quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Resolução da Direção Nacional da Intersindical Central da Classe Trabalhadora





Reunida nos dias 26 e 27 de setembro, em Valinhos/SP.

O anúncio do pacote do governo Dilma com mais cortes nas áreas sociais e
infraestrutura para garantir superávit primário aprofunda o curso recessivo da
economia brasileira, amplia a crise política que paralisa o país e deve gerar
ainda mais desemprego e desigualdade social.

Ao invés de mudar a política econômica e reduzir drasticamente os juros pagos
pelo governo pelos títulos da dívida pública e amortizações – que propiciaria
enorme economia de recursos públicos – o governo federal opta por cortar
recursos da saúde, da moradia popular e do funcionalismo. Reiteradamente, o
governo federal aprofunda seu curso à direita e adota uma política contrária aos
interesses populares, a exemplo de mais um leilão de poços de petróleo.

Mais uma vez, joga nos ombros da classe trabalhadora os custos de uma crise
provocada pelos agentes do sistema financeiro internacional. Além de cortes
orçamentários nas áreas sociais, o governo ameaça acabar com o mínimo de
política de emprego diante da possibilidade de extinção do ministério do
trabalho e outras pastas que atingem diretamente a classe trabalhadora,
especialmente mulheres, juventude, negros e negras.

As grandes empresas que tiveram lucros exorbitantes no último período se
aproveitam da crise para demitir e chantagear os trabalhadores a aceitarem
redução de salário, layoff, plano de demissão “incentivada” e outras medidas de
interesse empresarial.

O grande capital e seus círculos neoliberais expressam a ofensiva da direita,
particularmente na mídia, que se aproveitam da crise para exigir ainda mais
sacrifícios ao povo brasileiro. Fortalecem projetos de privatização da
Petrobrás, Metrô de São Paulo, elétricas de Goiás, entre outras, e ameaçam a
soberania nacional. Esses setores querem impor nova reforma da previdência para
estabelecer idade mínima, desvinculação das aposentadorias ao salário mínimo,
além de impor uma política de desvalorização do salário mínimo nacional.

O congresso nacional desfere golpes cotidianos aos direitos dos trabalhadores. O
mais recente é a manobra que inclui na MP 680 o negociado sobre o legislado,
proposto no relatório do deputado Daniel Vilela (PMDB/GO), que escancara o
ataque aos direitos conquistados pela classe trabalhadora, quando estabelece que
a legislação trabalhista só prevaleça quando não houver acordo ou convenção
coletiva que disponha o contrário. Esse projeto nasceu na era FHC, foi
apresentado diversas vezes no congresso e agora retorna sorrateiramente,
incluído em matéria que trata de outra questão.

Além disso, a redução de direitos trabalhistas com o Supersimples, fim do
contrato de trabalho para quem atua na área da “beleza”, a flexibilização da
jornada de trabalho em tempo parcial e a ameaça constante do projeto da
terceirização atingem milhões de pessoas e são outros exemplos do ativismo
parlamentar contra os direitos dos trabalhadores. Até mesmo a segurança dos
processos de trabalho é atacada com as tentativas de mudança da NR-15 e de
revogação de NR-12 que trata da segurança em máquinas e equipamentos.

No Senado, a chamada Lei Geral das Estatais visa a privatização total, ao abrir
o capital de todas as empresas públicas – federais, estaduais e municipais,
entregando o patrimônio público à sanha por lucros privados de grandes grupos
econômicos.

A pauta antipopular de votações do congresso nacional atinge fortemente os
direitos trabalhistas com esses diversos projetos, agride também a democracia,
como a Reforma política que restringe a participação das organizações populares
e da esquerda nos processos eleitorais, como a diminuição no tempo de TV e rádio
e a participação nos debates e o financiamento empresarial das campanhas que
ampliam o controle do poder econômico sobre os rumos do país.

O direito de organização da classe trabalhadora também vem sendo atacado. Greves
são punidas com cortes de ponto e de salários, multas aos sindicatos e demissões
de grevistas, como aconteceu na empresa de ônibus Carris, em Porto Alegre, num
quadro de arrocho salarial e piora das condições de trabalho. A chamada lei anti
terror, cujo projeto pode ser votado nos próximos dias, é outro exemplo de
criminalização das lutas sociais.

Soma-se a isso uma onda reacionária que se volta fortemente contra os povos
indígenas e quilombolas, com assassinatos, perseguições e tentativas de expulsão
dos territórios para apropriação privada das terras desses povos. A juventude é
ameaçada diante do projeto que pode reduzir a maioridade penal e também diante
da redução da idade mínima para entrar no mundo do trabalho.

A Intersindical Central da Classe Trabalhadora, seus sindicatos, entidades e
organizações que participam da sua construção vêm impulsionando as lutas nas
diversas categorias. Por outro lado, temos nos articulado aos diversos setores
do movimento popular e sindical na defesa dos interesses populares, no
enfrentamento ao ajuste fiscal e à ofensiva conservadora. Nesse sentido,
reafirmamos nossa participação na Frente Nacional de Mobilização Povo Sem Medo,
que terá seu lançamento nacional no dia 08 de outubro na capital paulista.

A unidade ampla de todos os setores dispostos a lutar é fundamental para atuar
nessa conjuntura tão desafiadora para a classe trabalhadora e seus aliados. A
saída da crise se dará pela esquerda, na luta nos locais de trabalho e nas ruas,
com o povo, por reformas populares.

Valinhos, SP, 27 de setembro de 2015.
Direção Nacional da Intersindical Central da Classe Trabalhadora

IN
INTERSINDICAL
http://www.intersindicalcentral.com.br/httpwww-intersindicalcentral-com-brresolucao-da-direcao-nacional-da-intersindical-26-e-27-de-

setembro/
27/9/2015

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Ser Docente/Investigador no país da austeridade ***




Catarina Casanova


A política de sucessivos governos para o Ensino Superior e a Investigação criou
no nosso país um quadro cerceador da democratização e do desenvolvimento,
medíocre, burocrático e gritantemente subfinanciado. Se, por absurdo, um tal
quadro tivesse sido generalizadamente aplicado há século e meio, teria
inviabilizado alguns dos mais notáveis avanços da ciência, e teria mantido o
Ensino Superior amarrado aos interesses e concepções do “ancien régime”.




1. Investigação e “excelência”

Era uma vez um jovem que gostava de história natural e de estudar fósseis.
Passava a vida no campo ou num gabinete a comparar asas de aves ou “perninhas” e
“antenas” de borboletas. Fascinado pela enorme diversidade do mundo biológico
que o rodeava, este nerd mergulhava a fundo na sua paixão: o estudo da
morfologia, comportamento e evolução das espécies. Se vivesse nos dias em que a
“excelência” obedece sobretudo a critérios economicistas, este jovem nunca teria
conseguido obter financiamento para embarcar no navio Beagle, cartografar a
costa da América do Sul e andar pelo arquipélago das Galápagos. Este nerd é o
Charles Darwin e jamais teria obtido financiamento para um projecto I&D
(Investigação e Desenvolvimento) para estudar a morfologia dos tentilhões, as
suas asas, os seus bicos.

No mundo da “excelência” tudo é contabilizado em outputs: patentes, artigos,
livros e outros “produtos”, sendo que nas revistas de “open-access” o autor tem
que pagar pela publicação dos seus trabalhos. As verbas destinadas à
investigação são no mínimo ridículas. A FCT (Fundação para a Ciência e
Tecnologia), uma das entidades financiadoras, caminha a passos largos para
acabar com a ciência em Portugal, metendo-a a reboque do dinheiro: não é sequer
possível comparar a dotação de fundos para a área da biotecnologia ou da
biomedicina (que estão ligadas às patentes e à criação de medicamentos e outros
produtos que movimentam grandes somas de capital), por exemplo, com as ciências
sociais (que poucos fundos recebem). Mas dentro da biomedicina também há
discriminações: uma coisa são os fundos para investigar parkinson ou alzheimer,
outra são os fundos para investigar a malária ou outra qualquer patologia do
chamado 3º mundo. Afinal no “3º mundo” não há gente com dinheiro para comprar os
medicamentos à indústria farmacêutica e às grandes corporações que estas
integram.

O jovem Charles Darwin também teria que se sujeitar a nunca saber quando
abririam concursos para submeter os seus projectos ou como estes seriam
classificados: a FCT não tem agenda e inventa novas classificações. De
“Excelente”, que era a classificação máxima, passou a existir, por exemplo, o
“Outstanding”; qualquer dia teremos o “Miraculous”. Mas se ainda assim Darwin
obtivesse financiamento para um projecto seu, esperava-o depois um longo e
tortuoso caminho: a burocracia para conseguir fazer cumprir planos de trabalho,
cronogramas e orçamentos, que tantas vezes implica significativos atrasos para a
componente científica de um projecto.

2. Docência, gestão não colegial e antidemocrática

Vivendo no nosso tempo e no nosso país Darwin teria que ter tempo para leccionar
e para participar nos chamados cargos de “gestão” (variáveis que compõem a
avaliação do desempenho). Poderia era acabar sem tempo para investigação, já que
existem muitas faculdades onde uma grande percentagem dos docentes dá aulas
muito para além daquilo que é legalmente permitido. O desrespeito pelo ECDU
(Estatuto da Carreira Docente Universitária) é algo a que se fecha os olhos
desde que isso implique roubar e explorar ainda mais aqueles que trabalham.
Dando aulas a mais, lutando diariamente para conseguir ter os seus projectos I&D
a funcionar, supervisionando o trabalho dos seus orientados e desdobrando-se
para se manterem a par das actualizações do conhecimento, os docentes afundam-se
em preenchimentos de papelada ou plataformas electrónicas ditadas pelos
burocratas. Em algumas universidades, este jovem até teria que ser um
docente/investigador que paga o seu próprio salário através de fund-raising.
Horários desregulados e noturnos seriam outro dos “mimos” reservados a este
jovem: docentes com dias de aulas que têm início às 8:00 da manhã e que terminam
às 22:30 são muitos.

Adicionalmente, com a imposição do RJIES (Regime Jurídico das Instituições do
Ensino Superior), o ambiente de trabalho tem vindo a piorar. A legislação foi
feita por gente que não quer a democracia nas escolas, que impôs as propinas,
que reduziu a Acção Social a um valor tão ridículo que é praticamente
inexistente. Assim temos uma universidade para quem tem dinheiro: o conhecimento
não é para todos, muito menos para os filhos da classe operária, dos
assalariados. A esses resta o politécnico e o ensino profissional. Por sua vez
os alunos de Darwin aguardariam em longas filas de espera para aquecer, no
micro-ondas da faculdade, a comida que levariam de casa. Eles e alguns
professores. Porque já nem o “preço social” das refeições universitárias está ao
alcance de todos.

3. O papel das universidades e a mediocridade como “excelência”

Bolonha, o RJIES e o novo ECDU são tudo peças de um mesmo puzzle que não só
abrem a porta para a vergonhosa privatização do Ensino Superior Público (ESP) e
do conhecimento, transformando-os em mercadoria, como metem a liberdade
académica no caixote do lixo. Com Bolonha as universidades passaram a ensinar
cada vez menos a pensar e cada vez mais a executar, formatando o pensamento.
Afinal numa sociedade burguesa as universidades têm um papel muito claro: são um
veículo de transmissão do pensamento dominante, que é apresentado como único.
Quem luta pela defesa dos seus direitos e dos direitos dos colegas terá que
trabalhar muitíssimo mais para chegar ao topo da carreira, e é se chegar. Se for
mulher e mais jovem, ainda pior. Afinal em alguns estabelecimentos do ESP o topo
da carreira cada vez menos reflecte o valor científico e pedagógico dos
envolvidos e é cada vez mais um acto político. Quanto a Darwin… No país da
austeridade, onde a mediocridade é a excelência, A Origem das Espécies nunca
teria visto a luz do dia.


Fonte:
http://manifesto74.blogspot.pt/2015/06/ser-docenteinvestigador-no-pais-da.html

IN
O DIARIO.INFO
http://www.odiario.info/?p=3783
29/9/2015

*** Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Putin e Xi: Quebrando tudo em New York




Pepe Escobar


O papa Francisco pode ser o rock star. Mas mais uma vez o verdadeiro coração da
ação só tem a ver, tudo, com Rússia e China - as tais principais "ameaças" ao
Excepcionalistão, segundo o Pentágono.


Onde se mete o Anjo da História, de Benjamin, quando se precisa dele? Com
certeza, está agora com os olhos postos na terra dos livres e lar dos valentes.
Francisco pode ter posto a casa abaixo em DC, mas é Xi quem realmente está
quebrando tuuuuuudo na Costa Oeste, enquanto Putin prepara-se para ser coroado
novo Rei de New York. Quem imaginaria que o Novo Grande Jogo na Eurásia pudesse
ser assim tão divertido?

E entra Frank Underwood

Já antes de Putin falar do negócio geopolítico de nova ordem mundial a sério na
ONU, Xi Jinping da China falou do negócio do Vale do Silício com, ora... Com
toda a elite do Vale do Silício. Vê-se na fotodeliciosamente descontruída pelo
South China Morning Post.

Eis onde está a ação - muito mais do que no que Xi pode ter discutido com
Obama: pirataria ciberespacial, espionagem, novas leis de defesa no Japão, meio
ambiente. A China precisa de Tecnologia de Informação de ponta para
superturbinar não só o mercado interno, mas também nodos chaves da(s) Nova(s)
Rotas(s) da Seda.

Até Facebook recebeu autorização para fazer uma reverência ante o Imperador
Vermelho. Mark Zuckerberg, de terno e gravata vermelha, conversou com Xi por
menos de um minuto, em mandarim, no campusda Microsoft. Ao lado estava ninguém
menos que um sorridente Lu Wei - que controla a Grande Firewall da China, a qual
bloqueia, dentre outros, a empresa Facebook. Na mesma ocasião, detalhe
inestimável, Lu Wei, o senhor da Internet, convidou as massas a "velejar rumo ao
futuro com benefício mútuo e ganha-ganha."

Depois de comprar sem nem piscar 300 Boeings para o almoço, a verdadeira grande
cartada de Xi na Costa Oeste foi o seu gambito deHouse of Cards.

Falando da guerra massiva que Pequim está fazendo contra a corrupção, Xi disse:
"Punimos tigres e moscas (...) Nada tem a ver com lutas pelo poder. Nesse caso,
não há House of Cards."

Chineses especialistas, de opiniões não enviesadas sobre a China, todos eles
interpretam a campanha anticorrupção como uma faxina no Partido Comunista Chinês
(PCC), para que o partido possa continuar a comandar ad infinitum. É o partido,
estúpido. Assim, obviamente, há um componente "aí vem uma tempestade", porque a
resistência de poderosos grupos de interesse é imensa.

Era previsível que House of Cards aparecesse. Muito mais que um afago à
Netflix, teve a ver com a China. Segundo GlobalWebIndex, mais de 200 milhões de
chineses usam redes virtuais privadas (VPN) para entrar em Netflix e assistir à
terceira temporada de House of Cards em streaming video.

Milhões desses residem em Pequim, vida confortável de classe média; e entre
esses, muitos dos pesos pesados do Partido - como o presidente da comissão
anticorrupção Wang Qishan, grande fã de Frank Underwood. Artigo inestimável, em
Global Times, mostra claramente o quanto House of Cards é construído quase
diretamente sobre as linhas de A Arte da Guerra, de Sun Tzu.

