quinta-feira, 30 de agosto de 2018

C.I.T.A: el espíritu cooperativista intacto

CNCT

Otra experiencia emblemática del cooperativismo de trabajo de la Argentina, que
está atrevesando un difícil momento por la crisis económica que gestó el
gobierno nacional y provincial


La Cooperativa Industrial Textil Argentina (CITA) es un emblema nacional.
Recuperada por sus trabajadores, esta empresa fue inaugurada por Juan Domingo
Perón en 1952 y en su acta constitutiva figuran 500 socios. Desde hace un año y
medio debido al contexto de crisis, CITA, tiene sus máquinas paradas. Pero desde
hace tres meses se inició allí un nuevo camino de solidaridad cooperativista.
CITA es parte del barrio El Mondongo, de La Plata. Ocupa casi una manzana y es
un espacio marcado por el trabajo solidario.  Hoy la cooperativa tiene 30
socios,  aunque son 15 los trabajadores que continúan en actividad. En la
actualidad las máquinas se encuentran frenadas. “Desde que se volvieron a
implementar políticas económicas liberales de apertura de mercados es difícil
mantener el nivel de producción de otros tiempos”, explica Sergio Yosco,
presidente de CITA.
El aumento de precio en los insumos, la apertura de importaciones, los tarifazos
y la disminución de demanda en el rubro textil son factores que afectan a los
sectores que lo trabajan, pero en CITA, el espíritu solidario y cooperativista
aún se encuentra intacto.
Hace algunos meses en CITA reapareció el movimiento. En abril de este año, tras
varios encuentros y reflexiones, se inició un nuevo espacio textil y
cooperativo. Cintia Gómez, integrante de la Red Textil Cooperativa (RTC) explica
que había una necesidad entre las cooperativas del rubro en al región de crear
un espacio productivo que las englobe. Fue así que desde hace un tiempo se
empezaron a desarrollar distintas actividades en la sede del Mondongo.
Se iniciaron varios talleres de capacitación intensiva en distintos rubros:
Marroquinería y calzado, corte y confección y arreglos mecánicos de motos. Cada
uno cuenta con una capacidad de 15 personas.  Esta, es una de las iniciativas
que tuvo la RTC junto a la Confederación Empresarial de la República Argentina
(CGERA) en convenio con el Ministerio de Trabajo.
“Además de generar experiencia para el ámbito laboral, estos talleres generan
circulación, apropiación del espacio, movimiento de gente con ganas de sacar
adelante el espacio, de afianzar vínculos y trabajar ensamblados”, agrega Gómez.
Por otro lado, los compañeros y compañeras que integran esta nueva etapa buscan
generar un polo textil en el que las cooperativas que lo conformen generen
productos 100% cooperativos. “Queremos hacer un núcleo, una familia
cooperativista”, sintetiza Cintia.
“La idea de estas propuestas es que entre los y las cooperativistas nos
involucremos en conjunto, que realcemos el sentirse parte”, desarrolla Cintia
Gómez. Es así que hoy son seis las compañeras que están, paso a paso,
reiniciando la producción en algunos espacios de CITA.
Uno de los primeros trabajos que están teniendo las y los cooperativistas del
espacio es la confección de ropa de trabajo para municipios del Chaco. “También
queremos hacer las prendas de nuestro municipio, que busquen a la economía
social, no que vayan a comprar afuera.” Explica Cintia Gómez.
Por ejemplo, desde este espacio se le presentó un proyecto al gobierno local
para producir en conjunto y con la intención de que la Municipalidad se haga
cargo de algunas refacciones necesarias de la maquinaria de CITA.
En este núcleo se encuentran unidades como Estrella Azul, La Maqueta, La Patria
Grande, entre otras. En un futuro la idea es que esa área productiva de la RTC
regional crezca, se repita en otros Partidos y puedan incluirse distintas
cooperativas especializadas cada una en una parte de la creación de productos.
Por último, Cintia, explica a modo de cierre el objetivo central de este nuevo
trabajo meticuloso y paciente: “Nosotros laburamos y militamos porque lo que más
queremos es generar puestos de trabajo cuando todo se derrumba”.
Fuente: Prensa CNCT Regional La Plata

In
CNCT
http://www.cnct.org.ar/cita-el-espiritu-cooperativista-intacto
21/8/2018


quarta-feira, 29 de agosto de 2018

As finanças contra o povo



       por Prabhat Patnaik [*]



      Por vezes mesmo uma pequena notícia obscura pode revelar enormidades
       acerca do capitalismo. Como é bem sabido, o mercado de acções indiano
      está pujante neste momento: as 30 acções do Sensex fecharam numa nova alta
      de 38.278,75 na segunda-feira, 20 de Agosto, e nesse dia o indicador mais
      vasto do Nifty cruzou a marca dos 11.500 pela primeira vez. Um dos
      executivos do sector financeiro explicou a razão por traz deste boom da
      seguinte maneira (  The Hindu,  21/Agoto): "A única diferença entre este
      momento (em relação a poucos meses atrás) é que a política parece mais
      estável – as perspectivas de uma coligação oposicionista parecem um pouco
      duvidosas". Estes executivos do sector financeiro sabem muito pouco acerca
      da macroeconomia e quando falam sobre o assunto, como é frequente, eles
      meramente exprimem platitudes neoliberais. Mas conhecer acerca do
      "mercado" é o seu dia-a-dia; de modo que as visões do mencionado executivo
      devem ter alguma verdade por trás.
       Isto não quer dizer que o "mercado" agora acredite que uma "coligação da
      oposição" não acontecerá de modo algum. Os movimento do "mercado" de hoje
       reflectem não o que está em vias de acontecer daqui a meses ou anos, mas
      sim o que é provável que hoje ou nesta tarde. Mesmo um recuo efémero e
      temporário em esforços para uma "coligação opositora" entusiasma o
      "mercado". Isto impulsiona o mercado porque as pessoas compram acções na
       esperança de venderem-nas a um preço mais alto amanhã, a alguém que possa
      ainda estar entusiasmado o suficiente amanhã para comprar na crença de que
      possa por sua vez vender a algum outro depois de amanhã a um preço ainda
      mais alto. A questão portanto não é a previsão do "mercado" quanto ao
       resultado da eleição de 2019; a questão é que uma "coligação da oposição"
      amortece o "mercado". Ou, dizendo isto de outro modo, o "mercado" ama Modi
      e o [partido] BJP acima de todos os outros.
       A pergunta é por que? Afinal de contas, Manmohan e Chidambaram não são
      menos "amistosos para com o mercado" do que Modi e Sha. Então porque o
      "mercado" tem esta parcialidade para com os anteriores? Porque ao
      contrário do Congresso, que é um partido de liberais burgueses antiquados
      a tentar manter o seu rebanho junto através de toda espécie de negociações
      e compromissos mesmo quando permanece firmemente comprometido com o
       neoliberalismo, o regime Modi-Sha é simultaneamente implacável na
       generalidade e  implacavelmente neoliberal.  E o "mercado" gosta de
      regimes com  estas ambas qualidades,  regimes que sejam implacavelmente
      pró corporativos  e também  suprimam implacavelmente toda dissidência – e
      portanto a dissidência contra grandes corporações.
       O "mercado", em suma, tem uma antipatia fundamental em relação à
      democracia. Ele ama o autoritarismo e ama ainda mais o
      comunal-autoritarismo, porque o segundo, ao contrário do "mero"
      autoritarismo, também está imbuído de uma ideologia com um apelo de massa
      potencialmente poderoso o qual é simultaneamente desagregador e
      anti-esquerda – e desvia a atenção do povo das condições abissais da sua
       existência material. Se bem que todos os partidos burgueses no país sejam
      neoliberais, os elementos do  Hindutva  emergiram portanto como os
      queridos das grandes corporações, tanto internas como estrangeiras. Eles
      têm feito isso, não só porque estão a governar o país como se houvesse uma
       Emergência não declarada como também porque a sua actuação está associada
      a um apelo ao "nacionalismo"  Hindutva  que pode obter um certo grau de
      apoio de massa.
       Eles podem suprimir oponentes do regime; mas podem também, além disso,
      empaná-los como "anti-nacionais" o que transmitir convicção junto a
      algumas pessoas, especialmente com o apoio oferecido ao regime pelos media
      dóceis. Este facto da sua "utilidade" é quase instintivamente
      internalizado por todo os "participantes do mercado", razão pela qual o
      Sensex sobe com a simples menção de qualquer recuo de movimentos políticos
       anti-BJP.
       Apesar de Modi e Sha terem elevado a sua posição pró corporatista a novas
      alturas, ao ponto de Modia louvá-la aberta e orgulhosamente, a
      parcialidade aberta do BJP para com o grande capital e recíproco amor
      deste último para com o BJP não são fenómenos novos; eles também estavam
      ali anteriormente. De facto, quando, para surpresa de todos, o governo NDA
      de Atal Behari Vajpayee foi derrotado nas eleições de 2004 (uma vez que o
      eleitorado não pensava que "a Índia brilhava" como afirmavam Vajpayee e
      Advani), não só o mercado de acções caiu como também foram levantadas
      perguntas no mundo corporativo acerca da razão porque a Índia gastava
      tanto tempo com eleições tão frequentes!
       O  Wall Street Journal  saiu-se de facto com a mais bizarras das ideias.
      Um artigo nele publicado argumentava que a decisão acerca de quem deveria
      governar um país deveria ser deixada não apenas ao povo desse país, mas a
      todas as  partes interessadas (stake-holders)  desse país, incluindo os
      investidores estrangeiros que haviam investido tanto dinheiro no país.
      Portanto, investidores institucionais estrangeiros e corporações
      multinacionais que têm projectos no país também deveriam determinar quem
      deveria formar o governo – e não apenas o povo.
       Isto foi um exemplo notável de inversão da razão, ou o que Marx havia
      chamado de "reificação", quando relações sociais aparecem numa forma
      invertida. O ideal da democracia é que o povo deve decidir as disposições
       sociais sob as quais ele vive. A propriedade privada, incluindo a forma
       extremamente concentrada da finança globalmente móvel, a qual surge na
      época actual, é uma disposição social cuja existência e operação deve
      idealmente ter a sanção do povo numa democracia. A soberania do povo é
       primária; disposições sociais podem derivar sua legitimidade, se alguma,
      só da vontade do povo soberano. Dizer que as finanças devem ter um voto
      juntamente com o povo porque todos eles são "partes interessadas" é
      colocar criações do povo, nomeadamente as disposições sociais, acima (ou
      pelo menos a par) do próprio povo, que é o que a reificação implica.
       Mas o que toda esta atitude revela, antes e hoje, é a profunda antipatia
       das finanças em relação à democracia. As finanças, quando forçadas a
      tolerar democracia, procuram subvertê-la pela utilização de grandes
      quantias de dinheiro em eleições, pela utilização desenfreada e
       inescrupulosa dos media controlados pelas corporações e pela
       mercantilização geral da política e dos políticos. Quando por acaso,
      apesar de todos estes esforços, acontece ser eleito um governo
      comprometido com uma agenda diferente daquela aprovada pelas finanças, ela
      torna qualquer transição para um regime económico alternativo tão difícil,
      através de todo um conjunto de medidas que vão desde a fuga de capitais
      até a imposição de sanções pelas potências metropolitanas, que o novo
      governo é habitualmente forçado a abandonar a sua agenda alternativa e
      fazer as pazes com as finanças.
       Mas do seu ponto de vista é extremamente conveniente uma situação em que
      um governo que lhe é extremamente próximo consegue perpetuar-se no poder
      pela utilização de uma retórica religiosa que distrai o povo dos seus
      problemas quotidianos. Num caso assim, as finanças dominam dentro da
      fachada da democracia mesmo quando o povo é incitado a centrar-se no ódio
      a alguma infeliz minoria, ao mesmo tempo que aceita este domínio das
       finanças.
       "Finanças contra o povo", em suma, não é algo confinado apenas ao âmago
      da economia. Naturalmente a hegemonia das finanças, a qual manifesta-se
      num processo implacável de acumulação primitiva de capital através de um
      assalto aos pequenos produtores e à agricultura camponesa, a qual incha o
       exército de trabalho de reserva, tem o efeito de piorar, em termos
       absolutos, as condições materiais do povo trabalhador, isto é, dos
      trabalhadores urbanos, trabalhadores agrícolas, camponeses, pescadores,
      artesãos, pequenos comerciantes e outros. Mas este conflito
      necessariamente transcende as fronteiras do âmbito económico para abraçar
      o âmbito da sociedade política  (polity). 
       As finanças querem que o poder do povo seja reduzido. E uma vez que a
       democracia, apesar de todo o seu enfraquecimento, proporciona algum poder
      ao povo, as finanças querem democracia reduzida ou, melhor ainda, abolida.
       Esta simples proposição é ignorada pelo pensamento liberal, o qual
      professa sua crença tanto na democracia como no capitalismo neoliberal
      cuja principal característica é a hegemonia das finanças. Há contudo uma
      contradição irreconciliável entre os dois, o que é apenas uma expressão do
      irreconciliável antagonismo de classe que caracteriza o capitalismo. Esse
      facto brilha fugazmente quando o "mercado" mostra exuberância com a
      remoção de um desafio ao comunal-autoritarismo. Mas este facto é central
      para o capitalismo.

