quinta-feira, 31 de agosto de 2017

 Washington parece um jardim-de-infância sob o efeito de LSD


    
       por The Saker 


       As últimas sanções e a resposta retaliatória da Rússia resultaram numa
      torrente de especulações nos media oficiais e na blogosfera — toda a gente
      tenta entender uma situação que parece sem sentido. Porque haveria o
      Senado dos Estados Unidos de adoptar sanções contra a Rússia quando a
       Rússia nada fez para provocar esse voto? Com a excepção de Rand Paul e
      Bernie Sanders todos e cada um dos senadores americanos votaram a favor
      dessas sanções. Porquê? Torna-se ainda mais estranho se pensarmos que o
      único grande efeito das sanções será provocar uma fractura, e 
      possivelmente ainda mais contra-sanções , entre os Estados Unidos e a
      União Europeia. Fica claro que estas sanções vão ter efeito nulo sobre a
      Rússia e não creio que alguém pense a sério que os russos mudem o que quer
      que seja nas suas políticas. Porém, todos os senadores excepto Paul e
      Sanders votaram a favor. Será que faz sentido?
       Vamos tentar perceber o que se passa.
       Primeiro, vamos lembrar que qualquer político norte-americano, desde as
       municípalidades até ao Congresso, todos os senadores só pensam numa coisa
      quando votam — o que ganho eu com isso? — A última coisa que preocupa um
      senador americano é as consequências do seu voto na vida real. Isso quer
      dizer que para conseguir uma quase unanimidade (98%) numa votação
      realmente estúpida tinha de haver um lobby muito influente que utilizou
       "argumentos" muito fortes para conseguir tal voto. Lembremos que os
       Republicanos no Senado sabiam que estavam a votar contra a vontade do seu
       Presidente. E no entanto todos à excepção de Rand Paul votaram essas
      sanções, isso mostra o poder do  lobby  que os pressionou. Assim, quem
      teria esse poder?
       O site "Business Pundit Expert Driven" felizmente postou um artigo que
      indica  os dez lobbies mais poderosos em Washington D.C. São eles (na
      mesma ordem do artigo original):
       Lobby técnico
       Indústria mineira
       Indústria da defesa
       Indústria do agronegócio
       Petróleo
       Lobby financeiro
       Grandes farmacêuticas
       AARP (American Association of Retired Persons)
       Lobby pró-Israel
       NRA (National Rifle Association)
       Ok, por que não? Podemos talvez reordená-los, dar-lhe nomes diferentes,
      juntar mais alguns (como, Complexo Industrial de Prisões" ou "Comunidade
      da inteligência", mas na generalidade a lista está bem.
       É preciso entender que a maioria destes lobbies precisa de um inimigo
       para prosperar, será sem duvida o caso do Complexo Militar Industrial e a
      industria associada de alta tecnologia, e poderíamos pensar que o
       Petróleo, Minas e Agronegócio vêem na Rússia um competidor potencial. Mas
      um olhar mais atento aos interesses que estes lobbies representam diz-nos
      que estão mais interessados na política caseira e que a longínqua Rússia
      com a sua economia relativamente pequena não é o que lhes importa. O mesmo
      se passa com as Grandes Farmacêuticas, a AARP e o NRA. O que deixa o lobby
      de Israel como o único candidato potencial.
       "Llobby de Israel claro que é um nome inadequado. O lobby de Israel tem
      muito pouco interesse em Israel como país, ou sequer o povo israelense.
      Melhor seria chamar-lhe Lobby Neocon. Aliás, temos de verificar que o
      Lobby Neocon não está na lista acima referida. Por um lado, não representa
      os interesses dos Estados Unidos. Por outro, não representa os interesses
      de Israel. Representa antes os interesses de um grupo específico das
      elites reinantes dos Estados Unidos, na realidade muito inferior a 1% da
      população, em que todos partilham uma ideologia comum de dominação mundial
      típica dos neocons.
       São os sujeitos que apesar do seu férreo controlo de cem por cento da
      media e do Congresso perderam a eleição presidencial para Donald Trump e
      que estão apostadas no seu  impeachment.  São indivíduos que simplesmente
      usam a Rússia, como um fulcro propagandístico para passar a noção de que
      Trump e o seu meio são agentes russos e o próprio Trump é uma espécie de
      "candidato presidencial da Manchúria".
       Lembremo-nos que o registo histórico mostra que apesar de os neocons
       serem especialmente motivados não são muito inteligentes. Sim, eles têm a
      espécie de determinação ideológica raivosa que lhes permite conseguir
      alcançar uma influencia totalmente desproporcional sobre as politicas dos
      EUA, mas quando vemos o que realmente escrevem e ouvimos o que dizem,
      percebe-se de imediato que são indivíduos medíocres com uma mentalidade
      paroquiana que os torna tanto muito previsíveis como muito irritantes para
      as pessoas em torno deles. Ultrapassam sempre os seus limites e acabam
      estupefactos e horrorizados quando todas as suas conspirações e planos
      desmoronam sobre si.
       Creio que é exactamente o que está a acontecer agora.
       Primeiro, os neocons perderam as eleições. Para eles foi um choque e um
      pesadelo. Os "deploráveis" votaram contra as instruções de propaganda,
      totalmente claras que os media lhes deram. Segundo, os neocons voltaram a
      sua fúria contra Trump e conseguiram neutralizá-lo, mas só ao custo de
      enfraquecerem terrivelmente os próprios Estados Unidos! Recapitulemos: em
      6 meses de administração Trump os EUA já conseguiram ameaçar directamente
      o Irão, a Síria, a RDPC e em todos os casos com resultados zero. Pior, o
      comportamento de Trump para com a Europa e a propaganda anti-Trump dentro
      da Europa colocaram agora a UE e os EUA numa rota colisão. É espantoso:
      para a Rússia as tensões actuais entre os EUA e a União Europeia são um
      sonho realizado e nem sequer fizeram nada para isso — tudo foi feito
      através da estupidez auto-derrotante dos americanos que criaram esta
       situação completamente  ex nihilo! 
       Assim enquanto Kim Jong-un lança mísseis no 4 de Julho, o Exército Sírio
      aproxima-se de Deir ez-Zor, a Ucrânia transforma-se numa Somália, a
      economia russa volta a crescer e a popularidade de Putin está cada vez
      mais alta, os neocons estão a ficar totalmente fora de si e, como é típico
      das pessoas que perdem o controle, não fazem nada com lógica e sim o
      habitual: esbofetear sanções (mesmo que sejam totalmente ineficazes) e
       enviar mensagens (mesmo que sejam totalmente ignoradas). Por outras
      palavras os neocons empenham-se agora em pensamento mágico, optam por
      iludirem-se acerca do seu poder e influencia e estão a enfrentar o seu
      fracasso generalizado  (full-spectrum)  ao pretenderem que os seus votos
      no Congresso importam. A verdade é que não são.
       É aqui que temos de examinar a outra noção errada neste caso, que a
      reacção russa a estas sanções mais recentes é realmente acerca delas. Não
      é.
       Primeiro, derrubemos o mito de que tais sanções estão a prejudicar a
      Rússia. Na verdade não estão. Mesmo os da Bloomsberg, 100% russofóbicos
      começam a perceber que na realidade  estas sanções tornaram Putin e a
      Rússia mais fortes . Segundo, há a questão do tempo: ao invés de reagir
      com contra-sanções os russos subitamente decidiram reduzir a quantidade de
      pessoal diplomático norte americano na Rússia e confiscar duas instalações
      diplomáticas dos EUA numa retaliação clara à expulsão dos diplomatas
      russos e a ocupação de edifícios diplomáticos por Obama no ano passado.
      Por que não?
       Muitos observadores dizem que os russos são "ingénuos" em relação ao
      Ocidente e aos EUA, que Putin "deseja" melhores relações e que essa
      esperança o paralisou. Outros dizem que Putin é "fraco" ou está mesmo "em
       conluio" com o Ocidente. É um absurdo total.
       As pessoas tendem a esquecer que Putin foi um oficial superior dos
       serviços de inteligência externa do KGB, o chamado "Primeiro Directorado
      Principal (PGU). Além disso, Putin revelou recentemente que trabalhou na
      altamente secreta Direcção S do PGU e que era responsável por contactos
      com uma rede de espiões soviéticos ilegais na Alemanha Oriental (onde
      Putin actuava sob a cobertura oficial de director Casa da Amizade
      URSS-RDA). Se o PGU era a "elite da elite" do KGB da sua parte mais
      secreta, então o Directorado S era a "elite da elite" do PGU e o seu cerne
      mais secreto. Isto, definitivamente, não é uma carreira para "ingénuos" ou
      "fracos", para dizê-lo suavemente. E acima de tudo, os oficiais do PGU
      eram "especialistas no Ocidente" em geral e nos Estados Unidos em especial
      porque os EUA, eram sempre considerados como o "inimigo principal" (ainda
      que a maior parte dos responsáveis do PGU considerasse que os britânicos
      eram o seu adversário mais capaz, perigoso e sorrateiro). Considerando o
       nível soberbo de educação e treino dado a estes oficiais, diria que os
      oficiais do PGU estavam entre os melhores especialistas do Ocidente de
      qualquer parte do mundo. A sua sobrevivência e a sobrevivência dos seus
      colegas dependia da sua compreensão correcta do mundo ocidental. Quanto a
      Putin, pessoalmente, sempre actuou de um modo muito deliberado e calculado
      e não há razão para pensar que desta vez, após as ultimas sanções dos EUA,
       tenha havido uma erupção emocional no Kremlin. Podem ter a certeza de que
      esta ultima reacção russa é o resultado de uma conclusão cuidadosa e a
      formulação de um objectivo preciso e há muito delineado.
       Diria que a chave para a compreensão correcta da resposta russa está no
      facto de as ultimas sanções dos Estados Unidos conterem uma ideia sem
      procedentes e, francamente, com características chocantes: as novas
      medidas retiraram ao Presidente autoridade para revogar as sanções. Em
      termos práticos: se Trump quisesse por em vigor algumas dessas sanções,
      teria de enviar uma mensagem oficial ao Congresso o qual teria então
      trinta dias para aprovar ou rejeitar a acção proposta. Por outras
      palavras, o Congresso agora sequestrou o poder da Presidência para dirigir
      a politica externa e encarregou-se até da micro-administração da politica
       externa norte americana.
       Isso, meus amigos, é claramente um golpe de estado constitucional e uma
       grave violação dos princípios da separação de poderes que é o cerne do
      sistema político dos Estados Unidos.
       É também um testemunho vivo da total depravação do Congresso dos EUA que
      não tomou essas medidas quando o presidente "ultrapassou o Congresso e
      começou guerras sem a necessária autoridade congressual, mas que agora
      toma abertamente as rédeas da politica externa americana para impedir o
      risco de "quebrar a paz" entre a Rússia e os Estados Unidos.
       E a reacção de Trump?
       Ele declarou que a assinaria a lei. [NR]
       Sim, o homem quer por a sua assinatura no texto que representa um golpe
      de estado ilegal contra a sua própria autoridade e contra a Constituição
      que jurou defender.
       Atenta a isso, a reacção russa é muito simples e compreensível: eles
      desistiram de Trump.
       Não que tivessem muita fé nele, mas sempre sentiram fortemente que a
      eleição de Trump talvez pudesse dar ao mundo uma oportunidade realmente
      histórica para mudar a dinâmica desastrosa iniciada pelos neocons no tempo
      de Obama e talvez devolver às relações internacionais uma aparência de
      sanidade. Infelizmente, isto não aconteceu. Trump revelou-se uma massa
      demasiado cozida cujo único feito real era exprimir suas ideias em 140
      caracteres ou menos. Mas na coisa crucial, vital, em que Trump precisava
      absolutamente de ter êxito — esmagar impiedosamente os neocons — ele
      fracassou totalmente. Pior: a sua única reacção às múltiplas tentativas
      deles para derrubá-lo foram todas as vezes respondidas com toscas
      tentativas tontas de apaziguamento.
       Para a Rússia isso significa que o presidente Trump foi agora substituído
      pelo "Congresso Presidente".
       Uma vez que é absolutamente impossível fazer qualquer coisa com este
      Congresso, os russos vão agora empenhar-se em medidas unilaterais
       vantajosas tais como reduzir dramaticamente o número de diplomatas
       americanos na Rússia. Para o Kremlin, essas sanções são não tanto uma
      provocação inaceitável mas sim um pretexto ideal para iniciar uma série de
      politicas internas russas. Livrarem-se dos empregados americanos na Rússia
      é apenas um primeiro passo.
       A seguir, a Rússia utilizará o comportamento francamente errático dos
      americanos para proclamar  urbi et orbi  que estes são irresponsáveis,
      incapazes de tomarem decisões adultas e basicamente que "foram à pesca".
      Os russos já fizeram isso quando declararam a dupla Obama-Kerry como
      недого ворос пособны (nedogovorosposobny: "incapazes de acordos", mais 
      aqui acerca deste conceito). Agora com Trump a assinar a sua própria
       demissão constitucional, com Tillerson incapaz de calar Nikki nas Nações
      Unidas e com Mattis e McMaster a lutarem por planos grandiosos para parar
      a "não vitória" no Afeganistão, a dupla Obama-Kerry começa a parecer quase
      adulta.
       Francamente, para os russos é o momento de ir embora.
       Prevejo que os loucos neocons não vão parar até conseguir o  impeachment
       de Trump. Além disso, prevejo que os Estados Unidos não lançarão
      quaisquer intervenções armadas importantes (até porque os Estados Unidos
      já não têm países que possam atacar com segurança e com facilmente).
      Algumas "intervenções pretendidas" (como o malfadado ataque de mísseis na
      Síria) podem ser bastante possíveis e mesmo prováveis. Este golpe interno
      em câmara lenta contra Trump irá absorver a maior parte da energia para os
      realizar e deixar a politica externa como simplesmente uma espécie de
      subproduto da política interna dos Estados Unidos.
       Os europeus do leste estão agora totalmente entalados. Vão continuar a
      observar incrédulos o desastre crescente da Ucrânia enquanto fazem jogos
      estúpidos pretendendo serem duros com a Rússia (o último exemplo desta
      espécie de "ladrar atrás da cerca" pôde ser visto no patético 
      encerramento do espaço aéreo da Roménia a um avião civil que transportava
      o vice primeiro ministro russo Dmitri Rogozin entre os passageiros). Os
      europeus reais (do ocidente) gradualmente cairão em si e começarão a fazer
      negócios com a Rússia. Mesmo Emanuel Macron de Rothschild, da França,
       provavelmente se demonstrará como um parceiro mais adulto do que o
       Donald.
       Mas a verdadeira acção estará alhures — no Sul, no Leste e no Extremo
      Oriente. A verdade simples é que o mundo simplesmente não pode ficar à
      espera de que os americanos recuperem o juízo. Há uma série de assuntos
      cruciais que precisam de ser urgentemente enfrentados, uma série de
      imensos projectos que precisam ser realizada e um mundo muito diferente e
      multi-polar que precisa ser fortalecido. Se os americanos querem
      recusar-se a salvarem-se disto tudo, se querem deitar abaixo a ordem
      constitucional que os Pais Fundadores criaram e se querem funcionar apenas
      no reino do ilusório que nada tem a ver com a realidade — estão no seu
      direito e é o seu problema.
       Washington DC começa a parecer um jardim-de-infância sob o efeito de LSD
      — algo engraçado e desagradável. Os garotos não parecem muito espertos:
      uma mistura de valentões e idiotas invertebrados. Alguns deles têm os
      dedos no botão nuclear e isso é absolutamente assustador. O que os adultos
      têm de fazer agora é descobrir uma maneira de manter os garotos ocupados e
       distraídos e distraí-los para que não apertem o maldito botão sem querer.
      E esperar. Esperar pela reacção inevitável de um país que é muito melhor e
      mais forte que os seus governantes e que agora precisa desesperadamente de
      um verdadeiro patriota para acabar com as  Feiticeiras de Sabbath em
      Washington DC.
       Vou encerrar esta coluna com uma nota pessoal. Acabei de atravessar os
      Estados Unidos, literalmente, do Rio Rogue no Oregon à costa leste da
      Florida. Durante essa longa viagem vi não só paisagens de tirar o fôlego
      mas também belas pessoas que se opõem ao baile satânico em DC com todas as
      fibras do seu ser e que querem o seu pais livre dos degenerados poderes
      demoníacos que se apossaram do Governo Federal. Vivi um total de 20 anos
      nos EUA e aprendi a amar e apreciar profundamente as muitas pessoas boas,
      decentes e honradas que aqui vivem. Longe de ver o povo americano como
      inimigo da Rússia, vejo-o como aliado natural, ainda que seja por termos o
      mesmo inimigo (os neocons em DC) e nenhuma razão objectiva para conflitos,
      nenhuma de qualquer espécie. De resto, americanos e russos são muito
      semelhantes, por vezes de um modo cómico. Tal como durante a Guerra-Fria
      nunca perdi a esperança no povo russo, agora recuso-me a perder a
      esperança no povo americano. Sim, o governo federal americano é
      desgostante, mau, nojento, estúpido, degenerado e absolutamente satânico,
      mas o povo dos Estados Unidos não é. Longe disso. Não sei se este país
      conseguirá sobreviver a este regime como EUA unitário ou se vai romper-se
      em várias entidades diferentes (algo que acho muito possível), mas creio
      que o povo americano sobreviverá e vencerá tal como o povo russo
      sobreviveu aos horrores das décadas de 1980 e 1990.
       Neste momento os Estados Unidos parecem despenhar-se num precipício muito
       semelhante àquele em que mergulhou a Ucrânia (aliás não é surpreendente,
      as mesmas pessoas infligem os mesmos desastre em quaisquer países que
      infectem com a sua presença). A grande diferença é que o seu imenso e
      inexplorado potencial irá recuperá-lo. Poderá não ser uma Ucrânia em dez
      anos, mas será definitivamente um país norte-americano, talvez diferente
      do único actual ou talvez mesmo com vários estados sucessores derivados.
       Mas por enquanto, só posso repetir o que os habitantes da Florida dizem
       quando um furacão se abate sobre eles "aferrem-se ao chão" e preparem-se
      para os tempos difíceis e perigosos que estão para vir.

