terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Tiramos conclusões, tornamo-nos mais fortes



       por Dimitris Koutsoumpas [*] 


       É com uma alegria especial que me dirijo aos trabalhadores da Rússia
      através das páginas do jornal  Sovietskaya Rossiya,  país onde "o gelo se
      quebrou", como disse Lénine, onde "se mostrou o caminho" para o
      derrubamento revolucionário do capitalismo e a construção da nova
      sociedade socialista-comunista.
       As consequências da contra-revolução e do derrubamento do socialismo não
      nublou a visão, a mente e os juízos dos comunistas gregos, o KKE. Na
      verdade, no dia 28 de novembro de 1991, poucas horas depois da bandeira
      vermelha ter sido arrancada no Kremlin, o  Rizospastis,  o jornal do CC do
      KKE, escreveu na sua histórica primeira página: "Camaradas, levantemos
      alto a bandeira! Existe esperança na luta dos povos"!
       Em 2017, o 100º aniversário da Grande Revolução Socialista de Outubro foi
      marcado pela atividade multifacetada do nosso partido. O nosso partido é
      um dos frutos da chama revolucionária de outubro.
       Realizaram-se no nosso país centenas de relevantes iniciativas políticas
      e culturais em honra da Revolução Socialista.
       Ao mesmo tempo, procurámos, através da nossa atividade política e
      ideológica e da nossa atividade nos sindicatos e noutras organizações de
      massas, defender a justa causa da classe operária e das outras camadas
      pobres contra a linha política antipopular, para sublinhar a necessidade
      do poder dos trabalhadores, que é a única alternativa real à barbárie
      capitalista.
       Os comunistas gregos lutaram para organizar a luta da classe operária
       contra o governo burguês da "nova" social-democracia do SYRIZA, que tem
      governado nos últimos três anos com o apoio do partido de direita, ANEL, e
      o suporte da UE, da NATO e dos EUA.
       Nas difíceis condições do elevado desemprego causado pela crise
      capitalista, da intensificação da intimidação dos patrões nos locais de
      trabalho, da repressão do Estado e do governo e das limitações do direito
      à greve, os comunistas esforçaram-se o mais que puderam para organizar
      importantes lutas de trabalhadores, manifestações e greves nacionais.
       Esta luta, para além de várias vitórias alcançadas pelos trabalhadores em
      alguns setores, como a construção civil, a construção e reparação naval e
      outros, fortaleceram as posições dos comunistas e de todas as forças de
       classe que lutam nas fileiras da Frente Militante de todos os
       Trabalhadores (PAME). As forças de classe ganharam novas forças. Hoje, a
      PAME é a segunda força do movimento sindical e a mais organizada.
       Além disso, os comunistas também mobilizaram ativamente os camponeses
      pobres que, em 2017, bloquearam as autoestradas do país em 100 pontos
      diferentes, durante 40 dias, em luta contra a linha política do governo e
      da UE, que está a levá-los à ruína.
       O mesmo é verdadeiro no que respeita às lutas das camadas
       pequeno-burguesas urbanas, dos trabalhadores por conta própria, e também
      à luta das mulheres e da juventude, num quadro de luta operária-popular.
       Não é por acaso que a KNE [organização da juventude do KKE], nos últimos
      quatro anos, ganhou a segunda posição a nível nacional para as associações
      de estudantes, com mais de 20%.
       Os comunistas, seja no Parlamento grego (o KKE tem 15 deputados), seja no
       Parlamento europeu (o KKE tem dois deputados), seja ao lado dos milhares
       de pessoas que se têm manifestado muitas vezes a favor dos direitos da
       classe operária e do povo, pela saída das bases e dos centros de comando
      da NATO, têm uma posição coerente contra as guerras imperialistas, contra
      a participação da Grécia nessas guerras, contra a transformação do nosso
      país numa rampa de lançamento dos planos dos EUA, da NATO e da UE no Médio
       Oriente, em África, na Ucrânia, no Mar Negro ou em qualquer outro lugar.
      São a favor da saída do país de organizações imperialistas como a NATO e a
      UE e de todas as alianças imperialistas, o que só será possível com um
      governo dos trabalhadores na Grécia. Só o poder dos trabalhadores pode
      acabar com as medidas antitrabalhadores e antipopulares, socializando os
      meios de produção e planeando cientificamente a economia sob o seu
      controlo.
       O XX Congresso do nosso partido, realizado em março de 2017, discutiu o
       modo de reforçar a sua ação. Pusemos a fasquia mais alta neste Congresso.
      Colocámos como tarefa imediata o reforço do KKE, para se tornar o partido
      da revolução social e realizar o seu papel histórico de vanguarda. Um
      partido capaz de dirigir a luta da classe operária e de todo o povo para o
      reagrupamento do movimento operário e sindical, a promoção da aliança
      social numa direção anticapitalista e antimonopolista, contra as guerras
       imperialistas, pelo poder dos trabalhadores.
       Porque sabemos muito bem que a Revolução de Outubro não foi um "acidente
      da história" ou um "golpe desastroso" dos bolcheviques, como dizem e
      escrevem os burgueses, como diz e escreve todo o tipo de renegados, de
      oportunistas e de aventureiristas.
       A Revolução de Outubro foi um acontecimento histórico cimeiro a nível
      mundial, que assinalou o início de uma nova era, em que a classe operária
      se torna protagonista dos acontecimentos e empurra a roda da história para
      a frente, tomando o poder e organizando as novas relações de produção
