quinta-feira, 28 de maio de 2020


O proletariado na crise econômica
Candido G. Vieitez[1]
O álibi perfeito
            A contar da implosão financeira de 2008 – a crise vinha dos anos 1970 -, a economia não mais voltou ao “normal”. É certo que o capital muito acumulou. Porém, esse “progresso”, obtido com a desmesurada acumulação de dinheiro fictício, não se refletiu na economia real. O problema é a tendência ao decrescimento da taxa de mais valia que, dificultando o lucro no campo da produção de bens, empurra o capital para o terreno mágico do mundo financeiro.
            A financeirização foi uma das “soluções” encontradas pela classe dominante para recompor a lucratividade. A outra foi a generalização e intensificação do desmonte – que igualmente remonta a 1970-  das atividades consideradas de tipo “socialista” pelo establishment, o que resultou em privatizações extensivas da propriedade estatal, enfraquecimento da autonomia do Estado, ataque aos direitos trabalhistas, precarização do trabalho, e amputação ou liquidação dos sistemas públicos de saúde e aposentadoria.
            Depois do estouro financeiro de 2008, a crise continuou sendo cozinhada em fogo brando, de sorte que uma explosão ainda mais devastadora do que a de 2008 era esperada. Mas, o resultado dessas “soluções” neoliberais foi o enriquecimento exponencial da burguesia e o empobrecimento do proletariado.
            É nesse contexto que irrompe a Covid-19.  Os Estados, de modo imediato ou tardio, tiveram que tomar medidas de isolamento social que conduziram à maior ou menor paralisia da máquina econômica. Foi o que bastou para que se brandisse o álibi perfeito. Os think tanks do sistema, as autoridades, e a mídia de massas, debitam as dificuldades econômicas à pandemia, isentando de culpa a ordem estabelecida. Ao mesmo tempo, se de um lado a pandemia está demandando certa revitalização do protagonismo estatal, de outro, serve também para justificar a continuação das políticas neoliberais.    
Retomada dos movimentos sociais e revivescência fascista
            A crise de acumulação repercutiu na geopolítica, bem como na impostação político/ideológica da burguesia e do proletariado, o que se desdobrou no seguinte:  aguçamento do confronto do império Euro-Atlântico com a China e a Rússia; revivescência da ideologia e práticas fascistas ou neofascistas; despertar oposicionista do proletariado às políticas neoliberais.  
            As grandes crises capitalistas, tendentes a degradar as condições de vidas das massas, são propícias à emersão de fenômenos tanto progressivos quanto regressivos. Na Europa, América Latina e até nos EUA, os trabalhadores, inclusive os estudantes, se mobilizaram em movimentos, manifestações de rua, e greves. Em geral contra a degradação dos salários e das condições de trabalho. Em uns poucos casos, o descontentamento expressou-se na eleição de governos nacionais de corte socialdemocrata.
            Praticamente em contraponto com os movimentos sociais afloraram correntes políticas fascistas ou fascistizantes que se manifestaram em quadros políticos, militares, grande burguesia, boa parte das classes médias –sempre apavoradas com a possibilidade de decaimento social-  e, apreciáveis contingentes populares, inclusive.
            Categorias /valores fascistizantes encontram-se na ideologia liberal em estado explícito ou latente e, portanto, também estão presentes no senso comum liberal do povo. Mas, sua condensação numa doutrina ativa depende de que a classe dominante ou um setor dela invista nisso seu dinheiro e cabedal político, como bem o demonstraram os clássicos exemplos da Itália e Alemanha.
            Em nosso país, o “fascismo” pós ditadura 1964 soergueu-se trafegando pela estrada real aberta pelo imperialismo em concubinato com as disposições da burguesia local. O interesse imperial neste episódio da vida nacional decorre sobretudo do seu enfrentamento com a China “comunista” e a Rússia, possivelmente “cripto-comunista”. Nesta nova versão do confronto geopolítico, o “comunismo”, além de ser o espectro de sempre, é agora um formidável e intolerável concorrente econômico-mercantil.  Esta concorrência avançava no país via comércio e via BRICS. Ademais, o governo do PT, por mais que tivesse priorizado os interesses do capital, ainda era um entrave considerável aos “bons” negócios.
            Eis, esquematicamente, a agenda política bolosonarista. Na política econômica podemos considera-la convencional no sentido de que é adepta de um neoliberalismo chapado. Mas, na instância superestrutural (cultura, ética, etc.), parece buscar uma reconstituição dos valores burgueses segundo uma variante espantosamente regressiva, pautada pelo irracionalismo anticientífico e teses estapafúrdias como o terraplanismo, o criacionismo, etc. Os demais valores, não estranhos à ordem burguesa, mas muitas vezes recalcados, são: autoritarismo, eugenia, racismo, misoginia, machismo, colonialismo e tutti quanti.  O modo como o bloco bolsonarista vem abordando a pandemia é consequente com suas convicções e consiste em imprecar ao Senhor pela saúde do povo e antes de tudo salvaguardar o capital. Esta impostação política pode ser tomada como uma prefiguração possível da tendência comportamental da classe dominante no caso de que se instale a crise estrutural e a depressão recorrente.    
Arrebatar a sociedade à pré-história
            O curto-circuito econômico gerado pela pandemia parece ter-se antecipado à manifestação aguda da crise econômica. Então, uma suposição pode ser que, superada a crise, a economia volte ao status quo ante. Outra é que o covid-19 tenha antecipado a crise aguda e essa seguirá em continuidade à pandemia.
            A natureza da crise é outra questão. Essa é, uma crise cíclica do capital como outras tantas anteriores, que comporta a recuperação econômica, ou, estamos em presença de uma crise estrutural, que se arrastará tempos afora? No passado, os analistas foram surpreendidos pela capacidade do sistema para superar seus momentos de estrangulamento.  Hoje, no entanto, a situação é diferente. Se é certa a tendência ao decrescimento da taxa de mais valia, o capital se encontra em palpos-de-aranha. Seja como for, temos agora um coro de vozes diversas que apostam em que depois da crise o capitalismo mudará profundamente. Mudará como e para onde? A maioria acredita que a mudança será benévola. Analistas críticos do sistema chegam a aventar que haverá uma espécie de deslizamento natural do capitalismo em direção ao socialismo.   
            Não compartilhamos essa ideia. Não há nenhuma razão lógica ou histórica para supormos que a burguesia abdicará do poder. Trata-se de um grupo social composto por grandes proprietários, fortemente armado, que controla o Estado e a comunicação social, e que lutará com unhas e dentes por seus privilégios, pois, como muito bem o exemplifica a história, em ultima ratio preferirá arriscar a vida a entregar a bolsa.
            A crise estrutural abrirá uma janela de oportunidade para a revolução social e, apenas a oportunidade, dado que não há nada automático. Mas, oportunidade para quem?  Para o proletariado, uma vez que, a rigor, esta é a única classe social que pode ser consequente com a transformação radical da sociedade visando o socialismo.
             Ademais da oportunidade, a crise poderá propiciar à classe ambiente propício para que reveja sua práxis política. É premente, dentre outras tarefas: deixar de lado a fantasia de que o welfare state possa ser recuperado e se universalizar; acertar as contas com o trauma ocasionado pela dissolução da URSS; superar o trade-unionismo generalizado na atividade sindical e conexas, e transcender a noção de democracia como democracia parlamentarista.
            Na Terceira Internacional, à raiz do fracasso da revolução mundial, Lênin defendeu que era tarefa das organizações dos trabalhadores ganhar a maioria da classe trabalhadora para a causa socialista. Gramsci, retomando essa proposição acrescentou que a viabilização da hegemonia política passa também pela hegemonia cultural, ética, etc. Essas teses suscitam o debate. O que nos parece inequívoco é que mesmo uma mínima aproximação a essas meritórias proposições demanda que o movimento operário popular (MOP), em suas tão necessárias lutas de resistência por melhores condições de trabalho e vida, bem como pela democracia, vá além do que é funcional ao capitalismo.
            Não é possível anteciparmos a história. No momento, é uma incógnita até a evolução da epidemia. Portanto, não é possível definir a priori quais serão os temas que poderão galvanizar o trabalho de organização, politização e educação da classe trabalhadora. Porém, cremos que a experiência histórica do MOP nos autoriza a indicar como objetos estratégicos da ação político/ideológica do proletariado duas esferas sociais.  
            Na instância política há muito que a Comuna de Paris realizou um questionamento prático da democracia parlamentar mostrando como se poderia ir além dessa concepção limitativa. A “forma afinal descoberta”, como denominou Marx a democracia da Comuna, serviu como parâmetro para posteriores análises. Não obstante, depois da grande guerra a concepção democrática da Comuna remanesceu no MOP numa sorte de eclipse. Portanto, talvez seja o momento para que o MOP reveja a questão democrática à luz da Comuna, pois esta, muito mais avançada do que a democracia consagrada pela revolução burguesa, projeta-se também como antítese desta.
            Na esfera econômica um sujeito fundamental é o trabalhador coletivo (TC). Esse, cuja atividade cooperativa se encontra alienada para o capital, foi universalizado por este. Em que pese sua condição subordinada, o trabalhador coletivo é a base do movimento urbano-industrial, uma vez que, concretamente, é a partir dele que se erigem os conselhos de fábrica, os sindicatos ou os soviets, reais ou potenciais.
            Como Marx vaticinou, com o desenvolvimento da indústria moderna e da tecnologia, o trabalho cada vez mais consistirá em atividades de educação, criação e controle, como já podemos visualizar nos dias de hoje. E nesse processo, trabalhador coletivo reafirma sua importância e condição estratégica, o que põe em destaque seu potencial como coordenador de si mesmo, ou seja, também como intelectual coletivo.  O capital contrapõe-se a isso de várias maneiras, dentre as quais se destacam a hiperespecialização e a fragmentação das tarefas crescentemente intelectualizadas.
            A luta pelo controle sobre sua própria atividade conquanto trabalhador coletivo faz parte da experiência histórica da classe trabalhadora e o exemplo clássico foi a revolução proletária na Rússia.  Mas, também aqui, à semelhança do que ocorre com a questão democrática, durante os últimos setenta anos o trade-unionismo tem prevalecido amplamente no MOP. Mas, se a grande crise efetivamente sobrevier será o momento para que os trabalhadores ultrapassem as necessárias lutas de resistência ou por melhorias econômicas que, no entanto, se têm mantido no quadro da lógica do capital. Nos dias atuais, a burguesia é uma classe parasitária. E a emergência dos empreendimentos de trabalho associado mundo afora, como o ilustra, p.e., as fábricas recuperadas na Argentina, mostra que a burguesia, bem como seus funcionários orgânicos, é perfeitamente dispensável.  Portanto, uma vertente fundamental de trabalho político para o MOP é a de impulsionar no âmago da classe trabalhadora uma percepção/reflexão quanto a quem são os produtores reais, bem como porque esses devem assumir o controle de sua própria atividade, tanto nas unidades de trabalho, quanto na sociedade.
            Essa inflexão, se ocorrer, será um elemento chave do movimento proletário que poderá conduzir a sociedade da pré-história atual à história.
Referências bibliográficas
DIERCKXSENS, Win; FORMENTO,Walter; PIQUERAS, Andrés. Crisis Mundial 2020 y transición al post capitalismo. Asturbulla, 2020. https://www.asturbulla.org/index.php/temas/economia/40680-crisis-mundial-2020-y-transicion-al-postcapitalismo
LEIPOLD, Bruno. La democracia está en crisis y Karl Marx puede ayudarnos. Sinpermiso, 2020. http://www.sinpermiso.info/textos/la-democracia-esta-en-crisis-y-karl-marx-puede-ayudarnos
ROMANOFF, Larry. The Short Road: Democracy to Fascism. Global Research, Canadá, 2019. https://www.globalresearch.ca/short-road-democracy-fascism/5695865
SEQUEIRA, Fernando. Teletrabalho: da ficção oportunista à realidade objectiva. Resistir.info, Portugal, 2020. https://www.odiario.info/teletrabalho-da-ficcao-oportunista-a-realidade/.