Além disso, a temporada 2 de House of Cards já viera carregada de China, com
ciberguerra, Mar do Sul da China e manipulação da moeda. Telespectadores
chineses espertos inevitavelmente compararam a luta real em Washington com a
campanha anticorrupção em Pequim, a qual, só até aqui, já demitiu 80 mil
funcionários; pelo menos 90 políticos de alto escalão e 30 generais do Exército
Popular de Libertação. China Daily não poupou munição - e diz que House of Cards
é "espelho" desses funcionários chineses.

Xi sabia exatamente quem era seu público audiente, quando invocou o "soft
power" [poder suave] norte-americano - tremendamente popular na China - para
enviar uma mensagem.

Xi também sabia que mesmo quando o sistema norte-americano é submetido a
evisceração crítica - como em House of Cards -,permanece imbatível a fascinação
que o soft-power norte-americano exerce na China. Se não pode derrotá-los,
una-se a eles. Por que não instrumentalizar House of Cards, enquanto Pequim vai
aplicando sua própria versão de A Arte da Guerra?

Comecem a espalhar a notícia...
Start spreading the news...

E agora, ao vivo, de New York, Putin O Grande.

Semana passada, em Asia Times, já vimos como, se existe alguma solução para a
tragédia síria, é tudo culpa de Putin. Ao (não) reagir a ela, o governo Obama
deixou-se ficar, lá, preso no já proverbial desentendimento/não
entendimento/desnorteamento - ou perplexidade.

A Casa Branca foi obrigada a anunciar que a ficha afinal caiu, e Obama, sim, se
reunirá com Putin, em reunião que acontecerá durante a Assembleia Geral da ONU.

Imediatamente depois, um alto conselheiro do presidente Bashar al-Assad começou
a dizer que EUA e Rússia chegaram a um "acordo tácito" sobre pôr fim às
dificuldades na Síria.

Recapitulando rapidamente: foi Putin quem começou tudo isso, quando não
admitiu, como pré-requisito a negociações de paz, a exigência de que "Assad tem
de sair". Na sequência, Putin superturbinou a presença militar russa em Latakia.
Como é praxe, nem o Pentágono nem a Casa Branca perceberam coisa alguma, nem
depois de estar tudo feito.

Assim sendo, eis o que Putin resolveu, antes de Obama sequer ter percebido
alguma coisa e resolver conversar:

1) Esqueçam completamente qualquer guerra remix do que a OTAN fez na Líbia, só
que na Síria.

2) Esqueçam completamente a tal zona aérea de exclusão comandada pelo sultão
Erdogan sobre áreas controladas por Damasco.

3) Acabou a velha ordem mundial. A emergente nova ordem mundial deve trabalhar
como a Rússia está trabalhando, e a Rússia já está à frente desse processo.

O discurso de Putin na Assembleia Geral da ONU, 2a-feira, será sobre "a luta
conjunta contra o terrorismo" (como anunciou a agência TASS). Devem-se esperar
ataques de apoplexia, muito mais do que de perplexidade, por todo o eixo
Washington/New York.

Domingo passado, na TV russa, o ministro de Relações Exteriores da Rússia
Sergey Lavrov, já esclareceu sobre quais os temas centrais do discurso: a ordem
mundial unipolar e a imperiosa necessidade de "luta conjunta contra o
terrorismo", o qual tem de ser combatido sem ambiguidade ou duplicidade de
critérios."

Lavrov falou muito claramente ao se referir a "medidas unilaterais coercivas" -
e não só no que tenha a ver só com a Rússia. Palavras de Lavrov:


"Atualmente, vocês sabem, nossos parceiros ocidentais, principalmente, talvez
sob influência da mentalidade norte-americana, estão perdendo, em termos gerais,
a cultura do diálogo e a cultura de buscar e alcançar soluções diplomáticas. O
programa nuclear iraniano foi uma brilhante - de fato, muito brilhante -,
exceção. Em praticamente quase todos os demais casos - nos conflitos que
continuam a eclodir no Oriente Médio, no Norte da África - só fazem recorrer a
medidas de intervenção militar, como fizeram no Iraque e na Líbia, violando
decisões do Conselho de Segurança da ONU; ou recorrem a sanções."


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Podem esperar, que Putin falará sobre tudo isso, detalhadamente. Mas o ponto
alto, de fazer parar o show, será, previsivelmente, Putin sobre a Síria. Mais
uma vez, nas palavras de Lavrov:


"Declaramos que ajudaremos os governantes sírios, como ajudamos governantes
iraquianos e governantes de outros países que estão enfrentando a ameaça do
terrorismo. E nossa cooperação técnico-militar visa precisamente a esses
objetivos. Claro que o fornecimento de armas [pela Rússia] foi feito, está agora
em andamento e continuará. As armas que estão sendo fornecidas a exércitos
regulares são sempre, inevitavelmente, acompanhadas por nossos especialistas,
que ajudam a montar os equipamentos correspondentes, ajudam a treinar o pessoal
militar sírio para o uso dessas armas, e absolutamente não há qualquer mistério
ou segredo sobre tudo isso."


Ah, sim, Putin convocará os suspeitos de sempre - da Turquia à gangue do
petrodólar do CCG - para ajudar Assad, "sem doutrinação e sem ambiguidade ou
duplicidade de critérios", na luta contraISIS/ISIL/Daesh. E demonstrará que a
crise dos refugiados não foi criada por Assad, mas pelo falso 'califato'. No que
tenha a ver com os refugiados do Oriente Médio destruído pelo [acordo]
Sykes-Picot, cabe à União Europeia ajudá-los. Nas palavras de Lavrov:


"A Rússia tem cumprido todas as suas obrigações nos termos das convenções
internacionais. Todos os que se classifiquem como refugiados são recebidos e os
acolhemos na Federação Russa, algumas vezes também em casos que não satisfazem
todos os critérios que se aplicam. É o caso dos refugiados que deixam a Ucrânia,
que já são mais de 1 milhão [vivendo na Rússia]. Nossos vizinhos europeus que
enfrentam hoje o grave problema dos refugiados têm toda a nossa simpatia, e não
tenho dúvidas de que também conseguirão resolvê-lo [por sua conta]."


Por fim, mas não menos importante, Putin cuidará de deixar claro que a Rússia
nunca mais será enganada e arrastada a avalizar documentos carregados de
desonestidades e falsidades, como aconteceu no caso da Resolução n. 1.973 do
Conselho de Segurança da ONU, que legitimou a 'responsabilidade para proteger'
(R2P) em 2011, criando a já legendária zona aérea de exclusão sobre a Líbia, que
foi o meio pelo qual a OTAN conseguiu bombardear a Líbia, até converter aquele
país, na terra de ninguém que é hoje, dividida entre milícias. Não surpreende
que a sinistra e enlouquecida fã da R2PSamantha Power queira expulsar a Rússia
do Conselho de Segurança. Quem precisa de Khrushchev a dar sapatadas no púlpito
da ONU? A Segunda-feira Negra (de apoplexia) vai ser um arraso. *****


25/9/2015, Pepe Escobar, Asia Times

IN
PORT.PRAVDA.RU
http://port.pravda.ru/russa/28-09-2015/39545-putin_xi-0/
28/9/2015

sábado, 26 de setembro de 2015

Que IOSA pase a manos de los trabajadores




Por: Sindicato OSINTRAIOSA



y si Industrias Occidente S.A fuera de los trabajadores?

¿Sabías que Industrias Occidente S.A (IOSA) es la única empresa que fabrica
bombas mecánicas para extraer petróleo, además de sus componentes, de tecnología
nacional reconocida mundialmente, con un único cliente: PDVSA y las empresas
mixtas.

Esta entidad de trabajo se encuentra paralizada por el empleador desde hace mas
de 5 anos. Paralización producto de un plan macabro o por mala gerencia,
dedicado a acabar con la producción nacional de esta entidad de trabajo y así
venderle a PDVSA solo bombas traídas del extranjero a través de transnacionales,
o quizás sea producto de la mala Gerencia implementada por el Gerente General
Isidro Sanchez, quién desde que llegó a la empresa, esta solo ha tenido una
bajada de producción comparada a la de una montana rusa, o a la caída de un
avión en picada.

Lo que si es cierto es que esta empresa debería estar produciendo bombas para la
Industria Petrolera Nacional y exportando nuestros productos, además de estar
trabajando hasta tres turnos que son los que se necesitaban antes de esta
paralización para satisfacer la demanda Nacional que era del 70% (según datos
aportado por Gerencia General) y producir los tan necesarios dólares para el
país.

¿Será que esta entidad de trabajo tiene padrinos en el Gobierno, que diciéndose
revolucionarios Rojos Rojitos, permiten que estos empresarios nos arrebaten lo
que por derecho nos pertenece, que es la generación de empleos altamente
calificados que defienden con su trabajo la soberanía Nacional y la
independencia de producir lo que necesitamos?

En estos momentos cursa ante la Inspectoría Pedro Pascual Abarca de
Barquisimeto, Edo Lara una Providencia Administrativa que ordena el reinicio de
las actividades productivas (tal como lo establece el Artículo 148 de la LOTTT),
Providencia que la Empresa ha incumplido, pues solo ha simulado reactivarla,
burlándose de los trabajadores y de la Providencia, por lo que vemos que nuestra
estabilidad laboral se encuentra en peligro por un cierre inminente y formal de
la empresa; El no pago de los salarios y los sueldos, el HCM, la suspensión del
transporte, la negativa a reajustar los sueldos y salarios acorde con la
inflación se han vuelto una cotidianeidad; y es que ya son 5 años pagando
salarios (cuando los pagan) sin producir "una tuerca" y como ningún empresario
va a pagarle a un grupo de trabajadores, sin que estos produzcan lo suficiente
por lo menos para cubrir el pago de sus salarios, dicho cierre la vemos "a la
vuelta de la esquina". Todas estas razones son las que nos lleva a los
trabajadores a plantearnos que se active el Artículo 149 de la LOTTT y poner a
funcionar esta empresa bajo verdadero control obrero.

Estamos claros que la activación del 149 de la LOT nos puede llevar, como
"venganza" de la empresa a que esta nos suspenda definitivamente el pago de los
salarios y los pocos beneficios que nos quedan, lo que nos colocaría en una
situación de mayor precariedad que la que vivimos, por lo que estamos haciendo
un llamado al conjunto del movimiento obrero y popular organizado, pues solo con
este apoyo, podremos doblegar voluntades patronales como la de la Inspectora
Zamira Hatem de la Pedro Pascual Abarca en Barquisimeto y cualquier otro
obstáculo que pretenda que sigamos en las condiciones actuales y en proceso de
desmejora gradual y superarnos sobre la base de un plan de rescate y superación
de la producción de la entidad de trabajo, pero en una empresa en manos de los
trabajadores. Queremos seguir los pasos y de ser posible superar las
experiencias de Aceites Diana, Beneagro, Alfareros de Gres y ello, con un
verdadero control obrero estamos convencidos que lo podemos alcanzar, aún en
medio de la crisis económica que vive el país.

NO ESTAMOS MENDIGANDO, NO PEDIMOS CARIDAD, NO QUEREMOS QUE EL GOBIERNO NOS
MANTENGA, somos trabajadores capaces y preparados que queremos y que EXIGIMOS AL
GOBIERNO NACIONAL nos permita la oportunidad de dirigir una empresa la cual el
patrono ha destruido, arruinado y que ha mantenido una paralización que afecta
la producción nacional de bombas para extraer petróleo, maltratando y
despreciando a un personal obrero de primera calidad, de altísima calificación
técnica y humana.

PERO SI INDUSTRIAS OCCIDENTE S.A FUERA EXPROPIADA Y PASARA A MANOS DE LOS
TRABAJADORES BAJO VERDADERO CONTROL OBRERO ¿QUÉ PASARÍA?.

Lo primera es que la producción no tendría que ser exclusivamente para PDVSA,
los trabajadores proponemos diversificarla (crear nuevas líneas de producción)
para cubrir la demanda de, por ejemplo, la industria automotriz, trabajo que
hace unos años hicimos. Esto nos permitiría reactivar la empresa hasta con 3
turnos y acordando producción con otras empresas como fundidoras, estaríamos
hablando de reactivar o fortalecer la producción de todo un sector de la
industria y esto tan solo para comenzar.

En industrias occidente S.A tenemos tornos de control Numérico y convencional,
además de fresadoras, maquinas de rectificado interno y externo, enderezadoras,
sierracinta, área de pintura, área de prueba hidrostática, área de soldadura,
área de fosfatizado de piezas, área de termo rociado y podemos activar el horno
para tratamiento térmico para piezas grandes, único en el estado Lara y otro de
tratamiento térmico de barril únicos en el estado Lara y tenemos entendido en el
país, aparte de de profesionales de primera con conocimientos especiales en cada
una de estas áreas.

Todos los trabajadores están dispuestos a trabajar para no solo mantener tener
un ingreso fijo para si y para sus familias (cosa que en estos momentos no
sucede pues cuando el patrono quiere joder a los trabajadores no les paga el
salario bajo cualquier escusa) he aquí la propuesta de los trabajadores de IOSA
si esta pasara a estar bajo verdadero control obrero.

PRODUCCIÓN

1. Fabricación de piezas automotrices. (necesarias hoy más que nunca por los
elevados precios de importación)

2. fabricación de piezas para otras empresas nacionalizadas, bajo el control de
los trabajadores tales como: BENEAGRO, TRABAJADORES ALFAREROS DEL GRES,
PROLETARIOS UNIDOS u otras.

3. Fabricación de piezas para la Gran Misión Vivienda.

4. Elaboración de repuestos para el área agrícola.

5. fabricación de todo tipo de piezas para la industria

EDUCACIÓN

1. Se pueden hacer convenios con distintas universidades a manera de
proporcionarle la parte práctica a los estudiantes.

2. Servir de centro Piloto a la Gran Misión Saber y Trabajo.

3. Democratizar el conocimiento de los trabajadores y ponerlo al servicio de las
comunas y de la colectividad en general.

DIVIDENDOS

1. Parte de este puede ser destinado a ayudas sociales.

2. Ayudar a otras empresas de producción social que necesiten financiamiento o
ayuda financiera para de esta manera no depender en totalidad de la ayuda del
gobierno.

3. ayudas economicas e insentivos para las comunidades en apoyo sus proyectos
productivos

4. Creacion de un fondo de ayuda social para trabajadores que presenten luchas
obreras.

SOMOS PARTE DE LA CLASE OBRERA, SOMOS PARTE DE LA ÚNICA CLASE GENERADORA DE TODA
RIQUEZA MATERIAL E INTELECTUAL.

Pero para lograr estos objetivos necesitamos la ayuda, LA SOLIDARIDAD MILITANTE
de todos los sindicatos clasistas agrupados en las distintas federaciones a
nivel nacional, los Consejos Comunales, luchadores sociales y demás
organizaciones clasistas revolucionarias.

La consigna es la unión de todos los trabajadores y del pueblo en General, ya
basta de que pequeñas diferencias nos dividan, basta de encerrar los problemas
de los trabajadores entre cuatro paredes.

Se hace necesaria la unión, para combatir al funcionario Corrupto Lacayo del
empresario, al político que en nombre de la Revolución traiciona a los
trabajadores y asesina la esperanzas de los obreros y del pueblo al intentar
detener el nacimiento de empresas bajo el control de la clase obrera.

Demos un parao a los funcionarios que diciéndose Revolucionarios permiten que el
patrono nos robe nuestros derechos, vamos a construir patria pero tomando el
control del aparato productivo y ponerlo al servicio del conjunto de la clase y
de las comunidades.