      socialistas comunistas, modificando toda a sociedade.
       Esta afirmação também é válida hoje, em que vemos o capitalismo na sua
      fase imperialista dominando o mundo inteiro, enquanto relações socialistas
      sobrevivem em alguns países como restos da primeira tentativa de
      construção do socialismo, que começou em 1917 e continuou em muitos países
      através do século XX.
       Contudo, o socialismo continua tão atual como necessário na história da
      humanidade. E isto, tal como a natureza socialista da revolução na nossa
      época, não depende da relação de forças no momento, antes decorre dos
      impasses do capitalismo, do facto de estarem maduras as condições
       materiais para a passagem a uma nova sociedade.
       Hoje, os antagonismos interimperialistas agudizaram-se ainda mais. As
       principais contradições verificam-se na partilha dos mercados, no
       controlo das reservas naturais, nas vias de circulação da energia e das
      mercadorias e no controlo geopolítico. Estão a ser criados novos blocos de
      forças, aumentando o perigo de conflitos militares.
       No quadro destes conflitos, o movimento comunista internacional e cada
      partido devem determinar a sua própria linha de combate, uma linha para o
       derrubamento da barbárie imperialista que traz consigo as crises
       económicas, a pobreza, o desemprego e guerras ou "paz" com uma arma
      apontada à cabeça do povo. Esta linha deve ser definida pelo estudo da
      experiência histórica, rejeitando as análises erradas das décadas
      anteriores, que levaram as forças revolucionárias da sociedade à
      passividade, à ineficácia e à confusão.
       Como foi demonstrado pela experiência da Revolução de Outubro e por todo
      o movimento operário internacional, não há lugar para qualquer cooperação
      ou aliança com a burguesia como um todo, ou com qualquer das suas secções,
      em nome da defesa da democracia burguesa, da "humanização do capitalismo",
      ou qualquer estádio intermédio para o socialismo com o argumento de evitar
      "forças extremistas pró-guerra".
       A burguesia e o poder burguês socavam e suprimem os direitos e conquistas
       dos trabalhadores e do povo. Nas suas "condições pacíficas", eles
      preparam guerras. A consolidação da luta anti-capitalista
      anti-imperialista, pelo socialismo, exige a aliança da classe operária com
      os camponeses pobres e os trabalhadores por conta-própria.
       A linha da social-democracia, desde o início do século anterior até hoje,
      falhou completamente, causou grandes prejuízos, levou à derrota do
      movimento comunista revolucionário, assimilou as massas trabalhadoras para
      o sistema capitalista de exploração; levou ao desarmamento das forças
      progressistas e de classe pelo desenvolvimento social. Tudo isto, tal como
      o papel de vanguarda dos partidos comunistas, decorre da nossa teoria, o
       marxismo-leninismo e o internacionalismo proletário.
       A construção socialista, como a fase primeira e imatura da sociedade
      comunista, confirmou as leis científicas que a vanguarda revolucionária
      não pode violar, devendo estar vigilante para erradicar consciente e
      metodicamente as sementes da contra-revolução. Mais concretamente, a
      teoria e a implementação prática do "socialismo de mercado" foi desastrosa
      para a construção socialista, foi algo que aconteceu gradualmente na URSS
      através da via oportunista, que se estendeu pouco a pouco por um período
      que começou em 1956 e se manifestou violentamente em 1991, com a
      dissolução completa da URSS e do PCUS.
       A experiência histórica demonstrou que os problemas que surgiram no
      decurso da construção socialista foram erradamente interpretados como uma
      fraqueza intrínseca ao planeamento central. Procurou-se a solução na
      expansão do mercado, o que constituiu um passo atrás, em vez de se dar um
      passo adiante, desenvolvendo e reforçando as relações de produção
      socialistas-comunistas.
       Hoje, retirando as conclusões corretas da nossa história, tornamo-nos
      mais fortes. Estamos ideológica e politicamente mais bem equipados para as
      batalhas de classe que estamos a travar e que travaremos no futuro. A
      nossa arma é o internacionalismo proletário, a nossa luta comum é a
      camaradagem e solidariedade de classe contra o isolacionismo nacional e o
      cosmopolitismo imperialista.
       O KKE, que em 2018 celebra o 100º aniversário da sua fundação, depois do
      Partido Comunista da Federação Russa, realizará no nosso país o Encontro
      Internacional dos Partidos Comunistas e Operários. Queremos, com o 20º
      Encontro Internacional que se realiza em Atenas, além de também o fazermos
       por outras formas, contribuir para que o movimento comunista
      internacional, hoje tão dividido e enfrentando tão grandes dificuldades,
      possa dar passos em frente no reagrupamento revolucionário, porque esta é
      a sua única perspetiva positiva.
       Desejamos aos leitores da  Sovietskaya Rossiya  muita saúde e força para
      novas lutas em 2018. O nosso futuro não é o capitalismo, mas o mundo novo
      das revoluções socialistas, da construção do socialismo-comunismo.
       Muitas felicidades para todos vós!
      [*] Secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da Grécia.
       O original encontra-se no jornal Sovietskaya Rossiya, a versão em inglês
      em  inter.kke.gr/... e em português em pelosocialismo.blogs.sapo.pt/... 

In
RESISTIR.INFO
http://resistir.info/grecia/koutsoumpas_15jan18.html
16/1/2018

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