[1] - Membro do GEPODE, da Unesp, campus Marília. Graduado em ciências sociais pela USP. Mestrado e doutorado em sociologia pela PUC-SP. Pós doutorado na Universidade Complutense de Madrid.

In

Paulo Alves de Lima Filho Henrique Tahan Novaes  Rogério Fernandes Macedo Ivan Lucon Jacob (orgs.)
 SETAS CONTRA O CAPITAL:  sobre pandemônios na pandemia e  as revoluções necessárias
Marília-SP: Lutas Anticapital-Aramarani Junho - 2020

terça-feira, 26 de maio de 2020

An Overview of China’s ‘Seven Schools of Thought’, Including Neoliberalism






        *Treat the Seven Important Ideological Trends Correctly and Make
        Innovations in Our Social Sciences Independently *


        *An Interview with Professor Cheng Enfu *

*Interviewer: Liang Weiguo
*/Chinese Social Sciences Net (CSSN) /

/[Introduction to the Interviewee] March 31, 2012 – Cheng Enfu, born in
Shanghai in 1950, is a professor, PhD candidate supervisor, and
representative to the Eleventh National People’s Congress, as well as
the director of the Marxist Academy, an affiliate of the Chinese Academy
of Social Sciences (CASS).
In May 2004, Prof. Cheng gave a lecture in a study meeting of the
Political Bureau of the CPC Central Committee presided by Hu Jintao,
general secretary. In February 2002, he presented a report on how to
reform in a theoretical symposium presided by Jiang Zemin, former
general secretary. He has been seen as “one of the representatives of
the fourth generation of China’s economists” and “one of the most
creative economists in China” by some influential newspapers in China
and Japan./

/Prof.. Cheng is also a member (academician) of CASS, member of the CASS
Academic Division Presidium, director of the Academic Division of
Marxism Study in CASS, chairman of the World Association of Political
Economy (a global academic community), chairman of the Chinese Society
for Studies of Foreign Economics, president of the Institute for Studies
of Regularities in China’s Economy, and an “Expert of the Marxism
Discipline Appraisal Group in the Academic Degree Commission” of the
State Council. He enjoys a State Council Special Allowance. /

/Cheng Enfu, the director of the Marxist Academy in CASS, is describing
the current situation of China’s ideological field.
/

It is the premise of a firm political belief to keep ideologically
sober. What ideological trends are there in the ideological realm in
China today? What are their key ideas? How to understand and treat them?
How to develop the philosophy and social sciences with Chinese
characteristics and Chinese style? Liang Weiguo, CSSN reporter, had an
interview with Prof. Cheng Enfu recently for the answers to the questions.

*To Resist the negative effects of Neoliberalism on reform*

*Interviewer:* It is a must to identify the true and the false through
comparisons among various ideologies if we want to get clear on what are
Marxism, socialism with Chinese characteristics and the socialist core
value system. Director Cheng, what ideological trends are there in our
society today?
Cheng Enfu: In fact, there are seven important ideological trends in the
ideological realm in China today: Neoliberalism, Democratic Socialism,
the New Left, Eclectic Marxism, traditional Marxism, Revivalism and
Innovative Marxism. By ideological trend, I use it as a neutral concept
and various studies of Marxism can also be seen as ideological trends.

