quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

É hora de organizar o partido das lutas reais





Escrito por Alexandre Haubrich


Diante do encerramento de um ano conturbado, sob o signo de
uma infinidade de crises, apressa-se uma análise geral de todo
o complexo quadro político e a reflexão de suas causas, cujas
consequências se fazem presentes a olhos vistos. Para isso,
publicamos a entrevista feita pelo jornalista Alexandre
Haubrich com Plínio de Arruda Sampaio Júnior, economista e
professor da Unicamp.



Além de analisar a conjuntura política desde ano de 2015,
Plínio discutiu a atual crise da esquerda, decorrente da
falência do pacto lulista, e propõe uma união em torno do
“partido das lutas reais”, uma ideia que engloba diversos
setores políticos e sociais.



“O melhorismo de Lula passou muito longe de qualquer proposta
socialdemocrata. Lula não reformou nada. Ao contrário. Seu
governo aprofundou o subdesenvolvimento. O PT representa a
‘esquerda da ordem’ – a ordem comprometida com a reprodução do
capitalismo dependente. O custo da crise será jogado nas
costas dos trabalhadores. Sem grandes transformações sociais,
não há como evitar o avanço da barbárie. O fundamental é criar
força política para que a economia e a sociedade sejam
organizadas em função das necessidades efetivas do conjunto da
população”.



Sampaio Júnior acredita em um processo de “Revolução
Brasileira” que requer, como primeiro passo, a realização de
duas tarefas fundamentais: a revolução democrática e a
revolução nacional. “A forma da revolução também já foi
esboçada nas Jornadas de Junho de 2013. A força propulsora da
transformação social é a revolta avassaladora do povo contra
seus opressores. Isso já existe de maneira difusa e
fragmentada. Falta unificar os sujeitos dispersos em torno de
um programa revolucionário. Falta criar instrumentos políticos
que permitam transformar a energia difusa das massas
inconformadas em força política condensada. Falta organizar o
partido das lutas reais”.



Leia abaixo, na íntegra, a entrevista que perpassa por esses e
outros temas mais.





Quais as diferenças mais importantes entre esse início de
segundo governo Dilma e os três primeiros governos do PT?



Plínio de Arruda Sampaio Júnior: O segundo governo Dilma sofre
as consequências das graves contradições acumuladas nos três
governos anteriores. Os problemas foram exacerbados pela
metástase da crise econômica mundial e pela absoluta falta de
liderança e criatividade da presidente. A exaustão do ciclo de
crescimento impulsionado pela bolha especulativa internacional
destruiu as bases do chamado neodesenvolvimentismo, deixando
como legado uma crise econômica de grande envergadura e
difícil solução.



O fim da “paz social”, cujo marco pode ser associado às
revoltas urbanas que paralisaram o país em 2013, solapou o
sustentáculo do chamado lulismo, escancarando uma monumental
crise política institucional, cuja essência reside na falência
espetacular do sistema de representação que sustentava a Nova
República. As falsas soluções do modo petista de governar
estouraram nas mãos de Dilma, provando que é impossível
resolver os problemas fundamentais da sociedade sem enfrentar
suas causas estruturais – a segregação social e a dependência
externa. A fantasia construída por Lula desmanchou nas mãos de
Dilma.



O segundo governo Dilma te surpreende?



Plínio de Arruda Sampaio Júnior: Para quem observa a realidade
de uma perspectiva crítica, era bastante previsível que, para
a classe trabalhadora, o segundo governo Dilma seria ainda
mais desastroso do que o primeiro. A campanha de 2014 foi uma
disputa fechada entre candidatos comprometidos com o status
quo, em que cada um procurava se qualificar diante da
burguesia nacional e internacional como o mais apto para fazer
o “ajuste” da economia e da sociedade brasileira às exigências
do capital em tempos de crise econômica mundial.



Quando disse que não faria “ajuste” contra os trabalhadores
nem que a vaca tossisse, a candidata Dilma camuflava seus
compromissos com os donos do poder. Mentia consciente e
deslavadamente. Seu programa eleitoral se enquadrava
integralmente na agenda liberal. As grandes empreiteiras,
mineradoras, empresas de agronegócios e instituições
financeiras sabiam disso e não pouparam recursos para
financiar a sua eleição. Também não lhe faltou apoio da
comunidade internacional (eufemismo para designar
imperialismo). Era, portanto, previsível que a segunda Dilma
estaria comprometida até o pescoço com o “ajuste” neoliberal*.



Reconheço, no entanto, que não esperava que a rendição à pauta
reacionária fosse tão rápida, descarada e incondicional. A
característica que mais surpreende do segundo governo de Dilma
é sua absoluta inépcia para enfrentar os problemas do povo,
patente na gigantesca covardia da presidente para se contrapor
aos poderosos e na sua total falta de sensibilidade para com o
sofrimento dos trabalhadores. O marqueteiro que inventou a
marca de fantasia “coração valente” certamente queria ocultar
a verdadeira personalidade política de Dilma. É o metier
deles.



Qual o momento de inflexão que pode ter levado à ofensiva
conservadora que temos visto na sociedade brasileira?



Plínio de Arruda Sampaio Júnior: A guinada conservadora foi
duplamente condicionada. Por um lado, a sociedade brasileira
recebeu os ventos conservadores do “regime de austeridade” que
se impôs sobre o mundo capitalista a partir de 2010. A
“solução americana” para a crise econômica supõe uma brutal
ofensiva sobre o trabalho com os retrocessos democráticos
correspondentes.



O rebaixamento do nível tradicional de vida dos trabalhadores
requer um padrão de dominação mais duro e autoritário. Não por
acaso, as agências internacionais de risco incluem em sua
análise a presença ou não de leis antiterroristas que
criminalizam a luta social. Por outro lado, o giro conservador
responde à necessidade de conter os ventos de mudanças
provocados pelas revoltas urbanas de 2013.



A polarização da luta de classes, provocada pela exaustão do
ciclo de crescimento e pela falência do lulismo, fica patente
quando se observa o conteúdo da luta de classes no último
período. Para os de baixo, o “melhorismo” dos anos Lula foi
pouco. A juventude foi às ruas para exigir políticas sociais e
reformas democráticas. Para os de cima, o “melhorismo” petista
foi muito. Sentindo que seus privilégios seculares podem ser
ameaçados, a plutocracia brasileira range os dentes a afia as
unhas.



A classe dominante brasileira sabe que o ajuste ortodoxo
implica grandes sacrifícios para a população e vê com muito
medo a emergência do povo na história. Juventude lutando pela
mobilidade urbana, estudantes ocupando escolas para exigir
ensino público, trabalhadores fazendo greve por salários e
direitos, índios lutando pela sua terra e seus rios, protestos
contra falta d’água, sem tetos ocupando terrenos, etc., tudo
isso é altamente subversivo e aterroriza as classes
dominantes.



Quais as raízes das crises econômica e política? Alguma veio
antes da outra?



Plínio de Arruda Sampaio Júnior: As crises econômicas e
políticas condicionam-se reciprocamente, mas possuem dinâmicas
próprias que não podem ser reduzidas uma à outra. A crise
econômica é determinada em última instância pela necessidade
de “ajustar” a economia brasileira à posição ainda mais
subalterna na divisão internacional do trabalho. A crise
política, evidente na falência do sistema de representação, é
determinada pelo fim da paz social.



A primeira fica patente no fiasco do chamado
neodesenvolvimentismo. É nada mais e nada menos do que uma
nova rodada de modernização dos padrões de consumo que
aprofundou o caráter subdesenvolvido e dependente da economia
brasileira. A segunda é caracterizada pela exaustão do
melhorismo lulista, cuja essência consistia em aproveitar a
pequena folga gerada pelo crescimento econômico para reforçar
as políticas assistencialistas e mitigar (não reverter) o
processo de concentração de renda característico do modelo
econômico brasileiro.



A crise política extrapola o problema da crise insolúvel do
governo Dilma. É o regime político instaurado na Nova
República que já não agrada nem aos de baixo, que exigem que
as promessas da Constituição Cidadã sejam cumpridas, nem aos
de cima, que precisam erradicar o que resta de conteúdo
democrático da Carta de 1988 para terem condições de
aprofundar a reversão neocolonial exigida pelo ajuste liberal.



Enfim, o fim do ciclo petista precipitou o debacle do pacto de
poder civil que institucionalizou a transição lenta, segura e
gradual iniciada pela ditadura militar. A recomposição do
padrão de dominação é uma condição necessária, ainda que
insuficiente, para a solução da crise econômica, a qual
depende em última instância da redefinição do papel do país na
nova divisão internacional do trabalho.



O Brasil entrou numa era de grande turbulência econômica,
política e social. Não há solução rápida e indolor para os
efeitos altamente antissociais, antinacionais e
antidemocráticos da crise capitalista sobre a sociedade
brasileira.



Que relações são possíveis estabelecer entre o avanço
conservador na política e as “soluções” que o governo tem
encontrado para a crise econômica?


Plínio de Arruda Sampaio Júnior: A relação é direta. A
solução da crise capitalista requer um rebaixamento do nível
tradicional de vida dos trabalhadores, ou seja, uma ofensiva
sobre os salários e os direitos sociais. Em última instância,
é a sobrevivência das cláusulas progressistas da Constituição
de 1988 que está em questão. A gravidade do ataque pode ser
dimensionada quando se leva em consideração as tendências que
regem a reorganização do sistema capitalista mundial. Ao
contrário do que se propalou no auge do delírio
neodesenvolvimentista, o Brasil não está “emergindo” como uma
potência mundial. Isso foi um blábláblá.



Na realidade, a economia brasileira está sendo rebaixada para
uma posição ainda mais subalterna na nova divisão
internacional do trabalho. A rapidez e profundidade do
processo de desindustrialização evidenciam a precariedade de
nossa situação. A incúria, o descaso, a irresponsabilidade
vistas em Mariana – uma tragédia anunciada – mostram do que a
nossa burguesia é capaz – e o quanto ela é incapaz de resolver
os problemas nacionais.



O que vem pela frente pode ser imaginado quando se leva em
consideração o salário e os direitos que correspondem a quem
trabalha numa “feitoria” moderna.



Qual a melhor forma de os trabalhadores e a esquerda se
organizarem para enfrentar tanto o avanço conservador em geral
quanto o ajuste fiscal?



Plínio de Arruda Sampaio Júnior: A luta de classes se polariza
entre dois partidos: o partido do “ajuste” e o partido “contra
o ajuste” - o polo conservador e o polo da transformação
democrática. As formas mais eficazes de barrar a ofensiva do
capital serão definidas concretamente no processo da própria
luta. Algumas diretrizes gerais podem, contudo, ajudar na
tarefa de reorganização da classe trabalhadora.



Para vencer o partido do “ajuste” é preciso, em primeiro
lugar, sair da arapuca que reduz a política a escolhas
binárias, deixando a sociedade brasileira entre a cruz e a
caldeirinha – a opção do ajuste duro e franco e a opção do
ajuste um pouco menos duro e dissimulado. Enquanto o horizonte
político estiver monopolizado pelas alternativas da ordem
liberal, o raio de manobra dos trabalhadores é mínimo. Para
sair desse antro estreito, é preciso superar qualquer
esperança de uma vida melhor sem romper com os parâmetros da
ordem global.



