sábado, 30 de janeiro de 2016

Por que tanto ódio?





Roberto Amaral

É preciso tentar entender os motivos da unanimidade conservadora contra o PT
apesar de seus governos nem reformistas serem.

A direita latino-americana aceita quase-tudo, até desenvolvimento e democracia,
conquanto não venham acompanhados, seja da emergência das classes populares,
como pretendeu o Brasil de João Goulart e Lula, seja da defesa das soberanias
nacionais dos países da região, como lá atrás intentou o segundo governo Vargas.


A história não se repete, sabemos à saciedade, mas em 1954, como em 1964, em
comum com os dias de hoje, organizou-se um concerto entre forças políticas
derrotadas nas urnas, mais setores dominantes do grande capital e a unanimidade
da grande imprensa, unificadas pelo projeto golpista gritado em nome de uma
democracia que em seguida seria posta em frangalhos.

Naqueles episódios, com o ingrediente perverso da insubordinação militar, o
momento culminante de uma razzia anti-progresso e pró-atraso, alimentada de
longa data por setores majoritários da grande imprensa, um monopólio ideológico
administrado por cartéis empresariais intocáveis.

Essa unanimidade ideológico-política dos meios de comunicação de massas é,
assim, a mesma dos anos do pretérito. O diferencial, agravando sua
periculosidade, é a concentração de meios facilitando o monopólio anulando
qualquer possibilidade de concorrência, blindando o sistema de eventuais
contradições e ‘furos’.

Que fizeram os governos democráticos – que fez a sociedade, que fez o Congresso,
que fez o Judiciário – para enfrentar esse monstro antidemocrático que age sem
peias, a despeito da ordem constitucional?

As razões para a crise remontam à concepção de nação, sociedade e Estado que as
forças conservadoras – ao fim e ao cabo nossos efetivos governantes –
estabeleceram como seu projeto de Brasil.

O desenvolvimento de nossos países pode mesmo ser admitido por esses setores –
sempre que o malsinado Estado financie seus investimentos –, conquanto que
respeitados determinados limites (não os possa tributar, por exemplo), ou
comprometê-los com objetivos nacionais estratégicos, como respeitosos com essa
gente foram os anos de ouro do juscelinismo.

Jamais um desenvolvimento buscadamente autônomo, como pretenderam o Chile de
Allende, com as consequências sabidas, e a Venezuela, acuada e acossada desde os
primeiros vagidos do bolivarianismo, o qual, seja lá o que de fato for para além
de discurso, perseguiu um caminho próprio de desenvolvimento econômico-social, à
margem dos interesses do Departamento de Estado, do Pentágono, e do FMI.

Democracia até que é admissível, conquanto não se faça acompanhar da ascensão
das grandes massas, pelo que João Goulart se arriscou e perdeu o poder. A
propósito, F. Engels (introdução ao clássico Luta de classes na França, de Marx)
observa que “… a burguesia não admitirá a democracia, sendo mesmo capaz de
golpeá-la, se houver alguma possibilidade de as massas trabalhadoras chegarem ao
poder”.

Ora, na América Latina basta a simples emergência das massas ao cenário
politico, sem mesmo qualquer ameaça de ascensão a fatias mínimas de poder, para
justificar os golpes-de-Estado e as ditaduras.

Além de promover essa emergência do popular no politico, trazendo massas
deserdadas para o consumo e a vida civil, Lula intentou uma política externa
independente, como independente poderia ser, nos termos da globalização de
nossas limitações econômicas e militares. Desvela-se, assim, o ‘segredo’ da
esfinge: não basta respeitar as regras do capitalismo – como respeitaram
Getúlio, Jango, Lula, e Dilma respeita – posto que fundamental é, mantendo
intocada a estrutura de classes, preservar a dependência ao modelo
econômico-político-ideológico ditado pelas grandes potências, EUA à frente.

O Não contém o Sim. O que não é possível diz o que é desejado, identificar o
adversário é meio caminho andado para a nomeação dos aliados e servidores. Assim
se justifica, por exemplo, tanto a unanimidade da opinião publicada em favor de
Mauricio Macri, a mesma que acompanhou os últimos governos colombianos, quanto a
unanimidade dos grandes meios contra os Kirchner, até ontem, e ainda hoje contra
Rafael Correa e Evo Morales, bem como o ódio visceral ao ‘bolivarianismo’, na
contramão dos interesses das empresas brasileiras instaladas e operando na
Venezuela.

São os fabricantes de opinião contrariando nossos interesses econômicos e
erodindo nosso natural peso regional – onde alimentamos justas expectativas de
exercício de poder – mas, como sempre, fazendo o jogo dos interesses de Wall
Street e da City.

Essa lógica da dependência – ou de comunhão de interesses entre nossa burguesia
e o poder central, acima dos interesses nacionais – explica também a unanimidade
contra Dilma e contra o que ideologicamente é chamado de ‘lulismo’ ou
‘lulopetismo’, nada obstante suas (suponho que hoje desvanecidas) ilusões
relativamente à ‘conciliação de classes’.

Conciliação que não deu certo com Vargas e não está dando certo com Dilma, não
obstante suas concessões ao capital financeiro, malgrado o alto, muito alto
preço representado pelo desapontamento das forças populares que a elegeram no
final do segundo turno.

Esse movimento – que representa dar dois passos atrás contra só um à frente,
detetado a partir de dezembro de 2014, valeu-lhe a ainda insuperada crise de
popularidade, sem a compensação do arrefecimento da fúria oposicionista ditada a
partir da Avenida Paulista.

Atribui-se a Lula a afirmação de que os banqueiros jamais teriam obtido tantos
lucros quanto lograram em seu governo. Anedota ou não, o fato objetvo é que
segundo o bem informado Valor, o lucro dos bancos foi de 34,4 bilhões de reais
na era FHC, e de 279,0 bilhões de reais no período Lula, ou seja, oito vezes
maior, já descontada a inflação.

Por que então essa oposição à Dilma se seu governo, como os dois anteriores de
Lula, não ameaçou nem ameaça qualquer postulado do capitalismo, não ameaça a
propriedade privada, não promoveu a reforma agrária, não ameaça o sistema
financeiro, não promoveu a reforma tributária?

Por que esse ódio vítreo da imprensa se sequer ousaram os governos Lula-Dilma –
ao contrário do que fizeram todos os países democráticos e desenvolvidos –
regulamentar os meios de comunicação dependentes de concessões, como o rádio e a
tevê?

Por que essa unanimidade, se os governos do PT (e a estranha coabitação com o
PMDB) não tocaram nas raízes do poder, não ameaçaram as relações de produção
fundadas na preeminência do capital (muitas vezes improdutivo) sobre o trabalho?

Por que tanto ódio, se os governos do PT sequer são reformistas, como tentou ser
o trabalhismo janguista com seu pleito pelas ‘reformas de base’? Ora, o Estado
brasileiro de 2016 é o mesmo herdado em 2003, e ‘os donos do poder são os
mesmos: o sistema financeiro, os meios de comunicação de massas vocalizando os
interesses do grande capital, o agronegócio e as fiespes da vida.

Ocorre que, e eis uma tentativa de resposta, se foram tão complacentes com o
grande capital, ousaram os governos Lula, e Dilma ainda ousa, promover a
inclusão social da maioria da população e buscar ações de desenvolvimento
autônomo, nos marcos da globalização e do capitalismo, evidentemente, mas
autônomo em face do imperialismo.

Assim, negando o comando do FMI, negando a Alca e concorrendo para o
fortalecendo do Mercosul, esvaziando a OEA e promovendo a Comunidade de Países
da América Latina e Caribe (Celac), e, audácia das audácias, tentando
constituir-se em bloco de poder estratégico no Hemisfério Sul, com sua
influência na América Latina e a aproximação com a África.

Nada de novo no castelo de Abranches, nem mesmo a miopia dos que não vêem, ou,
que, por comodismo ou pulsão suicida, preferem não ver o que está na linha do
horizonte. Supor que a presidente está à salvo da onda golpista é tão insensato
quanto supor que o projeto da direita se esgotaria no impeachment.

Há ainda muito caminho a percorrer.

O projeto da direita é de cerco e de aniquilamento das esquerdas brasileiras.
Nesses termos, o assalto ao mandato da presidente é só um movimento,
relevantíssimo mas só um movimento num cenário de grandes movimentações, a porta
pela qual avançarão todas as tropas.

O projeto da direita é mais audacioso, pois visa à construção de uma sociedade
socialmente regressiva e políticamente reacionária, com a tomada de todos os
espaços do Estado. Boaventura de Sousa Santos chama a isso – as ditaduras
modernas do século XXI — de ‘democracias’ de baixa intensidade.

O primeiro passo é a demonização da política. Já foi atingido.

In
Roberto Amaral
http://ramaral.org/?p=13074
28/1/2016

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Sem Terra usam a criatividade para desenvolver experiências educacionais no Ceará




De luta em luta, com criatividade e persistência, os Sem Terra do estado do
Ceará desenvolvem diversas experiências sobre a educação do campo no estado.

Por Gustavo Marinho



Da horta didática dos Sem Terrinha ao método cubano de alfabetização de jovens
e adultos “Sim, eu posso!”. Da banda de lata do sertão cearense às escolas de
Ensino Médio. De luta em luta, com criatividade e persistência, os Sem Terra do
estado do Ceará desenvolvem diversas experiências sobre a educação do campo no
estado.


Em reportagem anterior, foi mostrado como os Sem Terra erradicaram o
analfabetismo de jovens e adultos do campo e da cidade por meio do método cubana
“Sim, Eu Posso!”. A deficiência com a educação no campo no estado, no entanto,
não se dava apenas em torno dessa faixa etária.


Em paralelo, surgia também a necessidade de reivindicar a educação média nas
áreas da Reforma Agrária. Foi quando, em 2007, milhares de trabalhadores rurais
realizaram uma Marcha pelo estado para reivindicar do governo estadual a
construção de escolas de Ensino Médio no campo.


“Até então não existia escola de ensino médio. No máximo, o que se tinha era um
anexo das escolas da cidade”, recorda Sandra Maria Alves, diretora da escola
João Santos Oliveira, no Assentamento 25 de Maio, no município de Madalena.





Das 11 estruturas que a gestão estadual comprometeu-se na época, cinco já estão
em funcionamento - sendo quatro em assentamentos do MST -, três estão
finalizando as obras e quatro ainda estão em processo de licitação.


A escola João Santos Oliveira é uma dessas conquistas. “Uma estrutura como essa
num assentamento não estaria aqui se não fosse fruto da luta”, afirma Sandra.
Atualmente, a escola conta com cerca de 170 educandos de assentamentos da região
entre o 1º ao 3º ano, além de uma turma de Jovens e Adultos.


A partir dessas conquistas, iniciou-se o processo da construção do projeto
político pedagógico realizado pela militância do setor de educação do MST junto
aos assentados.


“Nós tínhamos consciência de que a base pedagógica comum não daria conta da
formação diferenciada dos homens e mulheres que queremos formar na Escola do
Campo”, explica Sandra.


Dessa forma, foram criados componentes diferenciados relacionados à realidade
social, política e organizacional da vida no campo.


Um exemplo é a disciplina de Organização do Trabalho e Técnicas Produtivas, uma
aula com um agrônomo para acumular experiências no convívio com o Semiárido. Na
própria escola existe o chamado Campo Experimental de Agricultura Camponesa e
Reforma Agrária, uma área de 10 hectares com viveiro e hortas, onde os educandos
aprendem e compartilham experiências agroecológicas.


“De modo geral, todas as disciplinas devem contribuir de algum modo no Campo
Experimental, sempre relacionando com o conteúdo que eles estão trabalhando
dentro da sala de sala de aula”, diz a diretora.




Campo Experimental de Agricultura Camponesa e Reforma Agrária.

Nossa formação é muito voltada para o convívio com o meio ambiente. A partir dos
projetos e atividades que fazemos nas disciplinas, temos maior aproximação com a
natureza e entendemos melhor como nos relacionar com ela”, explica Sônia dos
Santos Paiva, de 15 anos e estudante do 1º ano.


A Matriz Curricular ainda conta com as disciplinas de Projeto e Pesquisa, com o
objetivo de familiarizar os educandos com a prática da pesquisa acadêmica ainda
no Ensino Médio, e a disciplina de Práticas Sociais Comunitária, que contribui
na dinâmica organizativa da escola.


“Aqui a gente aprende muita coisa diferente, além de participar de tudo que
envolve a escola”, afirma Daiane dos Santos, de 14 anos e também do 1º ano A.
Como explica Daiane, a comunidade é envolvida nas decisões da Escola, ao ajudar
no fortalecimento da organicidade do espaço escolar e na própria organização do
assentamento.





