terça-feira, 27 de setembro de 2022

Como travar a escalada para a guerra

 


 

Thierry Meyssan

O conflito ucraniano está em vias de se transformar numa guerra opondo o
Ocidente por um lado à Rússia, e por outro à China. Cada campo está
persuadido que o outro quer a sua perda. E o medo é mau conselheiro. A
paz só poderá ser preservada se cada campo reconhecer os seus erros. Tem
que ser uma mudança radical, já que hoje nem a narrativa ocidental, nem
os actos russos correspondem à realidade.



Nenhum dirigente político deseja uma guerra no seu território. Quando
estas acontecem, é geralmente sob o efeito do medo. Cada campo teme o
outro, com razão ou sem ela. Claro, há sempre alguns elementos que
empurram para o cataclismo, mas são fanáticos e muito minoritários.

É exactamente a situação em que nos encontramos. A Rússia está
persuadida, erradamente ou com razão, que o Ocidente quer destruí-la,
enquanto o Ocidente está igualmente convencido que a Rússia realiza uma
campanha imperialista e destruirá a prazo as suas liberdades. Na sombra,
um pequeníssimo grupo, os Straussianos, deseja o confronto.

Isso não quer dizer que a Terceira Guerra mundial seja para amanhã. Mas
se nenhum dirigente político mudar radicalmente a sua política
estrangeira, vamos caminhar directamente rumo ao desconhecido e teremos
de nos preparar para o caos absoluto.

Para dissipar os mal entendidos, devemos escutar as narrativas dos dois
campos.

Moscovo (Moscou-br) considera que o derrube do Presidente
democraticamente eleito, Viktor Yanukovych, foi um Golpe de Estado
orquestrado pelos EUA. É o primeiro ponto de divergência uma vez que
Washington interpreta os acontecimentos como uma « revolução », a do
«EuroMaidan» ou da «Dignidade». Oito anos mais tarde, inúmeros
testemunhos ocidentais atestam a implicação do Departamento de Estado
dos EUA, da CIA e da NED, da Polónia, do Canadá e por fim da OTAN.

As populações da Crimeia e do Donbass recusaram reconhecer o novo Poder
que incluía muitos « nacionalistas integralistas », sucessores dos
vencidos da Segunda Guerra Mundial.

A Crimeia, que durante a dissolução da URSS votara por referendo a sua
ligação à futura Rússia independente, meio ano antes que o resto da
República Soviética da Ucrânia declarasse a independência, votou
novamente através de um referendo. Durante quatro anos, a Crimeia foi
reivindicada quer pela Rússia, quer pela Ucrânia. Moscovo argumentou que
entre 1991 e 1995, foi ela e não Kiev que pagou as pensões e salários
dos funcionários públicos na Crimeia. De facto a Crimeia fora sempre
russa, mesmo que fosse considerada como estando ligada à Ucrânia. Foi
por fim o Presidente russo Boris Yeltsin que, atravessando uma crise
económica muito grave, decidiu abandonar a Crimeia aos cuidados de Kiev.
No entanto, a Crimeia votou então uma Constituição que lhe outorgava a
autonomia no seio da Ucrânia, o que Kiev nunca aceitou. O segundo
referendo, em 2014, proclamou de forma maciça a independência. O
Parlamento da Crimeia pediu a união do seu Estado à Federação Russa, o
que essa aceitou. Para reforçar a continuidade de seu território, a
Rússia construiu, sem consultar a Ucrânia, uma gigantesca ponte ligando
a sua metrópole à península da Crimeia através do Mar de Azov, de facto
privatizando esse pequeno mar.

Ora, a Crimeia abriga o porto de Sebastopol, indispensável à marinha
militar russa. Esta não era nada em 1990, mas voltou a ser poderosa em 2014.

Os Ocidentais reconheceram o referendo do final soviético na Ucrânia, em
1990, mas não o de 2014. Ora, o direito dos povos à autodeterminação
aplica-se inteiramente aos Crimeenses. Os Ocidentais argumentam que
muitos soldados russos estavam presentes no terreno mesmo sem usar os
uniformes. Certamente, mas os resultados dos dois referendos, de 1990 e
de 2014, foram semelhantes. Não há, pois, lugar para suspeitas de fraude.

Para marcar que não aceitavam essa « anexação », os Ocidentais aplicaram
colectivamente sanções contra a Rússia, sem autorização do Conselho de
Segurança. Estas sanções violam a Carta das Nações Unidas, a qual
confere a exclusividade desse poder ao Conselho de Segurança.

Os “oblasts” de Donetsk e de Luganks rejeitaram igualmente o governo
saído do Golpe de Estado de 2014. Eles proclamaram a sua autonomia e
assumiram-se como resistentes aos « nazis » de Kiev. Igualar os «
nacionalistas integralistas » aos «nazis» é historicamente justificado,
mas não ajuda os não-ucranianos a compreender aquilo que se passa.

O « nacionalista integralista » foi criado na Ucrânia por Dmytro Dontsov
no início do século XX. À partida, Dontsov era um filósofo de esquerda,
só de de forma progressiva é que se passou para a extrema-direita. Ele
foi um agente pago do Segundo Reich, durante a Primeira Guerra Mundial,
antes de participar no governo ucraniano de Symon Petliura, surgido
durante a Revolução Russa (bolchevique-ndT) de 1917. Participou na
Conferência de Paz de Paris e aceitou o Tratado de Versalhes. Durante o
período entre guerras, exerceu um magistério sobre a juventude ucraniana
e tornou-se um propagandista do fascismo, depois do nazismo. Também se
tornou violentamente anti-semita, pregando o massacre dos judeus muito
antes desse tema ser apoiado pelas autoridades nazis, as quais até 1942
apenas falavam de expulsão. Durante a Segunda Guerra Mundial, recusou
tomar a chefia da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), a qual
confiou ao seu discípulo Stepan Bandera, auxiliado por Yaroslav Stetsko.
Quase todos os documentos sobre sua actividade no seio do nazismo foram
destruídos. Ignora-se o que ele fez durante a Guerra, salvo a sua
participação activa no Instituto Reinhard Heydrich, após o assassinato
deste. Os jornais deste órgão anti-semita dão-lhe o maior destaque.
Aquando da Libertação, fugiu para o Canadá, sob protecção dos Serviços
Secretos anglo-saxões, depois para os Estados Unidos. No fim da sua
vida, ele continuava virulento e tinha evoluído para uma forma de
misticismo viking, pregando o confronto final contra os «Moscovitas».
Hoje, os seus livros, em especial o seu /Nacionalismo/, são uma leitura
*obrigatória* para os milicianos, nomeadamente os do Regimento Azov.
Durante a Segunda Guerra mundial, os « nacionalistas integralistas »
ucranianos massacraram pelo menos 3 milhões dos seus concidadãos.

Washington lê esta história de forma diferente. Para ela, os «
nacionalistas integralistas » cometeram é certo erros, mas eles lutavam
pela sua independência, ao mesmo tempo face aos Nazis alemães e aos
Bolcheviques russos. A CIA tinha, pois, razão em abrigar Dmytro Donsov
nos EUA e em empregar Stepan Bandera na Rádio Free Europe. E mais ainda,
em criar a Liga Anti-comunista Mundial em torno do Primeiro-Ministro
nazi ucraniano, Yaroslav Stetsko, e do Chefe da oposição anti-comunista
chinesa, Chiang Kai-shek. Hoje em dia, ainda segundo Washington, estes
factos são já parte do passado.

Em 2014, com o Presidente Petro Poroshenko, o Governo de Kiev cortou
toda a ajuda aos « Moscovitas » do Donbass. Deixou de pagar as pensões
dos seus cidadãos e os salários dos seus funcionários. Ele proibiu a
língua russa, falada por metade dos Ucranianos, e lançou operações
militares punitivas contra esses « infra-humanos», causando 5. 600
mortos e 1,5 milhão de deslocados em 10 meses. Face a esses horrores, a
Alemanha, a França e a Rússia impuseram os Acordos de Minsk. Tratava-se
de levar o Governo de Kiev à razão e de proteger as populações do Donbass.

Constatando que os primeiros Acordos não tinham produzido efeito, a
Rússia fez consagrar o de Minsk 2 pelo Conselho de Segurança. É a
Resolução 2202, adoptada por unanimidade. Durante as declarações de
voto, os Estados Unidos desenvolveram a sua leitura sobre este período.
Para eles, os « resistentes » do Donbass não passavam de « separatistas
» apoiados militarmente por Moscovo. Especificaram, portanto, que o
Acordo de Minsk 2 (12 de Fevereiro de 2015) não substituía os Acordos de
Minsk 1 (5 e 19 de Setembro de 2014), mas que apenas a eles se
acrescentava. Assim, exigiram que a Rússia retirasse as tropas que tinha
colocado, sem uniforme, no Donbass. A Alemanha e a França fizeram juntar
uma declaração conjunta, co-assinada pela Rússia, garantindo a aplicação
« obrigatória » deste conjunto de «compromissos».

Ora, pouco tempo depois, o Presidente Poroshenko declarou que não tinha
intenção de aplicar fosse o que fosse e relançou as hostilidades; uma
posição que o Governo do Presidente Zelensky reiterou. Durante os 7 anos
que se seguiram à Resolução 2202, foram mortas 12. 000 pessoas, segundo
Kiev, ou 20. 000, segundo Moscovo.

Durante este período, Moscovo não interveio. O Presidente Vladimir Putin
não somente retirou as suas tropas, mas proibiu um oligarca de enviar
mercenários para apoiar as populações do Donbass. Estas acharam-se
abandonadas pelos garantes dos Acordos de Minsk e pelos outros membros
do Conselho de Segurança.

No modo de funcionamento político russo, espera-se estar pronto a
concretizar algo para então o anunciar. Moscovo, portanto, nada disse,
mas preparou o seguimento. Sofrendo sanções, que experimenta desde a
união da Crimeia, esperava que os Ocidentais as aumentassem assim que
interviesse para aplicar a Resolução 2202. Realizou pois contactos com
outros Estados também sob sanções, nomeadamente com o Irão, para
contornar as que a atingiam e se preparar para contornar outras. Todos
os que visitam regularmente a Rússia constataram que a Administração
Putin desenvolvia uma auto-suficiência alimentar, inclusive para a carne
e os queijos, dos quais o país estava até aí desprovido. A Rússia
aproximou-se da China em matéria bancária, o que interpretamos
erradamente como uma iniciativa contra o dólar. Tratava-se, na
realidade, de se preparar para uma exclusão do sistema SWIFT.

Quando o Presidente Putin lançou o seu Exército na Ucrânia, deixou bem
claro que não estava a declarar uma « guerra » visando anexar a Ucrânia,
mas que punha em prática uma « operação militar especial » em virtude da
Resolução 2202 e da sua « responsabilidade em proteger » as populações
civis do Donbass.

Tal como previsto, os Ocidentais reagiram com sanções económicas que
perturbaram gravemente a economia russa durante dois meses. Depois as
coisas inverteram-se e essas sanções mostraram-se proveitosas para a
Rússia, que se havia longamente preparado para elas.

Na prática, os Ocidentais fizeram chegar uma enorme quantidade de armas
ao terreno, depois colocaram conselheiros militares e algumas forças
especiais. O Exército russo, três vezes inferior em número ao Exército
ucraniano, começou a penar. Por isso, acaba de decretar uma “mobilização
parcial” para enviar novas tropas sem ter que desguarnecer o seu sistema
de defesa nacional.

A OTAN, por seu lado, elaborou um mecanismo visando mobilizar um grupo
central de Estados e um grupo alargado de seus aliados mais distantes.
Trata-se de fazer recair o esforço financeiro sobre o mais vasto número
de parceiros até ao esgotamento da Rússia.

