos EUA.
“Segundo Luiz Alberto Moniz Bandeira (Presença dos Estados Unidos no Brasil), o governo Castelo Branco se caracterizou por uma aproximação exagerada entre o Brasil e os EUA. No princípio da ditadura militar agentes governamentais norte-americanos circulavam livremente pelos Ministérios e influenciavam as políticas públicas que seriam adotadas pelo nosso país. Castelo Branco também é censurado porque adquiriu o costume desagradável de discutir questões sensíveis e até sigilosas com seus amigos da embaixada dos EUA. A morte dele colocou um fim neste ciclo de submissão incondicional ao império norte-americano.”
https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/castelo-branco-e...
Concebida nos EUA e tocada no Brasil por promotores e por um juiz que foram treinados por norte-americanos, a Lava Jato conseguiu destruir quase todas as empresas nacionais que concorriam com as empresas norte-americanas na América Latina: construtoras, frigoríficos, estaleiros, etc… Quando foi representar o Brasil em Davos, Suíça, Rodrigo Janot disse que o MPF era pró-mercado, ou seja, que o órgão mais não cumpriria sua missão institucional de defender os interesses públicos brasileiros (art. 5o da Lei Complementar no 75/1993). Sérgio Moro recebeu prêmios nos EUA por ter ajudado a destruir a economia do nosso país.
O golpe de 2016, que também parece ter sido urdido na embaixada dos EUA, está possibilitando a recolonização do Brasil pelo capitalismo norte-americano. Uma fatia das províncias petrolíferas brasileiras no litoral do país foi entregue às petrolíferas dos EUA, a Embraer está sendo doada à Boeing, o Ministério das Relações Exteriores e o MPF conspiram para garantir o predomínio dos interesses norte-americanos no Brasil. Michel Temer e seus leais escudeiros dentro e fora do Poder Judiciário e do MPF encarnam nesse momento a parcela da sociedade brasileira que “...luta contra a possibilidade nela contida de sua libertação.” (Marcuse – vida e obra, Francisco Antonio Doria, José Alvaro Editor S.A./Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1983, p. 235)
A atualidade de Herbet Marcuse é, portanto, evidente. Para se ver livre do PT a direita brasileira escolheu lutar pela submissão do Brasil aos EUA e destruir o Estado brasileiro. A esquerda tenta transformar Lula num símbolo da soberania nacional, mas evita cuidadosamente o discurso nacionalista. Nesse momento, o nacionalismo não é defendido nem mesmo pela extrema direita. Jair Bolsonaro bateu continência para a bandeira dos EUA e disse que continuará a privatizar as empresas públicas e que a Amazônia não pertence ao Brasil.
FHC disse certa feita que a comemoração da independência do Brasil era uma bobagem. Quando foi presidente do país ele se colocou um degrau abaixo de Bill Clinton para poder ser fotografado na frente do imperador branco sorrindo com as mãos dele pousadas em seu ombro. Os sinais de subserviência de FHC e dos seus companheiros de partido (José Serra, Aoysio Nunes, etc…) aos EUA sempre foram evidentes. Os tucanos e seus “canetas” na imprensa criticaram ferozmente a política externa altiva e independente conduzida pr Celso Amorim eAntonio Patriota. Eles aplaudiam ou no mínimo não lamentaram a invasão do Itamaraty por vandalos durante o governo Dilma Rousseff.
O nacionalismo norte-americano envenenou e empobreceu a política nos EUA. A expansão de sua versão militarizada na Europa, América Latina e Ásia ameaça a paz mundial. O que envenena e empobrece a política brasileira nesse momento é a rejeição “ut principii” do nacionalismo brasileiro pela esquerda. A ideia de que podemos ser mais felizes cultivando a submissão a uma potência estrangeira (direita e extrema direita) ou de que o Brasil está condenado a ser sempre mais ou menos dependente do império norte-americano (esquerda) pressupõe que os EUA não está fadado a ser destruído pelas contradições internas e externas que levaram Donald Trump ao poder.
Marcuse estava certo “O inimigo é o denominador comum do que é feito e desfeito.” O que nós desfizemos, entretanto, não foi apenas nossa economia nacional. Ao aceitar passivamente a desconstrução do nosso Estado, rejeitando ativamente o nacionalismo como modalidade discursiva, a esquerda está destruindo nossa autoconfiança e a nossa autoestima da qual dependem nossa autodeterminação. A independência do Brasil e a sobrevivência como nação brasileira estão em risco. Quem não for capaz de ver e afirmar isso não deve se apresentar como candidato a presidente do país nesse momento.

In
JORNAL GGN
https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/marcuse-e-o-inimigo-intimo-da-esquerda-brasileira-por-fabio-de-oliveira-ribeiro
29/7/2018

sábado, 28 de julho de 2018

A China e o seu campesinato


    
       por Rémy Herrera [*]



       A questão da terra é absolutamente fundamental para compreender a China,
      assim como para apreender o que diferencia a China da grande maioria dos
       países do Sul (com excepção daqueles que fizeram uma revolução
      socialista, como o Vietname ou Cuba). De facto, a China conseguiu
      alimentar 19% da população do planeta a partir de apenas 8% das terras
      aráveis do globo. Apesar da amplidão da sua produção agrícola, não mais de
      13% da superfície total do país pode ser cultivada. Como o povo chinês e
      seus dirigentes conseguir ultrapassar um desafio tão extraordinário? A
      explicação essencial encontra-se no facto de que na China (como no
      Vietname ou em Cuba), a terra é pública, propriedade colectiva das
      comunistas aldeãs e distribuída entre famílias camponesas, que utilizam-na
       principalmente para a produção de bens agrícolas destinados à manutenção
      da auto-suficiência alimentar.
       A China representa assim um dos exemplos do êxito de um sistema fundiário
      que repousa nos direitos de todos os camponeses no seio da aldeia. Isso
      corresponde a uma igualdade no acesso à terra e na utilização desta, com
      um Estado presente  in fine  enquanto proprietário único e uma
      distribuição igualitária das terras entre as famílias beneficiárias do
       usufruto. Estudar a evolução histórica e a situação presente do
      campesinato chinês exige portanto examinar primeiramente a trajectória
      deste sistema fundiário fundamentado na supressão da propriedade privada e
      a sua capacidade de resistir aos ataques que sofre na época actual.
       É verdade que nos dias de hoje numerosos camponeses chineses sofrem
       exploração e injustiça. Mas certas práticas socialistas residuais
      continuam a subsistir, inclusive a herança das grandes reformas agrárias.
      Em meados dos anos 1980, a adopção de um crescimento orientado para as
       exportações provocou fluxos de trabalhadores migrantes das regiões rurais
      para as cidades – fluxos constituídos sobretudo pelo excedente de força de
      trabalho das famílias rurais possuidoras de uma pequena parcela, sem
      expropriação de terras. O sector rural suportou o custo da reprodução
      social do trabalho e serviu de tampão para absorver nas cidades os riscos
      sociais provocados pelas reformas pró acumulação de capital. Ele mostrou
       igualmente sua capacidade de estabilização regulando o mercado de
       trabalho e reabsorvendo os trabalhadores migrantes desempregados nas
      cidades durante os períodos de crises.
       Alguns entretanto apoiam a linha neoliberal – no exterior do Partido
       Comunista Chinês, mas também por vezes no interior, nomeadamente na rica
      região de Shangai – e preconizam uma mercantilização das terras. Sob a
      pressão de projectos de construção conduzidos por governos locais e
      orçamentos constrangidos e especuladores imobiliários, a expropriação das
      terras acelerou-se no decorrer da década de 1990. Cerca de 40 a 50 milhões
      de camponeses perderam assim suas terras; camponeses sem terra surgiram
      nos anos 2000, especialmente após a lei de 2003 que modifica a legislação
      sobre as terras aráveis colectivas e exclui uma nova geração da alocação
      de terras por redistribuição. Os perigos de tais evoluções são reais e
      enfraquecem os mecanismos de gestão dos riscos por internalização na
      comunidade rural, num momento em que 200 milhões de trabalhadores
      migrantes camponeses vivem na cidade e estão activos no interior da classe
      operária. Eis porque a propriedade fundiária colectiva em zona rural deve
      ser vista como a herança mais preciosa da revolução começada em 1949.
       O arranque da China apoiou-se amplamente nas transferências de recursos
       extraídos do sector rural. No momento presente, a opção de ser orientar
      para a exportação tornou-se um modelo tão dependente e portador de
      desequilíbrios internos que a China tem de fazer enormes esforços para
      modificar sua trajectória de desenvolvimento investindo na sociedade
      rural, a fim de garantir o progresso social e preservar o ambiente.
      Soluções para promover uma via alternativa poderiam consistir em reactivar
      e revalorizar o estatuto do campesinato, redescobrir as ideias pioneiras
      dos movimentos de reconstrução rural e sustentar as experiências de
       revitalização das regiões rurais actualmente praticada no país, enquanto
      tentativas renovadas e poderosas, simultaneamente populares e ecológicas,
      de ultrapassar os aspectos mais destruidores do capitalismo mundial
      contemporâneo.
       Depois de 1949, o novo regime aplicou uma industrialização de tipo
      soviético, que instala um sistema dual assimétrico em desfavor do
      campesinato. Entretanto, apesar desta estratégia de industrialização, o
      campesinato pôde beneficiar-se de reformas agrárias radicais. Se bem que
      os modos actuais de organização, produção e distribuição agrícolas estejam
      totalmente penetrados pelos mecanismos de mercado e já não tenham mais
      grande coisa a ver com aqueles da época maoista, a propriedade fundiária
      permanece estatal ou colectiva na China – ainda que formas degradadas
      sejam frequentemente encontradas, por vezes com um controle privado
      efectivo sobre terras. Mas a persistência da propriedade pública é uma
      chave que permite distinguir a situação – e o êxito – da China em relação
      aos outros países que têm uma dimensão continental comparável e
      pretensamente são "emergentes", tais como a Índia ou o Brasil, ou países
       regionalmente dominantes (África do Sul), para os quais a questão agrária
      está longe de ter encontrado condições, mesmo parciais, de solução.
       Compreender as especificidades e progressos do campesinato chinês – que
      constitui a maioria da população – é importante a fim de medir, por
      oposição, o fracasso geral do capitalismo à escala mundial para resolver
      os problemas agrários e agrícolas. A deterioração da situação das
       agriculturas camponesas do mundo na sequência da exacerbação da dimensão
      alimentar da presente crise sistémica do capitalismo confirmou a
      incapacidade estrutural deste sistema para ultrapassar as contradições
      internas que ele gera. Estes problemas – os das famílias camponesas
      produtoras, os dos consumidores e mesmo os de todos os cidadãos – atingem
      os limites do suportável, nomeadamente em matéria de protecção do
      ambiente. No Sul, onde mais da metade dos países perdeu a capacidade de
      abastecer o seu povo em bens alimentares, onde três mil milhões de pessoas
      permanecem sub-alimentadas e onde as condições de vida dos camponeses –
      como nas favelas urbanas super-povoadas pelo êxodo rural – são dramáticas,
      os problemas ultrapassaram mesmo estes limites e são desumanos,
      inaceitáveis.
       As disfunções que afectam os sectores agrícolas no sistema mundial
      capitalista são identificáveis através de paradoxos gritantes. Cerca de
      três mil milhões de pessoas sobre a terra continuam a sofrer fome (em um
      terço) ou desnutrição (em dois terços), enquanto as produções agrícolas
       ultrapassam as necessidades alimentares; daí uma super-produção de pelo
      menos 150%. Uma grande maioria destas pessoas vive em zona rural: os três
      quartos dos indivíduos que sofrem de sub-alimentação são camponeses. A
       extensão das áreas de cultivo agrícola no mundo é acompanhada por um
      declínio das populações camponesas em relação às populações urbanas. Uma
      parte crescente das terras é cultivada por transnacionais que não
       direccionam suas produções para o consumo alimentar e sim para destinos
      industriais ou energéticos mais rentáveis. Na África, um dinamismo das
      exportações agrícolas decorrentes de culturas comerciais de renda coexiste
      com o aumento das importações de produtos de base destinados a responder
      às necessidades alimentares. Obviamente, e com urgência, as coisas devem
       mudar.
       O inimigo comum dos povos do Sul e do Norte é o capital financeiro, cada
       vez mais bárbaro e destruidor. E em crise. Para os povos em luta, o
       princípio director é o controle pelas comunidades da gestão das terras e
      da água enquanto bens comuns, que não devem ser privatizados nem
      mercantilizados. O que precisa ser buscado prioritariamente é a soberania
      alimentar – e uma condição para isso é o acesso à terra para todos os
       camponeses – a qual deve ser considerada como um objectivo para orientar
      a maior parte das lutas rurais. A reforma agrária visando redistribuir as
       terras aos camponeses está na ordem do dia na Ásia, África e América
      Latina.
       A soberania alimentar está no cerne das lutas. Para atingi-la, um modo de
      produção diferente do capitalismo deverá ser praticado. É a própria
      modernidade que conviria repensar. O acesso à terra e aos recursos
      necessários à reprodução da vida, enquanto bens comuns, é um direito
      legítimo para todos os camponeses, para os trabalhadores e as pessoas do
      povo. Para que a soberania alimentar salvaguarde modos de gestão colectiva
      será preciso aceitar a presença dos agricultores familiares em qualquer
      futuro previsível do século XXI. Para resolver estas questões será preciso
      uma libertação da lógica destruidora do capitalismo. Para modificar as
      regras de dominação imperialista do comércio internacional, os camponeses,
      os trabalhadores e os povos do Norte assim como os do Sul deverão unir-se
      a fim de enfrentar em conjunto o capital financeiro e reconstruir
      estratégias alternativas para a longa e difícil transição ao comunismo.
       Referências 
          Andreani T. et R. Herrera (2013), "Un Modèle social-démocrate pour la
      Chine ?",  in  P. Theuret (  dir.  ),  La Chine et le monde :
      développement et socialisme  , p. 208-241, Le Temps des Cerises, Paris.
          GRAIN (2009), 'Grabbing Land for Food',  Grain Seedling  , janvier,
      Barcelone.
          Herrera R. et K.C. Lau (2018), "The Convergence of Peasant Struggles
      Worldwide,"  Economic and Political Weekly  , vol. LIII, n° 11, p. 42-49,
      Mumbai.
          — (2015),  The Struggle for Food Sovereignty  , Pluto Press, Londres.
          Herrera R. et Z. Long (2018), "Some Considerations on China's Long-Run
      Economic Growth: From the Analysis of Factor Contributions to that of the
      Profit Rate,"  Structural Change and Economic Development  , vol. 44, n°
      3, p. 14-22, New York.
          Mazoyer M. et L. Roudart (1997),  Histoire des agricultures du monde
       , Seuil, Paris.
          Nicholson P., X. Montagut et J. Rulli (2012),  Terre et liberté !  ,
      CETIM, Genève.
          Wen T. (2006), " Repenser le développement des campagnes ",
       L'Humanité  du vendredi 8 septembre. 