      26/Agosto/2018
      [*] Economista, indiano, ver  Wikipedia
       O original encontra-se em 
      peoplesdemocracy.in/2018/0826_pd/finance-versus-people

In
RESISTIR.INFO
https://www.resistir.info/patnaik/patnaik_26ago18.html
26/8/2018

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

CSP-Conlutas publica resolução sobre cenário eleitoral e programa necessário para trabalhadores


CSP CONLUTAS


A Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, reunida no último final de semana em São
Paulo, debateu cenário eleitoral brasileiro e a necessidade de um programa para
os trabalhadores. Três posições políticas foram defendidas na mesa: as
candidaturas e programa do PSTU, as candidatura e programa do PSOL e o chamado a
não participação dos trabalhadores nas eleições.

Ao final da reunião, foi aprovada uma resolução oficial da Central sobre as
eleições:

Sobre as eleições 2018, a CSP-Conlutas resolve:

Frente ao processo eleitoral desse ano, respeitando a autonomia das organizações
e movimentos filiados, a Central deve intervir junto aos trabalhadores de suas
bases na defesa de suas resoluções e plataforma de reivindicações. Assim essa
Coordenação Nacional indica aos trabalhadores e aos movimentos sociais a
rejeição veemente dos candidatos do campo burguês tradicional (como Alckmin,
Meireles, Marina, Álvaro Dias, Ciro Gomes, Amoedo, entre outros) e seus aliados.

Repudiamos, com todas as nossas forças, as candidaturas de tipo ultradireita,
como a de Bolsonaro que, além de ser uma candidatura burguesa é, assumidamente,
um machista, racista, homofóbico e defensor da Ditadura Militar. Também não
apoiamos candidaturas fundamentalistas como a do Cabo Daciolo, por exemplo.

Além disso, rejeitamos as candidaturas de Lula/Haddad/Manuela por expressarem um
projeto de conciliação de classes que já governou nosso país, por mais de uma
década, praticando proteção ao lucro de bancos e grandes empresas, atacando e
retirando direitos de nossa classe, além de seus partidos acabarem mergulhados
no mar na lama da corrupção.

Nossa Central reafirma a compreensão de que a saída para que nossa classe seja
livre e vitoriosa não passa por dentro desse sistema e desse regime e sim pela
construção e conquista de uma sociedade justa e igualitária, governada pelos
trabalhadores, uma sociedade socialista.

A CSP-Conlutas, identificando o aprofundamento da crise capitalista e o volume
de ataques desferidos aos nossos direitos trabalhistas, políticos e sociais,
seguirá defendendo a necessidade de efetivação de um programa classista em nosso
país, que seja capaz de enfrentar a crise e os ataques dos governos e dos
patrões.

Nossa tarefa, portanto, consiste em construirmos uma frente de ação permanente
na busca do poder para os trabalhadores e o povo pobre, oprimido e explorado,
tendo em vista que a principal contradição da realidade brasileira opõe os
interesses da ampla maioria do povo àqueles que representam o capital
internacional, os grandes monopólios e o latifúndio.

Sustentamos que a necessária revolução brasileira será obra da classe operária,
juntamente com milhões de sujeitos de nossa classe como negros e negras e o povo
pobre da periferia, os camponeses, o povo indígena e quilombola, jovens,
aposentados ou mesmo pequenos proprietários que, individualmente, possuem as
mais variadas condições de sofrimento e até pensamentos e crenças, mas que em
ação se juntarão para pôr fim ao capitalismo.

A tarefa central colocada na ordem do dia, então, diferente de apostar nesse
processo eleitoral viciado, passa pela construção de uma aliança da classe
trabalhadora com todos os explorados e que unifique politicamente toda a base
social que se choca de forma antagônica com o domínio do grande capital e suas
expressões políticas.

A construção dessa ação coletiva terá que se desenvolver com o objetivo de
conquistar o poder político para nossa classe e colocá-lo a serviço desta ampla
maioria da qual ela será a expressão. Por isso é preciso, colocando nossa
Central na cabeça desse processo, insistir no debate sobre esta necessidade
inadiável de nos unificarmos com os setores do movimento sindical, das
organizações da juventude, dos movimentos de luta pela terra, dos que lutam por
território e moradia, movimentos de combate às opressões até os pequenos
proprietários em processo de empobrecimento. Assim poderemos alcançar a vitória
decisiva.

Essas nossas posições e programa, de ruptura frontal e imediata com o
capitalismo, devemos apresentar aos candidatos que se reivindicam a esquerda do
PT (como Vera e Boulos), bem como às organizações de nossa classe, chamando-os a
assumi-las.

Nosso programa:

– Defesa do socialismo contra a exploração e a degradação da sociedade
capitalista;

– Suspensão imediata do pagamento da dívida pública (externa e interna);

– Redução e congelamento dos preços dos alimentos, combustíveis, gás de cozinha,
alugueis e tarifas públicas;

– Contra toda forma de privatização e terceirização com reestatização de todas
estatais vendidas ao capital internacional ou nacional;

– Estatização do Sistema financeiro e do latifúndio sem indenização ao capital;

– Estabilidade no emprego para todos hoje empregados, extensão do seguro
desemprego e redução da jornada de trabalho para 36h semanais sem redução de
salário e plano de obras públicas voltado as necessidades sociais de construção
de moradia, hospitais e escolas;

– Aumento geral dos salários e igualdade de remuneração e condições de trabalho
entre homens e mulheres;

– Efetivação imediata de um plano geral de obras públicas, com contratação
direta pelas estatais, para construção de obras de infraestrutura, saneamento,
habitação, escolas, creches e hospitais;

– Imediata legalização e descriminalização do aborto e criminalização de toda
forma de discriminação machista, lgbtfóbico, racista, xenofóbico, étnico ou
religioso;

– Demarcação das terras indígenas e quilombolas e imediata reparação aos povos
negros e originários;

– Reforma agrária, demarcação e titulação, sem indenização ao latifúndio ou
agronegócio. Revogação imediata da Lei da grilagem (Lei nº 13.465/2017);

– Fim dos despejos! Desapropriação das terras urbanas ociosas para construção de
moradia popular e regularização de todas as ocupações irregulares onde vive o
povo pobre e trabalhador, com obras para construção de melhorias de
infraestrutura, saneamento, energia, etc.

– Revogação imediata da Reforma Trabalhista, da lei das terceirizações, das
reformas previdenciárias já ocorridas, da PEC (Projeto de Emenda Constitucional)
do teto dos gastos, bem como garantia de que não se realizará nenhuma reforma
que se tire direito dos trabalhadores;

– Efetiva valorização dos serviços e servidores públicos, em todas as esferas de
poder e governo; Realização imediata de concursos públicos e efetivação de todos
os terceirizados, também em todas as esferas de poder e governo;

– Fim da criminalização das lutas e ativistas, punição aos assassinos e
mandantes das mortes dos lutadores do campo e da cidade. Revogação imediata da
“Lei Anti-terrorismo”; Fim da PM;

– Prisão e confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores.

In
CSP CONLUTAS
http://cspconlutas.org.br/2018/08/csp-conlutas-publica-resolucao-sobre-cenario-eleitoral-e-programa-necessario-para-trabalhadores/
20/8/2018

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O genocídio da nação grega


 Paul Craig Roberts  

O foguetório político e mediático (incluindo a vergonhosa intervenção de
Centeno) sobre o “fim da crise grega” não passa de um enorme embuste. A
declaração de que a crise grega acabou é meramente a constatação de que já não
resta nada para esfolar ao povo grego no interesse dos bancos estrangeiros. A
Grécia está muito pior do que antes da intervenção, e está a afundar-se
rapidamente.