      31/Julho/2017
      [NR] A lei das sanções contra a Rússia, Irão e Coreia do Norte foi
      assinada em 02/Agosto/2017. 
       O original encontra-se em 
      thesaker.is/sanctions-smoke.and-mirrors-from-a-kindergarten-on-lsd/ .
       Tradução de MA, revisão de JF. 
   In
RESISTIR.INFO
http://resistir.info/russia/saker_sancoes_ago17.html
31/8/2017

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Requião avisa: quem comprar o que Temer vender vai perder dinheiro




Senador Roberto Requião (PMDB-PR), presidente da Frente Ampla Nacionalista,
envia carta a todas as Embaixadas com as quais o Brasil tem relação diplomática
alertando-as — e aos investidores — sobre os riscos de comprarem empresas
públicas privatizadas; "O atual governo não tem nem autorização e nem
legitimidade para vender o Patrimônio Brasileiro, logo quem comprar será tomado
como receptador de mercadorias roubadas e, como tal, pode ser também
processado", diz um trecho da "Carta Aberta" contra o programa de privatizações
do governo federal

Do blog de Esmael Morais - Enquanto de um lado (do mundo) Michel Temer (PMDB) se
faz de caixeiro viajante para vender a pátria, de outro, o senador Roberto
Requião (PMDB-PR), presidente da Frente Ampla Nacionalista, envia carta a todas
as Embaixadas com as quais o Brasil tem relação diplomática alertando-as — e aos
investidores — sobre os riscos de comprarem empresas públicas privatizadas.

“O atual governo não tem nem autorização e nem legitimidade para vender o
Patrimônio Brasileiro, logo quem comprar será tomado como receptador de
mercadorias roubadas e, como tal, pode ser também processado”, diz um trecho da
“Carta Aberta” contra o programa de privatizações do governo federal.
Além da “Carta Aberta” enviada os representantes diplomáticos, Requião vai
apresentar durante coletiva nesta quarta-feira (30), em Brasília, o Projeto de
Decreto Legislativo do Congresso Nacional propondo referendo para revogar todos
os atos administrativos de Michel Temer. A consulta aos eleitores, conforme
especifica o projeto do senador do PMDB, seria realizada nas próximas eleições.
A seguir, leia a íntegra da “Carta Aberta” enviada por Requião aos embaixadores:
Carta Aberta aos embaixadores e investidores a respeito das privatizações do
governo Temer