Matemática, geografia e agroecologia


Na mesma perspectiva pedagógica da escola João Santos de Oliveira, em trabalhar
temáticas a partir da realidade vivida cotidianamente pelos alunos, desde 2010,
diversas escolas do ensino infantil e fundamental também constroem uma
experiência educativa a partir do cultivo de hortas escolares.


O projeto “Crianças Construindo a Soberania Alimentar”, em parceria com a
organização italiana Intervita, traz a proposta do aprendizado a partir do
manejo de hortas. A prática contribui no processo educativo de diversas
disciplinas e ainda garante uma alimentação nutritiva e saudável aos educandos.





“Aprendi que agrotóxico é, na verdade, veneno. E que tem gente que usa esse
veneno nas frutas, mas faz mal à saúde e não pode usar”, conta entusiasmada a
Sem Terrinha Maria Jaciara, de 8 anos e aluna da 4ª série na Escola de Ensino
Infantil e Fundamental Raimundo Facó, no assentamento Antônio Conselheiro, no
município de Aracoiaba.


A horta didática levou para a escola muito mais que o aprendizado
agroecológico. Todas as disciplinas tiveram que dar sua contribuição para manter
a horta bonita, viva e cheia de lições.


A organização da horta entrou com o cultivo em formas geométricas, com as
crianças fazendo contas para saber o local exato de plantar. A geografia
construiu uma mandala em formato de rosa dos ventos para ensinar os pontos
cardeais.


“A proposta de construir a horta nas escolas veio da própria dinâmica das
famílias do assentamento, já que as crianças já tinham a horta como referência.
Utilizamos isso no processo de aprendizado para envolver cada vez mais os
educandos nas disciplinas, trazendo-as mais próximas à realidade de todos”,
comenta Tereza Bráz Lopes, presidente da associação do assentamento.





Nem a brava seca dos últimos dois anos foi o suficiente para que o projeto fosse
abandonado. Ao contrário, foi mais um ensinamento em que as crianças adaptaram
os cultivos com as culturas que resistem à falta d’água. Toda produção é voltada
à merenda escolar, que também cultiva sua própria farmácia viva e seu banco de
sementes.


A existência da horta na escola acabou por mudar o hábito alimentar das
crianças. A rejeição com os legumes, por exemplo, deixou de existir. “No início
havia uma resistência muito grande para comer. Começamos passando os legumes no
liquidificador até conquistar o paladar de cada um. Ninguém queria tomar o suco
verde, e a partir das oficinas de educação alimentar e agroecologia, todo mundo
aprovou o que vinha da horta”, conta Islan Queiroz.


Ao som das Latas


Ir ao Assentamento Recreio, no município de Quixeramobim, Sertão Central do
estado do Ceará e não ouvir uma batida de lata é quase impossível. Por lá, a
música já faz parte da rotina dos assentados, que junto à produção, à
organização e à luta, regem o dia a dia de quem vive por ali.


Tudo começou na escola do assentamento, Criança Feliz. Um dos educadores da
escola, Adriano Leonel, cursava Pedagogia da Terra pelo Programa Nacional de
Educação na Reforma Agrária (Pronera), na Universidade Federal do Ceará (UFC), e
uma de suas disciplinas de atividades culturais criou uma banda de lata com os
educandos da turma.





“Como era professor do assentamento, trouxe a experiência para desenvolver com
as crianças aqui da escola. No segundo semestre de 2005 lançamos a proposta de
desenvolver o projeto da banda de lata com as crianças aos sábados, envolvendo a
música e arte dentro do currículo escolar”, conta.


Aos montes, latas e baldes começaram a deixar suas casas para se integrarem nas
produções musicais. “Quadras Populares” foi uma das músicas desse processo, a
partir de uma pesquisa sobre os ditados populares usados no assentamento.
“Começávamos a discutir a escrita dos ditados e até questões mais gerais que
envolviam os ditos populares, como no caso do preconceito que alguns ditos
carregam”.


A partir de elementos das músicas populares e da vida no assentamento, a turma
começou a construir suas próprias letras. “Já tínhamos os instrumentos e as
letras, o próximo passo foi dar ritmo para o que havíamos criado”, lembra
Adriano.




Adriano Leonel, um dos entusiastas da Banda de Lata.

Todo o trabalho de construção das músicas foi feito com a participação dos
próprios educandos, com a utilização de técnicas que Adriano trazia de seu curso
de Pedagogia.


Com a rotina de ensaio na escola, a comunidade começou a ficar de orelha em pé
e pressionavam pela primeira apresentação da turma. A oportunidade surgiu no dia
das crianças, em 2005, numa festa no assentamento.


A história da banda estava apenas começando. Por ironia do destino, o palhaço
que estava fazendo a animação da festa trabalhava numa das rádios da cidade e
falou da banda em seu programa. Uma das pessoas que ouvia a rádio naquele
momento era uma funcionária da Secretaria de Educação do município, que fez o
convite às crianças para que se apresentassem num festival que estavam
promovendo.


Essa apresentação foi a porta para a banda crescer e se espalhar por diversos
municípios do estado, levando a arte e a cultura Sem Terra sob o som das Latas.
“A nossa banda é um grande exemplo dos frutos da educação no campo. Nossos
jovens têm pouca perspectiva de vida no campo frente ao agronegócio, e muitos
acabam migrando para a cidade. A banda foi e é um grande incentivo para a
permanência no assentamento”, destaca Adriano.


Muitas das crianças que iniciaram os primeiros passos da banda, hoje já
adolescentes e jovens, continuam batendo lata e dando continuidade à história.
Além do processo de aprendizagem musical, os integrantes também utilizam seus
espaços de reunião como momentos de debates sobre os mais variados temas,
contribuindo no processo de formação das crianças e adolescentes.


Da sexualidade a grandes nomes da música, tudo é pauta para o bate papo dos
jovens. A banda, que já tem um CD gravado, conta com diversas gerações do
assentamento. Adryany Maciel, de 12 anos, entrou na banda no início de 2014.





“Eu era muito envergonhada, mas com os ensaios acabei me acostumando. Hoje somos
referência não só no assentamento, mas em toda a cidade de Quixeramobim”.


Já Kamila Leonel, de 17 anos, integra a banda desde o começo e topou a
iniciativa logo de primeira. “Foi por ela que eu aprendi muita coisa de arte, de
cultura, e é por tudo que já aprendi que continuo”, disse Kamila, que
atualmente faz graduação em letras.


Desde 2009 a associação do assentamento conseguiu trazer um ponto de cultura.
Com isso, as oficinas e o tele centro ajudam no desenvolvimento e na formação
dos moradores.


“A Banda de Lata cumpre um papel importante no desenvolvimento cultural,
artístico e político dos que ousaram bater na lata e levar o ritmo da Reforma
Agrária pelos quatro cantos”, acredita Adriano.

In
MST
http://www.mst.org.br/2016/01/27/ao-som-das-latas-a-horta-madala-sem-terra-desenvolvem-experiencias-educacionais-no-ce.html
27/1/2016

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Maestras/os en Detroit exponem crisis escolar




By Kris Hamel



Una serie de ausencias por enfermedad durante varios meses por las/os maestros
del sistema de Escuelas Públicas de Detroit (DPS siglas en inglés), culminó el
lunes 11 de enero con el cierre de prácticamente todas las escuelas. Las
ausencias continuaron durante el resto de la semana escolar, mientras que
cientos de maestras/os y simpatizantes marchaban hacia la sede de las Escuelas
Públicas de Detroit y hacia el Capitolio estatal en Lansing-Michigan.

Las acciones de las/os maestros pusieron en claro la crisis que enfrentan
maestras/os, personal y estudiantado en todas las escuelas públicas de la ciudad
y las condiciones deplorables que enfrentan.

Con más de quinientos mil millones de dólares en deuda, el sistema de DPS ha
estado gestionado durante años por un administrador de emergencia nombrado por
el estado, que ha usurpado toda toma de decisiones de la junta escolar electa.
El magisterio, que ha sufrido recortes de salarios y beneficios, está
severamente falto de personal. A menudo hay 50 o más estudiantes por clase, sin
tener suficientes libros de texto y en medio de terribles condiciones.

Las/os maestros y las/os estudiantes en aulas atestadas se apiñan con sus
abrigos a causa de la inadecuada calefacción en edificios dilapidados, cuya
infraestructura está en severo deterioro y que además contienen moho negro y
otras toxinas. No son infrecuentes los hongos en las paredes e infestaciones de
roedores. En los baños, a veces ni plomería hay o está deficiente y no hay papel
higiénico. Los suministros escolares son pocos o inexistentes.

Hasta el alcalde Mike Duggan vio un ratón muerto y condiciones “profundamente
inquietantes”, cuando él hizo una presentación a la prensa durante una visita a
algunas de las escuelas el 12 de enero, el día después de que 64 escuelas fueran
cerradas debido a la ausencia por ‘enfermedad’ de las/os maestros.

Las escuelas de Detroit perdieron 84.000 estudiantes – o dos tercios de la
matrícula del DPS – entre 2005 y 2012. Esto se debió en gran parte a la falta de
empleos y la crisis de ejecución hipotecaria que azotó esta ciudad con mayoría
afroamericana con préstamos hipotecarios fraudulentos de alto riesgo, junto con
la proliferación de las escuelas chárter privadas y la apertura de los distritos
escolares suburbanos para robar a Detroit de sus estudiantes de más alto logro
académico.

El gobernador Rick Snyder, un reaccionario capitalista, nombró a un
administrador de emergencias que llevó la ciudad de Detroit a la bancarrota. El
administrador de emergencias, nombrado en virtud de una ley que garantiza el
pago de servicio de la deuda a los bancos, colocó a las Escuelas Públicas de
Detroit en bonos impagables.

Prioridad No. 1: Pagar a los bancos

Ahora, la principal partida en el presupuesto del DPS es el pago del préstamo y
el servicio de la deuda a los bancos e instituciones financieras. En febrero, el
servicio de la deuda se disparará, con un aumento de hasta 74 por ciento del año
pasado, y con pagos de la deuda que representan la friolera de un 97 por ciento
del costo de la nómina del DPS. Un pago de deudas del 10 por ciento del costo de
la nómina ya se considera alarmante.

Snyder está ahora bajo fuego por ignorar información y no tomar medidas mientras
las/os niños y las/os residentes de Flint-Michigan – ¡el administrador de
emergencia de Flint cuando la crisis comenzó, era el [actual] administrador de
emergencia del DPS! – están siendo envenenadas/os por plomo y otros metales
tóxicos en el sistema de agua de la ciudad.

¿La solución de $715 millones de Snyder a la crisis del DPS? Crear un nuevo
sistema libre de deudas junto al actual, para gestionar las escuelas que pagan
la deuda.

Sin embargo, la cuestión es que las escuelas seguirán siendo dirigidas por una
junta directiva dominada por personas nombradas por Snyder. Las escuelas de
Detroit no volverán al control de una junta elegida hasta el año 2017, y aún
entonces la junta elegida estará excluida de elegir a un superintendente.

Además, la nueva junta escolar no tendrá supervisión de las muchas escuelas
chárter que han proliferado en Detroit, ni de la Autoridad de Logro Educativo
(EAA por siglas en inglés) un distrito especial que administra las “escuelas con
bajo rendimiento”. La EAA ha estado plagada de corrupción y ha fracasado en
proporcionar al menos un mínimo de educación a las/os estudiantes.

Acciones de masas por parte de las/os maestros, después de años de quejas que no
tenían respuesta, finalmente han traído esta crisis a la luz del día.
Maestras/os, madres y padres, estudiantes y miembros de la comunidad,
incluyendo el Consejo Escolar de Detroit en el exilio, continúan luchando contra
el estado por el control de las escuelas de Detroit y el fin de la crisis
financiera y la austeridad que han traído sufrimiento a tantas personas.

In
Workers World
http://www.workers.org/articles/2016/01/26/maestrasos-en-detroit-exponen-crisis-escolar/
January 26, 2016

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Galeria de bandidos do FMI




Galeria de bandidos do FMI: vigaristas, violadores e trapaceiros

por James Petras

O FMI é a principal organização monetária internacional cujo objetivo
público é manter a estabilidade do sistema financeiro global através de
empréstimos relacionados com propostas a promover a recuperação económica
e o crescimento.

Na realidade, o FMI tem estado sob o controlo dos EUA e dos estados da
Europa Ocidental e as suas políticas têm sido concebidas para aumentar a
expansão, o domínio e os lucros das suas principais empresas
multinacionais e instituições financeiras.

Os EUA e os estados europeus praticam uma divisão de poderes: os
diretores executivos do FMI são europeus; os seus homólogos no Banco
Mundial (BM) são norte-americanos.

Os diretores executivos do FMI e do BM funcionam em estreita ligação com
os seus governos e, em especial, com os departamentos do Tesouro, para
decidir prioridades, para decidir quais os países que vão receber
empréstimos, quais as suas condições e quanto.