O encobrimento político e mediático do genocídio da Nação Grega começou ontem
(20 de Agosto) com proclamações políticas da UE e de outros anunciando que a
Crise Grega acabou. O que eles querem dizer é que a Grécia acabou, morreu e está
arrumada. Foi explorada até ao limite, e a carcaça foi lançada aos cães.
350.000 gregos, sobretudo os jovens e os mais qualificados, fugiram da Grécia. A
taxa de natalidade está muito abaixo do necessário para manter a população que
resta. A austeridade imposta ao povo grego pela UE, o FMI e o governo grego
resultou numa contracção de 25% na economia. O declínio é equivalente ao da
Grande Depressão nos EUA, mas os efeitos na Grécia foram piores. O presidente
Franklin D. Roosevelt reduziu o impacto do desemprego massivo com o Social
Security Act e outros elementos de uma rede de segurança social de apoio tais
como a garantia dos depósitos e programas de obras públicas, enquanto o governo
grego, seguindo as ordens do FMI e da UE agravou o impacto do desemprego massivo
com o desmantelamento da rede de apoios de segurança social.
Tradicionalmente, quando um país soberano – fosse em resultado de corrupção,
desgoverno, má sorte, ou acontecimentos inesperados - se via sem condições para
pagar as suas dívidas, os credores desse país reviam as dívidas em baixa até ao
nível em que o país endividado podia satisfazer os seus compromissos.
Com a Grécia houve uma mudança de regras. O Banco Central Europeu, presidido por
Jean-Claude Trichet, e o Fundo Monetário Internacional decidiram que a Grécia
teria de pagar a totalidade da dívida e dos juros dos seus títulos detidos por
bancos alemães, holandeses, franceses e italianos.
Como seria isto alcançado?
De duas formas, ambas as quais agravaram grandemente a crise, deixando a Grécia
de hoje numa posição muito pior do que aquela em que se encontrava há quase uma
década.
No início da “crise,” que teria sido facilmente resolvida pela redução de parte
da dívida, a dívida grega representava 129% do PIB grego. Hoje a dívida grega
representa 180% do PIB.
Porquê?
A Grécia contraiu mais empréstimos para pagar juros aos seus credores, de modo a
que estes não tivessem que perder nem um cêntimo. O empréstimo adicional,
designado “resgate” pelos prostituídos media financeiros, não era um resgate da
Grécia. Era um resgate dos credores da Grécia.
O regime de Obama encorajou este resgate, porque os bancos norte-americanos, na
expectativa de um resgate, tinha vendido fundos sobre a dívida grega (“swaps”)
sem cobertura de crédito. Sem um resgate os bancos dos EUA teriam perdido essa
aposta e teriam de pagar as garantias em falta sobre Títulos de Dívida gregos.
Para além disso, foi requerido à Grécia que vendesse a estrangeiros os seus
activos públicos e dizimasse o sistema de segurança social grego, por exemplo
reduzindo as pensões a níveis inferiores ao limiar de subsistência e reduzindo
de tal forma os cuidados de saúde que as pessoas morrem antes de poderem obter
tratamento.
Para registo, a China comprou os portos de mar gregos, a Alemanha comprou o
aeroporto. Diversas entidades europeias e alemãs compraram as empresas
municipais de abastecimento de água. Especuladores imobiliários compraram ilhas
gregas protegidas para empreendimentos imobiliárias.
Este saque da propriedade pública grega não teve por finalidade a redução da
dívida grega. Foi encaminhado, tal como os novos empréstimos, para pagar juros.
A dívida permanece, maior do que nunca. A economia está mais reduzida do que
alguma vez esteve, tal como está a população grega sobre quem recai o peso da
dívida.
A declaração de que a crise Grega acabou é meramente uma constatação de que já
não resta nada para extrair ao povo grego no interesse dos bancos estrangeiros.
A Grécia está a afundar-se rapidamente. Todo o seu rendimento associado a portos
de mar, aeroportos, serviços municipais, e todo o restante património público
que foi privatizado à força pertence agora a estrangeiros que transferem o
dinheiro para fora do país, afundando dessa forma ainda mais a economia grega.
Os gregos não viram apenas ser-lhes roubado o futuro económico. Perderam também
a sua soberania. A Grécia não é uma nação soberana. É governada pela UE e o FMI.
No meu livro The Failure of Laissez Faire Capitalism, publicado em 2013,
descrevo claramente como isto foi feito na Parte III, “The End of Sovereignty,”
[O Fim da Soberania].
O povo grego foi traído pelo governo Tsipras. Eles tinham a opção de se rebelar
e de fazer uso da violência para derrubar o governo que os vendeu aos banqueiros
internacionais. Em vez disso, os gregos aceitaram a sua própria destruição e
nada fizeram. Essencialmente, a população grega cometeu um suicídio em massa.
A crise financeira mundial de 2008 não está ultrapassada. Foi varrida para
debaixo do tapete da criação massiva de moeda pelos bancos centrais dos EUA, UE,
Reino Unido e Japão. A criação de dinheiro ultrapassou o crescimento real da
produção e fez subir os valores dos activos financeiros para além do que pode
ser suportado por “condições no terreno.”
Falta ainda ver como evoluirá esta crise. Poderia resultar na destruição da
civilização Ocidental. Irão os cães devorar-se uns aos outros? Depois da Grécia
será Itália, Espanha, Portugal, França, Bélgica, Austrália, Canadá, até que não
reste nenhum?
A totalidade do Mundo Ocidental vive entre mentiras fomentadas por poderosos
grupos de interesses económicos para servir os seus interesses. Não existem
meios de comunicação social independentes com excepção dos que difundem online,
e esses estão a ser diabolizados e está a ser-lhes recusado o acesso. Povos que
vivem num mundo de informação controlada não fazem qualquer ideia do que lhes
está a acontecer. Portanto não podem agir de acordo com os seus interesses.
Fonte:
https://www.zerohedge.com/news/2018-08-22/paul-craig-roberts-reflects-genocide-greek-nation

In
O Diario.info
https://www.odiario.info/o-genocidio-da-nacao-grega/
24/8/2018

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Na Ponte de Genova privatizações caem no abismo


Andre Araujo

Os fanáticos das privatizações, como os gurus de vários candidatos
presidenciais, deveriam ao menos registrar a tragédia da PONTE MORANDI, em
Genova, que caiu por falta de manutenção. Uma ponte PRIVATIZADA para a empresa
AUTOSTRADE, do Grupo Atlantia, controlado pela família Benetton e que tem 1.600
quilômetros de estradas pedagiadas no Brasil, nos Estados de São Paulo e Minas
Gerais. Na Itália a Austostrade tem 6.000 quilômetros de concessões, com falta
de manutenção e notórios desgastes em pontes, como agora mostra a imprensa
italiana e a revista The Economist no seu ultimo numero.
A queda da Ponte Morandi  causou a morte de 43 pessoas e um cataclisma politico
na Itália.
Não foi só a tragédia humana dos mortos e desabrigados, a ponte é vital para a
conexão de Genova e da Liguria, sem a ponte quebra-se todo sistema viário de
Genova. A construção de uma nova ponte de aço levará no mínimo oito meses,
enquanto isso Genova sofrerá.
A PONTE MORANDI em Genova era uma tragédia anunciada, que deixou 43 mortos e
mais de 500 pessoas sem casa. Soma-se a tragédia da VALE privatizada no Rio Doce
em Minas Gerais, todos contextos gerados pela obsessão pelo corte de custos.
Quanto mais custos cortarem maiores bônus ganham os administradores e cortar
custos para gerar lucros é disciplina nobre ensinada nos cursos de administração
de empresas na matriz ideológica do capitalismo global.
Nos noticiários da RAI professores das melhores universidades italianas exibiram
laudos já há 5 anos, outros de 2 anos passados, indicando que a Ponte Morandi
apresentava corrosão perigosa e a concessionária nem tomou conhecimento, jogou
no risco, como a Samarco em Mariana, onde não faltaram avisos sobre a
possibilidade de estouro da barragem.
A lógica das privatizações vai, assim, se desnudando. Foi publicado no blog
artigo meu sobre a privatização da ELETROPAULO, onde demonstrei a degradação da
empresa após o processo.
http://www.ilumina.org.br/eletropaulo-o-mito-da-privatizacao-por-andre-a...
Neoliberais brasileiros batem palmas para privatizações de tudo, sem atentar que
enquanto empresas estatais por definição atendem a uma lógica de interesse
público, a empresa privada tem como único objetivo o lucro a curto prazo, nem
sequer a perenidade é um objetivo.
A lógica hoje dos grandes gestores de fundos é entrar e sair de posições,
comprar e vender ativos. Grande parte das privatizações da Era FHC no Brasil já
trocou de mãos, algumas várias vezes. A CESP Paranapanema foi comprada pela
americana  Duke Energy, que já vendeu para chineses, a USIMINAS e as
siderúrgicas privatizadas trocaram de dono, viraram pastel de feira, a CPFL foi
comprada pela Camargo Correa que vendeu para a State Grid chinesa, a Light Rio
trocou de mãos quatro vezes, a telefonia se tornou um cipoal de transações mal
cheirosas que terminaram na quebra da OI, depois de ter sido sangrada pelos
grupos compradores originais.
Em serviços públicos essenciais se entrega o destino de grandes empresas a
especuladores de curto prazo, sem qualquer outro compromisso que não seja o
lucro financeiro rápido.
Os mesmos cérebros que hoje pregam a privatização de empresas estratégicas como
a ELETROBRAS e a PETROBRAS, que serão compradas e esquartejadas por grupos
especulativos, quase certamente estrangeiros, vendidas em pedaços com quebra de
um sistema integrado de interesse estratégico. Hoje, quando se propõe a
privatização de grandes estatais, a palavra certa é DESNACIONALIZAÇÃO, uma
Petrobras será disputada pela Chevron, BP ou Sinopec.
Beócios pela mídia pregam todo dia que se privatizarmos tudo não haverá mais
corrupção. Uma estupidez completa. O que é preciso é aperfeiçoar os mecanismos
de controle e não jogar fora as estatais, algo que nenhum grande Pais está
fazendo. Das 20 maiores empresas de petróleo do mundo, 13 são estatais,
inclusive as 4 maiores, não há nenhuma onda de privatizações no mundo. A era das
privatizações acabou com o neoliberalismo de Thatacher e Reagan e especialmente
após a crise de 2008, quando o Tesouro americano salvou 200 empresas privadas
que iriam quebrar, inclusive a General Motors e o Citibank. A crise de 2008
jogou no lixo da História o mito da eficiência perfeita dos mercados, ninguém
mais fala nisso.
Os desastres de Mariana e de Genova mostraram os limites das privatizações, a
droga do lucro a curto prazo contra qualquer outro objetivo. O abandono da noção
de interesse público coloca em risco grandes sistemas integrados que levaram
décadas para serem montados.
Como em todas as ondas no mundo, o Brasil é o ultimo santuário de ideias
vencidas, o cemitério de ideologias caducas e de ideias econômicas “da moda”.


segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Is Capitalism Killing Us?