In
RESISIR.INFO
https://www.resistir.info/china/remy_campesinato_jul18.html
26/7/2018
      26/Julho/2018

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Golpe Financiero de Estado por ´Corrida´ Cambiaria y Financiera Crisis de Gobierno en Argentina- Crisis del Macrismo




 Walter Formento, Wim Dierckxsens Leonel del Negro



Las características de la crisis estructural argentina son: una crisis por
corrida cambiaria (contra el tipo de cambio), por corrida financiera con
salida/fuga de capitales, una crisis económica por el peso del juego
especulativo financiero en la “Timba” de Lebacs que deja sin dinero, crédito y
mercado interno/consumo a las actividades productivas industriales con base en
el trabajo; pero si favorece a las que se concentran solo en las actividades de
base renta monopólica u oligopólica: petróleo, gas, minería, soja; también las
tarifas de servicios de gas, electricidad, combustibles, agua, telefonía, etc.
 Los actores financieros unipolares instrumentan las corridas cambiarias y las
corridas financieras como modos de golpe de estado, para imponer cambios
violentos de correlaciones de poder y así ampliar su monopolio sobre las áreas
de gobierno. Un monopolio de áreas e instrumentos que NO guardan relación con su
participación en la vía política democrática electoral y SI en la vía–de-hecho,
por acción directa económica-financiera, desestabilizando lo que el ámbito de la
política instituyo e institucionalizando lo que la monarquía financiera, y su
moderna aristocracia de CEO´s, impone en lo económico por la vía de la fuerza:
como golpe económico, financiero, narco, policial, militar y siempre con todas
la diferentes combinaciones posibles entre las opciones de hecho.
 La palabra para caracterizar los hechos que agudizan la situación desde el 28
de diciembre del 2017, es “crisis” por choque frontal de intereses financieros
transnacionales.