Os empréstimos e condições estabelecidos pelo FMI são estreitamente
coordenados com o sistema bancário privado. Quando o FMI assina um acordo
com um país devedor, isso é um sinal para que os grandes bancos privados
emprestem, invistam e avancem com uma série de transações financeiras
favoráveis. Pelo acima exposto, pode-se deduzir que o FMI desempenha o
papel de comando geral para o sistema financeiro global.

O FMI abre o caminho para os principais bancos conquistarem os sistemas
financeiros dos estados vulneráveis em todo o mundo.

O FMI assume o fardo de fazer todo o trabalho sujo através da sua
intervenção. Isto inclui a usurpação da soberania, a exigência de
privatizações e a redução das despesas sociais, dos salários e das
pensões, assim como a garantia da prioridade do pagamento da dívida. O FMI
atua como uma 'cortina' dos grandes bancos, desviando a crítica política e
o desassossego social.

Diretores executivos como capangas

Que espécie de pessoas têm os bancos como diretores executivos do FMI? A
quem confiam a tarefa de violar os direitos de soberania dum país, de
empobrecer o seu povo e de corroer as suas instituições democráticas?

A lista inclui um vigarista financeiro condenado; a atual diretora, que
está a ser julgada por acusações de má utilização de fundos públicos,
enquanto ministra das Finanças; um violador; um defensor da diplomacia da
canhoneira e o promotor do maior colapso financeiro na história de um
país.

Diretores executivos do FMI em tribunal

A atual diretora executiva do FMI (julho 2011-2015), Christine Lagarde,
está a ser julgada em França, por negligência quanto a um pagamento de
400 milhões de dólares ao magnata Bernard Tapie, quando era ministra das
Finanças no governo do presidente Sarkozy.

O anterior diretor executivo (novembro 2007-maio 2011), Dominique
Strauss-Kahn, foi forçado a demitir-se depois de ser acusado de violar uma
empregada de quartos num hotel de Nova Iorque e foi posteriormente preso e
julgado por proxenetismo na cidade de Lille, em França.

O seu antecessor, Rodrigo Rato (junho 2004-outubro 2007), era um
banqueiro espanhol que foi preso e acusado de evasão fiscal, escondendo
?27 milhões de euros em 70 bancos ultramarinos e defraudando milhares de
pequenos investidores a quem convenceu a pôr dinheiro num banco espanhol,
o Bankia, que foi à falência.

O seu antecessor, alemão, Horst Kohler, demitiu-se depois de ter afirmado
uma verdade inadmissível – nomeadamente, que a intervenção militar
ultramarina era necessária para defender os interesses económicos alemães,
como vias de comércio livre. Uma coisa é o FMI agir como instrumento dos
interesses imperialistas, outra coisa é um executivo do FMI falar sobre
isso publicamente!

Michel Camdessus (janeiro 1987-fevereiro 2000) foi o autor do "Consenso
de Washington", a doutrina subjacente à contra-revolução neoliberal
global. O seu mandato assistiu ao apoio e financiamento de alguns dos
piores ditadores da época, incluindo as suas fotos com o general Suharto,
o homem forte e o assassino de massas da Indonésia.

Com Camdessus, o FMI colaborou com o presidente da Argentina, Carlos
Menem, na liberalização da economia, na desregulamentação dos mercados
financeiros e na privatização de mais de mil empresas. As crises, que se
seguiram, levaram à pior depressão da história da Argentina, com mais de
20 mil falências, 25% de desemprego e taxas de pobreza acima dos 50% em
bairros da classe trabalhadora… Camdessus, posteriormente, lamentou os
seus "erros políticos" em relação ao colapso da Argentina. Nunca foi
preso ou acusado de crimes contra a humanidade.

Conclusão

O comportamento criminoso dos executivos do FMI não é uma anomalia nem
obstáculo para a sua seleção. Pelo contrário, foram escolhidos porque
refletem os valores, os interesses e o comportamento da elite financeira
global: vigarices, evasão fiscal, suborno, transferências em grande escala
de riqueza pública para contas privadas, são a norma para a instituição
financeira. Estas qualidades adequam-se à necessidade que os banqueiros
têm de confiar nos seus homólogos "sósias" no FMI.

A elite financeira internacional precisa de executivos no FMI que não
hesitem em usar padrões duplos e que passem por alto as grosseiras
violações dos procedimentos usuais. Por exemplo, a atual diretora
executiva, Christine Lagarde, empresta 30 mil milhões de dólares ao
regime fantoche na Ucrânia, apesar de a imprensa financeira descrever com
grande pormenor como os oligarcas corruptos roubaram milhares de milhões,
com a cumplicidade da classe política ( Financial Times, 12/21/15, pg.
7). A mesma Lagarde muda de regras quanto ao reembolso da dívida [NR] ,
permitindo que a Ucrânia não cumpra o pagamento da sua dívida soberana à
Rússia. A mesma Lagarde insiste que o governo grego de centro-direita
reduza ainda mais as pensões na Grécia, abaixo do nível de pobreza,
levando a que o regime acomodatício de Alexis Tsipras apele ao FMI para se
manter fora do resgate ( Financial Times, 12/21/15, pg.1).

Evidentemente, o corte selvagem dos padrões de vida, que os executivos do
FMI decretam por toda a parte, não deixa de estar ligado à sua história
pessoal criminosa. Violadores, vigaristas, militaristas, são as pessoas
certas para dirigirem uma instituição que empobrece 99% e enriquece 1% dos
super-ricos.

[NR] Ver O colapso da ordem financeira global começa dia 21

O original encontra-se em petras.lahaine.org/?p=2069 . Tradução de
Margarida Ferreira.


In
RESISTIR.INFO
http://resistir.info/petras/petras_25dez15_p.html
27/1/2016

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

EXACERBACIÓN DEL CONFLICTO SIRIO LLEVA AL LÍMITE MÁXIMO USO DE ARMAMENTO CONVENCIONAL

EXACERBACIÓN DEL CONFLICTO SIRIO LLEVA AL LÍMITE MÁXIMO USO DE
ARMAMENTO CONVENCIONAL Y EXIGE ACUERDOS MINIMOS EN GINEBRA

POR: ENRIQUE MUÑOZ GAMARRA (*)


En realidad el mundo está en vilo a la espera
de la concreción definitiva del gran recambio
geopolítico mundial, hoy estancada a
consecuencia de la tenaz oposición (sabotaje)
del grupo de poder de Washington que no
acepta el nuevo ordenamiento internacional
(sistema multipolar), ahora fuertemente
presionado por el límite al que finalmente se ha
llegado en el uso del armamento convencional
en el conflicto ruso-estadounidense tras su
exacerbación desde el 30 de septiembre de 2015. Y más aún tras la ratificación de la RPDC (06 de
enero de 2016) como una gran potencia nuclear con inmenso valor geoestratégico mundial.

No olvidemos que la pugna por el control energético (petróleo y gas) y la necesidad de superar la
gran crisis económica iniciada en 2008, incluso consumando el mayor genocidio contra la
humanidad, es la cuestión de fondo estratégica por la que se agitan las principales potencias
imperialistas del momento.

En este sentido la orientación casi con desesperación de Estados Unidos por el acuerdo nuclear
iraní, jugándose el todo por el todo, incluso, arriesgando la seguridad y estabilidad de Arabia Saudita
(su máxima joya estratégica por la energía mundial), estuvo orientada en este propósito, es decir,
adelantarse a sus demás competidores (Rusia y China), pero, sobre todo, apuntalando contra Rusia
(con el que sostiene una fuerte pugna), a fin de hundir su economía, obligarlo a competir con Irán,
quebrar su alianza y arrojarlo de Siria.

Algunos analistas sostienen que el acuerdo nuclear iraní habría sido porque Estados Unidos ya
quería zanjar sus diferencias con irán y ya no soportaba más los “logros de su soberanía” (o tal vez
del Estrecho de Ormuz), sin observar, más allá, el fondo del conflicto geopolítico mundial actual
sobre todo el nexo de los poderes mundiales con los capitales del sector energético agolpados ahora
como aves de rapiña sobre Oriente Medio.

Pero el análisis internacional de los últimos tiempos ha sido muy claro que advirtió que se está a la
espera de la concreción definitiva del gran reacomodo del poder mundial (recambio geopolítico
mundial) bajo impresionante presión de la gran crisis económica mundial y la bancarrota de las
economías capitalistas occidentales, todo a exigencia de los grandes cambios ocurridos en el
planeta desde el año 2008, los mismos que en la actualidad están reflejándose, en primer lugar, en
Oriente Medio por ser la región más estratégica del planeta por el asunto energético (petróleo y gas)
que es absolutamente crucial en estos momentos para Estados Unidos y cualquier imperialismo y,
que en estos últimos meses ha venido sacudiendo y tomando en vilo el mundo en medio de una
cruenta carrera armamentística.

Sin olvidar que lo central de estos grandes cambios está referida, en primer lugar, al ascenso de
China como primera potencia económica mundial (primer país capitalista) en medio de la bancarrota
de la economía estadounidense.

Por supuesto la concreción definitiva del gran recambio geopolítico mundial es muy complicada y al
parecer va demandar un tiempo algo prolongado. La gran crisis económica a la vez que lo empuja
también la frena. En este caso la empuja, al conducir a la bancarrota la economía estadounidense. Y
la frena, arrastrando también a la crisis la economía china. No olvidemos el estancamiento


económico al que está próximo este país (China) como consecuencia de ser parte del sistema
imperialista actual, la desaceleración y el estancamiento de la economía mundial.

Esto solo puede ser explicado por el carácter evolucionista de este proceso que a medida que
avanza se torna cada vez más lenta y dificultosa y, convierte la actual coyuntura en prolongada y
sangrienta, lo que demuestra el agotamiento del sistema de producción capitalista del que ya no es
posible esperar ninguna revolución industrial.

Veamos esto:

1.- Oriente Medio sigue siendo la mayor zona geoestratégica para la
sobrevivencia del sistema imperialista por el asunto energético, es decir, por el
petróleo y el gas:

En principio, se sabe de sobra que la esencia de
cualquier conflicto militar es la cuestión económica.
En Oriente Medio, precisamente, está el reservorio
más grande de petróleo del mundo. Hasta allí van,
de una u otra forma, todas las economías del mundo
a abastecerse de energía para hacer funcionar sus
industrias. Es la región más importante de energía
del planeta.

Entonces el petróleo es la energía fundamental para
la sobrevivencia del sistema de producción
capitalista. A ninguna burguesía financiera le
interesa una alternativa al petróleo. El control del
petróleo ocasiona grandes pugnas y prácticamente
incendia las contradicciones. Quien lo controla
posee un arma muy poderosa. No olvidemos que el
sistema dólar tiene injerencia sobre las cuatro principales bolsas petroleras del mundo: la bolsa
Mercantil de Nueva York (NYMEX), bolsa Internacional del Petróleo de Londres (IPE), bolsa de
petróleo de Japón y bolsa de petróleo de Singapur. Y, por encima de todo, tiene tres marcas (West
Texas Intermediate, Brent de Noruega y el Crudo de Dubai) para manipular el precio del crudo.

Sobre la importancia del Estrecho de Ormuz aquí un apunte: “Dado que los 17 millones de barriles
de petróleo al día, o 35% de las exportaciones de petróleo por vía marítima en el mundo pasan por
el Estrecho de Ormuz, incidentes en el Estrecho sería fatal para la economía mundial” (1).

Históricamente esta región ha sido el centro de grandes disputas por el control del petróleo. Los
pueblos árabes han soportado dolorosas guerras petroleras desde inicios del siglo pasado.

Pero es tan importante esta región que aquí también está ubicada el depósito más grande de armas
del mundo: Israel. De igual modo aquí está estacionada la flota naval más importante de los Estados
Unidos: V flota (que entró en operaciones el 26 de abril de 1944 y con sede en Manama, Bahrein). Y,
aquí se desarrolla la mayor ofensiva militar de los últimos tiempos por el ejército estadounidense
bajo egida de sus secciones paramilitares.

2.- La gran crisis económica es muy fuerte que ha conducido a la bancarrota la
economía estadounidense, enterrando además su hegemonía mundial.

En general la economía del sistema imperialista occidental está en bancarrota. En principio el
consumo está deteriorado. Las ventas minoristas están en bajada. ¿Cuánta población de esta región
está desocupada? Hay que atreverse a ver la gran crisis económica desde estadísticas reales. Así
por ejemplo, en los Países Bajos (Holanda) estas ventas habían caído en abril de 2012 en un 11%
anual. El número de casas vacías en Europa superaba al de las personas sin techo. En Alemania,


alrededor del 50% de los hogares no pagan impuestos sobre la renta porque ganan demasiado poco
para hacerlo. Y el desempleo seguía siendo muy elevado. Según la oficina europea de estadísticas
Eurostat, Grecia y España volvían a ser los países con mayores niveles de desocupación, el primero
con el 27,6 por ciento y el segundo con 26,6 por ciento. Mientras Chipre y Croacia superaban el 17
por ciento. El desempleo juvenil en Europa era muy grave: en los países bálticos sobrepasaba
fácilmente el 50 %. En España y Grecia esto era gravísimo. En Francia era 40 % en 2011. Pero en
general, más de 124,5 millones de personas en la UE están atrapadas en la pobreza, un 24,8% de la
población.