Paul Craig Roberts



Ecological economists, such as Herman E. Daly, stress that as the external costs of pollution and resource exhaustion are not included in Gross Domestic Product, we do not know whether an increase in GDP is a gain or a loss.
External costs are huge and growing larger. Historically, manufacturing and industrial corporations, corporate farming, city sewer systems, and other culprits have passed the costs of their activities onto the environment and third parties. Recently, there has been a spate of reports with many centering on Monsanto’s Roundup, whose principle ingredient, glyphosate, is believed to be a carcinogen.
A public health organization, the Environmental Working Group, recently reported that its tests found glyphosate in all but 2 of 45 children’s breakfast foods including granola, oats and snack bars made by Quaker, Kellogg and General Mills. https://www.theguardian.com/environment/2018/aug/16/weedkiller-cereal-monsanto-roundup-childrens-food
In Brazil tests have discovered that 83% of mothers’ breast milk contains glyphosate. https://www.telesurtv.net/english/news/Brazil-Poisonous-Agrotoxin-Found-Over-80-of-Breast-Milk-Samples-in-Urucui-20180809-0008.html
The Munich Environmental Institute reported that 14 of the most widely selling German beers contain glyphosate. https://sustainablepulse.com/2016/02/25/german-beer-industry-in-shock-over-probable-carcinogen-glyphosate-contamination/#.W3XKtC-ZOGQ
Glyphosate has been found in Mexican farmers’ urine and in Mexican ground water. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5486281/
Scientific American has reported that even Roundup’s “inert ingredients can kill human cells, particularly embryonic, placental and umbilical cord cells.”
https://www.scientificamerican.com/article/weed-whacking-herbicide-p/
A German toxicologist has accused the German Federal Institute for Risk Assessment and the European Food Safety Authority of scientific fraud for accepting a Monsanto-led glyphosate Task Force conclusion that glyphosate is not a carcinogen. https://gmwatch.org/en/news/latest-news/17307-german-toxicologist-accuses-eu-authorities-of-scientific-fraud-over-glyphosate-link-with-cancer
Controversy about these findings comes from the fact that industry-funded scientists report no link between glyphosate and cancer, whereas independent scientists do. This is hardly surprising as an industry-funded scientist has no independence and is unlikely to conclude the opposite of what he is hired to conclude.
There is also controversy about what level of contamination is necessary for products adulterated with glyphosate to be classified as dangerous. It does seem to be the case that the concentrations rise with use and time. Sooner or later the concentration becomes sufficient to do the damage.
For this article, the point is that if glyphosate is carcinogenic, the cost of the lost lives and medical expenses are not borne by Monsanto/Bayer. If these costs were not external to Monsanto, that is, if the corporation had to bear these costs, the cost of the product would not be economical to use. Its advantages would be out-weighed by the costs.
It is very difficult to find the truth, because politicians and regulatory authorities are susceptible to bribes and to doing favors for their business friends. In Brazil, lawmakers are actually trying to deregulate pesticide use and to ban the sale of organic food in supermarkets. https://gmwatch.org/en/news/latest-news/18409-brazilian-lawmakers-seek-to-deregulate-pesticide-use-ban-sale-of-organic-food-in-supermarkets
In the case of glyphosate, the tide might be turning against Monsanto/Bayer. The California Supreme Court upheld the state’s authority to add the herbicide glyphosate to its Proposition 65 list of carcinogens. https://gmwatch.org/en/news/latest-news/18411-monsanto-loses-another-court-case-over-glyphosate-weedkiller
Last week in San Francisco jurors awarded a former school groundkeeper $289 million in damages for cancer caused by Roundup. Little doubt that Monsanto will appeal and the case will be tied up in court until the groundkeeper is dead. But it is a precedent and indicates that jurors are beginning to distrust hired science. There are approximately 1,000 similar cases pending. https://www.cnn.com/2018/08/10/health/monsanto-johnson-trial-verdict/index.html
What is important to keep in mind is that if Roundup is a carcinogen, it is just one product of one company. This provides an idea of how extensive external costs can be. Indeed, glyphosate’s deletarious effects go far beyond those covered in this article. https://www.thcfarmer.com/community/threads/expert-gmos-to-blame-for-problems-in-plants-animals.39442/
GMO feeds are also taking a toll on livestock. http://educate-yourself.org/cn/Mike-McNeil-Whats-Killing-the-Cows-Day8-24July2018-55mins.mp3
Now consider the adverse effects on air, water, and land resources of chemical agriculture. Florida is suffering algae blooms from chemical fertilizer runoff from farmland, and the sugar industry has done a good job of destroying Lake Okeechobee. https://www.miamiherald.com/news/politics-government/state-politics/article216329745.html
Fertilizer runoffs cause blue-green algae blooms that kill marine life and are hazzardous to humans. Currently the water in Florida’s St. Lucie River is 10 times too toxic to touch. https://weather.com/science/environment/news/2018-08-10-florida-algae-bloom-st-lucie-microcystin
Red tides can occur naturally, but fertilizer runoffs fuel their growth and their persistance. Moreover, pollution’s contributions to higher temperatures also contribute to red tides, as does draining wetlands for real estate development, which results in water moving quickly without natural filtration. https://www.theguardian.com/us-news/2018/aug/13/florida-gulf-coast-red-tide-toxic-algae-bloom-killing-florida-wildlife?utm_source=esp&utm_medium=Email&utm_campaign=GU+Today+USA+-+Collections+2017&utm_term=283418&subid=1480231&CMP=GT_US_collection
http://www.wafb.com/story/38850029/graphic-red-tide-off-fl-gulf-coast-kills-marine-life
As water conditions deteriorated and algae blooms proliferated, Florida’s response was to cutback its water monitoring program: https://www.miamiherald.com/news/local/environment/article215993665.html
When we consider these extensive external costs of corporate farming, clearly the values attributed to sugar and farm products in the Gross Domestic Product are excessive. The prices paid by consumers are much too low and the profits enjoyed by corporate agriculture are far too high, because they do not include the costs of the massive marine deaths, the lost tourist business, and the human illnesses caused by the algae tides that depend on chemical fertilizer runoff.
In this article I have barely scratched the surface of the problem of external costs. Michigan has learned that its tap water is not safe. Chemicals used for decades on military bases and in the manufacture of thousands of consumer items are in the water supply. https://www.cnn.com/2018/08/16/health/tap-water-crisis-toxic-michigan-pfoa-pfas/index.html
As an exercise, pick any business and think about the external costs of that business. Take, for example, the US corporations that offshored Americans’ jobs to Asia. The corporatons’ profits rose, but the federal, state, and local tax bases declined. The payroll tax base for Social Security and Medicaid declined, putting these important foundations of US social and political stability into danger. The tax base for school teachers’ and other government employees’ pensions declined. If the corporations that moved the jobs abroad had to absorb these costs, they would have no profits. In other words, a few people gained by shoving enormous costs on everyone else.
Or consider something simple like a pet store. All the pet store owners and customers who sold and purchased colorful 18 to 24 inch pythons, boa constrictors, and anacondas gave no thought to the massive size these snakes would be, and neither did the regulatory agencies that permitted their import. Faced with a creature capable of devouring the family pet and children and suffocating the life out of large strong adults, the snakes were dumped into the Everglades where they have devastated the natural fauna and now are too numerous to be controlled. The external costs easily exceed many times the total price of all such snakes sold by pet stores.
Ecological economists stress that capitalism works in an “empty economy,” where the pressure of humans on natural resources is slight. But capitalism doesn’t work in a “full economy” where natural resources are on the point of exhaustion. The external costs associated with economic growth as measured by GDP can be more costly than the value of the output.
A strong case can be made that this is the situation we currently face. The disappearance of species, the appearance of toxins in food, beverages, water, mothers’ breast milk, air, land, desperate attempts to secure energy from fracking which destroys groundwater and causes earthquakes, and so forth are signs of a hard-pressed planet. When we get right down to it, all of the profits that capitalism has generated over the centuries are probably due to capitalists not having to cover the full cost of their production. They passed the cost on to the environment and to third parties and pocketed the savings as profit.
Update: Herman Daly notes that last year the British medical journal, Lancet, estimated the annual cost of pollution was about 6 % of the global economy whereas the annual global economic growth rate was about 2 percent, with the difference being about a 4% annual decline in wellbeing, not a 2 percent rise. In other words, we could already be in the situation where economic growth is uneconomical. See https://www.usnews.com/news/world/articles/2017-10-19/study-world-pollution-deadlier-than-wars-disasters-hunger 

In
Paul Craig Roberts
https://www.paulcraigroberts.org/2018/08/17/is-capitalism-killing-us/
August 17, 2018