Isso coloca a necessidade de radicalizar a crítica e criar
instrumentos políticos necessários para a mudança. É o
processo de luta e aprendizado que faz avançar a constituição
de um sujeito histórico capaz de abrir novos horizontes para a
sociedade. Em termos práticos, os trabalhadores precisam
compreender que para derrotar o ajuste, precisam derrotar a
política econômica; para derrotar a política econômica,
precisam derrotar o modelo econômico; e para derrotar o modelo
econômico, precisam mudar as bases do Estado brasileiro e
criar alternativas econômicas concretas. Não é uma tarefa
fácil, mas é a tarefa histórica que se coloca.



O que representa o aceite do pedido de abertura do processo de
impeachment?



Plínio de Arruda Sampaio Júnior: O princípio de revogação de
mandato é em tese muito positivo. Quando mobilizado pela
população para depor governantes que usurpam a vontade
popular, é um instrumento que fortalece a vida democrática.
Quando mobilizado como arma de chantagem política ou pura e
simples conspiração, é um recurso que desmoraliza a política e
acelera a decomposição do sistema de representação.



O processo de impeachment, deflagrado por Eduardo Cunha e
apoiado por Michel Temer e Aécio Neves, enquadra-se na segunda
alternativa. A luta fratricida para ver quem fica no Planalto
será um show de horror e deve aprofundar a desmoralização do
Congresso Nacional. Qualquer paralelo com o processo que apeou
Collor do governo não tem cabimento. A saída de Collor abriu
caminho para a consolidação do pacto de poder civil que, aos
trancos e barrancos, durou duas décadas, pondo um ponto final
na longa transição da ditadura militar. Foi um arranjo
político que se revelou altamente funcional para dar
sustentabilidade à liberalização da economia brasileira. A
situação atual é completamente diferente. A sociedade
brasileira não está no momento final de uma longa crise
econômica e política, mas no seu início. Trocar seis por meia
dúzia não resolverá nada.



Para os trabalhadores, a pior coisa que pode acontecer é ser
mobilizado como massa de manobra das facções em luta. Qualquer
que seja o desfecho do processo de impeachment em curso, não
mudará nada de substantivo na vida do povo. O partido do
ajuste continuará no poder. O processo será um circo que
desviará a atenção da população do principal: barrar o ajuste
neoliberal. Se a presidente for deposta, vai acontecer apenas
um roque entre quem está no governo e quem está na oposição.



Não é improvável que, durante o processo de impeachment, as
duas alas do partido do ajuste fechem um acordo de cavalheiros
em torno das medidas regressivas e repressivas exigidas pelo
ajuste. O impeachment não resolve nenhum dos problemas
fundamentais responsáveis pela crise econômica e política. Se
Dilma for deposta, em pouco tempo, o movimento da crise moerá
o novo governo, qualquer que ele seja.



Que papel tem desempenhado o PMDB em meio à crise política?



Plínio de Arruda Sampaio Júnior: O PMDB é o partido dos
grandes negócios. Sua presença no aparelho de Estado é uma
questão de vida ou morte. Ele não possui ideologia alguma. É
composto por um batalhão de operadores que fazem a
intermediação entre os negócios do Estado e os negócios
privados. O partido é um caleidoscópio. Muda de posição
conforme a situação. Fará o que for necessário para não perder
sua participação nas tenebrosas transações que surgem no
interior do Estado.



Na luta entre a esquerda da ordem – polarizada em torno do PT
– e a direita da ordem – polarizada em torno do PSDB – ele
atua como fiel da balança. No momento em que os caciques do
PMDB desembarcarem do governo, a sorte de Dilma estará selada.
A julgar pela atitude imediata do vice-presidente frente à
situação aberta pelo encaminhamento do processo de
impeachment, ele já sonha com a faixa presidencial. Não se faz
pacto com o diabo impunemente.



A socialdemocracia no Brasil chegou ao seu limite?



Plínio de Arruda Sampaio Júnior: A socialdemocracia não chegou
ao limite porque ela na verdade nunca existiu no Brasil. Não
há bases objetivas e subjetivas para uma política reformista
no Brasil. De um lado, o capitalismo brasileiro depende de um
padrão de acumulação que se sustenta na superexploração do
trabalho e na presença dominante do capital internacional.



Nessas condições, não há espaço objetivo para políticas que
procurem enfrentar a segregação social e a dependência externa
– as duas causas fundamentais das mazelas do povo. De outro
lado, a sobrevivência do capitalismo dependente requer um
padrão de dominação que funciona como uma democracia restrita,
hermeticamente fechada às demandas das classes subalternas.



Nessas circunstâncias, não há espaço real para que a luta
política institucional avance a ponto de colocar em risco as
estruturas do capitalismo dependente – a segregação social e a
dominação imperialista. A intolerância em relação à
mobilização do conflito social como forma de conquista de
direitos coletivos – a essência de um regime político
democrático – fecha as portas para qualquer tipo de
experiência reformista.



No Brasil, o compromisso da burguesia com a democracia acaba
no momento em que ela coloca em risco seus privilégios. O
melhorismo de Lula passou muito longe de qualquer proposta
socialdemocrata. Lula não reformou nada. Ao contrário. Seu
governo aprofundou o subdesenvolvimento. O PT representa a
“esquerda” da ordem – a ordem comprometida com a reprodução do
capitalismo dependente.



Como vês a formação das frentes, como a Povo Sem Medo e a
Brasil Popular, na atual conjuntura?



Plínio de Arruda Sampaio Júnior: A iniciativa do Povo Sem Medo
de organizar a população para enfrentar o ajuste neoliberal é
positiva, mas insuficiente. O ajuste não é uma política do
ministro Levy que pode eventualmente ser derrotada com a sua
substituição por um nome mais palatável. É um engodo imaginar
que o governo Dilma esteja em disputa. Dilma é totalmente
subserviente ao grande capital e atua de acordo com os ditames
do ajuste neoliberal.



Portanto, é impossível ser contra o ajuste e apoiar
veladamente o governo. O fato de Dilma ser um mal menor quando
comparada a Aécio e Temer não muda em nada a situação.
Enquanto os que combatem o ajuste ficarem presos à disjuntiva
do “menos pior”, o partido “contra o ajuste” – o partido das
vítimas do capitalismo – não tem como se firmar como uma
referência capaz de abrir novos horizontes para a sociedade
brasileira. Os que lutam contra o ajuste não podem ter o rabo
preso com o Estado.



A Frente Brasil Popular é uma iniciativa desesperada dos
governistas para tentar salvar Dilma. Composta de movimentos
sociais e sindicatos atrelados ao Estado, ela não deu nenhum
sinal de que terá vigor para liderar grandes mobilizações de
massa. O agravamento da crise econômica e do desemprego deve
diminuir ainda mais sua capacidade convocatória. Não creio que
consigam ir além do esperneio.



Que alternativas os partidos de esquerda e os movimentos
conseguem oferecer hoje? Estão prontos para fazer esse
enfrentamento?



Plínio de Arruda Sampaio Júnior: A esquerda precisa organizar
os trabalhadores para resistir à nova ofensiva do capital e
criar uma alternativa ao capitalismo. Sem luta, o custo da
crise será jogado nas costas dos trabalhadores. Sem grandes
transformações sociais, não há como evitar o avanço da
barbárie. O fundamental é criar força política para que a
economia e a sociedade sejam organizadas em função das
necessidades efetivas do conjunto da população.



O ponto de partida é superar qualquer ilusão de que os graves
problemas da população brasileira possam ser resolvidos com
crescimento e melhorismo. O crescimento e o melhorismo mitigam
os problemas do povo, mas são funcionais para a reprodução do
subdesenvolvimento e da dependência. O compromisso da esquerda
é com a “revolução brasileira”.



Quais os elementos que já temos para desencadear a Revolução
Brasileira e quais ainda nos faltam?



Plínio de Arruda Sampaio Júnior: A revolução brasileira está
em curso. Ela é impulsionada pelas lutas reais de todos que se
batem com intransigência contra a intolerância dos ricos em
relação a qualquer mudança que represente uma ameaça a seus
privilégios. Em perspectiva histórica, ela deve ser entendida
como o desfecho de um longo processo histórico, impulsionado
pela necessidade de concluir a longa transição do Brasil
Colônia de ontem para o Brasil Nação de amanhã. Seu ponto
culminante é a superação definitiva das estruturas econômicas,
sociais, políticas e culturais responsáveis pelas mazelas do
povo.



O desfecho da revolução brasileira requer, como primeiro
passo, a realização de duas tarefas fundamentais: a revolução
democrática e a revolução nacional. A primeira tem o objetivo
de eliminar o regime de segregação social em todas as suas
dimensões; a segunda, a finalidade de superar o colonialismo
em todas as suas dimensões. Os dois processos se condicionam
reciprocamente.



As condições objetivas que determinam a revolução brasileira
já estão maduras há algum tempo e ficam patentes na relação
perversa entre desenvolvimento capitalista e reversão
neocolonial. Em outras palavras, é a absoluta incapacidade de
a burguesia brasileira defender os interesses nacionais e
resolver os problemas fundamentais da população que coloca a
revolução brasileira na ordem do dia. A revolução social é o
único meio de evitar o avanço da barbárie.



As condições subjetivas da revolução brasileira ainda precisam
ser construídas. O sujeito da revolução está aí para quem
quiser ver. São os trabalhadores sem terra que lutam por um
lugar ao Sol, são os sem tetos que lutam por moradia, são os
estudantes e os professores que defendem a escola pública, é a
juventude que exige mobilidade urbana, são os índios que lutam
pela sua sobrevivência, são as mulheres que batalham contra a
exploração dobrada, são os trabalhadores que não aceitam a
retirada de direitos sociais, enfim, é o povo brasileiro que
luta por uma vida digna.



A forma da revolução também já foi esboçada nas Jornadas de
Junho de 2013. A força propulsora da transformação social é a
revolta avassaladora do povo contra seus opressores. Isso já
existe de maneira difusa e fragmentada. Falta unificar os
sujeitos dispersos em torno de um programa revolucionário.
Falta criar instrumentos políticos que permitam transformar a
energia difusa das massas inconformadas em força política
condensada. Falta organizar o partido das lutas reais. Isto
está sendo construído lentamente por todos que lutam com
intransigência em defesa dos interesses estratégicos dos
trabalhadores. É impossível prever quando tal construção
sofrerá um salto de qualidade. Se demorar muito, o Brasil
afundará num dantesco mar de lama.



Nota:



*Para que não pareça profeta de fatos acontecidos, remetemos o
leitor para o Editorial do Correio da Cidadania escrito no dia
de sua vitória no segundo turno.



Alexandre Haubrich é jornalista do site Jornalismo B; a
entrevista foi feita para ao Jornal do Sintrajufe/RS em
08/12/2015.

In
Correio da Cidadania
http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=11311:politica231215&catid=25:politica&Itemid=47

23/12/2015

Nada volverá a ser igual en América Latina



Crisis de los gobiernos progresistas y nuevos movimientos sociales

Raúl Zibechi

El que termina fue el peor año para el progresismo latino­americano, a tal punto
que los gobiernos que habrá en 2016 no se parecerán a los que había en 2014.
Pero el año que termina es, paradojas de la vida, un momento clave en la
recomposición de los movimientos antisistémicos de la región.