¿Y en Estados Unidos?

Ante todo soporta la mayor caída del consumo de su historia. Ya no es el motor de la economía
mundial, sino, su lastre. Bien se sabe que ahora su sector servicios es muy elevado: 79 %. En
Europa, el 66% de la población trabajadora lo hacía en el sector servicios, ¿Y sus industrias? Hace
tiempo Detroit y Silicón Valley están en quiebra. Hasta los mercados de portacontenedores estaban
completamente distorsionados, pues, en noviembre de 2012 había en los principales puertos del
mundo 300 grandes portacontenedores inactivos. Sus bancos habían dado excesivos créditos a
compañías de transporte que encargaron la construcción de demasiados barcos.

En concreto la siguiente cronología explica mejor la bancarrota estadounidense:

2010- 2011, estancamiento económico. Todo Europa crece al 0.5 %. Estados Unidos 0.3%.

2012 (julio), Estados Unidos fue desplazado por China en Europa de su condición de primer socio
comercial.

2012, Estados Unidos fue superado por China como nación comercial más importante del mundo.

2014 (mayo), Según el FMI la economía china es la mayor economía capitalista del mundo. Ha
superado a Estados Unidos en Paridad de Poder Adquisitivo. China representa el 16,479% del PIB
mundial medido en Paridad de Poder Adquisitivo, frente al 16,277% de Estados Unidos, según se
desprende de las últimas estadísticas de la organización.

En concreto Estados Unidos está sacudido por huracanes de conflictos y los grandes cambios están
sepultando su hegemonía mundial.

3.- Ante esto la respuesta
desesperada de Estados Unidos ha
sido el acuerdo nuclear iraní (julio de
2015) obligado por las circunstancias
anteriores.

En efecto la firma de aquel acuerdo fue en
forma desesperada abrumada por su
bancarrota económica, sus fracasos militares
(03 de septiembre de 2013 y 05 de marzo de
2014) y la perdida de la hegemonía mundial que ahora la comparte con Rusia y China (sistema
multipolar), jugándose el todo por el todo, incluso afectando a su gran joya estratégica y del conjunto
del sistema imperialista (Arabia Saudita) buscando salir airoso de la gran crisis económica tratando
de sepultar a sus más inmediatos competidores (China y Rusia) y mantener a toda costa la
hegemonía mundial, pero, sobre todo, apuntalando con portentosas fuerzas contra Rusia con el que
mantiene un duro conflicto a fin de hundir su economía, obligarlo a competir con Irán, quebrar su
alianza y arrojarlo de Siria. Una estrategia que ha sido quebrada por la intervención directa de Rusia
desde el 30 de septiembre de 2015.

Entonces, el impulso del acuerdo iraní por parte de Estados Unidos no ha sido porque este país ya
quería zanjar sus diferencias con Irán o ´porque ya no soportaba más la invulnerabilidad de su


soberanía (o tal vez del Estrecho de Ormuz), como sostiene la vulgaridad de la prensa occidental y
bajo bombo de algunas prensas medio progresistas (Rebelión), sino, porque entendía a cabalidad la
importancia geoestratégica de Oriente Medio en la actual coyuntura, sobre todo, de vida o muerte
para la supervivencia del conjunto del sistema imperialista cuyas burguesías financieras, de hecho,
están en contra de toda alternativa al petróleo por estar atados como aves de rapiña a este sector y,
por haber entendido el nexo de los poderes mundiales con los capitales del sector energético hoy
agolpados sobre Oriente Medio.

A pesar de todo esto, aquí algunos hechos que como consecuencia del principio Causa-Efecto
atentan contra Arabia Saudita:

Primero: “El levantamiento de las sanciones contra Irán, recientemente anunciado por el Organismo
Internacional de Energía Atómica (OIEA) y confirmado por el secretario de Estado norteamericano,
John Kerry, significa el inicio del retorno del país persa a la economía global, publica el portal Slon.
Según este acuerdo histórico, Irán obtiene acceso a sus activos congelados y al sistema de pagos
internacional SWIFT. Además, Teherán ha conseguido el derecho de vender crudo a los países
europeos” (2).

Segundo: “Según la Administración de información sobre la Energía de Estados Unidos (USEIA, por
sus siglas en inglés), la producción iraní podría alcanzar los 600.000 barriles diarios en 2016 y aún
más en los años siguientes. (3).

Y sobre todo el siguiente: “El analista (la consultora británica Energy Aspects en un informe remitido
a Sputnik Novósti) observa que Teherán ya ha iniciado conversaciones con refinerías de India y
China y anticipa que el "Mediterráneo se convertirá probablemente en el nuevo campo de batalla"
entre Irán y Arabia Saudí en la captación de clientes” (4).

4.- La contra respuesta rusa ha venido
desde el 30 de septiembre de 2015
llevando al teatro de operaciones las
mejores armas convencionales cuyo uso
ahora ha alcanzado su máximo limite.

Veamos esto:

A.- El impacto de los misiles de crucero de
largo alcance rusos en Siria, SSN-30A Kalibr, es
muy importante (mayor información, más abajo).

B.- Por otra parte en noviembre de 2015 Rusia
habría ensayado en Siria su misil de crucero Kh-101.

Se trata de un misil que tiene un alcance de más de 5.000 kilómetros, el doble del misil Kalibr. Según
se dice esto habría ocurrido durante los ataques aéreos contra los paramilitaristas (Estado Islámico)
en Siria por las fuerzas rusas. Esa fue la información que dio el analista militar Konstantín Sivkov.

Veamos el apunte:

"Creo que así fue, por un lado es un acto de intimidación contra el Estado Islámico y por otro lado es
un ensayo del armamento nuevo", dijo este miércoles Sivkov, quien preside la Academia de
Problemas Geopolíticos con sede en Moscú. En su opinión, el misil Kh-101 pudo ser disparado
desde el territorio ruso porque tiene un alcance de más de 5.000 kilómetros, el doble del misil Kalibr,
lanzado desde el mar Caspio. Al mismo tiempo, señaló que hoy no existen lanzaderas terrestres
para el Kh-101” (5).

C.- Los misiles antiaéreos S-400 en la base aérea rusa de Jmeimim (en la frontera norte con
Turquía) que deja obsoleta al caza más moderno de Estados Unidos (F-35):


Fue en respuesta al derribo del bombardero ruso Su-24 por la fuerza aérea de Turquía (Cazas F-16)
el 24 de noviembre de 2015 en el espacio aéreo sirio.

Sobre la efectividad de este aparato muy superior a los modernos cazas estadounidenses F-35, se
dice cambiará las reglas del jugo, ya que desafía la capacidad militar actual en el nivel operacional
de la guerra.

Es un aparato de gran valor defensivo y ofensivo de la seguridad de Rusia, incluso protegido de sus
propios aliados cercanos. En noviembre de 2014 Moscú y Pekín firmaron un acuerdo por valor de
3.000 millones de dólares, para el suministro de seis sistemas S-400, que aumentarán
exponencialmente la capacidad china de defensa contra EE UU y sus aliados en el Pacífico
occidental.

El apunte es el siguiente:

“La venta del S-400 es la consecuencia del fin de los suministros de cazabombarderos Su-35 a
China, que tuvo lugar el año pasado. Las negociaciones, que llevaban años en suspenso porque el
lado ruso quería proteger su propiedad intelectual, recibieron otra vez la luz verde tras las sanciones
occidentales. Los rusos estaban preocupados porque pensaban que China compraría unas cuantas
muestras, las desmantelaría y después cancelaría el contrato, cuando decidiese que podía calcar
versiones locales mediante ingeniería inversa. El J-15 chino, por ejemplo, es una copia del Sujói-33
ruso. Sin embargo, la complejidad del S-300 y de los motores aéreos rusos ha demostrado ser el
hueso más duro de roer para la industria china de la copia. Además, en 2008 y 2012, Rusia obligó a
China a firmar fuertes acuerdos para la protección de la propiedad intelectual” (6).

D.- También los Helicópteros modernos de ataque, KA-52.

Rusia decidió suministrar varias decenas de helicópteros KA-52 Kamov (Cocodrilo) a Siria y serán
enviados a la base de Hamaiman. Se sabe que con anterioridad Rusia ha desplegado ya
helicopteros rusos Mi-24 y Mi-28 en Siria.

Los KA-52 son helicópteros que hicieron su primer vuelo en 1997. Prácticamente son helicópteros
de última generación. Se dice que puede actuar en cualquier tiempo atmosférico y con diversos
misiles de combate. Su principal característica es su rotor coaxial.

Un apunte:

“Aunque el papel de los helicópteros rusos en Siria es menos citado en los medios que el de los
aviones, su papel es igualmente muy relevante en el apoyo directo a las tropas. Los helicópteros han
dado muerte a cientos de terroristas en Siria y aniquilado sus concentraciones y fortificaciones. Los
helicópteros rusos no sólo están desplegados en la base de Hamaiman. Según fuentes israelíes, de
4 a 6 helicópteros de ataque Mi-24 han sido desplegados en la base aérea Tiyas-T4. Esta base está
situada en el centro de Siria, a 50 kms al este de Homs y a 60 al oeste de Palmira. La base es el
lugar donde están desplegadas las escuadrillas 5 y 827 de la Fuerza Aérea siria, equipadas con
unos 22 aviones de combate (cazas MIG-25PDS, reconocimiento MIG-25RBT y los bombarderos
tácticos Su-22M-4)” (7).

E.- Y los drones rusos que compiten con eficacia con los drones estadounidenses:

En realidad el conflicto sirio es muy encarnizado. Allí operan desde el comienzo de la agresión
estadounidense los drones de este país.

Rusia, por supuesto, no se ha quedado atrás. CNN dijo lo siguiente el 17 de octubre de 2015: “Se
estima que Rusia podría tener cientos de drones, muchos de ellos tan pequeños como el que
aparece en la imagen, usado durante un simulacro, en marzo de 2015”. En Siria deben estar desde
un comienzo sobre todo en actividades de inteligencia y recopilación de datos. Por ejemplo el 21 de
octubre de 2015 se tuvo noticias que el Estado Islámico (paramilitares del ejército estadounidense)
trataban de derribar drones de Rusia e Irán (ver este enlace:
https://www.youtube.com/watch?v=XmXYa5kBbTk).


El apunte:

"Por primera vez el ejército utilizó hoy (24 de septiembre de 2015) drones recibidos de Moscú en
operaciones contra extremistas en el norte y este del país", indicó una fuente de seguridad de
Damasco, sin dar más precisiones sobre el tipo de drones utilizados ni sobre las regiones donde
tienen lugar las operaciones” (8).

5.- Esto ha conducido a la clarificación de los nuevos posicionamientos
geoestratégicos que estaban en proceso:

Cierto, estos son posicionamientos geoestratégicos que empiezan a concretarse en el mundo tras
los grandes cambios habidos en ella desde el año 2008.

A.- Misiles de crucero de largo alcance rusos en Siria SSN-30A Kalibr, conducen a la inutilidad
del sistema antimisil de Estados Unidos en territorio europeo:

Ante todo debemos saber que la OTAN ha incrementado significativamente su presencia militar a lo
largo de las fronteras rusas, en particular en los países bálticos y en Europa del Este. Contingentes
aéreos, navales y terrestres de la Alianza ya están anclados de forma permanente en los países de
Europa del Este

Por otra parte los avances en la industria armamentística en Rusia han sido muy fuertes. Aún más
dinámicas al impulso de la carrera armamentista en que están incursos últimamente los principales
países imperialistas.

En cuanto a los misiles de crucero de largo alcance los Estados Unidos estaban en la idea de que
sus misiles Tomahawk (BGM-109) diseñado por la General Dynamics en los años 1970 como un
misil de largo alcance para volar a baja altura y a una velocidad subsónica que ahora es fabricado
por Raytheon, seguían en la primacía.

Pero grande fue su sorpresa cuando el 07 de octubre de 2015 sus teletipos informáticos le
mostraron el lanzamiento de 26 misiles de crucero SSN-30A Kalibr, contra objetivos del grupo
paramilitar Estado Islámico en Siria desde una flotilla de navíos estacionados en el Caspio y,
sobrevolando nada menos que 1.500 kms, atravesaron Irán e Irak hasta llegar a Siria a una
velocidad superior a la de los drones de Estados Unidos y a sólo cien metros de altitud.