sábado, 18 de agosto de 2018

Decálogo de la construcción del Imperio Americano



James Petras


      Traducido para Rebelión por Paco Muñoz de Bustillo

Introducción 
En la actualidad son ya pocos los que confían en las palabras y los escritos de
los líderes políticos y de los publicistas de los medios de comunicación. La
mayor parte de la gente opta por ignorar esa cacofonía de voces, vicios y
virtudes.
Este artículo presenta un conjunto de tesis que pretenden sentar las bases de la
reflexión de quienes optan por no votar en las elecciones, con la intención de
convencerlos de la necesidad de la lucha política.
 Tesis 1 
Los creadores del Imperio Americano de todos los colores utilizan la técnica del
palo y la zanahoria para que el gobierno en el poder tome el camino adecuado.
Del mismo modo, Washington ofrece dudosas concesiones y amenaza con tomar
represalias a gobiernos extranjeros con el objetivo de empujarlos al interior de
la órbita imperial.
En los últimos años, Washington aplicó con éxito esta táctica en diversas
ocasiones. En 2003, Estados Unidos ofreció dejar en paz al gobierno de Muamar el
Gadafi si este aceptaba desarmarse y abandonar a sus aliados nacionalistas de
Oriente Próximo, África y Asia. En 2011, Estados Unidos y sus aliados europeos
aplicaron el palo: bombardearon Libia, financiaron y armaron a fuerzas
retrógradas tribalistas y terroristas, destruyeron la infraestructura del país,
asesinaron a Gadafi y provocaron el desplazamiento de millones de libios y
africanos... que huyen a Europa. Washington reclutó mercenarios para su
siguiente guerra contra Siria con el objetivo de destruir al régimen
nacionalista de Bashar el Assad.
Washington logró destruir a su adversario, pero no consiguió instalar un régimen
marioneta y el conflicto se ha perpetuado.
La zanahoria imperial debilitó al adversario, pero el palo no consiguió
recolonizar Libia. Por si fuera poco, sus aliados europeos se ven ahora
obligados a pagar el coste millonario de absorber a decenas de miles de
inmigrantes desplazados, con la consiguiente agitación a nivel interno que eso
conlleva.
 Tesis 2 
El plan de los constructores del imperio para reconfigurar la economía y
recuperar la supremacía imperial está creando enemigos internos y externos. El
presidente Trump ha iniciado una guerra comercial global, reemplazando los
acuerdos políticos por sanciones económicas contra Rusia y ha propuesto una
agenda proteccionista interna, además de reducir los impuestos a las empresas.
Estos movimientos han provocado un conflicto en dos frentes. En el exterior, ha
conseguido la oposición de sus aliados europeos y de China, y en casa se ve
obligado a afrontar el acoso permanente de los partidarios del libre mercado
global y de las élites políticas y los ideólogos rusófobos.
Pocas veces se sale con éxito de dos conflictos simultáneos. La mayor parte de
los imperios triunfantes conquistan a sus enemigos por turnos, primero uno y
luego otro.
 Tesis 3 
Las izquierdas se echan atrás con frecuencia: cuando no están el poder plantean
propuestas radicales y cuando lo consiguen se vuelven reaccionarios, para al
final no ser ni lo uno ni lo otro. Hemos sido testigos de la colosal caída de la
socialdemocracia alemana y del partido socialista griego, el PASOK (y su nueva
versión, Syriza), así como del Partido de los Trabajadores de Brasil. Todos
ellos ganaron elecciones con el apoyo de las masas, formaron alianzas con los
banqueros y las élites empresariales y, cuando tuvieron que hacer frente a las
primeras crisis, fueron abandonados por el pueblo y por la élite.
Las astutas –aunque desacreditadas– élites suelen reconocer el oportunismo de la
izquierda y, en los momentos difíciles, no tienen problema en adaptarse
temporalmente a la retórica y las reformas izquierdistas, siempre que estas no
pongan en peligro sus intereses económicos. La élite sabe bien que la
“izquierda” pone el intermitente a la izquierda pero gira a la derecha.
 Tesis 4
Las elecciones, incluso las que ganan fuerzas progresistas o izquierdistas,
suelen ser un trampolín para los golpes de Estado respaldados por el imperio. A
lo largo de los últimos diez años, presidentes recién elegidos que no estaban
supeditados a Washington se han visto destituidos por su respectivo parlamento o
poder judicial a partir de acusaciones espurias. Las elecciones proporcionan un
barniz de legitimidad del que carecen los golpes militares descarados.
En Brasil, Paraguay y Venezuela, parlamentos tutelados por Washington tomaron la
iniciativa para destituir a un presidente popular, consiguiéndolo en los dos
primeros casos y fracasando en el último.
Cuando la maquinaria electoral fracasa, el sistema judicial interviene para
imponer restricciones a los progresistas, en base a tortuosas e intrincadas
interpretaciones de la ley. La oposición de izquierdas de Argentina, Brasil y
Ecuador ha sufrido la persecución de las élites gobernantes de sus países.
 Tesis 5 
Incluso los dirigentes alocados pueden decir la verdad. No cabe duda alguna de
que el presidente Trump sufre un grave desorden mental, que le provoca arrebatos
nocturnos y le lleva a amenazar con la bomba nuclear a quien se ponga a mano,
desde figuras filantrópicas del deporte mundial (LeBron James*) como a
respetables aliados de la OTAN.
Pero a pesar de su demencia, Trump ha denunciado y sacado a la luz las continuas
mentiras y cuentos que fabrican los medios de comunicación. Nunca anteriormente
un presidente de EE.UU había identificado tan contundentemente los embustes de
las principales cadenas de televisión y medios impresos. El New York Times, el
Washinton Post, el Financial Times, así como la NBC, la CNN, la ABC y la CBS han
sido completamente desacreditados a ojos del gran público. Han perdido la
legitimidad y la confianza. Un multimillonario belicista ha conseguido algo que
los progresistas no han podido, desvelando la verdad aunque sea prestando
servicio a la injusticia.
 Tesis 6 
Cuando pasa del ladrido al mordisco, Trump es una prueba viviente de que el
miedo invita a la agresión. Trump ha implementado graves sanciones (o amenazado
con ponerlas en marcha) contra la UE, China, Irán, Rusia, Venezuela, Corea del
Norte y cualquier país que no se someta a su dictado Al principio, su
grandilocuencia o sus bravatas aseguraban las concesiones.
Esas concesiones se interpretaban como debilidad y eran antesala de mayores
amenazas. La desunión de sus adversarios animaba a los estrategas imperiales a
dividir y conquistar. Pero al atacar a todos sus contrincantes simultáneamente,
la estrategia queda debilitada. Las amenazas continuas limitan la elección a
opciones peligrosas tanto en el ámbito interno como en el exterior.
 Tesis 7 
Los constructores del imperio angloamericanos son los grandes maestros del arte
de injerir en la política de otros estados soberanos. Pero lo más revelador es
la actual estrategia de acusar a las víctimas de los crímenes cometidas contra
ellas.
Tras la caída del régimen soviético, Estados Unidos y sus acólitos europeos se
“entrometieron” a una escala nunca vista anteriormente, expoliando más de dos
billones de dólares de riqueza soviética y reduciendo el nivel de vida del país
en dos tercios y la esperanza de vida de los rusos a menos de sesenta años, por
debajo del nivel de Bangladesh.
Con el renacer de Rusia bajo la presidencia de Putin, Washington financió un
gran ejército de supuestas ONG para organizar campañas electorales, contratar
personas influyentes en los medios de comunicación y dirigir levantamientos de
tinte étnico. Los rusos son entrometidos de andar por casa comparados con la
profesionalidad que muestran los estadounidenses, capaces de invertir miles de
millones de dólares para lograr sus objetivos.
Los israelíes también han perfeccionado sus métodos de injerencia a gran escala,
como lo demuestra la efectividad de su intervención en el Congreso, la Casa
Blanca y el Pentágono. Ellos establecen la agenda, el presupuesto y las
prioridades para Oriente Próximo, ¡y logran captar el mayor apoyo financiero per
cápita de la historia de Estados Unidos!
Según parece, algunos entrometidos injieren por invitación y son pagados por
hacerlo.
 Tesis 8 
En Estados Unidos, la corrupción es endémica: tiene estatus legal y decenas de
millones de dólares pasan de una mano a otra para comprar congresistas,
presidentes y jueces.
En EE.UU. se llama “lobistas” (o cabilderos) a los sobornadores y a sus agentes,
mientras que en cualquier otro lugar se les llama simplemente estafadores o
mangantes. La corrupción (el cabildeo) engrasa los engranajes del presupuesto
militar (de miles de millones), de las subvenciones a la tecnología, de las
empresas evasoras de impuestos y cualquier faceta del gobierno, todo ello de un
modo abierto, en todo momento y en cualquier lugar del régimen estadounidense.
La corrupción, como el cabildeo, jamás levanta ni un ápice de crítica en los
medios de comunicación de masas.
Sin embargo, cuando la corrupción se produce bajo la mesa en lugares como Irán,
China o Rusia, los medios de comunicación denuncian a la élite política, incluso
aunque China haya detenido y encarcelado a más de dos millones de funcionarios
de alto y bajo rango por dicha causa. Cuando China castiga la corrupción, los
medios estadounidenses afirman que se trata de una simple “purga política”,
aunque sirva para reducir el consumo ostentoso de la élite.
En otras palabras, la corrupción imperial defiende los valores democráticos; la
lucha contra la corrupción es un sello distintivo de las dictaduras
totalitarias.
 Tesis 9 
Pan y circo son una parte integral de la construcción imperial, especialmente
para promover disturbios callejeros destinados a derrocar a gobiernos
independientes y legítimamente elegidos.
Los disturbios financiados por el imperio proporcionaron la tapadera para golpes
de Estado promovidos por la CIA en Irán (1954), Ucrania (2014), Brasil (1964),
Venezuela (2003, 2014 y 2017), Argentina (1956), Nicaragua (2018), Siria (2011),
Libia (2011) y muchos otros lugares a lo largo del tiempo.
Las masas que trabajan para el imperio atraen a mercenarios y manifestantes
voluntarios que dicen defender la democracia y sirven a la élite. La
participación de las masas es especialmente eficaz para ganar el apoyo de
izquierdistas que buscan la opinión de la calle ignorando quien dirige en
realidad el cotarro.
 Tesis 10 
El imperio es como un taburete de tres patas que promueve el genocidio, asegura
el magnicidio y gobierna por homicidio. Las invasiones causan la muerte de
millones de personas, atrapan y asesinan a gobernantes y luego gobiernan
mediante homicidios (la policía asesina a los ciudadanos disidentes).
Son muchos los casos que demuestran esta tesis, aunque los primeros que vienen a
la cabeza son Irak y Libia. Estados Unidos y sus aliados invadieron,
bombardearon y mataron a más de un millón de iraquíes, capturaron y asesinaron a
sus dirigentes y luego instalaron un Estado policial.
Algo parecido ocurrió en Libia, donde Estados Unidos y la UE bombardearon,
asesinaron y desplazaron a millones de personas, asesinaron a Gadafi y
fomentaron una caótica guerra terrorista de clanes, tribus y marionetas de
Occidente.
Los “valores occidentales” revelan la inhumanidad de los imperios levantados
para asesinar “a la carta”, despojando a las naciones víctimas de sus
defensores, de sus líderes y sus ciudadanos.
 Conclusión 
Estas diez tesis definen la naturaleza del imperialismo del siglo XXI, sus
continuidades y novedades. Los medios de comunicación de masas mienten
sistemáticamente para favorecer al poder: su objetivo es desarmar a sus
adversarios y propiciar que sus patrones continúen saqueando el mundo.
N.d.T:
* LeBron James, jugador de la NBA que utiliza su fama para denunciar las
injusticias sociales y el racismo y que ha recibido fuertes insultos del
presidente.
 El presente artículo puede reproducirse libremente a condición de que se
respete su integridad y se nombre a su autor, a su traductor y a Rebelión como
fuente del mismo

In
REBELION
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=245371
18/8/2018

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

A Venezuela que não será vista nas televisões


 Simon de Beer   
Um belga faz uma viagem turística à Venezuela. Mas o estado de espírito de
férias não o torna indiferente a uma realidade bem diferente da que os grandes
media querem fazer passar. Abre os olhos e ouvidos para conhecer as pessoas num
país que está a mudar, atravessando grandes dificuldades económicas e a
constante ingerência e ameaça do imperialismo e dos seus cúmplices. Uma
Venezuela tão livre que, num sector inteiramente privado como o do turismo, os
guias turísticos têm carta-branca para mentir sobre o seu próprio país.


Primeira observação: as conquistas da revolução bolivariana são impressionantes
 Falamos muito pouco e é uma pena. Na menor aldeia remota há uma escola pública
totalmente gratuita (equipamentos e refeições incluídas para crianças). O
analfabetismo foi erradicado e a Venezuela é actualmente o quinto país do mundo
com a maior taxa de académicos. Em todos os lugares as pessoas usam
orgulhosamente o fichário colorido da Venezuela, recebido na escola ou na
universidade.
 Um sistema de saúde - totalmente gratuito - cobre todo o país. Em uma pequena
ilha de 2000 habitantes onde passamos alguns dias, há um mini-hospital, com
dentista, ginecologista e até um pequeno laboratório. “Todo cuidado é gratuito
“, lê-se em seis idiomas na entrada. Tendo ambos contraído um vírus perigoso,
fomos recebidos a um domingo, sem marcação e sem esperar, e sem pagar um centavo
apesar de sermos estrangeiros. “Na Venezuela a saúde é um direito garantido
constitucionalmente “, explicou orgulhosamente a enfermeira que cuidou de nós.
 Caracas, a capital, tem um metro moderno e… gratuito (uma boa lição para
aqueles que afirmam que tornar mais barato o transporte público em Bruxelas é
impossível). Centenas de milhares de unidades de habitação social foram lá
construídas. Favelas inteiras foram literalmente transformadas em moradias.
Pudemos visitar um bairro totalmente novo, inaugurado no ano passado. Em todo o
país, estamos a falar de 2 milhões de novos lares desde 2012.
 A nível democrático, também foram feitos grandes progressos. As pessoas
reapropriam-se literalmente da política. Comités de vizinhança foram criados em
todos os lugares para lidar com questões locais. As pessoas estão sempre
satisfeitas em discutir política. “Antes de Chávez, vivíamos numa democracia de
fachada “, explicou um taxista. Antes de acrescentar: “Mas também tem que
conversar com outras pessoas, para formar a sua própria opinião.”
Os nativos deixaram de ser considerados cidadãos de segunda classe.” Chávez
trouxe-nos o direito ao trabalho e o direito à educação “, disse um membro de
uma comunidade indígena na região de Canaima. ” Antes, simplesmente não tínhamos
qualquer direito.”
As pessoas estão a passar por uma crise muito difícil
 Graças à política social do governo, às lojas sociais, às cantinas, à medicina
gratuita, etc., as pessoas não vivem na miséria e não morrem de fome, como
regularmente lemos nos nossos meios de comunicação (esse é o caso em outros
países da América Latina). No entanto, não podemos negar que os tempos são
difíceis. O poder de compra é consideravelmente limitado. Os preços estão a
subir constantemente e a moeda está a perder valor apesar dos aumentos salariais
regulares. Que é uma dor de cabeça real de base quotidiana.
 A origem desse problema vem dos grandes grupos privados, que ainda controlam a
maior parte da economia, e que durante quatro anos travaram uma guerra económica
muito dura contra a Venezuela. Um pouco como foi o caso em 1973 contra o Chile
de Allende.
 Isso também se deve ao facto de a economia da Venezuela continuar muito
dependente do petróleo e estar a lutar para desenvolver um sector produtivo
nacional e independente. Este é obviamente um dos grandes desafios do governo.
 Como resultado, mesmo que o actual presidente Maduro continue a ser muito
popular - como as últimas eleições mostram - uma parte do povo é seduzida pelo
discurso da oposição de direita, que está a surfar um certo nível de
descontentamento e espera voltar ao poder.
E a então a oposição?
 Muitas vezes ouvimos nos nossos media que a Venezuela é uma ditadura, onde a
oposição é amordaçada. Algumas horas no local provam directamente o contrário.
90% dos canais de TV estão nas mãos da oposição. Todos os dias há críticas ao
governo. As pessoas expressam-se livremente (gostam de discutir, quaisquer que
sejam as suas opiniões). Os circuitos turísticos são amplamente dominados pela
oposição. E não hesitam em dizer-vos todo o mal que pensam de Chávez e Maduro,
com uma má-fé por vezes desconcertante.
 Alguns pequenos trechos seleccionados das nossas conversas:
” Antes vivíamos num bairro apenas com pessoas decentes, bem-educadas. Mas o
governo construiu habitações sociais e agora há pessoas pobres no bairro. Nós
deixámos de estar seguros. Se o governo pedir, eles atacar-nos-ão à pedrada.
Veja como penduram as suas roupas nas janelas! Não são civilizados. ”
 “Antes vivíamos num país com valores. Houve meritocracia. Hoje todos podem ir
para a universidade e ter um emprego. O resultado é o nivelamento por baixo. ”
 ” Antes de Chávez, vivíamos bem. Encontrávamos tudo o que queríamos nas lojas.
Podia escolher-se entre 10 marcas para cada produto. O país não conhecia a
crise.”
NB: antes de Chávez, havia uma taxa de pobreza de 80% … Essa taxa caiu para 26%
em 2014 (antes da crise actual).
 Em suma, o que está a acontecer na Venezuela não é sobre “democracia”, como
lemos nos nossos media. A grande maioria das pessoas nunca desfrutou de tanta
liberdade como hoje (política, educacional, social e económica, cultural e
outras).
 O que está a acontecer na Venezuela é um conflito entre duas categorias sociais
opostas: as pessoas de um lado, os privilegiados ricos do outro lado.
 As pessoas que tentam levantar a cabeça depois de décadas de miséria,
procurando o seu próprio caminho para o progresso social. Os ricos, apoiados por
multinacionais estrangeiras e pelos Estados Unidos, que se recusam a ver fugir
os seus velhos privilégios. Eles não suportam ver a riqueza colossal da
Venezuela entrar em programas sociais em vez de no seu bolso. E estão prontos
para fazer seja o que for para derrubar o governo.
 Pela minha parte, sem idealização, a Venezuela continua sendo uma inspiração
para aqueles que repetem incansavelmente que não podemos investir em habitação
social, desenvolver o transporte público ou baixar os custos de educação e
formação e da medicina. Embora nem tudo seja perfeito, a Venezuela mostra-nos à
sua maneira que outras escolhas são possíveis. E por isso mesmo, merece a pena
fazer um desvio e passar por esse país.
Fonte:
https://www.investigaction.net/fr/venezuela-ce-quon-ne-verra-pas-a-la-television/a