La caída de los gobiernos progresistas es un episodio largamente anunciado. La
campana repicó dos años atrás y emitió dos sonidos bien distintos. La abrupta
caída de los precios de las commodities fue entendido como un fenómeno pasajero,
pero con el tiempo desbarató presupuestos que habían sido elaborados con el
barril de petróleo a más de cien dólares.

Un desastre económico largamente anunciado, porque en la década progresista los
gobiernos profundizaron la dependencia de la soja, los hidrocarburos y los
minerales. Brasil incluso, el único país industrial de la región sudamericana,
vio marchitarse su industria mientras engordaban las exportaciones de mineral de
hierro, carne y soja a cambio de productos elaborados chinos.

Agotamiento de un modelo

Las llamadas ‘conquistas’ de los progresismos empezaron a mostrar la hilacha de
su agotamiento: bajaron la pobreza que había alcanzado niveles tremendos en el
pico de la crisis, hacia 2000, pero fueron incapaces de modificar los índices de
desigualdad en la región más desigual del mundo. Con la crisis, las políticas
sociales están siendo fagocitadas por la inflación, el desempleo y el ajuste
fiscal.

Como suele suceder, la crisis económica puso al descubierto las miserias que los
años de prosperidad permitieron disimular: gestiones mediocres, corrupciones,
falta de proyectos de largo plazo y exceso de declaraciones. ¿Cómo es posible
que el socialismo del siglo XXI y las “revoluciones” en marcha hayan sido
neutralizadas por un puñado de votos? Así y todo, nada volverá a ser igual en la
región. Las experiencias que viven millones de personas pueden no coincidir con
los discursos, pero siempre dejan sedimentos.

Para quienes creemos que la historia la hacen los pueblos y que los movimientos
sociales juegan un papel central en los cambios, 2015 ha sido un año de
alegrías. En Argentina se mostró la enorme potencia del movimiento de mujeres,
en junio, cuando 350.000 salieron a la calle en Buenos Aires bajo el lema “Ni
una menos”, en rechazo a la violencia machista; así como las 65.000 que se
concentraron en Mar del Plata, en el 30º En­cuen­tro Nacional de Mujeres.

La lucha de los estudiantes secundarios en São Paulo, con la ocupación de 200
centros de estudio en rechazo a una reforma educativa neo­liberal, es una
muestra de que las jornadas de junio de 2013 siguen vivas en los corazones y en
las avenidas brasileñas. La extensión de la lucha contra la minería al sur
peruano, donde las comunidades campesinas vienen resistiendo el proyecto
cuprífero Las Bambas, en Arequipa, muestra que el movimiento está lejos de
agotarse en una región o ante un proyecto concreto. El reciente levantamiento
indígena y popular en Ecuador contra la decisión de Rafael Correa de privar a
los pueblos del manejo autónomo de la educación intercultural bilingüe es otra
muestra de que los Estados no han podido disciplinar a los pueblos.

Ante el giro a la derecha de la región, el reposicionamiento de EE UU y el
capital financiero, ahí están los movimientos, en pie de lucha para decir dos
cosas que muchos parecen haber olvidado: con la vida no se juega, señores del
capital; no usen nuestra lucha como escalera para trepar, señores progresistas.

In
https://www.diagonalperiodico.net/panorama/28812-nada-volvera-ser-igual-america-latina.html
26/12/2015

sábado, 26 de dezembro de 2015

La Crisis Sistémica: Panorama para el año 2016



Wim Dierckxsens


Al dejar atrás el año 2015, la mayor batalla geopolítica imperialista por un
nuevo sistema monetario internacional está en su máxima expresión. A principios
de 2015 anunciábamos la posibilidad de una nueva recomposición de cuotas de
poder en el FMI como base necesaria para el surgimiento de otra moneda de
referencia hegemónica, manejada por una élite financiera internacional. Fines de
noviembre efectivamente tuvo lugar la tal recomposición de cuotas de poder en el
FMI, a pesar de la fuerte oposición del Departamento del Tesoro de Estados
Unidos. Hemos de señalar, sin embargo, que la misma es nada radical ni
inmediato. Lo anterior deja claro que la élite de Wall Street y la City de
Londres parecen no querer ceder su hegemonía. La batalla se está prolongando y
con ello se profundizará la pugna por la hegemonía en el año 2016.

Durante el año 2015 se acentuaron las confrontaciones a nivel económico,
político y militar. No solo los medios dominantes ya hablan de una posible
Tercera Guerra Mundial, sino que el papa ya considera que nos encontramos en
dicha guerra. Al dejar el año 2015 presenciamos una escalada militar que ni
descarta un ´ataque nuclear preventivo´. En el año 2016 se podrá presentar una
situación geopolítica que pone en juego el futuro de la humanidad. Con razón nos
podamos preguntar cómo se verá el mundo en el año 2016. Analicemos aquí, no
tanto como se hicieron realidad nuestro pronósticos de 2015, sino sobre todo
cómo se vislumbran los diferentes escenarios para 2016 (Vea, Wim Dierckxsens,
¿Cómo se verá el nuevo mundo financiero internacional?, febrero de 2015,
mariwim.info).

Escenario 1: La élite financiera hegemónica, es decir, la actual élite de Wall
Street y la City de Londres dieron un golpe de estado a los países emergentes en
2015 pero no podrán o incluso ni quieren evitar el colapso del sistema
financiero internacional en 2016.

a. La realidad al final de 2015: El golpe de estado a los países emergentes

En el año 2015 nos encontrábamos en la Era Global de la expansión monetaria
(QE), es decir, ´imprimir´ dinero sin respaldo. La élite financiera tuvo el
pleno poder de manipular los mercados a su conveniencia. Wall Street y la
Reserva Federal de Estados Unidos estaban en ese centro de poder. En primer
lugar porque han mantenido el dólar como principal moneda internacional de
reserva y en segundo lugar porque se encontraron durante 2015 en la excepcional
situación de no tener que aplicar QE en Estados Unidos. Lo anterior implicó un
ascenso del dólar a costa de las otras monedas y con ello una fuga de capital de
los países emergentes. Lo anterior operó como un golpe de estado colectivo a los
países emergentes. En estos países había entrado muchos dólares cuando el dólar
estaba a la baja precisamente debido a las políticas de QE aplicadas en Estados
Unidos, después de la crisis de 2007-2008 hasta el año 2013. La política de
emisión monetaria (imprimir dólares sin respaldo) en Estados Unidos hizo bajar
el precio del dólar frente a las otras monedas, aumentando a la vez el precio de
los ´commodities´ que se expresan en dólares. Fue la era de bonanza para la
industria de petróleo en general y de fracturación hidráulica o ´fracking´ en
particular. Con este precio en alza Estados Unidos pudo extraer petróleo de
esquisto en cantidades suficientes para volver a ser prácticamente
autosuficiente en materia de energía. Lo anterior adquiere relevancia
geopolítica cuando se vislumbra una eventual guerra mundial.
El período de 2008- 2013 fue también la era de la bonanza económica en los
países emergentes en general y los progresistas de América Latina en especial.
Si algo caracterizara en común, era que llegaron al poder en medio del rechazo
popular que provocaron las políticas de ajuste neoliberal que se generalizaron
en América Latina en los años noventa y algunas veces, como en Bolivia y
Argentina, fue la acción colectiva la que expulsó a los gobernantes, acusados de
corruptos y ‘vendepatrias’. Este período trajo una oleada de gobernantes entre
los que estaban un sindicalista en Brasil, un exguerrillero en Uruguay y un
presidente indígena en Bolivia. Eran tiempos de cambio, y durante la primera
década del siglo XXI, el proceso se contempló con optimismo y buenos resultados
macroeconómicos. Después de 2008, en pleno ciclo alcista del precio de los
‘commodities’ o materias primas, estos países experimentaron un notable descenso
de los niveles de pobreza (Nazaret Castro, Fin del ciclo izquierdista en América
Latina; elconfidencial.com; 16 de noviembre de 2015).
Cuando Estados Unidos dejó esa política expansión monetaria y Japón primero y
luego la Unión Europea prosiguió con dicha política sucedió un fenómeno
exactamente contrario. Al aumentar relativamente el precio del dólar frente a
las otras monedas, los precios de los ´commodities´ (que se pagan exclusivamente
en dólares) tendieron a la baja. Este descenso en el precio de los ´commodities´
afectó a los países exportadores de materias primas en general y a América
Latina en particular. ¿Cuál era el fundamento de este cambio? Para sostener al
dólar como moneda internacional de referencia era preciso que continuara la
demanda de dólares que cada vez menos eran solicitados dentro de las relaciones
de intercambio y de Bonos del Tesoro como moneda internacional de reserva. Ante
esta falta de demanda, fue en primer lugar Japón que realizó desde hace unos
años una expansión monetaria sin límites. Para ese efecto el Banco Central de
Japón bajó las tasas de interés. Estas bajas han generado un ´carrytrade´ de
Japón hacia Estados Unidos. Lo anterior quiere decir que se tome prestado dinero
en Japón a una tasa de interés casi cero para invertirlo en Bonos del tesoro de
EEUU a tasas de interés más altas.
A principios del año 2015 el Banco Central de Europa retomó la batuta al bajar
sus tasas de interés y da así relevo a Japón, iniciando una emisión monetaria
(QE) sin límites. Con este nuevo ´carrytrade´, el euro perdió valor frente al
dólar y su tendencia aparente fue hacia la paridad. Oficialmente el BCE
anunciaba que la expansión monetaria se instauró para combatir la deflación. En
esencia, se compraba con ese dinero sin respaldo alguno más que deudas, dólares
para adquirir Bonos del Tesoro. Fue de facto la forma para sostener al dólar
como moneda internacional de referencia. La aparente fortaleza del dólar, en
otras palabras, es completamente artificial.
Con esta política de subir y bajar la moneda internacional de cambio, los
bancos demasiado grandes para poder dejarles caer (los llamados ´bangsters´)
tienen el poder de subir los ´commodities´ en general, sino incluso son capaces
de bajarlo luego bruscamente dando un golpe de estado a los países emergentes.
Este golpe de estado, sin lugar a dudas tuvo como principal objetivo afectar a
la economía rusa, pero de paso también a las economías progresistas cercanas a
los BRICS. El fin del ciclo kirchnerista en Argentina, el resultado reciente de
las elecciones en Venezuela, la crisis de legitimidad de Correa en Ecuador y la
situación delicada de Dilma Roussef en Brasil dan cuenta de un cambio político
bien marcado. Este cambio se da precisamente en un contexto de crisis económica
generada en los países latinoamericanos, dependientes de las exportaciones de
‘commodities’.

