quinta-feira, 8 de agosto de 2019

O último Império ocidental?







The Saker, /Unz Review/

"Veem as árvores, mas não veem a floresta" é boa metáfora para muitos
dos comentários que circulam sobre os últimos vinte e poucos anos pelo
planeta. E o período é notável pelo número genuinamente *tectônico *de
mudanças pelas quais passou o sistema internacional.




Tudo começou durante o que chamo de a "/Kristallnacht/
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Noite_dos_Cristais> [Noite dos Cristais]
da lei internacional", dia 30 de agosto-setembro de 1995, quando o
Império atacou os sérvios-bósnios, em direta e total violação dos mais
fundamentais princípios do Direito Internacional. Depois foi o 11/9, que
deu aos neoconservadores, segundo eles, o "direito" de ameaçar, atacar,
bombardear, matar, violar, sequestrar, assassinar, torturar, chantagear
e todas as demais práticas para fazer o mal a qualquer pessoa, grupo ou
país em todo o planeta, 'porque' "/somos a nação indispensável/" e "/ou
você está conosco ou está com os terroristas".

/Durante esses mesmos anos, vimos a Europa tornar-se colônia de 3ª
classe dos EUA, incapaz de defender sequer os interesses geopolíticos
europeus mais fundamentais, ao mesmo tempo em que os EUA tornou-se
colônia de 3ª classe de Israel e igualmente incapaz de defender sequer
os interesses geopolíticos mais fundamentais dos EUA.

Ainda mais interessante, se se observa esse passado próximo, ao mesmo
tempo em que EUA e União Europeia colapsavam sob o peso dos próprios
erros, Rússia e China estavam em clara ascensão. Rússia, principalmente
em termos militares (ver aqui
<http://blogdoalok.blogspot.com/2018/03/the-saker-as-armas-da-russia.html> e aqui
<http://blogdoalok.blogspot.com/2018/03/implicacoes-dos-novos-sistemas-de-armas.html>),
e China principalmente em termos econômicos.

Mais crucialmente importante, Rússia e China gradualmente concordaram em
se tornar corpos simbiontes
<http://redecastorphoto.blogspot.com/2014/12/documento-dupla-helice-china-russia.html>,
processo pelo qual, na minha avaliação, tornaram-se ambos ainda mais
fortes e mais significativos do que se os dois países se unissem
mediante algum tipo de aliança formal: alianças podem ser partidas
(especialmente quando esteja envolvida uma nação ocidental), mas
relacionamentos de simbiose de modo geral duram para sempre (sim, sim,
nada dura para sempre, é claro, mas quando o tempo de vida mede-se em
décadas, uma relação simbiótica é o equivalente funcional de "para
sempre", pelo menos em termos de análise estratégica). */Os chineses
desenvolveram recentemente uma expressão oficial, especial e única para
caracterizar esse relacionamento com a Rússia. Falam de uma "Parceria
estratégica abrangente de coordenação para a nova era."/*

É o pior pesadelo dos anglo-sionistas, e a respectiva mídia sionista faz
de tudo para ocultar o fato de que Rússia e China são, sim, para todas
as finalidades práticas, aliadas estratégicas. Tentam até,
empenhadamente, convencer o povo russo de que a China seria ameaça à
Rússia (usam os argumentos mais ridículos, mas nada disso é importante).
A coisa não funcionará, mesmo que alguns russos tenham alguns medos
relacionados à China, porque o Kremlin sabe dos fatos e da verdade
desses assuntos e continuará a aprofundar cada vez mais o relacionamento
simbiótico da Rússia com a China. E não só isso.

Hoje já parece que o Irã está sendo admitido gradualmente nessa aliança.
Já temos disso a confirmação mais oficial possível, em palavras do
general Patrushev enunciadas em Israel
<http://oempastelador.blogspot.com/2019/07/para-derrubar-boatos-russia-nao-esta.html?q=saker+derrubar+boatos> depois
de se reunir com funcionários dos EUA e de Israel: "/O Irã sempre foi e
continua a ser nosso aliado e parceiro/."