Golpe Financiero de Estado por ´Corrida´ Cambiaria y Financiera
 Crisis de Gobierno en Argentina- Crisis del Macrismo
Walter Formento, Wim Dierckxsens Leonel del Negro;
Se usan demasiadas palabras solo para armar “cortinas de Humo” que desvíen la
atención hacia problemas secundarios y para que impidan observar, y no quede
expuesto, el problema principal que lleva a ver claramente que el gobierno
nacional de Argentina se encuentra en medio de una Crisis Estructural de
Gobierno. Una crisis estructural que es también mundial, pero que en Argentina
se manifiesta con características que son propias, específicas y singulares de
la Argentina y de los intereses que ocupan una posición determinada en el
gobierno/administración política de Argentina.
Las características de la crisis estructural argentina son: una crisis por
corrida cambiaria (contra el tipo de cambio), por corrida financiera con
salida/fuga de capitales, una crisis económica por el peso del juego
especulativo financiero en la “Timba” de Lebacs que deja sin dinero, crédito y
mercado interno/consumo a las actividades productivas industriales con base en
el trabajo; pero si favorece a las que se concentran solo en las actividades de
base renta monopólica u oligopólica: petróleo, gas, minería, soja; también las
tarifas de servicios de gas, electricidad, combustibles, agua, telefonía, etc.
Empresas históricamente desarrolladas en Argentina por el capital social del
Estado y por lo tanto, sin inversiones del capital financiero, que se lo apropio
como botín de guerra y saqueo luego de la derrota del proyecto nacional,
industrial, popular en la llamada “guerra de Malvinas” en 1982 e impuesta en los
tratados/´acuerdos´ de rendición de 1991 (con Cavallo/CityGroup/HSBC ya como
superministro de economía y Roque Fernández/JPMorgan como presidente del BCRA)
por el capital financiero transnacional anglo-americano que conllevaban a la
entrega de las empresas estratégicas del Estado y a
“privatizar-transnacionalizar”(entregar a las Empresas Transnacionales) las
áreas estratégicas de la administración pública nacional. Proceso en el cual
tuvieron participación protagónica también los ggeell (grupos económicos locales
) todos contra los ´capitanes de la industria´.
Esta crisis mediante el uso de instrumentos de política monetaria, con corridas
cambiarias y financieras son propias de las capacidades del poder financiero,
que las implementa el poder financiero transnacional desde el unipolarismo y
unilateralismo desde 1994 en el mundo, y que en Argentina se implementaron por
primera vez contra el Gobierno de Alfonsín-Menem de 1987-a-1991-2001, induciendo
la hiperinflación por corridas de precios de los productos y del precio del
dólar, induciendo los saqueos y asesinatos en las barrios del conurbano.
Licuando las capacidades políticas y el poder de gobernar hasta imponer y
realizarlo a partir de sus cuadros gerenciales/funcionarios en 1991.
Los actores financieros unipolares instrumentan las corridas cambiarias y las
corridas financieras como modos de golpe de estado, para imponer cambios
violentos de correlaciones de poder y así ampliar su monopolio sobre las áreas
de gobierno. Un monopolio de áreas e instrumentos que NO guardan relación con su
participación en la vía política democrática electoral y SI en la vía–de-hecho,
por acción directa económica-financiera, desestabilizando lo que el ámbito de la
política instituyo e institucionalizando lo que la monarquía financiera, y su
moderna aristocracia de CEO´s, impone en lo económico por la vía de la fuerza:
como golpe económico, financiero, narco, policial, militar y siempre con todas
la diferentes combinaciones posibles entre las opciones de hecho.
La llamada ´guerra de Malvinas´ en lo militar se pelea y define entre 1979-1982,
y en particular entre agosto-diciembre de 1982 cuando imponen a Domingo Cavallo
para llevar adelante el primer ´trabajo sucio´ que fue estatizar la deuda
contraída por las corporaciones financieras y grupos económicos locales.
Haciéndole pagar al pueblo argentino y al proyecto nacional, popular e
industrial estratégico (1946-1982), los intereses de los vencedores: sus
millonarias deudas y la apropiación/privatización de lo que había sido
construido como capital del estado social, empresas estratégicas del estado y su
administración estratégica de estado.
Por ello es un eufemismo decir que este es un momento de “debilidad” del
gobierno argentino. La palabra para caracterizar los hechos que agudizan la
situación desde el 28 de diciembre del 2017, es “crisis” por choque frontal de
intereses financieros transnacionales.
La organización política Cambiemos (que llega al gobierno después de ser minoría
electoral por acto de un ballotage donde la comunicación vía redes sociales y
aplicaciones como Facebook/Wassapp/etc., más las ´operaciones´ subcontratadas a
Cambrige Analítyca), en tanto bloque de fuerzas políticas que coordina y
administra el Gobierno en la Argentina desde diciembre de 2015, expresando un
esquema de gobierno que establece las reglas de juego con las cuales las
diferentes fracciones del capital financiero hacen negocios, ha estallado por la
profundidad del choque de fuerzas entre actores financieros transnacionales, que
se lleva puesto a los políticos y funcionarios. Con esto queremos decir que los
´cambios´ de política de gobierno y de gabinete que estamos observando no son
circunstanciales, ni de forma, ni cosméticos, sino estructurales pero, que a la
vez son seguramente transitorias porque los motivos estructurales de la crisis
persisten.
- Interna entre esquemas de poder financiero unipolar
 Estamos hablando de una feroz interna de esquemas de poder financiero que
componen y atraviesan el gobierno desde y a partir de sus distintos ministerios,
secretarías, subsecretarias. Detrás de las llamadas “fuerzas del mercado” que
desencadenaron la corrida cambiaria en mayo del 2018, acompañada de fuga de
capitales, existe también una disputa de proyectos estratégicos de alcance
mundial, que ocupan espacios en la estructura de gobierno, que luchan para
subordinar y/o conducir la política económica de gobierno y al gobierno. Esto
que se observa y se cristaliza en las formas en los cambios de nombres en los
ministerios y secretarias, en el fondo solo es un ´cambio´ de línea estratégica
trasnacional de poder, que aparecen como cambios económico, político y de
ideas/argumentos/maneras.
La batalla más cruda de esta disputa, se expresó cabalmente en la puja entre el
Banco Central (BCRA) y la Jefatura de Gabinete, entre los intereses del
globalismo financiero con centro en Londres/Wall Street por un lado (intereses
que expresados por Sturzenegger y su mentor Cavallo, así como otros funcionarios
de peso), y los intereses del Continentalismo norteamericano con centro en
Washington por el otro (a quienes representa el principal asesor económico de
Marcos Peña: Quintana/Vladimir Werning en un primer momento en las secretarias
de hacienda/economía, así como lo hace con Caputo/Quirno/Cañonero y otros
funcionarios en el BCRA).
En la mesa chica del PRO, y del poder financiero con centro en Washington,
tenían un diagnóstico compartido: Macri debía, en primera instancia, bajar a
Federico Sturzenegger/Cavallo del comando del Banco Central, que oficio como un
presidente paralelo y no electo desde 2015, además un instrumento desde donde se
impuso la política pro-globalista de gobierno (cuando todos suponían que ganaba
Clinton, recordemos como Macri/Malcorra jugaron a favor de Hillary durante el
2016) desde diciembre de 2015 hasta la primera crisis de esta movida
estructural. La cual empieza en mayo-septiembre de 2017, y manifiesta todas sus
contradicciones en diciembre de 2017 (28D). Una crisis que parecía contenida y
solucionada hasta marzo de 2018, porque al BCRA se lo subordino a la Jefatura de
Gabinete (Quintana/Werning/JPMorgan), y que se reabre y profundiza con la
corrida de abril-mayo del 2018 que reposiciono a Stuzenegger/Cavallo y está
concluyendo (por ahora) con subordinación del BCRA a
JPMorgan/Templeton/Blackrock/Washington, con Luis Caputo como presidente, Pablo
Quirno como nuevo director (ambos ex JP Morgan) y a Gustavo Cañonero como
vicepresidente (vinculado a Templeton).
 Recordemos también, que fue Caputo quien negoció el ingreso de 3000 millones de
dólares de parte de Franklin Templeton Investments y BlackRock. Poder-Dinero con
el cual se pudieron renovar las lebacs del primer “supermartes”. Templeton, se
quedó con el 75% de dichos bonos del tesoro en pesos (llamados BOTE) y es un
fondo fundado en 1947 por Rupert H. Jhonson, con sede en San Mateo, California.
Bajo el símbolo “BEN” en Wall Street, tiene como accionistas mayoritarios a los
hermanos Charles Barlett Jhonson (19,8%), uno de los grandes financistas del
partido republicano y el Tea Party, y Ruppert Jhonson Jr (19,6%).
Un segundo paso profundizando, son los otros dos golpes directos al ala
globalista del gobierno, que son la exclusión de Francisco Cabrera (quien hizo
carrera en Grupo Roberts y en el Grupo HSBC, que absorbió al Roberts cuando
desembarco en Argentina en 1992 y antes operaba a través de él) del Ministerio
de la Producción, y Juan José Aranguren (Shell 1979-2018, vinculada a Lloyd’s
Bank y HSBC) del Ministerio de Energía, Dante Sica ingrsa como Ministro de
Producción y Javier Iguacel, como ministro de Energía. Recordemos, en este
punto, que la primera movida era que producción y energía perdieran rango
institucional de ministerio a Secretaria y quedarán subordinadas al
Superministerio de Dujovne (quien lleva la relación directa con el FMI). Esto no
paso, no hay superministerio, pero si hay un súper BCRA, con ´toto´ Caputo al
frente.
Además, Minería que estaba en energía, pasa a depender el Ministerio de
Producción fortaleciendo aún más ese ministerio y asociando Minería a producción
y no a extracción. El nuevo ministro de Producción tiene trayectoria como
director externo de Peugeot Citroën Argentina y como asesor, de la poderosa
federación de Industriales de San Pablo (FIESP). La UIA hizo trascender en
diferentes portales que tiene su visto bueno. Incluso Acevedo, presidente de la
UIA y que viene del sector industrial-aceitero-exportador y productor de cerdos,
considero: “la visión de Dante Sica es diferente a la que se estaba haciendo
hasta ahora” ya que “es una persona que habla de empleo, de productividad y que
pone al dólar en otro lugar”. No es para menos, es un hombre propio ya
referenciado en la experiencia del “grupo de los productivos” hacia la salida de
la convertibilidad de 2001. Aun así, mostraron algo de cautela por el tema de
las crecientes importaciones, donde en el sector de bienes de consumo final
sobre todo, los grupos locales en conjunto con las pymes, tienen intereses
propios.
Esto nos permite hacer observable que, en la UIA históricamente existen dos
grandes líneas que confrontan, el sector asociado a la producción y exportación
del complejo financiero agro-alimentario comandado por las poderosas
transnacionales desde la Coordinadora de las Industrias de Productos
Alimenticios – COPAL –, organización que nuclea a Cámaras y empresas de la
industria de Alimentos y Bebidas (Coca, Pepsico, Nabisco, Parmalat, Kraft,
Nestle, etc.) vs los Industrialistas (Laboratorios nacionales, Textiles,
Siderurgicos, etc.). Pero aquí hay que agregar una complejidad mayor, la
política del Macrismo lanzo un plan de transporte a puerto, de materias primas
principalmente Soja más Maíz, Trigo, etc., con una terminal de nuevo tipo y
donde el gran comprador y destino es China, no solo de argentina (3er vendedor
mundial), sino EE.UU. (2do vendedor mundial y Brasil (1er vendedor mundial).
Donde se plantea el cambio de esquema de transporte, de Camión a Ferrocarril, y
con un ferrocarril que pasaría de concesionado a privados (AGD, Techint,…) a
re-estatizado público (Socma, etc.). Este cambio del Macrismo impacta
negativamente sobre AGD (Acevedo presidente UIA y actor de grupo exportadores) y
Techint (principal actor de los Industrialistas) y beneficia a SOCMA.
En el ministerio de energía, la llegada de Iguacel significa que pierde
´dialogo´ Shell/Schlumberger y gana terreno Pluspetrol-SOCMA/Tecpetrol-Techint/
PerezCompancEnergía. En la misma línea de presidencia de la Nación, se
