quarta-feira, 9 de maio de 2012

Acerca do resultado eleitoral de 6 de Maio de 2012

      por KKE
       O CC do KKE reuniu-se a fim de fazer uma avaliação inicial do resultado
      da eleição de 6 de Maio de 2012. Esta avaliação será discutida nos
      organismos e nas organizações de base do Partido bem como nos organismos e
      nas organizações de base da Juventude Comunista (KNE). Além disso, o
      partido discutirá o resultado da eleição com o povo que trabalha ao lado
      do partido, seus apoiantes e amigos. Após esta primeira volta de discussão
      e manifestações de opinião o CC concluirá sua avaliação.
      1. O resultado da eleição leva ao reforço da tendência para a renovação da
      cena política, tal como foi formado durante três décadas com a rotação da
      ND e do PASOK no governo uma vez que estes partidos sofreram uma pesada
      derrota. A reversão da cena política, na forma que assumiu com o resultado
      da eleição, não constitui qualquer viragem (overthrow) política. Nas
      condições de justificada cólera e indignação, prevaleceu a lógica da
      punição e a ilusão de que existem soluções imediatas a partir de cima e
      através de negociações. No entanto, o resultado da eleição mostra a
      tendência positiva que está a ser esboçada, a tendência para uma viragem
      radical ao nível de força contra as ilusões de uma solução fácil. Apesar
      do declínio espectacular da ND e do PASOK o resultado da eleição não
      constitui uma nova era na correlação de forças entre o povo e os
      monopólios, uma viragem ou uma "revolução pacífica" como tem sido dito.
      2. A reforma da cena política burguesa, a qual ainda se encontra numa fase
      de transição, está ao serviço da tentativa de inibir a tendência de
      radicalização e a libertação da influência burguesa e política. Sua
      principal característica é a restauração do centro-direita e
      centro-esquerda, a recomposição da social-democracia com as forças do
      Syriza inicialmente como seu núcleo. O poder dos monopólios necessita do
      sistema política burguês renovado, e possivelmente com a criação de novos
      partidos, para proporcionar as respectivas alianças e governos de
      coligação. Esta possibilidade de tentar a renovação do sistema é baseada
      no facto de que as forças do "caminho único UE", as forças que servem os
      interesses do capital, do sistema capitalista, não foram reduzidas em
      termos da sua votação geral.
      3. A vasta maioria dos eleitores dos dois partidos burgueses foi dispersa
      principalmente para forças políticas com uma ideologia semelhante que
      apoia a política do "caminho único UE". Numa extensão muito menor elas
      foram dirigidas para o KKE. Neste quadro a variada dispersão de votos foi
      direccionada para partidos reaccionários e nacionalistas tais como os
      "Gregos Independentes" e o nazi-fascista "Aurora Dourada" (Chrisi Avgi).
      Além disso, o resultado da eleição é assinalado pela baixa participação
      que também exprime uma indignação irremediável (dead-end) bem como as
      dificuldades financeiras dos eleitores que tinham de viajar. A ascensão do
      "Aurora Dourada" é mais uma prova de que nas condições de uma crise
      profunda e de empobrecimento do povo, enquanto o movimento dos
      trabalhadores e do povo não passou a um contra-ataque e a maioria dos
      partidos apoia o sistema capitalista ou recorrem à ilusão da sua
      humanização, o perigo da influência de pontos de vista nacionalistas e
      neo-fascistas aumenta. Na verdade, [isso acontece] quando a UE e todos os
      estados-membros adoptaram como uma ideologia de estado igualar o fascismo
      ao comunismo. Só um movimento forte dos trabalhadores e do povo e um KKE
      poderoso podem enfrentar estas visões perigosas e torná-las marginais e
      inofensivas. A "Aurora Dourada" não pode ser tratada com sermões
      anti-fascistas nem mais apelo à unidade nacional e ao consenso
      anti-fascista.
      4. O povo não deveria ter uma posição de "esperar e ver" em relação a
      estes processos que começam com a tentativa de formar um governo. O núcleo
      duro da classe burguesa, os grupos de negócios bem como os mecanismo e os
      corpos dirigentes da UE e do FMI desempenharão um papel activo na
      renovação do sistema político. Eles procuram proporcionar substitutos para
      o povo tão logo quanto possível antes que o radicalismo dos trabalhadores
      e do povo, a organização e a iniciativa do povo se torne mais forte e
      adquira características de massa. Independentemente do resultado destas
      tentativs a orientação principal é a aceleração das acções a fim de deter
      em tempo hábil o aguçamento da luta de classe e a congregação das forças
      sociais, cujos interesses são estar na oposição e na ruptura com os
      monopólios e o imperialismo, com a própria UE e as opções da NATO,
      fortalecendo a consciência anti-capitalista. O SYRIZA, que tem um programa
      social-democrata, arca com imensas responsabilidades em relação ao povo
      pelas mentiras desavergonhadas que propalou antes e durante o período
      eleitoral, pelas ilusões que promoveu e promove de que possa haver uma
      melhor situação para o povo sem uma confrontação com os monopólios, as
      uniões imperialistas.