Invitamos a todos en General a sumarse desde cada una de sus trincheras y a
elevar este grito de Libertad vamos a decir, YA BASTA, LOS OBREROS DE VENEZUELA
NO QUEREMOS DEPENDER MAS DE ESTOS TRAIDORES Y DE LOS LADRONES DE NUESTRAS
RIQUEZAS Y DE LOS EXPROPIADORES DE NUESTRA FUERZA DE TRABAJO, QUEREMOS PONER A
PRODUCIR IOSA Y TODAS LAS EMPRESAS PARALIZADAS CON EL PUEBLO TRABAJADOR, POR EL
PUEBLO Y PARA EL PUEBLO.

SOLO LA CLASE OBRERA SALVA A LA CLASE.

POR LA APLICACIÓN DEL 149: EXPROPIACIÓN DE IOSA BAJO CONTROL OBRERO

IN
APORREA.ORG
http://www.aporrea.org/actualidad/n278234.html
25/9/2015

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Diversas organizações se solidarizam com Stedile após sofrer insultos em Fortaleza



"Esta agressão só pode ser compreendida como parte de uma ofensiva conservadora
da direita na sociedade que busca criminalizar e intimidar todos/as aqueles/as
que lutam por um Brasil justo e soberano".

23 de setembro de 2015 15h30



Após ameaça, Stedile recebe cartas de solidariedade do mundo inteiro

17 de março de 2015 18h16


Nota sobre a ameaça de morte a Stedile

12 de março de 2015 10h47






Da Página do MST


Diversas categorias da classe trabalhadora escreveram uma nota em solidariedade
ao João Pedro Stedile e ao MST, após o membro da coordenação nacional do MST ter
sido insultado por um grupo de pessoas no aeroporto de Fortaleza, na noite desta
terça-feira (22).


Confira:


NOTA DE SOLIDARIEDADE AO COMPANHEIRO JOÃO PEDRO STÉDILE E AO MOVIMENTO DOS
TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA – MST.


O conjunto de movimentos sindicais, populares, pastorais sociais, parlamentares
progressistas e intelectuais comprometidos com a luta do povo brasileiro, vem
por meio desta nota prestar solidariedade ao companheiro João Pedro Stédile,
histórico militante das lutas sociais do Brasil e da América Latina.


Na noite do dia 22 de setembro, uma claque com aproximadamente 30 reacionários
bradando gritos de ódio e diversos xingamentos atacou e agrediu o companheiro
Stédile, que acabava de chegar no Aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza – Ceará,
convidado por diversas entidades para participar de um Congresso Sindical e de
uma atividade sobre Reforma Política e combate à Corrupção.


A ação comandada pelo empresário do ramo imobiliário Paulo Angelim, militante
do Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB, revela o que há de mais
conservador e retrógrado na sociedade brasileira: um ódio de classe, antigo e
anacrônico, muito semelhante ao do fascismo.


Não à toa, o grupo de reacionários que realizou esta ação é o mesmo bando que
tem impulsionado manifestações golpistas em Fortaleza no intuito de interromper
o mandato da presidenta Dilma Rousseff, desrespeitando o voto popular e rompendo
com a legalidade democrática no país.


Estes reacionários utilizam-se dos símbolos nacionais e se dizem patriotas, mas
são favoráveis a venda dos nossos recursos naturais às empresas estrangeiras,
como no caso da Petrobrás. Se dizem contra a corrupção mas são assíduos
defensores do financiamento empresarial de campanhas eleitorais e ainda hoje
lastimam a decisão do STF.


Temos convicção de que a agressão sofrida pelo companheiro Stédile, não se
limita a um ataque individual, ou somente ao MST. Esta agressão só pode ser
compreendida como parte de uma ofensiva conservadora da direita na sociedade que
busca criminalizar e intimidar todos/as aqueles/as que lutam por um Brasil justo
e soberano.


Neste sentido, prestamos solidariedade ao companheiro e nos comprometemos a
cerrar fileiras na defesa da democracia, da justiça social e da participação
popular nos rumos da nação.


Fortaleza, 23 de setembro de 2015.

Centra Única dos Trabalhadores - CUT
Central dos Trabalhadores do Brasil - CTB
União Nacional dos Estudantes – UNE
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas - UBES
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB
Rede Nacional de Advogados Populares – RENAP
Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares
Marcha Mundial das Mulheres – MMM
União Brasileira das Mulheres - UBM
Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos – MOTU
Levante Popular da Juventude
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST
União da Juventude Socialista - UJS
Rua – Juventude Anticapitalista
Coletivo O Estopim
Movimento Kizomba
Partido Comunista do Brasil - PCdoB
Partido dos Trabalhadores - PT
Partido Socialismo e Liberdade
Consulta Popular
Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos em Luta pela Paz – CEBRAPAZ
Fora do Eixo
Mídia Ninja
Movimento Democracia Participativa
Agência de Informações Frei Tito para América Latina – ADITAL.
Sindicato APEOC
Sindicato dos Metalúrgicos do Estado do Ceará – SINDMETAL
Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal do Ceará – SINTSEF-CE
Sindicato dos Empregados no Comércio de Fortaleza Diretório Central dos
Estudantes – UECE
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
Justiça Global
Terra Sem Males
Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural - AGAPAN
Coletivo Trexter - Trabalhadores(as) da Extensão Rural da Emater/RS
Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA
Movimento de Mulheres Camponesas - MMC
Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil - FEAB
Comissão Pastoral da Terra - CPT
Pastoral da Juventude Rural - PJR
Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal - ABEEF
Conselho Indigenista Missionário - CIMI
Pescadores e Pescadoras Artesanais
Central de Trabajadores de la Argentina (CTA) Autónoma.
ETC - México
Diretório Central dos Estudantes - UNIFOR
Paulo Assunção - Vice Presidente do PT de Fortaleza
Deputado Federal José Guimarães
Deputado Estadual Elmano Freitas
Deputado Estadual Moisés Bráz
Deputada Estadual Rachel Marques
Deputado Estadual Renato Roseno
Deputada Federal Luizianne Lins (PT-CE)
Deputada Federal Ana Perugini (PT-SP)
Deputado Federal Wadih Damous (PT-RJ)
Deputado Federal Valmir Assunção (PT-BA)
Deputado Federal João Daniel (PT-SE)
Deputado Federal Pedro Uczai (PT-SC)
Deputado Federal Padre João (PT-MG)
Deputado Federal Odorico Monteiro (PT-CE)
Deputado Federal Afonso Florence (PT-BA)
Deputado Estadual Tadeu Veneri (PT-PR)
Deputada Estadual Luciane Carminatti (PT-SC)
Deputado Federal Dionilso Marcon (PT/RS)
Vereador João Alfredo
Vereador Jovanil
Vereador Ronivaldo Maia
Vereador Acrísio Sena
Vereador Leonardo Giordano
Renato Simões
Gilney Viana


IN
MST
http://www.mst.org.br/2015/09/23/diversos-movimentos-populares-se-solidarizam-com-stedile-apos-sofrer-insultos-em-fortaleza.html
23/9/2015

La “perspectiva de sistemas-mundo” de Immanuel Wallerstein




Una teoría al servicio de los movimientos antisistémicos cuyo objetivo sea la
transformación (no reforma) del capitalismo


Rodolfo Crespo

Rebelión


A Immanuel Wallerstein en su 85 aniversario.

A los neozapatistas mexicanos, a los piqueteros argentinos, a los Sin Tierra de
Brasil, a los Mapuches chilenos, a los indígenas ecuatorianos de la CONAIE, etc.
que como dice el profesor Carlos Antonio Aguirre Rojas hacen que nos sintamos
optimistas frente al futuro.

“No creo que seamos parientes muy cercanos, pero si Ud. es capaz de temblar de
indignación cada vez que se comete una injusticia en el mundo, somos compañeros,
que es más importante” * . Ernesto Che Guevara



En la década de 1970 del siglo XX, Immanuel Wallerstein presenta su “perspectiva
de sistemas-mundo” que el consideraba (pese a todas las evidencias en contra,
dada su asombrosa armoniosidad y plenitud) no era una teoría sino una “protesta
contra la forma en que quedó estructurada la investigación social desde su
concepción a mediados del siglo XIX”1

Pero, ¿qué decían las ciencias sociales en el siglo XIX respecto a la evolución
de la historia que hacen de la “perspectiva de sistemas-mundo” una nueva,
sugestiva e interesante teoría?

Se decía que la historia era una sucesión, siempre progresiva de etapas;
partiendo de la comunidad primitiva de los primeros humanos se pasaba al
esclavismo, de éste al feudalismo llegando al capitalismo, en el cual se daban
las condiciones objetivas y subjetivas que, una vez maduras, hacían posible el
comunismo, desde su etapa de tránsito, atravesando por el socialismo hasta
arribar al comunismo al que, sin embargo, no llegó ni siquiera la Unión
Soviética, el país supuestamente más adelantado en lo que presumiblemente era el
sistema social más avanzado que conocería la historia de la humanidad.

En otras palabras, se decía que había una tal marcha objetiva del desarrollo
social, imparable e indetenible, y entre la izquierda (los marxistas dentro de
ella) se llegó a interpretar que dicha tendencia nos llevaría directamente al
comunismo, última etapa en la historia evolutiva de la humanidad; en todo caso,
no había que desesperarse, el curso de la historia estaba de nuestro lado.

Aunque esta concepción de la historia humana, como fases sucesivas que se
sobrevenían las unas de las otras, siempre en forma progresiva y de lo inferior
a lo superior, predominó de forma incontestada y sin alternativa desde el siglo
XIX hasta los años 70 del pasado siglo, cuando Wallerstein comienza a difundir
la “perspectiva de sistemas-mundo”, la misma suscitaba un conjunto de dudas e
interrogantes: ¿Era un proceso específico de alguna región (Europa, por
ejemplo), o era válido para cualquiera otra parte del mundo?, ¿por qué unos
países perecían recorrer sus distintas etapas, mientras que en otros se
apreciaba que algunas de éstas se eludían?, ¿por qué no todas las regiones del
planeta transitaban las diferentes fases simultáneamente?, e incluso ¿por qué
cuando en una misma zona parecía haberse superado una etapa (el feudalismo en
Europa occidental, por ejemplo) en otras partes de esa misma área parecía
resucitarse por primera vez, como fue el caso de la llamada “segunda
servidumbre” en Europa oriental?.

Fue la perspectiva de sistemas-mundo de Wallerstein la que comenzó a dar
solución a éstas y otras tantas inquietudes intelectuales y aparentes
contradicciones empíricas. Sustituyó el término “sociedad” por el de
“sistema-histórico” como las entidades en las que se desarrolla la vida social,
planteando que han existido tres variedades de sistemas históricos: los
minisistemas, los imperios-mundo y las economías-mundo2.

Pero, ¿cuál fue la relación, vínculo histórico y cronológico entre estos
diferentes sistemas?. Nadie mejor que Wallerstein para sintetizarlo.

“Durante el período comprendido entre, digamos, 8000 a. de n. e. y 1500 de n.
e.. coexistieron en el planeta múltiples sistemas históricos de las tres
variedades. El imperio-mundo era la forma ‘fuerte’ durante esa época, ya que,
doquiera que se extendiera, destruía y/o absorbía tanto minisistemas como
economías-mundo y, cuando uno de ellos se contraía, dejaba espacio para que se
volvieran a crear minisistemas y economías-mundo. Gran parte de lo que
denominamos la ‘historia’ de este periodo es la historia de dichos
imperios-mundo, lo que es comprensible dado que mantenían a escribas culturales
para que registraran lo que sucedía. Las economías-mundo eran una forma ‘débil’
que nunca sobrevivía mucho tiempo, ya que se desintegraban, se integraban o se
convertían en un imperio-mundo (mediante la expansión interna de una sola unidad
política).

Alrededor del año 1500, una de esas economías-mundo se las arregló para no
sufrir ese destino. El ‘sistema-mundo’ moderno nació, por razones que habría que
explicar, de la consolidación de una economía-mundo, por lo que tuvo tiempo para
alcanzar su pleno desarrollo como sistema capitalista. Debido a su lógica
interna, esta economía-mundo capitalista se extendió más tarde hasta abarcar el
globo, y en este proceso absorbió a todos los minisistemas e imperios-mundo
existentes. Así, hacia finales del siglo XIX existía por primera vez en la
historia un único sistema histórico; nos encontramos todavía en esa situación”
3 . Esta economía-mundo agraciada por una serie de condiciones históricas, fue
la economía-mundo europea, y ésta economía-mundo a diferencia de otras que
existieron comenzó a ser una economía-mundo capitalista. Pero ¿por qué
capitalista?, ¿qué es o hace distintiva una economía-mundo para que ésta sea
capitalista?, pues “…no es la búsqueda de ganancias. En todas partes del mundo a
través de 10 mil años de historia se pueden hallar individuos, firmas, etc, que
buscaban más ganancias…el capitalismo es un sistema en que la prioridad esencial
es la acumulación incesante de capital; no es que todo mundo busque ganancias,
pero los que la buscan son sostenidos por el sistema…es únicamente en el
sistema-mundo moderno donde esta prioridad de la acumulación de capital existe,
no hay otra lógica de capitalismo que la acumulación por sí, se acumula a fin de
acumular más, es lo esencial de lo que es capitalista…”4.

¿Qué conclusiones podemos extraer desde la izquierda antisistémica de todo
ello?. Pues que desde hace algo más de cien años (después de la incorporación
del este de Asia a la economía-mundo moderna y su periferización a fines del
XIX) existe en el planeta un solo sistema, el sistema-mundo capitalista; no es
cierto que después de la incorporación de un conjunto de Estados de Europa
oriental a la órbita soviética y del virtual desgajamiento de China, la parte
norte de Corea, y los incorporamientos posteriores de Viet Nam, Cuba, etc. se
haya conformado un sistema diferente al sistema-mundo capitalista, o como
realmente se le llamó en los medios políticos y académicos controlados por el
bloque sino-soviético, sistema socialista mundial, que llegó a competir (se
decía) y con notable éxito en las décadas de 1950-1960 con el capitalismo
mundial.5

Volvemos a Wallerstein sobre tan medular cuestión: “Los estados que figuran
dentro de este sistema son instituciones del mismo, así que cualquiera que sea
su forma particular, responden de alguna manera a la premisa de su impulso
capitalista. Por lo tanto, si por revolución entendemos que un Estado antes
feudal se convierte en capitalista, o que un Estado antes capitalista se
convierte en socialista, el término no tiene ningún significado operativo y es
una descripción engañosa de la realidad. Para ser exactos, hay muchas clases
posibles de regímenes políticos, y no hay duda de que a las personas que viven
en un Estado en particular les importa muchísimo la naturaleza de ese régimen.

Pero estas diferencias no han cambiado, el hecho básico fue que todos estos
regímenes han sido piezas de la maquinaria del moderno sistema mundial, es
decir, de la economía-mundo. Y tampoco podría haber marcado una diferencia
antiguamente. Puedo oír las objeciones. Las he oído muchas veces. ¿Cómo afirmar
que los antiguos estados socialistas (o los que siguen estando regidos por
partidos marxistas-leninistas) eran (o son) capitalistas? ¿Cómo asegurar que los
estados que están aún bajo el régimen de jerarquías tradicionales son
capitalistas? Yo no afirmo nada porque no creo que los estados puedan tener esas
atribuciones. Lo que sí aseguro es que estos estados se localizan dentro de un
sistema mundial que opera con una lógica capitalista, y que si las estructuras
políticas, o las empresas, o las burocracias del Estado intentan tomar
decisiones en términos de alguna otra lógica (y desde luego que lo hacen con
frecuencia), tendrán que pagar un precio muy alto. El resultado será que
cambiarán su modo de operar o bien perderán poder o capacidad para afectar al
sistema. Me atrevo a sugerir que la lección más clara que podemos aprender de la
llamada caída de los comunismos — aunque yo no acepto que lo sea sólo porque los
partidos comunistas ya no están en el poder— es que la supremacía de la ley de
los valores ha operado de manera eficaz en estas áreas. Creo que ya operaban
sobre esta base desde hace mucho tiempo.