Moscovo respondeu anunciando que se os Ocidentais dessem um passo
suplementar, usaria as suas novas armas.

Os Exércitos russo e chinês manejam os lançadores hipersónicos, do que
os Ocidentais estão desprovidos. Moscovo e Pequim podem destruir seja
qual for o objectivo, não importando o lugar do mundo, em alguns
minutos. É impossível impedi-los e este desequilíbrio durará no mínimo
até 2030, segundo os generais norte-americanos. A Rússia disse já que
atacaria prioritariamente o Ministério britânico dos Negócios
Estrangeiros (Relações Exteriores-br) que ela considera como a cabeça
pensante dos seus inimigos, e o Pentágono, que ela considera como o
braço armado. No caso de atacarem, os Exércitos russo e chinês
destruiriam previamente os satélites de comunicação estratégica dos
Estados Unidos (CS3). Estes perderiam em poucas horas a capacidade de
guiar mísseis nucleares e, portanto, de retaliar. O resultado de tal
guerra oferece poucas dúvidas.

Quando a Rússia evoca a utilização das suas armas nucleares para atacar,
ela não fala de bombas atómicas estratégicas como os Estados Unidos
utilizaram em Hiroshima e Nagasaki, mas de armas tácticas para destruir
pequenos alvos determinados (Whitehall ou o Pentágono). As
grandiloquentes declarações do Presidente Biden sobre o risco que ela
faria o mundo correr são, portanto, nulas e sem efeito.

Envolver-se num tal confronto não é impossível. Nos Estados Unidos, os
Straussianos, um grupúsculo de políticos não eleitos, estão determinados
em provocar o apocalipse. Segundo eles, os Estados Unidos já não poderão
exercer mais domínio sobre todo o mundo, mas ainda podem consegui-lo
usando seus aliados. Para isso, não devem hesitar em sacrificar uma
parte dos seus, se os seus aliados sofrerem ainda mais do que eles e se,
dessa forma, continuarem a ser os primeiros (não os melhores).

Como em todos os conflitos, os povos têm medo e alguns indivíduos
empurram-nos para a guerra.

A Rússia acaba de organizar quatro referendos de autodeterminação e de
união, ao mesmo tempo nas duas Repúblicas do Donbass e nos dois
“oblasts” da Novorossiya. O ponto de vista do G7, cujos Ministros dos
Negócios Estrangeiros participavam na Assembleia Geral da ONU em Nova
Iorque, foi de denunciar imediatamente referendos inválidos porque se
realizam em situação de guerra, o que é uma opinião discutível.
Prosseguiram, pois, denunciando uma violação da soberania e da
integridade territorial da Ucrânia e dos princípios da Carta das Nações
Unidas. Ora, estes últimos pontos são falsos. Por definição, o direito
dos Povos à autodeterminação não contraria a soberania e a integridade
territorial do Estado do qual eles podem, se o desejam, separar-se. Além
disso, todos os membros do G7 (excepto o Japão) assinaram o Acto Final
de Helsínquia, pelo qual se comprometem a defender simultaneamente todos
esses princípios.

É particularmente odioso constatar a maneira como o G7 interpreta o
Direito a seu favor, e particularmente o dos Povos à autodeterminação. A
título de exemplo, a Assembleia Geral das Nações Unidas condenou a
ocupação ilegal pelo Reino Unido do arquipélago de Chagos. Ela ordenou
que fosse restituído às ilhas Maurícias o mais tardar em 22 de Outubro
de 2019. Não somente isso não foi feito, como uma das ilhas de Chagos,
Diego Garcia, continua arrendada ilegalmente aos Estados Unidos para
abrigar a maior base militar do Oceano Índico. Ou ainda, a França
transformou ilegalmente a sua colónia de Mayotte num departamento, em
2009. Montou um referendo em violação das Resoluções 3291, 3385 e 31/4
da Assembleia Geral que afirmam a unidade das Comores e proíbem que
referendos sejam realizados quer numa, ou noutra, de suas partes apenas,
o Estado das Comores e a colónia francesa de Mayotte. Foi precisamente
para escapar à descolonização que a França organizou este referendo,
sendo sabido que aí instalara uma base militar marítima e sobretudo uma
base militar de intercepção e Inteligência.

De um ponto de vista russo, estes referendos, se fossem
internacionalmente reconhecidos, poriam fim às operações militares. Ao
recusá-los, o Ocidente faz durar o conflito. A intenção deles é ver cair
o resto da Novorossiya nas mãos da Rússia. Ora, se Odessa se tornar
russa de novo, Moscovo terá também que aceitar a adesão da Transnístria
que ficará assim contígua à Federação da Rússia. No entanto, a
Transnístria não é ucraniana, mas sim moldava, daí o seu actual nome de
República Moldava do Dniester.

A Rússia recusa-se a acolher um território moldavo que tem, é certo,
razões históricas para se proclamar independente. Mas ela não aceitou
isso, de forma alguma, com a Ossétia do Sul e a Abecásia, as quais têm
igualmente razões históricas para se proclamarem independentes, mas são
georgianas. Nem a Moldávia, nem a Geórgia cometeram crimes comparáveis
aos da Ucrânia moderna.

Chegados ao final desta exposição, constatamos que os erros são
partilhados, mas não de forma equitativa. Os Ocidentais reconheceram o
Golpe de Estado de 2014; eles tentaram parar o massacre que se seguiu,
mas finalmente deixaram os nacionalistas integralistas continuá-lo ;
eles armaram a Ucrânia em vez de a obrigar a respeitar os Acordos de
Minsk 1 e 2. A Rússia, por sua vez, construiu sem concertação uma ponte
que fecha o Mar de Azov. A paz só será preservada se ambos os campos
reconhecerem os seus erros.

Ser-se-á capaz disso ?

>


Se desejarem estar à altura de pensar fora dos termos belicosos da
Agência France Presse, da Associated Press e da Thomson-Reuters, não se
limitem aos grandes média (mídia-br) que delas fazem suas fontes
exclusivas de informação. Assinem o nosso boletim semanal : /Voltaire,
actualidade internacional/.
Não percam os temas pertinentes que eles vos escondem !

Em
VOLTAIRE.NET
https://www.voltairenet.org/article218094.html
27/9/2022

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Zelensky : o anarca da contra-ofensiva

 

  Zelensky : o anarca da contra-ofensiva

Thierry Meyssan

O Presidente Zelensky e os seus aliados da OTAN lançaram uma
contra-ofensiva contra as tropas russas. Escolheram um lugar onde a
presença destas era escassa e o qual Moscovo não pensava ocupar. Assim,
eles podem celebrar com fanfarras esta vitória sem inimigos, nem
batalha. Regresso a um bluff (blefe) que apenas convence aqueles que
creem nele, quer dizer o público ocidental.



Kiev anunciou com grande alarido de trombetas e o rufar de tambores uma
contra-ofensiva na região de Karkiv, quer dizer em frente do Donbass. As
Forças apoiadas pela OTAN conseguiram « libertar » uma faixa de
território de 70 km de comprimento por uns 30 de profundidade.

O Presidente Zelenski, que foi ao local, em Izium, anunciou a « próxima
vitória » do seu país sobre o « invasor » russo.

A imprensa ocidental fala de derrota russa e interroga-se sobre um
eventual complô visando derrubar o « Presidente vencido », Vladimir Putin.

*Neste mapa do Institute for the Study of War, a zona “libertada” é a
mancha azul ao alto à direita. *

Fim do conto para boi dormir ; uma realização da OTAN.

Na realidade, as Forças ocidentais nunca entraram no Donbass, nem na
República de Lugansk, nem na de Donetsk. Apenas recuperaram territórios
que o Exército russo havia conquistado, mas sem verdadeiramente ocupar.
Desde o principio, o Presidente Putin anunciou que queria defender as
duas Repúblicas do Donbass, mas que não queria anexar a Ucrânia, que
somente pretende « desnazificar » (ou seja, livrar dos seus «
nacionalistas integralistas »).

Com o correr do tempo, ele anunciou que pretendia também fazer os
Ucranianos pagar pela guerra que desencadearam anexando o Sul do país.
Tinha então duas opções, ou anexar Novorossiya, ou a Makhnovchtchina, os
dois territórios de tradição russa que em grande parte se sobrepõem.

*A Novorossiya histórica, segundo o Washington Post, em 2014. *

A Novorossiya, literalmente « Nova Rússia », é a colónia de povoamento
russo conquistada por Grigory Potemkin, o amante da Czarina Catarina II,
ao Império Otomano. Ela consta de todo o Sul da actual Ucrânia,
incluindo a Crimeia, até uma pequena parte da Moldávia actual, a
Transnístria. Este território jamais conheceu os horrores da servidão
que Catarina II não conseguiu abolir no seu império. O Marechal Potemkin
edificou ali um Estado iluminado, inspirado na Grécia antiga e em Roma.
A Novorossiya foi durante um tempo governada por um oficial francês,
amigo pessoal do Czar Alexandre I, Armand de Vignerot du Plessis, Duque
de Richelieu e futuro Presidente do Conselho de Ministros francês.

*Localização da Makhnovchtchina a negrito. Progressivamente ela
estendeu-se para toda a zona acinzentada, incluindo Kherson e Izium. *

A Makhnovchtchina é o lugar onde, em 1918, triunfou o Exército negro do
camponês anarquista Nestor Makhno.

Esta conseguiu libertar-se do poder de Kiev, então detido por Symon
Petliura e Dmytro Dontsov, o protector e fundador dos « nacionalistas
integralistas » ; cujos sucessores estão hoje no Poder e que a Rússia
qualifica de «nazis». Os partidários de Makhno, por sua vez,
estabeleceram um regime libertário no Sudeste do país correspondendo às
ideias dos socialistas franceses do século XIX (Charles Fourier,
Pierre-Joseph Proudhon) e sobretudo à influência de Pierre Kropotkine :
a criação de comunas (municípios) auto-geridas. A Makhnovshchina foi
derrubada e seus partidários massacrados durante ataques simultâneos
quer do Império Alemão, dos « nacionalistas integralistas » ucranianos,
assim como dos bolcheviques trotskistas.

Finalizando, Vladimir Putin escolheu a Novorossiya e reivindica-a
oficialmente.

A zona que acaba de ser « libertada » pelo Exército de Kiev estava num
dada altura incluída num dos maiores países anarquistas do mundo, o de
Nestor Mackhno, mas nunca na Novorossiya. O Governo de Kiev recuperou,
como o fez durante o período entre-as-duas-guerras, este pequeno território.

Visto sob o ângulo russo, Kiev recuperou um território que Moscovo
(Moscou-br) tinha pensado anexar, mas ao qual finalmente renunciou. Não
havia lá, pois, forças russas, apenas guardas de fronteira e policias do
Donbass. Foram estes que saíram apressados. Não houve portanto combates
e muito menos derrota.

Nessas condições as longas dissertações dos média (mídia-br) ocidentais
sobre um complô de generais que visaria derrubar o Presidente Putin «
vencido » são pura ficção.

Já seria diferente se os Exércitos ocidentais retomassem Kherson, um
porto situado no Dnieper, pouco antes de desaguar no Mar Negro. Uma
segunda operação está planeada (planejada-br) em torno da central
(usina-br) nuclear de Zaporijjia. Mas ainda não chegamos a isso.