Prezados Embaixadores e investidores no Brasil.
Por meio desta carta aberta, alertamos o corpo diplomático e os investidores com
interesses no Brasil sobre os riscos de participar das privatizações promovidas
pelo atual Governo Federal.
Toda as aquisições de bens e direitos públicos vendidos, concedidos, outorgados
ou autorizados – enfim, privatizados – pelo governo ilegítimo que está instalado
na Presidência da República do Brasil serão revertida pelo primeiro Chefe de
Estado eleito pelo voto popular.
Cuidado, porque essas privatizações não serão apenas revertidas. Serão também
duramente investigadas. Atenção ao que está acontecendo no Brasil. O mesmo rigor
que a Operação Lava Jato introduziu no sistema investigativo-punitivo brasileiro
será usado contra tudo o que o governo ilegítimo produz, ainda que sem os
excessos e a parcialidade da referida Operação.
Sim, quem comprar bens e direitos do povo brasileiro vendidos por esse governo
extensiva e comprovadamente corrupto, será de imediato considerado suspeito de
participar da corrupção e, na sequência, investigado e punido com firmeza.
Não subestimem a indignação e a ira que o povo brasileiro tem acumulado em razão
dos abusos desse governo ilegítimo.
Por quatro eleições seguidas, nos últimos 15 anos, o povo brasileiro rejeitou
nas urnas qualquer privatização. Feito por um governo ilegal desprezado por 95%
da população, isso significa uma contrariedade ainda mais gritante.
O povo brasileiro não deu procuração ao atual governo para realizar qualquer
privatização. Não reconhece a validade política e jurídica da venda de
patrimônio público realizada no governo Temer. Pior, o povo brasileiro, com toda
a razão, suspeita que essas privatizações foram e são feitas com subornos,
corrupção, trapaças e ilegalidades.
Este governo, produto de um golpe parlamentar e o atual Congresso não têm
procuração para tomar tão graves decisões sem consultar o povo brasileiro. Logo,
a aprovação pelo Congresso das leis que “formalizam” essas privatizações não
reduz a ilegitimidade e a ilegalidade do processo.
Em termos mais claros: a liquidação do Patrimônio
Público promovida por Michel Temer sem a concordância do povo, será considerada
por esse mesmo povo como a venda de mercadoria roubada, portanto serão
considerados criminosos tanto o vendedor, quanto o receptador. Punição virá para
os dois!
A Privatização ilegítima do Patrimônio Público Brasileiro será um péssimo
negócio para os compradores. Mesmo que o preço de nosso patrimônio seja
oferecido a preços muito baratos, será um péssimo negócio, porque esses preços
vis serão eles mesmos mais uma prova do crime. E esse crime será implacavelmente
punido.
Os investidores que subornarem membros do Executivo, Parlamentares ou Juízes
para aprovarem ou “legalizarem” essas privatizações fraudulentas estarão jogando
seu dinheiro no lixo e poderão ainda serem punidos com pena de prisão.
O primeiro governo legítimo eleito no país promoverá um Referendo Revogatório de
todas as privatizações. Elas serão revertidas, porque sabemos o que nosso povo
pensa sobre isso. O dinheiro gasto com elas será devolvido somente depois das
investigações que analisarão cada caso e apenas se não houver ocorrido nenhum
tipo de corrupção.
A partir desta Carta Aberta, ninguém poderá alegar desconhecimento sobre a
ilegalidade, ilegitimidade e as consequências por ter comprado os bens do povo
brasileiro. A justiça ainda não chegou, mas ela chegará. A paciência do povo já
está no fim! Não cometam essa temeridade!
Roberto Requião, Senador da República e Presidente da Frente Parlamentar Mista
em Defesa da Soberania Nacional
Patrus Ananias, Deputado Federal e Secretário-Geral da Frente Parlamentar Mista
em Defesa da Soberania Nacional
In
BRASIL 247
https://www.brasil247.com/pt/247/parana247/314578/Requião-avisa-quem-comprar-o-que-Temer-vender-vai-perder-dinheiro.htm
30/8/2017

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Raúl Zibechi: “Están a la vista los límites de la acción electoral”


por Redacción La Tinta

El periodista uruguayo habló del libro co-escrito con Decio Machado: ‘Cambiar el
mundo desde arriba. Los límites del progresismo’.
Por Leonardo Rossi para La tinta
‘Cambiar el mundo desde arriba. Los límites del progresismo’ es el nuevo libro
escrito por Decio Machado (Brasil-Ecuador) y Raúl Zibechi (Uruguay), una lectura
necesaria para pensar el campo popular de la región, en tiempos donde el minuto
a minuto electoral parece licuar las perspectivas críticas. De paso por Córdoba,
invitado por el Colectivo de Investigación ‘El llano en llamas’, Zibechi repasó
algunas observaciones del libro y otros análisis de coyuntura.
“Con el progresismo hubo más capitalismo”, plantea el colaborador de La Jornada,
Brecha y La Vaca, entre otros medios del continente, y uno de los
autores-activistas referente de las luchas de los movimientos antisistémicos. La
frase no es mera provocación, tiene un sentido profundo en torno a la
construcción de historias de vida en grandes masas de la población, con hondo
alcance en el tipo de valores colectivos e individuales que este sistema
configura y que pareció sorprender a más de uno a partir de los resultados de
las elecciones de 2015.
El libro, editado por Autonomía-Pié de los hechos, “es un intento de hacer
balance del periodo progresista y por otro lado desarmar algunas ideas falsas”.
“Sostengo que en Cuba hubo una revolución, no sé si en Bolivia o en Venezuela
hubo revolución ¿Pudo haber revolución que no haya tocado uno de elementos
centrales del aparato estatal como las Fuerzas Armadas? Ahí comparamos los
debates y procesos que hubo en Cuba con los que hubo en Bolivia y Venezuela.
Queda para mí claro que no hubo proceso revolucionario”, señala el autor.

A eso agrega otro ítem, “el famoso tema de la desigualdad”. “En el periodo
progresista disminuyó la pobreza, pero también disminuyó con los gobiernos
conservadores. Pero no disminuyó la desigualdad, porque el extractivismo es una
máquina de generar desigualdad. Entonces el trabajo busca poner en diálogo esos
temas y mostrar que el progresismo tuvo cosas interesantes, como el
empoderamiento de sectores populares, que es un efecto indirecto, pero que no
todo lo que dice el progresismo de sí mismo es como lo dice”. Y además, resalta
los “efectos negativos, como el consumismo o la dependencia de las políticas
sociales del capital financiero, algo demostrado”. “Con un dinero del Estado por
política social tengo una tarjeta con la que puedo comprar una moto o un plasma,
eso es una expansión y profundización del capitalismo”.
El trabajo repasa, por ejemplo, el crecimiento del endeudamiento de los sectores
populares en Brasil al tiempo que los bancos hicieron jugosos negocios durante
el lulismo, como nunca antes. El trabajo se orienta a debatir dentro del propio
campo popular y de las izquierdas acerca de los horizontes emancipatorios lejos
de miradas posibilistas.

En esta línea, Zibechi apunta sobre el escenario argentino: “Creo que estamos en
un momento en el que la atención a lo electoral en el campo popular ha mostrado
los límites. Tenemos unas PASO con resultados horribles, una presidencial con
resultados horribles. Antes se hablaba de los límites de la construcción
territorial, creo que está a la vista y hay que hablar de los límites de lo
electoral”.

Frente a las urgencias que marcan los voceros del sistema de partidos,
reacomodando nombres propios frente a cada elección, Zibechi deja un mensaje
acerca de los caminos de emancipación colectiva que, entiende, serán duraderos
si surgen de abajo, sin tener base en la tutela del Estado ni política social
alguna, por más progresista que sea, en contextos donde “el modelo extractivo
deja afuera a la mitad de la población”. “Debemos insistir, promover y
fortalecer las alianzas urbano-rurales, la recuperación de tierras, la soberanía
alimentaria como camino hacia la autonomía”.
Apuntes del libro
Entre las líneas de trabajo, el texto intenta pasar a discutir a partir de las
diversas experiencias revolucionarias del siglo XX, y qué tipo de subjetividad
han promovido las izquierdas en el poder. Con una marcada crítica a la visión
teleológica del marxismo ortodoxo que confió ciegamente en la apropiación de los
medios de producción controlados por Estados centralizados, sin cuestionar el
productivismo irracional ni la persistencia de la monetización de la vida, el
trabajo va pasando por textos surgidos al calor de la truncada sovietización
rusa, los ricos debates de la revolución cultural china y las reflexiones sobre
los objetivos que debiera tener la economía en la incipiente Cuba revolucionaria
de la década del sesenta. Cuestiones como el trabajo voluntario, la relación
campo-ciudad y la organización horizontal de la producción van siendo revisadas
con profundas críticas y valiosos rescates en torno a textos de Lenín, Mao y
Guevara, entre otros.
El libro recuerda las revueltas frente al neoliberalismo que atravesaron el
continente en la larga década del noventa, para luego centrarse en analizar los
progresismos, y compararlos en perspectiva histórica y coyuntural. Observar que
bajo los gobierno del PT la parte más rica de Brasil concentra más recursos que
durante el neolierbalismo, que la Colombia derechista redujo más la pobreza que
la Revolución Ciudadana de Ecuador en el mismo período o el sensible aumento de
las muertes a manos de la policía en Argentina durante el kirchnerismo comparado
con la década anterior son datos que se van entremezclando con análisis de fondo
acerca de los ‘límites del progresismo’.
El eje central del trabajo pasa por revindicar el conflicto social nacido desde
abajo como motor de las grandes transformaciones estructurales de la sociedad en
contraposición a las democracias electoralistas, que si bien han reducido la
pobreza no han sacudido las estructuras profundas de la desigualdad en el
continente: basta ver la situación de vivienda, salud pública y educación en las
diversas geografías. Asimismo no han alterado las fuerzas de seguridad ni los
mecanismos de participación y financiamiento de la política, aspectos clave en
la construcción de otros horizontes emancipatorios.

Se ha construido consenso democrático sobre la base un Estado (el mejor aliado
del capital) que actúo como dinamizador del capitalismo aliado a grandes bancos
y empresas extractivistas, transfiriendo parte de la renta para potenciar la
masa de consumidores, en tanto que el capital concentrado no sólo no fue
desarticulado sino que creció. En simultáneo el conflicto social no dirigido por
los gobiernos fue sistemáticamente deslegitimado y los espacios de democracia
directa relegados. 

Sin dejar de reconocer logros de estos gobiernos, el libro apunta a mantener
vivo el sentido crítico en el campo de los ‘abajos’ o de los ‘movimientos
antisistémicos’ contra cierta intelectualidad que “olvida los protagonistas
populares que hicieron posible el ciclo progresista y sólo atienden al papel de
los dirigentes que, en sintonía con toda tradición del pensamiento crítico,
debemos considerar que juegan un papel secundario” (162). En América Latina,
plantean los autores, la contra-hegemonía “significa poner en cuestión los
componentes sustantivos de la modernidad: el predominio de la razón científica,
el pensamiento ilustrado, el concepto de desarrollo y acumulación, así como
nuestra relación de control y dominio de la naturaleza” (100).
Punteo de la coyuntura
Consultado sobre el actual escenario en la región, específicamente sobre
Colombia y Venezuela, Zibechi reflexiona: “En algunas zonas campesinas, las FARC
era un principio de orden y freno al narco aliado a los paramilitares. Esta
transición fortalece el campo paramilitar. Veremos qué sucede. Pero la guerra
contra los de abajo sigue, en forma de goteo, porque no cesa la muerte de
dirigentes populares”. Mientras que en Venezuela observa “una puja muy fuerte de
poder, donde el madurismo mantiene un apoyo electoral importante, pero también
lo tiene la oposición”. “Es una sociedad partida al medio, y eso hace que sea
cuestión de tiempo que estalle en un conflicto”. Zibechi expresa su rotundo
rechazo y llama a “impedir la injerencia de Estados Unidos y las empresas
extranjeras” y aclara que “eso no implica apoyo al madurismo, que entiendo está
derivando en un creciente militarismo, donde el núcleo del poder está en las
Fuerzas Armadas, lo cual significa un problema”.
En torno a este escenario, dice: “sin dejar de poner la mirada en la realidad
local y el análisis de clase, hace falta prestar mucha más atención en el
crecimiento exponencial de las tensiones internacionales. Hace diez años no me
hubiese imaginado la situación actual de Siria ¿hoy es tan loco pensar esa
situación en Venezuela donde Estados Unidos, Rusia y China tienen intereses? El
escenario se está moviendo muy rápido, y nuestra capacidad de comprensión de la
realidad internacional no se está moviendo tan rápido. Hago un llamado a pensar
geopolíticamente desde los movimientos”.
*Por Leonardo Rossi para La tinta. Foto: Colectivo Manifiesto.