La refutación constante que oímos en contra de esa descripción de los llamados
regímenes socialistas es que quizá sea cierta, pero no tenía que serlo. Ésta es
la apreciación que afirma que estos regímenes eran impuros, inadecuadamente
socialistas, hasta traidores al sueño. Tampoco acepto esta afirmación. La mayor
parte de los revolucionarios tratan ciertamente de ser revolucionarios al
principio de sus esfuerzos como tales. Muchos de los regímenes revolucionarios
realmente tratan de cambiar el mundo. No traicionan sus ideales. Descubren que,
como individuos y como regímenes, las estructuras del sistema mundial los
restringen a comportarse en cierta forma y dentro de determinados parámetros o
de lo contrario, pierden toda capacidad de ser actores importantes en ese
sistema mundial. Y así, tarde o temprano, doblegan sus intenciones a la
realidad”. 6

Entonces, no sólo hay un solo sistema (el sistema-mundo capitalista) sino que no
hay una tal marcha objetiva del desarrollo social que nos asegure que todo
tiempo futuro siempre será un tiempo mejor, “…no hay una tendencia histórica
hacia el comunismo, la revolución o la emancipación, ni teología, ni corriente
por la que las fuerzas de la emancipación pudieran dejarse llevar; nada que
garantice su victoria, nada de estadios que se sucedan de forma natural. No hay
fuerzas creadas ‘a espaldas’ del capital, que finalmente lo abolirán, ni
inversión ‘dialéctica’, ni astucia de la razón. La emancipación social, si es
que ha de darse, será un salto sin red hacia lo desconocido, no la ejecución de
una sentencia dictada por la historia.

Por el contrario, la tendencia al desastre sí que es objetiva. La evolución de
la sociedad mercantil tiene, en efecto, algo de prefijado, porque sus crisis y
su agotamiento se asientan en su mismo núcleo, y su historia es el despliegue de
dicho núcleo. Es la catástrofe la que está programada, no la emancipación; las
cosas abandonadas a su discurrir espontáneo únicamente conducen al abismo” 7 .


En cuanto a la acumulación incesante de capital como esencia del capitalismo no
es que en el capitalismo se menosprecie la obtención de ganancias (objetivo de
la producción capitalista según Marx) sino que, en la economía-mundo
capitalista, para la consecución de las mismas una condición sine qua nom es la
incesante acumulación de capital, haciendo por ello el crecimiento incesante la
“actividad definidora central del sistema histórico capitalista/”moderno”.

De ahí que el decrecimiento y la defensa de la ecología sean dentro del
capitalismo mecanismos utópicos de enfrentamiento a este sistema, por cuanto el
capitalismo es una sociedad voraz que no conoce límites (o crece o perece),
cuyas bacanales productivas necesitan “crecer permanentemente, y consumir cada
vez más materiales, solo para compensar la disminución de su masa de valor”8.

Sin embargo, ¿cómo lograr el verdadero lucro, el tipo de ganancias
extraordinarias, considerables y cuantiosas que permite la acumulación
interminable de capital en serio?. En primer lugar, a través del mercado,
produciendo mercancías a un costo más bajo del precio al que se vende en el
mismo; pero, como cualquier productor podría destruir dicha ventaja mejorando su
eficiencia, cualquier monopolio que tenga por base la libre competencia en el
mercado siempre será proclive de ser socavado. Por tanto, para impedir que el
mercado le de la bienvenida a aquellos productores que puedan igualar y/o
mejorar la eficiencia de los productores existentes, aparece la necesidad de
limitar, con una serie de prohibiciones y limitaciones, las entradas realmente
significativas de otros concurrentes. Así es que “El verdadero lucro, el tipo de
ganancias que permite la acumulación interminable de capital en serio, sólo es
posible con monopolios relativos, por el tiempo que duren”9.


¿Entonces qué deben hacer los movimientos antisistémicos cuando palpen,
colaboren, participen o se apropien tácticamente el poder?


Los mismos tienen que encaminar toda su labor política, legislativa y ejecutiva
a la destrucción del más mínimo monopolio impuesto sobre la actividad económica.
“El mercado libre hipotético, tan caro a las elucubraciones de los economistas,
un mercado con múltiples compradores y vendedores, todos los cuales tienen
información perfecta, sería por supuesto un desastre desde el punto de vista
capitalista. ¿Quién podría hacer dinero en él? El capitalista se vería reducido
al ingreso del proletario hipotético del siglo XIX, viviendo de "la ley de
hierro de los beneficios en un mercado libre", apenas lo suficiente para
sobrevivir”10.


Por tanto, hay que dejar entrar al mercado a todo el que lo desee. “El mercado
libre es enemigo mortal de la acumulación de capital”11 y como esta es la
sístole y diástole de la economía-mundo capitalista, estaríamos asestando con
ello un golpe contundente en la misma médula espinal de dicha economía-mundo,
esencia y misión fundamental de todo movimiento antisistémico auténtico que se
proponga transformar el capitalismo y no su mera reforma.

Sí existe un solo sistema en el planeta desde fines del siglo XIX, como se ha
dicho, todo indicador o determinación que se haga de él, si queremos que sea
objetivo, y refleje por tanto lo más aproximadamente fiel posible la realidad
que se mida, el mismo tiene que ser sobre el sistema-mundo en su conjunto, por
ello los estados nacionales si bien existen y han sido necesarios12 para el
funcionamiento de la economía-mundo capitalista no son puntos de referencia
esenciales en el mundo moderno.

La verdadera unidad de análisis y los procesos que discurren son del
sistema-mundo como un todo, por ello no hay ni puede haber teoría ni políticas
nacionales de desarrollo, lo que se desarrolla no son los países sino la
economía-mundo capitalista. Lo único que pueden hacer los estados nacionales, y
esto debe quedar claro para todos aquellos movimientos antisistémicos que
aspiran a transformar (no reformar) el capitalismo, es mejorar la posición
estructural dentro de la economía-mundo, a partir del aprovechamiento de una o
varias ventajas comparativas con la que cuente en determinado momento, o la
posibilidad de establecer efectivos monopolios sobre una parte o todos los
eslabones de una cadena de mercancía; esto último, algo que solo pueden lograr
aquellas estructuras gubernamentales que cuentan con un estado fuerte.

Entonces, qué actitud asumir respecto al desarrollo: ¿acelerarlo o frenarlo, ir
en pos de él u obviarlo?. El profesor Wallerstein considera que “el desarrollo
nacional es hoy por hoy una ilusión, sin importar qué método se defienda y
utilice. Si todas nuestras energías se enfocan en esa dirección, entonces el
capitalismo podría tener los 200 años más que, según esperaba Schumpeter,
crearía para sí. Y con estos 200 años extra, el estrato privilegiado del mundo
podría manejar una transición a un sistema-mundo por completo diferente, pero
del mismo modo no equitativa”13.

La exhortación de la “perspectiva de sistemas-mundo” a los movimientos
antisistémicos que luchan por transformar el capitalismo en un nuevo sistema,
más solidario y justo que el actual es, a “… retener el plusvalor, es decir, el
énfasis en una mayor igualdad y participación democrática [que], lejos de ser
utópico podría ser devastadoramente eficaz. La gran barrera para lograrlo hoy en
día no son tanto los capitalistas de gran escala como los propios movimientos
antisistémicos. Deben estar conscientes de su ambivalencia histórica hacia los
dos significados de desarrollo: más y más equitativo, y deben optar por el
último. En dicha opción, el estado no es irrelevante. Hay muchas maneras por las
que los aparatos estatales pueden incitar este programa, pero si dichos aparatos
estatales son el motor, entonces el desarrollo será una ilusión y no una
cinosura”14

Y por último, el aspecto que posiblemente más atañe directamente a los
movimientos antisistémicos que luchan contra el capitalismo, y que tiene que ver
con la geocultura que ha dominado en el sistema-mundo moderno por lo menos hasta
1968, cuando recibió un golpe demoledor aunque no de muerte, pues de hecho pugna
tenazmente y con fuerza de inercia, para no abandonar el escenario político
ambivalente y de centro que siempre ha ocupado en el mundo moderno.

¿Cuál es esa geocultura?, ¿cuándo y por qué surgió en el sistema-mundo moderno?,
¿en qué consistía la misma?, ¿por qué comenzó a perder su aceptabilidad general
con la Revolución mundial de 1968?, y lo más importante, qué hacer contra todos
aquellos intentos de resucitarla precisamente en el momento en que, producto de
la situación de caos y bifurcación sistémica en que se encuentra el
sistema-mundo capitalista, estamos ante las mejores condiciones de con nuestra
acción, inclinar la balanza de la historia por primera vez, y de manera efectiva
y definitiva del lado de los que con su trabajo, como decía Che, crean los
valores, acumulan con su faena las riquezas y por ello son los que echan a andar
las ruedas de la historia.

La geocultura es un conjunto de valores y reglas básicas aceptado activamente
por la mayoría de los cuadros y al menos pasivamente por la mayoría de las
personas (es decir, que éstas no lleguen al excepticismo activo); todos los
sistemas históricos tienen geocultura, aunque puede hacer falta algún tiempo
para que esa geocultura se asiente en un sistema histórico determinado.

En el caso del sistema-mundo moderno (la economía-mundo capitalista) durante
tres siglos (XVI, XVII y XVIII) funcionó sin ninguna geocultura firmemente
instaurada, fue con la Revolución Francesa que el sistema se dotó de una
geocultura al arraigar rápida y profundamente en la conciencia popular dos
principios nuevos, hasta ese momento inexistentes: “la normalidad del cambio
político y la soberanía del pueblo” los que “en sí y por sí, eran muy
revolucionarios en sus implicaciones para el sistema mundial. [ya que] Lejos de
asegurar la legitimidad de la economía-mundo capitalista amenazaban con
deslegitimarla a largo plazo”15 siendo por ello necesario regular las
condiciones en que se produciría el cambio y se ejercería por el pueblo la
soberanía, de tal forma que no afectara la incesante acumulación de capital,
esencia y razón de ser del sistema.

Ya que el “genio” se había salido de la botella de lo que se trataba ahora era
de cómo contenerlo, y en ese sentido surge el liberalismo como el remedio,
imponiendo “la vía media, el ‘centro vital’. Ni muy rápido ni muy despacio, sino
el cambio a la velocidad precisa…”16 como el escape a la situación creada.

Lo más importante es que en ese proceso, el liberalismo arrastró a las demás
ideologías (conservadores y socialistas) quienes en realidad fueron simples
prolongaciones de la ideología liberal, con una posición formalmente clara pero
sustancialmente ambigua, sin claridad en su programa, haciendo más bien su
énfasis en el proceso, sin radicalismos, queriendo perfeccionar el sistema pero
no transformarlo, porque en su visión el mundo del siglo XIX ya era la
culminación del progreso humano, el fin de la historia.

“Las tres ideologías de la época moderna han sido, por tanto, tres estrategias
políticas para enfrentar las creencias [y exigencias] populares que han dominado
nuestro mundo moderno desde 1789” 17 , “…el escudo ideológico construido por
la fuerzas dominantes contra los insistentes reclamos de las ‘clases peligrosas’
después de 1789” 18 .

Y esto es lo que ha ocurrido a todos los movimientos antisistémicos que desde el
siglo XIX (comunistas, socialdemócratas y movimientos de liberación nacional)
han luchado contra el sistema-mundo capitalista, que todos, ¡sin excepción
alguna!, al rozar, tocar, compartir o tomar el poder se han vuelto liberales con
sus respectivo corolarios: la fe ciega en el progreso material y espiritual de
la humanidad, autodeterminación para todos los pueblos, desarrollo económico de
los países subdesarrollados, el análisis racional como función de las ciencias
sociales etc..

Dice el compañero Wallerstein que esos viejos movimientos antisistémicos (la
llamada “vieja izquierda”) fueron arrojados a un lado entre 1968 y 1989, porque
a pesar de ser una minoría sometida, era una minoría poderosa que no
representaba en sí a la a la mayoría de la humanidad desposeída y relegada, era
más bien “una franja muy estrecha de la población del mundo, el segmento menos
acomodado del sector ‘modernista’ de la economía-mundo tal como estaba
estructurada digamos entre 1750 y 1950. (…) las clases trabajadoras urbanizadas
calificadas y semicalificadas, las intelligentsias del mundo y los grupos más
calificados y educados de las áreas rurales donde el funcionamiento de la
economía-mundo capitalista era más inmediatamente visible. En conjunto era un
número significativo, pero estaban lejos de ser la mayoría de la población del
mundo…una minoría oprimida, pero de todos modos una minoría numérica de la
población…que hablaba un lenguaje universalista pero practicaba una política
particularista”19.

Esos han sido quienes nos han representado hasta ahora, o más bien, quienes nos
han dicho que nos representaban, pero cabe preguntarse si es que verdaderamente
se han ido del escenario político, a lo que tenemos que decir que no, siguen
batallando aún por ocupar el espacio de los que quieren encabezar la lucha por
un nuevo sistema pese a la endeblez y flojedad histórica que han mantenido en el
pasado.

Aunque hay que tener en cuenta las limitantes objetivas de carácter sistémico a
las que se ven sometidos en cada época y lugar los movimientos antisistémicos,
que constriñen sus aspiraciones y metas, éstos nunca pueden perder de vista “que
la más poderosa de las fuerzas objetivas de la civilización humana es la propia
subjetividad. A fin de cuentas, desde una óptica revolucionaria, lo objetivo no
es otra cosa que lo objetivado, las fuerzas activas de los seres humanos
transformadas en objetividad…Las leyes de la economía capitalista ponen límite
como posibilidad al movimiento del capital. La realidad de este límite es la
acción organizada de la voluntad revolucionaria”20.

Sirvan solo tres ejemplos para demostrar a todos los que se esfuerzan por
transformar el sistema-mundo capitalista en otro tipo de sociedad más justa que
la actual, que la pelea por ese nuevo mundo empieza también, si queremos tener
éxito, por desplazar a esos grupos que presumiblemente nos representan, pero que
en realidad no están por transformar el sistema sino por adecuarse a él.

En todos ellos se constatará como fuerzas políticas aparentemente antagónicas
cuyos intereses y objetivos resultarían en la práctica irreconciliables,
comparten los mismos principios y utilizan el mismo lenguaje, casi similar, con
una identidad de conceptos que más que asombrar sorprende ante tantas
coincidencias, y que refleja que la lucha de las fuerzas antisistémicas contra
el apaciguamiento que preconiza la geocultura del liberalismo no sólo persiste,
sino que hay que vencerla si en realidad aspiramos a transformar y no reformar
el capitalismo.

El primer ejemplo tiene que ver con la reacción que provoca el intento
independentista de Cataluña. Entrevistado en Radio Nacional de España el
ministro de defensa español Pedro Morenés, sobre qué papel podrían tener las
Fuerzas Armadas Españolas en caso de una declaración unilateral de independencia
en Cataluña, el halcón peninsular, representante de lo más reaccionario y
conservador de la derecha neofranquista española respondía al periodista Alfredo
Menéndez:

“Si todo el mundo cumple con su deber le aseguro que no hará falta ningún tipo
de actuación como la que usted está planteando”21.

¿Qué reacción ha tenido antes estas amenazantes palabras la izquierda catalana
en boca de Lluís Rabell, candidato de Catalunya Sí que es Pot a las elecciones
catalanas del 27 de septiembre de 2015?