El precio de las principales commodities se situaba al final del año 2015 en su
nivel más bajo de los últimos 16 años. El desplome no se limita solo al
petróleo, sino que otros productos primarios, como el zinc, hierro o níquel,
perdieron más de un tercio de su valor en el último año, ni hablar tampoco del
oro y la plata. La fuerte apreciación del dólar frente a otras divisas junto con
la desaceleración económica de China, el principal importador de estos
´commodities´, son las causas del hundimiento de los precios, aunque en
Occidente se quiere atribuirlo exclusivamente a la pérdida de dinamismo de la
economía china. Es un hecho que durante el periodo de un dólar barato y el
consecuente elevado precio de las materias primas, entraron muchos dólares
baratos a los países emergentes y vendedores de estos ´commodities´. Lograron
ese dinamismo con la entrada más o menos masiva de capital foráneo relativamente
barato en dólares y ahora, al subir el dólar y la consecuente devaluación de su
moneda, se encuentran ante precios e ingresos caídos y la fuga de capital. Para
colmo han de pagar los créditos del pasado en dólares más caros de hoy (Vea,
Nazaret Castro, Fin de ciclo izquierdista en América Latina, elconfidencial.com;
16 de noviembre de 2015).

b. La perspectiva para el año 2016: el colapso financiero

1. Fin del capital ficticio

Lo anterior nos hace aparecer al dólar como todo victorioso en 2015. ¿Cómo se
verá el futuro de dicha moneda para el año 2016? El mundo como un todo, al
entrar al año 2016, ha alcanzado niveles de saturación de deuda. Solo el
endeudamiento año en año creciente ha podido evitar el colapso financiero
internacional. Este colapso es inevitable cuando esa pirámide invertido de
deudas ya no es posible continuar. En 2016 nos parece ya imposible o en todo
caso muy improbable que podrá ampliarse aún más esta pirámide invertido de
deudas. Continuar con este esquema ´ponzi´ requiere de nuevos ´inversionistas´
para poder seguir adelante. Estas inversiones cada vez más grandes solamente han
sido posibles mediante nuevos créditos cada vez más grandes. Hemos llegado al
extremo hoy que dinero equivale a deuda, o sea, habiendo tanta deuda, dinero es
deuda hoy.
Cuando la economía real ya no puede generar las ganancias suficientes para que
estos nuevos acreedores puedan participar en las ganancias en forma de
intereses, o cuando esa economía real para peor tiende incluso a contraerse, la
´solución´ creada por los bancos centrales ha sido bajar las tasas de interés
hasta llegar a niveles negativos. Con tasas de interés negativas, el servicio a
la deuda tiende a la baja y podrá continuarse con la pirámide invertida. Una vez
que se llegue a este nivel, sin embargo, el sistema pierde credibilidad ante
cada vez más actores. Al acabarse las posibilidades de endeudamiento con tasas
de interés negativas, la Reserva Federal ha anunciado fines de 2015 querer
aumentar la tasa de interés. Lo anterior solo implicará, en nuestra opinión,
acelerar el colapso (Bill Holter, This is the reason stock markets cannot be
allowed to falter, 24 de noviembre de 2015; silverdoctors).

La economía real, ya en recesión, mucho menos genera la plusvalía suficiente
para poder soportar pagar tasas de interés en aumento. La deuda existente se
torna impagable. La Reserva Federal se encuentra en la situación imposible no
poder subir las tasas de interés en 2016 ni bajarlas. Pagar tasas de interés más
negativas podría permitir, teóricamente, un mejor servicio a la deuda, pero no
así en un mundo creíble para los actores en juego. En otras palabras, cuando la
tasa de interés no podrá subirse ni bajarse, Occidente se encuentra en 2016 en
bancarrota. El juego se acabó (Bill Holter, obra citada).

El mercado de bonos (deudas) es aquel donde empresas, países e individuos toman
préstamos de dinero. Es un mercado mucho más grande que el mercado de valores
(las bolsas de valores). En Estados Unidos, por ejemplo, el mercado de bonos es
dos veces más grande que la bolsa de valores de Wall Street. Desde hace meses se
levantan banderas rojas en el mercado de los bonos, es decir, aumentan sin cesar
las deudas impagables o ´bonos basura´. Las deudas impagables, constituyen hoy
por hoy una proporción significativa de todo el mercado de bonos. La revista
´Financial Times´ informó el 24 de noviembre que la mitad de los bonos
corporativos son bonos basura y que la tasa de bancarrota alcanzó niveles no
vistos desde la crisis de 2008.

Con las tasas de interés negativas (en términos reales) las corporaciones
no-financieras norteamericanas enfrentaron en 2015 una deuda de 7.7 billones de
dólares. Durante los primeros once meses del año 2015 unas cien compañías
globales entraron en bancarrota de las cuáles 62 norteamericanas. Las empresas
calificadoras de los bonos (deudas) como Standard&Poors calificaron un número
creciente de corporaciones globales hacia abajo, es decir, dudan de su capacidad
de pago. Muchas de esas corporaciones globales endeudadas entrarán en bancarrota
en 2016.
La consecuencia lógica es que la bolsa de valores de Nueva York, donde se
cotizan las acciones de las corporaciones en general y por lo tanto también de
aquellas con problemas de pago, está de regreso de su máximo. Entre el 2 de
enero de 2015 y el 3 de diciembre de ese mismo año, el Dow Jones retrocedió un
2% cuyo resultado se debe sobre todo a las bajas en las últimas semanas del año.
En 2016 una caída libre en Wall Street está en perspectiva, con las bancarrotas
en aumento. Todo parece indicar que nos encontramos en 2016 ante una Gran
Depresión (Vea, Justin Spitter, We haven´t seen this big red flag since the
Great Recession, caseyresearch.com, 25 de noviembre de 2015).

2. El mercado de los metales preciosos
Cuando hay mucha inseguridad económica en el mundo, el oro y la plata suelen
ser los refugios más buscados. La demanda anual de oro físico ha crecido
enormemente en los últimos años y mucho más allá de la producción anual a escala
mundial. El precio de oro (y de plata) bajo circunstancias normales ya estarían
hoy por las nubes. La realidad del año 2015 fue que esos precios más bien
bajaron. Los bancos demasiado grandes para poder caer han podido suprimir el
precio del oro y la plata durante el año 2015, mediante contratos de entrega de
oro físico a futuro (oro en papel). La fecha de entrega de oro físico de muchos
contratos estaba por vencer hacia fines del año 2015. La promesa de entrega no
se va poder cumplir en 2016 ya que los inventarios de oro y plata son
inexistentes en el mercado de estos metales que se encuentra concentrado en
Londres (London Bullion Market).
La demanda de metales preciosos junto con la inexistencia de inventarios de oro
y plata físico, harán disparar el precio de esos metales preciosos. Ante esta
situación y con el colapso financiero en la mira, los precios de los metales
preciosos se dispararán en 2016. La demanda masiva de oro y plata suele
realizarse exclusivamente en dólares. El fuerte aumento del precio de estos
metales implica desconfianza en el dólar. Lo anterior implica que el dólar ha
dejado de ser el ´puerto seguro´ en tiempos de crisis. Todo el mundo va querer
deshacerse de sus dólares. Habrá una venta masiva de dólares, o sea, una fuga de
esta moneda de reserva. La huida del dólar significaría el probable colapso de
esta moneda como moneda de referencia en el año 2016.
No nos cabe ninguna duda, que el colapso financiero sucederá con o sin guerra
en el año 2016 y el dólar perderá con casi seguridad su lugar como la moneda
internacional de referencia. Los países como China y Rusia hoy en día ya ni
aceptan dólares a cambio de productos y mañana serán cada vez más países que ya
no lo aceptarán. Habrá una fuga del dólar y el oro ganará terreno como respaldo
de otra ´moneda de reserva´. (Vea, Bill Holter, Has WWIII just been triggered?;
This genie cannot ever be put back in the Bottle, 24 de noviembre de 2015).

3. La batalla entre imperios financieros
El 3 de diciembre de 2015 hubo una prueba de fuerza entre imperios financieros
en su batalla por el mundo. Hubo una prueba de fuerza entre los intereses
conservadores de la UE representados por el Bundesbank de Alemania y la de los
bancos del capital financiero en defensa del dólar como moneda de referencia.
Los mercados bursátiles y el del dólar fueron sacudidos. ¿Qué sucedió? Dentro de
la Unión Europea hay intereses encontrados así como se da también dentro de
EEUU. Hay fuerzas que apuestan al capital financiero globalizado con su centro
hegemónico en Wall Street. Aquí está en primer lugar la City de Londres, pero
también la Comisión Europea en Bruselas ha apostado al Tratado Transatlántico de
Comercio e Inversiones, que se negocia en total secreto. El objetivo es lograr
crear con este tratado y el Tratado Transpacífico el mayor mercado del mundo. De
lograrlo la élite financiera hegemónica de Wall Street lograría consolidar su
proyecto de un Estado global sin fronteras ni ciudadanos.
Las negociaciones en 2015 han sido muy lentas y la oposición al tratado ha
crecido en la Unión Europea. A partir de la política de QE en la Unión Europea,
se observó en 2015 la paulatina paridad entre el euro y el dólar. A partir de
una situación de paridad entre las dos monedas, hubiese sido posible introducir
un eurodólar (no viene al caso el nombre) que sustituiría al petrodólar. La
creación de una nueva moneda común y de referencia es un mecanismo muchísimo más
eficiente que un Tratado de Libre Comercio entre ambos bloques económicos. Una
zona euro-dólar formaría una punta de lanza para que Wall Street y la City de
Londres mantengan la hegemonía dentro de un nuevo sistema monetario
internacional, es decir se conserva el carácter unipolar.
En este escenario los países de la Unión Europea, incluyendo a Alemania,
perderían su soberanía así como lo perdieron los países de Europa del Sur frente
a Alemania a partir de la creación de la eurozona. Para conservar su soberanía,
la Unión Europea en general y Alemania en particular, la alternativa ante este
escenario es virar la mirada hacia los Brics en general y Eurasia en particular.
Al dirigir su política económica en beneficio de la Unión Europea y no más para
la compra de bonos del Tesoro de Estados Unidos, esta alternativa se torna más
probable. Ya en otros textos hemos abordado estos bloques financieros en lucha y
de resultar esta última vía hacia la integración de la Unión Europea con el
proyecto de Eurasia estaría triunfando un proyecto multipolar. Lo anterior sería
a costa de un mundo unipolar, sea este bajo la hegemonía de EEUU con ´otro siglo
americano´ o más bien bajo el Estado global por crear por Wall Street y la City
de Londres. Lo anterior pondría al rojo vivo la situación geopolítica y militar
en el año 2016 (Vea, Walter Formento y Wim Dierckxsens, La Batalla de Imperios
financieros por el mundo, DEI, San José, octubre 2015).
Es interesante señalar que en la misma coyuntura, el presidente de la Comisión
Europea, Jean-Claude Juncker, ha redactado una misiva al presidente ruso
Vladímir Putin en la que le propone fomentar las relaciones comerciales entre la
Unión Europea y la Unión Económica Euroasiática, bloque liderado por Rusia. En
una carta escrita después de la cumbre del G20 en Turquía, Juncker propuso a
Putin llegar a un acuerdo comercial entre los 28 países miembros de la Unión
Europea y la Unión Económica Euroasiática. La portavoz de la Comisión ha
confirmado la existencia de la carta, informa Reuters. Moscú a su vez también ha
confirmado que ha recibido la carta del presidente de la Comisión Europea,
aunque se ha negado a revelar su contenido. La idea de un diálogo entre la Unión
Europea y la Unión Económica Euroasiática no es nueva pero muy llamativa la
misiva en esta coyuntura. (Ria Novosti, Cambian los tiempos… Juncker escribe una
carta a Putin para estrechar lazos comerciales con Rusia; 20 de noviembre de
2015).