In the 1870s, the UK suffered from a serious economic crisis. T.H. Green
firstly created a theory which maintained the tradition of UK’s
liberalism and implemented state intervention to bring the role of state
into full play. After the 1890s, many radical intellectuals — who called
themselves “collectivists” — within and outside the Liberal Party
contended to build an equal and cooperative new society. “Neoliberalism”
was the popular word which represented the theory they held. Could you
please give us your understanding of “Neoliberalism”?

Neoliberalism is the ideology, economic theory and policy proposal of
the monopolizing capitalist classes. Its theories and policies can be
summarized as “four de- or -izations”.

Firstly, Neoliberalism stands for de-regulation of economy. It believes
that planning of economy and regulation of distribution by state would
ruin economic freedom and kill the enthusiasm of the “economic man”.
Only by letting the market run freely can we have the best result.

Secondly, Neoliberalism stands for the privatization of economy. It
contends that privatization would become the basis on which the role of
market could be brought into full play, and private enterprises are the
most efficient ones, and the public resources should be privatized.
Neoliberalism tends to reduce public sectors, state-owned sectors and
institutions to the minimum, or none.

Thirdly, Neoliberalism stands for the liberalization of economy. It
claims that free choice should be the most essential principle of
economic and political activities. We should have the right to possess
personal property and carry out free trade, consumption and employment.
But it denies the free flow of the labor force. The nature of its
liberalization of economy is to protect the unfair economic
globalization dominated by the US and the unjust old international
economic order.

Fourthly, Neoliberalism stands for the personalization of welfare. It
stands against building a welfare state and improving the welfare of the
laborers. And that is a typical feature of Neoliberalism. However, it
has not been clearly stated in the academic circles both in and outside
China.

Zhang Weiying and Yao Yang, professors of Peking University, are leading
figures of China’s Neoliberalism.

*The diversification of guiding ideologies advocated by Democratic
Socialism *

The concept of Democratic Socialism was first put forward in the book
“The Preconditions of Socialism” by Eduard Bernstein in 1899. In June
1951, the Socialist International passed the declaration “Aims and Tasks
of Democratic Socialism” as its principles when it was founded. It
clearly set “Democratic Socialism” as its program and standed openly
against the scientific socialism of Marxism.



How should we understand Democratic Socialism?

Democratic Socialism is the term to describe the ideological systems of
social democratic parties, socialist parties, labor parties and
Socialist International. A capitalist reformist ideology has become
prevalent in the Western societies since the beginning of the twentieth
century. It originates from the right wing of the Socialist
International and Bernstein is the founder of the basic thought of
“Democratic Socialism”. Nowadays, Democratic Socialism is regarded not
only as a theory, but also as a form of practice. The social democratic
parties have long been ruling ones or ruling in turns in many western
capitalist nations, which generates a profound influence on the changes
in the world today.

Firstly, Democratic Socialism is against holding Marxism as the only
guiding ideology, proposing a pluralism of world-views and guiding
ideologies for the diversity of socialist thoughts and origins.
Secondly, Democratic Socialism advocates the multi-party system of the
capital class. Social parties under different titles wipe out the
working-class nature of their parties and are against the principle of
democratic centralism. Thirdly, Democratic Socialism holds that
socialism can be realized without changing capitalist private ownership
by claiming that the principal structure of the means of production
ownership is not the criterion for judging the nature of a society.
Fourthly, Democratic Socialism gives up the goal of communism, and
proposes to fight for a system with social justice, liberty, democracy
and world peace through the bourgeois’ rationality and ethic principles,
such as freedom, equality, justice and mutual assistance, etc.

Xie Tao, professor of the Renmin University of China, and Xin Ziling,
professor of the National Defense University, are the leading figures of
the ideological trend.

*China’s ‘New Left’
*

The New Left may easily run to an extreme for its theoretical immaturity

Since the early 1960s, those who support revolution among college
students and young people in China, Japan and US began to form the New
Left. When we have a scan on the ideologies of China today, we can see
the ideological pattern coming into existence in the mid- 1990s has
evolved into a two-side confrontation: one side is liberalism talking to
itself and the other the stern New Left. Could you give us more
information about the New Left?

The New Left is an loose group of intellectuals, who try to influence
academia and politics by catching the eye of the public through their
articles in journals or on the internet. Many in the New Left have
overseas study experience and some are still living abroad.

The important theoretical battle-field of the New Left is the website
“Utopia” (wuyou zhi xiang). Han Deqiang, professor of the Beijing
University of Aeronautics and Astronautics, is the leading figure.

*A correct attitude towards Eclectic Marxism*

Engels’ “Anti-Duhring,” “Ludwig Feuerbach and the End of Classical
German Philosophy,”  and Lenin’s “Materialism and Empirio-criticism” are
the essence of the philosophy of Marxism. It is necessary to carefully
read them for the reason that it can help us systematically master the
fundamental principles of Marxist philosophy and set up a Marxist
scientific world-view and life philosophy. We often hear the saying
“eclectic Marxism” in our daily life. Could you give us some information
about the concept?

The Eclectic Marxism is an ideological trend in China. It is an idea and
methodology that doesn’t differentiate the principal and secondary
contraditions and juxtapose them, and mechanically mixes totally
opposite viewpoints without principle. Some of the eclecticists speak
highly of the basic theories of the Western Economics, regarding
selfishness as the human nature and fully supporting the hypothesis of
economic man for egoism. It also believes that human beings’ selfishness
could lead to social collaboration and an increase of public welfare. It
lays one-side emphasis on efficiency and completely neglects justice.

Wang Dongjing, professor of the Party School of the CPC Central
Committee, is the leading figure.

*We should pay attention to the traditional Marxism*

Marxism originated in Western Europe in the 1840s when capitalism has
undergone a long development over there. Nowadays, at the moment when we
are facing the serious challenges from globalization, what is the
inspiration behind the spread and development of Marxism in China in
modern time and today? And what is the hard lesson that we could learn
from it?

We have to pay attention to the ideological trend of traditional Marxism
in China. The positive side of the traditional Marxism is that it
forcefully criticized some wrong ideological trends, especially
Neoliberalism, Democratic Socialism and Eclectic Marxism. Some of the
criticisms, however, are overdone and they are fond of “Great Criticism”
(da pipan) and getting serious in terms of lines and principles
(shanggangshangxian). Some senior scholars have done more than enough
criticism but produced little innovation, due to not following the new
resources both from home and abroad. It is wrong of them to approve the
key practices during the Cultural Revolution.

The typical media of traditional Marxism is “maoflag net”. Li Cunrui,
ex-director of National Statistics Bureau, is the leading figure of the
traditional Marxism.

*Revivalism trying to govern the country through such traditions as
Confucianism, Buddhism and Taosim*

Revivalism means to restore the ancient systems, customs and ideas in an
attempt to achieve cultural identification or cultural recreation. So
how should we view Revivalism? And how should we deal with it?

Revivalism, also called the worship of ancient classics and styles,
advocates governing the country with the ideas from such traditions as
Confucianism, Buddhism and Taoism. Jiang Qing is regarded as the most
eloquent grassroot figure in the mainland. He published Political
Confucianism (Sanlian Publishing House, 2003). Deng Xiaojun published
Confucianism and Democracy (Sichuan People’s Publishing House, 1995).

*Innovative Marxism promoting the practical development of Marxism*

In October 1938, at the Sixth Party Plenum, Mao Zedong criticized
dogmatism and called on the whole Party to lauch a learning campaign,
asking all communists with research ability, especially the high-rank
cadres of the Party, should study theory, history and current affairs
and carry on the precious heritages “from Confucius to Sun Yat-sen,” so
as to sinicize Marxism. During the process, Innovative Marxism played an
important role. Could you give us more information?