A golpada do Presidente Volodymyr Zelenskyy consiste em apresentar como
uma batalha, um avanço das suas tropas num território desocupado. Ela
permite-lhe reivindicar aos Ocidentais milhares de milhão (bilhões-br)
suplementares, e é por isso que foi ela foi lançada em 6 de Setembro.
Dois dias mais tarde, no dia 8, cerca de cinquenta países reuniram-se na
base norte-americana de Ramstein (Alemanha) a fim de doar armas à
Ucrânia [1 <#nb1>]. Ninguém tendo orçamento para tal, os gastos foram
adiantados pelos Estados Unidos ao abrigo da /Ukraine Democracy Defense
Lend-Lease Act of 2022/ (Lei de Empréstimo e Arrendamento para a Defesa
da Ucrânia- ndT) [2 <#nb2>]. Mais tarde eles pagarão, mas pagarão o que
gastam hoje sem fazer contas.

Nos dias 9 e 10, o Institute for the Study of War (Instituto para os
Estudo da Guerra- ndT), revela detalhes sobre o avanço das tropas e o
caloroso acolhimento que elas recebem [3 <#nb3>]. Esta encenação é
engolida pela imprensa ocidental que a difunde. Ora este Instituto é um
antro de Straussianos. É dirigido por Kimberly Kagan, cunhada da
Secretária de Estado adjunta, Victoria Nuland. Entre os seus
administradores conta-se Bill Kristol, antigo presidente do Projecto
para um Novo Século Americano (PNAC), bem como o General David Petraeus,
que destruiu o Iraque e o Afeganistão.

A 11, a Agência Reuters-Thompson garante que milhares de soldados russos
estão em debandada [4 <#nb4>]. Fala de um « golpe pesado para a Rússia
», quando o Estado-Maior russo ordenara a retirada imediata deste
território do qual não pretende tomar a defesa. Veja-se que na altura em
que Donald Trump tinha corrido com os Straussianos da sua Administração,
Victoria Nuland tinha-se tornado uma das directoras da agência
Reuters [5 <#nb5>]. O despacho da Reuters foi assinado por Max Hunder,
um antigo aluno de Eton, a escola mais “fina” de Inglaterra. Um pouco
mais tarde, o Ministério da Defesa britânico confirma o seu envio.

No dia 12, a farsa é validada pelo /New York Times/, que publica uma
dupla página a glorificar o bravo Zelensky. A imprensa ocidental difunde
a coisa sem reflexão.

Azar, precisamente quando o quotidiano nova-iorquino surgia nas bancas,
as centrais eléctricas ucranianas foram todas atingidas durante a noite
por mísseis [6 <#nb6>]. A Ucrânia tombou na escuridão. A contra-ofensiva
também.

O Presidente Putin exaspera-se com a má-fé ocidental. Ele declara que,
de momento, a Rússia não mobilizou senão uma pequena parte das suas
forças contra os « nazis » de Kiev e que, se for preciso, as suas
próximas acções serão de uma magnitude completamente diferente.

*Os Chefes de Estado presentes na Cimeira da OCS em Samarcanda. *

Tendo o resto do mundo olhos para ver –-ao contrário dos Ocidentais que
só têm ouvidos para ouvir patranhadas (bobagens-br) –-reservou uma festa
para a delegação russa, durante a Cimeira (cúpula-br) da Organização de
Cooperação de Shangai(Xangai), em Samarcanda.

Durante a era Ieltsin, uma estrutura de contacto havia sido criada entre
a Rússia e a China. O Chefe do governo russo, Ievgueny Primakov,
reconheceu fronteiras estáveis com Pequim.

Em 1996, este Grupo de Contacto tornou-se um Fórum Internacional com os
Estados da Ásia Central (Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão,
Usbequistão) e, depois, pouco antes dos atentados do 11 de Setembro de
2001, tornou-se a OSC actual. A China e a Rússia haviam já compreendido
que os Anglo-Saxónicos fomentavam problemas na Ásia Central. Portanto,
elas elaboraram em conjunto programas contra o terrorismo e o
separatismo. A sequência dos acontecimentos veio dar-lhes amplamente razão.

*A Organização de Cooperação de Shanghai (OCS) não parou de aumentar nos
últimos 20 anos. *

O OCS desenvolveu-se rapidamente. A Índia, o Paquistão e o Irão
aderiram. A Bielorrússia está a preparar-se. O Afeganistão e a Mongólia
são observadores. Outros 14 Estados são parceiros. Ela caracteriza-se
por um espírito muito diferente do das organizações ocidentais. De certo
modo, pode-se ver nela o prolongamento do espírito de Bandung :
soberania dos Estados, não-ingerência nos assuntos internos e cooperação.

A OCS tranquiliza e une. Hoje em dia ela reúne um quarto da população
mundial, ou mesmo dois terços se levarmos em conta os Estados
observadores. Nela não se fazem planos absurdos gritando vitória quando
se ocupa um território não reivindicado e desprotegido.

Thierry Meyssan <https://www.voltairenet.org/auteur29.html?lang=pt>
Tradução

Em

Voltaire.net
https://www.voltairenet.org/article218047.html
20/8/2022

terça-feira, 13 de setembro de 2022

*ENTREVISTA AL PROFESOR UNIVERSITARIO ANDRÉS PIQUERAS* REALIZADA POR SALVADOR LÓPEZ ARNAL CON MOTIVO DE SU ÚLTIMO LIBRO » DE LA DECADENCIA DE LA POLÍTICA EN EL CAPITALISMO TERMINAL*«

 
*ENTREVISTA AL PROFESOR UNIVERSITARIO ANDRÉS PIQUERAS* REALIZADA POR
SALVADOR LÓPEZ ARNAL CON MOTIVO DE SU ÚLTIMO LIBRO » DE LA DECADENCIA DE
LA POLÍTICA EN EL CAPITALISMO TERMINAL*«

*/Dedicas tu último libro «A los millones y millones de comunistas que
dieron sus vidas a lo largo del siglo XX, por un mundo sin explotación.
También a los comunistas que dedicaron su vida a ello… y vencieron».
¿Una vindicación de la tradición comunista… a pesar del estalinismo y de
El libro negro del comunismo?/*

Por supuesto. Diría que es la razón de ser del libro, en tanto que
entiendo que el movimiento comunista de la humanidad ha sido hasta hoy
el máximo exponente de la evolución humana en pos de unas posibilidades
de vida para la especie que permitan la armonía entre sí y con la
naturaleza. De hecho, a la postre, sólo un alto grado de cohesión basado
en amplias condiciones de igualdad podrá permitirnos la existencia como
especie.

El comunismo, como decían Engels y Marx, no es sino el constante
movimiento autoemancipador y autoconsciente de la humanidad. La
evolución no es sino una progresión no lineal de complejidad de los
organismos vivos (y sociales), de ahí deduce Engels que una sociedad
capaz de planificar su economía y su interacción con la naturaleza, de
eliminar las contradicciones inherentes a las clases sociales, es
necesariamente más evolucionada y está mejor preparada para mantenerse
(al estar también más cohesionada).

No voy a entrar a contestarte sobre el panfleto del Libro negro, fiel a
la propaganda capitalista desatada desde el último cuarto del siglo XX
(un proyecto sistemático de reescritura de la Historia y de amputación
de la Memoria histórica –ya prácticamente seccionada para las nuevas
generaciones–), empeñada en hacernos creer que «comunismo» y «nazismo»
son parte de lo mismo (como si el nazismo no fuera una excreción
despótica del capitalismo y como si, para empezar, la humanidad hubiera
llegado en algún momento al comunismo). No merece la pena en una
entrevista con espacio tan limitado entrar a contestar esos libelos
expandidos desde los centros de inteligencia del sistema.

*/Era una pequeña provocación entre amigos./*

Sí diré que la matanza de comunistas y de gentes acusadas de serlo, sólo
en el siglo XX, desatada por el capitalismo, ya sea en su forma
fascista, ya en la «democrática» (liderada por EE.UU.) supera con creces
cualquier pesadilla. El reciente libro de Vincent Bevins, El método
Yakarta, es uno de los que ha comenzado a revelar la magnitud de esa
matanza.

*/Seiscientas páginas, más de treinta de bibliografía, extensas e
interesantes notas al pie de página (que recuerdan en ocasiones las
notas no menos extensas e interesantes de El capital), prosa sustantiva,
nada ligera, argumentos que exigen codos y concentración… ¿A quién va
dirigido el libro?/*

A quienes todavía tienen ganas de transformar el mundo y además quieren
atreverse a pensar por sí mismos/as (algo cada vez más difícil partiendo
de unos medios de formación y socialización concebidos para subordinar e
idiotizar, nuestras vidas sometidas a continuos bombardeos mediáticos
teledirigidos, con sus «guasaps», «twitters», «instagrams», etc, que nos
permiten enorgullecernos de ser masa y seguir a «blogueros»,
«influencers» y otra ralea narcotizante semejante).

Como decía Labriola, ese gran pensador precursor de Gramsci tan olvidado
hoy, «pensar es producir», entraña un ejercicio cotidiano de
reconstrucción del mundo y de nuestra posición en él, de manera que
podamos manejar mejor nuestra vida. Ser comunista implica pensar, en su
sentido más profundo, «radical», por fuera de la cosmovisión dominante,
como pensar en acción.

*/Un concepto que usas con frecuencia: materialismo. ¿Qué es el
materialismo desde tu punto de vista? ¿Qué hay de singular en el
materialismo de Marx y Engels?/*

El materialismo busca conocer las causas más profundas que mueven los
procesos históricos y que se combinan siempre con la acción humana. Deja
de ver las ideas como categorías abstractas, creadoras del mundo, para
entenderlas como productos del mismo. Engels y Marx nos presentaron un
patrón para entender el mundo y las creaciones intelectuales humanas, de
tal manera que hoy podemos saber que las formas como los seres humanos
conseguimos la producción y reproducción de nuestra vida trazan nuestras
posibilidades sociales e ideológicas. Es decir, que el nudo que contiene
la mayor fuente de explicación social es la producción y reproducción de
la vida real.

Eso sí, la dialéctica enriquece y complementa al materialismo, dado que
entiende que lo concreto es sólo tal porque es la concentración de
infinitas determinaciones, su plasmación real nunca permanente sino en
continuo proceso de modificación. La condición clave es no entender más
las partes de la sociedad de manera separada; de ahí que a Marx nunca se
le ocurrió desarrollar una teoría política ni una teoría económica, por
ejemplo, sino que lo que hizo fue elaborar una penetrante crítica de la
«economía política» dada, a la que opuso el análisis dialéctico del todo
y sus partes. Análisis de la totalidad, el capitalismo, que a su vez no
es sino una totalidad dentro de otra: la de la especie humana, que a su
vez es una totalidad dentro de otra, la de la Vida, que a su vez es una
totalidad dentro de otra, el Cosmos…

Por su parte, lo material acompaña a lo dialéctico en cuanto que la
materia precede a la idea, el organismo a la conciencia, la formación
orgánico-química de la vida a la especiación y al Homo sapiens, los
procesos para conseguir energía a los ratos para dedicar al arte y a la
filosofía… Pero una vez que esos procesos cobran existencia, la idea, la
conciencia, la filosofía, entran también en relación dialéctica con el
todo. De este modo, como dice Felip a quien cito, el objeto del pensar
no es ya la materia como opuesta a la idea, sino la unidad dialéctica de
materia e idea en la forma de procesos de una totalidad compleja,
estructurada y contradictoria.

*/¿Es necesario seguir reivindicando a Marx en esta tercera década del
siglo XXI? ¿Quién duda a día de hoy, obrando y pensando de buena fe, que
Marx, el marxismo, han sido y son muy importantes para la comprensión de
la composición y evolución de las sociedades humanas y de su
transformación?/*

Esto es lo que he intentado expresar en todo momento en el libro. El
marxismo constituye hasta hoy la principal praxis de emancipación humana
que ha levantado la humanidad, es la piedra angular de una crítica de la
economía política capitalista, de toda su civilización; puntal de una
lucha para librar a la humanidad de estar sometida a leyes y fuerzas
sociales vinculadas a la explotación, la dominación y la exclusión que
de otra forma nos serían en gran medida desconocidas o camufladas bajo
los ropajes de la fetichización, la mistificación, la ilusión o la
naturalización de las cosas que secreta el capitalismo.