fortalecen a los ggeell que ya son parte del Macrismo, pero que incluso empiezan
a mostrar diferencias y distancias con el modelo financiero de los dos últimos
años. En síntesis, más poder y margen de maniobra para los grupos económicos
locales en el esquema de gobierno, con apoyos recíprocos con los industriales de
San Pablo (Fiesp) y dialogo con las multinacionales de Francia–Alemania.
 Con Aranguren/Shell sale un ´operador de negocios´ asociado directamente a la
exportación sin agregar valor, fue presidente vitalicio de la poderosa de la CAC
(Cámara Argentina de Comercio) y vinculado al chileno Grupo Lucksic/Shell con
quien monopolizan aun el negocio de exportación de gas natural desde
Argentina-a-Chile y fuertemente vinculado económicamente con el presidente
Piñera/LAN/British-Airlines/HSBC. Aranguren fue quien hizo público el acuerdo
secreto con Chevron/Obama que realizo la administración anterior, para poder
recuperar YPF del control de Repsol/BP en dialogo con las petroleras chinas.
- La Crisis sigue abierta
 Las condiciones de posibilidad económico-estratégicas que dan origen a ésta
crisis siguen abiertas. Hablamos del sostenido incremento de las tasas de
interés de la Reserva Federal, variable que hace mucho más rentable los bonos
del tesoro norteamericano (Fly-to-Quality ). Desde diciembre del 2016 a marzo
del 2018, la tasa de referencia de la FED aumentó de 0,75% a 1,75%,
respectivamente, en el marco de la política de Trump de absorber dólares de la
burbuja global, para financiar su programa de reconstrucción de infraestructura
y reindustrialización nacional con proteccionismo.
El PRO no podía no saber que esto pasaría durante la administración Trump, quien
ya había hecho público su programa de gobierno y que luego llevo adelante punto
por punto; pero jugaron todas sus fichas al globalismo de Clinton porque era la
´favorita´ y el mayor actor financiero global, y principalmente porque eran sus
aliados centrales en el esquema electoral que gano en octubre de 2015, que luego
se observó en la composición ministerial del gobierno Pro. Su jugada pro-Clinton
durante la elección deja entrever muchas cosas, una de ellas es que tanto el PRO
como sus aliados locales , advirtieron que este escenario dificultaría su
estrategia “gradualista”, la cual tiene su talón de Aquiles en la necesidad de
un continuo financiamiento externo a tasas bajas. Por otro lado, la FED ya había
dejado en claro su plan de aumentos escalonados hasta llegar al 3% en 2019/20,
con un nuevo aumento de tasas para junio de 2018 que cumplió llevando la misma
al 2%. Se esperan dos aumentos más para el resto del año. Los últimos datos de
la economía estadounidense indican mayor crecimiento, baja de desempleo y
aumento de la inflación más de lo esperado. Por lo tanto, el contexto global
para una nueva salida de capitales del mundo emergente hacia EEUU, sigue abierto
y con mayor fuerza.
Esta crisis del Macrismo, que tiene un sinnúmero de movidas y golpes de
estado/de palacio, entendido como acción de fuerza para torcer y producir un
realineamiento en el estado de las relaciones de poder, no solo forzó al PRO a
un reposicionamiento geopolítico que lo ató más que nunca a Washington (con la
llegada del FMI que se suma a control del ministerio de seguridad y el de
defensa), sino que redefinió la dinámica interna, zonas de influencia y toma de
decisiones del ala política del gobierno.
Queda claro que el principal perdedor de esta batalla fue Stuzenegger pero
también en la jefatura de gabinete hay golpeados (Quintana/Lopetegui/Werning).
En palabras de Macri, por allá a finales de 2016 en el CCK en reunión de
gabinete ampliado, cuando aseguró que “Marcos Peña, Mario Quintana y Gustavo
Lopetegui son sus ojos, oídos e inteligencia”, aún mantiene sus oídos. Estas
posiciones de privilegio fueron afectadas por dos razones. Primero, se amplió la
mesa chica del gobierno, con el ingreso de Monzó, Ernesto Sanz y Fernando
Sánchez (mano derecha de Carrió). Lo cual implica la decisión de tender puentes
con el peronismo e incorporar a la UCR-CC en la toma de decisiones (es decir,
jugadores cercanos a Washington/JPMorgan como lo son también la ministra de
seguridad y el ministro de defensa), y, sobre todo, en bancar el ajuste profundo
que seguirá a la ya anunciada “caída del gradualismo”.
Un ajuste que aparece como fiscal y financiero pero que apunta todos sus cañones
a ¨desarticular´ a las organizaciones sindicales y la CGT; a las organizaciones
sociales de la economía popular y la CTEP/CCC; a la Universidad Pública Nacional
y sus espacios y organizaciones históricas de participación FUA/Federaciones
regionales; a las organizaciones e instituciones de la seguridad social y de los
trabajadores jubilados y pensionados; a las organizaciones de los productores
rurales pequeños y su acceso a la tierra, etc. Incluso copar todas las
instituciones de las fuerzas militares, de seguridad y de policía ocupando el
territorio y el gobierno porque, su desventaja geoestratégica en el plano global
y universal trata de compensarla con esta necesidad urgente de una muy acelerada
ocupación de países (el ALCA del 2018).
La tesis de reestructuración de gabinetes, dando por tierra la estrategia de
atomización del área económica para disminuir la capacidad de agencia y
subordinarlas al superministro Dojuvne, ya sufre las primeras trabas y
tropiezos. Con el ingreso del FMI a la escena y comenzando con el programa ´no
gradualista´ de reducción del déficit fiscal para el ingreso en tramos del
crédito, este sería el momento más propicio del gobierno para encarar la
eliminación de ministerios. Pero no sucedió así, los tropiezos y trabas hicieron
que los ministerios de energía y producción, que debían bajar a secretarias
subordinadas al superministro Dujovne no sucedieran. Pero sucedió sí que
siguieran como ministerios, con ministros con dialogo fluido con Duhalde, y con
un anclaje en políticas más cercanas al industrialismo con mercado interno y
pymes.
Entonces, todo estaba dado para que Marcos Peña quedara como
desdibujado/encerrado entre los dos superministros, Dujovne y Caputo; el primero
con anclaje en el FMI, una organización compleja siempre dominada por Washington
y acompañada por Francia/Alemania; pero que hoy se ve trastocada porque Trump a
desorganizado ese eje-entente y Washington resiste su avance dentro de EE.UU. y
Alemania/Francia avanzan consolidando una Unión Europea que sale de su posición
de “vasallo estratégico” de Washington y de Londres, y marcha hacia el
multipolarismo con Rusia y China. Estaba todo para que Marcos-Peña-Brown pierda
posiciones en el diseño y ejecución de las estrategias de ambos frentes, pero la
realidad y el diablo financiero ha metido la cola y Macri tiene un espacio
desgobernado y necesita un operador.
Vayamos ahora a la partida inmediata que jugará el nuevo esquema del Macrismo.
Si el problema son los dólares, ¿por qué centrarse en el tema del déficit? Hay
varias ´razones´ de porque el gobierno hace esto, dentro de las cuales podemos
distinguir entre económicas y estratégicas. ´Achicar el Estado´, que en realidad
es sacarle al estado las áreas de la actividad pública que impactan
positivamente en la sociedad y son beneficios sociales públicos para todos y así
poder convertirlas en áreas de negocios ´privados-capitalistas´ para sus amigos
y socios. Entonces, entregar el estado –el capital social estatal acumulado
durante 100 años- al modo PRO repercute directamente sobre la ´demanda interna´,
que en castellano es la capacidad de consumo y poder adquisitivo del pueblo
argentino, ya que la mayoría del PBI Argentino es consumo. Por otro lado, la
devaluación, interanualmente medida tomando el mes de junio fue del 57% -de 16 a
28 pesos por dólar-, ha reducido ya en un % la capacidad de consumo del pueblo
argentino ¡Salud! Esto impacta directamente en la compra de bienes de consumo
final (tanto importados como locales, por la caída del salario real). Ajuste y
“exportar más” dice el ministro de producción.
El llamado ´ajuste´ fiscal y monetario del gobierno, esconde objetivos que van
más allá. Uno de los objetivos del ajuste, que más se viene mencionando, es la
participación accionaria en ´empresas´ que tiene el Fondo de Garantía y
Sustentabilidad (FGS) de Anses, que rondaría los 7500 millones de dólares. Este
fondo proviene de la historia negra, que se construyó a partir del ´uso´ (abuso)
financiero de los fondos de los jubilados y pensionados que hicieron las
corporaciones financieras, bancos y grupos económicos al ´privatizar´,
apropiarse del sistema jubilatorio y de pensiones público-estatal en la ´década
hurtada´ de 1991-2001, al instrumentarlos como fondos de financiamiento de bajo
costo y bajo riesgo (bajos intereses y las pérdidas en la ´timba´ siempre se
imputaban a cargo de los jubilados y pensionados). Estos manejos siempre
´turbios´ y propios de las corporaciones financieras es lo que legitimo
socialmente su re-estatización y consolidación en el FGS y las deudas de las
´corporaciones´ se transformaron en acciones en poder del sistema
público-estatal, denominado FGS-ANSES.
Ahora desde diciembre de 2015, las corporaciones financieras de todo pelaje y
color, vienen de nuevo. Planteando que la prioridad la tendrían las mismas
´empresas´ para recomprar sus acciones, regresar a foja cero tal cual estaba la
´cosa´ antes de que estallara la gran interna financiera transnacional en
septiembre–diciembre de 2001, entre proglobalistas/Londres-vs-Washington
/continentalistas.
Vienen por el 28% de Banco Macro, 26,8% de Edenor, 18,6% de Fondo Financiero
Galicia S.A, 20% de Molinos Río de La Plata, 9% de Clarín, 9% de Cablevisión,
20% Telecom S.A y 9,3% de Aluar, entre otras, también de importante talla.
 Se busca ´entregarlas´ (acciones del FGS), justificándolo en el contexto de
ajuste y déficit, pero esto no hará más que agravar el déficit, ya que los
ingresos por participación en las ganancias son muy grandes y es uno de los
pilares de ingreso de recursos. Estamos hablando de nombres con aceitadas
relaciones con Washington. De un nutrido grupo de empresas (entre ellas el
gigante de las telecomunicaciones y multimedio más importante de Argentina:
Cablevisión/Telecom/Clarín, bajo control del JPMorgan y Goldman Sachs desde
Delaware), que pretenden consolidar su estructura accionaria y alejar toda
posibilidad de que el Estado tenga información, injerencia y posible decisión,
por ende, quitándole no sólo un enorme flujo de fondos para realizar política
pública de inclusión social, sino también una valiosísima herramienta, clave
para la planificación estratégica de la economía.
Por ello afirmamos que esta Crisis de Gobierno es estructural. Que a pesar de
los cambios ministeriales y palabras, estos son solo transitorios y lo único
definitivo es que la puja de intereses financieros es de fondo en Argentina y en
lo Internacional. Seguramente las corridas financieras contra el tipo de cambio
seguirán siendo parte del paisaje político y las operaciones entre conglomerados
de telecomunicaciones y redes sociales seguirán construyendo miradas que
muestran a los malos-sucios-feos financieros de un lado contra los
malo-sucios-feos financieros del otro lado, donde se trata de que el pueblo no
emerja/ascienda como opción real con su proyecto propio: popular y nacional
latinoamericano en lo universal.
Es importante para el Pueblo Argentino saber que todas las opciones de gobierno
y de poder están abiertas y son posibles. Más aun cuando hablamos del Pueblo
Argentino que mantiene aún todas sus organizaciones sindicales, sociales,
populares con alta participación en las luchas de calle, una estructura de
conducción diversa y heterogénea, con muchos años de construcción y aprendizaje,
con derrotas y victorias cuyas enseñanzas son las únicas que ayudan en los
tramos decisivos.
 Con una situación internacional donde no solo están presentes (como en 2001)
los actores financieros unipolares, sino que han emergido (2014-2016) y se
consolidan los actores del multipolarismo, cuya medula abreva en un humanismo
vertebrado en el trabajo, la producción, lo nacional-universal y lo popular que
tiene la capacidad de llevar la lucha en Paz, en el terreno de la política y
nunca en el de la guerra ni financiera ni militar.