In
O DIARIO.INFO
https://www.odiario.info/a-venezuela-que-nao-sera-vista/
15/8/2018

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Classificação de universidades


       por Prabhat Patnaik [*] 
       A proposta de eliminar a Comissão de Bolsas da Universidade e endurecer o
      controle político sobre o sistema de ensino superior na Índia tem sido
      debatida por iniciativa de Narendra Modi, o qual aparentemente está
      preocupado com a escassez de nomes indianos entre as universidades mais
      bem classificadas do mundo. Esta preocupação não se limita apenas a Modi;
      ela é compartilhada por um grande número de pessoas no establishment
      político do país e por muita gente entre o público em geral. Esta
      preocupação é, de certa forma, compreensível: ela tem afinidade com a
      preocupação sobre a falta de medalhas para a Índia nos Jogos Olímpicos;
      mas, ao mesmo tempo, tal preocupação é ingénua e perigosa. Ela trai uma
      completa falta de entendimento acerca do papel do ensino superior na vida
      de um país.
       A educação superior tem um papel social crucial, um papel "construtor da
      nação", pelo que é errado tratá-la em pé de igualdade com a vitória em uma
      corrida de velocidade ou uma partida de hóquei. Isso não quer dizer que
       vencer uma corrida ou um jogo de hóquei não tenha qualquer significado
      social; pode ter um impacto sobre a moral de muitas pessoas no país. Mas
      as regras pelas quais uma corrida ou um jogo são regidas não precisam
      necessariamente ser diferentes por razões sociais de um país quando
      comparado a outro, do modo como regras para julgar universidades
      necessariamente têm de ser. Classificar as universidades em todos os
      países de acordo com um conjunto comum de critérios, como fazem todos
      esses rankings, tais como o  Times Higher Educational Supplement, 
      significa separá-los dos seus respectivos contextos sociais e, portanto,
      negar o papel social da educação. Essa negação não é apenas um descuido.
      Ela tem uma função ideológica e os Modis do mundo promovem essa ideologia.
       Tomemos um exemplo simples. Um estudante indiano deve saber acerca do
      impacto do colonialismo britânico sobre a economia indiana. Um estudante
      de ciências económicas deve conhecer a obra de  Dadabhai Naoroji . Mas
      nenhum estudante de económicas em Cambridge ou Oxford ou Harvard sequer
      ouviu falar de uma pessoa chamada Dadabhai Naoroji. Portanto a trajectória
      de investigação e ensino numa universidade indiana nunca deve ser idêntica
      à de uma universidade britânica ou americana. Qualquer critério comum para
      classificar universidades, tais como o número de artigos em certas
       publicações reconhecidas, ou o número de citações recebidas por artigos e
      livros escritos pela faculdade, num mundo dominado pela academia
      ocidental, subestimaria necessariamente o valor do trabalho feito em
      universidades indianas. Estar preocupado acerca disto é de facto sucumbir
      à hegemonia académica ocidental, abandonar a ideia de que o que é ensinado
      e investigado em universidades indianas deve estar enraizado na realidade
      social indiana.
       Quando Gandhi instou estudantes indianos a abandonarem estudos em
      faculdades e universidades e aderirem ao Movimento de Desobediência Civil,
      Tagore perguntou-lhe como é que ele podia fazer isso num país onde a
       extensão da educação superior era tão limitada. A resposta de Gandhi foi
      que a educação superior sendo ministrada a estudantes sob o Raj era
      destinada apenas a produzir servidores oficiais do  Raj  e que os
      estudantes indianos fariam bem em saírem de tal sistema. Se se quiser
      reformular a resposta de Gandhi utilizando o conceito avançado por António
      Gramsci, o sistema colonial de educação superior estava destinado a
      produzir "intelectuais orgânicos" para o imperialismo britânico e não
      "intelectuais orgânicos" para o povo da Índia. Gandhi estava a rejeitar a
       ideia de educação superior como uma actividade homogénea independente do
      seu contexto social e sublinhava o papel social da educação superior.
      Aquela rejeição ainda hoje permanece válida. E se a educação superior não
       é uma actividade homogénea, então julgar instituições de educação
      superior através de diferentes países por uma fita métrica padrão é
       ilegítimo.
       Dois pontos devem ser destacado aqui de imediato. Mesmo se aceitássemos a
      lógica destes rankings e sentíssemos a necessidade de melhorar as fileiras
      das universidades indianas, nunca conseguiríamos fazê-lo sob a
      administração do BJP [o partido de Modi], por duas razões, uma bastante
      óbvia e a outra menos. A razão óbvia é que nenhuma universidade no mundo
      pode aspirar a qualquer tipo de excelência, não importa por quais
      critérios, se estudantes e professores dentro dela forem arregimentados,
      se não lhes for permitido pensar e falar livremente ou levantar questões
      por medo de serem marcados como "anti-nacionais" e "sediciosos". A
       tendência de todos os académicos potencialmente de boa qualidade seria
      fugir de um tal sistema, ao invés de serem atraídos por ele. Só mentes
      ignorantes pensam em maior controle político como meio de melhorar a
      qualidade do ensino superior, quando a verdade é precisamente o oposto.
       A razão mais subtil é que a própria aceitação de um ranking concebido por
      um corpo metropolitano, por mais bem intencionado que seja, num mundo
      marcado pela hegemonia intelectual metropolitana, condena todas as
      instituições imitadoras do terceiro mundo à mediocridade. Eles vivem a
      paródia com a qual o arqui-imperialista Rudyard Kipling havia
      ridicularizado a classe média colonizada, através da sua criação do
      banderlog em  O Livro da Selva,  cujo principal desejo, expresso para o
      filho varão Mowgli, era: "nós queremos ser como você"; coisa que
      obviamente nunca poderiam ser. A razão pela qual instituições como a
       Universidade Jawaharlal Nehru adquiriram renome mundial, o que é um
       facto, independentemente de figurarem em qualquer lista compilada pelo
       Times Higher Educational Supplement,  é precisamente porque nunca
      tentaram imitar instituições do Ocidente. E isso é uma condição necessária
      para a excelência.
       O segundo ponto é que não se importar acerca dos rankings preparados por
      instituições como  The Times Higher Educational Supplement,  onde as
      universidades indianas não figuram no topo, não deve significar que está
      tudo certo com o ensino superior indiano. Todos conhecem seu péssimo
      estado, o qual foi produzido por um conjunto de factores. Estes incluem o
      controle político que leva os bajuladores ao topo da administração
      universitária; absoluta mesquinhez na concessão de recursos para elas,
      razão pela qual posições docentes são deliberadamente mantidas vagas e
       instituições forçadas a desenrascarem-se com o corpo docente  ad hoc  a
      fim de poupar dinheiro; e uma agenda de mercantilização da educação a qual
      implica que as universidades privadas – a operarem em linhas comerciais –
      são realmente favorecidas pelo governo em comparação com as universidades
      públicas. Rejeitar os rankings de instituições metropolitanas não é,
      portanto, estar orgulhoso quanto ao estado do ensino superior na Índia; é
      simplesmente sugerir que os critérios pelos quais as julgamos devem ser
       sui generis  e não aqueles concebidos pelas instituições metropolitanas.
       A razão porque eles produzem tais listas baseadas num conjunto de
       critérios comuns, independentemente do contexto social das universidades,
      não é apenas ideológica, não é apenas para aprisionar essas instituições
      dentro do discurso conceptual metropolitano. Há também uma razão
       adicional, mais directamente económica. E isso tem a ver com o facto de
       que, na era da globalização, o capital globalizado não pode simplesmente
      transportar pessoal de seu país natal para servir suas necessidades
      internacionalmente. Ele deve recrutar pessoal local, o qual, para o
      capital originário da metrópole, também é mais barato. O capital
      globalizado, portanto, deseja instituições de ensino superior  por toda a
      parte  a fim de produzir estudantes que sejam mais ou menos idênticos em
      todo o mundo. Quem recruta verificaria então quão "boa" seria supostamente
      a instituição num determinado país que produz tais estudantes. Ele exige
      portanto uma classificação de tais instituições em todo o mundo. Por
      outras palavras, o capital globalizado, precisamente porque é globalizado,
      requer uma classificação das instituições de educação superior em todo o
      mundo, da mesma forma que requer um ranking de "classificação de crédito"
      de países pelas agências especializadas de  rating. 
       Colocar universidades indianas entre as melhores em tais classificações
      faz parte portanto da agenda de fazê-las produzir "intelectuais orgânicos
      para o capital financeiro internacional". É convertê-las de instituições
       encarregadas de produzir "intelectuais orgânicos para o povo indiano"
      àqueles requeridos para produzir "intelectuais orgânicos para o capital
      financeiro internacional". Elas podem não estar a sair-se muito bem no
      cumprimento da tarefa anterior, mas este é um argumento destinado a
      melhorar o seu funcionamento  quanto a essa tarefa,  não para mudar a sua
      tarefa de produzir alimento para o capital financeiro internacional,
      enquanto vira as costas ao povo.
       Pode-se pensar, naturalmente, que não produzir alimento para o capital
       financeiro internacional diminuiria e empregabilidadde dos estudantes
       num mundo neoliberal  dominado por este capital. Mas isto é basicamente
      um argumento a favor da mudança do regime económico do país ao invés da
       mudança do sistema de educação. Além disso, nem mesmo está claro que os
      produtos de um sistema de educação que se prostra perante o capital
      financeiro internacional permaneceriam empregados. Estudantes saídos da
      Jawaharial Nehru University ou da Jadavpur University afinal de contas
      actualmente não permanecem desempregados. Ao contrário, suas perspectivas
      de emprego mesmo dentro do actual regime económico são muito melhores do
      que aquelas dos saídos das outras universidades que fazem de tudo para
      produzir estudantes na forma de mercadorias bem embaladas para o mercado.
       Assim, parecemos estar a completar um círculo. O sistema de educação
      colonial fora orientado para produzir servos para o  Raj,  o que Gandhi
      objectara. Sete décadas após a independência, estamos agora mais uma vez
      no processo de fazer com que o nosso sistema educacional produza servos
      para o capital financeiro internacional. Isto deve ser contestado. O
      sistema de educação na Índia deve ser voltado para a produção de
      intelectuais orgânicos para o povo trabalhador indiano.