In
LA TINTA
http://latinta.com.ar/2017/08/zibechi-limites-electoral/
25/8/2017

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Apelo aos brasileiros de boa vontade, por Luís Nassif



Luis Nassif

Atenção, Anfavea. Essa negociata que estão fazendo com o setor elétrico vai
bater direto nos seus custos. Pretendem ampliar o que o governo Fernando
Henrique Cardoso fez lá atrás. O Brasil tinha a energia mais limpa e barata do
mundo, por conta de hidrelétricas já amortizadas. E FHC definiu a descontratação
dessa energia, elevando substancialmente o valor das tarifas e inviabilizando
diversos setores eletro intensivos, além de acabar com um grande trunfo que o
país dispunha, na competição internacional.
Esse quadro voltou, reverteu nas últimas renovações de concessão.
O que se pretende, agora, é descontratar o que resta dessa energia,
especialmente nas usinas da Eletrobrás, jogando os preços nas alturas, como
ocorreu nos anos 90.
  ​
Significa que seus automóveis ficarão mais caros. Tudo bem, podem importar. Mas
o mercado de consumo será cada vez mais fraco, já que sem energia competitiva, a
indústria irá degringolar mais ainda.
Atenção, sojicultores: a bancada do agronegócio está rifando seu futuro.
Sabe as três hidrelétricas do Tapajós? Pois é, além da geração de energia
garantiriam a navegabilidade do rio e o escoamento de toda a safra do norte do
Mato Grosso ao Pará. Vocês se lembram daqueles estudos do Departamento de
Agricultura dos EUA, estimando que a soja norte-americano iria para o beleléu
quando fosse resolvido o problema da logística da região, pois é o único bioma
que permite três safras por ano? Pois é, os gringos conseguiram virar o jogo com
o desmonte do setor elétrico e o governo Temer rifando as grandes empresas do
setor e, com elas, a possibilidade de hidrelétricas e de rios navegáveis. E,
além disso, com o fim do Luz para Todos, esqueçam aquela história de
universalizar o acesso à energia elétrica no campo.
Atenção, ambientalistas, sabe aquela história da energia mais limpa do planeta?
Pois com as mudanças que estão ocorrendo no setor elétrico, haverá apenas
termoelétricas abastecidas com o gás e o petróleo que as multinacionais irão
extrair do pré-sal. Sabem aquela história da barba e do cabelo? Numa ponta,
garantem os poços do pré-sal. Na outra, matam a competição da energia
hidrelétrica e das renováveis.
Atenção, Forças Armadas, sabem aquela história de que energia é soberania? Pois
é, o setor elétrico será entregue aos chineses, o petróleo aos americanos. E o
projeto Amazônia Azul será bancado pela IV Frota, já que os ativos a serem
defendidos serão os deles.
Atenção, Sergio Moro e procuradores do Power Point, sabem aquela história da
maior ação contra a corrupção do planeta, da história da humanidade? Conseguiram
o recorde de entregar o país à mais irresponsável organização criminosa.
Anos atrás, quando a Xerox bancou um centro esportivo e uma escola em uma favela
do Rio, o tráfico fazia a segurança da escola, pois entendia a importância da
iniciativa para o futuro de seus filhos. A quadrilha que vocês ajudaram a
colocar no poder não tem sequer essa sensibilidade dos narcotraficantes. Eles
jogaram no chão os preços dos ativos do setor elétrico e de petróleo para
vende-los na bacia das almas. É estelionato! Estão rifando o país, o futuro,
estão comprometendo a vida dos nossos, dos seus filhos.
Não dá para assistir inertes a essa queima, porque não tem volta. Depois que
completarem a obra, como desfazê-la?
Atenção, Anfavea, Abimaq, Abdib, atenção ruralistas, ambientalistas, Forças
Armadas, brasileiros com responsabilidade em relação ao futuro: movam-se! Pelo
amor de Deus! Por respeito ao país!

In
JORNAL GGN
http://jornalggn.com.br/noticia/apelo-aos-brasileiros-de-boa-vontade-por-luis-nassif
25/8/2017

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

O projeto militar dos Estados Unidos para o mundo




 por Thierry Meyssan

Tradução de Ricardo Cavalcanti-Schiel
Há 70 anos que a obsessão dos estrategistas norte-americanos não tem nada a ver
com a defesa do seu povo, mas sim com a manutenção da superioridade militar dos
Estados Unidos sobre o resto do mundo. Durante a década que vai da dissolução da
União Soviética aos atentados de 11 de setembro de 2001, eles buscaram as mais
diferentes maneiras de intimidar a tudo o que resistisse à dominação
norte-americana.
Harlan K. Ullman desenvolveu a ideia de aterrorizar as populações,
desfechando-lhes um golpe descomunal sobre suas cabeças (shock and awe: choque e
pavor) [Ullman, Harlan K. & Wade, James P. 1996. Shock and Awe. Achieving Rapid
Dominance. Washington D. C.: National Defense University Press.]. Seu paradigma
era o uso da bomba atômica contra os japoneses, e, na prática, isso significou
despejar uma chuva de mísseis de cruzeiro sobre Bagdá.
  ​
Os discípulos do filósofo Leo Strauss sonhavam com combater e ganhar várias
guerras ao mesmo tempo (full-spectrum dominance: domínio em largo espectro).
Vieram então as guerras do Afeganistão e do Iraque, comissionadas a um comando
comum [Mahajan, Rahul. 2003. Full Spectrum Dominance. U.S. Power in Iraq and
Beyond. Nova Iorque: Seven Stories Press.].
O almirante Arthur K. Cebrowski preconizava a reorganização das forças armadas
de modo a tratar e compartilhar uma enormidade de dados de maneira simultânea.
Assim, os sistemas automáticos poderiam um dia indicar instantaneamente as
melhores táticas [Alberts, David S.; Garstka, John J. & Stein, Frederick P.
Network Centric Warfare: Developing and Leveraging Information Superiority.
Washington D. C.: Command and Control Research Program – Departamento de
Defesa.]. Como veremos em seguida, as profundas reformas que ele iniciou não
tardaram a produzir frutos venenosos.
O pensamento neoimperialista norte-americano
Essas ideias e obsessões começaram levando o presidente Bush e a Marinha à
elaboração do mais vasto programa internacional de sequestro e tortura, que pode
ter alcançado 80.000 vítimas, para mais adiante fazer com que o presidente Obama
pusesse em marcha um programa de assassinatos, em especial por meio do uso de
drones, mas também por meio do uso de comandos especiais, que passaram a operar
em 80 países, com o suporte de um orçamento anual de 14 bilhões de dólares
[Shaw, Ian G. R. 2016. Predator empire: drone warfare and full spectrum
dominance. Minneapolis: University of Minnesota Press.].
A partir do 11 de setembro, o assistente do almirante Cebrowski, Thomas P. M.
Barnet, proferiu numerosas conferências no Pentágono e nas escolas de comando e
estado maior, para anunciar aquele que seria o novo mapa mundi, segundo o alto
comando da Defesa [Barnett, Thomas P. M. 2004. The Pentagon’s New Map. War and
Peace in the Twenty-First Century. Nova Iorque: Putnam Publishing Group.]. Essa
projeção começou a tomar corpo por meio das reformas estruturais das forças
armadas norte-americanas, nas quais se reconhece uma nova visão de mundo. Só que
esse projeto parecia inicialmente tão delirante que os observadores estrangeiros
apressadamente o consideraram apenas como mais um golpe de retórica, visando
insuflar medo nos povos que os Estados Unidos pretendiam dominar.
Barnett afirmava que, para manter sua hegemonia mundial, os Estados Unidos
teriam que jogar ao mar uma parte da carga, ou seja, dividir o mundo em dois,
para ficar com o que interessa. De um lado ficariam os Estados “estáveis” (os
membros do G-8 e seus aliados), e do outro, o resto do mundo, considerado tão
apenas como um reservatório de recursos naturais. À diferença dos seus
predecessores, Barnett já não considerava mais o acesso a esses recursos como
vital para Washington, mas pretendia que eles só fossem acessíveis aos Estados
“estáveis” pela mediação dos recursos e serviços militares dos Estados Unidos.
Portanto, convém destruir sistematicamente todas as estruturas estatais no
âmbito desse “reservatório de recursos”, de maneira que ninguém aí possa jamais
se opor aos desígnios de Washington, nem tratar diretamente com os Estados
“estáveis”.
Quando de seu Discurso sobre o Estado da União, proferido em janeiro de 1980, o
presidente Carter enunciou sua doutrina: Washington considerava o abastecimento
da sua economia pelo petróleo do Golfo como uma questão de segurança nacional. O
Pentágono será então dotado do CentCom (United States Central Command) para
controlar essa região. Hoje, no entanto, Washington obtém menos petróleo do
Iraque e da Líbia do que o que se produzia antes das guerras contra esses
países... e não está muito se importando com isso.
A ideia de destruir as estruturas estatais remete-se ao caos, um conceito
emprestado de Leo Strauss, ao qual Barnett dá um novo sentido. Para aquele
filósofo judeu, depois do fracasso da República de Weimar e, por consequência, o
advento da Shoah (o Holocausto), o povo judeu não poderia mais confiar nas
democracias. O único modo de se proteger de algum novo nazismo seria instaurar
sua própria ditadura mundial ― em nome do Bem, “evidentemente”. Seria preciso
então destruir alguns Estados recalcitrantes, mergulhá-los no caos, para poder
reconstruí-los de acordo com novas normas [Drury, Shadia B. 1988. Political
Ideas of Leo Strauss. Londres: Palgrave Macmillan. ― Norton, Anne. 2005. Leo
Strauss and the Politics of American Empire. New Haven: Yale University Press. ―
Gottfried, Paul Edward. 2011. Leo Strauss and the conservative movement in
America: a critical appraisal. Cambridge: Cambridge University Press. ―
Minowitz, Peter. 2009. Straussophobia: Defending Leo Strauss and Straussians
Against Shadia Drury and Other Accusers. Lanham: Lexington Books.].
Isso é exatamente o que dizia Condoleezza Rice, durante os primeiros dias da
guerra de 2006 contra o Líbano, quando ainda parecia que Israel podia sair
vitorioso:
“Não reconheço o interesse da diplomacia, se é para retornar ao statu quo ante
entre Israel e o Líbano. Creio que isso seria um erro. O que vemos aqui, de
certa maneira, é um começo, são as contrações do nascimento de um novo Oriente
Médio e, seja lá o que façamos, temos de estar certos de que avançamos em
direção a esse novo Oriente Médio, e de que não retornaremos ao anterior”.
Para Barnett, no entanto, não bastaria mergulhar no caos apenas os povos
recalcitrantes, mas todos aqueles que não alcançaram um certo nível de vida. E
uma vez que sejam reduzidos ao caos, aí devem ser mantidos.
Em certa medida, a influência dos seguidores de Leo Strauss andou declinando no
Pentágono após a morte de Andrew Marshall, idealizador do “giro para a Ásia”
[Krepinevich, Andrew F. & Watts, Barry D. 2015. The Last Warrior: Andrew
Marshall and the Shaping of Modern American Defense Strategy. Nova Iorque: Basic
Books.].
Uma das grandes rupturas entre o pensamento de Barnett e o dos seus
predecessores reside na ideia de que a guerra não deve ser conduzida contra
Estados em particular, por razões políticas, mas contra regiões inteiras do
mundo pelo fato de que elas não estão bem integradas no sistema econômico
global. Evidentemente que se começará por esse ou aquele país, mas o mais
importante é propiciar o efeito de contágio, até que tudo seja destruído, como
se está vendo no Oriente Médio ampliado. Hoje, o estado de guerra se mantém,
inclusive com blindados, tanto na Tunísia e na Líbia, quanto no Egito (Sinai),
na Palestina, no Líbano (em Ain el-Helue e Ras Baalbeck), na Síria, no Iraque,
na Arábia Saudita (na cidade de Qatif), no Bahrein, no Iêmen, na Turquia (em
Diyarbakir) e no Afeganistão.
Por conta disso, a estratégia neoimperialista de Barnett precisa se apoiar
necessariamente sobre elementos da retórica de Bernard Lewis e de Samuel
Huntington sobre a “guerra de civilizações”. Como é impossível justificar a
sumária indiferença pelo destino dos povos daquele “reservatório de recursos
naturais”, pode-se ainda persuadir as pessoas de que nossas civilizações são
incompatíveis.