“Si en Catalunya la gente sencilla y trabajadora hace lo que tiene que hacer, no
hará falta que Morenés abra la boca”22.

¿Puede encontrarse mayor similitud entre dos declaraciones como estas del
ministro de la guerra español y el representante de los sectores populares en
Cataluña, respecto a qué tendría que suceder, qué es lo que no tendría que hacer
el pueblo catalán para no ver sobre las calles de Barcelona, Gerona, Lérida y
Tarragona los tanques españoles?

A esto hay que agregar que el 3 de septiembre de 2015 en entrevista para la
Cadena Ser (uno de los medios de comunicación del grupo Prisa), Pablo Iglesias,
presumiblemente la figura de la izquierda española de mayor perfil
antisistémico, expresaba en relación al separatismo catalán algo que emula los
pronunciamientos de los más destacados paladines del liberalismo de todos los
tiempos:

“No creo que Mas cumpla sus amenazas [declarar unilateralmente la independencia
de Cataluña] pero el derecho a decidir [la voluntad democrática del pueblo
catalán de elegir si se independiza de España o no] es fundamental”23.

¿Habrá alguna declaración más incoherente , discordante y contradictoria que
ésta?

El otro ejemplo de la resistencia del liberalismo a abandonar el terreno
político en todas partes, tiene que ver con unos pronunciamientos del Sr. Marino
Murillo el 15 de julio de 2015 en las sesiones del parlamento cubano, allí el ex
militar que dirige la reforma económica en Cuba dijo:

“Si la productividad del trabajo no crece, no se puede pagar [más] salario. Si
no hay respaldo productivo no se puede pagar [más], si se reparte salario sin
respaldo productivo prepárense para la subida de los precios. Si no se crea la
riqueza no se puede pagar más.

(…) Las empresas tienen la costumbre de que cuando están con pérdidas, se viran
al estado para que le dé el dinero, se acabó, solo se da en casos muy
excepcionales.

Las empresas con pérdidas a veces se unen y si son dos con deudas, donde quiere
que vayan tendrán sus deudas. Hay que producir con eficiencia, no hay otro modo
de proteger la economía ”24.

Si no se dijera que estas palabras fueron dichas por alguien que es miembro del
Buró Político de un partido comunista, ¿cabría alguna duda que salieron de la
boca de un competente y entendido capitalista que procura la máxima rentabilidad
y eficiencia para su empresa y sabe cómo conseguirla?, ¿cuántas veces a lo largo
de 500 años de existencia del sistema-mundo capitalista los trabajadores que han
recibido un salario por el pago de una parte de su trabajo, han escuchado de la
boca de su capitalista, razonamientos análogos a los que en la Asamblea Nacional
del Poder Popular de Cuba, el ejecutor de la reforma económica cubana ha lanzado
como mensaje a toda la clase obrera y trabajadora de la mayor de las Antillas?.

No es que el Sr. Marino Murillo no esté diciendo la verdad (algunas son como
puños, no se puede distribuir más valor de lo que se produce, por ejemplo); lo
criticable y repudiable desde el punto de vista antisistémico, de todos aquellos
que no están por la reforma sino por la transformación del capitalismo, es que
se engañe a la población (algo tan característico de la geocultura liberal) y
que un proceso de inserción completa y total a la economía capitalista mundial,
como el que ocurre actualmente en Cuba (pero que ya lo hemos visto en China y
Viet Nam), que exige eficiencia en todos sus eslabones, sea presentado y se
venda como un proceso de “actualización del modelo socialista”, eso es lo que la
“perspectiva de sistemas-mundo” jamás va aceptar.

El tercer y último ejemplo atañe a Brasil, un país subimperialista que ha estado
gobernado los últimos 13 años por gobiernos de izquierda. En un encuentro ante
labriegos y líderes del Movimiento de los Sin Tierra, defendiendo el programa de
ajuste fiscal como única alternativa de superar la crisis, sin salir de los
marcos capitalistas, la última presidenta de estos gobiernos Sra. Dilma
Rousseff, dijo las siguientes palabras:

“Si aprobamos el ajuste, superaremos (la crisis) a corto plazo. Ajustar forma
parte de la vida. Todos lo hacen. No lo estamos haciendo porque nos gusta, sino
porque el país tiene que seguir creciendo, generando empleo y realizando
políticas sociales”25.

¿No ha sido éste siempre el leitmotiv de la geocultura liberal que ha dominado
desde hace más de 200 años el sistema-mundo capitalista: nunca desanimar a las
masas, prohibido crear estados de exasperación , jamás crear situaciones
inquietantes en el pueblo que pueda ocasionarle desasosiego y sobre todo
infundir esperanza y optimismo en el futuro?

¿No dijo esto mismo el Sr. José Luis Rodríguez Zapatero cuando en mayo de 2010
fue obligado por los poderes europeos y mundiales a iniciar una serie de
recortes en España?.

¿No ha repetido el mismo razonamiento en los últimos cuatro años, el gobierno
derechista y conservador de Mariano Rajoy para justificar su política económica
restrictiva con trabajadores, estudiantes, discapacitados y dependientes, pero
displicente y benévolo con corruptos, defraudadores y el gran capital?.

¿No es éste otro ejemplo de que en el sistema-mundo moderno independientemente
de la ideología que se profese, cada vez que se han tomado las riendas del
poder, la prioridad ha sido la misma desde hace cinco siglos: privilegiar por
encima de todo y de todos la incesante acumulación de capital?

Los obnubilados representantes de la vieja izquierda latinoamericana (y de la
nueva izquierda envejecida tras llegar al poder) se hicieron ilusiones con el
ciclo revolucionario que se abrió en Latinoamérica tras la llegada al poder de
Hugo Chávez en Venezuela el 2 de febrero de 1999, hoy todo ello no parece más
que un espejismo y es que como dice el profesor Carlos Antonio Aguirre Rojas en
su último libro “Antimanual del Buen Rebelde” “los movimientos en contra del
capitalismo no pueden simplemente apoderarse del Estado tal y como lo heredan de
la sociedad burguesa y servirse de él como un instrumento para cumplir sus
propios fines, que son anticapitalistas”. Los gobiernos de Hugo Chávez, ahora de
Nicolás Maduro, en Venezuela; Rafael Correa, en Ecuador; Evo Morales, en
Bolivia; Luiz Inácio Lula da Silva, en Brasil; Néstor y Cristina Kirchner, en
Argentina; Mujica y Vázquez, en Uruguay; Daniel Ortega, en Nicaragua; Mauricio
Funes y Sánchez Cerén, en El Salvador; y los derrocados Manuel Celaya en
Honduras y Fernando Lugo en Paraguay hicieron exactamente lo contrario de lo
recomendado por Marx: “Se apoderaron del viejo Estado burgués y sin hacerle
grandes modificaciones tratan de llevar a cabo un supuesto cambio social y,
evidentemente, fracasan… Frente al neoliberalismo destructivo y salvaje,
desarrollan un neoliberalismo moderado, parchando con un gasto social mayor. Es
preferible esto a lo primero –sin duda– pero no es por lo que están luchando los
movimientos radicales anticapitalistas”26.

Vivimos un período excepcional en la vida del sistema-mundo
capitalista/”moderno”, un momento que solo se vive una vez en el desarrollo de
los sistemas, que es cuando el mismo entra en crisis estructural, por añadidura
irreversible; este proceso se produce cuando los sistemas son incapaces de
generar mecanismos que logren restablecer el equilibrio perdido por la acción de
las normales y naturales contradicciones que lo van erosionando, ingresando
entonces en una situación de caos y bifurcación histórica. En esta etapa, en el
sistema dejan de regir las leyes del determinismo histórico y comienza a
funcionar el libre albedrío. Es en éste momento que pequeñas acciones (por muy
insignificantes que parezcan) son capaces de producir grandes cambios (“conforme
aumenta la profundidad de la acción histórica, aumenta el volumen de la masa
cuya acción es”, decía Marx), al contrario de cuando los sistemas funcionan
normalmente, en que aún las grandes fluctuaciones, que se realizan en su seno,
originan efectos relativamente escasos. Por eso, el mensaje para navegantes de
la vieja y nueva izquierda liberal reformista, el momento no es reformista sino
revolucionario, no es de administrar las contradicciones del sistema para
solucionarlas, sino de aprovechar las mismas para derrocarlo, transformándolo en
un sistema no polarizado, incluyente y democrático, donde la primera ley sea que
ningún ser humano pueda apropiarse del trabajo de los demás. En esa batalla, la
“perspectiva de sistemas-mundo” de Immanuel Wallerstein estará al lado de los
antisistemas del mundo como una imprescindible y necesaria teoría.




Notas

* Carta del Che del 20 de febrero de 1964 en respuesta a una que le envió
desde Marruecos la Sra. María Rosario Guevara, en la cual le preguntaba que
podía ser parienta suya.

1. Wallerstein, Immanuel. “El análisis de los sistemas-mundo”. Capítulo VIII del
libro “Capitalismo histórico y movimientos antisistémicos. Un análisis de
sistemas-mundo”. Ediciones Akal. Madrid. España.2004. pág. 134.

2. Para una caracterización de los mismos, los límites que definían su tamaño y
extensión, y la lógica que guía la distribución de los bienes producidos ver “El
análisis de los sistemas-mundo” Capítulo VIII del Libro “Capitalismo histórico y
movimientos antisistémicos. Un análisis de sistemas-mundo”. Editorial Akal.
2004. Pág 142-143. Apareció por primera vez en 1987. La importancia de este
artículo y su didáctica es tal, que el propio Wallerstein consideraba que “era
lo más claro que he escrito que he escrito al respecto” Pág 134.

3. Wallerstein, Immanuel. El análisis de los sistemas-mundo” Capítulo VIII del
Libro “Capitalismo histórico y movimientos antisistémicos. Un análisis de
sistemas-mundo” Pág 143.

4. Wallerstein, Immanuel. “El capitalismo ¿Qué es? Un problemas de
conceptualización”. Universidad Nacional Autónoma de México. 1999. (subrayados
nuestros).

5. “El índice de crecimiento de la URSS en los años cincuenta era más alto que
el de cualquier país occidental”. Hobsbawm, Eric. Historia del Siglo XX.
Capítulo IX. Los años dorados. Editorial Crítica. 2009. Barcelona. Pág. 262

6. Wallerstein, Immanuel. “Utopística o las opciones históricas del siglo XXI”.
Capítulo 1. ¿El fracaso de los sueños, o el paraíso perdido?. Versión revisada
de las conferencias Sir Douglas Robb impartidas en la Universidad de Auckland,
Nueva Zelanda, los días 16, 22 y 23 de octubre de 1997.

7. Jappe, Anselm. “Crédito a Muerte. La descomposición del capitalismo y sus
críticos”. Editorial Pepitas de Calabaza. 2011. Pág. 17.

8. Rojas Ferro, Diosdado. “A los decrecentistas y ecologistas: ni decrecimiento
ni ecologismo, el capitalismo es el que es, el capitalismo realmente existente”.
Disponible en
http://laguarura-impresa.blogspot.com.es/2013/10/a-los-decrecentistas-y-ecologistas-ni.htmld
Decio Machado compara en un ejemplo lo que China, la locomotora capitalista
mundial por excelencia en la actualidad, necesitaba deglutir en 1998 y 2011 para
sostener tasas de crecimiento del 10 %, hecho que demuestra el agotamiento
estructural de la economía-mundo capitalista. “Cuanto más rico es un país, más
duro es el reto de crecer y es posible que en el marco del capitalismo global,
hasta haya demasiados países grandes para hacerlo. En 1998 China, para que su
economía de un billón de dólares creciera en un 10%, tuvo que expandir sus
actividades económicas en 100.000 millones de dólares y consumir sólo el 10% de
las materias primas industriales mundiales. Ya en 2011, para que su economía de
seis billones de dólares creciera igual de rápido, necesitó expandirse en
600.000 millones de dólares al año y absorber más del 30% de la producción
global de materias primas. Evidentemente China ahora está sufriendo el problema
de insostenibilidad en su modelo de crecimiento económico”
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=203069

9. Wallerstein, Immanuel. “¿Estados? ¿Soberanía?. Los dilemas de los
capitalistas en una época de transición" . Capítulo 4 del libro Conocer el
mundo, saber el mundo: el fin de lo aprendido. Una ciencia social para el siglo
XXI.

10. Ibídem.

11. Ibídem.

12. Tal es así, que las llamadas cadenas de mercancías al atravesar en su largo
recorrido, rumbo a su destino final varios estados nacionales, oscurecen la
realidad y las causas de la polarización aguda de la distribución, que es la
consecuencia de la acumulación interminable de capital, situando al Estado
nacional en el sistema-mundo moderno en “la forma más efectiva de minimizar la
oposición política” al contribuir de manera fundamental a lograr “la opacidad de
la distribución del plusvalor en una cadena de mercancías larga”.

13. “Desarrollo: ¿cinosura o ilusión?”. Capítulo 7 del Libro “Impensar las
Ciencias Sociales”.

14. Ibídem.

15. Wallerstein, Immanuel. “Las insuperables contradicciones del liberalismo:
los derechos humanos y los derechos de los pueblos en la geocultura del sistema
mundial moderno”. Capítulo 8 del libro “Después del Liberalismo”. Editorial
Siglo XXI. Sexta reimpresión 2011. Pág 149-152.

16. Ibídem.

17. Ibídem.

18. Wallerstein, Immanuel. “Las agonías del liberalismo”. Capítulo 14 del libro
“Después del Liberalismo”. Editorial Siglo XXI. Sexta reimpresión 2011. Pág 263.

19. Wallerstein, Immanuel. Las agonías del liberalismo. ¿Qué esperar del
progreso?. Capítulo 14 del libro “Después del Liberalismo”. Pág. 263-264.

20. Zardoya Loureda, Rubén. Nuestro Gramsci. Contribución al estudio crítico del
capitalismo contemporáneo. Revista Cuba Socialista 17. Pág 27.

21. Morenés dice que 'si todo el mundo cumple con su deber no hará falta ninguna
actuación' del Ejército en Cataluña. Periódico español El Mundo 8 septiembre
2015. Disponible en:
http://www.elmundo.es/espana/2015/09/08/55eed72a46163f68368b458d.html

22. Críticas a las 'amenazas' de Morenés. Periódico español El Mundo 8
septiembre 2015. Disponible en
http://www.elmundo.es/espana/2015/09/08/55eee7d746163f4d368b4580.html

23. Pablo Iglesias duda de que Mas cumpla sus "amenazas"
http://www.lavanguardia.com/politica/20150903/54436213648/pablo-iglesias-duda-artur-mas-cumpla-amenazas-elecciones-catalanas.htmli


En este aspecto es bueno destacar que ha existido históricamente una visión
conjunta y una unidad monolítica, entre las fuerzas conservadoras y progresistas
españolas, a la hora de hacer un frente común, en post de la conservación de la
integridad territorial de lo que han considerado la nación española, (ayer, como
imperio colonial y hoy, como estado imperialista vestido del ropaje de monarquía
constitucional liberal burguesa). A principios de 1873, apareció en Madrid un
folleto, publicado por José Martí (luchador anticolonialista cubano), a razón de
constituirse la República Española, la cual, desde un principio, dejó claro su
postura anti-independentista ante los guerrilleros cubanos que participaban en
la guerra de independencia que había iniciado Carlos Manuel de Céspedes en 1868,
y que los cubanos bautizarían como la Guerra de los Diez Años. En el bello
escrito, el también considerado héroe nacional cubano, preguntaba en un ensayo
lleno, de preguntas a los republicanos peninsulares: “Y si Cuba proclama su
independencia por el mismo derecho que se proclama la República, ¿cómo ha de
negar la República a Cuba su derecho de ser libre, que es el mismo que ella usó
para serlo? ¿Cómo ha de negarse a sí misma la República?”. Martí Pérez, José.
“La República española ante la Revolución cubana”. Disponible en
http://www.damisela.com/literatura/pais/cuba/autores/marti/espanola/index.htm

24. Marino Murillo: Creció la economía cubana 4,7 % en el Primer Semestre.
http://www.cubadebate.cu/noticias/2015/07/15/marino-murillo-crecio-la-economia-cubana-47-por-ciento-en-el-primer-semestre/#.VfvVXnnou1sr


25. “Temporal, crisis en Brasil: Rousseff”.
http://www.jornada.unam.mx/2015/03/21/mundo/025n5mun

26. Aguirre Rojas, Carlos Antonio. “Antimanual del Buen Rebelde”.



Rebelión ha publicado este artículo con el permiso del autor mediante una
licencia de Creative Commons, respetando su libertad para publicarlo en otras
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24/9/2015

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

"No creíamos que íbamos a durar tanto tiempo"




Mario Hernandez

Rebelión

“Acompañados por más de 600 compañeros y compañeras... celebramos 14 años de
lucha, de solidaridad y resistencia.