La Reserva Federal presionó en 2015 al BCE que impulsara un fuerte programa de
expansión monetaria en beneficio del dólar. Desde el principio de 2015 el
Bundesbank estaba opuesto a esta forma de expansión monetaria, pero hasta
diciembre de ese año prevaleció el criterio del BCE. Lo interesante que sucedió
en diciembre es que la posición de Alemania se impuso con el resultado que el
programa de expansión monetaria no iba continuar ni en volumen ni en la
dirección de los intereses del dólar. La monetización ya no se orienta a la
compra de bonos del Tesoro, sino se dirige a la compra de deudas de gobiernos
locales y regionales en la UE. La consecuencia inmediata fue una inmediata
depreciación del dólar frente al euro. Con ello se esfuma el posible proyecto de
un euro-dólar como moneda única que tampoco lo aspira Alemania. Lo que podrá
sorprendernos pero bien plausible a la vez, es que los mismos globalistas de
Wall Street y la City de Londres ya quieren acabar con la era del dólar aunque
hasta la fecha lo han defendido (Vea, Mark O’Byrne, Gold rises, stocks and bonds
fall globally, Euro surges, marketoracle, 10 de diciembre de 2015).

Del lado de Asia podemos señalar que el Banco Popular de China reportó el 7 de
diciembre de 2015 que en el mes de noviembre había vendido 87 mil millones de
dólares en Bonos del Tesoro, lo que representa el 2.5% de las reservas vendidas
en un solo mes. Desde su máximo en junio de 2014, el Banco Central de China ha
vendido bonos del Tesoro por un monto de medio billón de dólares, lo que
representa el 14% de todo su stock de reservas. El Banco Central de Japón, el
segundo poseedor más importante de los bonos del Tesoro, vendió el 6% desde su
máximo alcanzado hace unos años. Con la aparente ´luz verde´ para dejar caer al
dólar, la venta neta de bonos del Tesoro por sus principales tenedores podrá
acelerarse en el año 2016. Esta política de dejar caer al dólar podrá haber
cambiado también la posición del BCE con su plan de no comprar más bonos del
Tesoro. Con ello la situación del dólar se ve directamente comprometida.

Vivimos en un mundo donde la economía cada vez más se maneja a través de la
planificación centralizada. Escuchamos en 2015 mes tras mes que la Reserva
Federal aumentará las tasas de interés con un cuarto de por ciento. Las veces
que ha habido una recesión la Reserva Federal (la Fed) bajaba más bien las tasas
de interés y/o inyectaba más liquidez en el sistema como fue el caso
particularmente a partir de 2008. La única excepción fue la recesión de 1937
cuando colapsaron los mercados al haber alzado las tasas de interés. Lo
anterior, valga subrayarlo, fue poco antes de la Segunda Guerra Mundial. Ahora
que el problema de la solvencia es peor que en 2008, la Fed piensa alzar las
tasas de interés y mantener contraída la liquidez. Un aumento en la tasa de
interés, por más baja que fuese, afectará la capacidad de pago de la pirámide
invertida de crédito existente (y los derivados). Un aumento en las tasas de
interés, por lo tanto, parece más un acto premeditado para generar el colapso
del dólar en medio de un colapso financiero. El próximo paso podrá ser un suceso
de bandera falsa como señala para buscar un cupable de este caos (Bill Holter,
Rate hikes: policy error or planned collapse, silverdoctors, 10 de diciembre de
2015).
Si la Reserva federal no aumenta la tasa de interés, la Fed pierde mucha
credibilidad y la fuga del dólar tomará más ímpetu. Al aumentar las tasas de
interés el dólar, este aumento afectará a la capacidad de pago de las
corporaciones norteamericanas endeudadas en Estados Unidos, generando una crisis
en la bolsa de valores de Nueva York. Llegando al final del año 2015 podemos
observar que ya hay 27 mercados bursátiles en el mundo que han perdido más del
10% desde su máximo alcanzado ese mismo año. Tratase de un fenómeno global pero
comenzado con el ´golpe de estado´ mencionado antes en los países emergentes. En
esos países como China, Egipto, Nigeria, Grecia, Colombia y Perú las bolsas de
valores perdieron más del 30% de su valor y en Ucrania incluso más de 40%.
Países como Brasil, Arabia Saudita, Tailandia, Kenia y Bulgaria perdieron más
del 20%. Países emergentes como la India, Malasia, Indonesia y Chile perdieron
más del 10%.

Ya vimos que el mercado bursátil en muchos países emergentes colapsó en 2015 y
con esta última medida del Fondo Monetario Internacional será peor aún. El
mercado bursátil en Occidente entró más recientemente en crisis. Las bolsas de
valores en países como Alemania, Reino Unido, España y Polonia perdieron en 2015
más del 10%. En diciembre de 2015 le tocó finalmente a la bolsa de valores de
Nueva York. Las principales bolsas de valores de Nueva York Standard&Poors,
Nasdaq y especialmente el Dow Jones han sufrido serias bajas en diciembre y con
lo acabamos de ver, es probable colapso en 2016, (Michael Snyder, 27 Major
Markets that have crashed in 2015, silverdoctors , 8 de diciembre de 2015; Bill
Holter, Financial Market crashed including the dollar; Global Research, 7 de
Diciembre 2015).
En tiempos duros y ante la amenaza que el dólar perderá su estatus de moneda de
reserva de referencia, el oro se torna el ´puerto seguro´. Es importante saber
que en los últimos años la demanda de oro ha aumentado más que la producción.
Como consecuencia, la producción anual de oro físico no alcanza satisfacer la
demanda. Es preciso saber que China, Rusia, India, etc., han acumulado en los
últimos años enormes reservas de oro físico. La pregunta es de donde sale este
oro cuando la compra de oro físico es mayor que la producción de ese metal. La
demanda de oro y plata es tan alta que no hay ninguna posibilidad de
satisfacerla. La plataforma occidental dirigida por los megabancos mantiene
artificialmente bajo el precio del oro mediante contratos a futuro. Al hacerlo
defienden de facto al dólar ya que el día que precio del el oro se dispare, el
dólar se va de pique. La consecuencia del vencimiento progresivo de los
contratos a futuro es que ya no es viable cumplir con la entrega de oro físico
en las fechas establecidas en dichos contratos. Esta situación de dio por
primera vez hacia finales del año 2015 en el mercado de oro de COMEX. Hemos
llegado al punto que toneladas de oro físico no van a poder ser entregados en
2016 y con ello la crisis del dólar tendrá otra dimensión más (Vea, Samuel
Bryan, Focus on fundamentals, gold supply likely to shrink, shiftgold.com, 8 de
diciembre de 2015).

Cuando clientes como China, India o Rusia reclaman las toneladas de oro físico
al vencer la fecha de entrega establecida en los contratos a futuro, no solo
significa un alza inmediata en el precio del oro y de los metales preciosos en,
sino significa también una caída libre del precio del dólar, para no decir su
colapso. Lo anterior no solo significa un colapso a nivel económico, sino al
tratarse de Rusia y China como la parte demandante, también una crisis a nivel
geopolítico y militar. Una guerra con los principales demandantes de oro
permitiría la no entrega de oro físico. He ahí un factor de tomar en cuenta para
un conflicto bélico. El bloque financiero más interesado en mantener el dólar y
por lo tanto en en semejante conflicto es el imperio financiero nacionalista de
Estados Unidos que gira alrededor del petróleo y el complejo industrial y
militar Bill Holter, Crunch Time, silverdoctors, 9 de diciembre de 2015; Rafi
Farber; China and Japán continue to liquidate us treasury holdings: what it
means; 247wallst.com; 8 de diciembre de 2015).

El panorama de stocks de oro sufre actualmente por una cortina de humo levantada
por Estados Unidos, que pretende tener guardado el 74% de las reservas oficiales
en oro, base para la hegemonía del dólar. Efectivamente el ascenso del dólar y
más tarde del euro de una moneda nacional a una moneda regional e incluso
global, ha sido a base de enormes reservas en oro físico. Debido a la falta de
auditorías hay mucha duda acerca de las reales reservas de oro físico de Estados
Unidos. Llama la atención además que el país se niega a entregar los stocks de
oro guardados en Estados Unidos pero que pertenecen a otros países, como es el
caso de Alemania, por ejemplo. Es preciso saber que en tiempos recientes China
ha logrado acumular un total de 12 mil toneladas de oro, aparte de lo que
oficialmente reporta el país, lo que es más de lo que ´oficialmente´ tiene
Estados Unidos ( Koos Jansen, Renminbi Internationalization And China’s Gold
Strategy, bullionstar.com, 6 de diciembre de 2015).

En semejante contexto geopolítico y para desviar la atención de las verdaderas
causas de la crisis, podamos esperar de aquí en adelante una operación de
bandera falsa sin precedente e incluso en los propios Estados Unidos. La banda
más interesada de una guerra es el imperio financiero nacionalista que también
ya provocaron la caída de las torres gemelas en 2001 bajo una bandera falsa.
Para estos nacionalistas que predican ´otro siglo americano´, es preciso
mantener el dólar a toda costa y enfrentarse así incluso y no en último lugar a
los globalistas en su propia tierra. Lo anterior implicaría otra aventura
militar con carácter internacional

Escenario 2: El Yuan se convierte en 2016 oficialmente en moneda internacional
de reserva. ¿Shanghái será parte relevante de la élite financiera del mundo o
buscará China el camino hacia un mundo multipolar?

Las voces del campo Occidental aumentaron en 2015 que no hay manera de evitar
que China se perfile como miembro del Fondo Monetario y que participe con su
moneda (respaldado por oro) en los Derechos Especiales de Giro. Los Derechos
Especiales de Giro constituyen una modalidad particular de dinero ya que no
circula. No puede ser utilizada para la compra de bienes y servicios o en el
mercado financiero, o hay bonos ni acciones que se negocian en esta moneda. Es
una moneda oficial que sirve de unidad de cuenta y como tal para pagos
intergubernamentales.
A partir del 1 de diciembre de 2015 los Derechos Especiales de Giro están
respaldados por una canasta internacional de monedas que incluye al Yuan. El
dólar con una participación de 41.7% (contra 41.9% antes) mantiene su única
posición dentro del FMI, cuando precisa obtener el 85% de los votos. La UE
tendrá el 30.9% de los votos (contra 37.4 antes). La Libra esterlina tendrá 8.1%
de los votos (contra 11.3 antes) y el Yen 8.4% (contra 9,4antes). De este modo
el Yuan obtendrá el 10.9% de los votos y la UE cedió más terreno. China, por el
tamaño de su economía, debería recibir más capacidad de voto. Para ello precisa
cambiar los estatutos del FMI y para cambiar los estatutos precisa poder contar
con el 85% de los votos. Esto da derecho a veto a EEUU y la UE.
Es preciso saber que la entrada del Yuan en la canasta de monedas tendrá apenas
efecto a partir del primero de octubre de 2016 y que con la campaña electoral en
plena marcha un cambio en los estatutos enfrentaría problemas en el Congreso
controlado por los Republicanos. Por el momento, la decisión del FMI tiene más
un efecto simbólico que importancia práctica. Pues, hemos de tomar en cuenta que
la canasta de monedas no crea una obligación formal para los 188 miembros del
Fondo Monetario de utilizar sus reservas internacionales acorde con las
mencionadas cuotas. Cuando hay un movimiento del dólar hacia el Yuan este
movimiento tendrá un efecto positivo para el oro, pero cuando sustituyen oro por
la moneda china, lo contrario sucederá. Como el Fondo Monetario no se puede
reformar desde adentro, ya China y Rusia han puesto en marcha iniciativas
“paralelas” para reemplazarlo. Brics se han posicionado durante años (China
desde 2005 y los demás desde 2010), construyendo su propia institución de
unificación bancaria alterno al FMI. Los grandes cambios en la economía mundial
impulsados por China y Rusia implican un nuevo “baraje” de las cartas hacia un
orden multipolar (Vea, Arkadiusz Sierón, Will China´s Renminbi threaten gold as
global reserve currency?; gold-eagle.com, 1 de diciembre de 2015).
Los Rothschild con los globalistas han estado dispuestos de ajustar la
modalidad de los votos dentro del FMI y recibir mayores aportes de países de los
Brics en general y de China en particular y han logrado a la vez mantener la voz
cantante en el Fondo Monetario, consolidando de esta manera su poderío
hegemónico en el mundo. El objetivo último de los globalistas es crear el Estado
global por encima de todas las naciones incluso por encima de EEUU. Dentro del
concepto del Estado Global no calza la hegemonía económica y política de un
estado nación como EEUU. Para lograr el cambio de hegemonía es preciso que el
dólar deje de ser la moneda de reserva de referencia.