In
La página de Wim Dierckxsens
http://mariwim.info/
Julho de 2018

terça-feira, 24 de julho de 2018

Nicaragua, la revolución y la niña en el bote



 
  
  
(Por Atilio A. Boron)


La dolorosa coyuntura actual en Nicaragua ha precipitado un verdadero aluvión de
críticas. La derecha imperial y sus epígonos en América Latina y el Caribe
redoblaron su ofensiva con un único y excluyente objetivo: crear el clima de
opinión que permita derrocar sin protestas internacionales al gobierno de Daniel
Ortega, elegido hace menos de dos años (noviembre del 2016) con el 72 por ciento
de los sufragios. Esto era previsible; lo que no lo era fue que en esa
arremetida participaran con singular entusiasmo algunos políticos e
intelectuales progresistas y de izquierda que unieron sus voces a la de los
lenguaraces del imperio. Un notable revolucionario chileno, Manuel Cabieses
Donoso, de cuya amistad me honro, escribió en su flamígera crítica al gobierno
sandinista que “la reacción internacional, el ‘sicario’ general de la OEA, los
medios de desinformación, el empresariado y la Iglesia Católica se han adueñado
de la crisis social y política que gatillaron los errores del gobierno. Los
reaccionarios se han montado en la ola de la protesta popular.”  Descripción
correcta de Cabieses Donoso de la cual, sin embargo, se extraen conclusiones
equivocadas. Correcta porque es cierto que el gobierno de Daniel Ortega cometió
un gravísimo error al sellar pactos "tácticos" con enemigos históricos del FSLN
y, más recientemente, tratar de imponer una reforma previsional sin consulta
alguna con las bases sandinistas o actuar con incomprensible desaprensión ante
la crisis ecológica en la Reserva Biológica Indio-Maíz. Correcta también cuando
dice que la derecha vernácula y sus amos extranjeros se adueñaron de la crisis
social y política, dato éste de trascendental importancia que no puede ser
soslayado o subestimado. Pero radicalmente incorrecta es su conclusión, como son
las de Boaventura de Sousa Santos, la del entrañable y enorme poeta Ernesto
Cardenal, y Carlos Mejía Godoy, amén de toda una plétora de luchadores sociales
que en sus numerosas denuncias y escritos exigen –algunos abiertamente, otros de
modo más sutil- la destitución del presidente nicaragüense sin siquiera esbozar
una reflexión o arriesgar una conjetura acerca de lo que vendría después.
Conocidos los baños de sangre que asolaron Honduras siguiendo la destitución de
“Mel” Zelaya; los que hubo en Paraguay luego del derrocamiento “express” de
Fernando Lugo en 2012, y antes lo que sucediera en Chile en 1973 y en Guatemala
en 1954; o lo que hicieron los golpistas venezolanos después del golpe del 11 de
Abril en el interludio de Carmona Estanga “el breve”, o lo que está ocurriendo
ahora en Brasil y los centenares de miles de asesinatos que hizo la derecha
durante las décadas del “cogobierno FMI-PRIAN” en México, o el genocidio de los
pobres practicado por Macri en la Argentina. ¿Alguien en su sano juicio puede
suponer que la destitución del gobierno de Daniel Ortega instauraría en
Nicaragua una democracia escandinava?
Una debilidad común a todos los críticos es que en ningún momento hacen alusión
al marco geopolítico en el que se desenvuelve la crisis. ¿Cómo olvidar que
México y Centroamérica es una región de principalísima importancia estratégica
para la doctrina de seguridad nacional de Estados Unidos? Toda la historia del
siglo veinte está marcada por esta obsesiva preocupación de Washington para
someter al rebelde pueblo nicaragüense. A cualquier precio. Si para ello fue
necesario instaurar la sangrienta dictadura de Anastasio Somoza a la Casa Blanca
no le tembló el pulso y actuó en consecuencia. Criticado por algunos
representantes Demócratas en el Congreso de Estados Unidos por el respaldo que
Franklin D. Roosevelt le otorgaba al dictador, éste se limitó a responder que
“sí, es un hijo de puta pero es NUESTRO hijo de puta.” Y las cosas no cambiaron
desde entonces. Cuando el 19 de Julio de 1979 el Frente Sandinista derrotó al
régimen somocista, el presidente Ronald Reagan no titubeó un minuto en organizar
una operación mafiosa de tráfico ilegal de drogas y armas a los efectos de poder
financiar, más allá de lo que autorizaba el Congreso de Estados Unidos, a la
“contra” nicaragüense. Se conoció todo esto bajo el nombre de “Operación
Irán-Contras”. ¿Podemos ser hoy tan ingenuos para obviar estos antecedentes, o
para pensar que esas políticas intervencionistas y criminales son cosas del
pasado? Un país, además, que en tiempos recientes ha planeado la construcción de
un canal interoceánico –financiado por enigmáticos capitales chinos-que
competiría con el de Panamá, controlado de hecho, si no de derecho, por Estados
Unidos. Estos no son datos anecdóticos sino de fondo, indispensables para
calibrar con precisión el marco geopolítico en que se desenvuelven los trágicos
acontecimientos de Nicaragua.
Todo lo anterior no significa obviar los graves errores del gobierno de Daniel
Ortega y el enorme precio pagado por un pragmatismo que si estabilizó la
situación económica del país y mejoró las condiciones de vida de la población
hipotecó la tradición revolucionaria del sandinismo. Pero el pacto con los
enemigos siempre es volátil y transitorio. Y ante la menor muestra de debilidad
del gobierno, y ante un grosero error basado en el desprecio por la opinión de
la base sandinista, aquellos se lanzaron con todo su arsenal a la calle para
voltear a Ortega. Trasladaron buena parte de los mercenarios que protagonizaron
las “guarimbas” en Venezuela a Nicaragua y están aplicando ahora en Nicaragua la
misma receta de violencia y muerte que se enseña en los manuales de la CIA.
Conclusión: la caída del sandinismo debilitaría el entorno geopolítico de la
brutalmente agredida Venezuela, y aumentaría las chances para la generalización
de la violencia en toda la región.
Estando en el Foro de Sao Paulo que tiene lugar en La Habana pude deleitarme en
la contemplación del Caribe. Allí divisé, a lo lejos un frágil botecito. Lo
manejaba un robusto marinero y, en el otro extremo se encontraba una joven
muchachita. El timonel parecía confundido y se esforzaba para mantener el rumbo
en medio de una amenazante marejada. Y se me ocurrió pensar que esa imagen podía
representar con elocuencia al proceso revolucionario, y no sólo en Nicaragua
sino también en Venezuela, Bolivia, donde sea. La revolución es como aquella
niña, y el timonel es el gobierno revolucionario. Este se puede equivocar,
porque no hay obra humana a salvo del error; y cometer errores que lo dejen a
merced del oleaje y pongan en peligro la vida de la niña. Para colmo, no muy
lejos se dibujaba la ominosa silueta de una nave de guerra de Estados Unidos,
cargada de armas letales, escuadrones de la muerte y soldados mercenarios. ¿Cómo
salvar a la niña? ¿Botando el timonel al mar y dejando que se hunda el bote, y
con él la niña? ¿Entregándola a la turba de criminales que se agolpan, sedientos
de sangre y prestos para saquear el país, robarle sus recursos y violar y luego
matar a la jovencita? No veo que eso sea la solución. Más productivo sería que
algunos de los otros botes que se encuentren en la zona se acerquen al que está
en peligro y hagan que el desastrado timonel enderece el rumbo. Hundir al que
lleva a la niña de la revolución, o entregarla al navío norteamericano
difícilmente podrían ser consideradas soluciones revolucionarias.

In
RED ROJA
http://redroja.net/index.php/noticias-red-roja/opinion/4936-nicaragua-la-revolucion-y-la-nina-en-el-bote
18/7/2018

domingo, 22 de julho de 2018

CONTRA O DESEMPREGO, A RETIRADA DE DIREITOS, A MISÉRIA PROVOCADA PELOS PATRÕES E SEUS GOVERNOS, VAMOS FORTALECER O DIA NACIONAL DE LUTA EM 10 DE AGOSTO




A Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora
fortalecerá o Dia Nacional de Luta marcado para o dia 10 de agosto, realizando
assembleias, paralisações e participando das manifestações de rua que têm como
eixo central o enfrentamento contra a reforma trabalhista dos patrões que a cada
dia escancara seu objetivo: manter e ampliar as demissões, acabar com direitos e
arrochar ainda mais os salários.
Sem nos submeter ao calendário eleitoral e nem às pautas que têm como eixo
central reclamar do fim do imposto sindical, fortaleceremos as atividades do 10
agosto para avançar na luta contra as ações do Capital que para retomar e
ampliar seu patamar de lucros, espalha o desemprego, a retirada de direitos e a
miséria.
Fortalecer esse dia nacional de luta para denunciar as ações do governo
Temer/MDB e dos diversos governos estaduais e municipais, que a serviço do
Capital impõem o sucateamento dos serviços públicos, o congelamento dos salários
e a piora das condições de trabalho do funcionalismo público que tem como
resultado a piora das condições de vida e trabalho do conjunto da classe
trabalhadora.
Nos empenharemos para que o dia 10 de agosto, seja um dia nacional de luta que
impulsione a organização da necessária greve geral no país, pois é só assim na
ação direta dos trabalhadores, parando a produção e a circulação de mercadorias
que vamos mais do que dar um basta, barrar a barbárie que se impõe contra à
classe trabalhadora.
Em todos os locais que estamos organizados, nos empenharemos em ações unitárias
com os Sindicatos e Organizações que têm como prioridade a organização de um dia
nacional de luta que enfrente a reforma trabalhista dos patrões e todas as ações
dos governos que têm como objetivo atacar o conjunto da classe trabalhadora.

In
INTRERSINDICAL
http://www.intersindical.org.br/2018/07/14/contra-o-desemprego-retirada-de-direitos-miseria-provocada-pelos-patroes-e-seus-governos-vamos-fortalecer-o-dia-nacional-de-luta-em-10-de-agosto/
14/7/2018