Poderia estender muito a lista dos vários sinais do colapso do Império
Anglo-sionista, e dos sinais de que uma nova ordem paralela
internacional mundial está em processo de construção bem aí, diante de
nossos olhos. Já fiz isso muitas vezes e não repetirei aqui (os
interessados podem clicar aqui
<http://www.unz.com/tsaker/mr-maga-and-the-end-of-western-civilization/> e aqui
<http://www.orientemidia.org/como-o-oriente-pode-salvar-o-ocidente/>).
Direi então que os anglo-sionistas chegaram a um estágio terminal de
degeneração no qual o "se" da pergunta é substituído por "quando?". Mas
ainda mais interessante seria examinar o "quê?": o que realmente
significa o colapso do Império Anglo-sionista?

Raramente vejo essa questão ser discutida; e quando é, a discussão só
visa a repetir e repetir, para 'garantir' que o Império não, de modo
algum, jamais colapsará; que é poderoso demais, rico demais e grande
demais para desandar, e que as atuais crises políticas nos EUA e Europa
resultarão em mera transformação reativa do Império, tão logo os
problemas específicos que o atingem tenham sido devidamente resolvidos.
Esse tipo de irracionalidade delirante absolutamente nada tem a ver com
a realidade. E a realidade do que tem lugar agora, aí, diante de nossos
olhos é muito, muito, muito mais dramática e seminal do que alguns
poucos problemas simples, que ganhem remendos aqui e ali, e tudo possa
continuar alegremente como sempre foi.

Um dos fatores que nos induzem a uma espécie de relaxamento complacente
é que já vimos tantos outros impérios colapsar ao longo da história
para, em seguida, serem substituídos bem rapidamente por outro império,
que não conseguimos nem imaginar que o que acontece hoje é fenômeno
muito mais dramático: estamos vivendo o trânsito gradual rumo à
irrelevância, de uma civilização inteira!

Mas comecemos por definir nossos termos. Diferente do que ensinam
escolas ocidentais obcecadas com engrandecer o 'ocidente', a civilização
ocidental não tem raízes em Roma nem, e menos ainda, na Grécia antiga.
Fato é que a civilização ocidental nasceu da Idade Média em geral e,
muito especialmente, do século 11, o qual, coincidentemente assistiu à
seguinte sequência de passos empreendidos pelo Papado:


1054: Roma separa-se do resto do mundo cristão, no chamado Grande Cisma
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Cisma>;

1075: Roma adota os chamados Decretos Papais
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Dictatus_Papae>; e

1095: Roma lança a Primeira Cruzada
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Cruzada>.


Esses três eventos tão intimamente relacionados entre eles têm
importância absolutamente decisiva para a história do ocidente. O
primeiro passo que o ocidente tinha de dar era libertar-se da influência
do restante do mundo cristão. Tão logo foram quebrados os laços entre
Roma e o mundo cristão, foi fácil e lógico que Roma decretasse que o
Papa passava a ter os mais incríveis superpoderes, maiores que tudo que
qualquer bispo até então se atrevera a imaginar. E por fim, a nova
autonomia e a ânsia de controle absoluto sobre todo o planeta resultou
no que bem se pode definir como "a primeira guerra europeia
imperialista": a Primeira Cruzada.

Dito sucintamente: *os francos do século 11 foram os verdadeiros pais da
moderna Europa "ocidental"; e o século 11 marcou a primeira "guerra
estrangeira"* (para usar termo moderno) *imperialista.* Ao longo dos
séculos mudou o nome do Império dos Francos, mas não a natureza, a
essência ou o propósito. Hoje, os verdadeiros herdeiros dos francos são
os anglo-sionistas (para discussão realmente *soberba* do papel dos
francos na destruição da verdadeira, antiga civilização cristã romana do
ocidente, ver aqui
<https://thesaker.is/putin-the-pope-the-schism-franks-and-romans/>).

Ao longo dos mais de 900 anos seguintes, muitos diferentes impérios
substituíram o Papado dos Francos, e muitos países europeus viveram
"momentos de glória" com colônias no além-mar e alguma espécie de
ideologia que, por definição e axioma se autodeclarava o único bem (ou
mesmo "o único cristão"), com o resto do planeta vivendo em condições
não civilizadas e de modo geral terríveis, as quais só poderiam ser
mitigadas pelos que *sempre* acreditaram que /eles/, a religião /deles/,
a cultura /deles/ ou a nação /deles/ teriam algum tipo de papel
messiânico na história (chamem de "destino manifesto" ou de "a carga que
o homem branco tem de suportar às costas", ou de/Kulturträger/
<https://en.wiktionary.org/wiki/Kulturtr%C3%A4ger> [al. no orig.,
"portador de cultura"]), todos /eles/ sempre em busca de um /Lebensraum/
<https://en.m.wikipedia.org/wiki/Lebensraum> [al. no orig.,
aprox. "espaço vivo" <https://en.m.wikipedia.org/wiki/Lebensraum>,
"habitat"] muito perfeitamente merecido; "eles" aí, são os europeus
ocidentais.