Mapa inicialmente apresentado por Thomas P. M. Barnett em uma conferência
realizada no Pentágono em 2003. Os países dentro da área rosa são considerados
como “não-integrados” ao “centro operativo” do mundo globalizado. Esta cópia foi
extraída de um Powerpoint do Estado Maior Conjunto dos Estados Unidos.
A aplicação do neoimperialismo norte-americano
É exatamente essa política da qual vínhamos tratando que foi posta em prática a
partir do 11 de setembro. Nenhuma das guerras que se iniciaram desde então
terminaram. Após 16 anos, as condições de vida dos afegãos são, a cada dia, mais
terríveis e perigosas. A reconstrução do seu Estado, anunciado sob os termos de
um planejamento similar àquele do modelo da Alemanha e do Japão após a Segunda
Guerra, jamais chegou a acontecer. A presença de tropas da OTAN em nada melhorou
a vida dos afegãos. Pelo contrário, ela se deteriorou ainda mais. É forçoso
constatar que essa presença é, hoje, antes de mais nada, a causa do problema. A
despeito dos discursos tranquilizadores sobre a ajuda internacional, a presença
das tropas estrangeiras lá apenas aprofunda e mantém o caos.
Em momento algum, desde que as tropas da OTAN desembarcam, os motivos oficiais
para a guerra se revelam verdadeiros, nem no caso do Afeganistão (a
responsabilidade do Talibã nos atentados de 11 de setembro), nem no caso do
Iraque (o apoio de Sadam Hussein aos terroristas do 11 de setembro e a
fabricação de armas de destruição massiva para atacar os Estados Unidos), nem no
caso da Líbia (o bombardeio do exército sobre o próprio povo), nem no caso da
Síria (a ditadura do presidente Assad e da seita alauita). E em nenhum dos
casos, jamais a derrubada de algum governo pôs fim às guerras que aí se
iniciaram.
As “primaveras árabes”, ainda que sejam fruto de uma ideia do MI6, o serviço de
inteligência britânico (Military Intelligence, Section 6), que se vincula
diretamente ao modelo da “revolta árabe de 1916” e das façanhas de Lawrence da
Arábia, acabaram se inscrevendo no plano geral da estratégia norte-americana. A
Tunísia tornou-se ingovernável. No Egito, o exército retomou o controle da
situação e o país tenta hoje, com bastante esforço, respirar. A Líbia tornou-se
um campo de batalha; não após o Conselho de Segurança da ONU adotar uma
resolução clamando a proteção da população, mas a partir do assassinato de
Muamar Kadhafi e a vitória da OTAN.
A Síria, tão apenas, tornou-se um caso excepcional, uma vez que o Estado não
chegou a passar às mãos da Irmandade Muçulmana, para que eles pudessem instalar
o caos no país. No entanto, numerosos grupos jihadistas egressos da Irmandade
controlaram ― e ainda controlam ― partes do território onde, aí sim, instalou-se
o caos. Nem o califado do Estado Islâmico (Daesh), nem Idlib sob o controle da
Al-Qaida chegam a conformar Estados onde o Islã possa florescer, mas apenas
zonas de terror, sem escolas ou hospitais.
É provável que, graças a seu povo, a seu exército e a seus aliados russos,
libaneses e iranianos, a Síria consiga escapar do destino traçado para ela em
Washington. No entanto, o Oriente Médio ampliado continuará a arder até que seus
povos compreendam os planos dos seus inimigos.
O mesmo processo de destruição lança seus primeiros passos no noroeste da
América do Sul. A mídia ocidental trata com desdém as conturbações na Venezuela,
mas uma vez que a guerra comece, ela não se limitará a esse país. Ela tenderá a
se espalhar pela região, ainda que as condições econômicas e políticas de cada
Estado que a compõe sejam bastante diferentes.
Os limites do neoimperialismo norte-americano
Os estrategistas norte-americanos adoram comparar o poder dos Estados Unidos com
o do Império Romano. No entanto, os romanos aportavam segurança e opulência aos
povos que conquistavam e integravam; construíam monumentos e racionalizavam suas
instituições. Ao contrário, o neoimperialismo norte-americano não tem nada a
aportar, nem aos Estados “estáveis” nem ao que ele considera mero “reservatório
de recursos naturais”. Ele planeja tão apenas extorquir os primeiros e destruir
os laços sociais que sedimentam os últimos. Ele sequer deseja exterminar esses
últimos, mas apenas fazê-los sofrer de tal modo que o caos em que vivam convença
os Estados “estáveis” a não ir buscar neles recursos naturais senão sob a
proteção das forças militares dos Estados Unidos.
Até aqui o projeto imperialista considerava que “não se pode fazer omeletes sem
quebrar os ovos”. Ele admitia que teria que cometer massacres “colaterais” para
estender sua dominação. Daqui por diante, ele parece ter começado a planejar
massacres generalizados para impor definitivamente sua autoridade.
O neoimperialismo norte-americano supõe que os demais Estados do G-8 e seus
aliados aceitem que os Estados Unidos “protejam” os interesses daqueles mundo
afora, por meio das suas forças militares. Se isso parece não ser um problema
para o caso da União Europeia, já submissa depois de tantos anos, pode, no
entanto, que venha a ser objeto de discussão dura com o Reino Unido, e,
seguramente, será impossível com a Rússia e a China.
Lembrando sua “relação especial” com Washington, Londres já exigiu ser tratada
como sócia no projeto norte-americano de governar o mundo. Esse foi o sentido da
viagem de Theresa May aos Estados Unidos em janeiro de 2017, no que acabou
ficando sem resposta.
De outra parte, é impensável que as forças militares norte-americanas assegurem
a segurança das “rotas da seda” tal como as rotas comerciais estão estabelecidas
hoje, em parceria com seus homólogos britânicos, por meio de vias marítimas e
aéreas. Do mesmo modo, é também inimaginável fazer a Rússia se curvar e cair de
joelhos, ainda mais depois de manobrar para retirá-la do G-8 por conta de seu
envolvimento na Síria e na Crimeia.

Sugestões do tradutor:
Para saber mais sobre a “estratégia do caos” e sua aplicação:
- A estratégia do caos;
- Caos: Prática e Aplicações;
- A última potência hegemônica: aqueles a quem os deuses destruirão
Para quem lê em francês, o melhor “briefing” sobre os fundamentos dessa
estratégia:
- Leo Strauss: l’idéologie fasciste des faucons.
Sobre os termos gerais de uma “nova guerra fria”:
- Nova guerra fria: faz sentido?

In
JORNAL GGN
http://jornalggn.com.br/blog/ricardo-cavalcanti-schiel/o-projeto-militar-dos-estados-unidos-para-o-mundo-por-thierry-meyssan
23/8/2017

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

La Alianza Bélica OTAN atenta en Barcelona contra la Alianza de Civilizaciones y la Guerra de Clases


Por  Pablo Heraklio
 


La barbarie se cierne, esta vez sobre Barcelona. Ante el horror y la solidaridad
con las víctimas solo podemos reflexionar sobre las causas y sus consecuencias
para que no se vuelva a repetir.
Por desgracia las causas del problema parecen que en vez de disminuir aumentan.
Cuanto más arrecian con atentados más debemos estar atentos y unidos, porque lo
que estamos viendo detrás del velo mediático es pura Guerra de Clases.
Causas
El atentado de Barcelona no fue una represalia contra España por vender armas,
son bienvenidas, o para evitar envíos de tropas, se siguen enviando; fue
planificado militarmente, ordenado supuestamente por el Imán de Ripoll, al que
ya se conecta con los atentados de Atocha del 11-M de 2004. A raíz de la
aparición de documentación supuestamente colocada a propósito ya comienza a
cuestionarse la versión oficial. Sea o no sea él, alguien entrenado en la
materia captó y preparó un comando de fanáticos, pagado por el dinero del
petróleo haciendo un servicio a la industria bélica.
Sus máximos beneficiarios las FSE españolas que engrosan sus dotaciones, la OTAN
engrosa sus presupuestos y los grupos mercenarios árabes que se desplegarán
desde Afganistán a Marruecos.
La política hegemónica de la OTAN queda definida por sus doctrinas y aplicada
por sus miembros y aliados. Podemos decir sin ningún tipo de dudas que fue la
Infame Alianza Atlantica OTAN la que por medio de sus socios árabes, en concreto
Arabia Saudí, Qatar y Emiratos Árebes, financiaron la operación, reclutaron al
personal y enviaron a los asesinos. Son los mismos que llevan atentando en
Europa desde el fin de la 2 Guerra Mundial por medio de la red “Stay Behind/
Gladio“.
Responsables

Fueron agentes marroquíes pero no es el pueblo el pueblo marroquí quien atenta.
Ni si quiera la religión islámica la que asesina, fueron unos individuos
ideologizados y politizados. España vende armas a los patrocinodores del
atentado, la monarquía saudita, Felipe VI es el principal responable de las
negociaciones de tratados con la monarquia Saud. Pero tampoco es el pueblo
español el que vende armas a los sauditas, ni es el pueblo americano el que
financia el DAESH y Al-Qaeda o bombardea.

Hay atentados y hay muerte, gente que lo organiza y gente que se enriquece.
¿Quienes son? Son los líderes, políticos, religiosos, militares y económicos en
su predación de beneficios y recursos, junto con sus hordas de sicarios, los que
cometen los homicidios. Uno no iría si no lo mandase el otro. Los verdaderos
responsables tienen nombre de sobra conocido por todos, todos los que se
benefician de la masacre: nacionales como Morenés, Cospedal, Moratinos, Zoido,
Borbón o arquitectos y estrategas internacionales como McCann, Mattis, Pompeo,
bin Abdulaziz, al-Zawahirí, Al-Golani…pero hay muchos más. Hay muchas
sanguijuelas que viven de esto, desde asesinos como Policía NAcional, Guardia
Civil, CNI, CIA, MI5, Mosad, FSA, Al-Nushra, fabricantes de muerte como Airbus,
Indra, Locked MArtin, Northop, BAE a los vendedores de suministros como
Microsoft, Apple, Google, Toyota, o los mercaderes de mentiras, como la NBC,
BBC, NYT, El País, o los grandes vencedores, los financiadores como la conocida
Banca Armada, bancos como el Santander, BBVA, BNParibas, HSBC, RBS, Deutchbank,
city.
EEUU dice solidarizarse con Barcelona pero esta noche 18.8.2017 lo ha vuelto a
hacer: Bombardear al ejército sirio que lucha contra el DAESH.
Método
Más allá de cómo se financió el atentado interesa conocer quiénes eran y cómo
fueron captados. Los terroristas ni si quiera vienen de las zonas de guerra, son
seres suburbiales crecidos en Europa, peones marginados, ciudadanos
mediatizados, con el cerebro no más lavado que los soldados que van al frente,
solo hay que oír su discurso; ningunos son diferentes a nosotros, todos crecimos
en las mismas escuelas. Fueron pobres miserables del gueto transformados en
soldados fascistas de la Yihad islamista. Terroristas entresacados de los
criaderos modernos y captados por los nuevos métodos tecnológicos de psy-ops e
internet a base de ideología barata, vídeos y chats. La Granja Humana. Un
ideólogo les capta. Alguien paga al ideólogo. De nuevo todo apunta a la OTAN.
Unos matan por la religión, otros por el nacionalismo. Todos en busca de la
dominación y la imposición. Desertores del arado que perdieron el norte y se
dedican a matar clamando nombre ajeno. En este sentido no se diferencian de la
extrema derecha que hemos visto usar las mismas técnicas en Charlottesville –
Estados Unidos. Todos tienen algo común, sea de corte militar o religioso, se
autodenominen o no, son TODOS SON FASCISTAS.