En el año 2016 veremos que la crisis de una moneda fiduciaria como el dólar, el
euro o el Yen, implicará la caída de las demás monedas nacionales como efecto
dómino y por ende el colapso financiero. Para prevenir en el futuro otro colapso
financiero y el caos mundial que genere, la propuesta de la élite financiera
globalista es crear el Estado global supervisor con una moneda global. La
respuesta del FMI ante el fracaso de la globalización, entonces es más
globalización. Los gobiernos de los Brics se podrán alinear con este proyecto
siempre y cuando la distribución de las cuotas de poder sea más equiparada (Vea,
Brandon Smith, The Global Economic Reset Has Begun, altmarket.com, 9 de
diciembre de 2015).
El Proyecto del Estado global llevado a cabo por el FMI, Banco de Basilea
(Banco central de todos los bancos centrales) y los bancos centrales
hegemonizados por los Rothschild no es la consecuencia del colapso financiero
sino su causa al haberlo provocado. El colapso financiero servirá a los
intereses de los globalistas. No tienen ninguna lealtad ante una nación como
EEUU ni ven a EEUU como demasiado grande para dejar caer esta nación y junto con
la Reserva Federal y el dólar son piezas de ajedrez en un juego mayor. El año
2016 y todavía antes de las elecciones, podamos presenciar la demolición
controlada del poder unipolar de EEUU. Los globalistas nos quieren hacer creer
que no hay otra opción que su liderazgo mundial y crearán el caos necesario para
convencer a todos nosotros (Ibid).

Pero las fuerzas nacionalistas a nivel político, mejor representadas por el ´Tea
Party´ dentro del Partido Republicano y el capital financiero nacionalista de
EEUU juntos quieren mantener la hegemonía unipolar del país a toda costa. Lo
anterior requiere mantener el petrodólar como moneda internacional de
referencia. El imperio Rockefeller y su industria petrolera está a la defensiva.
Todo parecía indicar a principios de 2015 que con el petróleo de ´fraccing´ o
esquisto, EEUU iba ser un país autosuficiente en materia de petróleo. Durante el
año 2015, con la caída del precio de petróleo, la producción del crudo de
esquisto cayó un 12% en 9 meses y en algunos lugares incluso en un 30% (SrsRocco
Report: Collapse Of U.S. Shale Oil Production Has Begun, silverdoctors.com, 11
de diciembre de 2015).
La prospectiva para el año 2016, con precios de petróleo aún más a la baja, es
la progresiva bancarrota ya en marcha de esta industria. Esto es una muy mala
noticia para el imperio Rockefeller así como para la Tesorería de EEUU y la
Reserva Federal. El gobierno de Estados Unidos ha de importar otra vez
cantidades de petróleo con dólares de papel que cada vez tienen menos
aceptación. Ya mucho ha retrocedido el dólar en los intercambios de petróleo y
sobre todo en los países de Eurasia. El petróleo y la energía fósil en general
se compran y venden cada vez menos en dólares sino en Yuanes, Rublos u otras
monedas fuera del ámbito del dólar. Si en 2016 Arabia Saudita además abandone el
petrodólar en 2016 y vende su petróleo a partir de entonces en otras monedas
podrá bien anunciarse el fin de la era del petrodólar.
En el momento que el dólar dejara de existir como moneda internacional de
reserva, los bonos del Tesoro pierden todo su valor. La consecuencia será que el
precio del oro se disparará. Este oro se encuentra concentrado en países como
China, India, Rusia, etc., o sea en los Brics. Está situación coloca a China en
la posición ventajosa en la actual guerra de monedas. China podría lograr que su
moneda (Renminbi) avance como una moneda de referencia internacional de mayor
importancia, asunto que preocupa no solo a los nacionalistas norteamericanos,
sino también a los globalistas.
El mercado de oro de Shánghai lanzará en abril del año 2016 su mercado
internacional de compra y venta de oro. Es el avance lógico de la economía más
grande del mundo que más oro produce, compra e importa. El mercado iniciará en
abril con bancos chinos y unos bancos extranjeros. Su peso en el mercado, sin
lugar a dudas, influirá en la formación de precios del oro. De esta forma la
moneda china se tornará completamente convertible y proporcionará más poder a
Asia en general y China en particular. En una primera etapa solo se operarán
contratos en oro físico al contado denominados en yuanes, y más tarde se
trabajará con derivados, es decir contratos a futuro. Ante nuestros ojos, hubo
en los últimos años una transferencia masiva de oro físico de Occidente hacia
Oriente. Shanghái y Singapur podrán sustituir a Londres y Nueva York como los
principales centros de comercio y de determinación de precios de oro. El mayor o
menor éxito dependerá sobre todo de la participación de bancos extranjeros.
(Reuters, China to launch yuan gold benchmark in April, 10 de diciembre de 2015,
economictimes.indiatimes.com).

Los gobiernos de Rusia y China bien entienden que su existencia está siendo
amenazada y han decidido de unificar sus economías en una sola y de unificar sus
comandos militares. Rusia y China constituyen en la actualidad una sola fuerza
económica y militar. Esta unificación echa para abajo el proyecto de los
´Neoconservadores´ en Estados Unidos ya que esta yunta difícilmente se derrotará
en el campo económico y militar. Lo anterior brinde mayor esperanza de que se
creará un mundo multipolar con una mayor convergencia entre las potencias.
No necesariamente una nueva guerra mundial se dé, sino que la amenaza de la
misma ha de presionar a imponer las condiciones del vencedor en la batalla
económica y política. En este caso, China, al tener de facto la moneda más
fuerte, se transformaría eventualmente en el principal gestor para la
recomposición del existente sistema bancario internacional. Shanghai y Hong Kong
sustituirían a Nueva York y la City de Londres, y no sería extraño ver que la
élite financiera de Wall Street migrará con ellos. China aparecería como la
nueva superpotencia que encabezaría a través del FMI un gobierno global donde la
actual élite financiera de Wall Street y la City de Londres aún podrían
co-gobernar. Bajo este gobierno global, diseñado, probablemente como la segunda
opción de los Rotschild´s, tampoco existiría más soberanía nacional. Es una
alternativa peor que la del gobierno multipolar y lo es particularmente para los
países latinoamericanos. Por el momento, la actitud de Rusia y China ha sido
seguir un juego de ajedrez geopolítico muy prudente y no caer en la trampa de
una guerra. Es esta la mejor garantía para lograr un mundo multipolar.

In
La página de Wim Dierckssens
http://mariwim.info/?p=41
Dic. 2015

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Scenius: la cooperativa que pone las cuentas claras


Yisell Rodríguez Milán

En el barrio habanero de Miramar, Scenius tiene su sede. Se trata de un local
pequeño, diría que apretado, por donde 145 socios circulan regularmente para
ventilar asuntos de trabajo con la Junta Directiva de la primera cooperativa no
agropecuaria que ofrece en Cuba servicios económicos, contables, financieros, y
de asesoría en materia tributaria, y que recién cumple su primer año de
actividad.
Por las manos de sus miembros, todos profesionales, desde enero del 2015 ha
pasado la contabilidad de no pocas pequeñas y medianas empresas del sector
privado y de muchas entidades estatales.

“Hay una demanda tan alta de servicios vinculados al control económico que para
mí ni con 50 cooperativas como esta es posible cubrir siquiera La Habana”, dice
a OnCuba su presidente y fundador, el ingeniero Luis Alberto Dueñas Casal.

En un contexto económico nacional marcado por la “corrupción a pequeña escala
generalizada”, como la definiera el intelectual Ignacio Ramonet y sonados casos
de malversación económica, llegaron los hombres y mujeres de Scenius a ofrecer
sus servicios de control.

Estos profesionales diagnostican la calidad de los registros contables y
trabajan como tenedores de libros; intervienen desde lo contable en la
elaboración y ejecución de planes económicos, hacen presupuestos de inversión;
gestión de cobros y pagos; cuadran las cuentas y reconstruyen las diferencias
para detectar sus orígenes e incidencia en los saldos… todo eso y más, bajo el
siguiente slogan: “Todo campeón tiene un coach”.

¿Cuántos clientes han atendido este año y de qué sectores?

Eso es interesante. Pensamos que nuestros principales clientes serían del sector
no estatal de la economía y que nos dedicaríamos mayoritariamente a apoyar a
otras cooperativas no agropecuarias pero lo que inicialmente proyectamos se
extrapoló en alta medida al sector estatal con la solicitud de servicios de
contabilidad y conteo de activos fijos tangibles, que es entrar en un inventario
y depurar todo lo del almacén. Básicamente se trata de la teneduría de libros.

Eso implica la detección de irregularidades que pueden revelar casos de
corrupción. ¿Cómo proceden ante esas situaciones?

Nuestro servicio es la parte técnica, documental. La administración tiene que
tomar las decisiones y medidas necesarias a partir de la información que recibe
de nuestro trabajo. Todos los meses -esté todo bien, regular o mal- entregamos y
discutimos con nuestros clientes un informe técnico parcial o definitivo
relacionado con la ejecución de nuestros servicios. Lo que hacemos no es una
auditoría, pero obligatoriamente tenemos un criterio objetivo y soportado en el
propio desarrollo del servicio.

¿Cómo manejan el tema de la confianza en ustedes por parte de la dirección de
las empresas? Se están depositando las finanzas en manos de especialistas
externos y no es eso a lo que estamos acostumbrados. Podrían pensar que se
arriesga una información delicada…

Respecto al tema de la confidencialidad con nuestros clientes, Scenius ha
implementado en sus procedimientos de servicios, todo lo establecido en las
normas regulatorias cubanas respecto al manejo de información.

No obstante, en un criterio bien asumido por todos los socios, la confianza se
logra con los resultados. No hay nada mejor que arrancar y mantener una
reputación a partir de buenos resultados. En la concreta: nosotros les decimos
que les pregunten a otros clientes. Las referencias están ahí. Desde el punto de
vista empresarial La Habana es pequeñita así que, lógicamente, los funcionarios
que tienen la responsabilidad de decidir si nos contratan o no, averiguan
quiénes somos. Todo esto lleva ese proceso de verificación no solo a nivel de
las empresas sino de los organismos y esa es la mejor referencia.