Parece que a maioria das nações europeias tentaram a sorte na empreitada
de converter-se em império e em guerras imperialistas. Mesmo miniestados
modernos como Holanda, Portugal ou Áustria já tiveram seus dias como
temidas potências imperiais. E cada vez que caiu um Império Europeu, lá
estava outro para assumir aquele lugar.

Mas... e hoje?

Quem, imaginam vocês, poderia criar império suficientemente poderoso
para preencher o vazio resultante do colapso do Império Anglo-sionista?

A resposta canônica é "China." Para mim, não faz sentido, é nonsense.

Impérios não podem ser exclusivamente comerciais. O comércio, só ele,
não basta para manter viável um império. Impérios também precisam ter
força militar, mas o tipo de força militar que torna fútil qualquer
resistência. A verdade é que NENHUM país moderno está sequer próximo de
ter as capacidades necessárias para tomar o papel dos EUA na função de
Hegemon Mundial: nem se se somassem as forças militares russas e
chinesas se chegaria àquele resultado, porque esses dois países não têm:


1) suficiente rede mundial de bases (que os EUA têm, entre 700 e 1.000
bases, dependendo de como você conte);

2) capacidade importante para projetar poder estratégico por ar e por mar; e

3) suficiente rede dos chamados "aliados" (na verdade, fantoches
coloniais) que sempre ajudarão em qualquer deslocamento de força militar.


/Mas ainda mais crucialmente importante que isso:* China e Rússia não
têm desejo algum de voltar a ser império. *Esses dois países /finalmente
compreenderam a verdade eterna segundo a qual impérios são como
parasitas que se alimentam do corpo que os hospeda.

Sim, não apenas */todos/* os impérios
são *sempre* e *inerentemente* maus, como tampouco seria difícil
demonstrar que */as primeiras vítimas do imperialismo são sempre as
nações que "hospedam o império", /*por assim dizer.

Ah, sim, claro, chineses e russos desejam que o próprio país seja
realmente livre, poderoso e soberano; e compreendem que isso só é
possível quando o país conta com forças armadas realmente capazes de
conter um ataque, mas nem China nem Rússia tem qualquer interesse em
policiar o planeta ou em impor mudança de regime a outros países. A
única coisa que China e Rússia realmente querem é salvarem-se, os
próprios países, da agressão norte-americana. É isso.

Essa nova realidade é especialmente visível no Oriente Médio, onde
países como EUA, Israel ou Arábia Saudita (o chamado "Eixo da
Gentileza") só tem capacidade militar para massacrar civis ou destruir a
infraestrutura dos países, mas não tem suficiente capacidade militar
para lançar-se contra as duas reais potências regionais - Irã e Turquia
-,*porque essas potências regionais têm poder militar moderno e efetivo*.

Mas o teste crucial e mais revelador foi a tentativa dos EUA para
subjugar a Venezuela e forçá-la de volta à submissão. Apesar de todas as
ameaças fedendo a enxofre feitas por Washington, todo(s) o(s) "plano(s)
(?) de Bolton" para a Venezuela resultaram em muito embaraçoso fracasso.

Se a Única "Hiperpotência" do planeta não consegue subjugar nem um país
tremendamente enfraquecido e bem ali, no seu quintal, e país que
enfrenta crise gravíssima... fica provado que as Forças Armadas dos EUA
estão obrigadas a se conformar com só invadir pequenos países como
Mônaco, Micronésia e talvez o Vaticano (supondo que a Guarda Suíça
resista à tentação de dar uns tiros no traseiro dos representantes da
"nação indispensável").

Fato é que um número crescente de países de tamanho médio estão hoje
adquirindo gradualmente os meios para resistir a um ataque dos EUA.

A pergunta é: em que pé estamos, se já se lê escrito pelos muros que se
esgota o tempo do Império Anglo-sionista, e não se vê país à vista para
substituir os EUA como hegemon imperial mundial?