Objetivos
El más inmediato es la justificación de la guerra y la represión, aunque no se
sepa muy bien que guerra.

Una guerra de civilizaciones como los fascistas lo llaman: nacional, religiosa y
sexual. Su efecto más evidente es el desplazamiento de presupuestos de fines
sociales a Seguridad-militares; es decir, potenciar los efectos de la política
neoliberal de recortes y privatizaciones en medio de una economía de beneficios
decrecientes.
Pero este es solo el más evidente. Hay uno tal vez más importante: es evitar la
solidaridad entre pueblos, una alianza entre árabes y europeos. Quieren evitar
una alianza laica:
– que los árabes abandonemos las locuras de los predicadores
– que los asiáticos reivindiquemos nuestros derechos como trabajadores
– que los millones de subsaharianos salgamos de las maquilas del capital y nos
organicemos
– que los europeos abandonemos el fascismo y los prejuicios
– que las mujeres tengamos los mismos derechos que los hombres y vivamos sin
miedo
– que los homosexuales nos expresemos
– que todos olvidemos nuestro nacionalismo y color de la piel
En definitiva: quieren mantener los guetos separados, incomunicados, temerosos
los unos de los otros en sus cárceles al aire libre.
Para ello nos tienen que conducir hacia una ideología muy concreta, que sostenga
esta separación, una ideología reaccionaria basada en el ODIO y la intolerancia:
fascismo en cualquiera de sus formas, bien sea política o religiosa.
Es decir quieren detener el avance de la Guerra de Clases. Si los medios de
comunicación y la represión policial-militar no es suficiente lo harán a
cualquier precio, aunque sea con atentados y muerte como hemos visto.
Conclusiones
Es ahora más que nunca cuando empezarán los atentados. ¿Porqué? Nos lo dicen los
propios rotativos en titulares: La banca francesa teme un levantamiento de la
clase obrera en los países de la OCDE | Diario Octubre 19.8.2017

La única guerra que puede acabar con la matanza es la Guerra de Clases que lleve
a la eliminación de los los privilegios de las élites guerreras; las élites que
impiden el desarrollo pacífico de los pueblos.
Para crear un frente civilizatorio cada uno de sus miembros deberá superar las
barreras ideológicas impuestas por su respectiva culturas, barreras establecidas
para limitarnos, siendo la religión, el nacionalismo, el racismo, el capitalismo
y el machismo las más importantes.
Por ello todos los poderes nos empujan y empujarán aún más a dividirnos, siendo
el asesinato una más de las opciones.
La manera más fácil de acabar con la Guerra de Clases es empezar una guerra
cultural: nacional, religiosa, sexual, étnica… la lacra mental de la
irracionalidad, la suplantación de intereses y valores.
Las élites han superado estas diferencias culturales encontrando un punto común,
la explotación del capital. Así los fascistas americanos se alían con sus
archienemigos judíos y estos con los árabes, chiitas con sunitas, católicos con
protestantes para mantener su estatus quo.
El siguiente paso en un estado policial-militar al estado de alerta es el estado
de emergencia, esto es, la contención racial en guetos y el control humano.
Ante la agresión criminal de los sicarios del poder unión fraternal con toda la
humanidad
Salud! PHkl/tctca

In
KAOSENLARED
http://kaosenlared.net/la-alianza-belica-otan-atenta-barcelona-la-alianza-civilizaciones-la-guerra-clases/
21/8/2017

domingo, 20 de agosto de 2017

Xadrez da influência dos EUA no golpe



Luis Nassif

A cada dia que passa fica mais nítida a participação de forças dos Estados
Unidos no golpe do impeachment. Trata-se de tema polêmico, contra o qual
invariavelmente se lança a acusação de ser teoria conspiratória. O ceticismo
decorre do pouco conhecimento sobre o tema e da dificuldade óbvia de se
identificar as ações e seus protagonistas. Imaginam-se cenas de filmes de
suspense e de vilões, com todos os protagonistas  orientados por um comitê
central.
Obviamente não é assim.
Um golpe sempre é fruto da articulação das forças internas de um país, não
necessariamente homogêneas, e, em muito, da maneira como o governo atacado
reage. No decorrer do golpe, montam-se alianças temporárias, em torno do
objetivo maior de derrubar o governo. Há interesses diversos em jogo, que
provocam atritos e se acentuam depois, na divisão do butim.
  ​
A participação gringa se dá na consultoria especializada e no know-how da
estratégia geral.
E aí entram os princípios básicos, copiados das estratégias de guerra:
Etapa 1 - Ataques da artilharia: a guerra de desgaste, de exaurir
antecipadamente o inimigo por meio de ataques diuturnos de artilharia.
Etapa 2 – a guerra psicológica, visando conquistar corações e mentes das
populações dos países adversários contra suas tropas.
Etapa 3 – a primeira ofensiva, juntando o avanço dos tanques de guerra com ações
táticas de Infantaria, visando impedir o inimigo de realizar determinadas
operações
Etapa 4 – simultaneamente à Etapa 3, táticas de dividir as forças adversárias
para ataca-las uma de cada vez.
Etapa 5 - Vencida a guerra, ocupar o país com um governo local que, ante um
quadro de destruição ampla, ganhará legitimidade inicial com suas propostas de
reconstrução. Por isso a destruição tem papel central na conquista do
território, seja no decorrer da guerra ou no desmonte posterior.
Etapa 6 – a batalha decisiva. A aceitação ou não, da população do país, do
modelo imposto pela guerra.
Vamos, agora, analisar o Caso Brasil.
Etapa 1 – os ataques de artilharia
Tem a função de fustigar os inimigos diuturnamente, de maneira a tirar seu
fôlego e preparar o terreno para o início da batalha e o avanço da infantaria.
Quem acompanha as sutilezas do jornalismo pátrio percebeu nítida mudança no
estilo editorial a partir do advento do Instituto Millenium que ajudou a definir
um tipo de jornalismo de guerra mais sofisticado, e ser o ponto de convergência
dos jornalistas que atendiam à demanda dos grupos jornalísticos por guerreiros.
Até então, a mídia atuava atabalhoadamente com factoides inverossímeis, dentro
do que ficou conhecida como a era do jornalismo de esgoto.
A partir de determinado momento – e, especialmente, das notícias geradas pela AP
470, do mensalão – os ataques mudam de enfoque. Em vez do linguajar agressivo,
cobertura intensiva do material fornecido pelo Ministério Público Federal e pelo
relator Joaquim Barbosa, em linguagem aparentemente neutra, mas sempre incluindo
frases-padrão. Em qualquer matéria, mesmo sem ligação alguma com a AP 470,
qualquer menção ao PT era acompanhada de frases–padrão, tipo “partido que foi
acusado de corrupção pelo STF”, e outros termos similares, repetidos
exaustivamente. Instituiu-se método na campanha midiática.

Etapa 2 – a conquista de corações e mentes
Nas manifestações de junho de 2013 ocorreu a primeira explicitação do mal-estar
coletivo com o início da crise. Antes, houve um trabalho crescente dos grupos de
ultradireita nas redes sociais, se sobrepondo à jovem militância de esquerda que
ficou rendida, sem informações e sem argumentos do lado de um governo, incapaz
de articular um discurso político.
Factoides de apagão, de epidemias, ataques ao Enem, à organização  Copa do
Mundo, tudo ficava sem resposta, sem informações do governo, deixando o campo
aberto para o golpismo.
Os primeiros organizadores de encontros, jovens de extração de esquerda, foram
jogados ao mar pela própria esquerda.
Sem competidores, os movimentos estimulados pelo exterior ganharam fôlego e o
comando das ruas passou para grupos, como o MBL (Movimento Brasil Livre) e o Vem
prá Rua, bancados financeiramente e com know-how de grupos empresariais
norte-americanos, como os irmãos Koch, e brasileiros, como Jorge Paulo Lehman.
O know-how consistia na habilidade em criar agentes políticos do nada,
valendo-se apenas das novas formas de comunicação e organização das redes
sociais. Pelo extremo baixo nível das lideranças, percebe-se a enorme facilidade
em se criar protagonistas para conduzir os movimentos de manada nas redes
sociais

A Rede Globo levou dois dias para perceber que os aliados tinham assumido a
iniciativa. Imediatamente seus comentaristas se alinharam em defesa das
manifestações, depois de a terem desancado impiedosamente no início.
Nos links abaixo, algumas matérias explicativas desses movimentos de bilionários
organizando a militância:
Intercept: a influência esférica da direita na América Latina
Esfera de influência: como os libertários americanos estão reinventando a
política latino-americana.
Quem são os irmãos Koch
É movimento que repete o fenômeno da direita empresarial norte-americana nos
anos 60, com grupos como o W.R.Grace, de irlandeses católicos fundamentalistas,
investindo em cruzadas em países da América Latina.
Leia aqui sobre os Grace e sua Campanha Pelo Rearmamento Moral:
A relação de Patrick Peyton com a ditadura militar
A vinda do padre Peyton ao Brasil
Etapa 3 – o ataque com tanques e infantaria
A conquista de corações e mentes foi relativamente simples. Havia o dado
concreto do mal-estar econômico. Bastou forçar nas relações de causalidade com
Dilma e o PT, trabalho facilitado pela incapacidade de ambos de entender o
momento e enfrentar o jogo tanto no campo político quanto da comunicação.
As manifestações de rua acionaram a bomba de efeito retardado, que catapultou a
guerra para a etapa decisiva.
As ações que permitiram transformar um pequeno processo de Curitiba em um
escândalo do Rio de Janeiro, capaz de derrubar um governo em Brasília, foram
alimentadas pelo DHS, o poderoso Departamento do governo dos EUA, que surge a
partir dos atentados às Torres Gêmeas, organizando as ações de 23 departamentos
internos na luta contra o terrorismo e as organizações criminosas. Quando os EUA
definem o combate à corrupção como ponto central de sua nova geopolítica, o DHS
assimila o novo pacto comn o mundo corporativo dos EUA.
Ele se torna o ponto de contato com Ministérios Públicos em todo mundo, no
modelo da cooperação internacional, ao mesmo tempo em que novas leis
anticorrupção são aprovadas por organismos internacionais. A primeira
aproximação com o Brasil foi no caso Banestado. A partir daquele episódio,
estreitam-se as relações do DHS com o juiz Sérgio Moro e o grupo de procuradores
que assume a Lava Jato.
Leia aqui sobre o DHS.:
Xadrez de como Serra tentou fincar um pé na cooperação internacional