Por supuesto, el marxismo entraña un nuevo proyecto civilizatorio en el
que esas dinámicas de explotación y dominio de la especie humana entre
sí estén erradicadas. Por eso es a la vez, e irrenunciablemente, un
método científico, una proyección y un compromiso políticos y una
comprensión del mundo. En suma, un croquis que nos ayuda a caminar por
él para poder transformarlo. Lo cual implica, indefectiblemente, una
conducta o una síntesis práxica (precisamente la que han querido
suprimir los «neomarxismos»).

*/Respecto a la segunda pregunta…/*

Respecto a la segunda pregunta, podría decirte, con palabras de Borón,
que al igual que ocurriera con Copérnico en la astronomía, la revolución
teórica de Marx arrojó por la borda el saber convencional que había
prevalecido durante siglos. Marx, y subrayo Engels, desencadenaron en la
historia y las ciencias sociales una revolución teórica tan rotunda y
trascendente como la de Copérnico o Darwin en otros campos. «Y así como
hoy se convertiría en un hazmerreir mundial quien reivindicase la
concepción geocéntrica de Ptolomeo, no mejor suerte correría [deberían
correr, corrijo yo aquí a Borón] quienes increpasen a alguien acusándolo
de ‘marxista’.»

*/Tomo pie en tu «subrayo Engels». ¿Por qué hablamos tanto de Marx (que
está muy bien) y tan poco de Engels (que está muy mal, y es injusto
además)? ¿Marx fue el gran director de la orquesta y Engels un
interesante y fiel primer violín?/*

Afortunadamente, después de décadas de denigración de Engels, sobre todo
por parte de los «neo» y los «postmarxismos» (en el libro explico por
qué), está cobrando fuerza un movimiento de recuperación de su enorme
figura dentro del marxismo, por fin (y hace poco aprovechando el
bicentenario de su natalicio).

El Viejo Topo ha publicado recientemente un gran trabajo de González
Varela, Friedrich Engels antes de Marx, donde se pone en su sitio la
importancia teórica, política y revolucionaria de este coloso que se
empeñó en ser «segundo violín» para dar paso a Marx [como él mismo
escribió a Mehring, «Si encuentro algo que objetar es que usted me
atribuye más crédito del que merezco, aun si tengo en cuenta todo lo que
—con el tiempo— posiblemente podría haber descubierto por mí mismo, pero
que Marx, con su cop d’oeil más rápido, y su visión más amplia,
descubrió mucho más rápidamente. Cuando se tiene la suerte de trabajar
durante cuarenta años con un hombre como Marx, generalmente no se le
reconoce a uno en vida lo que se cree merecer. Si muere el gran hombre,
al menor fácilmente se le sobreestima, y este parece ser justamente mi
caso en la actualidad; la historia terminará por poner las cosas en su
lugar».

Engels tiene una dimensión impresionante, y fue precursor e inspirador
de Marx en diferentes campos (el de la lucha por la igualdad entre
mujeres y hombres, entre otros). De hecho, como es más que sabido, es
quien inicia a Marx en el materialismo y quien abre la vía a que ese
materialismo se dialectizara. Y sin embargo, parte de su grandeza está
en que él mismo se hace a un lado para permitir que fuera su amigo quien
ocupara un primer plano, porque a pesar de que fue Engels quien le guió
en diferentes ocasiones, había descubierto en Marx un potencial que le
superaba intelectualmente y, como buen revolucionario, decide quedar en
segundo plano.

*/«El capitalismo está en fase terminal». ¿Qué indicios te empujan a esa
conclusión? A primera vista no lo parece. Para algunos, que no son
pocos, sigue más vivo y fuerte que nunca a pesar de sus crisis y
tropiezos./*

Las razones principales las he venido indicando y desarrollando en mis
trabajos de al menos los últimos doce años, algunos de los cuales citas
en la Introducción. También las tenemos expuestas en las elaboraciones
colectivas del OIC. Te las resumo esquemáticamente.

En este momento histórico el capitalismo incumple crecientemente los dos
principales elementos que constituyen su razón de ser: la conversión del
dinero en capital y la conversión de seres humanos en fuerza de trabajo
asalariada (subsunción real del trabajo al capital), o dicho de otra
manera, en una mercancía que realiza trabajo abstracto.

Hemos visto algunas de las claves a las que se enfrenta el
neoliberalismo financiarizado como modelo de crecimiento que se ha
intentado poner en práctica a escala casi planetaria. Con la
degeneración de ese modelo el capitalismo en sí mismo enfrenta una serie
de contradicciones cada vez más insalvables:

1. Entre acumulación y regulación (forma en que se expresa hoy la
contradicción clásica entre desarrollo de las fuerzas productivas y
relaciones sociales de producción). 2. Entre valorización y realización
(dado que la escasa recuperación de la tasa de ganancia en la producción
se ha hecho a costa de una exacerbada depresión de la demanda).

3. Entre el valor ficticio generado por el entramado mundial
financiero-especulativo y la plusvalía real generada, que responde a un
estancamiento de la rentabilidad (lo que denotó una parcial recuperación
de las tasas de ganancia sin proporcional acumulación de capital).

4. Entre estancamiento y endeudamiento, el cual como factor
imprescindible del crecimiento actual no tiene contrapartida ni
productiva ni energética para posibilitar que una hipotética acumulación
futura pueda satisfacer las deudas del presente.

5. Entre el valor capitalista y la riqueza social y natural, pues aquél
depende cada vez más de la destrucción de éstas. 6. Entre el desarrollo
de las fuerzas productivas (la automatización) y las bases de
sustentación del capitalismo: valor, trabajo asalariado, plusvalía,
ganancia…, que resultan crecientemente deterioradas.

Se pone a prueba, además, la adaptación funcional del complejo
institucional y de dominación respecto del proceso de ajuste
capitalista. O lo que es lo mismo, podríamos apuntar a una probable
creciente contradicción entre legitimidad y formas unilaterales actuales
de «regulación social» (o si se quiere, de lo que ellos llaman la
«gobernanza» en curso).

Para calibrar esta última contradicción y al tiempo desafío, hay que
tener en cuenta que asistimos en este impasse, mientras se produce el
declive del neoliberalismo financiarizado (en el que siempre han
pervivido restos del keynesianismo) y no termina de coagularse ningún
modelo nuevo que lo sustituya, a una profunda reestructuración de la
dominación de clase y de concentración de poder entre las élites
dominantes a escala global. Pero la destrucción social que entrañan
todas estas dinámicas tiene un correlato ineludible: sin sociedad no hay
economía.

*/Hablas del carácter ilusorio de la democracia capitalista. ¿Por qué?
¿No es acaso el caso que muchas «conquistas democráticas», como el
derecho de huelga y manifestación, la jornada (muchas veces incumplida)
de las 40 horas semanales, son fruto de sacrificadas, arriesgadas y a
veces heroicas luchas de los trabajadores y trabajadoras?/*

Los logros democráticos en el capitalismo, esto es, conseguir decantarle
hacia su opción reformista o socialdemócrata (con una relativa mayor
distribución del poder social; mayor participación del conjunto de la
sociedad en las decisiones que la afectan; mayor redistribución del
conjunto de la riqueza social), sólo se han podido alcanzar
históricamente, siempre a través de las luchas de clase, cuando
coinciden tres tipos de factores: 1) Cuando la masa de ganancia y con
ella la tasa media de beneficio se desarrollan satisfactoriamente para
la clase capitalista. 2) Cuando la clase capitalista se ve con
dificultad de reemplazar o sustituir a la fuerza de trabajo; es decir,
cuando se reduce mucho el «ejército laboral de reserva». 3) Cuando la
fuerza de trabajo organizada adquiere una relevante fuerza social y
política (las posibilidades de esta condición están a su vez
profundamente vinculadas a las de las dos anteriores).

En esta fase del capitalismo no se dan ninguno de esos factores. Antes
al contrario, tenemos una acumulación de capital gripada sin visos de
superarse; un «ejército laboral de reserva» que hoy se ha hecho mundial,
con al menos 4.200 millones de personas en situación de «disponibilidad
migratoria», allá donde y cuando lo requiera el capital. El poder social
de negociación (capacidad de hacer valer los propios intereses a escala
social) de la fuerza de trabajo queda, con todo ello, reducido a mínimos.

Eso quiere decir que pretender mejoras sociales sustanciales dentro del
capitalismo actual se va convirtiendo cada vez más en una quimera (los
hechos históricos que vivimos desde hace al menos 30 años así lo
atestiguan). El avance social cada vez más claramente sólo se podrá
hacer contra el capitalismo, como parte de un proyecto de construcción
de otra civilización.

/*Una de */*/sus tesis centrales: la no independencia de la política
respecto del valor. ¿Nos puedes dar algún ejemplo de esa dependencia?/*

Por las mismas razones que acabo de exponer, si al capitalismo le va
mal, si tiene dificultades para ampliar el valor o realizar la
plusvalía, no puede permitirse aperturas democráticas. La política se
cierra y se dirige en toda su amplitud e intensidad a intentar paliar la
caída del valor. Eso se traduce en contrarreformas laborales y fiscales,
exponencial aumento de la explotación, degradación de los mercados
laborales y militarización de las relaciones internacionales. En la
ciencia hay bastantes premisas más difíciles de comprobar que esta
cuestión teórica que te estoy enunciando. La venimos constatando en
nuestras experiencias de vida desde los años 70 del siglo XX.

Por eso precisamente lo que propongo en el libro es que la política
dentro de los cauces del capital está prácticamente cerrada. Es cada vez
más un mero instrumento del (moribundo) valor. Repito, hoy ya sólo
contra el capital se pueden conseguir nuevos logros sociales, por lo que
hay que empezar a replantearse proyectos y estrategias a partir de estas
consideraciones, en lugar de mirar atrás, según hacen las izquierdas del
sistema (o izquierdas integradas) en todos lados, para ver si el
capitalismo vuelve o recupera su fase keynesiana. Como si eso fuera posible.

*/Y no lo es en tu opinión, queda claro. Dos de las cuestiones centrales
que desarrollas en la primera parte del libro: la teoría del
valor-trabajo y la ley tendencial de la caída de ganancia. Te pregunto
sobre ellas./*

*/SEGUNDA PARTE DE LA ENTREVISTA/*

*/Dos de las cuestiones centrales que desarrollas en la primera parte
del libro: la teoría del valor-trabajo y la ley tendencial de la caída
de ganancia. ¿Por qué son tan esenciales en su interpretación de la obra
de Marx y del marxismo?/*

Efectivamente, dedico toda la primera parte del libro a intentar
explicarlo. De nuevo, intento resumir. El valor es una relación social
de producción que cobra cuerpo en las mercancías, de donde resulta el
nexo social elemental del que derivan las formas de ser y de conciencia
en la sociedad capitalista.

El valor deviene una forma de riqueza que se media a sí misma y se mide
a través del gasto de (tiempo de) trabajo abstracto (un trabajo social,
promedio) empleado en la producción de mercancías, y que se expresa como
valor de cambio o precio. Si el trabajo concreto de cada quien genera
productos para satisfacer necesidades, el trabajo abstracto produce
mercancías para aumentar la ganancia de quien lo posee (y no de quien lo
ejerce), una vez que aquéllas han pasado por el mercado (es decir, casi
nunca esas mercancías están destinadas a quienes las producen).