The first leading figures of Innovative Marxism is Liu Guoguang, Special
Adviser and former Vice-president of CASS. Me and Fang Keli, chairman of
the History of Chinese Philosophy Society, are also the leading figures.
In terms of general theory and guiding principles, Innovative Marxism in
the academic circle is to keep in high accord with the CPC Central
Committee and emphasizes making innovations independently in the
teaching and studies in the social sciences in China, stands against
rigidly following the “foreign”, “indigenous” and “Marxist” dogmas. The
social sciences in China should advocate the following academic
principles and thinking ways: “the world conditions are regarded as
background, the national conditions as ground, Marxism as body with the
West ideas as references, ancient Chinese learning as our root, so as to
synthesize and innovate.” We should take Marxism, Leninism and their
sinicized versions as the principal and the dominant to modernize the
social sciences in China through innovations, rather than “connecting
our trains with international ones by following foreign dogmas” or
“return to the ancient by following indigeneous dogmas.”

The journals such as Marxism Study, Review of International Thought
(English) and Review of Political Economy in the World, edited by me,
are the representative media of Innovative Marxism. Digest of Marxism
and the website Academy of Marxism (myy.cass.cn) also reflect the latest
theoretical trends of Innovative Marxism.


In
Online University of the Left
http://ouleft.sp-mesolite.tilted.net/?p=1912
January 1, 2020 ?

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Como Estados Unidos controla al mundo mediante el dolar





LA INMENSA DEUDA DE ESTADOS UNIDOS ESTÁ FINANCIADA POR LOS BANCOS
CENTRALES DE TODO EL MUNDO

*Michael Hudson, economista estadounidense experto en finanzas *

Cuando EEUU, en 1971, terminó con el patrón oro todo el exceso de
dólares emitidos por el gobierno norteamericano terminaron en los bancos
centrales extranjeros. Entonces, los bancos centrales de todo el mundo
se encontraron con grave problema ¿qué hacer con el exceso de dólares?

Por normativas internacionales y nacionales los bancos centrales no
pueden compran ni acciones ni bonos de las empresas de sus naciones.
Estas compras son muy arriesgadas para países sin una economía sólida,
así que a los bancos centrales no le quedó otra alternativa que comprar
bonos del Tesoro de los EEUU y, pagarés del gobierno norteamericano.

Estados Unidos, gasta ese dinero en equilibrar el enorme déficit de la
sus fuerzas armadas y también en subvencionar los inversores
norteamericanos que compran acciones y empresas chinas.

El circulo se cierra a favor del Imperio de la siguiente manera: todos
los dólares emitidos se reciclan al regresar a los Estados Unidos. En
ese momento el Tesoro recompra esos bonos que emitió sin respaldo.

Por tanto, paradójicamente el déficit de la balanza de pagos de EEUU
sirve para financiar el déficit presupuestario del gobierno Federal.
Cuanto mayor sea el déficit de la balanza de pagos más dinero gasta
Estados Unidos en su industria armamentística y en actividades de
control político y espionaje en todo el mundo .

En definitiva, son los bancos centrales extranjeros los que financian el
déficit presupuestario de la nación “indispensable”.  De hecho la deuda
federal de los EEUU está financiada por los bancos centrales
extranjeros. Esta maquiavélica fórmula hace que las naciones extranjeras
paguen los costos de las 800 bases militares norteamericanas que rodean
el mundo

Con la amenaza militar Washington controla a los países “disidentes” y
mediante el FMI controla las políticas económicas de las naciones
“independientes”.

No sólo países como Venezuela, Irán, Siria y Rusia han sido víctimas de
este poder omnímodo del dólar, ahora Estados Unidos amenaza a los bancos
extranjeros que no utilicen el sistema de compensación bancaria llamado
Swift, que lógicamente está en manos de Washington.

En el último tiempo Trump ha impuesto sanciones a los inversionistas
europeos por el gasoducto ruso Nord Stream, y a todos los gobiernos que
no acepten beneficiar a los inversionistas estadounidenses.

La estrategia de los Estados Unidos es controlar la economía mundial
comprando los sectores industriales más rentables de otras naciones.

Entonces la pregunta es, ¿cómo se pueden independizar China, Rusia, Irán
y las mayoría de los países de la estrategia de la dolarización de la
economía mundial?.

Tal como funciona ahora, la dolarización crea un flujo circular que
financia el gasto militar norteamericano forzando que los costos los
paguen los bancos centrales que están obligados a tener sus reservas en
dólares.

La solución obviamente es evitar el uso de dólares. Para hacer esto, hay
que utilizar una moneda que no sea el dólar.

Para que pueda ser utilizada internacionalmente una moneda alternativa
tiene que tener una masa crítica suficientemente grande. Por eso China,
Rusia, Irán y sus aliados están tratando de crear su propia área
monetaria. Su objetivo es crear una moneda independiente y fuerte para
/denominar /el comercio exterior, la inversión y el gasto gubernamental

Es necesario romper no sólo con el dólar americano, sino también con el
Fondo Monetario Internacional. Básicamente el objetivo de la política
monetaria del FMI es hacer que las economías del resto del mundo, sean
mucho más caras e ineficientes que la de los Estados Unidos.

Mientras los Bancos Centrales de la gran mayoría de las naciones están
obligadas a mantener reservas en dólares – en lugar del oro-  los
Estados Unidos no tiene la intención de pagar su gigantesca deuda y su
gobierno crea a discreción inmensas cantidades de dólares.

Pero la iniquidad no termina aquí, los Estados Unidos mediante los
programas de “salvataje” del FMI obliga a los países a equilibrar los
déficits presupuestarios mediante la venta a privados todo lo que sea de
dominio público – a saber, tierras, bienes inmuebles, recursos
naturales, energía e infraestructuras básicas.

Washington quiere que China permita que los grandes capitales
norteamericanos hagan lo mismo que impusieron a Rusia después de 1991.
Los economistas neoliberales «convencieron» a Yeltsin que Rusia debía
respaldar el rublo con una cantidad equivalente de dólares o en forma de
préstamos privados del Tesoro de Estados Unidos.

Esto implicó pedir prestado dólares de Estados Unidos en lugar de emitir
rublos nacionales sin trabas. Rusia pagó un 100 por ciento de interés
anual a los inversores estadounidenses entre 1993-1994.

Lo increíble es que Rusia no necesitaba divisas para pagar los salarios
y los bienes y servicios. Pero los asesores neoliberales convencieron a
Yeltsin que Rusia debía respaldar en dólares todo el dinero y el crédito
que se emitía en rublos. Para obtener estos dólares Rusia pagó ingentes
intereses a por un respaldo totalmente innecesario.

Más tarde estos mismo economistas convencieron o corrompieron al
gobierno de Yeltsin Rusia para que vendiera parcialmente sus materias
primas, sus minas de níquel, sus servicios eléctricos, sus reservas de
petróleo, etc.

Supongamos que China siguiera el plan de los Estados Unidos. En un
momento no muy lejano le pedirá que venda Macao y Hong Kong para
instalar en esas islas estratégicas bases militares. También le exigirá
que le venda la avanzada tecnología informática china

Los planes del Departamento de Estado son que China se divida en tres o
cuatro países. Para esta estrategia de dividir y conquistar esta
utilizando su política financiera.

Trump y Washington saben que no tienen que invadir militarmente a China.
No tienen que usar armas militares, porque tiene un arma poderosa: la
financiarización de la economía.

Así que cuando China envía a sus estudiantes, planificadores y gerentes
a los Estados Unidos estos tratan de ser reclutados por los grandes de
las finanzas y el gobierno norteamericano

Washington no le dice a China, a Rusia, a Europa, o a los países del
tercer cómo enriquecerse de la manera en que lo hizo en el pasado. El
Imperio logró desarrollarse mediante aranceles protectores, creando su
propio dinero y haciendo que otros países dependan de él.