Provavelmente vem do DHS o know-how de estratégias político-midiáticas da Lava
Jato, a organização das informações em sites, a criação de perfis de
procuradores e, mais à frente, a utilização política dos vazamentos. Antes
disso, a seleção de procuradores e delegados que atuaram de forma harmônica.
Junto com o bombardeiro de tanques, ocorreram também operações táticas de
infantarias, com a divulgação de conversas gravadas da presidente e a
sincronização da agenda policial com a agenda política do impeachment.
Etapa 4 – a divisão das forças inimigas
A corrupção política contaminou todos os partidos, sem exceção. As delações dos
executivos de empreiteiras forneceram um amplo arsenal para a Lava Jato, podendo
selecionar os alvos a serem atingidos.
A atuação da Lava Jato visou três objetivos centrais, todos diretamente
relacionados com os interesses norte-americanos, dificultando radicalmente o
retorno ao modelo combatido:
·       Inviabilizar rapidamente as multinacionais brasileiras que competiam com
grupos norte-americanos no exterior;
·       Derrubar o governo Dilma e, com ele, a legislação do pré-sal;
·       Inabilitar Lula politicamente.
Para que nada se interpusesse no caminho, tratou de poupar Michel Temer,
principal personagem do escândalo da Eletronuclear, assim como Eduardo Cunha,
que só foi preso depois de consumado o impeachment. E foi por isso que a maioria
absoluta dos delatores conseguiu a libertação bastando, para tanto, as
palavrinhas mágicas: Lula ou Dilma sabia.
Agora, uma checagem minuciosa mostra um trabalho relapso, muito mais focado na
quantidade que na qualidade das delações. Mas obedecia à estratégia de
comunicação, de não dar um minuto de folga aos inimigos (PT e Lula). Cada
declaração, mesmo vazia e sem provas, alimentava o noticiário diário, insuflava
o clamor das ruas e atraía adesões do Judiciário.
Etapa 5 – a ocupação do território inimigo
A estratégia pós-impeachment consistiu em implementar rapidamente um conjunto
radical de medidas visando fazer terra arrasada do modelo econômico vigente.
Antes mesmo do impeachment já haviam sido fincadas as bases do acordo com os
coronéis do PMDB, em torno da tal Ponte Para o Futuro. A ponto do próprio Temer,
em evento nos EUA, afirmar que Dilma caiu por não ter aderido aos pontos da tal
Ponte.
É evidente que havia um documento, que foi entregue pessoalmente aos líderes do
PMDB por representantes do tal do mercado.
Provavelmente, a cabeça por trás da Ponte para o Futuro, e do trabalho de
demolição do orçamento, foi Marcos Lisboa, espécie de menino de ouro do
liberalismo pátrio e ponto de contato entre os grupos de mercado, os políticos
do PMDB re a alta burocracia pública, graças ao contatos desenvolvidos em seu
tempo de assessor do ex-Ministro Antônio Pallocci.
Nas eleições de 2002, foi indicado para Jorge Paulo Lehman pelo economista
brasileiro Alexandre Scheinkman, diretor do prestigioso departamento de
macroeconomia da Universidade de Chicago. Lehman tentou enganchá-lo na campanha
de Ciro Gomes. Com a eleição de Lula, Lisboa acabou indo para a equipe de
Antônio Palocci onde, saliente-se, realizou um belo trabalho de reformas
microeconômicas.
No discurso que fez no evento do Jota-Insper, na sexta passada, há todas as
impressões digitais das principais maldades em tramitação na Câmara, inclusive a
que obriga o devedor inadimplente que devolve o bem a continuar devedor. Para
Lisboa, economia saudável é que a permite ao banco tirar a máquina do empresário
inadimplente, ainda que uma máquina parada seja menos eficaz para a economia que
uma empresa produzindo; que permite ao banco punir o mutuário inadimplente. Para
ele, a inadimplência é um ato de vontade do devedor, não contingências da
economia. É um autêntico defensor da eugenia social e corporativa.
Todo o estoque de projetos, a começar da PEC do Teto e, a partir dela,  o
desmonte de todas as políticas sociais e a ocupação de todos os territórios do
Estado, do aparelhamento da Funai à Eletronuclear, do Inmetro ao TSE (Tribunal
Superior eleitoral) o.Simultaneamente, lança  um conjunto de medidas
estruturais, que destroem o modelo anterior de Estado, para que a Nova Ordem
possa ser a única alternativa visível.
A contribuição externa  se deu no aconselhamento da estratégia da Ponte para o
Futuro e do conjunto de leis atuais.

O papel da mídia
A exemplo da estratégia pós-millenium, o papel da mídia é vocalizar um conjunto
de slogans vazios:
A equipe econômica é brilhante. A frase é repetida por Ministros do Supremo,
empresários etc. A maioria absoluta dos quais jamais tinha ouvido falar antes,
ou depois, dos membros da equipe econômica.
Se reformar a Previdência, o país sai da crise. Não há nenhuma relação de
causalidade. Para chegar a esse ponto de terra arrasada – parte da estratégia de
desmonte do Estado anterior – acabaram com a demanda, criaram enorme capacidade
instalada, aumentaram as taxas reais de juros, todas medidas pró-cíclicas.
Sobre essa retórica, prepararei um artigo à parte.
Etapa 6 – a batalha decisiva
O teste final serão as eleições de 2018. E, aí, há uma ampla confusão e disputa
entre os diversos grupos hegemônicos que dependem de três balas de prata para
enfrentar Lula.
A primeira dificudade é a identificação de um candidato competitivo, capaz de
levar adiante o desmonte.
O clube dos bilionários do golpe abriu os olhos para o risco de confundir sua
imagem com a da organização comandada por Michel Temer. E entendeu que a
aprovação de reformas, sob o jugo de Temer, tirará grande parte da sua
legitimidade. Além de comprometer qualquer tentativa futura de protagonismo
político.
Aí entram em cena os conflitos de interesse.
Os caciques do PSDB continuarão sendo escandalosamente blindados pelo algoritmo
do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, politicamente, estão liquidados.
Tasso Jereissatti pretendeu tirar o PSDB dessa rota suicida. Mas passou a
enfrentar a pressão da banda fisiológica do partido, liderada pelo chanceler
Aloysio Nunes. Sem financiamento empresarial e sem governo, parte relevante das
atuais lideranças tucanas será varrida do mapa. Daí a insistência em permanecer
no barco de Temer 
Por outro lado, o clube não dispõe de um nome competitivo para 2018. Marina
Silva não tem fôlego. E Geraldo Alckmin não representa novidade alguma no
panorama político.
Por tudo isso, o clube – mais a ala mercadista do PSDB, puxada por FHC –
provavelmente jogará suas fichas na candidatura de João Dória Jr, apesar das
imensas ressalvas que manifestam em relação a ele. Será uma novidade, mas
dificilmente será competitivo.
Com o definhamento do PSDB, o antipetismo se tornou totalmente invertebrado.
O distrital misto
Sem uma liderança minimamente esclarecida, tenta-se, agora, esse aborto do
modelo político ditrital misto  como última tentativa de sobrevida à atual
bancada de deputados. E aí sobressai uma ameaça cada vez mais presente na
política atual: a entrada de várias organizações criminosas no jogo.
O narcotráfico mostrou um poder assustador no episódio da helicoca, no qual a
Polícia Federal e o Ministério Público Federal não moveram uma palha para apurar
as ligações do dono do helicóptero, senador José Perrela, com o tráfico. O
helicóptero foi devolvido dias depois para o dono, em outra atitude inédita.
Por outro lado, a extraordinária influência da Fenatran – a suspeitíssima
federação de transporte urbano do Rio de Janeiro – no STF, através do Ministro
Gilmar Mendes, acende outra luz amarela.
Finalmente, a tentativa de legalizar novamente o bingo abrirá nova frente de
influência para o crime organizado.
O México é aqui e, ao contrário das suspeitas iniciais, o que mais se assemelha
ao PRI mexicano não é o PT, mas esse amálgama que sai do golpe, com os primeiros
indicios de parceria com o crime organizado.
O PSDB acena com o parlamentarismo, caso consiga o poder. É mais fácil Gilmar
Mendes declarar suspeição em qualquer processo, do que a bandeira do
parlamentarismo eleger um presidente.
O próximo presidente será eleito denunciando o saco de maldades produzido pelo
atual governo, em parceria com o PSDB e com o mercado.
Por todos esses condicionantes, mais que nunca dependerão de ações no Judiciário
para inviabilizar a oposição. Afinal, por mais que seja estreita a colaboração
com os EUA, não poderão contar com a 7a Cavalaria contra os índios de Lula.

In
JORNAL GGN
http://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-da-influencia-dos-eua-no-golpe-por-luis-nassif
20/8/2017

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Divergências no seio do campo anti-imperialista


Thierry Meyssan

Quando o seu país foi atacado pelos jiadistas, em 2011, o Presidente Bachar
al-Assad reagiu a contra-corrente: em vez de reforçar os poderes dos serviços de
segurança, ele diminuiu-os. Seis anos mais tarde, o seu país está em vias de
sair vencedor da mais importante guerra desde a do Vietname. O mesmo tipo de
ataque está em vias de se produzir na América Latina, onde suscita uma resposta
muito mais dentro do habitual. Thierry Meyssan expõe aqui a diferença de análise
e estratégia dos Presidentes Assad por um lado, Maduro e Morales pelo outro. Não
se trata de colocar esses líderes em compita, mas de apelar a cada um deles para
extrair lições políticas e tomar em boa conta a experiência das últimas guerras.
...