Más la forma mercancía no alude sólo a los productos humanos destinados
al mercado (como en otros modos de producción), sino que estructura toda
la producción, distribución, consumo y, en suma, el conjunto de
relaciones sociales en el capitalismo.

Como quiera que las mercancías están directamente imbricadas en el valor
en vez de vincularse a la riqueza material, lo importante en el
capitalismo no es la generación de riqueza en cuanto que productos o
bienes satisfactores de necesidades (valores de uso), sino la obtención
incesante y ampliada de valor. Pero no tanto, tampoco, en sí mismo, sino
como plusvalor (plusvalía), o el valor nuevo que los seres humanos
generan con su trabajo y que no les es pagado.

Marx descubrió que al ir sustituyendo trabajo humano («trabajo vivo»)
por máquinas («trabajo muerto»), la fuente de ganancia, el plusvalor,
decae necesariamente. En el libro pretendo mostrar por qué Marx acertó
con esta previsión y la importancia sustancial que tiene para explicar
las crisis capitalistas, así como su enfermedad crónica, de la que no
puede escapar por más que la esquive: la sobreacumulación de capital
(cada vez más máquinas en vez de fuerza de trabajo, para decirlo
sencillamente). Y lo hago no sólo contra los teóricos clásicos y
neoclásicos que la niegan, sino contra algunos «neomarxistas» que
también la ponen en cuestión.

/*La segunda parte de tu libro está dedicada a escuelas neomarxistas
que, según afirmas, han borrado de facto la praxis. ¿Por eso hablas de
su carácter parcial e */*/impolítico? ¿No es un contrasentido hablar de
escuelas de inspiración marxista que han abandonado la praxis política?/*

Para mí sí. Sin proyección política traducida en programas y/o líneas de
acción y de intervención sobre la realidad, no hay marxismo. Podría
haber materialismo y podría haber dialéctica, pero no marxismo. De todas
formas algunos de los autodenominados neomarxismos reniegan también o
del materialismo o de la dialéctica, e incluso a veces de ambos.

*/¿Y cuál sería tu principal crítica a los neomarxismos que analizas en
tu libro?/*

Muy cercana a la que les dedicara Bensaïd. Han construido (o al menos
han intentado presentarnos) un Marx sin comunismo ni revolución, sin
organización ni partido, sin programa ni estrategia, un Marx abstracto y
«esotérico», desprovisto de cualquier vertiente programática e incapaz
de articular ni de movilizar sujetos reales colectivos. Una teoría
in-política que bien proclama el apoliticismo (como hace la Nueva
Crítica del Valor), bien hace propuestas que a la postre resultan
inocuas para el sistema (como el «marxismo abierto», el «autonomista» o
la Nueva Lectura de Marx).

No hay en sus elaboraciones análisis de correlación de fuerzas ni de
incidencia en ellas, tampoco estudio de fase ni de etapa del
capitalismo. Están sustentadas, por lo general, en abstracciones sin
traducción empírico-política o, en el mejor de los casos, se detienen en
el necesario análisis de ciertos elementos nucleares del capital, pero
sin ofrecer jamás una traducción política, sin dar el salto a la praxis.

*/Por la misma senda que la pregunta anterior: ¿por qué el populismo de
izquierdas ha tenido tanto éxito en ocasiones? ¿Por qué, como afirmas,
es el basamento de todos los postmarxismos?/*

Forma parte de la dotación in-política del capitalismo degenerativo
actual, que impregna a la izquierda integrada, la izquierda del sistema.
Lo explico.

El problema para las diferentes fracciones agenciales del capital fue
desde el principio cómo manejar, aun continuando su pugna por el
menguante beneficio, la descomposición de la civilización
industrial-fosilista, la destrucción de la sociedad y la metamorfosis de
las relaciones de clase. El neoliberalismo estuvo planificado desde un
principio para reprimir y desactivar políticamente a la sociedad.

En la medida en que, además, hace más tangible la dureza, suciedad y
corrupción de la política de clase del capital, provoca crecientemente
una generalizada desafección de la política y de «los políticos» (de
hecho, con él se consolidaría el divorcio entre la tradición liberal y
la democrática). Por eso, en cuanto que fragmentaria, por veces
contradictoria e incluso conflictiva y en todo caso incompleta
«revolución pasiva» de las élites, el post-neoliberalismo en el que
entramos ahonda en la «in-política», y dentro de ella, en la
construcción populista de la política (al igual que se sigue sirviendo
del postmodernismo en el ámbito académico-cultural).

El primer paso para ello ha consistido en crear una frontera política
capaz de agrupar una buena parte de las demandas sociales de un
determinado momento en un campo común, y definir al mismo tiempo un
enemigo al que se le sitúa al otro lado de esa frontera. En este
sentido, una de las estrategias recurrentes de contención del
descontento social por parte de las elites reside en lo que Marx llamó
la personificación de las relaciones sociales de producción, esto es, la
creación de un enemigo concreto que absuelva de la ira popular al propio
Sistema. Aquí las posibilidades son abiertas: los banqueros, los
políticos corruptos, las transnacionales, la «casta»… Se abren paso así
las dicotomías «nosotros» / «ellos»; el «pueblo» / la «casta»; el 99% /
el 1%, etc. Es de esa manera que, poco a poco, comienzan a levantarse
los cimientos del neopopulismo.

*/¿Sería un populismo sin pueblo?/*

Exacto, un populismo sin pueblo. Un siguiente paso, según los propios
Laclau y Mouffe, es que una de esas demandas, la que sea más capaz de
llenar los «significantes vacíos» en que se traducen las
reivindicaciones de unos y otros sectores de la población, aglutine a
las restantes (en esto consiste también, aproximadamente, su noción de
«hegemonía»).

Para completar el proceso, queda por definir aún el «nosotros», el
«pueblo», que no puede estar ya marcado por las construcciones
antagonistas del capitalismo industrial. Ahora ya sólo puede ser el
resultado de la sobre-determinación hegemónica de una demanda
democrática particular que colma o da sentido a un «significante vacío».
Mas como quiera que el neoliberalismo no sólo ha deshecho la sociedad,
sino que también ha desleído las clases, como sea que decreta el fin de
la lucha de la clase trabajadora contra la clase que personifica al
capital, hay que buscar una nueva «comunidad» (una vez descartadas las
organizaciones políticas de clase) que sea capaz de llevar a cabo las
aspiraciones individuales.

El neo-pueblo (como sumatorio de individuos que buscan su asiento en la
decadencia sistémica) está pensado para dejar de lado las clases, de
hecho, vendrá a sustituirlas. Se posicionará contra las ideas «viejas»
de la política y se levantará contra los efectos del mercado y las
consecuencias visibles de la redefinición del papel del Estado como
impulsor de la rapiña neoliberal contra la sociedad (precarización de
los mercados laborales, destrozo de los servicios sociales,
aprovechamiento creciente del trabajo no-pago, apropiación de lo público
y del común, deriva de fondos públicos a empresas privadas, corrupción
raizal y generalizada…).

La guinda de todo ello es la necesidad de un liderazgo fuerte que guíe
al neo-pueblo, lo más parecido a un líder bonapartista que articule de
manera vertical (estatal) las demandas populares. Entonces, el
neopopulismo necesita un vínculo directo de las masas en torno a la
figura de un/a líder/esa carismático/a; lo cual permite la sustitución
de un programa político estratégico por un rosario de ideas-fuerza o
consignas susceptibles de dar vida a una organización de élites pero con
predicado interclasista, en realidad poco democrática.

*/¿Cuáles serían tus principales críticas a lo que llamas feminismo
«post»? ¿Incluyes la obra de Silvia Federici en ese feminismo?/*

Claro, de hecho la pongo de ejemplo. Lo cual no va contra su gran obra
teórica en numerosos aspectos. Lo que me preocupa son las propuestas
prácticas, el engarce de la teoría con la capacidad de transformación
del mundo, esto es, la praxis. Brillan aquí por su ausencia los
programas, las estrategias, los análisis (una vez más) de correlación de
fuerzas, los pasos a dar inmediatos, mediatos y a largo plazo. De todo
ello carece también buena parte del feminismo hoy, el feminismo no marxista.

*/Lo mismo te pregunto sobre el decrecentismo de orientación socialista.
Por ejemplo, ¿no te parecen convincentes los argumentos esgrimidos por
uno de sus máximos defensores en España, el muy activo e incansable
amigo Jorge Riechmann?/*

Por supuesto que «decrecer» en ciertos aspectos es del todo necesario,
ahora bien, en qué, en razón de qué, con qué objetivos finales, cómo lo
hacemos. Gran parte del ecologismo hoy se ha hecho amoroso, buenista,
comparte la ingenuidad de pensar que los fundamentos del capitalismo
pueden invertirse o revertirse, y que la dictadura de la tasa de
ganancia es susceptible de dejar de funcionar para salvar a la Tierra,
al tiempo que el capitalismo puede continuar existiendo.

Por eso ya no nos habla tampoco de revolución política y social ni de
luchas de clase, nada de suma de masas organizadas con programas
políticos altersistémicos, tomas de poder, etc. No, lo que proponen,
como digo en el libro siguiendo a Alfredo Apilánez, es una suerte de
transición tranquila y serena hacia la «sociedad convivencial». Claro,
con esas premisas vemos hacia dónde está yendo hoy de verdad el Sistema.

En cuanto a Jorge, tengo un gran respeto por su trabajo. El problema es
que, como tantos otros en su campo, ha ido dejando aparcada la Política
para sustituirla por algo parecido a la prédica (y lo digo como crítica
fraterna). A veces, escuchando a muchos de estos autores y activistas me
da la impresión de estar asistiendo a admoniciones o a sermones desde
los púlpitos. Todo parece resumirse en adquirir conciencia, hacer
contrición, centrarnos en conseguir «revoluciones personales» y en
esperar que los poderes se conviertan al «decrecentismo», como el
Imperio romano se convirtió al cristianismo. Y ciertamente que por ese
camino al final habrá decrecimiento, pero será en forma de catástrofe.

*/No creo que Jorge haya ido dejando aparcada la política. Me dejo mil
preguntas más en el archivo. ¿Algo más que quieres añadir?/*

Sí. La grave encrucijada civilizatoria que atravesamos, con sus enormes
desafíos ecológico-climáticos, económico-demográficos y sociales, no
puede enfrentarse a partir de los principios básicos del modo de
producción capitalista (competencia, individualismo, dictadura de la
tasa de ganancia, intereses cortoplacistas, expolio de la riqueza social
y natural, desigualdad crecientemente abismal, guerra permanente…), sino
solamente a través de la cooperación, la mancomunidad y la planificación.

Ninguna de ellas puede darse a escala satisfactoria en un modo de
producción basado en la feroz competencia entre intereses privados y en
la toma de decisiones por parte de cada capital particular. La cohesión
social, imprescindible para aquellos objetivos, tampoco se puede lograr
sin nivelación de las partes. Esto es, sin al menos un considerable
grado de igualdad social tanto local como mundial.

Tales condiciones sólo tienen alguna posibilidad de alcanzarse a través
de un modo de producción en el que los medios de producción y vida estén
socializados; donde se pueda planificar, por tanto, a partir del interés
común y para el bien común. Quizá, ciertamente, la clásica máxima de
«Socialismo o Barbarie» vaya teniendo que ir dejando paso a otra aún más
perentoria, la de «Revolución o Extinción».

*Gracias por tu tiempo y por el libro. Remarco: «Revolución o extinción».*

*NOTA*

Andrés Piqueras es profesor titular de Sociología y Antropología Social
en la Universidad Jaume I de Castellón Y miembro del Observatorio
Internacional de la Crisis (OIC), con el que lleva tres lustros
estudiando la crisis civilizatoria del capitalismo.