Se dice que con esto: “Los elementos del escudo antimisiles norteamericano desplegado en Europa
del Este se han revelado así inútiles, señala Escobar, que añade, citando a responsables
estadounidenses, que los misiles Kalibr han “cambiado las reglas de juego”. (9).

B.- Lanzamiento de misiles de la era soviética, TochkaMisiles, cambian el desarrollo de la
guerra en Yemen:

Vayamos de frente al apunte:

“Los misiles balísticos que lanzan las tropas yemeníes contra las posiciones de la coalición
encabezada por Arabia Saudí han cambiado el desarrollo de la guerra en Yemen, dijo a RIA Novosti
el portavoz de estas tropas que apoyan al movimiento rebelde Ansar Alá, el general de brigada
Sharaf Luqman: "Estamos usando el sistema soviético Tochka de alta precisión y los Skad
modernizados (también de fabricación soviética), que nos permitieron lograr resultados estupendos
en territorio de Arabia Saudí y cambiar el desarrollo de la guerra", afirmó” (10).

C.- La prueba con éxito de una bomba de hidrógeno por la RPDC el 06 de enero de 2016 es
histórica que consolida su condición de potencia nuclear, además, con esto fortifica
totalmente el continente asiático (un blindaje total contra las provocaciones estadounidense
en esta región) desde la península coreana hasta el mar báltico.

El apunte es el siguiente:

“La emisora de radio y la televisión central norcoreana han difundido un comunicado oficial de
Pionyang sobre la realización con éxito de una prueba nuclear en un polígono militar del norte del


país. Se trata de la cuarta prueba de armas nucleares en la historia de Corea y la primera de una
bomba de hidrógeno, cuya existencia fue anunciada por las autoridades del país a finales del año
pasado. Pionyang probó cargas nucleares en los años 2006, 2009 y 2013.” (11).

D.- Además, los siguientes hechos son muy importantes:

Primero, Estados Unidos trata de fortificarse en el pacifico. La agencia surcoreana, Yonhap, ha
informado el 19 de enero de 2016 que Estados Unidos estaba desplegando en esta cuenca (del
pacifico) su segundo portaaviones nuclear, el USS John C. Stennis (CVN-74). (12).

Segundo, al parecer en respuesta a la anterior Rusia ha empezado a reforzar su Armada en el
Pacífico para superar, según se dice, a la de Japón. La Flota del Pacífico rusa recibirá seis nuevos
submarinos de ataque 'silenciosos' clase Varshavianka para superar a la agrupación subacuática
japonesa (13).

Tercero, Rusia también responde a los nuevos posicionamientos de la OTAN con el despliegue de
nuevas armas en el mar Negro. La iniciativa de crear una flota de la OTAN en el mar Negro,
propuesta por el Gobierno de Rumanía, obliga a Moscú a reaccionar urgentemente para garantizar
el equilibrio bélico en la región (14).

Y cuarto, la visita de Estado del presidente chino, Xi Jiping, del 19 al 23 de enero a Oriente Medio
que incluye a Arabia Saudita, Egipto e Irán se realiza en un momento adecuado: “Es un momento
adecuado para que el presidente Xi Jinping visite Arabia Saudita, Egipto e Irán, los tres países más
importantes de Medio Oriente",considera Li Shaoxian, director del Instituto de Investigación de Árabe
de la Universidad de Ningxia de China” (15).

6.- Y, ante estos hechos, se corre el
riesgo de que Estados Unidos empiece
sus operaciones militares utilizando las
llamadas mini bombas MINI NUKES (para
Estados Unidos armas convencionales,
no estratégicas):

Hemos dicho en notas anteriores que el mundo en
realidad marcha a la guerra. Lo del equilibrio de
fuerzas es una situación transitoria enmarcada en
el sistema multipolar en que está envuelto en este
momento el sistema internacional. No sabemos cuánto tiempo va durar esto. La carrera
armamentística está en pleno proceso. Este es un catalizador muy fuerte que puede cambiar la
situación mundial en cualquier momento.

En este sentido se ubica las amenazas del pentágono en usar bombas tácticas. El apunte de abajo
está referido a una reunión secreta de altos ejecutivos de la industria militar nuclear efectuada el 06
de agosto de 2003 en la Base de la Fuerza Aérea Offutt en Nebraska que sentó las bases para el
desarrollo y uso de una nueva generación más pequeña de armas nucleares. Esto ahora, en esta
coyuntura, cobra absoluta actualidad que debe tomarse en cuenta.

Asimismo debe anotarse que estos explosivos tienen una capacidad destructiva, más o menos, del
tercio de la bomba atómica lanzada en Hiroshima y listos para ser utilizados en cualquier operación
militar como si fueran armas convencionales. Los mismos que habrían sido utilizados en Afganitas y
últimamente en Yemen como hemos informado en anteriores oportunidades.

El apunte es el siguiente:

“El 6 de agosto de 2003, en el Día de Hiroshima, en conmemoración de cuando la primera bomba
atómica fue lanzada sobre Hiroshima (6 de agosto 1945), se celebró una reunión secreta a puerta
cerrada en la Sede de mando estratégico en la Base de la Fuerza Aérea Offutt en Nebraska. Altos


ejecutivos de la industria nuclear y el complejo militar industrial estuvieron presentes. Esta mezcla de
los contratistas de defensa, los científicos y los responsables políticos no pretendía conmemorar
Hiroshima. La reunión tenía por objeto sentar las bases para el desarrollo de una nueva generación
de, y las armas nucleares "más pequeñas" "más seguros", "más utilizables", para ser utilizado en las
"guerras nucleares en el teatro de operaciones" del siglo 21. En una cruel ironía, los participantes en
esta reunión secreta, que excluía los miembros del Congreso, llegaron en el aniversario del
bombardeo de Hiroshima (6 de agosto) y se marcharon en el aniversario del ataque a Nagasaki (9
de agosto). (Michel Chossudovsky, Hacia un escenario de Tercera Guerra Mundial, los peligros de la
guerra nuclear, Global Research, Montreal, 2012)” (16).

Ante esto Rusia ha vuelto a ratificar a principios de enero de 2016 el uso de armamento nuclear en
caso de amenaza. En efecto el presidente, Vladimir Putin, en una entrevista al periódico alemán
‘Bild’ a inicios de enero de 2016 ha dicho: “Por supuesto, todos entendemos que Rusia, una vez
amenazada, defenderá los intereses de su seguridad con todos sus medios, en caso de que se
produzcan esas amenazas”.

EPILOGO: Las cumbres internacionales en espera (Tormenta en las alturas):

Como hemos sostenido más arriba Estados Unidos y Rusia (principales contrincantes) urgen en
estos momentos de acuerdos mínimos en Siria y en el Sudeste de Ucrania para evitar conflictos
mayores. Esto es muy urgente.

En este sentido es muy importante las negociaciones que a este respecto están previstas en
Ginebra-Suiza (se dice la III cumbre de Ginebra) el 25 de enero de este año (2016).

Como se recordará la primera conferencia internacional de Ginebra (Ginebra I) se realizó en junio de
2012. La segunda (Ginebra II) en enero de 2014.

Por otra parte en estos últimos días ha estado circulando con bastante insistencia algunas denuncias
sobre vicios que estarían cometiéndose en la organización de esta Cumbre como consecuencia de
la prepotencia del gobierno estadounidense, por ejemplo, en los participantes de dicha cumbre en
los que Estados Unidos, Arabia Saudí, Qatar, Turquía, Reino Unido y Francia se creen los únicos
que deciden quienes participan en ella escondiendo toda información al gobierno de Siria, incluso se
ha denunciado que estarían cursando invitaciones a paramilitares que han cometido crímenes de
guerra por lo que las autoridades sirias han advertido que no negociaran con grupos de criminales.

Finalmente aquí una relación de algunas cumbres mundiales previstas para 2016:

Cumbre DAVOS o también la 46.ª edición del Foro Económico Mundial que se efectuó el 20 de
enero en La ciudad suiza de Davos.

Reunión de ministros europeos de Defensa de la OTAN que tendrá lugar en Bruselas el próximo 10
y 11 de febrero.

Cumbre de Seguridad Nuclear en Washington, DC, del 31 de marzo al 1 de abril.

Cumbre del G7 en Shima, Japón, del 26 y 27 de mayo.

Cumbre de la OTAN en Varsovia, Polonia, entre el 8 y 9 de julio.

Cumbre del G20 en Hangzhou, China, 4 y 5 de septiembre.

NOTAS:

1.- "El día después" ... .La implementación del acuerdo nuclear de Irán. Los EE.UU. nunca ha
buscado la paz”. Autor: Soraya Sepahpour-Ulrich. Nota publicada el 18 de enero de 2016 en: Global
Research.

2.- “¿Qué significa el levantamiento de las sanciones contra Irán?”. Nota publicada el 18 de enero de
2016, en: Rusia Today.

3.- “Algo que puede cambiar el mundo. Tiembla el negocio del petróleo”. Autor: Michael T. Klare.
Nota publicada el 18 de enero de 2016 en: Rebelión.


4.- “Irán tendrá problemas técnicos y comerciales en la producción y venta de crudo”. Nota publicada
el 19 de enero de 2016 en: Sputnik.

5.- “Rusia habría ensayado en Siria su misil de crucero Kh-101”. Nota publicada el 18 de noviembre
de 2015, en: Sputnik

6.- “El S-400 deja obsoleto al caza más moderno de EEUU”. Nota publicada el 03 de diciembre de
2015, en: es.rbth.com

7.- “Rusia envía a su más moderno helicóptero de ataque, el KA-52, a Siria”. Nota publicada el 18 de
enero de 2016 en: Al Manar.

8.- “El ejército sirio utilizó por primera vez drones rusos”. Nota publicada el 24 de septiembre de
2015, en: http://www.infobae.com/2015/09/24/1757606-el-ejercito-sirio-utilizo-primera-vez-drones-
rusos

9.- “Misiles rusos en Siria muestran inutilidad del sistema antimisil de EEUU (+ Vídeos)”. Nota
publicada el 26 de octubre de 2015, en: Al Manar.

10.- “Lanzamiento de un misil TochkaMisiles soviéticos cambian el desarrollo de la guerra en
Yemen”. Nota publicada el 19 de enero de 2016 en: Sputnik.

11.- “Corea del Norte ha probado con éxito una bomba de hidrógeno”. Nota publicada el 06 de enero
de 2016, en: Rusia Today.

12.- “Más fuerte en el Pacífico: EE.UU. despliega otro portaaviones en la región”. Nota publicada el
19 de enero de 2016, en: Rusia Today.

13.- “Rusia refuerza su Armada en el Pacífico para superar a la de Japón”. Nota publicada el 19 de
enero de 2016, en: Rusia Today.

14.- “Rusia responde a la OTAN con el despliegue de nuevas armas en el mar Negro”. Nota
publicada el 19 de enero de 2016 en: El economista.net-

15.- “La visita del presidente Xi a Medio Oriente se realiza en un momento adecuado”. Nota
publicada el 19 de enero de 2016, en: pueblo en línea.

16.- “Sin peligro de una guerra nuclear? El plan del Pentágono para volar el planeta”. Autor: Michel
Chossudovsky: Nota publicada el 11 de enero de 2016, en: Global Research.

(*) ENRIQUE MUÑOZ GAMARRA:

Sociólogo peruano, especialista en geopolítica y análisis internacional. Autor del libro: “Coyuntura Histórica.
Estructura Multipolar y Ascenso del Fascismo en Estados Unidos”. Su Página web es:
www.enriquemunozgamarra.org

In
Gamarra, H. M.

www.enriquemunozgamarra.org

24/1/2016

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Balanço da questão agrária no Brasil em 2015



Comissão Pastoral da Terra


Confira o balanço do ano de 2015 sobre a Questão Agrária brasileira, elaborado
pela Comissão Pastoral da Terra – Regional Nordeste II.



O ano de 2015 foi marcado pelo desmonte de órgãos do Governo e por cortes de
recursos públicos para a Reforma Agrária e demarcação de territórios quilombolas
e indígenas. A aliança do Estado brasileiro com o agronegócio se intensificou,
atingindo diretamente o conjunto dos povos do campo. A violência contra as
comunidades camponesas e povos indígenas foi praticada não só pela lógica do
capitalismo, como também pelo Estado brasileiro.

O número de assassinatos no campo cresceu. A destruição das florestas aumentou.
O uso de veneno, que chega a nossas mesas, foi ampliado. Os recursos para o
Programa de Construção de Cisternas e outras tecnologias sociais sofreram cortes
e no campo persistiu o trabalho escravo. A natureza foi, cada vez mais, o filão
das empresas capitalistas. Com isso, seguiu intensamente a apropriação das
águas, das terras, do sol e do ar. A natureza foi e está sendo privatizada.
Neste cenário, fica mais clara a lógica do capitalismo e do Estado brasileiro.