Estados Unidos no quiere naciones independientes y autosuficientes.
Quiere hacer de China un país dependiente de las finanzas de Wall Street
. Quiere que las corporaciones chinas pidan prestado a Estados Unidos, y
que vendan sus empresas a los inversionistas estadounidenses. Tal como
lo hizo Khodorkovsky que trató de vender el petróleo ruso a la Standard
Oil, entregando las reservas de petróleo rusas a los inversionistas
estadounidenses.

Los Estados Unidos están tratando de convencer a China que su sistema
fiscal debe basarse en el aumento del costo de la mano de obra. El
objetivo es perjudicar a China. Convertirla en una economía de alto
costo mediante la imposición del impuesto al valor agregado, un IVA.

Con esta política fiscal anti-industrial espera que China pague salarios
suficientemente altos como para permitirse pagar el impuesto a los
bienes de consumo.

Los norteamericanos nunca aprobarán un impuesto de este tipo en su país
. Habría una revolución. China y otros países han sido demasiado
crédulos cuando aceptaron la lógica de los economistas neoliberales
estadounidenses.

El programa neoliberal no es ayudar a las naciones a crecer, excepto que
este crecimiento permita pagar los intereses y la deuda a los inversores
norteamericanos.

Lo que Estados Unidos le hizo en Rusia, o lo que ha hecho el Fondo
Monetario Internacional a Grecia, Letonia y a los estados bálticos es
terrible para la gente común . Equivocarse es mortal para una nación que
se considere asimisma independiente. El objetivo de Washington es
convencer o imponer la políticas económicas que favorecen a los Estados
Unidos.

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25/5/2020

sábado, 23 de maio de 2020

El debate sobre Bolivia y el rol de García Linera en el estancamiento del proceso de cambio




Mauro Alcócer Hurtado

A seis meses del sangriento golpe fascista en Bolivia del 10 de
noviembre de 2019 que derrocó al gobierno de Evo Morales, se ha iniciado
un debate sobre las causas que llevaron a ese terrible desenlace.

Al respecto, algunos autores bolivianos ya han publicado estudios aún
preliminares: Rafael Bautista (“Bolivia: génesis y naturaleza del
golpe”), Jorge Viaña (“El ciclo estatal de las luchas en Bolivia 2006 –
2019, crónica de una muerte anunciada”) y Hugo Moldiz (“Golpe de Estado
en Bolivia, la soledad de Evo Morales”). Lo curioso es que, hasta ahora,
ninguno de los más connotados dirigentes del gobierno anterior ha
efectuado una autocrítica política integral. Aunque se debe reconocer
que realizan campañas internacionales denunciando al gobierno golpista
de Jeanine Añez, lo uno no vale por lo otro; denunciar al golpe no
sustituye la necesidad de un balance de aciertos y errores.

Del que más llama la atención su silencio sobre este tema es de Álvaro
García Linera, quien durante casi 14 años fue el vicepresidente de Evo
Morales. Fungiendo como ideólogo al mismo tiempo que gestor público,
García Linera fue Presidente de la Asamblea Legislativa (Congreso
nacional de diputados y senadores) y miembro permanente de los gabinetes
de Morales en el poder ejecutivo. No había ningún tema (económico,
político, social, comunicacional, ambiental, de relaciones exteriores,
de seguridad) del gobierno en el que no tuviese participación, por lo
que estamos hablando de una persona clave para el proceso político ya
que sus ideas influían decisivamente –para bien o para mal- en las
acciones gubernamentales. Siendo así, ¿puede Álvaro García continuar
evadiendo el debate?

Luego del golpe de Estado, en Bolivia las cosas no han hecho más que
empeorar. La represión militar y policial, que ya dejó un saldo de al
menos 35 muertos en las masacres de Yapacaní, Sacaba y Senk’ata, se ha
intensificado en las últimas semanas con el ilegal encarcelamiento de
cientos de activistas sociales que lideran protestas, así como
cibernautas que expresan críticas al gobierno de facto. La economía se
ha hundido en la recesión y desempleo, con graves consecuencias de
desabastecimiento o encarecimiento de alimentos y medicamentos. Los
derechos laborales son vulnerados cotidianamente dejando a los
trabajadores en precaria situación. Los abusos racistas contra
originarios aymaras y quechuas son cosa común en un país que, hasta hace
poco, se preciaba de ser el que más había avanzado en Latinoamérica en
inclusión social. La crisis por la pandemia del Covid 19 (cuyas
verdaderas dimensiones está ocultando al pueblo y a la comunidad
internacional el gobierno de Añez) podría dejar en Bolivia 4.000 muertos
y 48.000 personas infectadas, según las proyecciones del ex ministro de
salud, Aníbal Cruz, cesado en el cargo por negarse a manipular información.

Quienes nos quedamos en Bolivia luchando contra los golpistas que se
atrevieron a quemar nuestra wiphala, tenemos la obligación de analizar
críticamente el “proceso de cambio”, para no volver a cometer los
errores que llevaron a su derrota. Es en este contexto que emplazamos a
García Linera a que asuma su responsabilidad por ser autor intelectual
de dos conceptos no revolucionarios que llevaron a una práctica
gubernamental que frenó, desde adentro, el proceso de transformaciones
durante el gobierno de Evo Morales. Esos dos conceptos fueron: 1) El
planteamiento del “capitalismo andino” como objetivo de la denominada
revolución democrática y cultural, anclándola en políticas de moderación
pactada, que terminaron preservando el capitalismo extractivista. 2) La
actitud colaboracionista con la burguesía, definiéndola nada menos que
como “aliada del proceso”, bajo la lógica de que los grandes
inversionistas privados constituyen el sujeto económico necesario para
el “capitalismo andino”.

*El “capitalismo andino”. *A mediados del 2005, luego de una trayectoria
política en el indianismo intentando articular la insurgencia de las
comunidades aymaras con la teoría marxista, lo que le costó varios años
de cárcel, Alvaro García fue designado por el Movimiento al Socialismo
(MAS) para acompañar a Evo Morales en el binomio electoral. Por entonces
ya venía sorprendiendo por su tono políticamente discreto, muy alejado
de cualquier radicalismo, que se esforzaba en mostrar como panelista en
un programa televisivo llamado “El Pentágono”. Como parte de esa
reconversión política y negando todo lo que había escrito en los años
noventa, dio a conocer ese 2005 su planteamiento del “capitalismo
andino”, expresado inicialmente de la siguiente forma:

“/Nuestro objetivo no puede ser el socialismo ya que no están dadas las
condiciones materiales para ello. En una formulación más concreta
propongo un modelo de capitalismo adecuado a las características de
nuestro país, provisionalmente denominaremos a este modelo capitalismo
andino amazónico”/ [ii].

Las críticas revolucionarias a este planteamiento conservador no se
hicieron esperar, pero Alvaro García respondía de manera petulante:
/“Nos observa en Bolivia esa izquierda cadavérica, de los años 50 y 70,
seudo marxista, que ya es un fantasma, frente a la que surge una nueva
izquierda indígena de acción colectiva con su propia estructura,
ideología y simbologías”/ [iii].