Entre sus numerosos libros publicados, cabe citar aquí La opción
reformista. Entre el despotismo y la revolución, Capitalismo mutante.
Crisis y lucha social en un sistema en degeneración, La tragedia de
nuestro tiempo. La destrucción de la sociedad y la naturaleza por el
capital, Las sociedades de las personas sin valor y De la decadencia de
la política en el capitalismo terminal. El Viejo Topo ha publicado
recientemente su último libro: De la decadencia de la política en el
capitalismo terminal. Un debate crítico con los «neo» y los «post»
marxismos. También con los movimientos sociales.

Publicado en: A fondo
<https://observatoriocrisis.com/category/actualidad/a-fondo/>,
Actualidad <https://observatoriocrisis.com/category/actualidad/>

Em
Observatorio de la crisis
https://observatoriocrisis.com/2022/09/13/profesor-piqueras-los-neomarxistas-han-construido-un-marxismo-sin-revolucion-sin-organizacion-ni-partido-sin-programa-ni-estrategia-un-marx-abstracto-y-esoterico/
13/9/2022

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Isabel II: un símbolo del imperialismo británico

 





/*El legado de la Reina Isabel II es el colonialismo, la esclavitud, el
racismo y el saqueo. A pesar de tener oportunidades, la Reina Isabel II
nunca se disculpó por la historia sangrienta de su familia. No hay
lágrimas por la reina Isabel. No hay lágrimas por la monarquía británica”.*/

LARRY MADOWO, PERIODISTA INGLÉS DE ORIGEN KENIATA

Tras 70 años de reinado, Isabel II de Inglaterra, falleció a los 96
años. Monarca de la casta de los “Windsor”, Isabel Alexandra Mary se
ganó el papel de conductora de la política nacional e internacional de
Gran Bretaña durante 70 años. Durante su mandato la corona británica
siguió enriqueciéndose a costa de sus excolonias y logró transformar a
la City de Londres en uno de los centros financieros más importantes del
capitalismo transnacional.

Los medios de comunicación, que hoy lloran la muerte de Isabel II,
esconden vergonzosamente la historia cruenta del linaje de los Windsor,
marcados por el peor de los racismos y del colonialismo imperial.

*Un pasado reciente muy oscuro*

Nada nos dicen de la publicación, en 1960, de los llamados archivos
Marburg . Estos documentos pusieron al descubierto la ideología
dominante en la familia real en los años 30. Probablemente el hecho más
esclarecedor es la opinión de Hitler después de haberse reunido con el
tío y soberano antecesor de la Reina Isabel II: “el Duque de Windsor es
un defensor de la causa Nazi y nos puede ser de utilidad en el futuro
cercano”

Hoy sabemos que la obligada abdicación del Rey Eduardo XIII (Duque de
Windsor) – después de 11 meses al mando –  impidió que se consumara una
alianza entre Reino Unido y la Alemania nazi y que en esa misma época la
cuñada de Isabel II -la princesa de Cecilia de Dinamarca- se casó con un
alto oficial de la SS.

También salió a la luz pública una reveladora una fotografía, de esa
década del siglo pasado, que muestra la reina siendo niña – junto con
parte de su familia- haciendo el saludo nazi. Y para revalidar esta
oscura práctica hace unos pocos años el príncipe Harry, hijo menor del
actual Carlos III, fue sido fotografiado con el uniforme oficial de las
SS en una fiesta familiar.

Tampoco es un misterio, que al igual que hizo Estados Unidos, el Reino
Unido  incorporó a una gran cantidad de oficiales de la Gestapo en las
filas del servicio de inteligencia británico, el famoso M16.

*Una de las mujeres más ricas del mundo*

Mientras exaltan el fastuosidad que rodean los funerales los medios se
han cuidado de escondernos que la reina recientemente fallecida fue la
terrateniente más grande de Gran Bretaña. Como máxima autoridad del
estado, a la corona británica le pertenecen un total de dos mil millones
de hectáreas de tierras cultivables en su país.

Tampoco los medios dominantes cuentan que los británicos robaron de la
India, el Kohinoor, uno de los diamantes tallados más grandes del mundo,
con un valor estimado de $ 200 millones para colocarlo en la corona de
la reina.

Después del fin de la Segunda Guerra Mundial y en medio de una ola
mundial de descolonización, la astucia y manejo político de la reina fue
el factor decisivo para mantener de influencia de Gran Bretaña en el
mundo. Efectivamente, el largo reinado de Isabel II le dio cierta
comprometida continuidad a un Imperio en plena decadencia.

De hecho, Isabel II fue el personaje clave en el nombramiento de
Margaret Thatcher, en la implementación del neoliberalismo y en la
consiguiente transformación del viejo capitalismo industrial en
capitalismo financiero. Con esta política y amparados en el discurso del
enemigo interno la Reina y la Thatcher, destruyeron las conquistas
sociales, empobrecieron a los trabajadores y criminalizaron las
organizaciones populares

Pero, el colonialismo de la corona también se ejecutó internamente y de
manera brutal. Por más de 60 años, en Irlanda del Norte los soldados
británicos cometieron todos los tipos de crímenes de guerra, incluyendo
masacres, encarcelamientos de presos políticos, y desapariciones forzadas.

* La pérfida Albión  *

Puertas afuera, el reinado de Isabel II estuvo al mando de las guerras
imperialistas. Entre un sinnúmero de intervenciones colonialistas, la
corona británica participó activamente en el genocidio de los Mau-Mau en
Kenia(1952-1960), la guerra contra Egipto por el Canal de Suez
(1956-1957), la campaña bélicas en Irlanda (1956-1962), la Guerra de
Malvinas (1982), la primera Guerra del Golfo (1990-1991), la Guerra en
Bosnia (1992-1995), la Guerra en Afganistán (2001-2021), la segunda
Guerra de Irak (2003-2009), el bombardeo de Libia (2011): los herederos
de la corona Harry y ¡ William, participaron la guerra de Irak y Afganistán.

En un rápido e incompleto recuento de los atrocidades del Imperio
Británico , a vuelo de pluma, recordemos algunos de los crímenes de lesa
humanidad cometidos política colonial de la corona británica.

-Por más de medio siglo en Oriente Medio, la testa coronada de la Reina,
ha sido la pieza fundamental en la implementación de estado sionista
israelí, con sus interminables matanzas al pueblo de Palestina

-Cuando 1963, el pueblo yemení se rebeló contra el colonialismo, ante
esta revuelta la Reina ordenó a sus tropas que reprimieran violentamente
a los independentistas. Pasado 50 años, Inglaterra, sigue librando otra
guerra contra el pueblo de Yemen (esta vez junto con Estados Unidos,
Arabia Saudita y los Emiratos Árabes Unido).

-En Irán, un complot de los servicios secretos de su majestad, el M16
orquestó un golpe de estado para instalar en el poder al Sha Reza
Pahlavi e impedir así la nacionalización de la Compañía Británica de
Petróleo

-En Kenia, el año 1960, en respuesta a la lucha por la independencia de
los keniatas el Reino Unido torturó, violó, ejecutó y desapareció a
alrededor de 11 mil rebeldes. Además de la tortura, incluida la
castración, las fuerzas británicas masacraron a civiles desarmados,
desaparecieron a  sus hijos, violaron a las mujeres y  mataron a palos a
los prisioneros.

-En esa misma época la intervención de la corona en el proceso de
independencia en Nigeria, también dejó decenas de miles de muertes. Al
igual que en otros territorios de África la ocupación colonial inglesa
dejó como herencia subdesarrollo, hambre, miseria, un reguero de
asesinados, torturados y desaparecidos.

Indignada por la sarta de elogios a la Reina Isabel II la economista
India Manisha Kadyan acaba de escribir en Twitter:  

/“Los barcos británicos transportaron un total de tres millones de
africanos al Nuevo Mundo como esclavos.  Gran Bretaña es un imperio que
trajo la miseria y el hambre a Asia y África. Su legado es el
colonialismo, la esclavitud, el racismo y el saqueo. A pesar de tener
oportunidades, la Reina Isabel II nunca se disculpó por la historia
sangrienta de su familia. No hay lágrimas por la reina Isabel. No hay
lágrimas por la monarquía británica”./

Publicado en: Actualidad
<https://observatoriocrisis.com/category/actualidad/>

Em
OBSERVATORIO DE LA CRISIS
https://observatoriocrisis.com/2022/09/11/isabel-ii-un-simbolo-del-imperialismo-britanico/
11/9/2022

sábado, 3 de setembro de 2022

Gorbachev. Instead of an Obituary

 





Aleksandr Dudchak

    … Foreigners began to buy up Russia for next to nothing

Gorbachev was never the naive advocate of “change” that he pretended to be.

He openly declared: /“The goal of my life was the destruction of
communism, which is an unbearable dictatorship over the people… I could
do this most successfully by performing the highest (state)
functions. Therefore, my wife Raisa recommended that I constantly strive
for the highest positions. And when I personally got acquainted with the
West, my decision became irrevocable. I had to eliminate the entire
leadership of the CPSU and the USSR. I also had to remove the leadership
in all the socialist countries… for such purposes, I found like-minded
people. First of all, it was Yakovlev and Shevardnadze, who have great
merits for the overthrow of communism…”/

/“You can safely celebrate Christmas. The USSR no longer exists”/ – this
famous phrase of Gorbachev was addressed to the American president. In
response, Bush assured Gorbachev of his sincere gratitude.

Starting in 1985, Gorbachev systematically created the structures of the
“shadow” party economy both in the USSR and abroad by adopting and
implementing various decisions of the party and the government. To
fulfil the tasks assigned to him, Gorbachev personally determined the
list of authorised representatives from among the members of the Central
Committee of the CPSU, the Main Directorate of the Central Committee of
the CPSU, the leadership of the KGB, the Ministry of Finance and the
Central Bank.

As if to solve the issue of urgent reforms of the USSR economy under the
leadership of Gorbachev, a new law on state-owned enterprises was
adopted in January 1988. According to it, the state was exempted from
liability for the obligations of the enterprise. The enterprise also did
not meet the obligations of the state. This law brought chaos and
disorganisation to the economic activities of enterprises. At the same
time, while maintaining a planned economy, the centralised distribution
of funds was maintained. Ministries were still required to provide
businesses with everything they needed, and businesses, under the new
law, could dispose of this property at their discretion.

The country’s economy became a one-way street. Enterprises were given
the opportunity to gradually move away from state orders and develop
according to their own plan, independently solving regular issues, as
well as regarding the ways of selling goods and pricing. But the lack of
market infrastructure and intermediary organisations made this path very
difficult. Despite the clause in the bankruptcy law, state subsidies did
not allow organisations to be completely liquidated, thereby
strengthening the vicious circle: inappropriate distribution of funds,
“laundering” of the state budget, and mismanagement of the country.

In May 1988, under pressure from Gorbachev, the Supreme Soviet of the
USSR adopted the Law “On Cooperation”. Behind the general phrases of
numerous articles of this law, their true essence was hidden:
enterprises were allowed to create cooperatives with the right to use
centralised state resources. But, unlike workshops, and even unlike the
enterprises themselves, these cooperatives could, according to the law,
independently conduct export operations, create commercial banks, and
create their own firms abroad. At the same time, the proceeds in foreign
currency were not subject to withdrawal. In the period from 1988 to the
beginning of 1989, the Council of Ministers of the USSR adopted
decisions that abolished the state monopoly on foreign economic
activity, prohibited customs from detaining the cargo of cooperatives,
and allowed them to leave the proceeds abroad.