sexta-feira, 20 de julho de 2018

PCB apresenta plataforma política pelo Poder Popular



Nesta sexta, dia 20/07, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) realiza sua
Convenção Nacional para formalizar o apoio político à pré candidatura de
Guilherme Boulos e Sônia Guajajara para a presidência da república. Tais
candidatos expressam a frente política e social que reúne PCB, PSOL, Mídia
Ninja, MTST, Movimento Indígena e outros movimentos populares.
Num grande ato político, que contará com a presença de pré candidatos do PCB de
vários estados brasileiros, convidados do PSOL e representantes de organizações
de luta e movimentos sociais, o PCB apresenta a sua contribuição política ao
programa da Frente de Esquerda, cujos termos divulgamos a seguir. Vamos sem medo
de mudar o Brasil!
RECONSTRUIR O BRASIL NA DIREÇÃO DO SOCIALISMO
Por que o PCB apoia, nas eleições, a frente política e social liderada por um
sem teto e uma indígena?
Primeiro porque temos uma política amadurecida de construção de frentes
políticas de esquerda como condição fundamental para reconstruir um novo rumo
para o Brasil. Segundo porque a candidatura Boulos-Guajajara nasceu a partir de
baixo e representa uma união avançada não só dos partidos políticos de esquerda
mais também dos movimentos sociais, com perspectiva de se manter unida para além
das eleições.
Para compreender nossa decisão, é fundamental avaliarmos que vivemos uma
conjuntura instável, incerta e complexa tanto em nível nacional quanto
internacional. O aprofundamento da crise sistêmica do capitalismo, das disputas
interimperialistas e o acirramento da luta de classes intensificam os ataques
aos direitos sociais, políticos e democráticos da classe trabalhadora em todo o
mundo. No Brasil, na América Latina e em diversos países, crescem movimentos e
partidos de extrema direita e fascistas cada vez mais como opções políticas
viáveis para os grandes monopólios administrarem a barbárie capitalista.
Em nosso país, para dar continuidade ao programa ultraliberal, antipopular e
antinacional do governo golpista, setores reacionários da classe dominante
brasileira cada vez mais apostam e simpatizam com a candidatura de extrema
direita. Em tempos de crise e disputas no andar de cima, o programa do grande
capital no Brasil está claro, independente dos candidatos: radicalização na
retirada de direitos trabalhistas, reforma da previdência, privatização de
empresas estratégicas e recursos naturais, desnacionalização econômica, entrega
do pré-sal para grandes petrolíferas internacionais, subordinação aos interesses
dos EUA no continente, restrição das liberdades democráticas, criminalização dos
movimentos populares e intolerância aos direitos das mulheres, negros e LGBTs.
Por outro lado, ainda prevalece no campo popular e progressista ilusões quanto
ao caráter reacionário e entreguista da classe dominante brasileira, cujos
projetos desembocam em candidaturas de conciliação que não enfrentam os
interesses e privilégios históricos da burguesia brasileira. Na atual quadra
histórica, em especial após o golpe jurídico parlamentar de 2016, a mensagem da
Casa Grande é clara para o conjunto dos explorados: não há mais espaço para
conciliação e tolerância. A prisão arbitrária do ex-presidente Lula é o grande
símbolo desta mensagem.
Nesse sentido, o PCB participa juntamente com o PSOL, MTST, APIB, Mídia Ninja e
outros movimentos populares da única frente política e social de esquerda nestas
eleições que possui um programa e uma prática cotidiana que reúne condições de
se apresentar enquanto uma alternativa aos ataques da burguesia e às ilusões
conciliatórias com essas classes dominantes. Por se tratar de uma frente,
sabemos que se constrói a partir de uma ampla unidade de baixo para cima.
Sabemos também da existência de importantes e saudáveis divergências entre
distintos setores que constroem a campanha, no entanto, para os comunistas
brasileiros, o momento é de valorizar as convergências e a unidade até agora
conquistada.
O PCB manterá seu programa anticapitalista e anti-imperialista, a defesa da
atualidade do socialismo, seus símbolos e valores históricos. Contudo,
valorizamos e reconhecemos pontos estratégicos de convergência no programa
construído pela candidatura Boulos-Guajajara. Tal programa representa a
apresentação de propostas concretas emergenciais para a melhoria das condições
de vida dos trabalhadores brasileiros, assim como de alguma forma aponta para a
reorganização política e ideológica da esquerda brasileira para além da lógica
eleitoral e da conciliação de classes. Listamos alguns elementos que valorizamos
e com os quais contribuímos, a saber:
1 – A convocação de plebiscitos para revogar as contrarreformas do governo
golpista, como a reforma trabalhista, a PEC do teto dos gastos públicos e a PEC
da Desvinculação de Receitas da União (DRU), Lei das Terceirizações, entre
outras. Criação de um sistema nacional de democracia direta, a fim de fortalecer
a organização dos trabalhadores e o poder popular. Democratização da mídia e
enfrentamento aos grandes monopólios midiáticos. Proposta de um pacto nacional
contra a violência à mulher, enfrentando o feminicídio, que atinge
principalmente as mulheres trabalhadoras, além da defesa da legalização do
aborto e a ampla assistência à saúde da mulher. Combate rigoroso a todas as
formas de opressão, à violência e a todo tipo de preconceito, seja de classe,
étnico, religioso ou sexual. Defesa da possibilidade de adoção para casais
homoafetivos, de uma política de empregabilidade para a população de travestis e
transexuais e do ensino de educação sexual nas escolas públicas.
2 –  A defesa das liberdades democráticas, da livre organização dos
trabalhadores, movimentos populares e revolucionários. Apuração dos crimes
hediondos da ditadura civil militar e punição dos responsáveis por torturas,
assassinatos e desaparecimentos de presos políticos. Democratização e controle
social do poder judiciário e a defesa de uma reforma política que crie
mecanismos de controle popular dos políticos e preserve os partidos políticos
ideológicos.
3 – A crítica ao tripé macroeconômico, isto é, câmbio flutuante, metas de
inflação e superávit primário. Tripé que estrutura a política econômica do
estado burguês brasileiro desde os anos de 1990. A proposta de revogação da lei
de responsabilidade fiscal é fundamental no enfrentamento aos interesses do
capital financeiro. Ao mesmo tempo a proposta de auditoria da dívida pública,
sua renegociação, reestruturação e queda dos juros representa um aporte
importante para que se possa ter recursos para financiamento das políticas
sociais. Reestatização e reestruturação, sob controle popular, da Petrobrás e do
monopólio estatal na exploração do petróleo, a revisão das privatizações das
reservas de pré-sal e da política de preços da Petrobrás.
4 – Defesa de uma reforma tributária progressiva que taxe à grande propriedade,
ganhos de capital e financeiros e grandes heranças. Defesa do pleno emprego e de
um plano de obras públicas para geração de empregos. Defesa dos direitos e
garantias dos trabalhadores, recomposição dos salários e uma política para
reduzir radicalmente o desemprego. A defesa de uma reforma agrária popular,
fortalecimento da agricultura familiar e implementação imediata do Programa
Nacional de Redução de Agrotóxicos. Defesa das demarcações de terras dos povos
indígenas e quilombolas, além de ampliar os direitos sociais e econômicos destes
povos. Na cidade, o enfrentamento à especulação imobiliária e ampliação de
programas sociais de moradia popular.
5 – Combate à privatização do SUS, ampliando seu financiamento de acordo as
demandas sociais e regulamentação do setor privado. A defesa de um SUS 100%
estatal, público e sob controle dos trabalhadores. Defesa da escola e
universidade pública, estatal, laica, gratuita e de alta qualidade que atendam
as demandas populares e o desenvolvimento nacional. Implementar os 10 % do
orçamento público para a educação pública. No campo da segurança pública, o
questionamento a política de guerra às drogas que extermina milhares de jovens,
em sua maioria negros, nas periferias do país. A defesa da desmilitarização da
segurança pública, focando na prevenção, inteligência, combate ao tráfico de
armas e à onda de homicídios em todo o país.
6 – A defesa de uma política externa anti-imperialista e independente, a partir
de mecanismos de integração econômica, financiamento de políticas sociais e
cultural latino-americana como a Unasul, Celac, Alba, Banco do Sul e a defesa de
um Mercosul para além da integração comercial. Assim como defesa da soberania
dos povos e da paz no continente, se posicionando claramente contra à instalação
de bases norte americanas e da IV frota na região, de golpes jurídicos
parlamentares no continente e às ameaças militares, cerco econômico e midiático
contra o povo venezuelano e a revolução bolivariana.
PLATAFORMA POLÍTICA PELO PODER POPULAR
(EIXOS PROGRAMÁTICOS DAS CANDIDATURAS DO PCB)
O Partido Comunista Brasileiro, nas eleições de 2018, lançará candidatos em
praticamente todos os estados do país. Nesse sentido, os comunistas brasileiros
apresentam suas principais propostas e eixos políticos anticapitalistas e
anti-imperialistas. Dadas as especificidades e desigualdades regionais, sociais
e culturais, acreditamos que nossas candidaturas terão enorme potencial em
conseguir dialogar a partir de demandas concretas das massas populares e
propagar didaticamente a denúncia do capitalismo e a atualidade do socialismo
sem vanguardismos, visando ao crescimento político, social e eleitoral de nossas
propostas.
Primeiro Eixo: Um programa anticapitalista e anti-imperialista para
desmercantilizar a vida.