Como los reproches de los verdaderos comunitaristas no cesaron y venían
incluso desde las filas del Movimiento al Socialismo, el candidato a la
vicepresidencia tuvo que cambiar su planteamiento inicial, tratando de
dar entender que no se había referido a un modelo económico que sólo
administre el sistema capitalista, sino que estaba hablando de una larga
fase de transición postneoliberal. Lo hizo en un artículo que escribió
en enero de 2006, en cuyas partes esenciales se podía leer:

“/El triunfo del MAS abre una posibilidad de transformación radical de
la sociedad y el Estado, pero no en una perspectiva socialista (al menos
en corto plazo), como plantea una parte de la izquierda. Actualmente hay
dos razones que no permiten visualizar la posibilidad de un régimen
socialista en nuestro país. Por un lado existe un proletariado
minoritario demográficamente e inexistente políticamente; y no se
construye socialismo sin proletariado. Segundo: el potencial
comunitarista agrario y urbano está muy debilitado (…) El potencial
comunitario que vislumbraría la posibilidad de un régimen comunitarista
socialista pasa, en todo caso, por potenciar las pequeñas redes
comunitaristas que aún perviven y enriquecerlas. Esto permitiría, en 20
o 30 años, poder pensar en una utopía socialista (…) Los desafíos de la
izquierda en la gestión de los asuntos públicos se encaminarán
fundamentalmente a la puesta en marcha de un nuevo modelo económico que
he denominado, provisoriamente, ‘capitalismo andino-amazónico’. Es
decir, la construcción de un Estado fuerte, que regule la expansión de
la economía industrial, extraiga sus excedentes y los transfiera al
ámbito comunitario para potenciar formas de autoorganización y de
desarrollo mercantil propiamente andino y amazónico”/[iv].

En este alegato hay una falacia histórica: “no se construye socialismo
sin proletariado”. Menos mal que no se guiaron por este axioma los
revolucionarios en Vietnam o Cuba, donde el proletariado era
demográficamente muy pequeño. Allí persistieron en efectuar verdaderas
revoluciones de orientación socialista, con las consiguientes medidas de
transformación estructural.

Pero dejemos que sea el propio García, no el refinado gradualista del
2005 sino el rebelde socialista de 1991, que responda a la falacia:

“/Marx nos muestra que estas luchas de estas masas no capitalistas
pueden asumir un profundo carácter revolucionario al adoptar el “punto
de vista del proletariado”, esto es, que las luchas de las masas
trabajadoras no capitalistas contra el avance burgués en determinadas
condiciones puede asumir el mismo carácter progresivo y revolucionario
que el que pueden adoptar en un momento determinado las del
proletariado”/.[v]

“/La posibilidad de revolucionarizar la sociedad no radica ni en la
cantidad de esas fuerzas productivas, ni en el número de esos
proletarios, sino, sobre la existencia más o menos generalizada de
estos, sea cual sea su número, en la lucha radical del trabajo vivo por
autodeterminarse por encima y en contra del ser impuesto de la
burguesía”/.[vi]

¿Cómo se entiende esta contradicción tan flagrante entre lo que escribía
García en los noventa y lo que hizo cuando fue parte del gobierno quince
años después? No obedece por cierto a una maduración teórica porque, si
ese fuera el caso, habría algún libro escrito por él en que revise
íntegramente sus postulados de juventud que leímos en sus obras “De
demonios escondidos y momentos de revolución” (1991) y “Forma valor,
forma comunidad” (1995). Pero no hay ninguno. Por eso se puede calificar
lo hecho por Álvaro García como un viraje pragmático, carente de
honestidad intelectual.

Pero esa no es la única observación a la vía gradualista propuesta por
García el 2006. Al iniciarse el gobierno de Morales, su vicepresidente
planteó un objetivo práctico, que se evidenciará como un engaño en los
siguientes años: que hay que “cabalgar” dentro del capitalismo
postneoliberal, para potenciar el Estado y fortalecer las redes
comunitarias, para así en un lejano futuro (20 o 30 años) poder pensar
en una utopía socialista.

Hace catorce años, cuando estaba iniciando el gobierno de Evo Morales,
los comunitaristas afirmamos que, con su teoría del cambio gradual
(primero el “postneoliberalismo”, después el “postcapitalismo”)
formulada en términos tan volátiles, Álvaro García condenaría al proceso
de transformación boliviano a quedarse dentro de los límites del
capitalismo. No fuimos los únicos en alertar de este peligro, recordemos
lo que escribió el hermano Raúl Prada Alcoreza, un conocido pensador
marxista en Bolivia: /“P//lantear el capitalismo andino después de seis
años de luchas por la soberanía, contra las poliformes estructuras
coloniales, no es más que proponer un nuevo colonialismo interno que
continuará destruyendo las relaciones comunitarias en una decodificación
cultural y una colonización de cuerpos sobre una patria restringida”/.

Oportunamente y con parecidas palabras, los comunitaristas alertamos a
Evo Morales que su vicepresidente estaba utilizando su pasado político
de manera oportunista, para mostrarse como un cuadro teórico de avanzada
cuando, en los hechos, terminaría convirtiéndose en un estorbo para el
avance del programa de transformaciones revolucionarias en Bolivia. Hoy,
con los hechos consumados en nuestro país, podemos decir con tristeza
que la realidad nos dio la razón.

*El colaboracionismo con la burguesía. *La conclusión política y
económica que se deriva de la premisa de construir un “capitalismo
andino” es que hay que lograr la colaboración de la burguesía, a la que
se comenzó a denominar “nacional y patriótica”.

El planteamiento de fortalecer una “burguesía nacional” para una vía
autónoma de desarrollo, se ha demostrado hace mucho tiempo que es una
quimera y ya ningún estudioso serio plantea algo parecido. En el debate
económico [vii] continental de hace más de medio siglo quedó plasmado
que no puede existir en América Latina, menos en Bolivia, una “burguesía
nacional”. Si alguna vez pudo pensarse que surgiera fue en el período
posterior a la gran depresión capitalista iniciada en 1929, cuando
intentó aplicarse en algunos países (Argentina, México, Brasil) el
modelo de industrialización sustitutiva de importaciones. Pero, al
agotarse ese modelo con la gran expansión económica luego de la segunda
guerra mundial con predominio del capitalismo estadounidense, la llamada
“burguesía nacional”, en la medida que se articulaba al mercado mundial,
pasó a ser cada vez más dependiente de los grandes capitales
transnacionales.

Una característica de los proyectos que plantean el desarrollo dentro
del capitalismo con fuerte regulación estatal, como es el caso de la
teoría linerista del “capitalismo andino”, es que conforme pasan los
años tiene que realizar cada vez mayores concesiones a la gran empresa
privada. Se debe esto a la necesidad práctica de su propio modelo
económico de contar con la inversión directa de capitales privados, para
preservar la estabilidad económica y un cierto nivel de crecimiento.

En Bolivia ha pasado esto con quienes administraron por casi 14 años el
gobierno, aplicando el recetario gradualista: terminaron administrando
el capitalismo para colmo en su versión extractivista, sin llegar a
transformarlo.

Sin embargo, si nos referimos a los principales mandatarios, hay que
diferenciar el caso de Evo Morales del caso de Álvaro García. Nuestro
hermano Evo Morales se ha guiado siempre por un sólido vínculo con su
base social campesina, que sufre la opresión originada en la subsunción
formal del poder económico del capital sobre sus comunidades. Esto
explica que Evo no haya cambiado, a lo largo de todos estos años, la
identidad del Movimiento al Socialismo (MAS) como un partido político
anticolonialista, antimperialista y anticapitalista.

El caso de García es distinto. Hombre de clase media sin ninguna base
social orgánica que le controle, decidido a convertirse en interlocutor
oficial con los sectores empresariales, convencido de lo que él definió
como “la concepción pactista del poder”, comenzó a actuar en términos
cada vez más funcionales a la seguridad jurídica que demandaban las
organizaciones burguesas y las empresas multinacionales.

El año 2007, ya ocurrida la nacionalización de los hidrocarburos [viii],
el vicepresidente había comenzado a dar un nuevo giro pragmático: el
fortalecimiento del Estado (con las nacionalizaciones) ya no estaría
principalmente orientado a la construcción de un modelo económico que
comience a transferir excedentes hacia el sector social y comunitario de
la economía [ix]. La nueva orientación era que el Estado se convierta en
la locomotora del desarrollo dentro de un “modelo económico productivo”
inspirado en algunas experiencias asiáticas (Corea del Sur, Japón), en
las que el Estado asumía un fuerte rol de regulación interna y de
ampliación de las oportunidades de negocios y de los mercados de
exportación para sus propios emprendedores burgueses.