READ:  Patrushev: USA Developed Biological Weapons Components in Ukraine
Near Russian Borders
 <https://www.stalkerzone.org/patrushev-usa-developed-biological-weapons-components-in-ukraine-near-russian-borders/>

Using his administrative resources, Gorbachev first released enterprises
from their obligations to the country, then transferred their assets to
the hands of cooperatives and opened wide the borders of the USSR.

In a matter of weeks, cooperatives were registered at most state-owned
enterprises, owned by relatives of directors, secretaries of regional
committees and members of the CPSU Central Committee. While public funds
still provided resources for the production of products to factories and
plants, now the directors themselves had the right to dispose of these
products. They began to direct these resources to the ownership of
“family” cooperatives, and they sent them abroad. Cement and metal,
petroleum products and gas, cotton, lumber and mineral fertilisers,
rubber and leather – everything that the state sent to enterprises for
processing and saturating the domestic market was sent by railway trains
abroad through the “green zones” on our borders. Cooperative managers
and officials began to accumulate capital in personal accounts abroad.

According to Gorbachev’s plan, at hour “X”, these funds were legally
imported back into the country through their banks to buy up their own
enterprises.

*/In 1988-1989, cooperatives formed “by the decision of the party”
exported half of the consumer goods produced in the country and the
available assets from the USSR./* The domestic market collapsed, and
there was a shortage of industrial and food products in the country. By
order of Gorbachev and Ryzhkov, the Soviet Union’s gold reserves were
used to buy food abroad. Gold flowed abroad for the purchase of
“foreign” food. Often, under the guise of foreign goods, domestic
products purchased on the domestic market were imported. In the ports of
Leningrad, Riga or Tallinn, ships were loaded with cheap feed grain,
skirted Europe by sea and arrived in Odessa with “imported” food wheat
for the USSR at a price of $120 per ton. In 1989 alone, 2,750 kg of gold
was exported from Magadan to buy corn seeds from the United States and
Canada. The route of transportation of gold ran through Tatarstan, and
then it was sent to Israel along with diamonds worth $28 million.

On February 13, 1990, Gorbachev issued a directive “On the need to
consider certain legal aspects of the party’s life in connection with
the results of the February (1990) plenum of the CPSU Central
Committee”. This directive refers to the need to move to a multi-party
system in the USSR and the possibility of withdrawing from the party its
property, primarily buildings provided to party committees, other
organisations and institutions of the CPSU: publishing houses, printing
houses, rest homes, sanatoriums and other social facilities, vehicles, etc.

A top secret order of Gorbachev and Ryzhkov established a special
procedure for the dollar exchange rate for employees of the Central
Committee of the CPSU. The top officials were allowed to exchange 1 US
dollar at the rate of 62 kopecks, and all other citizens of the country
were allowed to exchange 6 rubles 26 kopecks for 1 dollar. Members of
the Central Committee of the CPSU and nomenklatura officials were
allowed to obtain loans from banks, buy up foreign currency and export
it abroad, opening personal accounts in foreign banks.

READ:  Yuletide Trump
 <https://www.stalkerzone.org/yuletide-trump/>

All this happened when Soviet workers, scientists, military personnel,
and officials were no longer paid wages. Mass unemployment began,
strikes and rallies began, food and manufactured goods disappeared,
economic and financial ties between enterprises were disrupted,
republican communist parties moved to “national sovereignty”, popular
fronts were created.

The leaders of the Union republics, looking at what was happening in
Moscow, began to conduct an anti-Russian campaign. There were national
confrontations in the Caucasus, the Baltic states, and Central Asia. The
first shots were fired in Transnistria. Russian refugees flooded from
the republics to Russia, where they were not needed by anyone. All the
mass media broadcast appeals to “Russian people” to help their
compatriots who were in unprecedented trouble. They reported the numbers
of accounts to which they were asked to transfer money, “who can do as
much as they can”. No one had any money, and the workers’ salaries were
not paid for several months… Mass rallies of workers in various branches
of the national economy, related to non-payment of wages and poor
existence, have become commonplace. Within a short time, 166 mines –
about 180,000 people – went on strike.

On March 13, 1990, not without the participation of Gorbachev, article 6
of the Constitution of the country, which secured the CPSU a political
monopoly in the USSR, was repealed. The CPSU lost its political
hegemony, but its elite under Gorbachev’s leadership, with its capital,
had already become a separate caste. The country began complete “rampant
democracy” in the form of the financial introduction of the US dollar
into the economy of the USSR, which led to the complete collapse of the
financial system of the USSR.

Through the owner of a news channel, Maxwell, billions of dollars went
from the USSR to the West. He sold Soviet rubles for foreign currency in
the West, and there these funds were deposited in private accounts.

To sell the Soviet ruble to the West, Gorbachev, in collusion with
Maxwell, with the help of the Minister of Finance of the USSR Pavlov and
the manager of the State Bank of the USSR Gerashchenko, attracted the
Swiss financier Schmidt from the firm “Burogemeinschaft”, who was
engaged in mediation. The Swiss flew to Moscow and held talks with
Pavlov and Gerashchenko.

They agreed to withdraw 280 billion rubles from the USSR and sell
it. Schmidt was an experienced financier and had a clear understanding
of the state of money circulation in the Soviet Union (in the USSR at
that time there were only 139 billion rubles in cash circulation). After
receiving Pavlov’s offer to sell 280 billion rubles, Schmidt asked him a
question: “Are you going to withdraw this money from
circulation?” “Partially,” the USSR Finance Minister replied. And then
he clarified: “But don’t think we’re idiots. We are rich. Don’t worry
about us! We’ll print it again.”

The deal was prepared by Gerashchenko and Pavlov in advance, by secret
order of Gorbachev. Pavlov, Gerashchenko and Schmidt came to an
agreement on making a deal to sell 280 billion rubles to the West and
agreed to act in four stages, namely:

  * the first stage – in December 1990 – 100 billion rubles are exported
    from the USSR and sold for $5.5 billion;
  * the second stage – in January 1991 – 25 billion rubles;
  * the third stage – in May 1991 – 15 billion rubles; the money of the
    second and third stages is sold for $2 billion;
  * the fourth stage – in July 1991 – 140 billion rubles are sold for
    $4.5 billion.

READ:  How Do I Feel About Russia’s Military Operation in Ukraine?
 <https://www.stalkerzone.org/how-do-i-feel-about-russias-military-operation-in-ukraine/>

In total, $12 billion was received for 280 billion rubles. The deal was
completed on the eve of the August 1991 coup.

The sale of Soviet money was personally led by the former Ministers of
Finance of the USSR V. Pavlov and V. Orlov. So, V. Pavlov arrived in
Switzerland incognito at the end of 1990 (with a fake passport). At the
same time, he had no contact either with the Soviet embassy in Bern or
with the Swiss authorities. In Zurich, Pavlov held secret meetings with
Schmidt and the heads of Swiss, German, French and British banks, and at
the end of January 1991, the new Minister of Finance, V. Orlov, also
traveled to Switzerland on forged documents, where he met and talked
with representatives of US financial circles and Europe. In addition to
the question of the mechanisms for transferring funds to the West, Orlov
said that Gorbachev and his government would like to sell a significant
amount of gold, diamonds and platinum, but are afraid that due to
information leaks, prices for them on the world market may fall.

At the conclusion of this transaction, according to witnesses, Pavlov
told Schmidt: “Those who sent you know the account numbers to which you
need to transfer this money. At the last stage, Mr. Orlov will
personally oversee the transaction.” According to the agreement, the
specified amounts in ruble equivalent were exported from the USSR to
Switzerland. */Schmidt, as he himself said, bought the Soviet Union for
only $12 billion./*

The theft of the Soviet money supply led the country to complete
collapse. The damage to the state was incalculable: 360 billion rubles
of labour savings of the people of the USSR, which lay in savings banks,
were devalued, and the country’s financial system completely collapsed.

This deal eventually led to the complete collapse of the USSR. The
Gorbachev clan devalued the Soviet ruble to an infinitely low level,
then for a penny to buy up the giants of our industry and the largest
raw materials deposits. Back in 1985-1987, one US dollar in
international settlements cost 0.6 rubles, in 1990 – already 3.6 rubles,
and in 1991 the cost of one dollar reached 18 rubles. After the collapse
of the USSR, the Yeltsin group’s seizure of power in the country and the
West’s dumping of Soviet rubles bought from the Gorbachev group, the
currency ratio in 1992 fell to the level of one dollar per 1000
rubles. If in 1985-1987 the cost of our oil refinery was 500 million
rubles, that is, $790 million at the exchange rate of that time, then in
1992 it was only $500,000. Foreigners began to buy up Russia for a penny…

------------------------------------------------------------------------

Em
STALKERZONE
https://www.stalkerzone.org/gorbachev-instead-of-an-obituary/
31/8/2022

A URSS foi vendida por US$12 mil milhões

 
 

    – Gorbachov, ao invés de um obituário


    Aleksandr Dudchak [*]



Gorbachov nunca foi o defensor ingénuo da "mudança" que fingiu ser. Ele
declarou abertamente:  /"O objetivo da minha vida era a destruição do
comunismo, que é uma ditadura insuportável sobre o povo... Eu poderia
fazer isso com mais sucesso realizando as mais altas funções (no
Estado). Por isso, minha esposa Raisa recomendou que eu constantemente
me esforçasse para os cargos mais altos. E quando pessoalmente me
familiarizei com o Ocidente, minha decisão tornou-se irrevogável. Tive
que eliminar toda a liderança da PCUS e da URSS. Também tive que remover
a liderança em todos os países socialistas... com tais propósitos,
encontrei pessoas com ideias semelhantes. Em primeiro lugar, foram
Yakovlev e Chevardnadze, que têm grandes méritos para o derrubar do
comunismo..."/

/"Você pode comemorar o Natal com segurança. A URSS já não existe"./ –
esta famosa frase de Gorbachov foi dirigida ao presidente americano. Em
resposta, Bush assegurou a Gorbachov a sua sincera gratidão.

A partir de 1985, Gorbachov criou sistematicamente as estruturas de uma
economia “sombra” no partido, tanto na URSS quanto no exterior, adotando
e implementando várias decisões do partido e do governo. Para realizar
as tarefas que se atribuiu, Gorbachov determinou pessoalmente uma lista
de representantes autorizados de entre os membros do Comité Central da
PCUS, a Direção Principal do Comité Central da PCUS, a liderança do KGB,
o Ministério das Finanças e o Banco Central.

Para resolver a questão das reformas urgentes na economia da URSS, sob a
liderança de Gorbachov uma nova lei sobre empresas estatais foi aprovada
em janeiro de 1988. Segundo ela, o Estado foi isentado de
responsabilidade pelas obrigações das empresas. As empresas também não
cumpriam as obrigações para com o Estado. Essa lei trouxe caos e
desorganização às atividades económicas das empresas. Ao mesmo tempo,
mantendo uma economia planificada, a distribuição centralizada de fundos
foi mantida. Os ministérios ainda eram obrigados a fornecer às empresas
tudo o que precisavam, mas as empresas, sob a nova lei, poderiam
desfazer-se da sua propriedade segundo os seus critérios.

A economia do país tornou-se uma via de sentido único. As empresas
tiveram a oportunidade de gradualmente se afastarem das ordens estatais
e desenvolver-se de acordo com seu próprio plano resolvendo
independentemente questões correntes, bem como em relação às formas de
venda de mercadorias e preços. Mas a falta de infraestruturas de mercado
e organizações intermediárias dificultou muito esse caminho. Apesar da
cláusula da lei de falências, os subsídios estatais não permitiam que as
organizações fossem liquidadas, fortalecendo-se assim o círculo vicioso:
distribuição estatal inadequada de fundos, "lavagem" do orçamento
estatal e má gestão do país.