Esto no lo inventamos nosotros, la subcontratación de servicios contables es una
práctica consolidada a nivel internacional, y sin irnos de Cuba: en la
actualidad hay consultoras muy profesionales en el sector estatal. Lo que pasa
es que estas al tener otras estrategias de servicios, muchas veces solo abarcan
el diagnóstico u otros servicios y no van al apoyo in situ o a la reconstrucción
de la contabilidad, al día a día, a la ejecución de la teneduría de libros.

Es revelador que la demanda principal provenga del sector empresarial estatal…

Eso refleja una necesidad latente. No hay quien haga un conteo de inventario a
conciencia, ajustado a la realidad, si no tiene un nivel de motivación y
compromiso con la actividad que realiza. Dicho sea de paso, es una práctica
aconsejable y generalizada en América Latina y otros países que la ejecución y
supervisión de esa actividad la realicen entidades externas que no estén
comprometidas con lo que está sucediendo dentro de las empresas. Sin llegar a
ser una auditoría, yo te digo que la diferencia en tus números está aquí.
Después que vengan las auditorias especiales a verificar esto.

Valoramos tanto el reconocimiento estatal que lo consideramos, junto a la
incorporación y motivación de los socios, nuestros dos principales resultados
del 2015. Más allá de la parte económica, con la cual todos estamos muy felices,
en nuestro país –y te lo digo bien a lo cubano– no se vende un pirulí si no
tienes el reconocimiento del Estado, mucho menos podrías meterte en la
contabilidad de las empresas si no certifica que lo estás haciendo bien.

¿Y qué potencialidades le ven al mercado cubano de cara a los inversionistas
extranjeros?

Miles. Para dondequiera que uno mir, ve posibilidades de inversión. Algunas muy
latentes, reconocidas, otras insospechadas. La cartera de oportunidades puede y
debe ampliarse. Lo vemos cuando intercambiamos con las empresas, pero muchas
están tan en el día a día que les cuesta un poco de trabajo ver sus
potencialidades. Y está también el sector no estatal, con el mismo tema de
posibilidades como el alojamiento y otros temas referidos a las producciones y
servicios que pudieran servir como complemento y encadenamiento de otras
actividades. Nosotros, modestamente, lo que hacemos es participar y sacar
cuentas.

¿Qué servicios podrían ustedes prestarles a potenciales clientes extranjeros?

Hoy tenemos autorizados los relacionados con la teneduría de libros y la
contabilidad. La Ley de Inversión Extranjera exige un estudio de factibilidad
con 22 tablas de asuntos puramente económicas. En una gran parte de la
preparación y desarrollo de esos estudios consideramos podríamos participar,
incluso de conjunto con otras entidades especializadas que hoy existen, pero se
necesita un reconocimiento de esas potencialidades por parte del Ministerio de
Comercio de Exterior (MINCEX) y otros organismos del Estado con la
responsabilidad de garantizar la calidad y objetividad de esos estudios. Esa es
la parte que ahora mismo estamos gestionando.

Pensando en este mercado, ¿ninguna empresa cubana les ha solicitado estudios de
factibilidad?

Sí, lo que pasa es que queremos tener más consolidada la cooperativa en el 2016.
Contamos con economistas y contadores que toda la vida han hecho estudios de
factibilidad económica y están dispuestos, pero nos preparamos para participar
incluso con consultoras jurídicas, para que cada cual haga su parte. Eso debe
estar bien conciliado, te repito, con el MINCEX y otros organismos.

Recuerdo una reunión de la Asamblea Nacional del Poder Popular donde se abordó
la escasez de estudios de factibilidad y cómo algunas empresas cubanas no saben
identificar sus potencialidades….

Todavía arrastramos las consecuencias de que todo se concibiera
centralizadamente, de que fuera el gobierno quien tuviera la responsabilidad del
desarrollo de las empresas. ¿Qué pasa ahora? Que el gobierno reestructura eso.
Vamos hacia un esquema que, salvo excepciones estratégicas y sociales, exige una
gestión enfocada al autofinanciamiento, y ahora hay una especie de vacío, de
compromiso o capacidad para que los empresarios se den cuenta de cómo buscar
posibilidades de autofinanciamiento en virtud de lo que tienen.

Te puedo poner un ejemplo. El Estado aprobó, en el Decreto ley 305, el
financiamiento para las cooperativas no agropecuarias, sobre todo en lo
relacionado con inversiones en la etapa de arranque y el capital de trabajo.
Indaga tú en el Banco Central de Cuba cuántas han optado por esos
financiamientos. Y ahí está ese crédito, disponible y con condiciones de
amortización y garantías excepcionales. Es una cosa increíble, pero como no
estamos acostumbrados a trabajar con créditos, con dinero en adelanto en pos de
avanzar y de invertir, pues la gente se queda en un nivel de gestión muy
pequeñito.

Entonces se ven las unidades de gastronomía que siguen vendiendo el pancito con
croqueta…, cuando tienen la posibilidad de dar un salto cualitativo que no
aprovechan. Hay quien sí lo ha solicitado y ahí tienes el Restaurante El Jardín
totalmente recuperado, gestionado ahora como cooperativa, al cual apoyamos en el
cálculo económico para la solicitud de un crédito que finalmente le fue
otorgado. En el caso del sector empresarial, muchos directivos no se sientan a
identificar y potenciar las posibilidades que tienen o a definir que
presupuestos necesitan.

En caso de que se aprobara una Ley de Cooperativas, ¿qué no debería faltar?

En mi criterio, la parte práctica de la función social que tienen las
cooperativas. Para cumplir su función social, las cooperativas deben ser en
primer lugar eficientes económicamente. El carácter de autofinanciamiento tiene
que ser responsabilidad de las cooperativas no agropecuarias, pero debe ir
aparejada de autoridad. El Estado debe tener capacidad de flexibilización para
asumir este reto y asumir el papel de estratega y regulador de los intereses
generales de la población, pero la práctica productiva y de servicios debe ser
responsabilidad de la cooperativa.

En todas partes del mundo está esa experiencia: usted va ante el notario,
certifica su voluntad de realizar una actividad determinada, va al Registro
Mercantil, se inscribe y lógicamente contrae obligaciones generales como las
tributarias, de comportamiento, de ética empresarial y otras establecidas que
son propiamente técnicas y controladas por entidades especializadas. Considero
que el Estado en este experimento seguirá revisando estas experiencias para
acercarlas a las especificaciones, exigencias y experiencias propias de nuestro
país.

Hay resoluciones específicas relacionadas con la flexibilidad del objeto social
y los alcances, pero más allá de una normativa esto va por un tema de
mentalidad. Los funcionarios cubanos y los participantes de la actividad
empresarial desde cualquier forma de gestión, deberemos seguir incorporando la
importancia del equilibrio entre autoridad y responsabilidad.

Habrá que cambiar unos cuantos mecanismos si, como indican los Lineamientos,
queremos acercarnos a las potenciales reales de Cuba. Todo lo que viene de
inversión extranjera es un reto y la idea es no quedarnos como empleados de
ningún país, sino negociar en igualdad de condiciones.

Fuente:
http://oncubamagazine.com/economia-negocios/scenius-la-cooperativa-que-pone-las-cuentas-claras/

In
REBELION
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=207140
24/12/2015

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Argentina oscilando entre la crisis de gobernabilidad y la dictadura mafiosa





Jorge Beinstein


22/12/2015


Ha sido señalado hasta el hartazgo que por primera vez en un siglo el 10 de
Diciembre de 2015 la derecha llegó al gobierno sin ocultar su rostro, sin
fraude, sin golpe militar, a través de elecciones supuestamente limpias, se
trataría de un hecho novedoso.



Es necesario aclarar tres cosas:



En primer lugar resulta evidente que no se trató de “elecciones limpias” sino de
un proceso asimétrico, completamente distorsionado por una manipulación
mediática sin precedentes en Argentina activada desde hace varios años pero que
finalmente derivó en un operativo muy sofisticado y abrumador. Consumada la
operación electoral la presidenta saliente fue destituida unas pocas horas antes
de la transmisión del mando presidencial mediante un golpe de estado “judicial”
demostración de fuerza del poder real que establecía de ese modo un precedente
importante, en realidad el primer paso del nuevo régimen.



Esto nos lleva a una segunda aclaración: el kirchnerismo no produjo
transformaciones estructurales decisivas del sistema, introdujo reformas que
incluyeron a vastos sectores de las clases bajas, reclamos populares
insatisfechos (como el juzgamiento de protagonistas de la última dictadura
militar), implementó una política internacional que distanció al país del
sometimiento integral a los Estados Unidos y otras medidas que se superpusieron
a estructuras y grupos de poder preexistentes. Pero no generó una avalancha
plebeya capaz de neutralizar a las bases sociales de la derecha quebrando los
pilares del sistema (sus aparatos judiciales, mediáticos, financieros,
transnacionales, etc.) desarticulando la arremetida reaccionaria. La alternativa
transformadora radicalizada estaba completamente fuera del libreto progresista,
la astucia, el juego hábil y sus buenos resultados en el corto y hasta en el
mediano plazo maravilló al kirchnerismo, lo llevó por un camino sinuoso,
acumulando contradicciones marchando así hacia la derrota final. Nunca se
propuso transgredir los límites del sistema, saltar por encima de la
institucionalidad elitista-mafiosa de las camarillas judiciales apuntaladas por
el partido mediático componentes de una lumpenburguesía que aprovechó el
restablecimiento de la gobernabilidad post 2001-2002 para curar sus heridas,
recuperar fuerzas y renovar su apetito.



Como era previsible las clases medias, grandes beneficiarias de la prosperidad
económica de los años del auge progresista, no se volcaron de manera agradecida
hacia el kirchnerismo sino todo lo contrario, azuzadas por el poder mediático
retomaron viejos prejuicios reaccionarios, su ascenso social reprodujo formas
culturales latentes provenientes del viejo gorilismo, del desprecio a “la
negrada” enlazando con la ola regional y occidental en curso de aproximaciones
clasemedieras al neofascismo. No se trató entonces de una simple manipulación
mediática manejada por un aparato comunicacional bien aceitado sino del
aprovechamiento derechista de irracionalidades ancladas en los más profundo del
alma del país burgués.



La tercera observación es que el fenómeno no es tan novedoso. Si bien es cierto
que el proceso de manipulación electoral se inscribe en el marco del declive del
progresismo latinoamericano y que fue realizado de manera impecable por
especialistas de primer nivel seguramente monitoreados por el aparato de
inteligencia de los Estados Unidos, no deberíamos olvidar que antes de la
llegada del peronismo en 1945 la sociedad argentina había sido moldeada por
cerca de un siglo de república oligárquica (que no fue abolida durante el
período de gobiernos radicales entre 1916 y 1930) dejando huellas culturales e
institucionales muy profundas atravesando las sucesivas transformaciones de las
elites dominantes como una suerte de referencia mítica de una época donde
supuestamente los de arriba mandaban mediante estructuras autoritarias estables.
Constituye una curiosa casualidad cargada de simbolismo pero lo cierto es que
fue el presidente “cautelar-instantáneo” Federico Pinedo impuesto por la mafia
judicial el encargado de entregar el bastón presidencial a Macri. Federico
Pinedo: nieto de Federico Pinedo, una de la figuras más representativas de la
restauración oligárquica de los años 1930, bisnieto de Federico Pinedo Rubio
intendente de Buenos Aires hacia fines del siglo XIX y luego diputado nacional
durante un prolongado período como representante del viejo partido conservador.
Seguir la trayectoria de esa familia permite observar el ascenso y consolidación
del país aristocrático colonial construido desde mediados del siglo XIX. El
lejano descendiente de aquella oligarquía fue el encargado de entregar los
atributos del mando presidencial a Mauricio Macri, por su parte heredero de un
clan familiar mafioso de raiz italo-fascista[1], instaurador de un “gobierno de
gerentes”. Los avatares de un golpe de estado instantáneo establecieron un
simbólico lazo histórico entre la lumpenburguesía actual y la vieja casta
oligárquica.