      12/Agosto/2018
      [*] Economista, indiano, ver  Wikipedia
       O original encontra-se em 
      peoplesdemocracy.in/2018/0805_pd/ranking-universities . Tradução de JF.

In
RESISTIR.INFO
https://www.resistir.info/patnaik/patnaik_12ago18.html
12/8/2018

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Assim é (se lhe parece). De fusões a incorporações a banca é o maior fator de corrupção existente no Brasil e no mundo.




Pedro Augusto Pinho


A peça de Luigi Pirandello, escrita em 1917, que dá título a este artigo,
pretende mostrar que há muito mais atrás dos fatos do que sua simples descrição.

Inicio transcrevendo do brilhante jornalista e arguto analista Luis Nassif sua
análise de 19/09/2014, sob título “Como Dilma conseguiu perder o apoio da
indústria”:
“No futuro, a maneira como Dilma Rousseff perdeu o apoio da classe empresarial –
especialmente dos industriais paulistas – se constituirá em um caso clássico da
ciência política.
Durante seu governo, Dilma ampliou o escopo do BNDES (Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e Social), distribuiu isenções fiscais, implementou a
desoneração da folha de salários, definiu políticas industriais, avançou no
conceito de conteúdo nacional nas compras públicas, montou parcerias com as
Confederações empresariais, especialmente a CNI (Confederação Nacional da
Indústria) e a CNA (Confederação Nacional da Agricultura).
Dos três candidatos – ela, Aécio, Marina – é a única que se alinha com uma
escola de pensamento econômico que privilegia a indústria como motor do
crescimento. Mesmo assim, Dilma conseguiu esse anti-feito extraordinário de ser
abominada pelo empresariado paulista”.
Desde o Governo de Juscelino Kubitschek (1956 a 1961), a indústria
automobilística vem desempenhando um papel de relevo na industrialização
brasileira. Ousaria afirmar que apenas a Petrobrás foi mais importante na
formação do parque industrial brasileiro, se excluirmos os bancos e instituições
de fomento.
Seria, por conseguinte, bastante óbvio, buscando o crescimento econômico e a
geração de empregos, que se desse incentivos à indústria, em geral, e à
automobilística e de petróleo, em particular. Mas, sendo a Petrobrás, ainda, uma
empresa estatal brasileira – para enorme desgosto do golpista Michel Temer e do
seu candidato à sucessão, Geraldo Alckmin – podemos restringir nossas
considerações ao setor automobilístico.
 Mas quem proveita da isenção tributária na indústria automobilística
brasileira?
É fundamental conhecer como está ou, melhor ainda, com quem está o poder
econômico neste século XXI.
Uma de minhas constantes reflexões se voltam para o sistema financeiro
internacional, que denomino abreviadamente banca. É o capital em seu estado mais
puro: apenas o dinheiro, em moeda ou títulos.
AÇÃO DA BANCA
E qual o objetivo da banca?
Assinalo dois: primeiro a transferência de todos os ganhos, de qualquer área da
economia, para o sistema financeiro. Assim o lucro industrial deve ser
transformado num valor de aplicação pelo sistema financeiro. Um título de
dívida, por exemplo, ou um dividendo, se aquele negócio for dominado pela banca.
Mas, é conveniente que se esclareça, a banca tem pressa; se puder antecipar este
ganho e colocá-lo no mercado da especulação, ela não aguardará a distribuição
dos lucros.
O segundo objetivo é autofágico – promover a permanente concentração de renda.
Assim, na luta da banca contra a banca, a que atirar primeiro ganha. E o caro
leitor pode ver, claramente, que há cada dia maior número de compras, de fusões,
de incorporações entre empresas, até que fique só uma: a da banca.
Entramos, assim, num campo mais restrito. A quem pertencem as maiores
fabricantes no Brasil, pelo número de veículos vendidos?
As cinco grandes, conforme a revista Exame, são, pela ordem: Fiat, Volkswagen,
General Motors (GM), Ford e Renault. Vejamos seus donos.
Há um site, estadunidense, que apresenta diversos dados sobre as empresas e seus
mercados. E foi o 4-traders que consultamos para o que lhe informamos a seguir.
A FIAT tem como cinco maiores acionistas:
1 – Exor NV (private equity)
 2 – Baillie Gifford & Co.
 3 – Harris Associates LP
 4 – Blackrock
 5 – The Vanguard Group.
 A VOLKSWAGEN tem como cinco maiores acionistas:
 1 – Qatar Investment Authority
 2 – The Vanguard Group
 3 – Causeway Capital Management
 4 – Amundi Asset Management
 5 – Blackrock
 A GM tem como cinco maiores acionistas:
 1 – The Vanguard Group
 2 – Blackrock
 3 – Harris Associates
 4 – State Street Corporation
 5 – Berkshire Hathaway
 A FORD tem como cinco maiores acionistas:
 1 – The Vanguard Group
 2 – Blackrock
 3 – Newport Trust
 4 – SsgA Funds Management
 5 – Wellington Management
A RENAULT é empresa de economia mista. Aqui diríamos que é uma estatal. Dois
acionistas, o Governo da França e a Nissan Motor, tem cada um 15% das ações. O
terceiro maior acionista é a própria Renault com o fundo de seus empregados,
possuem 4,20% do capital da companhia. Mas é curioso saber que The Vanguard
Group e Blackrock também compartilham ações da Renault.
Antes de buscarmos uma resposta para o “case study” proposto por Luis Nassif,
vamos desmistificar o “mercado competitivo” da ideologia liberal.
O prezado leitor também se perguntará, diante dos cinco maiores fabricantes no
Brasil, que concorrência fazem The Vanguard Group e Blackrock que são
proprietários da matriz de todos eles?
FARSA DA COMPETIÇÃO
Se houve, em algum tempo, competição, competitividade nos mercados, certamente
não é o que ocorre, ao menos nestes últimos cinquenta/sessenta anos. Temos
oligopólios, repartição de mercados por áreas geográficas ou por produtos,
quando não monopólios, disfarçado sob nomes de fantasia da Unilever (Omo, Seda,
Dove, Hellmann’s, Maizena, Knorr, Kibon, AXE, Lux, Rexona etc), da
Colgate-Palmolive (Colgate, Palmolive, Protex, Sanex, Softsoap, Hill’s, Gard,
Brite, Suavitol, Murphy, Care, Meridol, Irish Spring, Tom’s, Ajax, Pinho Sol,
Fleecy, Axion, Cuddly, Elmex, Fluffy etc) ou de outra monopolista nas áreas de
alimentos, saúde, roupas, bebidas etc. O que dirá então da produção mineral, de
recursos finitos e indispensáveis para a civilização contemporânea.
Fica então mais fácil entender porque as isenções, os incentivos aprovados pela
Presidente Dilma Rousseff provocaram reações antagônicas das associações
industriais paulistas.
Todo recurso foi levado para a especulação financeira. Para o “mercado” que hoje
é tão somente financeiro.
Façamos um pequeno exemplo, retirado da movimentação neste final de julho, da
Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Foi um dia de movimentações pouco
expressivas para as ações mais negociadas. A Bovespa vem se recuperando
lentamente depois da queda em meado de junho passado. A ação que escolhi é das
bem negociadas e considerada pelos analistas “bom investimento”. Assim não se
pode dizer que busquei um ponto fora da curva.
Tomemos então a ação ordinária do Bradesco (BBDC3). Sua cotação mínima foi R$
27,84 e máxima R$ 28,46. Uma variação de 2,22%, em um único dia.
Ora, se você pode, com o recurso disponibilizado pela isenção ou incentivo,
ganhar 2,22% ao dia, sem trabalho maior do que teclar seu computador, por que
vai contratar mão de obra, encomendar chapas de aço, sofrer eventual
encolhimento das vendas?
BANCA É CORRUPÇÃO
Quando escrevo que a banca é o maior fator de corrupção existente no Brasil e no
mundo, fica claro ao que me refiro. E ainda há quem fique imaginando sítio em
Atibaia ou apartamento no Guarujá (que nem são do Lula), ambos típicos de classe
média, nada de avenida Foch, em Paris, ou suntuosos 450 m² no valorizado
Higienópolis paulistano (de FHC). E mesmo o apartamento-cofre do aliado de Temer
e FHC, o baiano Geddel Vieira Lima, com sacolas e mais sacolas de dinheiro em
espécie (coisa de traficante). Tudo isso nada significa diante de um dia da
banca com um benefício fiscal.
Quer moralidade? Faça a auditoria da dívida brasileira, promova intervenção nos
bancos, financeiras, corretoras de valores ao invés das favelas cariocas.
Como fica diferente o mundo quando o colocamos sob a lente dos fatos,
diferentemente das ideologias! E com que sutileza Luis Nassif no-lo apresenta!