Con adhesiones y presencias de Nuevo Encuentro, Patria Grande, Movimiento Evita,
Partido Comunista, Partido Socialista, Partido de Trabajadores Socialistas, Liga
Socialista Revolucionaria, Franja Morada/Juventud Radical 30 de Octubre,
Peronismo Descamisado, Partido Socialista de los Trabajadores Unificado...

Recibiendo además, el saludo de Pablo Llonto, Beto Pianelli (subte), Claudio
Marín (telefónicos) TEL (Taller de Estudios Laborales) Ricardo Antúnez desde
Brasil, Mario Hernández, Vicente Zito Lema, Comisión Interna de Praxair, Adrián
Abonizio, el cineasta Mario Piazza, Agrupación Resistencia Docente en AMSAFE,
AMSAFE Santa Fe, la COAD, la Mesa de Encuentro Barrial, el FOL, la agrupación
Mate Cocido, el Movimiento Nacional Reformista y la CTA de los Trabajadores.

Contamos también con la presencia de las nuevas autoridades de CEPETEL (CTA), de
los delegados de AOTA (Obreros del Transporte), delegados y trabajadores de
supermercados, los luchadores de los Supermercados Lorena EKI, trabajadores
estatales, docentes, ferroviarios, delegados del Sindicato de Prensa así como
del Diputado Gerardo Rico, Lucía Pont (Movimiento Evita), la concejala Marina
Magnani, Gloria Rodríguez (COAD) y los saludos de Marcos Cleri (FPV) y Octavio
Crivaro (FIT).

En ese marco de solidaridad y movilización popular, las casi 30 organizaciones
que habitamos LA TOMA fortaleciendo la resistencia contra la amenaza de desalojo
de parte de las patronales y el Poder Judicial, realizamos nuestro acto
conmemorativo de 14 años de lucha.

Luego del acto, artistas populares y solidarios animaron con sus expresiones a
la nutrida concurrencia que con su masiva presencia nos fortalece para seguir
adelante con esta lucha por muchos años más, impulsando más solidaridad, más
movilización y más utilización pública de parte de los sectores populares del
establecimiento en manos obreras. Un fraternal saludo proletario”. Carlos
Ghioldi


-M.H.: Carlos Ghioldi en primer lugar felicitarte y a través tuyo a los
compañeros de La Toma porque el sábado 12 van a estar conmemorando 14 años. ¿Qué
significan?

-C.G.: Es una lucha muy dura, hay que recordar aunque parezca mentira, que
estamos avalados por el poder político, el Poder Legislativo sancionó dos leyes
expropiando, pero el Poder Judicial, junto con la Cámara de Supermercados, las
patronales del sector mercantil, no reconocen esas leyes y nos mantienen la
orden de desalojo, con lo cual hace 14 años que estamos en pie de lucha en un
proceso de movilización que debe ser permanente, pero que a su vez nos obliga a
adoptar tácticas específicas porque no podemos hacer marchas todos los días,
porque sería un desgaste total. Además, tampoco podemos estar esperando el
momento que ese desalojo se efectivice, sino que la única forma de resistencia
es que el lugar se transforme en un lugar de propiedad colectiva en el cual las
organizaciones populares, no solo se lo prestemos, sino que se incorporen, se
hagan parte del lugar y se sumen a esa lucha de resistencia cuyo centro es la
actividad permanente, el ingreso de más organizaciones y la mayor vinculación a
los procesos de los trabajadores; esto conjuntamente con tratar de gestionar lo
mejor posible las actividades productivas que se desarrollen. No creíamos que
íbamos a durar tanto en este proceso.

-M.H.: Incorporando inclusive nuevas actividades, hace unos meses me enteré de
que se había concretado un viejo proyecto de La Toma que tiene que ver con la
distribución de alimentos.

-C.G.: Fue importante porque desde la Comisión Gremial, ante los procesos de
remarcación tan feroces que se hicieron durante febrero de 2014 y que
coincidieron en Latinoamérica con un proceso de escalada de remarcación de
artículos de primera necesidad de los sectores populares, nosotros propusimos
que en las paritarias se discutiera la escala móvil de salarios, el control de
los márgenes de ganancia empresaria y que se abriera esta experiencia.

La tercer propuesta que hicimos fue que el proceso de distribución directa de
los productores, los programas que se hacían desde el Mercado Central de Buenos
Aires, se trasladaran al resto de las ciudades a partir de una estructura de
comercialización sin la intermediación ni la remarcación que hacen las grandes
empresas oligopólicas que tienen el control de la distribución de alimentos.
Entonces, esa propuesta que fuimos haciendo, que nos llevó muchas discusiones,
muchas veces fue frenada, ferozmente puesta en contra a partir del lobby y la
presión de las cadenas oligopólicas de distribución de alimentos que tienen en
Rosario, pero finalmente en agosto de este año se abrió el mercado popular con
productos de verdulería, panificación, pastas frescas y dietéticos, más algunos
productos vitivinícolas.

Toda esta parte se pone en funcionamiento en un espacio cedido por La Toma,
dentro del predio, a partir de ahí se demuestra que se puede destrabar, vender
muy baratos una serie de productos directamente de los productores.

Esto ha generado un impacto muy grande porque el lugar se ha dinamizado mucho,
los compañeros de la Coordinadora de Trabajadores de Economía Popular que han
sido los que impulsaron esto, junto con el programa oficial del Mercado Popular
para Todos, se ha logrado un espacio que ha influido bastante en algunas
prácticas abusivas en la zona cercana a donde está La Toma.

Esto es importante para nosotros pero también nos obligó a resistir con mayor
fuerza y a movilizarnos con mayor profundidad, porque hay enemigos enojados con
todo esto. Junto a esto surgió un fenómeno, a partir del ingreso a la Central de
Trabajadores de los Argentinos (CTA-T) y presentarse el Centro de Estudios
Legales y Sociales (CELS) en las causas penales que teníamos, salimos
sobreseídos en la causa del caso ATILRA, más allá de que se ha presentado un
actor civil que pide la reapertura en mi contra, todavía los jueces no se han
pronunciado, pero desde marzo estamos sobreseídos.

Estas son dos cuestiones que significan un gran paso adelante pero que a
nosotros nos alerta mucho más y nos pone en guardia, porque hemos aprendido que
cuantas más organizaciones populares se incorporan y más pasos adelante damos
hay que prepararse para resistir porque la reacción de los sectores
empresariales suele ser bastante despiadada.

-M.H.: ¿Cómo van a festejar los 14 años?

-C.G.: Va a ser un acto popular, con una serie de números artísticos y un bufet
para los compañeros que se acerquen. Hay 32 organizaciones en este momento en La
Toma, de ellas 10 o 12 son productivas de alimentos, así que mucha de la
producción que hacen es la que se va a poner en venta ese día. A la vez hay dos
cooperativas artísticas y culturales que son las que van a organizar las
actividades junto con la Asociación de Actores.

Lo más importante para nosotros es seguir en este proceso de lucha, en la
orientación que hace 14 años sostenemos que es: el espacio al servicio de las
organizaciones populares, el espacio compartido con todos los sectores
populares, al servicio de las causas de los trabajadores y las trabajadoras
ligados a las luchas de los demás sectores de trabajadores. La gestión lo más
eficiente posible sin perder la impronta asamblearia en la cual nos fundamos,
pero en un plano donde lo más importante es la movilización, la lucha y la
gestión en un segundo plano.


Rebelión ha publicado este artículo con el permiso del autor mediante una
licencia de Creative Commons, respetando su libertad para publicarlo en otras
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23/9/2015

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A esquerda europeia representada pelos partidos reformistas e revisionistas está acabada




Escrito por Achille Lollo, de Roma para o Correio da
Cidadania



A crise sistêmica ocasionou nos países da União Europeia
situações econômicas anacrônicas e paradoxais do ponto de
vista político, ao ponto que muitos partidos da chamada
esquerda europeia e afiliados à Internacional Socialista,
depois de terem se deslumbrado com as salas do Poder, se
comportam da mesma forma que os partidos de direita ou de
centro-direita. É sobre esso e muitos outros aspectos que
entrevistamos Luciano Vasapollo, economista e professor da
Universidade La Sapienza, em Roma, em entrevista que será
apresentada em duas partes.



“Acredito que, apesar de algumas exceções, que não escapam de
algumas críticas, a chamada esquerda europeia representada
pelos partidos reformistas e revisionistas está praticamente
acabada. Trata-se de uma esquerda que campeou as ideias do
eurocomunismo para depois aceitar a lógica do eurocentrismo,
que é uma opção totalmente em antítese com tudo o que a
esquerda representou no passado. De fato, o eurocentrismo,
mesmo se praticado por quem se diz de esquerda, é sempre um
instrumento do neocolonialismo”, analisa.



Em sua explicação, as reformas estruturais apresentadas nas
campanhas eleitorais pelos partidos da direita e os da
esquerda, como instrumento para favorecer o crescimento, na
realidade se tornam o álibi perfeito para novas privatizações,
maiores cortes aos serviços públicos, programas de
austeridade, ataques ao mundo do trabalho para legitimar as
“resoluções objetivas” das excelências da burguesia
transnacional europeia e oficializar as políticas antissociais
da Troika (BCE, FMI, Comissão Europeia).



Uma situação que, dia após dia, aprofunda nos países da União
Europeia a fossa entre os partidos da chamada esquerda e os
movimentos sociais e sindicais conflitantes e
anticapitalistas, como descreve Vasapollo, também diretor do
CESTES (Centro de Estudos da União dos Sindicatos de Base) e
das revistas “Proteo” e “Nuestra América”.



Confira, a seguir, a primeira parte da conversa com Luciano
Vasapollo.







Correio da Cidadania: Por qual motivo as novas formas de
organização e inclusive os comportamentos políticos dos
movimentos sociais, estudantis, territoriais e ambientais se
situam cada vez mais longe dos partidos tradicionais da
esquerda?






Luciano Vasapollo: Hoje, estamos assistindo ao definitivo
fechamento de um ciclo político que foi dominado pelos
partidos da esquerda reformista e que nesse tempo têm operado
uma longa e complexa revisão teórica e política, ao ponto de
abandonarem qualquer perspectiva de classe, para depois se
tornarem os partidos que não só defendem o poder, mas que o
administram.



Os exemplos clássicos desses partidos que se dizem de
esquerda, apesar de legitimarem o poder da burguesia
transnacional, a repressão social, as guerras expansionistas,
a especulação dos banqueiros, e que subscreveram os programas
liberais do FMI, do BCE e da Comissão Europeia, são
representados pelo PS francês (Partido Socialista) de François
Hollande, a SPD alemã (Socialdemocracia), fiel aliada de
Angela Merkel, e o PD italiano (Partido Democrático) de Matteo
Renzi.



Acredito que, apesar de algumas exceções, que não escapam de
algumas críticas, a chamada esquerda europeia representada
pelos partidos reformistas e revisionistas está praticamente
acabada. Trata-se de uma esquerda que campeou as ideias do
eurocomunismo para depois aceitar a lógica do eurocentrismo,
que é uma opção totalmente em antítese com tudo o que a
esquerda representou no passado.



De fato, o eurocentrismo, mesmo se praticado por quem se diz
de esquerda, é sempre um instrumento do neocolonialismo, com o
qual se pretende impor os tempos e as fórmulas da política
imperialista e, portanto, fazer com que os comportamentos e os
objetivos da esquerda da América Latina, africana e asiática
sejam compatíveis com as políticas do neoliberalismo e os
programas da Troika.



Correio da Cidadania: O partido Democrático de Matteo Renzi,
como o de D’Alema, são filhos legítimos ou ilegítimos do
Partido Comunista Italiano (PCI) de Enrico Berlinguer?






Luciano Vasapollo: Devemos admitir que o Partido Comunista
Italiano, mesmo não concordando com as políticas reformistas
que ele abraçou na década de 50, foi um partido com uma longa
história política de resistências revolucionárias e uma grande
tradição de lutas, que permitiram a afirmação dos conceitos
classistas nas atividades das estruturas de massa do partido
e, também, naquelas do sindicato. Por isso, após a evolução
histórica do PCI aconteceu um processo de decadência política,
sobretudo teórica, que começou muito antes do eurocomunismo.
Lembro perfeitamente que a chamada esquerda “extraparlamentar”
nasceu no fim dos anos 60 não só para se contrapor ao
"poder-poderoso” das Democracia Cristã, mas para reafirmar nas
praças, nos bairros, nas universidades e nas fábricas as
características do antifascismo do movimento popular.



Na realidade, essa nova esquerda, antagônica e alternativa,
nasceu, também, para exercer a crítica, rigorosa e às vezes
implacável, à prática revisionista do reformismo do PCI, para
depois criar uma nova área política revolucionária e, antes de
tudo, classista. De fato, a prática revisionista do reformismo
do PCI aumentou em volume, em particular quando Enrico
Berlinguer e depois Achille Occhetto foram secretários do
partido. Com eles, o conjunto das instituições burguesas se
tornou “politicamente aceitável se as mesmas abrissem as
portas do poder ao PCI”.



Uma lógica que, em seguida, foi aplicada cientificamente para
que as portas do poder se abrissem para Romano Prodi, Massimo
D’Alema, Giorgio Napolitano, Enrico Letta e por último Matteo
Renzi. Hoje, muitos lembram com saudade de Berlinguer, por
causa das maneiras abusadas e arrogantes de Renzi, porém, os
mesmos não admitem que o PD de Renzi, tal como o de D’Alema ou
de Prodi, enquanto partido de poder, interagiu com as
multinacionais e gerenciou os interesses da Troika. Por isso o
DS (Democratas de Esquerda) e o PD (Partido Democrático) são
um produto histórico da continuidade do reformismo político
que ficou acentuado com Berlinguer.



Correio da Cidadania: Se na Itália o PD virou um instrumento
político do sistema capaz de garantir o controle social, qual
é a situação no resto da Europa?






Luciano Vasapollo: O que aconteceu na Itália, em geral, se
repetiu em todo o mundo e não só na Europa. É suficiente
lembrar o que aconteceu ao Partido Comunista Francês, bem como
ao espanhol, que ao enfileirarem-se no eurocomunismo assinaram
a própria autodestruição, inclusive por que já haviam
renunciado a ser um partido de classe revolucionário. Haviam
abdicado da estratégia da ruptura revolucionária. Enfim,
haviam decidido ficar longe do conceito “revolução”, para
poderem mostrar formalmente sua renúncia à tomada do poder e,
consequentemente, se tornarem compatíveis com as instituições
do sistema capitalista. Pois, como falou Fidel Castro, “a
revolução é o sentido do momento histórico”.