A resposta é que */1.000 anos de imperialismo europeu estão chegando ao
fim!/*

Dessa vez, nem Espanha nem Reino Unido nem Áustria tomarão o lugar dos
EUA nem tentarão tornar-se hegemon planetário. De fato, não há nenhuma
nação europeia que tenha capacidade militar sequer remotamente capaz de
promover ações do tipo "pacificação colonial", indispensáveis para
manter colônias em estado de permanente desespero e terror. Os franceses
emitiram o último vagido na Argélia; o Reino Unido, nas Falklands; a
Espanha não consegue nem recuperar Gibraltar; e a Holanda nem tem
Marinha de verdade, da qual valha a pena falar. Quanto a países da
Europa central, estão muito ocupados lambendo botas do império
agonizante e não lhes resta tempo para cuidar de se converterem em
império (ok, talvez com exceção da Polônia, que sonha com algum tipo de
Império Polonês entre o Báltico e o Mar Negro. Que sonhem; sonham com
isso há séculos, e continuarão a sonhar com isso ainda por muitos outros
séculos...).

Agora compare as forças armadas europeias e o tipo de forças armadas que
os EUA podem encontrar na América Latina ou na Ásia. Há uma suposição
tão irrefletida de superioridade na maioria dos anglos, que sequer veem
completamente que países de médio e pequeno porte podem desenvolver
forças armadas suficientes para tornar impossível uma invasão dos EUA;
ou, pelo menos, para tornar qualquer ocupação proibitivamente cara em
termos de vidas humanas e dinheiro (ver aqui
<http://www.unz.com/tsaker/debunking-the-flagwaving-myths-about-an-attack-on-north-korea/>, aqui
<http://www.unz.com/tsaker/debunking-popular-cliches-about-modern-warfare/> e aqui
<http://www.unz.com/tsaker/u-s-against-iran-a-war-of-apples-vs-oranges/>).
Essa nova realidade também torna quase completamente inútil a típica
campanha de mísseis e ataques aéreos dos EUA: destruirão muitos prédios
e pontes, converterão as estações de TV locais ("pontos de propaganda",
na terminologia imperial) em pilhas gigantes de escombros fumegantes e
cadáveres, matam muitos inocentes, mas nem assim obterão algum tipo de
mudança de regime.

O fato a observar é que se aceitarmos que a guerra seja a continuação da
política por outros meios, também temos que admitir, que sob essa
definição, as forças armadas dos EUA são totalmente inúteis, pois não
conseguem ajudar os EUA a alcançar quaisquer objetivos políticos
significativos.

Verdade é que, em termos militares e econômicos, o "ocidente" já está
derrotado. E não faz qualquer diferença que quem compreende isso não
diga, e que os que falam sobre isso (só para negar, é claro) nada
compreendam do que está realmente acontecendo.

Em teoria, poderíamos imaginar que algum tipo de líder forte chegaria ao
poder nos EUA (os outros países ocidentais são totalmente irrelevantes),
esmagaria neoconservadores, como Putin esmagou os neoconservadores na
Rússia, e evitaria o colapso brutal e repentino do Império. Mas não vai
acontecer. Se há coisa que as últimas duas décadas provaram para além de
qualquer dúvida razoável é que o sistema imperial é totalmente incapaz
de se autorreformar, apesar de gente como Ralph Nader, Dennis Kucinich,
Ross Perrot, Ron Paul, Mike Gravel ou, mesmo ,Obama e Trump - todos
esses homens que prometeram mudança significativa e que foram realmente
impedidos pelo sistema de alcançar qualquer resultado significativo.

Implica dizer que o sistema ainda é 100% eficaz, pelo menos dentro dos
EUA: os neoconservadores precisaram de menos de 30 dias para esmagar
Trump e todas as suas promessas de mudança. E já conseguiu, até agora,
que Tulsi Gabbard se curvasse e cedesse à ortodoxia e aos mitos
políticos absolutamente obrigatórios dos neoconservadores.

Assim sendo, o que acontecerá a seguir?

Simplificando: *a Ásia substituirá o Mundo Ocidental. Mas - e isso é
crucial - desta vez nenhum império aparecerá para substituir o Império
Anglo-sionista*. Em vez disso, uma coalizão fluida e informal de países
principalmente asiáticos oferecerá um modelo econômico e civilizacional
alternativo e imensamente atraente para o resto do planeta.