Em Maio de 2017, Thierry Meyssan explicava na Russia Today em que é que as
elites sul-americanas se enganam quanto ao imperialismo dos EUA. Ele insistia
acerca da mudança de paradigma dos conflitos armados actuais e a necessidade de
repensar, radicalmente, a maneira de defender a pátria.
A operação de desestabilização da Venezuela prossegue. Numa primeira fase,
grupúsculos violentos, manifestando-se contra o governo, mataram transeuntes, ou
seja cidadãos que se tinham juntado a eles. Num segundo tempo, os grandes
distribuidores de géneros alimentares montaram uma rotura de abastecimentos nos
supermercados. Depois, alguns membros das forças da ordem atacaram dois
ministérios, apelaram à rebelião e entraram na clandestinidade.
A imprensa internacional não cessa de atribuir ao «regime» os mortos das
manifestações enquanto que numerosos vídeos atestam que eles foram
deliberadamente assassinados pelos próprios manifestantes. Com base nestas
falsas informações, ela qualifica o Presidente Nicolas Maduro de «ditador» como
já o havia feito, seis anos atrás, vis-à-vis a Mouamar Kadhaffi e a Bachar
al-Assad.
Os Estados Unidos utilizaram a Organização dos Estados Americanos (OEA) contra o
Presidente Maduro da mesma maneira como usaram anteriormente a Liga Árabe contra
o Presidente al-Assad. Caracas, sem esperar ser excluída da Organização
denunciou tal método e abandonou-a ela própria.
No entretanto o governo Maduro apresenta duas falhas no seu activo:
 uma grande parte dos seus eleitores não se deslocou às urnas aquando das
eleições legislativas de Dezembro de 2015, deixando a oposição arrecadar a
maioria no Parlamento.
 deixou-se surpreender pela crise dos géneros alimentícios, quando, no passado,
este tipo de manobra já tinha sido montado no Chile contra Allende e na
Venezuela contra Chávez. Precisou de várias semanas para montar novos circuitos
de aprovisionamento.
Com toda a probabilidade, o conflito que começa na Venezuela não irá parar nas
suas fronteiras. Ele abrasará todo o Noroeste do continente sul-americano e as
Caraíbas.
Um passo suplementar foi franqueado com preparativos militares contra a
Venezuela, a Bolívia e o Equador, a partir do México, da Colômbia e da Guiana
Inglesa. Esta coordenação é operada pela equipe do antigo Gabinete Estratégico
para a Democracia Global (Office of Global Democracy Strategy); uma unidade
criada pelo Presidente Bill Clinton, depois prosseguida pelo Vice-presidente
Dick Cheney e pela sua filha Liz. A existência deste foi confirmada por Mike
Pompeo, o actual director da CIA. O que levou, portanto, à menção na imprensa
pelo presidente Trump da existência de uma opção militar dos Estados Unidos.
Para salvar o seu país, a equipe do Presidente Maduro recusou seguir o exemplo
do Presidente al-Assad. Segunda ela, as situações são completamente diferentes.
Os Estados Unidos, principal potência capitalista, atacariam a Venezuela afim de
lhe roubar o seu petróleo, de acordo com um esquema muitas vezes repetido no
passado, em três continentes. Este ponto de vista acaba de ser apoiado por um
discurso recente do Presidente boliviano, Evo Morales.
Lembre-mo-nos que em 2003 e 2011, o Presidente Saddam Hussein, o Guia Muammar
Kadhafi e muitos conselheiros do Presidente Assad mantinham a mesma análise.
Segundo eles, os Estados Unidos implicaram-se sucessivamente no Afeganistão e no
Iraque, depois na Tunísia, no Egipto, na Líbia e na Síria unicamente para fazer
cair os regimes que resistiam ao seu imperialismo e controlar os recursos de
hidrocarbonetos do Médio-Oriente Alargado. Inúmeros autores anti-imperialistas
seguem esta análise, na actualidade, por exemplo tentando explicar a guerra
contra a Síria pela interrupção do projecto do gasoduto catariano.
Ora, esta análise mostrou-se errada. Os Estados Unidos não buscavam nem derrubar
os governos progressistas (Líbia e Síria), nem roubar o petróleo e gás da
região, mas, sim destruir os Estados, para reenviar as populações à
pré-história, para a época em que «o homem era o lobo do homem».
Os derrubes de Saddam Hussein e de Muammar Gaddafi não restabelecerem a paz. As
guerras continuaram apesar da instalação de um governo de ocupação no Iraque,
depois governos na região incluindo colaboradores do imperialismo opostos à
independência nacional. Elas continuam ainda atestando que Washington e Londres
não queriam derrubar regimes, nem defender democracias, mas antes esmagar os
povos. É uma constatação fundamental que altera a nossa compreensão quanto ao
imperialismo contemporâneo.
Esta estratégia, radicalmente nova, foi ensinada por Thomas PM Barnett desde o
11- de-Setembro de 2001. Ela foi publicamente revelada e exposta em Março de
2003 —quer dizer precisamente antes da guerra contra o Iraque— num artigo na
Esquire, depois no livro homónimo do Pentágono The Pentagon’s New Map («O Novo
Mapa do Pentágono»- ndT), mas ela parece tão cruel que ninguém imaginou que
pudesse vir a ser posta em acção.
Trata-se para o imperialismo de dividir o mundo em dois : de um lado uma zona
estável que beneficia do sistema, do outro um caos espantoso onde ninguém pense
sequer em resistir, mas unicamente em sobreviver; uma zona na qual as
multinacionais possam extrair as matérias primas, das quais precisam, sem terem
que dar satisfações a ninguém.
  Segundo este mapa, extraído de um Powerpoint de Thomas P. M. Barnett durante
  uma conferência no Pentágono em 2003, todos os Estados da zona rosada devem
  ser destruídos. Este projecto nada tem a ver nem com a luta de classes, no
  plano nacional, nem com a exploração dos recursos naturais. Depois do
  Médio-Oriente Alargado, os estrategas dos EU preparam-se para reduzir a ruínas
  o Noroeste da América Latina.
Desde o século XVII e a guerra civil britânica, o Ocidente desenvolveu-se entre
o medo do caos. Thomas Hobbes ensinou-nos a suportar a “Razão de Estado”, em vez
de arriscar reviver esse tormento. A noção de caos só nos voltou a ser trazida
com Leo Strauss, após a Segunda Guerra Mundial. Este filósofo, que formou
pessoalmente numerosas personalidades do Pentágono, entendia construir uma nova
forma de Poder mergulhando uma parte do mundo no inferno.
A experiência do jiadismo no Médio-Oriente Alargado mostrou-nos o que é o caos.
Tendo reagido como se esperava dele aos acontecimentos de Daraa (março-abril de
2011), enviando o exército para reprimir os jiadistas da mesquita al-Omari, o
Presidente al-Assad foi o primeiro a compreender aquilo que se passava. Longe de
aumentar os poderes das forças de segurança para reprimir a agressão externa,
ele deu ao povo os meios para defender o país.
Primeiro, levantou o estado de emergência, dissolveu os tribunais de excepção,
libertou as comunicações de Internet, e proibiu às forças armadas de fazer uso
das suas armas quando isso pudesse colocar em risco inocentes.
Estas decisões contra-a-corrente implicavam pesadas consequências. Por exemplo,
aquando do ataque a um comboio militar em Banias, os soldados abstiveram-se de
usar as suas armas em legítima defesa. Arriscaram ser mutilados pelas bombas dos
atacantes, e até morrer, mais do que atirar, pelo risco de ferir os habitantes
que os viam ser massacrados sem intervir.
Como muitos, à época, eu pensei que se tratava de um Presidente fraco e de
soldados demasiado leais, que a Síria ia ser esmagada. No entanto, seis anos
mais tarde, Bashar al-Assad e os exércitos sírios ganharam a sua aposta. Se a
princípio, os soldados lutaram sozinhos contra a agressão estrangeira, pouco a
pouco, cada um dos cidadãos foi-se envolvendo, cada um em seu posto, afim de
defender o país. Os que não puderam ou não quiseram resistir exilaram-se. Claro,
os Sírios têm sofrido muito, mas a Síria é o único Estado no mundo, após a
guerra do Vietname (Vietnã-br), a ter resistido até que o imperialismo se cansa
e desiste.
Em segundo lugar, face à invasão de uma multidão de jiadistas originários de
todas as comunidades muçulmanas, desde Marrocos até à China, o Presidente Assad
decidiu abandonar uma parte do território para conseguir salvar o seu Povo.
O Exército Árabe Sírio recuou para a zona da “Síria útil”, quer dizer para as
cidades, abandonando as zonas rurais e os desertos aos agressores. Enquanto
Damasco velava, sem nenhuma falha, pelo aprovisionamento de alimentos a todas as
regiões que controlava. Contrariamente a uma ideia feita no Ocidente, apenas
houve fome nas áreas controladas pelos jiadistas e em algumas cidades sitiadas
por eles; os «rebeldes estrangeiros» (perdoem o “oxímoro”), aprovisionados pelas
associações «humanitárias» ocidentais, utilizaram a distribuição de pacotes de
alimentos para controlar as populações que eles próprios submetiam à fome.
O povo sírio constatou por si próprio que apenas a República, e não, os Irmãos
Muçulmanos e seus jiadistas, o alimentava e o protegia.
Em terceiro lugar, o Presidente Assad traçou, aquando de um discurso pronunciado
a 12 de Dezembro de 2012, a maneira como ele pensava refazer a unidade política
do país.
Ele indicou, nomeadamente, a necessidade de redigir uma nova constituição e de
submetê-la à adopção por uma maioria qualificada do Povo, depois proceder à
eleição democrática da totalidade dos responsáveis institucionais, neles
incluído o Presidente, é claro.
À época, os Ocidentais fizeram troça da pretensão do Presidente Assad em
convocar eleições em pleno período de guerra. Hoje em dia, todos os diplomatas
envolvidos na resolução do conflito, incluindo os das Nações Unidas, apoiam o
plano Assad.
Enquanto os comandos jiadistas circulavam por todo o país, nomeadamente em
Damasco, e assassinavam políticos em suas casas com suas famílias, o Presidente
Assad encorajava os seus opositores internos a pronunciarem-se. Ele garantiu a
segurança do liberal Hassan al-Nouri e do marxista Maher al-Hajjar afim de que
assumissem, também, o risco de se apresentarem à eleição presidencial de Junho
de 2014. Apesar do apelo ao boicote pelos Irmãos Muçulmanos e pelos governos
Ocidentais, apesar do terror jiadista, apesar da presença no exílio, no
exterior, de milhões de cidadãos, 73,42% dos eleitores responderam presente.
Identicamente, desde o início da guerra, ele criou um Ministério da
Reconciliação Nacional, o que jamais se vira num país em guerra. Ele confiou-o
ao presidente de um partido aliado, o SSNP, de Ali Haidar. Este negociou e
concluiu mais de um milhar de acordos promovendo a amnistia(anistia-br) de
cidadãos que havia pegado em armas contra a República e a sua integração no seio
do Exército Árabe Sírio.
Durante esta guerra, o Presidente Assad jamais usou a força contra o seu próprio
Povo, por muito mal que digam aqueles que o acusam gratuitamente de torturas
generalizadas. Assim, por exemplo, ele nunca estabeleceu a conscrição em massa,
o recrutamento obrigatório. É sempre possível a um jovem escapar ao serviço
militar. Procedimentos administrativos permitem a qualquer cidadão do sexo
masculino escapar ao serviço nacional se ele não quiser defender o seu país de
armas na mão. Apenas os exilados, que não tiveram a oportunidade de proceder a
estas “démarches” podem estar em contravenção das leis.
Durante seis anos, o Presidente Assad não parou de, por um lado, apelar ao seu
povo, de lhe conferir responsabilidades e, por outro, de tentar alimentá-lo e
protegê-lo tanto quanto podia. Ele assumiu sempre o risco de dar antes de
receber. É por isso que, hoje em dia, ele ganhou a confiança do seu Povo e pode
contar com o apoio activo.
As elites sul-americanas enganam-se quando continuam a luta das décadas
precedentes por uma mais justa distribuição das riquezas. A luta principal não é
mais entre a maioria do povo e uma pequena classe de privilegiados. A escolha
que se colocou aos povos do Médio-Oriente Alargado e à qual os Sul-americanos
terão que responder, por sua vez, é a de defender a Pátria ou morrer.
Os factos provam-no: o imperialismo contemporâneo não visa mais, em especial,
meter a mão nos recursos naturais. Ele domina o mundo e pilha sem escrúpulos.
Agora, o que ele pretende, também, é esmagar os Povos e destruir as sociedades
das regiões nas quais explora já os recursos.
Nesta era de destruição, apenas a estratégia de Assad permite ficar de pé e
livre.

In
REDE VOLTAIRE
http://www.voltairenet.org/article197501.html
16/8/2017