Do outro lado, a memória dos povos do campo e a crescente violência o fizeram
permanecer em luta. Foram inúmeras ocupações e retomadas de terra, marchas,
jornadas e protestos que alimentaram a rebeldia necessária para manter a
esperança na construção da Terra sem males, do Bem Viver.

Confira abaixo o balanço da questão agrária brasileira no ano de 2015, elaborado
pela Comissão Pastoral da Terra – Regional Nordeste II:

No início de 2015, o sentimento era de que, após as tensões eleitorais diante da
possibilidade de vitória de um candidato expressamente de direita, seria
possível uma polarização de projetos e mudanças de rumo na política para o campo
brasileiro. Ledo engano: os cenários político e econômico brasileiro se
agravaram e produziram impactos negativos nas lutas do campo.

O Congresso Nacional, com a mais conservadora formação das últimas décadas,
manteve-se a serviço do poder econômico, que financiou as ricas campanhas
eleitorais e, ao mesmo tempo, se colocou como palco da crise política e do
prolongamento da disputa eleitoral, em prejuízo de uma pauta que fosse de
interesse real da sociedade. Houve uma preocupante predominância de pautas
conservadoras. São exemplos: os inquietadores projetos para implantar a
terceirização, a redução da maioridade penal, a restrição da demarcação das
terras indígenas, a mudança na rotulação de produtos transgênicos, o tratamento
restritivo do estatuto da família, a mudança do estatuto do desarmamento, a
mudança no regime de partilha do pré-sal, dentre outras iniciativas voltadas ao
conservadorismo e ao retrocesso nas conquistas sociais.

Com isso, as injustiças, as desigualdades sociais e ambientais voltaram a se
intensificar e o Governo andou para trás no caminho de superar os desafios e
impasses da luta da terra, deixando de atender a demanda histórica pela Reforma
Agrária e os direitos dos povos do campo.

Cortes do orçamento da Reforma Agrária

Em consequência desse quadro, as desapropriações de terras foram drasticamente
prejudicadas com o corte de 15,1%, afetado pelo contingenciamento do orçamento
da União. O Ministério do Desenvolvimento Agrário sofreu, em termos absolutos,
uma redução de 49% do montante previsto inicialmente na Lei Orçamentária Anual
de 2015. O Incra, que possuía um orçamento inicial da ordem de R$ 1,65 bilhão,
atuou em 2015 com metade deste valor: R$ 874,37 milhões.

Sequer foi cumprida a estimativa do governo para 2015 que era de atingir uma
meta de trinta mil novas famílias assentadas e, até 2018, zerar o número de
trabalhadores e trabalhadoras rurais acampadas no país, caso não ocorressem mais
ocupações até essa data - tendo em vista que os movimentos sociais indicam o
número atual de 120 mil famílias acampadas no país. Os movimentos sociais do
campo questionam os dados do MDA que declarou ter assentado cerca de 13 mil
famílias de trabalhadores rurais até outubro, quando somente cerca de sete mil
novas famílias haviam sido assentadas até então. De todo modo, o número é muito
aquém da necessidade das famílias acampadas no Brasil.

Continuam os conflitos e violência no campo

A manutenção da aliança com o agronegócio acarretou o agravamento da violência
vivida pelas comunidades camponesas que lutam por direitos e pela permanência em
seus territórios. Os registros parciais da CPT apontam que o Nordeste foi a
região em que houve mais ocorrência de conflitos no campo em 2015, representando
35% dos casos em todo o país. Em seguida, veio a região Norte, com 27% das
ocorrências, o Centro-Oeste com 17%, o Sudeste com 15% e, finalmente, o Sul do
país com 5,5%.

Parte significativa das ocorrências de conflitos neste ano continuou sendo
provocada pelo poder privado, com destaque para fazendeiros, grandes
latifundiários, grandes empresas, mineradoras, hidrelétricas, portos, dentre
outras grandes obras de infraestrutura. O fato demonstra uma disputa,
excessivamente desigual, por territórios e bens naturais entre o poder privado e
as comunidades camponesas. Apesar disso, permanece alarmante a violência
praticada pelo próprio Estado Brasileiro, através da força policial, dos
investimentos aos grandes projetos desenvolvimentistas, das ações do Poder
Judiciário e das portarias e decretos que limitam as demarcações e
desapropriações.

No Estado de Pernambuco, um dos destaques da violência ficou por conta do
Complexo Industrial e Portuário de Suape, como revelam as denúncias feitas pelos
camponeses posseiros da área quanto a abusos cometidos pela empresa pública,
sobretudo de ameaças, despejos forçados e de criminalização dos mesmos. Em
diversas audiências públicas, os camponeses denunciaram publicamente as ações de
violência protagonizadas pelo Complexo, inclusive a existência de trabalhadores
ameaçados de morte e a forte atuação de milícias armadas contratadas e formadas
por Suape. Foram feitas denúncias internacionais, inclusive em audiência na
Comissão Interamericana de Direito Humanos e com o relator especial da ONU sobre
defensores e defensoras de Direitos Humanos.

Outro exemplo da violência sofrida pelas comunidades camponesas ocorreu na
Fazenda Salgadinho, no estado da Paraíba. Localizada no município de Mogeiro, a
área foi palco de um conflito que envolveu 33 famílias de posseiros que vivem e
trabalham no local há mais de 50 anos. Há oito anos, os proprietários vinham
ameaçando os camponeses/as de expulsão. Em 2015, os capangas da Fazenda,
atiraram, com frequência, nas proximidades das casas dos posseiros, como forma
de ameaça e amedrontamento. Em um desses ataques, seis posseiros foram baleados
no tórax e pernas, sendo que um deles teve cinco perfurações no abdômen. Vários
boletins de ocorrência foram feitos e nenhuma providência eficaz foi adotada.

A Terra encharcada de sangue

O ano que se encerra também deixa outra triste marca na história do campesinato,
com os assassinatos no campo se destacando e ganhando repercussão nacional e
internacional. Segundos dados parciais da CPT, o número de assassinatos no campo
é o maior desde 2004. Foram 49 assassinatos de camponeses, sobretudo de
posseiros, sem terras e assentados da Reforma Agrária.

Se a região Nordeste concentra o maior número de ocorrências de conflitos
agrários, o Norte do país se destaca por possuir os piores índices de conflitos
com vítimas fatais. Dos 49 assassinatos no campo, 21 ocorreram somente no estado
de Rondônia. De acordo com a CPT no estado, os casos expressam a espiral
crescente de assassinatos de sem terras por jagunços, a mando dos
latifundiários, com denúncias de envolvimento de policiais e milícias armadas.
Além de Rondônia, 19 assassinatos foram registrados no estado do Pará e cinco no
Maranhão. Estes foram os três estados que lideraram o índice de violência no
campo com vítimas fatais em 2015.

Um dos casos de assassinato que mais chocou o país ocorreu no município de
Conceição do Araguaia/PA. Seis pessoas de uma mesma família foram assassinadas a
golpes de facão e tiros. O crime foi motivado por disputa por lote de terra,
ocasionadas pela morosidade dos processos de regularização fundiária. Esta é uma
das principais causas do acirramento da violência no campo. Quanto mais o Incra
demora para solucionar os conflitos fundiários, mais violência e assassinatos
acontecem envolvendo vítimas e pessoas inocentes, nas áreas das comunidades
tradicionais e de ocupações.

Outra vítima fatal em circunstâncias absurdas foi a trabalhadora rural Maria das
Dores dos Santos, conhecida como Dora, que vivia na comunidade de Portelinha,
município de Iranduba/AM. Ela foi sequestrada de sua casa por cinco homens
fortemente armados e executada com 12 tiros de pistola. Dora vinha sendo
ameaçada de morte e tinha procurado ajuda na Delegacia de Iranduba, local em que
registrou 18 boletins de ocorrência por ameaça. A trabalhadora também havia
feito denúncias na Assembleia Legislativa.

Meio ambiente: o verde do dólar é o que interessa

Os dados oficiais do Governo Federal apontam que houve um aumento de 16% do
desmatamento da Amazônia entre agosto de 2014 e julho de 2015, em comparação com
o mesmo período anterior. Os Estados do Amazonas (54%), Rondônia (41%) e Mato
Grosso (40%) foram os que mais sofreram com o aumento, que foi mais acentuado no
velho e bem conhecido arco do desmatamento (faixa de fronteira da expansão da
soja e da pecuária, que avança sobre o coração da Amazônia). O fato revela a
tendência de crescimento dos índices de desmatamento, provocado por incentivo do
próprio Estado à expansão dessas atividades sobre a floresta, incluindo os
territórios de povos e comunidades tradicionais.

A tragédia de Mariana, além de ser um dos maiores desastres ambientais na
história, revelou que o Estado prossegue na contramão das necessidades globais,
atendendo os interesses de empresas criminosas que financiam parlamentares e
defendem o crescimento a qualquer custo. As bancadas da mineração, ruralistas e
de outros parlamentares federais e senadores ligados ao mercado, tentam, através
do Projeto de Lei 654/2015, enfraquecer ainda mais o processo do licenciamento
ambiental, visando encurtar o tempo de análise técnica dos projetos e eliminar
etapas do processo de licenciamento.

O veneno nosso de cada dia

Na contramão dos alertas das organizações sociais sobre segurança e soberania
alimentar, o Brasil continuou ampliando a sua liderança como maior consumidor
mundial de agrotóxicos, mantendo a autorização de comercialização e uso de
produtos que já foram banidos em vários países. Enquanto de um lado, os órgãos
reguladores são flexíveis com a liberação desses produtos no país, a estrutura
dos órgãos de vigilância e fiscalização foi concebida para não funcionar e
impede o acompanhamento das populações expostas, deixando de verificar quais são
os riscos do contato com essas substâncias.

O Instituto Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), da Organização Mundial
da Saúde (OMS), que faz avaliações sobre diversos agrotóxicos, classificou
alguns desses produtos como carcinógeno humano, dentre eles o glifosato e o
herbicida 2,4-D, que têm o seu uso permitido no Brasil. Enquanto o Brasil se
afoga em agrotóxicos, organizações e movimentos sociais apontam que a única
forma de retirar o veneno da mesa é através da agroecologia e de políticas de
estado que possam investir na produção camponesa, historicamente ignorada pelos
Governos.

A convivência com o Semiárido não foi prioridade

2015 foi o quinto ano consecutivo da estiagem considerada a maior dos últimos 80
anos no país, com cerca de mil municípios na região decretando situação de
emergência. Apesar da importante redução da mortalidade humana, da fome e dos
saques, em razão de programas públicos exigidos pelo povo sertanejo, o
nordestino continuou sofrendo severos impactos diante da prioridade dos Governos
aos grandes empreendimentos e ao latifúndio.

De fato, o prolongamento do período de seca representou o aumento da perda da
produção agrícola e pecuária na região, provocando a descapitalização das
comunidades camponesas que vivem não somente no sertão, mas também nas zonas da
mata e litoral nordestino. Este, por sinal, será um dos principais desafios para
os próximos anos: a recomposição do rebanho dizimado, que é fonte de renda e
alimentação de muitas famílias camponesas.

Por sua vez, a secagem nos açudes e cacimbas também tem sido uma das
consequências deste aterrador contexto. Os principais reservatórios e geradores
de energia do Nordeste estão com níveis baixíssimos e em colapso. Neste
contexto, os estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí
ocupam a posição mais grave prevista na ordem classificatória adotada pela
Agência Nacional das Águas (ANA).

Do ponto de vista dos camponeses, dos pequenos agricultores e das populações
tradicionais, esse quadro continua agravado por um aspecto há muito conhecido no
Nordeste: a concentração das águas para o desenvolvimento de grandes
empreendimentos industriais ou agropecuários voltados para a exportação.
Significa dizer que, enquanto os trabalhadores/as viveram em 2015 a pior seca
das últimas décadas, as empresas (de fruticultura, mineração, automotiva, entre
outras) apropriaram-se do bem em escassez, sem que os poderes públicos adotassem
qualquer medida protetora para a população.

Tais empreendimentos perpetuam o modelo de apropriação da água no Nordeste. Com
isso, tem-se o aumento considerável de casos de disputa pela água na área rural.
Um dos exemplos deste fenômeno é o caso dos conflitos pela água nos municípios
inseridos na Bacia hidrográfica Apodi-Mossoró/RN, além da já denunciada
apropriação das águas do aquífero Jandaíra, um dos maiores do Nordeste.

As organizações sociais questionaram, em 2015, grandes empreendimentos em curso
no Nordeste, a exemplo do canal do sertão, considerada a maior obra de
infraestrutura hídrica no estado de Alagoas e um dos maiores do Nordeste. O
canal, que compõe o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo
Federal, terá 250 quilômetros de água para 42 municípios alagoanos, do Sertão ao
Agreste. A cada trecho é uma festa pública de inauguração e nada da água chegar
à torneira dos trabalhadores/as. De acordo com especialistas, obras deste porte
costumam destinar somente cerca de 6% da água para consumo humano e o restante
para irrigação por grandes empreendimentos. As organizações sociais que atuam na
área denunciam que esta água será um privilégio para poucos. Pelo mesmo caminho,
se teme que vá a tão polêmica obra da Transposição do Rio Francisco, que em 2015
ganhou destaque por investigações de supostos desvios elevados de verbas
públicas em sua construção.