Quanto ao Império, ele se dissolverá muito efetivamente; e lentamente se
tornará irrelevante. Tanto os americanos como os europeus terão, pela
primeira vez na história, de se comportar como pessoas civilizadas.
Significa que o seu tal tradicional "modelo de desenvolvimento" (saquear
todo o planeta e roubar tudo de todos) terá de ser substituído por outra
coisa, alguma espécie de arranjo pelo qual norte-americanos e europeus
terão de trabalhar como todos os outros, para acumular riqueza. Essa
ideia horrorizará absolutamente as atuais elites dominantes imperiais,
mas aposto que será bem recebida pela maioria dos povos, especialmente
quando este "novo" modelo (para eles) provar que gera mais paz e
prosperidade do que o anterior!

De fato, se os neocons não explodirem o planeta num holocausto nuclear,
EUA e Europa sobreviverão, mas somente depois de um doloroso período de
transição, que pode durar uma década ou mais. Um dos fatores que
complicarão imensamente a transição do Império para a situação de país
"normal" é profunda influência que tiveram sobre as culturas ocidentais
os 1.000 anos de imperialismo, especialmente sobre os EUA já
completamente megalomaníacos (a série de conferências do Professor John
Marciano, "Empire as a way of life" [Império como modo de vida
<https://thesaker.is/a-most-interesting-series-of-lectures-and-a-real-treat-for-all/>] discute
magnificamente esse tópico - recomendo vivamente!). Um milênio de
lavagem cerebral não é coisa que se supere facilmente, especialmente
quando já penetrou no nível subconsciente.

Finalmente, a reação bastante desagradável que se vê contra o
multiculturalismo imposto pelas elites dominantes ocidentais, não é
menos patológica, para começar, este o próprio multiculturalismo
corrosivo. Refiro-me às novas teorias que "revisitam" a Segunda Guerra
Mundial e encontram inspiração em tudo que tenha a ver com o
Terceiro/Reich/, incluindo um renascimento das teorias
racistas/racialistas.

É especialmente ridículo (e ofensivo) quando vem de gente que tenta
fazer-se passar cristãos, mas cujos lábios, em vez de orações, só
bobagens semelhantes às de 1488. Essas pessoas representam precisamente
o tipo de "oposição" que os neoconservadores amam ter pela frente, e que
os neoconservadores sempre (e quando digo "sempre" é *sempre* mesmo)
acabam derrotando. Esta oposição (que se faz de oposição; de fato, são
idiotas úteis) permanecerá forte enquanto permanecer bem financiada (o
que ela hoje é). Mas assim que a atual megalomania ("/Nós somos a Raça
Branca! Nós construímos Atenas e Roma! Nós somos Evropa!!!/") cair de
cara inevitavelmente no chão, as pessoas recuperação a sanidade e
perceberão que o atual estado do ocidente não é coisa que se possa
atribuir a algum bode expiatório externo. A triste verdade é que o
ocidente fez tudo isso a si mesmo (principalmente por orgulho e
arrogância!).

As atuais ondas de imigrantes nada são além de 1.000 anos de carma de
sofrimento e dor sendo devolvidos para onde tudo começou. Não quero
sugerir que as pessoas no Ocidente seriam individualmente responsáveis
pelo que está acontecendo agora. O que digo é que todas as pessoas no
Ocidente vivem hoje com as consequências de 1.000 anos do mais
desenfreado imperialismo.

Será difícil, muito difícil, mudar de rumo, mas uma vez que essa é
também a única saída viável, é o que vai acontecer, mais cedo ou mais tarde.

Mas ainda assim, há esperança. *Se* os neoconservadores não explodirem o
planeta, e *se* a humanidade tiver tempo suficiente para estudar a
própria história e entender onde enveredou pela trilha errada, então
talvez, apenas /talvez/, haja esperança.

Acho que todos podemos encontrar consolo no fato de que por pior, mais
feio, estúpido e maligno seja ainda o Império Anglo-sionista, é o
último. E não haverá outro império para substituí-lo.

Em outras palavras, se sobrevivermos ao império atual (o que
absolutamente não é garantido!), então, pelo menos, poderemos afinal,
olhar para um planeta sem impérios, feito só de países soberanos.

Entendo que esse é futuro pelo qual vale a pena lutar.

[assina] The Saker


In
PORT.PRAVDA.RU
http://port.pravda.ru/mundo/09-08-2019/48329-ultimo_imperio-0/#
1/8/2019

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