La crisis



El contexto económico internacional viene dado por una crisis deflacionaria
motorizada por el desinfle de las grandes potencias económicas. Estados Unidos,
la Unión Europea y Japón navegando entre el crecimiento anémico, el
estancamiento y la recesión, China desacelerando su crecimiento y Brasil en
recesión sobredeterminan una coyuntura marcada por el enfriamiento de la demanda
global lo que deprime los precios de las materias primas y estanca o achica los
mercados de productos industriales. En suma un panorama mundial negativo para un
país como la Argentina principalmente exportador de materias primas y en menor
escala de productos industriales de mediano-bajo nivel tecnológico.



Ante ese ciclo internacional adverso, desde el punto de vista teórico la
economía Argentina para no caer en la recesión debería apoyarse cada vez más en
la expansión y protección de su mercado interno, su tejido industrial, su
autonomía financiera. Sin embargo el gobierno de Macri inicia su mandato
haciendo todo lo contrario: achicando el mercado interno mediante la reducción
drástica en términos reales de salarios y jubilaciones, aumentando el
endeudamiento externo, desprotegiendo al grueso de la estructura industrial. A
ello apuntan sus decisiones económicas iniciales como la megadevaluación, la
eliminación o disminución de impuestos a las exportaciones, la suba de las
tasas de interés, la liberalización de importaciones, y pronto la eliminación de
subsidios a los servicios públicos con el consiguiente aumento de sus tarifas.
Se trata de una gigantesca transferencia de ingresos hacia los grupos económicos
más concentrados (grandes exportadores agrarios, empresas y especuladores
financieros poseedores de fondos en dólares, etc.), de un saqueo descomunal que
se irá prolongando en el tiempo al ritmo de las subas de precios, las
depresiones salariales, las devaluaciones y los tarifazos. Crecerá la
desocupación, la pobreza y la indigencia, la concentración de ingresos avanzará
(ya está avanzando) rápidamente, el crecimiento económico nulo o negativo serán
inevitables.



Según ciertos expertos estaríamos embarcados en una vorágine completamente
irracional marcada por la declinación del grueso de la industria y la
desintegración de la sociedad resultado de la aplicación ortodoxa de recetas
neoliberales “equivocadas”. Pero el gobierno no se equivoca, actúa según la
dinámica de una lumpenburguesía portadora de una racionalidad instrumental cuyo
fin no es otro que el de la acumulación rápida de riquezas saqueando todo lo que
se le cruza en el camino. La racionalidad de los bandidos dueños del poder no es
la del desarrollo económico armonioso y general que anida en la cabeza de
ciertos economistas.



Así es como hemos pasado de una versión suave de la política económica
contra-cíclica (desde el punto de vista de la tendencia de la economía global) a
una política pro-cíclica que se incorpora con notable ferocidad a la
degeneración general (financiera, institucional, ideológica, etc.) del mundo
capitalista.



El progresismo gobernó entre 2003 y 2015 restableciendo la gobernabilidad del
sistema, todo anduvo bien mientras la bestia lamía sus heridas en un contexto de
relativa prosperidad recomponiéndose del terremoto de los años 2001-2002, pero
desde 2008 las cosas fueron cambiando: el achatamiento del crecimiento económico
exacerbó su voluntad por acaparar una porción mayor de la torta, en ese sentido
el 10 de diciembre de 2015 puede ser visto como el punto de inflexión, como un
salto cualitativo del poder draculiano de las elites dominantes inaugurando una
etapa de decadencia de la sociedad argentina. Las fuerzas entrópicas,
devastadoras, lograron imponer su dinámica.



Dos escenarios



Nos encontramos ante los primeros pasos de una aventura autoritaria de
trayectoria incierta. No se trata de un hecho producto del azar sino del
resultado de un prolongado proceso de maduración (degeneración) de las elites
dominantes de Argentina convertidas en jaurías depredadoras coincidentes con el
fenómeno global de financierización y decadencia. Basta con echarle una mirada
al gobierno y sus respaldos donde sobreabundan personajes acusados de ser
delincuentes financieros como Prat Gay, Melconian o Aranguren, o “padrinos” como
Cristiano Rattazzi, Paolo Roca, Franco Macri (y su hijo-presidente) o de otros
señalados como agentes de la CIA como Susana Malcorra o Patricia Bullrich[2],
para percibir que la tragedia local no es más que un apéndice periférico de un
capitalismo global embarcado en una loca carrera liderada por lobos de Wall
Streeet, militares delirantes y políticos corruptos destruyendo países enteros,
triturando instituciones, saqueando recursos naturales imponiendo un proceso de
destrucción a escala planetaria.



La lumpenburguesía argentina, su articulación mafiosa en la cúpula del poder
(empresario, judicial, mediático) y sus prolongaciones institucionales y
abiertamente ilegales ha dejado de ser la fuerza dominante en las sombras,
jaqueando, condicionando, bloqueando, imponiendo, para asumir abiertamente el
gobierno. Esto puede ser atribuido a varios motivos entre otros a la
inexistencia de un elenco de “políticos” con capacidad de decisión como para
implementar el mega-saqueo en curso, entonces son los gerentes los que deben
hacerse cargo de manera directa del Poder Ejecutivo, es decir “técnicos”
completamente ajenos al embrollo electoral.



El nuevo esquema resulta sumamente eficaz a la hora de adoptar medidas
contundentes contra la mayoría de la población pero aparece muy poco útil para
amortiguar el inevitable descontento popular (incluido el de una porción
significativa de incautos votantes de Macri). Las camarillas sindicales podrán
durante un corto período generar inacción, algunos políticos provinciales
empujarán en el mismos sentido, los medios masivos de comunicación buscarán
distraer, confundir, justificar (ya lo están haciendo) intensificando la campaña
de idiotización pero todo eso es insuficiente frente a la magnitud del desastre
en curso.



Por otra parte el carácter lumpen, inestable del régimen macrista afectado por
previsibles disputas internas, golpes financieros, turbulencias exógenas de todo
tipo propias de un sistema global a la deriva y además (principalmente)
presionado por una base social cuyo descontento irá ascendiendo como una
avalancha gigantesca, va dejando al descubierto la única alternativa posible de
gobernabilidad mafiosa.



Se trata de la formación de un sistema dictatorial con rostro civil y de
configuración variable. Tiene claros antecedentes internacionales recientes,
viene guiado por el aparato de inteligencia de los Estados Unidos y se apoya en
la llamada doctrina de la Guerra de Cuarta Generación cuyo objetivo central es
la transformación de la sociedad objeto de ataque en una masa amorfa, degradada,
acosada por erupciones “desprolijas” de violencia caótica y en consecuencia
impotente ante el saqueo. Irak, Libia, Siria aparecen como experiencias de
manual extremas y lejanas, por el contrario México o Guatemala son paradigmas
latinoamericanos a tener en cuenta aunque la especificidad argentina aportará
seguramente rasgos originales. Tenemos que pensar en una combinación pragmática
de distintas dosis de represión directa “clásica”, judicialización de opositores
sindicales, políticos, etc., bombardeo mediático (diversionista y/o
demonizador), represión clandestina, incentivos a la rivalidades intrapopulares
(cuanto más sanguinarias mejor), irrupción de bandas que aterrorizan a la
población (como las “maras” en América Central o los batallones de narcos de
México), fraudes electorales, etc. De ese modo Argentina entraría de lleno en el
siglo XXI signado por el ascenso del capitalismo tanático.



Sin embargo esa estrategia no se puede instalar plenamente de un día para otro,
requiere tiempo y una cierta pasividad inicial de las bases populares, además
encontraría serias dificultades ante una sociedad compleja como la Argentina,
con un amplio abanico de clases bajas y medias portadoras de culturas, capacidad
de organización, de historias que desde la mirada superficial de los gerentes
financieros y de los expertos en control social no aparecen como amenazas
visibles (o aparecen como resistencias o nostalgias impotentes) pero que
constituyen latencias, bombas de tiempo de enorme poder que pueden estallar en
cualquier momento. Este desafío desde abajo converge con el temor de los de
arriba a puebladas inmanejables conformando grandes interrogantes gelatinosos
que generalizan la incertidumbre en las elites, deterioran su psicología.



La no viabilidad de ese escenario siniestro, su posible empantanamiento, dejaría
abierto el espacio para el desarrollo de un segundo escenario: el de una crisis
de gobernabilidad mucho más devastadora que la de 2001. En ese caso la fantasía
elitista de la recomposición dictatorial-mafiosa del poder político no habría
sido otra cosa que una ilusión burguesa acompañando al fin de la gobernabilidad,
al comienzo de un período de alta turbulencia, de desintegración social de
duración impredecible. El progresismo tan despreciado por las elites y sus
preservativos de clase media habría sido un paraíso capitalista destruido por
sus principales beneficiarios.



Como vemos el infierno mafioso no es inevitable aunque no deberíamos subestimar
la capacidad operativa de sus ejecutores locales y su mega padrino imperial, los
Estados Unidos están lanzados a la reconquista de su patio trasero
latinoamericano.



¿Hacia dónde va esta historia?: la resistencia popular tiene la respuesta.



- Jorge Beinstein es economista argentino, docente de la Universidad de Buenos
Aires. jorgebeinstein@gmail.com




[1] Horacio Verbitsky, "A las Malvinas en subte. El rol de la P-2, los Macri,
FIAT y TECHINT en la guerra de 1982",
http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/1-190366-2012-03-25.html


[2] ARGENTINA: la nueva ministra de Exteriores pertenece a la CIA, según
Diosdado Cabello.

- El presidente de la Asamblea Nacional (AN) de Venezuela, Diosdado Cabello,
declaró que la canciller argentina, Susana Malcorra, pertenece a la Agencia
Central de Inteligencia de EE.UU. (CIA, por sus siglas en inglés). “Estuvo aquí,
la recibí yo en mi oficina, es la CIA misma, se la nombraron de canciller al
señor (Mauricio) Macri”, presidente electo de Argentina, subrayó Cabello en su
programa semanal de los miércoles, transmitido por el canal estatal Venezolana
de Televisión (VTV).

- También Patricia Bullrich reporta a “la agencia” y probablemente lo hagan
otros y otras, como Laura Alonso. El rumor que corre es que Macri prácticamente
no conoce a Malcorra y que le fue impuesta telefónicamente por el Departamento
de Estado.

- Pájaro Rojo, 11/12/2015, http://pajarorojo.com.ar/?p=20433


In
ALAINET
http://www.alainet.org/es/articulo/174435
22/12/2015