A luta contra a mercantilização da vida tem que se expressar programática e
praticamente contra o modo de vida próprio da ordem burguesa, contra seus
valores, sua ideologia e sua cultura, afirmando um novo modo de vida, o que
implica no desenvolvimento de novos valores, novas formas de ser e de uma nova
forma de consciência social. Por isso, para nós, uma alternativa anticapitalista
é inseparável da necessidade de construção da alternativa socialista.
No campo anti-imperialista, nossas candidaturas serão defensoras firmes da
soberania nacional, contra a privatização das estatais e a entrega de nossas
riquezas, profundamente solidárias às lutas dos povos em todo o mundo.
Denunciaremos a ofensiva em curso do imperialismo, em especial estadunidense, na
América Latina. Sem cair num nacionalismo ufanista, denunciaremos o caráter
entreguista e associado da burguesia brasileira ao imperialismo.
Segundo eixo: A necessidade e urgência da alternativa socialista para garantir a
vida.
Afirmamos que uma alternativa socialista para o Brasil não é apenas possível,
ela é necessária. Nosso país conta com um conjunto de meios, uma base natural e
econômica, um elevado grau de desenvolvimento das forças produtivas e força de
trabalho que permitem a produção social da vida e o atendimento às demandas
essenciais do conjunto da população. O que impede isso é a acumulação privada da
riqueza socialmente produzida e a inserção subordinada do Brasil no sistema
capitalista internacional.
Terceiro eixo: A construção do poder popular.
A alternativa socialista deve se constituir, na luta contra a ordem burguesa,
como um poder que se apresente como poder político (que não advém do controle de
instituições políticas, como bem sabe a burguesia) e com capacidade de
organização e generalização das demandas particulares, para que ganhem a
consistência de demandas universais e que expresse, na ação e nos valores nelas
manifestados, uma nova consciência social, capaz de transformar os trabalhadores
em classe hegemônica, dirigente e protagonista da construção de uma nova
sociedade, radicalmente oposta à ordem do capital. Chamamos isso de Poder
Popular.
Quarto eixo: Resistir, retomar as garantias e avançar por mais direitos da
classe trabalhadora.
A intransigente defesa dos direitos humanos aponta para a superação das formas
econômicas, sociais e culturais próprias da ordem burguesa que têm de ser
superadas na direção de uma verdadeira emancipação humana. A defesa e garantia
dos direitos sociais e políticos, da vida e da dignidade humana começa pela luta
implacável contra a exploração da classe trabalhadora, das diversas opressões de
gênero, sexo, regionalidade e etnia, funcionais à ordem burguesa, mas
incompatíveis com uma sociedade emancipada.
Os 21 pontos programáticos para a campanha do PCB:
Medidas de emergência para reconstruir o Brasil
1) Revogação de todos os atos do governo Temer e combate rigoroso aos corruptos
e corruptores, entendida a corrupção como fenômeno endêmico ao sistema
capitalista.
2) Criação de um vasto programa de emprego baseado nos investimentos públicos e,
emergencialmente, a constituição das Frentes de Trabalho Urbana e Rural para
reduzir o desemprego, enquanto a dinâmica da economia não absorver toda a força
de trabalho desempregada. Tabelamento dos gêneros de primeira necessidade e
expropriação dos imóveis abandonados ou ociosos para abrigar os sem teto. Pela
criação de uma rede de restaurantes e mercados populares, a preço de custo, nos
bairros, para atender emergencialmente os trabalhadores e a população de baixa
renda. Defender o transporte gratuito para todos os desempregados e suas
famílias, estudantes e para todos os componentes das frentes de trabalho, na
perspectiva da tarifa zero para todos.
3) Defesa do abono salarial para todos os que ganham salário mínimo, inclusive
Bolsa Família, aposentados e seguro desemprego. Desenvolvimento de uma política
de garantia do emprego, com estabilidade no emprego para todos os trabalhadores,
e fim das terceirizações.
4) Defesa da auditoria da dívida interna e criação de uma Comissão da Verdade
para analisar todo o processo de constituição da dívida, ressaltando-se que,
durante esse período, também estará suspenso o pagamento dos juros. Pela
renegociação e reestruturação da dívida dos estados com a União. Revogação da
Lei de Responsabilidade Fiscal, da DRU (Desvinculação das Receitas da União) e
das desonerações e renúncias fiscais.
5) Pela criação de uma nova política tributária, com redução ou isenção da
tributação sobre o consumo de bens e produtos de primeira necessidade e
implementação de uma política de impostos progressivos de acordo com a renda de
cada pessoa ou agente econômico, além de um imposto especial sobre as grandes
fortunas e ganhos de capital, visando a criar um Fundo para o Desenvolvimento
Social, de forma a melhorar as condições de vida da população. Isenção da
cobrança do imposto de renda para todos os trabalhadores que ganham até 5 mil
reais e criação de uma nova tabela do imposto de renda na qual os que ganhem
mais pagarão mais impostos, dentro do princípio de que quem ganha mais paga
mais, quem ganha menos paga menos e quem não ganha nada não paga nada.
6) Regularização imediata dos assentamentos e uma nova política de incentivo à
produção de alimentos saudáveis, com medidas para redução dos agrotóxicos nas
plantações, bem como incentivo à agricultura familiar. Soberania, demarcação e
titulação imediata de todas as terras indígenas, quilombolas e ribeirinhas.
Garantia a todos de políticas públicas nas áreas de educação, saúde e
previdência.
7) Por uma nova política de comunicações, com revisão das concessões, quebra dos
monopólios midiáticos, especialmente a Rede Globo e outros monopólios midiáticos
e obrigatoriedade de espaço na grade das televisões e rádios para os partidos
políticos, movimentos sociais e populares, enquanto não se elabora uma nova
política de comunicação, que venha a disciplinar e reestruturar as comunicações
no país.
8) Combate firme a todas as formas de opressão, como o racismo, o preconceito
étnico, religioso e a violência e o preconceito contra as comunidades LGTBs e
garantias de seus direitos específicos. Garantia dos direitos e elaboração de
políticas específicas para as mulheres, incluindo a legalização do aborto,
salário igual para trabalho igual, além de políticas públicas de proteção contra
a violência, o feminicídio, assédio moral e sexual e o machismo.
Ousar e defender medidas de transição para um novo Brasil
Medidas políticas
9) Estímulo à criação das instâncias do Poder Popular, com formação dos
Conselhos Populares eleitos em todos os locais de trabalho, moradia, estudo,
lazer e cultura, de forma a se instituir e desenvolver uma cultura de democracia
direta no seio da população e fortalecer a organização do povo. Abertura do
Parlamento aos movimentos sociais e garantia de realização de plebiscitos e
referendos sobre temas relevantes de interesse nacional. Constituição de um
Parlamento unicameral, com representatividade de acordo com o contingente da
população dos Estados. Garantia de revogação dos mandatos por parte da
população.
10)  Democratização e controle social dos meios de comunicação, com uma nova Lei
Nacional das Comunicações. Defender a criação de uma rede pública de comunicação
social, envolvendo todos os meios de difusão e ampla liberdade para que os
partidos políticos e organizações sociais e populares possam construir
livremente seus meios de informação em todas as áreas da comunicação social.
Reforma do judiciário, com reorganização geral da justiça brasileira, incluindo
desde novas regras e prazos de mandatos para as instâncias superiores até a
constituição de Juntas Populares de Justiça para pequenas causas.
11)  Abertura imediata de todos os arquivos da ditadura, com o objetivo de
mapear plenamente os atos de repressão, envolvendo prisões, torturas, mortes e
desaparecimentos políticos ainda não revelados, com rigorosa punição aos
torturadores e seus mandantes. Instituição de uma nova política militar no país,
com democratização das Forças Armadas, nova formação militar baseada na defesa
dos interesses nacionais e respeito aos interesses populares, modernização dos
equipamentos militares e retomada do programa nuclear brasileiro, com o objetivo
de garantir a soberania nacional contra agressões de qualquer tipo. Nova
política de segurança, com desmilitarização da Segurança Pública, focando sua
atuação na prevenção, inteligência, combate ao tráfico de armas e à onda de
homicídios em todo o país. Questionamento à política de guerra às drogas que
extermina milhares de jovens, em sua maioria pobres e negros, nas periferias do
país.
Medidas econômicas
12)  Defesa da estatização e do controle público das instituições financeiras,
dos oligopólios ligados aos insumos e produtos essenciais básicos, além das
empresas estratégicas e dos meios de produção essenciais à vida, como água, luz
elétrica, transporte, saúde, educação, petróleo e infraestrutura, passando sua
direção para um Conselho de Trabalhadores e redução das remessas de lucro das
multinacionais. Reestabelecimento do monopólio estatal do petróleo, da produção
e distribuição de energia elétrica, com reestatização plena da Petrobrás e todas
as empresas e recursos naturais que foram privatizados; extinção das agências
reguladoras e anulação de todos os contratos de risco, leilões e parcerias
público-privadas realizados em território brasileiro. Essas medidas visam a
colocar a espinha dorsal da economia a serviço da população brasileira.
13) Estruturação de uma nova política industrial e tecnológica com o objetivo de
modernizar o parque industrial brasileiro, desenvolver ou criar setores de
ponta, especialmente nas tecnologias da informação, eletroeletrônica, robótica,
biotecnologia, engenharia genética e nanotecnologia, de forma a possibilitar
suprir o mercado interno de forma autossustentada e obter ganhos competitivos no
mercado internacional; desenvolver uma agressiva política de incentivo à
pesquisa e ao desenvolvimento, envolvendo os institutos de pesquisas
governamentais, universidades e empresas públicas. Incentivo especial às micro,
pequenas e médias empresas e à agricultura familiar, colocando o BNDEs e os
Bancos Públicos como instrumentos de fomento do desenvolvimento econômico em
favor das reais necessidades da população e não dos lucros dos monopólios
capitalistas.
Medidas sociais
14)  Por uma política de valorização do salário mínimo e um programa de
recuperação do poder de compra dos salários, discutido com os sindicatos, de
forma a alcançar o valor do salário estipulado pelo Dieese. Redução da jornada
de trabalho para 35 horas sem redução do salário, visando a ampliar o emprego e
a renda da população e obrigatoriedade de formação de comissões de empresa em
todos os estabelecimentos com mais de 50 trabalhadores.
15) Reforma agrária sob o controle das entidades dos trabalhadores, com a
desapropriação de todos os latifúndios improdutivos, das fazendas com trabalho
escravo e as que não estejam cumprindo a função social. Criação de uma nova
política agrícola sustentável ecologicamente, visando a produzir alimentos
saudáveis. Estímulo à formação de grandes cooperativas agropecuárias para
racionalizar o sistema produtivo e ampliar a oferta de produtos básicos. Reforma
urbana, com a desapropriação de todos os terrenos vazios para a construção de
habitações populares, praças, parques e locais de lazer, acompanhada de uma
campanha de plantação de árvores nas grandes cidades.
16)  Estatização do sistema privado de saúde, incluindo rede assistencial
(hospitais, serviços ambulatoriais, de apoio diagnóstico e terapêutico), setores
de pesquisa e de produção de fármacos, imunobiológicos, hemoderivados e de
insumos e indústrias de material médico-hospitalar e de equipamentos. Organizar
o Sistema de Saúde a partir da atenção primária à saúde, evoluindo até os níveis
de maior complexidade, conjugando ações de promoção, prevenção, cura e
reabilitação. Ampliação da rede assistencial, com construção de unidades básica
de saúde e hospitais nos bairros populares, de modo a garantir a atenção à saúde
a todas as pessoas o mais próximo de seus locais de moradia e trabalho. 
Exercício do Poder Popular com a criação de Conselhos Populares de Saúde para
controle do Sistema de Saúde em todos os seus níveis.
17)  Estatização de todo o sistema de ensino nacional, especialmente das
universidades privadas e escolas particulares e nova regulação para as entidades
confessionais, com a implantação de uma ampla reforma na educação que
possibilite, no médio prazo, a criação de uma escola pública e popular de
qualidade para todos, da educação infantil ao ensino superior, além da
pós-graduação. Campanha nacional para a erradicação do analfabetismo no prazo de
dois anos, utilizando-se dos métodos universalmente testados e exitosos em Cuba,
na Venezuela e na Bolívia. Construção e ampliação dos espaços comunitários de
esporte e lazer, com uma política de fomento à prática esportiva, especialmente
nos bairros populares.
18)  Previdência social pública e universal, com teto de 60 anos para homens e
55 para as mulheres; recuperação das perdas salariais e aumento real dos
proventos e pensões, restabelecendo-se o princípio solidário amplo da seguridade
social. Desenvolvimento de uma política sustentável de meio ambiente, com
garantia de demarcação e manutenção das terras indígenas, quilombolas e
ribeirinhas. Defesa da Amazônia, dos aquíferos em território nacional e o
Aquífero Guarani, em conjunto com países com os quais o compartilhamos; defesa
da biodiversidade, dos diversos recursos naturais brasileiros e revitalização do
Rio São Francisco como forma de garantir a transposição de suas águas.
19)  Desenvolvimento de uma política cultural para o país de resgate da
identidade nacional, de forma a envolver os intelectuais e os artistas numa
produção voltada para os interesses populares, para o incentivo às manifestações
do povo, para a construção de um amplo movimento cultural com capacidade de
inovar estética e politicamente o panorama cultural brasileiro, buscando romper
com os interesses dominantes dos oligopólios nacionais e internacionais e da
mercantilização da cultura e das artes.
Soberania e solidariedade internacional
20)  Respeito à autodeterminação dos povos e a seu direito de resistência frente
à opressão e à dominação estrangeira; lutar pela retirada da 4ª Frota e das
bases estadunidenses da América Latina e do Caribe. Promoção de esforços no
sentido de criação de espaços comuns de integração voltados a fortalecer os
vínculos econômicos, sociais e culturais e de comunicação entre os povos da
região.
21) Revogação do acordo militar Brasil/Estados Unidos; retirada das tropas
brasileiras do Haiti e sua substituição por médicos, engenheiros e professores;
luta pela democratização da ONU. Solidariedade irrestrita à Revolução Socialista
Cubana e aos processos de mudanças na Bolívia, Venezuela e outros países;
devolução do arquivo da Guerra do Paraguai ao seu povo. Luta pelo fim da
agressão imperialista ao Afeganistão, Iraque, Síria e das ameaças ao Irã, Coréia
Popular, Venezuela e outros países; apoio à construção do Estado Palestino
democrático, popular e laico.
Comissão Política Nacional do PCB

In
PCB
https://pcb.org.br/portal2/20266/pcb-apresenta-plataforma-politica-pelo-poder-popular/
19/7/2018

A marcha errática de Donald Trump

   