      5. A renovação do sistema político burguês deve ser confrontada pela
      vigilância e prontidão do povo bem como pela organização de massa e a luta
      no lugares de trabalho, nos sectores, nos escritórios, nos bairros
      populares, no mundo rural, nas escolas, universidades e escolas
      vocacionais com exigências imediatas para repelir as novas medidas que
      estão a caminho. Nenhuma tolerância para com os slogans de renegociação, o
      desligamento gradual do memorando e do acordo de empréstimo no quadro dos
      organismos da UE e do FMI.
      6. O CC apela aos membros do partido, da KNE, aos amigos e apoiantes do
      partido, ao povo que trabalha lado a lado com o partido que combateu
      orgulhosamente nas lutas e na batalha eleitoral, para permanecer junto ao
      povo trabalhador e defender firmemente seus direitos e causas justas. O
      papel e as responsabilidades do partido aumentam. ELE É A FORÇA
      INSUBSTITUÍVEL E DECISVA PARA O MOVIMENTO POPULAR QUE LUTARÁ,
      CONTRA-ATACARÁ E TEM A PERSPECTIVA da conquista do poder e da economia
      pelos trabalhadores e o povo, o desligamento da UE e o cancelamento da
      dívida, a socialização dos meios de produção, as cooperativas produtivas
      do povo, o planeamento à escala nacional para a utilização do potencial de
      desenvolvimento do país com o controle dos trabalhadores e do povo de
      baixo para cima.
      7. O CC avalia que o resultado eleitoral deu-se nas condições de cólera e
      indignação geral do povo, nas condições de uma aguda e prolongada crise
      capitalista e enquanto a UE, com o acordo do PASOK e da ND, optavam pelo
      caminho clássico e típico de saída em favor do capital e dos monopólios:
      bancarrota descontrolada para os trabalhadores e estratos populares e
      bancarrota controlada do capital. Os memorandos e o acordo de empréstimo
      incluem medidas que estão baseadas no Tratado de Maastricht, cuja
      implementação começou gradualmente em todos os estados membros da UE. Eles
      são baseados nas decisões que se seguiram e no tratado europeu que se
      prolonga até 2020. Por esta razão o KKE revelou o carácter falso da
      separação dos partidos do "caminho único UE" em partidos pró memorando e
      anti-memorando.
      O KKE literalmente ultrapassou os obstáculos colocados em ambos os lados
      pelas forças do sistema e suas reservas, as quais estão unidas, apesar das
      suas diferenças, na sua insistência sobre a assimilação do país na UE,
      portanto o seu critério é a aquiescência dos povos às suas opções de
      classe a todo custo, em nome do euro. Por um lado havia uma indignação
      cega e por outro lado houve ilusões de que um governo das assim chamadas
      forças anti-memorando possam proporcionar alívio e uma solução para os
      problemas prementes. A maior parte dos trabalhadores e desempregados
      descontentes e coléricos submeteu-se à impaciência e à pressão da ilusão
      de um resultado positivo imediato, a solução imediata, sem ter adquirido a
      necessária experiência directa da participação na organização e no travar
      das lutas. Submeteu-se à propaganda generalizada de que não pode haver
      qualquer mudança radical ou de que isto ocorrerá na "segunda vinda" [1] ,
      um slogan adorado pelo SYRIZA que é perigoso para o povo. O KKE avalia os
      resultados e tendências da eleição tendo como critério as condições
      objectivas, ele não determina a sua posição com base na força eleitoral ou
      na contracção eleitoral dos outros partidos políticos.
      O KKE teve um pequeno aumento nestas eleições. No entanto, a avaliação
      final da qualidade da intervenção e da actividade do partido em relação ao
      resultado eleitoral será completada após reunir opiniões e dados das
      regiões e naturalmente após as opiniões colectivas das organizações do
      partido.