In
DINÂMICA GLOBAL
https://dinamicaglobal.wordpress.com/2018/08/06/assim-e-se-lhe-parece-de-fusoes-a-incorporacoes-a-banca-e-o-maior-fator-de-corrupcao-existente-no-brasil-e-no-mundo/
6/8/2018

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

"Devemos preparar-nos"



       por Carolus Willer [*] 

       O Partido Comunista da Venezuela (  PCV ) apoia o governo de Nicolas
      Maduro. Mas o PCV apresenta claramente as divergências que tem com o seu
      partido social-democrata, o PSUV. Entrevista com Carolus Wimmer,
      secretário internacional do PCV acerca da situação naquele país. 
       SDAJ: Qual é a vossa apreciação sobre a vitória eleitoral? 
       Carolus Wimmer : A vitória de Maduro é para nós uma vitória eleitoral
      benvinda e importante, mas não uma vitória para comemorar e sim um
      incitamento forte à reflexão, à crítica e à auto-crítica. Os Estados
      Unidos, apoiados pela UE, anunciaram que não reconheceriam o resultado. A
      burguesia venezuelana montou uma greve dos transportes no domingo das
      eleições. Que a eleição tenha simplesmente podido se realizar, e mesmo com
      êxito e na calma, prova que a maioria da população quer a paz e a
      democracia. Para nós, a democracia significa que a população tem o direito
      de decidir pelo voto quem deve ser presidente.
       SDAJ : A participação nas eleições e o número absoluto de sufrágios a
      favor de Maduro foram claramente mais fracos que nas eleições anteriores.
      Por que? 
       Carolus Wimmer  : Isso tem a ver em primeiro lugar com o facto de que a
       oposição apelou ao boicote. Entretanto, uma parte da oposição mesmo assim
      participou nas eleições que foram democráticas com quatro candidatos
      oponentes a Maduro. Uma vez que a oposição, na sua maior parte, não
      participava, pode-se supor que uma parte dos nossos eleitores disse a si
      própria: "ele ganhará de qualquer modo" e não se deslocaram. Em comparação
      com os outros países da América Latina, experimentámos um alto nível de
      participação eleitoral. Desta vez, na escala do nosso país, não estamos
       satisfeitos, mas a participação continua superior àquela nas eleições na
      Colômbia, Argentina, Chile ou Brasil. É um número que é preciso
      relativizar.
       SDAJ : Por que, como partido comunista, apoiaram Maduro? 
       CW : Apoiámos Maduro com a palavra-de-ordem "unidade para a defesa da
      pátria". A Venezuela é um país capitalista com as contradições inerentes a
      um país capitalista. Também temos contradições com o nosso aliado, o PSUV,
      que é um partido social-democrata. Mas no momento a prioridade é a defesa
      da soberania nacional da Venezuela contra as ingerências e as ameaças
      militares dos Estados Unidos e da UE. Era claro para nós que este
      objectivo comum devia prevalecer sobre as divergências com o PSUV, que
      entretanto explicámos durante a campanha eleitoral.
       SDAJ : Assinaram um acordo com o PSUV, enquanto partido comunista. Quais
       eram seu conteúdo e seu objectivo? 
       CW : Apoiámos Maduro com a condição de haver um projecto comum mínimo. É
      este o sentido do acordo assinado com o PSUV. Não foi fácil concluir este
      acordo, mas chegámos lá. Para nós, trata-se de um programa de combater
      para defender a classe operária e ele contém muitas propostas para
      remediar dificuldade e erros. É o primeiro programa comum em 19 anos entre
      o PCV e o PSUV na Venezuela. Consideramo-lo como um êxito mas igualmente
      como uma necessidade. Sem este programa, certamente não teria havido apoio
      a Maduro da nossa parte.
       SDAJ : Quais são os pontos centrais do acordo? 
       CW : O programa compreende ao todo 19 pontos sobre os quais pudemos nos
       por de acordo com o PSUV. Isso faz parte do reconhecimento da necessidade
      de uma liderança colectiva do processo revolucionário, "revolucionário",
      entendido no sentido de libertação nacional e não de socialismo. Na nossa
       opinião, a Venezuela enfrenta numerosos problemas porque os assalariados
       ainda não alcançaram nenhuma posição dirigente. Eles certamente podem
      votar, mas as posições dirigentes permanecem sempre ocupadas pela
      burguesia.
       Outros pontos referem-se ao combate à corrupção, à exigência de uma
      planificação centralizada, ao combate contra os privilégios da burguesia,
      à exigência de que, na situação económica difícil que atravessa o país,
      não vá nenhum dólar para a burguesia. Um outro assunto, decisivo para nós,
      é a busca do desenvolvimento produtivo. A Venezuela é um país petrolífero.
      Vivemos, desde há um século, do petróleo. É necessário que o país se
      industrializa mais – e não só com "projectos mamute" mas também através de
       pequenas e médias empresas, o artesanato, a agricultura. Isso não
       constitui um programa socialista mas sim um começo positivo, se o governo
      está realmente pronto a melhorar concretamente a situação e a por em acção
      os pontos mencionados.
       SDAJ : Acerca de que pontos distinguem-se do PSUV? 
       CW : A diferença entre o PCV e o PSUV é aquela que separa o comunismo da
      social-democracia. Não é o que colocamos em primeiro lugar neste momento,
      mas lutamos pelo socialismo. O socialismo é a libertação do homem da
      exploração, o poder à classe operária, aos assalariados e ao conjunto dos
       trabalhadores.
       Nossa base teórica é o marxismo-leninismo e podemos demonstrar, 200 anos
      após o nascimento de Karl Marx, que a Venezuela já realizou grandes
      progressos, nomeadamente ao nível da superestrutura. Marx fala da base
      económica e da superestrutura. Mas o que é que é decisivo em primeiro
      lugar? A base económica! Isso quer dizer que a consciência dos homens e
      das mulheres é igualmente determinada pela situação económica. Acerca
      deste ponto, tem havido uma interpretação falsa em todos os processos
       progressistas na América Latina, quer seja na Argentina, no Brasil com
       Lula, no Equador com Correa, etc. Todos eles concentraram-se na
      superestrutura: educação, saúde, construção de habitações, uma nova
      constituição, democracia participativa, cultura, desporto... Tudo isso é
      belo e justo. Na Venezuela isso funcionou enquanto as cotações do petróleo
       permaneceram elevadas. Havia muito dinheiro para consagrar à
       superestrutura. Mas com a queda das cotações do petróleo, a realidade nos
      recapturou.
       SDAJ : Que papel desempenham as agressões do imperialismo americano e da
      UE? 
       CW : Está claro para nós que, quando a luta das classes progride, o que é
      indiscutivelmente o caso na Venezuela, o inimigo de classe reage. Este
      pode nos deixar por algum tempo relativamente tranquilos, enquanto não
      representemos um perigo, mas quando nosso trabalho e nossa luta avançam e
      ameaçam os privilegiados da burguesia e dos monopólios multinacionais, a
      reacção vem naturalmente. Enquanto comunistas, não temos de ver nisto uma
      tragédia. Mas somos tão contrários à trégua, que o capitalismo pode
      conceder desde que possa continuar a exploração, que estamos determinados
      a lutar para nos libertar. Este inimigo de classe saberá "evidentemente
      utilizar todas a nossas fraquezas. E nossa fraqueza principal é a fraqueza
      da base económica da Venezuela. Tudo isso deve-se ao todo-petróleo. A
      infraestrutura não corresponde assim de modo algum às necessidades
      produtivas de um país independente mas está dirigida unicamente para a
      exportação. Isso traduz-se pelo facto de que todas as cidades estão
      situadas na costa e que no interior, por assim dizer, não existem. As
      estradas e as ferrovias foram construídas para ir dos poços de petróleo e
      das minas para a costa. Toda a estrutura foi pensada para a exploração do
      país, das suas matérias-primas e para os lucros dos grandes monopólios dos
      países imperialistas.
       É lógico que os países imperialistas se esforcem por controlar nossos
      países e combatam toda forma de resistência. Aquilo que se vê nas
      múltiplas guerras em África vale também para a Venezuela. O que se passa
      na Venezuela? Desde há 19 anos, um pequeno país, fraco, resiste contra uma
      potência imperialista e militar cada vez mais forte. Como Cuba, como a
      Bolívia mas com uma diferença, a riqueza da Venezuela. Se fôssemos um país
      pobre, desprovido de recursos naturais, sem dúvida seríamos considerados
      com um pouco mais de paciência. Mas o imperialismo é ávido. Eis porque os
      Estados Unidos, e também a UE enquanto representante do capitalismo
      europeu, não mudarão seu plano destinado a assegurarem o domínio sobre
      estas riquezas naturais.
       SDAJ : A que tradução política isso vos conduz? 
       CW: Isso significa que devemos nos preparar para uma luta de longa
       duração, como Cuba e outros países o fizeram com êxito, como o Vietname.
      É verdde que somos um partido pequeno mas desempenhamos um papel
      importante, em particular na organização da classe operária e ao lado da
      juventude trabalhadora. A tarefa é grande mas as possibilidades também são
      grandes. Nestes dias, e isso vale de modo agudo para a nossa revolução
       bolivariana, a luta é portadora de dificuldades e perigos mas também de
      uma grande possibilidade de mudar as coisas. Se a luta das classes se
      desenvolve muito fracamente, então quase nada muda e os países
      imperialistas podem continuar a explorar tranquilamente.
       A Venezuela mostrou sua grande solidariedade internacional, em primeiro
      lugar em relação à América Latina mas também no resto mundo. Reforçar o
      processo revolucionário na Venezuela implica também que sustentemos outros
      combates emancipadores. É por isso que o imperialismo americano nos
      classifica no "eixo do mal" e que há perigo de um ataque directo dos
      Estados Unidos contra a Venezuela. Isso nos coloca diante de uma situação
      complicada: Nós, que lutamos pela Revolução e pelo socialismo, lutamos
       também e sempre pela paz e a liberdade frente às guerras imperialistas.
      Mas quando o imperialismo nos ameaça com a guerra, devemos ser capazes de
      nos defender. No momento, conduzimos este combate naturalmente no quadro
      do sistema capitalista. Isso implica que lutamos por reformas. Mas ao
      mesmo tempo batemo-nos pela revolução porque sabemos que as reformas são
      sempre limitadas. E temos também de nos bater pela paz. Devemos nos
      preparar militarmente para um possível ataque, agora e não reagindo quando
      ele já tiver ocorrido.
       Esta é uma das lições a tirar do golpe fascista no Chile em 1973. Após o
      golpe criticou-se (do exterior, é sempre mais fácil) a confiança concedida
      pelo governo às forças armadas. Então, se havia dado como certo que uma
      democracia que não havia experimentado nem um golpe em mais de cem anos
      (mesmo que houvesse golpes por toda a parte), isso não aconteceria. Mas de
      facto foi só porque a burguesia, durante 100 anos, não sentiu necessidade
      de desencadear um golpe. Em 73 no Chile, claro, não foi um governo
      revolucionário, mas antes um governo progressista e democrático que havia
      sido eleito. Para a burguesia chilena e o imperialismo norte-americano,
      essa era uma razão suficiente para um golpe militar. Essa acção criminosa
      parecia improvável e sempre será o mesma onde não estivermos bem
      preparados.
       Outro exemplo importante é Cuba. O imperialismo e, em primeiro lugar, o
       imperialismo americano, fez muito para que a Cuba socialista
      desaparecesse, mas eles não o conseguiram até o presente. Porque, desde há
       quase 60 anos, a unidade do povo cubano reforçou-se. Esta unidade do povo
      é o que precisamos na Venezuela. Assim, enquanto Partido Comunista da
      Venezuela, apoiamos a união da população civil e das forças armadas. Ela
      constitui um dos factores importantes para explicar porque o governo de
      Maduro ainda sobrevive. Se as forças armadas se dividirem ou se se
      virassem contra o governo, seria uma coisa muito má. Isso pode parecer
      paradoxal para a esquerda na Europa. Mas afirmamos que devemos estar em
      estado de nos defender porque não somos um país imperialista, ao contrário
      dos Estados Unidos ou dos Estados membros da UE.

      02/Agosto/2018
      [*] Secretário internacional do PCV. Entrevista realizada pela SDAJ
       (Juventude Operária Socialista Alemã), movimento ligado do DKP (Partido
      Comunista Alemão). 
       A versão em francês encontra-se em  solidarite-internationale-pcf.fr/... 
In
RESISTIR.INFO
https://www.resistir.info/venezuela/c_willer_02ago18.html
6/8/2018