Mesmo diante de um cenário estarrecedor, estima-se que a migração para outras
regiões do país foi menor em 2015, fato este atribuído justamente ao pouco que
se conquistou de Reforma Agrária e de iniciativas de convivência no semiárido.
Contudo, tais iniciativas sofreram cortes drásticos em 2015, como os sofridos
pela Articulação Nacional do Semiárido (ASA).

Trabalho escravo em 2015: Recuo dos números, crescimento das preocupações

O ano de 2015, que iniciou com a suspensão da Lista Suja de Trabalho Escravo por
decisão liminar do STF a pedido de grandes construtoras, chega ao fim com graves
preocupações quanto à continuidade da política brasileira de combate ao trabalho
escravo.

Em 2015, cerca de mil trabalhadores/as foram resgatados da escravidão – um
número em nítida redução se comparado à média dos quatro anos anteriores
(2.260). Essa queda ocorre no exato momento em que parte dos congressistas, no
afã de reduzir mais e mais direitos, quer aprovar a revisão da definição legal
do trabalho escravo. A alegação é de que o conceito atual, enunciado no artigo
149 do Código Penal – em vigor desde 2003 e parabenizado internacionalmente –,
abre a porta a exageros, arbitrariedade e insegurança jurídica. Trata-se de uma
alegação falsa, pois o baixo efetivo de auditores fiscais em atividade tem
reduzido as autuações, considerando como em condições análogas à escravidão
apenas um caso em cada sete estabelecimentos fiscalizados, sob o frágil
argumento de que trabalho escravo só se caracterizaria pela soma de violações e
não pela verificação de infrações isoladas.

Segundo dados parciais, os estados que lideraram o ranking de trabalho escravo
identificados em 2015 pela CPT, foram Minas Gerais, Maranhão, Rio de Janeiro e
Pará. As principais atividades que se beneficiaram da prática do trabalho
escravo em 2015 foram: a construção civil (243 resgatados), a pecuária (133) e o
extrativismo vegetal (114), sendo 52 no PI e 37 no CE. Na prática do trabalho
escravo em geral, as atividades econômicas ligadas ao campo predominaram sobre
as atividades urbanas. Segundo a análise da Divisão de Erradicação do Trabalho
Escravo (DETRAE), do Ministério do Trabalho, o perfil atual das vítimas é de
jovens do sexo masculino, com baixa escolaridade e que tenham migrado
internamente no Brasil. Doze trabalhadores encontrados tinham idade inferior a
16 anos, enquanto 24 tinham entre 16 e 18 anos.

Vale lembrar que no final do ano, poucos dias após a entrega do Prêmio Nacional
de Direitos Humanos à militante Brígida Rocha, da Campanha De Olho Aberto para
Não Virar Escravo, coordenada pela CPT, uma pronta mobilização permitiu evitar
no Senado a votação-relâmpago do Projeto de Lei que - sob pretexto de
regulamentar a emenda constitucional do confisco da propriedade dos escravistas
- propõe eliminar os principais elementos caracterizadores do trabalho escravo,
ou seja: os que remetem à violação da dignidade da pessoa (as condições
degradantes e a jornada exaustiva).

Lutas que marcaram 2015

Mesmo diante de todas as dificuldades impostas pelo Estado, pelo agronegócio e
grandes empreendimentos, os camponeses e camponesas enfrentaram os desafios que
lhes foram impostos, lutaram pela Reforma Agrária e pela demarcação de seus
territórios.

O ano foi de intensas mobilizações e lutas. Algumas destas marcaram o ano que se
encerrou, como a jornada das mulheres da Via Campesina e a marcha das
Margaridas, realizadas em março e agosto, respectivamente, mobilizando milhares
de camponesas de todo o país.

As ocupações de terras também ganharam força em 2015. Conforme dados parciais da
CPT, 34% dos latifúndios ocupados estão localizados na região Nordeste, 26% no
Centro-Oeste, 17% no Sudeste, 11,5% no Sul e finalmente 11% no Norte. Os estados
da Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Pernambuco lideraram a lista das
ocupações de latifúndios improdutivos. Grande parte dessas foi realizada pelo
MST no mês de abril, durante a sua Jornada de caráter nacional, o Abril
Vermelho.

O movimento sindical também ocupou as ruas em 2015, a exemplo da realização de
mais uma edição do Grito da Terra, realizado em Brasília no mês de maio. A
mobilização nacional, que reuniu milhares de trabalhadores e trabalhadoras
rurais, foi precedida de um conjunto de manifestações estaduais e regionais.

Os povos indígenas de todo o Brasil também realizaram grandes mobilizações e
fizeram de Brasília um de seus principais campos de luta contra a PEC-215. Um
exemplo emblemático foi a manifestação ocorrida no mês de outubro, quando
centenas de indígenas, quilombolas e pescadores tradicionais ocuparam a Câmara
dos Deputados, em protesto à PEC. Na ocasião, o presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha, recriminou os manifestantes. As luzes, microfones e
ar-condicionados foram desligados, sob ordens do presidente da Câmara. A polícia
cercou o local e impediu a entrada de advogadas e advogados. Além dos protestos,
as populações indígenas exigiram respeito, denunciaram as violências de que são
vítimas em inúmeros fóruns e tribunais nacionais e internacionais e
reivindicaram o cumprimento da Constituição para impedir retrocessos ou
supressão de direitos.

Perspectivas para 2016

A ameaça real, de que os preocupantes cenários político e econômico vividos em
2015 se prolonguem no ano de 2016, evidencia que somente com muita organização e
luta é que os trabalhadores rurais e movimentos sociais conseguirão evitar a
clara tendência da permanência dos conflitos agrários.

As comunidades camponesas impactadas por este modelo de desenvolvimento
continuarão desafiadas a assumir para si a responsabilidade da resistência como
único caminho para permanecerem existindo. De fato, não são poucos os desafios
que se apresentam para o ano que se anuncia, em razão da persistência do modelo
alicerçado no agronegócio, da exploração do latifúndio e sem qualquer
preocupação com os povos do campo e com o meio ambiente. Os desafios são enormes
e, aos povos do campo, caberá a firmeza no olhar e a coragem nos passos para
avançar em seus direitos, como sempre fizeram.

In
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA
http://www.cptnacional.org.br/index.php/publicacoes-2/destaque/3044-balanco-da-questao-agraria-no-brasil-em-2015
5/1/2016

sábado, 23 de janeiro de 2016

Tarefas de um Hegemon em bancarrota



F. William Engdahl , New Eastern Outlook, NEO



Há pouco mais de sete décadas, quando a ONU foi oficialmente fundada em San
Francisco, ninguém no mundo discutia sobre quem era a Grande Potência, o Hegemon
mundial. Hoje, a situação está radicalmente alterada com severa desvantagem
para Washington e sua capacidade para mandar e desmandar sobre o resto do mundo
em termos de economia, política, e no que atende pela muito gravemente mal usada
expressão "direitos humanos e construção da democracia." Essa desvantagem pode,
ironicamente, ser para nós uma bênção camuflada.


Em 1945, o Federal Reserve [Banco Central] dos EUA controlava a maior parte, de
longe, da moeda-ouro mundial. Com a guerra de 1939 se aproximando na Europa em
1939, o euro europeu fluiu rapidamente para os EUA, por segurança. Em 1935, as
reservas oficiais de ouro dos EUA estavam avaliadas em pouco mais de $9 bilhões.
Em 1940, depois de iniciada a guerra na Europa, saltaram para $20 bilhões. Com
países europeus carecendo desesperadamente de meios para pagar pelo esforço de
guerra, o ouro que tinham escorreu para os EUA, para comprar bens essenciais.
Quando da conferência monetária internacional em Bretton Woods em junho de 1944,
o Federal Reserve dos EUA controlava plenos 70% da moeda-ouro do mundo, vantagem
descomunal no que então era um Sistema Ouro de Câmbio de Bretton Woods, que
carregava no coração o EUA-dólar. E aí nem se conta o ouro capturado das
potências derrotadas do Eixo, Alemanha e Japão, onde fatos exatos permanecem
enterrados sob sete palmos de falsidades e boatos, até hoje.

Para dar conta da plena dimensão da crise interna e dos dilemas de política
externa que cercam Washington hoje feito assombração, vale a pena voltar ao
"triunfalismo" pós-guerra dos círculos políticos dos EUA que emergiam da guerra.

Emerge um 'Império Americano'

Um dos influentes pensadores geopolíticos do "Século Norte-americano" do
pós-guerra, às vezes citado como "o primeiro guerreiro da Guerra Fria", foi
James Burnham. Durante a guerra, fora um dos agentes do governo dos EUA que
serviram com Wild Bill Donovan na operação de inteligência precursora da CIA
conhecida como Office of Strategic Services (OSS) [Gabinete de Serviços
Estratégicos]. Burnham foi um dos muitos norte-americanos marxistas trotskistas
recrutados pela inteligência dos EUA. Depois da guerra, Burnham mudou-se, da
extrema esquerda para a extrema direita, como seu companheiro, também
ex-trotskista Irving Kristol, chamado o "Padrinho" dos neoconservadores. Burnham
e William F. Buckley Jr. fundaram a revista arquiconservadoraNational Review
para divulgar seus discursos antissoviéticos de propaganda da Guerra Fria e dos
'livre-mercados', invariavelmente a serviço da agenda de política externa da CIA
e do Departamento de Estado.

Em 1947, Burnham escreveu um grande panegírico do novo poder dos EUA no mundo,
intitulado The Struggle for the World [A luta pelo mundo]. O livro era adaptação
de um memorando Top Secret da OSS que Burnham preparara para a delegação dos EUA
à conferência de Yalta, sobre a estratégia geopolítica soviética em 1944.

Burnham descrevia nos termos mais elogiosos o que chamava de "um Império
Norte-americano que será, se não literalmente mundial em fronteiras formais,
capaz de exercer controle decisivo sobre o mundo." É o que o fundador da revista
Time-Life, Henry Luce, em ensaio de 1941, denominou "O Século Norte-americano".

A visão de Burnham e as recomendações para o que definia como controle pelos
EUA sobre o mundo eram claras e inequívocas:+


Os EUA não podem, no período de tempo previsto, alcançar a liderança de uma
ordem política mundial viável, se apelar meramente à convicção racional (...) O
poder deve estar lá, com a conhecida prontidão para usá-lo, seja pela via
indireta de sanções econômicas paralisantes, ou diretamente, pela explosão de
bombas. Como reserva última nas séries do poder, lá estará o monopólio do
controle de armas atômicas.


A referência a "explosão de bombas" diretas, do rascunho de Burnham de 1944, já
pressagiava agosto de 1945 e a decisão do presidente Truman de atacar o Japão
com bombas atômicas, não para garantir a rendição (o Japão já estava derrotado e
rendido), mas, sim, para mostrar à União Soviética, e à Europa Ocidental, que
potência reinaria sobre o mundo do pós-guerra. O Século Norte-americano foi
concebido para ser empreitada "sem nonsense". Como Burnham diz, "afinal,
independência e liberdade são, ambas, abstrações."

Dentro do espaço econômico controlado pelos EUA, onde vivem mais de 560
milhões de pessoas, há vasto mercado potencial, superior até à enorme expansão
do Império Britânico pré-guerra. Os EUA, meros dois anos já avançados em suas
ambições pós-guerra, tinham extraordinário poder sobre grande parte do mundo num
império econômico informal. Tudo que fizeram fora usar os mecanismos das
instituições de Bretton Woods, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco
Mundial, e o controle que tinham sobre ampla política econômica para a Europa
Ocidental via o Plano Marshall e a Organização para Cooperação Econômica e
Desenvolvimento [Organization for Economic Cooperation and Development (OECD)]
sediada em Paris; e servindo-se do dólar na função de moeda mundial de reserva e
coração da finança mundial e, sobretudo, mediante os grandes bancos de New York
do cartel do dinheiro de Wall Street e servidores seus aliados dentro do governo
em Washington, no Federal Reserve e no Departamento do Tesouro dos EUA.

Em 1948, George Kennan, arquiteto da política de "contenção" [ing.Containment]
pela qual os EUA conteriam a União Soviética na Guerra Fria, anotou, num
memorando interno do Departamento de Estado dos EUA, a essência da mentalidade
dos interesses especiais em torno dos irmãos Rockefeller e o Conselho de
Relações Exteriores de Nova York [ing. New York Council on Foreign Relations
(CFR)], todos muito ocupados com definir aquele império norte-americano
emergente informal.