      Com os números de hoje e as mudanças na arrumação das forças políticas as
      quais foram observadas, independentemente das avaliações finais que serão
      formadas através dos procedimentos colectivos do partido, o CC avalia mais
      uma vez que a posição do partido confirmou que o progresso e aguçamento da
      luta de classe determina a influência política do KKE e seu desempenho
      eleitoral. A avaliação do KKE, o qual declarou abertamente desde o
      princípio da crise também foi confirmada: que nas condições da crise
      económica capitalista, a qual agrava tanto a pobreza relativa como a
      absoluta do povo, há coexistência de dois elementos: que o movimento pode
      avançar e também que ele pode temporariamente retrair-se. Que os sectores
      mais pobres da classe trabalhadora, os desempregados e os semi-empregados,
      sectores dos estratos pequeno burgueses que subitamente perderam seu
      rendimento, estão sujeitos à influência e tendências que estão a
      desenvolver-se nos estratos pequeno burgueses insatisfeitos os quais ainda
      estão sofrendo do ponto de vista financeiro, mas não querem perder tudo, e
      que ainda são hostis à mudança radical porque acreditam na sua
      sobrevivência continuada. O KKE considera que o segundo elementos, o do
      recuo, ainda não foi determinado. Há possibilidades no período seguinte de
      a luta de classe aguçar-se e o movimento adquirir nova fortaleza de modo
      que há esperança e uma perspectiva positiva.
      O CC saúda os milhares de trabalhadores e trabalhadoras e desempregados
      que apreciaram a militância, a firmeza e a clareza verdadeira das palavras
      do KKE, a militância e generosidade dos comunistas e que apoiaram-no na
      urna eleitoral, pouco importando o seu nível de acordo com a sua proposta
      política global. Um grande sector dos trabalhadores bem como um sector dos
      eleitores do partido, sob a pressão da exacerbação dos problemas
      populares, com os slogans enganosos referentes à renegociação do memorando
      e o alívio imediato para os trabalhadores, não puderam entender e
      considerar a diferença entre um governo e o poder real. O CC, resumindo as
      avaliações e conclusões das organizações do partido, examinará melhor as
      fraquezas que devem ser ultrapassadas acima de tudo na nossa actividade
      junto à classe trabalhadora e seus aliados e fará uma avaliação mais
      especializada do período eleitoral.
      A proposta política do KKE quanto à luta da classe trabalhadora pelo poder
      encontrar-se-á no âmago do povo no próximo período, pois a diferença entre
      um governo e o poder real do povo tornar-se-á ainda mais clara, bem como a
      proposta geral referente às questões imediatas da sobrevivência do povo e
      do poder popular da classe trabalhadora. A partir deste ponto de vista a
      actividade político eleitoral do KKE em harmonia com a sua estratégia,
      como deve ser, constitui um legado importante para os próximos anos.
      O KK não apoiará qualquer governo, não importa qual a sua composição, que
      emerja da colaboração pós eleitoral dos partidos, seja qual for o título
      que possam ter. Este governo não proporcionará nada de positivo para o
      povo. Ao contrário, responderá às necessidades e interesses do capital, às
      opções da UE e do FMI. Para o KKE concordar em participar de um governo, o
      partido não teria de efectuar simplesmente um pequeno recuo, mas teria de
      virar seu programa e linha política de cabeça para baixo e efectuar
      compromissos inaceitáveis quanto ao presente e futuro dos interesses do
      povo. O povo não precisa de um tal KKE.
      7. O KKE e a KNE estarão desde o primeiro momento e todos os dias na linha
      de frente da luta. O CC do KKE apela ao povo trabalhador que está a
      sofrer, aos desempregados e pensionistas, aos auto-empregados nas cidades
      e zonas rurais, para acompanharem mais uma vez os comunistas e membros da
      KNE, aqueles que trabalham ao lado do KKE e a classe trabalhadora radical
      e as forças populares na lutar para aliviar os problemas agudos, repelir
      as piores medidas que estão a caminho. Nenhum slogan por negociação e
      renegociação pode suportar minimamente as necessidades agudas dos
      trabalhadores e desempregados. Estado de alerta e ajustamentos precisos em
      toda viragem da luta é o que é preciso. Acima de tudo é necessária
      actividade imediata se um governo de coligação não emergir e forem
      convocadas novas eleições, as quais trarão à tona mais uma vez os mesmos
      intensos dilemas eleitorais e ilusões mais poderosas.
      Atenas/07/Maio/2012
      O CC do KKE
      [1] "Segunda vinda", a expressão teológica que designa um retorno de Jesus
      Cristo à Terra.
      O original encontra-se em
      http://inter.kke.gr/News/news2012/2012-05-08-cc-statement
      Esta declaração encontra-se em http://resistir.info/ .
09/Mai/12
http://www.resistir.info/grecia/declaracao_07mai12.html
Portugal 9/5/2012

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