Veamos lo que Álvaro García afirmaba ese año 2007 en una entrevista en
la ciudad de Santa Cruz, el lugar donde está asentada la burguesía más
poderosa de Bolivia:

“/Es que el Estado es el único que puede unir a la sociedad, es el que
asume la síntesis de la voluntad general y el que planifica el marco
estratégico y el primer vagón de la locomotora. El segundo es la
inversión privada boliviana; el tercero es la inversión extranjera; el
cuarto es la microempresa; el quinto, la economía campesina y el sexto,
la economía indígena. Éste es el orden estratégico en el que tiene que
estructurarse la economía del país”/.[x]

Comenzaban los halagos a la gran inversión privada nacional (burguesa) y
extranjera (empresas transnacionales). ¿Dónde quedaba el sector
campesino? En quinto lugar. ¿Dónde las formas productivas indígenas? En
sexto lugar. ¿Dónde las empresas autogestionarias obreras? Ni las
mencionaba. ¿Qué de las iniciativas económicas colectivas del sector
social de la economía, que no son público-estatales ni
privadas-capitalistas? Nunca las tomó en cuenta.

La fórmula de gobernabilidad pactada con la burguesía era: estabilidad
política para el gobierno a cambio de seguridad jurídica para los
capitalistas. Inevitablemente modificó el planteamiento programático que
el MAS había defendido en la Asamblea Constituyente de 2006-2008: el
Modelo Económico Social Comunitario. Este modelo tenía como punto de
partida el fortalecimiento del Estado a través de nacionalizaciones cada
vez más profundas en áreas estratégicas de la economía. Pero eso sólo
tuvo vigencia entre los años 2006 al 2008, cuando se efectuaron las
nacionalizaciones más importantes: la de los hidrocarburos, la de la
principal empresa de telecomunicaciones, la de la mina de Huanuni, la de
una empresa metalúrgica en Oruro, la de una empresa nacional de energía
eléctrica. Hasta ahí llegó la voluntad política gubernamental, porque
luego comenzaron a pesar más los intereses de los inversionistas
nacionales y extranjeros. Álvaro García lo reconoció el año 2010, cuando
en una conferencia en Argentina afirmó:

“/El país gradualmente va adquiriendo sus propios recursos, frutos de
estos procesos de recuperación del gas y del petróleo, las
telecomunicaciones y la energía eléctrica que son las 4 áreas que hemos
procedido a nacionalizar gas, petróleo, energía eléctrica,
telecomunicaciones y parte de la minería. Ahí nos hemos detenido en este
primer impulso y seguramente en algún otro momento habrá que tomar otro
impulso para avanzar en otras áreas que le permitan al Estado capacidad
de gestión, capacidad de administración y de inversión y
fundamentalmente de distribución de la riqueza”./[xi]

Nunca llegó el nuevo impulso. Los acuerdos de gobernabilidad pactada lo
impidieron bajo el discurso gubernamental de que: “no hay que dar
señales negativas a la inversión privada”.

A cambio de esa seguridad jurídica sobre sus propiedades e inversiones,
que tendría efecto de obturador sobre el modelo económico a ser aplicado
en los siguientes años, la burguesía abandonó a finales del año 2008 la
conspiración política y empezó a coordinar acciones económicas con el
gobierno de Evo Morales. A su modo, la burguesía fue también pragmática:
dándose cuenta de que podía seguir realizando buenos negocios con un
gobierno que no les representaba, aceptó la cohabitación. La
colaboración pactada duró, por parte de los grandes capitalistas, el
tiempo necesario para evitar una nueva radicalización gubernamental,
preservando e incrementando todos estos años su poder económico, hasta
que decidieron como clase sumarse al golpe fascista en noviembre de 2019.

Durante el tiempo que Evo Morales gobernó Bolivia, fue su vicepresidente
Álvaro García el más entusiasta promotor y operador de estos pactos con
la burguesía, a la que mostraba nada menos que como “aliada” del proceso
de cambio. Cuando se reunía con sus representantes les hablaba de
seguridad jurídica sobre sus inversiones, del rol positivo que jugaban
para la economía nacional, de la importancia de su modelo capitalista
emprendedor y de cómo el gobierno estaba atendiendo la agenda
empresarial. Para demostrar esto que afirmo haré un pequeño recuento de
hechos significativos:

En octubre de 2014, el vicepresidente asistió en la ciudad de Santa Cruz
al acto por el 50 aniversario de la Cámara Agropecuaria del Oriente. La
CAO es la organización de los empresarios agropecuarios que se dedican
al monocultivo y la exportación de commoditties y que constantemente
demandan subvenciones, créditos, más tierras y garantías de que no se
revertirán sus propiedades. A estos burgueses potentados García Linera
les propuso, con las siguientes palabras, extender la frontera agrícola
en un millón de hectáreas por año en favor de la agroindustria: /“Vamos
a hacer lo que sea necesario, en leyes, normas administrativas,
créditos. Digan qué necesitan, les vamos a ayudar en lo que sea
necesario, hoy tenemos dos tercios del congreso por lo que no habrán
trabas para llegar a este desafío. La ampliación de la frontera agrícola
es una prioridad para el país y son ustedes los principales actores de
esta estrategia”./[xii]

En julio de 2015 viajó hasta la frontera con Chile en el departamento de
Potosí, cerca de la enorme mina de San Cristóbal, para decirles a los
inversores japoneses de la Sumitomo: “/En estos últimos días había
amenazas de que iban a cortar la electricidad, de que iban a tomar San
Cristóbal, el Gobierno no lo va a permitir… ustedes hacen un buen
trabajo, sigan haciendo su buen trabajo”./[xiii] La multinacional
Sumitomo explota la mayor mina de concentrados de zinc-plata y
plomo-plata en Bolivia. Su aporte fiscal siempre fue ínfimo en relación
a las millonarias utilidades que obtiene, tanto en territorio boliviano
como fuera del país, pero gozó de la mayor protección gubernamental.

En marzo de 2016, García fue invitado a la posesión del nuevo directorio
de la Cámara de Industria, Comercio y Servicios (CAINCO) en la ciudad de
Santa Cruz. La CAINCO es la entidad burguesa más poderosa de Bolivia.
Veamos la siguiente reseña que hizo sobre ese acto un periódico
boliviano: /“El  vicepresidente Álvaro García Linera ofreció anoche una
‘alianza’ entre el Estado y el sector empresarial para empujar el
crecimiento de la economía boliviana, en ocasión en que el rumbo de la
economía mundial no es tan alentadora.  García Linera sostuvo que el
Gobierno no será rival ni competidor de los empresarios, sino un aliado
para el crecimiento económico”./[xiv]

Lo vuelvo a decir: durante todos los años (2006-2019) de la denominada
revolución democrática y cultural, ha sido García el principal ideólogo
de la colaboración con la burguesía para el crecimiento económico, le ha
dado forma teórica a ese colaboracionismo. El que fuera vicepresidente
no es un heterodoxo como él gusta definirse, es un ecléctico que se
ufana de estar “actualizado” y que toma prestados conceptos de autores
europeos como Negri, Bourdieu, Foucault, Harvey, Piketty y otros,
adecuándolos a sus propios fines prácticos, aunque al hacerlo no respete
la lógica interna de esos conceptos y los deforme.