Hoje, no momento histórico, nesse contexto internacional onde
as relações de força são desfavoráveis não só pelos
comunistas, pelos revolucionários, mas também pelo movimento
internacional dos trabalhadores, nós falamos de socialismo
possível e do que é realmente possível fazer em termos de
transição ao socialismo, aqui e agora. Eles, os
ex-socialdemocratas que agora se tornaram neoconservadores e
falsos progressistas de esquerda, falam de políticas de
austeridade, de programas neoliberais cada vez mais
antiproletários e antioperários.



É verdade que no passado houve numerosos momentos históricos
de ruptura, com a realização de revoluções socialistas e
outras que depois foram derrotadas. Porém, hoje as condições
são diferentes e estou convencido de que neste momento estamos
passando pela fase da reconstrução de uma nova esquerda
europeia anticapitalista e revolucionaria, porque a esquerda
tradicional ficou esgotada, visto que há muito tempo se recusa
até a debater o modo de produção capitalista.



Consequentemente, essa esquerda não tem mais perspectivas
políticas e, antes de tudo, não tem mais uma estratégia
revolucionária e não quer uma mudança estrutural, nem em
termos reformistas e tampouco nos moldes da socialdemocracia.





----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------



Hoje, a Federação Sindical Mundial (FSM) representa o nível
mais alto do conflito sindical e social, que cresce no âmbito
mundial. Na Itália, a USB (União dos Sindicatos de Base) é a
única confederação sindical filiada à FSM, que exerce um
importante papel político e social com o objetivo de manter em
vida as problemáticas da luta de classe. Ao mesmo tempo, temos
os movimentos sociais conflitantes que desempenham um papel
político cada vez mais definido ao propor uma ruptura
anticapitalista, anti-União Europeia e anti-Euro, e que ganhou
a simpatia e um consenso popular sem precedentes, sobretudo na
Grécia, na Espanha e na Itália. Um consenso que também nos
outros países da União Europeia começou a se afirmar.






Este acontecimento nos obriga a fazer uma profunda reflexão
sobre os novos comportamentos de classe e sobre os novos
sujeitos políticos que intervêm nas lutas anticapitalistas.
Praticamente, isso indica que existe um outro mundo de
explorados e de potenciais lutadores sociais que precisa ser
organizado, do momento que não se reconhecem mais os partidos
tradicionais da esquerda, não só porque eles estão todos no
governo, mas por que aqueles partidos não são mais de
esquerda, ou seja, representam os interesses das classes
patronais.



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Correio da Cidadania: Nesse mundo de crises globalizadas os
novos grupos sociais se recusam de interagir ou de
subordinar-se aos partidos tradicionais da esquerda
reformista. Esse fato pode prefaciar, inclusive, a formação de
um novo internacionalismo?






Luciano Vasapollo: Antes de tudo, à frente dessa crise
encontramos a opção estratégica da maioria da esquerda
europeia, que se identificou no chamado social-liberalismo
para poder receber o encargo de administradora do poder das
burguesias transnacionais e defensora do sistema capitalista.
Para esclarecer tal opção, quero lembrar que aqui na Itália
não foi Berlusconi quem assinou o protocolo para impor o Euro.
Foi, primeiro, Romano Prodi com o DS. Depois, foi ratificado
por Massimo d’Alema, após a transformação do DS em PD.



É oportuno lembrar que Prodi, na época fundador do PD,
juntamente a Lionel Jospin, então secretário do PS francês, e
Tony Blair, dono absoluto do New Labour Party naqueles anos,
utilizaram a nefasta legislação da União Europeia para
finalizar suas campanhas eleitorais. De fato, por serem as
forças políticas com maior consenso político, suas lideranças
fizeram de tudo para tornar seus partidos o bloco partidário
mais compatível com o sistema de poder capitalista.



Por isso, os governos ditos de centro-esquerda, que hoje guiam
o destino da nova Europa patronal, exercem uma forte liderança
para contrastar a afirmação política dos novos grupos sociais
e dos movimentos antagônicos, além de reprimirem as lutas
operárias e proletárias.

Depois de ter analisado as questões políticas que determinaram
o surgimento do novo bloco social antissistêmico, no lugar de
falar de internacionalismo comunista, gostaria de falar mais
de internacionalismo de classe e de internacionalismo
proletário.



Por ser marxista de longa data, esse argumento é uma ferida
que permanece aberta, porque hoje a grande maioria dos
partidos comunistas têm posições muitas atrasadas no terreno
político e em nível internacional, no que diz respeito à
interpretação revolucionária do conflito capital-trabalho.



De fato, o posicionamento anticapitalista das novas forças
sociais, dos movimentos de base e dos sindicados classistas,
em termos de análise política e de capacidade de luta, bem
como na lógica de exercer o contrapoder no território, é muito
dinâmico, além de rejeitar as hesitações e a condescendência
de muitos partidos e organismos que continuam a se definir
comunistas.



Por isso, devemos dar muita atenção aos novos acontecimentos
do conflito de classe, visto que em função da crise sistêmica
e por efeito da globalização neoliberal estão surgindo novos
blocos sociais que revelam formas de organização classista com
altos níveis de conflitualidade antiimperialista e
anticapitalista.



Correio da Cidadania: Mas ainda tem sentido falar em classe
operaria?






Luciano Vasapollo: A classe operária não desaparece, mas se
movimenta, ocupa novos territórios juntamente à produção
industrial e sofre os efeitos da divisão internacional do
trabalho nas diferentes áreas geográficas do mundo. É evidente
que a Europa e os Estados Unidos, que ainda são o coração do
capitalismo maduro, na tentativa de compensar a ausência de
altas margens de lucro e, portanto, com vista impedir a queda
da taxa média de lucro, praticam a desindustrialização das
grandes áreas de concentração capitalista e multiplicam a
eficiência do setor terciário e até do chamado quaternário,
subordinando a economia real ao desenvolvimento especulativo
dos serviços financeiros que realizam renda ao invés de
mais-valia.



Desta forma, enfraquecem a economia real material, isto é,
aqueles setores localizados nas periferias das metrópoles onde
a classe operária ainda tem um papel político central. Quando
se fala de operários, na linguagem política tradicional, logo
se entende a força de trabalho da fábrica fordista, que, nos
nossos dias, apesar de sua diversificação no planeta, ainda
reúne um bilhão de trabalhadores, aos quais se devem juntar o
bilhão e meio de camponeses.



Pois são eles que ainda contribuem na extração da mais-valia
no mundo inteiro! Mesmo assim, devemos admitir que no mundo do
trabalho existe um processo de redefinição do bloco social,
que cria amplas faixas de proletariado, cada vez mais
explorado fora do perímetro industrial de tipo fordista, isto
é, uma classe operária num sentido muito vago, que é classe em
termos de trabalho e de exploração capitalista. Temas que os
movimentos de base e os sindicatos antagônicos
anticapitalistas, como, por exemplo, os que prioritariamente
estão afiliados a FSM (Federação Sindical Mundial), estão
avaliando para definir modernos moldes organizativos e,
juntos, enfrentarem as novas formas do conflito
capital-trabalho.



De fato, quem trabalha oito ou dez horas frente aos
computadores dos Call Centers ou dos serviços informáticos
bancários, ou do crédito ou dos serviços das empresas
industriais, é um trabalhador explorado tal como o operário da
FIAT ou da ILVA. Hoje, a imensa diversificação eletrônica,
tecnológica e informática da produção industrial e do setor
terciário avançado criou novas categorias de trabalhadores que
produzem mais-valia absoluta e relativa. Eles são também
trabalhadores superexplorados. Por isso, representam a nova
classe operária.



Correio da Cidadania: Por qual motivo os movimentos contra a
guerra, contra as injustiças sociais se revelam instáveis e,
às vezes, excessivamente espontaneístas e com pouco fôlego,
enquanto os movimentos sindicais conflitantes dão muita
importância à organização e à continuidade das lutas?






Luciano Vasapollo: Nas últimas décadas, surgiram e
desapareceram muitos movimentos sociais, mais ou menos
antagônicos, como por exemplo o NO TAV (movimento contrário à
construção de uma linha para trens de alta velocidade, que
ligaria Turim a Lyon), os dos Bens Comuns, aqueles contra a
guerra etc. etc. Lembro que no início do século os movimentos
contra a globalização tiveram um específico momento de
esplendor com o Fórum Social Mundial de Porto Alegre. Na mesma
onda, mas com uma visão mais organizada e uma atuação
orientada em termos estratégicos, aparece o movimento
internacional organizado no âmbito da nova conflitualidade
sindical, que agrupa organizações que por terem sólidas
estruturas de massa e por estarem fortemente ligadas às
classes trabalhadoras adquiriram uma maior eficácia na
resistência e na projetação de lutas de longa duração.



Na Itália, os novos sindicatos conflitantes convergem na USB
(União dos Sindicatos de Base), que por ser uma confederação
ligada à Federação Sindical Mundial consegue organizar e
sustentar as lutas por muito tempo. Eles são as verdadeiras
organizações sindicais do novo antagonismo anticapitalista,
que por exprimirem o nível máximo do conflito de classe
realizam o cruzamento da velha classe operária e camponesa com
aquelas que hoje são os novos sujeitos sociais do mundo do
trabalho e do não-trabalho, isto é, o desemprego. Ao darem
continuidade e projeção estratégica conseguem definir a
construção da nova organização de classe.



Por esse motivo, os movimentos sociais deveriam tentar definir
uma estratégia para realizar lutas reivindicativas e aceitar a
formação de um horizonte organizado e não espontaneísta ou
situacionista, para assumir formas de luta antiimperialistas,
anticapitalistas e para a superação dessa sociedade, vítima da
exploração do homem sobre o homem e do homem sobre a natureza.





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O Parlamento e a democracia burguesa exercem uma certa
fascinação, sobretudo se alimentada pelo retórico epíteto
“Deputado ou Senador do povo italiano”. Na maior parte dos
casos, a boa vontade e as qualidades morais do parlamentar
devem se dobrar e aceitar as indicações do líder da bancada,
que repete nada menos que as palavras do secretariado do
partido.






Por isso, o Parlamento italiano virou um complemento
subordinado aos compromissos que o grupo dirigente de cada
partido assume com o lobby desta ou doutra multinacional, com
aquele conglomerado financeiro, com aquele grupo bancário, com
aquele jornal ou televisão.






Infelizmente, o Parlamento italiano, desde os tempos de Crispi
e de Giolitti, resultou ser um ótimo instrumento para
manipular a consciência e a inteligência dos italianos e,
também, para condenar qualquer manifestação popular que
denuncie a realidade do desemprego, da imigração, da violência
mafiosa, da pobreza absoluta, da corrução e das ausências do
Estado.



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Correio da Cidadania: Os movimentos deveriam se relacionar com
os partidos que tem assentos no Parlamento ou devem promover
novas formações políticas para desfrutarem os privilégios
políticos do parlamentarismo?



Luciano Vasapollo: Não quero aparecer como um
antiparlamentarista em absoluto, quando afirmo que,
atualmente, nos Parlamentos dos países membros da União
Europeia, com exceção da Grécia e de Portugal, onde a presença
combativa e militante dos partidos comunistas é muito bem
estruturada, não existem grupos políticos que representam os
interesses de classe. Quero, portanto, lembrar que a luta de
classe e a luta para livrar-se do capitalismo utilizam
diferentes instrumentos políticos, inclusive o
parlamentarismo.



Quem deveria representar no Parlamento os interesses das
classes, manifestados com as lutas, se revela um instrumento
de luta válido por ser um alto-falante militante das
conquistas alcançadas com as lutas. Infelizmente, até agora,
não encontrei organizações políticas capacitadas a desempenhar
um papel classista no Parlamento.



Correio da Cidadania: Portanto o cerne do problema é saber se
é possível, e quando factível, ter uma relação com as
instituições?



Luciano Vasapollo: Hoje, na Itália, ainda não existe uma força
política que possa representar as verdadeiras instâncias dos
movimentos sociais e os interesses de classe do movimento dos
trabalhadores. As organizações políticas com uma forte
subjetividade estratégica e amarradas à dimensão social da
luta de classe, como por exemplo a Rede dos Comunistas, nunca
aceitaram trilhar o caminho do Parlamento, não porque eram
sectários ou tinham conotações autorreferenciais. Na
realidade, nunca existiram as condições objetivas e as
subjetivas para pegar esse caminho, mesmo no nível de
coalizão, onde os interesses de classe mantêm um nível
aceitável de coerência.



Portanto, se hoje os movimentos sociais e as organizações
anticapitalistas, juntamente aos grupos comunistas,
conseguissem eleger no Parlamento os representantes de uma
linha de ruptura, capazes de fazer os interesses estratégicos
de classe no âmbito da institucionalidade, ninguém seria
contra. Especialmente se tais representantes tivessem a
competência de relatar no Parlamento a atuação, articulada e
complexa, das diferentes frentes de luta, como há muitos anos
fazem os parlamentares comunistas da Grécia e de Portugal. É
claro que nesse caso iríamos logo aceitar a participação no
pleito eleitoral, convencidos de que assim construiremos uma
representação institucional e revolucionária na mais
estratégica representação política!



O problema é que, atualmente, o Parlamento não é uma caixa de
ressonância institucional que aceita e permite a eleição de
alguém que se faz portador das expressões reais da
potencialidade do conflito social e, portanto, militante da
atualidade das lutas.



O verdadeiro alto-falante dos movimentos de classe é
apresentar-se como sujeito de classe organizado, reconhecido
por ser um sujeito que no interior das fábricas, no seio dos
centros sociais, no âmbito dos movimentos antagônicos e nas
instâncias territoriais, consegue, sempre, realizar um
saudável reformismo estrutural, com o qual se pode alcançar os
objetivos que o povo quer.



Refiro às pequenas conquistas no mundo do trabalho, onde ainda
certos direitos são negados ou os níveis de precariedade são
altíssimos. No território, é viável promover lutas para ter de
volta a construção dos condomínios populares, baixar os
alugueis nas antigas casas populares e resolver as exigências
e as necessidades dos bairros populares. Na sociedade, é
possível pressionar para requerer a taxação dos lucros, fixar
uma renda para todos, que vai além do salário e do trabalho,
do momento que hoje o povo reivindica uma maior distribuição
social da riqueza, com a qual se satisfaçam as necessidades
primárias que aumentaram com a modernização da sociedade.



Correio da Cidadania: Afinal os movimentos sociais podem
dinamizar as lutas para as reformas estruturais e, portanto,
impedir que as mesmas sejam usadas como produtos do marketing
eleitoral?



Luciano Vasapollo: As conquistas obtidas com as reformas
estruturais, que, na realidade, são processos táticos
reivindicativos, tornam possível a construção de formas de
organização de classe, com as quais se reforça, em seguida, a
subjetividade comunista do partido com o trabalho de massa. O
grande problema é de que maneira será possível estruturar em
termos estratégicos a organização de classe.



A solução implica entender o pensamento dos novos sujeitos que
compõem a classe, dando-lhe, em seguida, uma possibilidade de
projeção. Na prática significa voltar e se integrar na classe.
De fato, é necessário entender as aspirações do novo bloco
social, relatar as novas exigências dos trabalhadores, para
depois formular princípios, estruturas e momentos de
organizações de classe, com vistas à construção da organização
comunista de massa. Neste âmbito, por exemplo, poderíamos
transformar as reivindicações sindicais territoriais em
elementos de luta política e, consequentemente, proceder na
construção da organização política no território.