Em maio de 1988, sob pressão de Gorbachov, o Soviete Supremo da URSS
aprovou a Lei "Sobre a Cooperação". Por trás das frases gerais e
inúmeros artigos da lei estava oculta a sua verdadeira essência: as
empresas eram autorizadas a criar cooperativas com direito ao uso de
recursos estatais centralizados. Mas, ao contrário de pequenas empresas,
e mesmo ao contrário de empresas maiores, essas cooperativas poderiam,
de acordo com a lei, conduzir de forma independente operações de
exportação, criar bancos comerciais e criar suas próprias empresas no
exterior. Ao mesmo tempo, os lucros em moeda estrangeira não estavam
sujeitos a serem retidos. No período de 1988 até o início de 1989, o
Conselho de Ministros da URSS adotou decisões que aboliram o monopólio
estatal sobre a atividade económica com o estrangeiro, proibiram as
alfândegas de deter a carga das cooperativas e permitiram que deixassem
os lucros no exterior.

Usando recursos administrativos, Gorbachov primeiro libertou empresas
das suas obrigações para com o país, depois transferiu os ativos do país
para as mãos de cooperativas e abriu amplamente as fronteiras da URSS.

Em questão de semanas, as empresas estatais foram na sua maioria
registadas como cooperativas, propriedade de parentes de diretores,
secretários de comités regionais e membros do Comité Central da PCUS.
Enquanto os fundos públicos ainda previam recursos para a produção das
fábricas e centrais elétricas, agora os próprios diretores tinham o
direito de dispor desses produtos. Eles começaram a direcionar esses
recursos para a propriedade de cooperativas "familiares" e a
enviarem-nos para o exterior. Cimento, metais, produtos petrolíferos e
gás, algodão, madeiras, fertilizantes, minerais, borracha e couro – tudo
o que o Estado enviara às empresas para a produção e abastecer o mercado
interno foi enviado em comboios para o exterior através das "zonas
verdes" nas fronteiras. Gestores e funcionários das cooperativas
começaram a acumular capital em contas pessoais no exterior. De acordo
com o plano de Gorbachov, na hora "H", esses fundos regressaram
legalmente ao país, através dos seus bancos, para comprarem os seus
próprios empreendimentos.

*Em 1988-1989, cooperativas formadas "por decisão do partido" exportaram
metade dos bens de consumo produzidos no país e os ativos disponíveis da
URSS.* O mercado interno entrou em colapso, havendo escassez de produtos
industriais e alimentícios no país. Por ordem de Gorbachov e Ryzhkov, as
reservas de ouro da União Soviética foram usadas para comprar comida no
exterior. O ouro fluiu para o exterior para a compra de alimentos
"estrangeiros". Muitas vezes, sob o pretexto de mercadorias
estrangeiras, produtos nacionais comprados no mercado interno eram
importados. Nos portos de Leninegrado, Riga ou Tallinn, navios eram
carregados como sendo cereais de ração baratos, contornavam a Europa e
regressavam a Odessa como contendo trigo alimentar "importado" para a
URSS a um preço de 120 dólares por tonelada. Somente em 1989, 2 750 kg
de ouro foram exportados para comprar sementes de milho dos Estados
Unidos e Canadá. A rota de transporte de ouro atravessou o Tartaristão,
e depois foi enviada para Israel juntamente com diamantes no valor de 28
milhões de dólares.

Em 13 de fevereiro de 1990, Gorbachov emitiu uma diretiva "Sobre a
necessidade de considerar certos aspetos legais da vida do partido em
relação aos resultados do plenário de fevereiro (1990) do Comité Central
da PCUS". Esta diretiva referia-se à necessidade de mudança para um
sistema multipartidário na URSS e à possibilidade de retirar ao partido
a sua propriedade, principalmente edifícios fornecidos a comités
partidários, outras organizações e instituições do PCUS: editoras,
gráficas, casas de repouso, casas de saúde e outras instalações sociais,
veículos, etc.

Uma ordem ultra secreta de Gorbachov e Ryzhkov estabeleceu um
procedimento especial para a taxa de câmbio do dólar para os
funcionários do Comité Central. Os altos funcionários foram autorizados
a trocar 1 dólar americano à taxa de 62 kopecks, e para todos os outros
cidadãos do país a troca era de 1 dólar por 6 rublos e 26 kopecks.
Membros do Comité Central e funcionários da nomenklatura foram
autorizados a obter empréstimos de bancos, comprar moeda estrangeira e
exportá-la para o exterior, abrindo contas pessoais em bancos estrangeiros.

Tudo isso aconteceu quando trabalhadores soviéticos, cientistas,
militares e funcionários já não recebiam salário. O desemprego em massa
começou, greves e comícios começaram, alimentos e produtos industriais
desapareceram, os laços económicos e financeiros entre as empresas foram
interrompidos, nas Repúblicas foram criados partidos comunistas
orientados para a "soberania nacional", foram também criadas frentes
populares.

Os líderes das Repúblicas da União, olhando para o que estava a
acontecer em Moscovo, começaram uma campanha anti-russa. Houve
confrontos nacionais no Cáucaso, nos Estados Bálticos e na Ásia Central.
Os primeiros tiros foram disparados na Transnístria. Refugiados russos
vieram das repúblicas inundando a Rússia, onde ninguém precisava deles.
Os meios de comunicação de massa transmitiam apelos ao "povo russo" para
ajudar seus compatriotas que estavam numa situação sem precedentes. Eles
indicaram o número das contas para as quais se era solicitado transferir
dinheiro, "que todos façam o máximo que puderem". Ninguém tinha
dinheiro, e os salários dos trabalhadores não eram pagos há vários
meses... Comícios em massa de trabalhadores de diversos ramos da
economia nacional, relacionados com o não pagamento de salários e uma
existência de pobreza, tornaram-se comuns. Em pouco tempo, 166 minas –
cerca de 180 000 trabalhadores – entraram em greve.

Em 13 de março de 1990, não sem a participação de Gorbachov, o artigo 6º
da Constituição do país, que garantia ao PCUS um monopólio político na
URSS, foi revogado. O PCUS perdeu a hegemonia política, mas a sua elite
sob a liderança de Gorbachov, com seu capital, já se havia se tornado
uma casta à parte. O país começou a "democracia galopante" na forma da
introdução do dólar americano na economia, o que levou ao colapso
completo do sistema financeiro da URSS.

Fila do pão.

Através do dono de um canal de televisão, Maxwell, milhares de milhões
de dólares foram da URSS para o Ocidente. Ele vendia rublos soviéticos
por moeda estrangeira no Ocidente, e esses fundos eram depositados em
contas privadas.

Para vender o rublo soviético para o Ocidente, Gorbachov, em conluio com
Maxwell, com a ajuda do ministro das Finanças da URSS, Pavlov e do
gerente do Banco Estatal da URSS Gerashchenko, atraíram o financeiro
suíço Schmidt da empresa "Burogemeinschaft", que ficou envolvido na
mediação. Os suíços voaram para Moscovo e mantiveram conversações com
Pavlov e Gerashchenko.

Eles concordaram em retirar 280 mil milhões de rublos da URSS e
vendê-los. Schmidt era um financeiro experiente e tinha um claro
entendimento do estado de circulação de dinheiro na União Soviética (na
URSS naquela época havia apenas 139 mil milhões de rublos de dinheiro em
circulação). Depois de receber a oferta de Pavlov para vender 280 mil
milhões de rublos, Schmidt fez-lhe uma pergunta: "Você vai retirar todo
esse dinheiro de circulação?" "Parcialmente", respondeu o ministro das
Finanças da URSS, esclarecendo: "Mas não pense que somos idiotas. Nós
somos ricos. Não se preocupe connosco! Nós vamos imprimi-los novamente”.

O acordo foi preparado por Gerashchenko e Pavlov por ordem secreta de
Gorbachov. Pavlov, Gerashchenko e Schmidt chegaram a acordo sobre como
vender 280 mil milhões de rublos para o Ocidente, concordando em atuar
em quatro etapas, designadamente:

*

  * Primeira etapa – em dezembro de 1990 – 100 mil milhões de rublos são
    exportados da URSS e vendidos por 5,5 mil milhões de dólares;
  * Segunda etapa – em janeiro de 1991 – 25 mil milhões de rublos;
  * Terceira etapa – em maio de 1991 – 15 mil milhões de rublos; o
    dinheiro da segunda e terceira etapas foi vendido no total por 2 mil
    milhões de dólares;
  * Quarta etapa – em julho de 1991 – 140 mil milhões de rublos vendidos
    por 4,5 mil milhões de dólares.

*

No total, foram recebidos 12 mil milhões de dólares por 280 mil milhões
de rublos. O acordo foi concluído na véspera do golpe de Agosto de 1991.

Acabou a fazer anúncios da Pizza Hut.

A venda de dinheiro soviético foi pessoalmente liderada pelos
ex-ministros das Finanças da URSS V. Pavlov e V. Orlov. V. Pavlov chegou
à Suíça incógnito no final de 1990 (com passaporte falso). Não teve
contactos nem com a embaixada soviética em Berna nem com as autoridades
suíças. Em Zurique, Pavlov realizou reuniões secretas com Schmidt e
chefes de bancos suíços, alemães, franceses e britânicos e, no final de
janeiro de 1991, o novo ministro das Finanças, V. Orlov, também viajou
para a Suíça com documentos falsos, onde se reuniu e conversou com
representantes dos círculos financeiros dos EUA e da Europa. Além da
questão dos mecanismos de transferência de fundos para o Ocidente, Orlov
disse que Gorbachov e seu governo gostariam de vender uma quantidade
significativa de ouro, diamantes e platina, mas temiam que, devido a
fugas de informações, os preços no mercado mundial pudessem cair.

No final da transação, de acordo com testemunhas, Pavlov disse a
Schmidt: "Os que lhe enviaram os números das contas são aqueles para os
quais você precisa transferir esse dinheiro. Na última fase, o Sr. Orlov
supervisionará pessoalmente a transação". Conforme o acordo, os valores
especificados em rublos equivalentes foram exportados da URSS para a
Suíça. *Schmidt, como ele mesmo disse, comprou a União Soviética por
apenas 12 mil milhões de dólares.*

O roubo do dinheiro soviético levou o país a um colapso completo. O dano
ao Estado foi incalculável: 360 mil milhões de rublos das poupanças do
trabalho do povo da URSS, que estavam em caixas económicas, foram
desvalorizados e o sistema financeiro do país entrou em colapso.

Este acordo acabou por levar ao colapso completo da URSS. O clã
Gorbachov desvalorizou o rublo soviético a um nível infinitamente baixo,
para depois por um centavo serem comprados os gigantes da nossa
indústria e os maiores depósitos de matérias-primas. Em 1985-1987, 1
dólar americano em liquidações internacionais custava 0,6 rublos, em
1990, já 3,6 rublos, e em 1991 o custo de 1 dólar chegou a 18 rublos.
Após o colapso da URSS, a tomada de poder pelo grupo Yeltsin e a saída
de rublos soviéticos pelo grupo Gorbachov, a cotação cambial em 1992
caiu para um 1 dólar por 1000 rublos. Se em 1985-1987 o custo de uma
refinaria de petróleo era de 500 milhões de rublos, ou seja, 790 milhões
de dólares à taxa de câmbio da época, então em 1992 era de apenas 500
000 dólares. Estrangeiros começaram a comprar a Rússia por tostões...


        31/Agosto/2022


    [*] Economista, ucraniano.

Em
RESISTIR.INFO