Hay un claro ejemplo de esto en una grosera interpretación que hizo del
pensamiento del teórico comunista italiano Antonio Gramsci. En ocasión
de la XX reunión anual del Foro de San Pablo de partidos políticos de
izquierda y centro izquierda de Latinoamérica que se realizó en la
ciudad de La Paz, le tocó a Alvaro García pronunciar un discurso. En esa
disertación y hablando sobre cómo deberían comportarse los gobiernos
progresistas en su relación con los “grupos de poder económico” se
inventó nada menos que la siguiente perla: /“¿Cómo se construye
hegemonía? No olviden: siempre hay que sumar a Lenin con Gramsci. Al
adversario hay que derrotarlo, eso es Lenin. Ahora Gramsci: al
adversario hay que incorporarlo, pero no se incorpora al adversario en
tanto adversario organizado sino en tanto adversario derrotado”./[xv]

Al admirable marxista italiano nunca se le ocurrió que la burguesía
sería aliada de la revolución proletaria. Hay numerosos escritos de
Gramsci para corroborarlo, mencionemos uno de ellos: /“El criterio
metodológico en el cual hay que fundar el examen es éste: que la
supremacía de un grupo social se manifiesta de dos modos, como ‘dominio’
y como ‘dirección intelectual y moral’. Un grupo social es dominante
respecto de los grupos adversarios que tiende a ‘liquidar’ o a someter
incluso con la fuerza armada; y es dirigente de los grupos afines o
aliados. Un grupo social puede y hasta tiene que ser dirigente ya antes
de conquistar el poder gubernativo (esta es una de las condiciones
principales para la conquista del poder); luego, cuando ejerce el poder
y aunque lo tenga firmemente en las manos, se hace dominante, pero tiene
que seguir siendo también ‘dirigente’ ”./[xvi]

Como puede verse, Álvaro García utilizaba de la peor manera a Gramsci,
para justificar su propia visión colaboracionista con la burguesía. El
proletariado organizado debe buscar convertirse en dirigente de los
sectores sociales afines o aliados, vale decir los sectores campesinos y
de otros sectores de trabajadores urbanos para, a través de una
revolución, llegar a ser dominante en relación a la burguesía, planteaba
el italiano. García lo reinterpretaba desde su gradualismo: la burguesía
pasaba a ser “afín” y “aliada”, por lo que había que “incorporarla” como
“adversario derrotado”.

Por este tipo de planteamientos se explica la paulatina pérdida de
credibilidad de García entre las organizaciones revolucionarias en
Bolivia. Así también entre las organizaciones sindicales, que lo
recuerdan como un operador de intereses patronales. Lo mismo entre las
organizaciones campesinas originarias, que le culpan por los errores que
cometió Evo Morales. Por estas razones, el linerismo ha desaparecido hoy
en Bolivia.

No es entonces por su actual importancia en la política boliviana que me
interesa saldar cuentas con el que fuera vicepresidente. De ninguna
forma. Es por el rol que tuvo en el proceso de cambio, Álvaro García
Linera con sus concepciones neocoloniales tuvo su cuota de
responsabilidad en el estancamiento de la denominada revolución
democrática y cultural, que terminará siendo uno de los factores –no el
único, por supuesto- que desgastó al propio gobierno de Evo Morales
hasta su derrumbe.

No estoy diciendo que García Linera es culpable de la caída, eso sería
un exceso inaceptable y una injusticia considerando que tuvo también un
aporte positivo. Digo que debido a la puesta en práctica de la
concepción ideológica linerista el proceso boliviano no avanzó más. Y es
sabido que en sociopolítica, como en la vida, lo que no avanza, pierde
el impulso, termina estancándose y luego retrocede. Y no es simplemente
un asunto de “correlación de fuerzas sociales”, pues esa correlación
también se construye; es asunto de lucha entre concepciones ideológicas
revolucionarias y no revolucionarias que terminan, como pasó en el caso
de Bolivia, debilitando a unas fuerzas sociales y preservando e
incrementando el poder económico de otras fuerzas sociales.

Es tiempo de hacer el balance de lo sucedido en Bolivia. Un balance
crudo, valiente, frontal, incisivo, sin falsas modestias. No estoy
planteando que nos distraigamos en debates interminables, descuidando la
lucha contra los golpistas, eso sería absurdo. La resistencia en Bolivia
no va a parar y nosotros seguiremos corriendo riesgos junto a un pueblo
heroico, que se ha convertido nuevamente como dijeron nuestros mayores,
en guerreros del arco iris (wiphala). Tampoco se trata de volcar página
como plantea alguno, si no aprendemos de los errores cometidos, mañana
otra vez tropezaremos con la misma piedra.

*Notas:*

i <#sdendnote1anc>^ Componente del “Colectivo de Estudios Comunitarios
Larama” de la ciudad de El Alto, Bolivia. Este artículo es resultado de
una reflexión colectiva.

ii <#sdendnote2anc>^ Periódico La Prensa, entrevista a Álvaro García,
edición del 30 de agosto de 2005. La Paz, Bolivia.

iii <#sdendnote3anc>^ Declaraciones de Álvaro García a BBC.com.
Diciembre de 2005.

iv <#sdendnote4anc>^ García, Álvaro. “El capitalismo andino –
amazónico”. En Le Monde Diplomatique, enero de 2006.

v <#sdendnote5anc>^ García, Álvaro. “De demonios escondidos y momentos
de revolución”. La Paz, 1991. Página 112.

vi <#sdendnote6anc>^ García, Álvaro. “De demonios escondidos y momentos
de revolución”. La Paz, 1991. Página 289.

vii <#sdendnote7anc>^ Se puede mencionar muchos autores económicos que
fueron parte de este debate: André Gunder Franck, Vania Bambirra,
Theotonio Dos Santos, Ruy Mauro Maurini, Osvaldo Sunkel, Raúl Prebisch.

viii <#sdendnote8anc>^ El 1 de mayo de 2006, el gobierno de Evo Morales
nacionalizó por decreto los hidrocarburos aunque sin expulsar a las
empresas transnacionales que operaban en el país.

ix <#sdendnote9anc>^ Algunos tecnócratas que fueron parte del gobierno
del MAS intentan confundir diciendo que se repartieron tractores, que se
fortaleció el Fondo Indígena y se aumentó el presupuesto de los
municipios rurales. Si bien esto es cierto, puede calificarse sólo como
“factores de redistribución” del ingreso, que no cambiaron para nada la
matriz capitalista.

x <#sdendnote10anc>^ Periódico El Deber, entrevista a Álvaro García,
edición del 21 de enero de 2007. Santa Cruz, Bolivia.

xi <#sdendnote11anc>^ García, Álvaro. Conferencia dictada sobre
“Propiedad privada, propiedad pública y comunidad” en la Universidad
Popular Madres de Plaza de Mayo, Centro de Estudios Económico y
Monitoreo de Políticas Públicas. Buenos Aires, 6 de octubre de 2010.
Página 11.

xii <#sdendnote12anc>^ Portal del periódico El Deber. Santa Cruz,
Bolivia. 28 de octubre de 2014.

xiii <#sdendnote13anc>^ Periódico La Razón digital. La Paz, Bolivia. 27
de marzo de 2015.

xiv <#sdendnote14anc>^ Periódico Los Tiempos digital. Cochabamba,
Bolivia. 18 de marzo de 2016.

xv <#sdendnote15anc>^ Participación de Álvaro García en la XX Reunión
del Foro de San Pablo. La Paz, Bolivia. 28 de agosto de 2014. Archivo de
video en el siguiente link: https://www.youtube.com/watch?v=M_GLRjNTzKg

xvi <#sdendnote16anc>^ Antonio Gramsci. “El problema de la dirección
política en la formación y el desarrollo de la nación y del Estado
moderno en Italia”. En Antología. Selección, traducción y notas de
Manuel Sacristán. Siglo XXI editores. Madrid, España. Decimosexta
edición. 2007.

In
REBELION
https://rebelion.org/el-debate-sobre-bolivia-y-el-rol-de-garcia-linera-en-el-estancamiento-del-proceso-de-cambio/
19/5/2020