Na prática, é preciso voltar a escutar o que o povo diz, o que
os trabalhadores comentam, conhecer as aspirações dos
explorados, mesmo quando eles se manifestam de uma maneira e
através de uma lógica que podemos considerar atrasada. Será,
enfim, neste contexto que serão definidos os instrumentos
organizativos para continuar e definir novas perspectivas de
luta.



Ao contrário disso tudo, se a reivindicação é monopolizada
para justificar apenas candidaturas eleitorais e se as mesmas
não têm um fim estratégico, mas apenas um oportunismo tático,
é melhor deixar de lado. Continuar a trilhar esse caminho
significa repetir a pior experiência dos partidos da esquerda
europeia, que em um primeiro lugar transformaram a tática em
estratégia, para depois rejeitarem a estratégia classista da
ruptura política e se adaptarem ao status quo do capitalismo.





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As gerações de italianos dos últimos vinte anos, para além da
manipulação midiática (RAI/MEDIASET/La Repubblica), das
iniquidades do consumismo e dos efeitos nefandos do
neoliberalismo, tiveram que engolir a revisão da cultura
política, visto que uma “Inquisição” moderna, logo após a
dissolução da URSS, vetou a publicação dos livros com conteúdo
“excessivamente revolucionário e anticapitalista”.






Por exemplo, l’Unità, o jornal do PCI fundado por Antonio
Gramsci, no ano passado foi vendido a um grupo de investidores
e hoje é o porta-voz oficioso da tendência majoritária do PD,
liderada pelo primeiro-ministro, Matteo Renzi. A editora
Riuniti, com sua histórica livraria romana em Via delle
Botteghe Oscure, deletou de seus catálogos todos os autores da
chamada “Biblioteca do Pensamento” (Marx, Engels, Gramsci,
Lênin, Luxemburgo, Brus, Janniosky, Allende e tantos outros).






Isso aconteceu porque os últimos dirigentes do PCI
revisionista, para não deixar rastros do passado “comunista”
deles, resolveram minimizar a cultura política de esquerda, ao
ponto de até o famoso pôster sobre o “Quarto Estado”, símbolo
do socialismo, sair de produção!



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Correio da Cidadania: Isso significa que devemos voltar a
estudar Gramsci?






Luciano Vasapollo: Certamente! Gramsci foi negligenciado
sobretudo na Itália, mas também no resto da Europa. Aliás,
quero sublinhar que foi até hostilizado. Na realidade, Gramsci
foi utilizado e às vezes citado indignamente, somente quando
os revisionistas queriam justificar opções políticas
totalmente reformistas e sem nenhuma perspectiva de ruptura
revolucionária.



Diferentemente disso tudo, na América Latina Gramsci continua
sendo muito estudado. Hoje a Práxis continua sendo um elemento
de análise e de aplicação em Cuba, na Venezuela, na Bolívia,
no Equador, mas também no Brasil e no México, onde souberam
valorizar os conceitos gramscianos. Em particular, o processo
de construção da hegemonia que se afirma com o interagir das
relações de classe.



Uma construção que põe o problema da hegemonia cultural, das
alianças e do bloco histórico gramsciano, o que não pode ser
confundido com o bloco social. De fato, o segundo se constrói
a partir das novas dimensões e dos novos sujeitos de classe,
dos elementos do trabalho e do não-trabalho, enquanto o bloco
histórico personaliza a hegemonia de quem manda em um país
impondo um específico modus vivendi.



Correio da Cidadania: E na Itália, hoje, quem representa o
bloco histórico vitorioso?






Luciano Vasapollo: Sem dúvida é o bloco chefiado por Matteo
Renzi, que sucedeu o bloco da burguesia encabeçada por
Berlusconi e a Liga Norte. E há os sujeitos que perderam
porque não aceitaram depender da burguesia transnacional
europeia, que agora domina quase todos os países da União
Europeia. Infelizmente, o novo bloco social do proletariado
está ainda em construção, visto que antes se deve criar uma
nova organização de classe.



Posso afirmar que, hoje, o bloco histórico que detém o poder
com Matteo Renzi é a componente italiana dessa nova burguesia
transnacional, muito forte aqui na Itália. É ela quem
determina as regras no setor financeiro, na economia e na
política, utilizando para esse fim os amplos espaços que todos
os jornais e as televisões concedem aos seus representantes.
Tanto que hoje na Itália a informação parece ter sofrido um
processo de uniformização. Um único canal, uma única voz para
repetir as mesmas manipulações.



Digamos que estamos vivendo uma espécie de ditadura midiática!
Diante disso, nossa tarefa é conseguir romper a hegemonia
dessa burguesia transnacional, impondo momentos de
recomposição do bloco social com a perspectiva de construir a
hegemonia de nossa classe a partir da cultura popular e,
sobretudo, da cultura proletária.



Correio da Cidadania: Hoje, é ainda possível refundar o
Partido Comunista na Itália para promover uma mudança radical
sistêmica sem usar os conceitos políticos de Gramsci e,
portanto, confiar unicamente nos “cérebros” do marketing
eleitoral?






Luciano Vasapollo: Os conceitos gramscianos da filosofia da
Práxis ainda são atuais e de absoluta importância. Eles não
podem ser trocados como se troca um logotipo ou um título de
um pôster eleitoral. Por outro lado, a dificuldade em
refundar, hoje, o Partido Comunista não é técnica mas, sim,
política. É preciso entender que o verdadeiro problema desse
partido é ser um elemento que se torna história. Enfim, é uma
construção histórica que, também em nossos dias, se identifica
informalmente no sujeito político revolucionário
internacional.



Não é uma realidade provinciana, não é uma declaração de boas
maneiras, não se constitui com um decreto. Repito: o Partido
Comunista é um devir histórico que se desenvolve e se compacta
no processo de formação da organização de classe. Por isso,
hoje, devemos individuar as organizações que representam a
expressão de classe e que sabem dialogar com as massas dos
explorados, para, depois, saber colocar-se nos processos de
autodeterminação popular, aqui na Itália e também no resto da
Europa, onde os conceitos gramscianos foram atirados no saco
de lixo, diferentemente da América Latina, onde são cada vez
mais atuantes.



Por exemplo, as dinâmicas políticas dos países da ALBA têm o
mérito de terem atualizado a problemática de construir a
ruptura política com a participação popular e promoverem os
processos de emancipação e autodeterminação dos povos com
vista à transição ao socialismo.





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As crônicas dos acontecimentos políticos gregos acenderam de
esperanças os movimentos europeus durante dez longos meses, da
campanha eleitoral para as eleições europeias em maio de 2015
até as legislativas gregas de janeiro de 2015. Naquele
período, na Itália houve quem, na onda do oportunismo mais
ordinário e polichinelo, inventou a “Lista Tsipras” para
começar a enterrar as bandeiras do Rifondazione Comunista,
considerado um partido com uma simbologia “demasiado
comunista”.






Infelizmente, a vitória da Troika na Grécia tem provocado o
imediato recuo das posições políticas de Podemos para um
câmbio radical na Espanha, permitindo a afirmação dos grupos
euro-reformistas que integram o Podemos, segundo os quais é
possível administrar “com honestidade” o poder da burguesia
transnacional sem romper com a União Europeia e sem sair do
Eurogrupo.






É evidente que em termos geopolíticos tudo isso fica
impraticável no momento em que os tecnocratas do BCE e da
Comissão Europeia – os que representam em Bruxelas a burguesia
transnacional vitoriosa - uniformizaram a dívida de Portugal,
Itália, Irlanda, Grécia e Espanha (PIIGS), para poder impor
uma definitiva relação de dependência, sobretudo com as
economias dos PIIGS que são as principais clientes das
indústrias francesas e alemãs.






Portanto, o “Diktat” que a Troika formulou para o povo grego,
na realidade, é dirigido aos governos, aos partidos
progressistas e aos movimentos sociais da Europa mediterrânea.





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Correio da Cidadania: Como explica que a maioria do partido
Syriza e o mesmo Alexis Tsipras, após as extraordinárias
vitórias eleitorais de janeiro e de julho, aceitaram todas as
exigências da Troika?






Luciano Vasapollo: Para evitar ser estupidamente etiquetado
como um sectário e para inviabilizar logo um possível
posicionamento extremista, quero sublinhar que eu e a área
política, social e cultural a quem pertenço, isto é, a Rede
dos Comunistas, sempre dissemos que a vitória do Syriza foi,
antes de tudo, uma grande vitória popular e não o artefato
eleitoral de Alexis Tsipras. De fato, se um componente tão
amplo do povo grego foi capaz de dizer NÃO aos ditames da
Troika, NÃO às políticas de austeridade, ao nosso ver, esse
importante acontecimento devia ser apoiado porque representava
um momento de ruptura revolucionária.



Por outro lado, devemos sublinhar que, sem o programa do
Syriza, a potencialidade daquela componente popular teria
ficado desunida, com o risco de cair nas mãos dos grupos
nacionalistas exaltados e os da direita anti-europeísta, mas
profundamente racistas, fascistas e até nazistas, tal como
Aurora Dourada, que aqui na Itália se relaciona com os grupos
da extrema-direita (Casa Pound etc.) e os racistas da Liga
Norte.



Por isso, temos acreditado que na Grécia era possível uma
mudança radical. Temos acreditado e tivemos fé em Alexis
Tsipras quando ele dizia que teria enfrentado os poderes
fortes da Troika para sair do momento de crise. Temos
acreditado que ele iria honrar o mandato popular anti-União
Europeia. Infelizmente, o processo não correu como
esperávamos. Logo apareceram as contradições de Tsipras,
demostrando de ser um líder sem coragem política e sem nenhuma
vocação revolucionária.



Correio da Cidadania: Entrando nos particulares, Alexis
Tsipras cometeu um erro de leitura política ou de analise
geoestratégica? Afinal ele sobrevalorizou sua conceição e sua
capacidade política? Desconsiderou o papel que a União
Europeia pretende ter na competição internacional?






Luciano Vasapollo: Acredito que depois do primeiro erro ele
cometeu todos os outros. Por isso o momento de crise apareceu
publicamente somente após o referendo. Na realidade, já após o
primeiro mês de governo, Tsipras sofria com a pressão da
crise, sem, porém, dar-se conta do jogo de retórica, inclusive
violenta, que os poderes fortes da Troika realizavam para não
modificar o Memorando. A verdade é que com esta União Europeia
não se podia negociar, do momento que eles não queriam
negociar nada. De fato, os 120 bilhões de euros da dívida
grega eram apenas uma questão administrativa.



O verdadeiro problema era de natureza política do momento que
a Troika não podia se rebaixar e aceitar compromissos de um
país como a Grécia, que representa menos de 2% do PIB europeu.
Por isso, as negociações com a Grécia foram utilizadas para
reafirmar a vontade da União Europeia de alcançar a liderança
internacional com a afirmação do polo imperialista europeu,
coordenado pela intendência franco-alemã.



Infelizmente, Tsipras não vislumbrou em tempo esses
importantes pormenores. Por outro lado, não podemos esquecer
que no momento em que Tsipras e Varoufakis davam entrevistas
em Bruxelas estava ocorrendo uma guerra econômica subterrânea
entre a área do euro e a do dólar para a aprovação silenciosa
do TTIP (Tratado Transatlântico de Comércio e Investimento).
Além disso, os Estados Unidos deviam enfrentar a áspera
incógnita da China e a evolução geral dos BRICS (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul).



Enfim, havia também um conflito de interesses em que as
transnacionais e os conglomerados financeiros europeus se
digladiavam para ter o controle das reservas do petróleo e do
gás do Iraque, da Líbia e da Síria. Novamente, Tsipras não
entendeu que a dinâmica da competição não era mais a do século
passado.



Por isso tudo, a União Europeia não podia criar uma exceção e
fazer descontos à dívida de um país tão pequeno e tão
insignificante do ponto de vista econômico como a Grécia. Em
Bruxelas, não podiam criar um precedente que poderia ser
utilizado como exemplo e, portanto, quebrar a legitimidade da
política financeira da União Europeia. Enfim, o que estava em
jogo era a estabilidade da União Europeia, por isso não houve
compromissos de nenhum tipo.


Correio da Cidadania: Entretanto, Varoufakis, após o referendo
e diante da decisão anti-União Europeia do povo grego,
elaborou logo um Plano B que Tsipras vetou. Por qual motivo?






Luciano Vasapollo: Quero sublinhar que o Plano B de
Varoufakis, inicialmente foi vetado primeiro pela maioria do
partido Syriza e depois veio o veto de Alexis Tsipras, que
assim pretendeu sustentar, até o fim, as posições do
euro-reformismo e, portanto, ter a ilusão de conseguir
reformar a União Europeia com a teoria da sustentabilidade. Se
Tsipras tivesse racionalizado politicamente em termos reais e
revolucionários, teria atuado de forma diferente, entendendo
que a Grécia no xadrez das relações internacionais ocupava um
lugar ínfimo.



Consequentemente, deveria entender que era ele que devia
deixar aquelas negociações e realizar o mandato popular da
ruptura. De fato, depois de ter ganho o referendo com 61%,
Tsipras podia muito bem dizer a senhora Merkel, aos
representantes da Troika e às excelências da burguesia
transnacional o seguinte: “senhores, agora somos que saímos do
Eurogrupo. Somos nós que decidimos não pagar mais a dívida.
Somos nós que decidimos as reformas que devemos realizar!



É e vidente que para sair do Eurogrupo é preciso ter uma
decisão e uma coragem política como a do presidente do
Equador, Rafael Correa, quando expulsou do país os
funcionários do FMI e disse: “não pagamos a dívida e nosso
dinheiro será usado para fazer investimentos em estruturas
sociais”. Lembro que antes do Equador a Argentina também disse
NÃO ao FMI e aos especuladores do mercado financeiros (Fundos
Abutres).



Entretanto, muitos falam em traição de Alexis Tsipras após o
referendo, quando ele assumiu comportamentos administrativos
não tão simples. Em geral, eu não gosto de usar a palavra
traição, mas repito que Tsipras não traiu!



A verdade é que Alexis Tsipras, enquanto militante do
euro-reformismo, foi um teimoso até o fim, acreditando em
poder construir uma possível compatibilidade com a burguesia
transnacional europeia para suavizar as obrigações econômicas
e financeiras que a Troika pretendia impor à Grécia.



Nesse contexto, penso que o erro imperdoável e incomensurável
de Alexis Tsipras veio depois, quando tomou a decisão de
dividir um movimento popular enorme e um partido alternativo
como o Syriza para obter, com as eleições antecipadas, a
investidura política de ser o único que deveria gerenciar o
momento de crise. Isto é, ele quis ser o único capaz de
garantir a Merkel, ao FMI, à BCE, à Comissão Europeia, a
Barack Obama e, portanto, a Israel a continuidade dos
compromissos assumidos no âmbito das alianças, em particular a
fidelidade à OTAN!



Portanto, não quero dizer que Tsipras seja um traidor, porém,
diante disso devo absolutamente sublinhar que os interesses de
classe dos trabalhadores e os do povo grego foram claramente
traídos.





Achille Lollo é jornalista italiano, correspondente do Brasil
de Fato na Itália, editor do programa de TV “Quadrante
Informativo” e colunista do "Correio da Cidadania. Também
colaborada com “ALBA Informazione”, “L’Antidiplomatico” e a
revista “Nuestra América”.

IN
CORREIO DA CIDADANIA
http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=11096:2015-09-18-19-06-32&catid=34:manchete
18/9/2015