       por James Petras


       Jornalistas, académicos e especialistas ignoraram a complexidade do
       impacto do presidente Trump sobre o estado do império dos EUA.
       Para avaliar adequadamente a configuração geopolítica do poder,
      consideraremos os avanços e reveses militares, económicos, políticos e
      diplomáticos do regime de Trump na América Latina, na União Europeia e na
      Ásia (incluindo o Médio Oriente).
       Em segundo lugar, examinaremos enquadramento temporal do deslocamento da
      atual configuração das forças em presença.
       Concluiremos discutindo como a influência e os resultados da política
      externa moldam o poder político no país.
       Antecedentes do edifício imperial do presidente Trump 
       Em primeiro lugar, devemos levar em conta o facto de que muitas em que se
       baseiam as políticas de Trump reflectem as políticas de seus
       antecessores, nomeadamente os presidentes Bush e Obama.
       As guerras dos EUA no Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria foram iniciadas
      pelos presidentes Clinton, Bush e Obama, os bombardeios americanos à Líbia
      e a destruição e desenraizamento de milhões de africanos foram inaugurados
      por Obama.
       A expulsão de milhões de imigrantes da América Central e do México dos
      EUA foi uma prática comum antes de Trump.
       Em suma, o presidente Trump continuou, e em alguns casos exacerbou, as
       políticas socioeconómicas e militares de seus antecessores. Em algumas
      áreas, Trump inverteu as políticas, como foi o caso do Acordo Nuclear de
      Obama com o Irão.
       Os êxitos e fracassos das políticas do edifício imperial de Trump não
      podem ser atribuídos unicamente ao seu regime. No entanto, Trump deve ser
      responsabilizado pelo estado actual do império e sua direcção.
       O presidente Trump avança na América Latina 
       Donald Trump fundamentou-se e ampliou as vitórias imperiais dos EUA na
       maior parte da América Latina. Regimes satélite estão em vigor no Brasil
      graças em grande parte ao golpe judicial-legislativo que derrubou a
      presidente eleita Dilma Rousseff. O regime fantoche de Michel Temer
       privatizou a economia, abraçou o domínio de Trump e alinhou-se com os
      esforços para derrubar o governo da Venezuela.
       Da mesma forma, Trump herdou de Obama os actuais regimes de clientes na
       Argentina (presidente Mauricio Macri), Peru (presidente Martin Vizcarra),
       Honduras (presidente Hernandez) Paraguai (presidente Cartes), Chile
      (presidente Piñera), Equador (presidente Moreno) e a maior parte das
      elites dominantes na América Central e no Caribe. Trump acrescentou a esta
       lista os esforços atuais para derrubar o regime de Daniel Ortega na
       Nicarágua
       Sob Trump, Washington conseguiu reverter as relações com Cuba e o chamado
      acordo de paz na Colômbia entre os guerrilheiros e o regime de Juan Manuel
      Santos. Em julho de 2018, Trump conseguiu na Colômbia apoiar a ascensão ao
      poder de Ivan Duque, um protegido do partido de extrema-direita de Álvaro
      Uribe. A reversão no tempo de Obama dos regimes de centro-esquerda por
      meio de golpes de Estado foi consolidada e ampliada por Trump, com a
      importante excepção do México.
       Trump reverteu parcialmente a abertura de relações de Obama com Cuba e
      ameaça invadir militarmente a Venezuela.
       O império de Trump na América Latina é, na sua maior parte, herdado e
      amplamente apoiado...por agora.
       Mas existem várias notificações cruciais.
       O novo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), procura
      seguir políticas nacionais e internacionais de forma independente e
      progressista, renegociando o NAFTA, contratos de petróleo e disputas
      fronteiriças.
       Em segundo lugar, as políticas económicas neoliberais do Brasil e da
      Argentina estão em profunda crise e os regimes fantoches estabelecidos são
      economicamente instáveis, enfrentam oposição social em massa e
      provavelmente sofrerão derrotas eleitorais em 2018.
       Em terceiro lugar, Venezuela e Cuba têm resistido com sucesso às sanções
      económicas e diplomáticas.
       Militarmente, o presidente Trump mantém as bases militares dos EUA na
       Colômbia, incorporou Bogotá na NATO e assegurou operações militares na
      Argentina e no Equador.
       O maior desafio para o império de Trump na América Latina está no
      importantíssimo campo económico.
       Trump não conseguiu ganhar terreno no comércio, investimentos e
       matérias-primas em face da concorrência com a China.
       Apesar da subordinação política e militar dos regimes latino-americanos a
      Washington, a maior parte de seus laços comerciais está com a China. Além
      disso, o Brasil e a Argentina aumentarão suas exportações agrícolas para a
      China, de acordo com as tarifas comerciais de Pequim sobre as exportações
      dos EUA. Na chamada guerra comercial, nem um único Estado-cliente
      latino-americano ficou do lado dos EUA. Pelo contrário, todos estão a
      aproveitar a perda de Washington do mercado da China para aumentar suas
      exportações.
       Claramente, os EUA não exercem "hegemonia" sobre as relações comerciais
      da América Latina.
       Pior ainda, a saída da Parceria Trans-Pacífico e as ameaças de se retirar
      do NAFTA reduziram a influência de Washington sobre a América Latina e a
      Ásia.
       O alarde e as alegações de domínio de Trump sobre a América Latina são,
      em grande parte, produto das políticas imperiais dos seus antecessores.
       No máximo, as políticas de Trump endureceram a extrema-direita, que, no
      entanto, está a enfraquecer política e economicamente, provocou a ascensão
      da esquerda ao poder no México e fortaleceu a oposição na Colômbia, Brasil
      e Argentina.
       Em suma, o edifício imperial do regime de Trump mantém uma influência
      decisiva na América Latina, mas enfrenta grandes desafios – e reversões.
       Trump na Ásia: um passo para a frente, dois passos para trás 
       Washington ganhou prestígio pela sua abertura diplomática relativamente à
      Coreia do Norte, mas está perdendo a guerra comercial com a segunda maior
      potência económica do mundo, a China.
       A China, confrontada com a guerra económica de Trump, diversificou seus
       parceiros comerciais, minando assim as principais empresas do agronegócio
      dos EUA
       A China implementou tarifas sobre: soja, milho, algodão, carne de porco e
      carne bovina. Além disso, a China substituiu os EUA como o principal
       parceiro comercial em toda a Ásia.
       Se bem que o Japão, a Coreia do Sul e a Austrália forneçam bases
      militares para os EUA, eles estão ansiosos por substituir as exportações
      de Washington para a China pelas suas. Além disso, a Iniciativa
      multimilionária da China da Rota da Seda, garantiu 68 países como
      parceiros, com a proeminente ausência dos Estados Unidos que se
      auto-excluiram.
       As sanções económicas dos EUA contra o Irão não conseguiram prejudicar as
      exportações de petróleo do governo, enquanto as transacções bancárias e as
      importações de produtos manufacturados e de serviços foram substituídas
      pelas da China, Rússia, Índia e a maior parte da Ásia. Todos eles
      aumentarão seu comércio com Teerão.
       No Oriente Médio e no Sul da Ásia, os EUA não podem mais contar com
      clientes ou aliados, excepto Israel e Arábia Saudita. Além disso, foi
      rejeitada pela Arábia Saudita a exigência da Trump para aumentar a
      produção de petróleo reduzindo os preços do petróleo para os consumidores
      norte-americanos.
       Israel é um "fiel aliado" de Washington seguindo as suas próprias
      vantagens económicas e aspirações hegemónicas. Por exemplo, Israel
      continuou a expandir os laços com a Rússia, mesmo em violação das sanções
       dos EUA. O Paquistão, Mianmar e Camboja aproximaram-se da China em
       resultado do aumento da ajuda financeira e de infraestrutura.
       Em resumo, os EUA continuam a exercer o domínio militar na Ásia através
      de suas bases na Coreia do Sul, Japão e Austrália. No entanto, está a
      perder influência económica e presença no resto da Ásia. Se a História tem
      antecedentes, impérios sem fundamentos económicos, mais cedo ou mais tarde
       desmoronam, especialmente quando potências regionais emergentes são
      capazes de substituí-los.
       A União Europeia e o império de Trump: parceiro, cliente ou rival? 
       A União Europeia (UE) é o maior mercado do mundo mas ainda permanece na
      dependência política e militar de Washington. A UE sofreu com a falta de
      uma política externa independente – sua dependência da NATO, subsidiária
      dos EUA, é uma das principais razões.
       O presidente Trump aproveitou a fraqueza da UE para desafiar as suas
       políticas em várias questões estratégicas, desde o Acordo de Paris sobre
      mudança climática até o acordo nuclear com o Irão, até o reconhecimento de
      Trump de Jerusalém como capital de Israel. As tarifas de Trump sobre as
       exportações da UE são o mais recente e mais provocador esforço para
      desafiar e dominar a região.
       Além disso, a UE está cada vez mais dividida em relação à imigração, à
      saída do Reino Unido da UE (Brexit), bem como nos aspectos políticos e
       económicos entre a Alemanha, a Itália e a Polónia.
       Com efeito, o regime de Trump não pode mais contar com uma poderosa
       aliança unificada à sua ordem, no objectivo de realizar um império
      global.
       Pelo contrário, sob Trump, os EUA procuram assegurar a sua supremacia
       económica e o supremo domínio político-militar, exigindo que os países da
      UE dupliquem os seus orçamentos militares a fim de aumentar os gastos em
      compras de armas do Pentágono.
       Como resultado das divisões e hostilidades entre os EUA e a UE, as
       políticas imperiais do presidente Trump adoptaram uma estratégia
       contraditória de aumento do proteccionismo económico e aberturas para a
      Rússia "inimiga". Ao adoptar o slogan nacionalista, "Tornar a América
      forte" e "Tornar a UE frágil", parece que Trump persegue slogans
      nacionalistas para promover objectivos imperiais.
       Crescimento interno e declínio imperial 
       Até ao momento, em meados de 2018, Trump está numa onda de crescimento
      interno da economia, do comércio e do emprego.
       Os críticos afirmam que esta é uma conjuntura de curta duração que
      enfrenta poderosos opositores. Eles argumentam que a guerra comercial e o
      declínio dos mercados estrangeiros da China, da UE, do México, do Canadá e
      de outros países provocarão um declínio nos EUA.
       A aposta estratégica de Trump é que a guerra comercial dos EUA conseguirá
      abrir o mercado da China enquanto reduz as exportações da China. Trump
      espera que as multinacionais dos EUA se desloquem para os EUA e aumentem
      os empregos e as exportações. Até agora isto não passa de uma fantasia.
       Além disso, embora os lucros das empresas tenham disparado, tal não foi
      acompanhado por uma diminuição das desigualdades e aumentos salariais.
       O resultado é que Trump enfrenta perspectivas reais de um declínio nas
      exportações e apoio eleitoral popular - especialmente daqueles afectados
      negativamente pelo declínio dos mercados e cortes profundos na saúde,
      educação e meio ambiente.
       Consequências políticas da "América primeiro" no cenário empresarial 
       É altamente improvável que as políticas económicas nacionalistas de Trump
      desenvolvam a construção do império; pelo contrário, a guerra comercial
      forçará os principais beneficiários de impostos, as empresas a voltarem-se
       contra Trump. As suas relações comerciais externas com a UE, Canadá,
      México e China farão com que eles se voltem contra Trump.
       A construção imperial supera a “America First”. Sem um império económico,
      os EUA não terão meios para garantir os mercados necessários para
      estimular as exportações e a produção interna.
       Conclusão 
       O Presidente Trump beneficiou e, até certo ponto, conseguiu dominar
       temporariamente a América Latina, expandindo a economia interna e impondo
      exigências à China, à UE e aos outros países da América do Norte.
       No entanto, as suas políticas enfraqueceram os aliados, antagonizaram os
       concorrentes e provocaram retaliações. Tudo isso aumenta o custo
       económico de administrar um império.
       Trump não conseguiu providenciar substitutos viáveis dos mercados da UE e
      da China. Também não garantiu os mercados dos seus clientes na América
      Latina. A noção de que Trump poderia construir um "capitalismo nacional
      num país" é uma quimera. No máximo, exigiria a exploração intensiva da
       mão-de-obra dos EUA e altas taxas de investimento, sacrificando lucros e
       salários. A oligarquia eleitoral e os media irão forçá-lo a retirar-se
      das guerras comerciais e a render-se às elites globalizantes.

      13/Julho/2018
       O original encontra-se em  www.informationclearinghouse.info/49845.htm
       e em  petras.lahaine.org/about-james-petras/

  In

RESISTIR.INFO

https://www.resistir.info/petras/petras_13jul18.html
13/7/2018