O memorando de Kennan resumia muito sucintamente a agenda pós-guerra para
estabelecer o poder dos EUA:+


Temos cerca de 50% da riqueza do mundo, mas só 6,3% da população (...) Nessa
situação, não podemos deixar de ser objeto de inveja e ressentimento. Nossa real
tarefa no período vindouro é conceber um padrão de relacionamentos que nos
permita manter essa posição de disparidade sem detrimento positivo de nossa
segurança nacional. Para fazê-lo, teremos de dispensar os sentimentalismos e
sonhos de olhos abertos; e nossa atenção terá de se concentrar em todos os
pontos de nossos objetivos nacionais imediatos. Não podemos nos autoenganar de
que poderíamos nos dar hoje o luxo do altruísmo e da benemerência mundial.


Kennan resumiu a real natureza das políticas dos EUA para o pós-guerra: foi
gelidamente honesto e realista sobre os verdadeiros objetivos pós-guerra do
establishment dos EUA. Foi a dominação dos EUA sobre o mundo, ou, pelo menos,
tanto quanto podia pegar e segurar consigo em 1948. Foi a Grande Área que o
Conselho de Relações Exteriores propôs.

A partir de 1945, os EUA envolveram-se formalmente, como força combatente, em
22 guerras, maiores e menores, da Coreia ao Vietnã, de Grenada e Panamá a Síria
e Líbia, guerras todas para passar a mão e segurar consigo aquele império
global.

Agora, sua economia doméstica, como concha vazia; a infraestrutura de
transporte em declínio horrendo; sua força de trabalho qualificada cada dia mais
inexistente; seus alunos de engenharia e ciências já praticamente todos vindos
de fora - principalmente de China e Índia -, os Estados Unidos da América
enfrentam declínio terminal, causado por nenhum outro agente além do próprio
povo - que tolerou o saque, o loteamento, a destruição de um país um dia tão
belo, por uma gangue de viciados em poder, gananciosos, gente do mal com nomes
como Rockefeller, Gates, Russell, DuPont, Buffett e outros cujos nomes o grande
público dificilmente terá algum dia ouvido.

A crise que os EUA enfrentam hoje como Hegemon Mundial é o fato de que a nação
está em bancarrota moral, espiritual, intelectual e econômica, como repetição
fantasmagórica do Império Britânico depois que se instalou a Grande Depressão de
1873.

Uns poucos indicadores básicos dizem muito sobre as crescentes limitações da
projeção global do poder dos EUA e sobre por que as táticas de provocação (orig.
"bully") estão sendo cada vez mais escarnecidas pelo resto do mundo.

Dívida dos EUA antes e agora

Hoje, diferente do início da Grande Depressão dos anos 1930s, o governo federal
em Washington tem de administrar nível apavorante de dívida, para financiar suas
cada dia mais impotentes tentativas para manter o velho controle global. No
final de setembro de 2016, o total combinado de dívidas federais, estaduais e
municipais dos EUA provavelmente já terá ultrapassado impressionantes $ 22,4
trilhões, com $19, 3 trilhões de dívidas do governo federal. Se se soma a dívida
privada e a dívida das famílias, os norte-americanos devem hoje um total de
impressionantíssimos $60 trilhões. Há 40 anos, em 1974, a dívida total -
combinação das dívidas do governo, empresas, hipotecas e consumidores - era de
$2,2 trilhões. Cerca de 50% dessa dívida federal está hoje nos cofres de países
estrangeiros, sobretudo China e Japão, Rússia e bancos centrais da União
Europeia.+


Esse gráfico do Federal Reserve, da dívida total dos EUA, pública e privada,
mostra claramente como e quando os EUA entraram no declínio que hoje já se
precipita, de Grande Potência.


O único ponto comparável, quando a dívida federal dos EUA em relação ao PIB
chegou perto do que é hoje foi em 1946 ao final da 2ª Guerra Mundial, quando a
relação Dívida/PIB passou de 119%. Em 2014, o total da dívida estadual, federal
e local dos EUA passou dos 120% do PIB.

A diferença entre 1946 e 2016 não aparece na comparação de números brutos.
Naquele momento, os EUA eram potência vencedora, ditando regras aos vencidos. Em
1946, Washington estava no centro do poder global. O EUA-dólar era procurado em
todos os lugares, "forte como ouro". A indústria dos EUA era líder mundial em
inovação e eficiência tecnológica. Detroit era símbolo mundial da fabricação de
carros soberbos e baratos, e em maior quantidade que em qualquer outra nação. A
produção de aço nos EUA era inigualável. A pesquisa, nas universidades
norte-americanas não tinha paralelo no mundo, ajudada pelo influxo de cientistas
europeus e outros cientistas refugiados de guerra, como Einstein. A maior parte
do mundo dito "livre" corria a abrigar-se sob o guarda-chuva conhecido como
OTAN. Não sabiam naquele momento, mas todos viriam a pagar muito caro por aquele
guarda-chuva.

Falsificar números não é "recuperação"...

Hoje, quase 45 anos depois de o presidente Nixon ter cancelado unilateralmente
o Tratado de Bretton Woods e declarado que o Federal Reserve não pagaria em ouro
por EUA-dólares de outros países que viesse a comprar, a economia real dos EUA
está em ruínas. De tempos em tempos tenho registrado as mentiras absurdas e
politicamente motivadas que passam por "estatísticas oficiais do governo dos
EUA". Foi ficando sucessivamente pior desde os primeiros truques e mentiras
ordenados pelo presidente Lyndon Johnson para ocultar as dívida dos EUA durante
a era da Guerra do Vietnã no final dos anos 1960.

Segundo os cálculos amplamente respeitados do economista John Williams na
página "Shadow Government Statistics", o desemprego real nos EUA em novembro de
2015 era 22,9%, quando se incluem os "trabalhadores que desistiram há longo
tempo de procurar emprego" - que foram definidos como oficialmente não
existentes em 1994. Muito longe dos 5% de desemprego do Departamento de
Faz-de-Conta do Trabalho de Obama. 1/5 da força de trabalho em desemprego é
nível ao qual os EUA só chegaram antes, ao longo de todo o século passado,
durante a Grande Depressão dos anos 1930s.

O cálculo ajustado de desemprego de John Williams explica dados distribuídos
que, sem ele, seriam inexplicáveis (e distribuídos sem qualquer explicação pelo
mesmo governo dos EUA) sobre o número de "norte-americanos em idade laboral não
trabalhando". Hoje, oficialmente, mais de 100 milhões de norte-americanos acima
de 16 anos não encontram trabalho. Não porque estejam na praia, acrescentando
juros e mais juros nos seus papeis de juro-zero. É porque não há empregos para
eles; não há futuro econômico para eles nos EUA de hoje. Muitos jovens até se
alistam nas guerras de Washington como 'salvação' que pelo menos lhes garante
salário regular. Tudo isso está convertendo os EUA numa Esparta, nação orientada
para a guerra, que se alimenta de sangue. Nada saudável.

Em posição ainda pior estão os jovens que deixam o ginásio ou o colégio, que
entram em idade laboral e dos quais, ano passado, menos de quatro, em dez,
conseguem emprego. Como observou Stephen Moore, economista, "para cada três
norte-americanos que têm de trabalhar, com 16 anos e mais, o governo Obama só
criou um emprego (1,07). Nesse ritmo, em breve os EUA chegarão oficialmente a
desemprego-zero. Mas, isso, só porque já ninguém mais se dedicará aprocurar
emprego." Pela definição do Departamento do Trabalho, esses que "não procuram"
porque desistiram, não contam, quer dizer, não existem. Muuuuuuuuuuuito esperto,
não é, Gabinete de Estatísticas do Trabalho?!

A crise dos sem-teto nos EUA

Alemanha e Suécia têm sua crise de refugiados, resultado direto das muitas
guerras instigadas pelos EUA, do Afeganistão ao Iraque e Líbia e, agora, também
até a Síria. Os EUA, por sua vez, têm crise humanitária de outra natureza - o
número de sem-tetos que não para de aumentar.

Com o número crescente de desempregados permanentes em todos os EUA, muito como
se viu na Grande Depressão, hoje explode também o número de cidades onde a
situação dos sem-tetos já alcança proporções de calamidade.

Na outrora pujante Los Angeles, Califórnia, uma área de 50 quarteirões no
centro, apelidada Skid Row é descrita como "o pior desastre provocado pelo homem
nos EUA". Mais recentemente, Portland, Oregon; Denver, Colorado; e Seattle,
Washington, além de todo o estado do Havaí já se tornaram os mais recentes a
tomar medidas drásticas de emergência para tentar lidar com as sempre crescentes
populações de sem-tetos.

Além disso, a capital, Washington DC, além de 22 outras cidades também estão
tendo aumentos dramáticos de sem-tetos. Em Washington, DC, o número de pessoas
que vivem nas ruas aumentou 28% e o número de famílias sem moradia aumentou 60%
no ano passado. Chicago, Illinois; Baltimore, Maryland; Philadelphia,
Pensilvânia e San Francisco, Califórnia também sofrem do mesmo problema.

Prioridades nacionais erradas

A raiz da crise está em a nação estar sob comando de presidentes, generais,
deputados, senadores que se prostituem em processo aparentemente infinito, pela
corrupção. Ninguém supera nessa corrupção oficializada o Pentágono dos EUA e o
casamento incestuoso que liga o Pentágono e o corrupto complexo militar
industrial.

O recente engajamento militar da Rússia na Síria fez subir sobrancelhas e
narizes em todo o mundo, também em Washington, ao verem o alto grau de precisão
e de sofisticação que as forças armadas russas, agora reconstruídas e
reorganizadas demonstraram. Arma após arma que as forças aéreas russas puseram
em ação, todas dão sinais claros de ultrapassar em muito o que os EUA têm a
exibir. A corrupção em todos os contratos militares levou a isso.

Em 2014, o jornal das Forças Armadas dos EUA, Stars and Stripes, noticiou que
"Quase três décadas depois de os contribuintes engasgarem com despesas como
assentos de privada de $640 e outras provas do desperdício perdulário dos
militares na Guerra Fria, o Departamento de Defesa ainda é o último departamento
federal que se recusa a admitir qualquer tipo de auditoria, apesar de todas as
leis aprovadas nos anos 1990s que exigem que prestem contas."

E continuam: "Em outras palavras, os militares dos EUA estão convertidos num
buraco negro onde sumiram bilhões dos dólares dos contribuintes, sem que ninguém
apresente qualquer tipo de prova clara de como, onde e para quem aquele dinheiro
foi pago. Fato é que o governo dos EUA agora terceirizou praticamente tudo, e
subcontrata empresas privadas (as quais coletivamente gastam bilhões em ações
delobbying no Congresso e financiando campanhas políticas), e isso é
especialmente verdade no que tenha a ver com o Pentágono."

O jornalista austríaco Einar Schlereth, em análise recente publicada porSputnik
News, em que compara o sistema russo de indústria militar e o sistema privado
dos EUA, observa que+


"o sistema russo de gastos militares é o oposto diametral do sistema
norte-americano. Enquanto os EUA privatizaram sua indústria militar, na Rússia
ela permanece em mãos do Estado. Todos os lucros da venda de armamentos vão para
o governo russo, não para os fabricantes ou multinacionais. Os fabricantes de
armas nos EUA são [efetivamente] parte do governo."

"Assim como nos EUA, não há prestação financeira de contas de suas operações,
mas há relatórios financeiros revistos anualmente pelo ministro da Defesa e,
sobretudo, pelo presidente e pelo primeiro-ministro - i.e., por pessoas que têm
de prestar contas aos eleitores e não só à aristocracia dos grandes
acionistas."+


Estimativas recentes da Sociedade Americana de Engenheiros Civis calculam o
déficit na infraestrutura nacional dos EUA em $3,6 trilhões, que é o dinheiro
necessário para substituir sistemas antiquados de água, linhas de distribuição
de eletricidade, estradas de ferro, rodovias, sistemas de esgotos. Incluem-se aí
mais de 10% das pontes que precisam de reparos, um terço das rodovias nacionais,
aeroportos e pistas.

Nessa situação será interessante ver a reação dos eleitores, se Donald Trump ou
qualquer candidato à presidência dos EUA tiver a coragem ou a sanidade mental de
sugerir mudança nas prioridades nacionais, que os EUA parem de só se dedicar a
fazer guerras contra Rússia, China, Síria; que convertam aquelas "espadas"
superfaturadas do Pentágono, em arados [orig. "swords to plowshares" (ing.)]. Já
deveríamos ter feito precisamente isso em 1990, quando a União Soviética deixou
de existir como adversária.

São essas, hoje, as tarefas de um Hegemon em bancarrota.*****+


In
PRAVDA
http://port.pravda.ru/busines/23-01-2016/40234-hegemon_bancarrota-0/#
23/1/2016