sexta-feira, 4 de março de 2022

A Rússia declara guerra aos Straussianos

 
 
Thierry Meyssan

A Rússia não faz guerra ao povo ucraniano, mas a um pequeno grupo de
pessoas no seio do Poder norte-americano que transformou a Ucrânia à sua
revelia, os Straussianos. Ele formou-se há meio século e já cometeu uma
quantidade incrível de crimes na América latina e no Médio-Oriente à
revelia dos Norte-Americanos. Eis a sua história.



Em 24 de Fevereiro ao amanhecer, as forças russas entraram maciçamente
na Ucrânia. Segundo o Presidente Vladimir Putin, que se pronunciava
então na televisão, esta operação especial era o início da resposta do
seu país « àqueles que aspiram à dominação do mundo » e que fazem
avançar as infraestruturas da OTAN até às portas do seu país. Durante
esta longa intervenção, resumiu a maneira como a OTAN destruiu a
Jugoslávia sem autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas,
indo ao ponto de bombardear Belgrado, em 1999. Depois descreveu as
destruições dos Estados Unidos no Médio-Oriente, no Iraque, na Líbia e
na Síria. Só após esta longa exposição é que ele anunciou ter enviado as
suas tropas à Ucrânia com a dupla missão de destruir as forças armadas
ligadas à OTAN e de acabar com os grupos neo-nazis armados pela OTAN.

De imediato, todos os Estados membros da Aliança Atlântica denunciam uma
ocupação da Ucrânia comparável à da Checoslováquia durante a « Primavera
de Praga » (1968). Segundo eles, a Rússia de Vladimir Putin terá
adoptado a « doutrina Brejnev » da União Soviética. É por isso que o
mundo livre deve punir o « Império do Mal » ressuscitado impondo-lhe «
custos devastadores ».

A interpretação da Aliança Atlântica visa antes de mais privar a Rússia
do seu argumento principal : é certo que a OTAN não é uma confederação
de iguais, mas uma federação hierarquizada sob o comando anglo-saxónico,
mas a Rússia age da mesma forma. Ela recusa à Ucrânia a possibilidade de
escolher o seu destino como os Soviéticos recusaram aos Checoslovacos.
Claro, a OTAN, pelo seu funcionamento, viola os princípios de soberania
e de igualdade dos Estados estipulados pela Carta das Nações Unidas, mas
ela não deve ser dissolvida, salvo se a Rússia desaparecer também.

Parece lógico, mas sem grande probabilidade.

O discurso do Presidente Putin não era dirigido contra a Ucrânia, nem
sequer contra os Estados Unidos, mas explicitamente contra « aqueles que
aspiram à dominação do mundo », quer dizer contra os « Straussianos » no
seio do Poder norte-americano. Foi uma verdadeira declaração de guerra
contra eles.

Em 25 de Fevereiro, o Presidente Vladimir Putin qualificava o Poder de
Kiev de « clique de drogados e de neonazis ». Para os média (mídia-br)
atlantistas, estas declarações eram as de um doente mental.

Na noite de 25 para 26 de Fevereiro, o Presidente Volodymyr Zelensky
dirigia à Rússia, via embaixada da China em Kiev, uma proposta de
cessar-fogo. O Kremlin respondeu-lhe imediatamente colocando as suas
condições :
*–* detenção de todos os nazis (Dmitro Yarosh e o Batalhão Azov, etc.),
*–* retirada de todos os nomes de rua e destruição dos monumentos
glorificando os colaboracionistas dos nazis durante a Segunda Guerra
Mundial (Stepan Bandera, etc.),
*–* deposição das armas.

A imprensa atlantista ignorou este acontecimento, enquanto o resto do
mundo, que o ficou a conhecer, reteve a respiração. A negociação falhou
algumas horas mais tarde após a intervenção de Washington. Só nesta
ocasião é que as opiniões públicas ocidentais foram informadas a
propósito, mas as condições russas irão continuar a ser-lhes escondidas.

De que fala o Presidente Putin ? Contra quem se bate ele ? E quais são
as razões que tornaram cega e muda a imprensa atlantista ?

*Paul Wolfowitz *


    Breve história dos Straussianos

Detenhamo-nos por um instante neste grupo, os Straussianos, a propósito
do qual os Ocidentais sabem pouco. Trata-se de indivíduos, todos judeus,
mas de forma nenhuma representativos, nem dos judeus americanos, nem das
comunidades judaicas a nível mundial. Eles foram formados pelo filósofo
alemão Leo Strauss, o qual se refugiara nos Estados Unidos durante a
ascensão do nazismo e se tornou professor de filosofia na Universidade
de Chicago. De acordo com muitos testemunhos, reunira um pequeno grupo
de alunos fiéis aos quais dispensava ensino oral. Assim. não há escritos
sobre este assunto. Ele explicava-lhes que o único meio dos judeus não
serem vítimas de um novo genocídio era instaurando a sua própria
ditadura. Designava-os pelo nome de /Hoplitas/ (os soldados de Esparta)
e enviava-os a provocar desordem nas aulas dos seus rivais. Por fim,
ensinava-os a ser “discretos” e fazia o elogio do que chamava a « nobre
mentira ». Embora ele tenha morrido em 1973, a sua fraternidade
estudantil perpetuou-se.

Os Straussianos começaram a formar um grupo político há meio século, em
1972. Eram todos membros da equipe do Senador democrata Henry ’Scoop’
Jackson, sobretudo Elliott Abrams, Richard Perle e Paul Wolfowitz. Eles
trabalhavam em estreita ligação com um grupo de jornalistas trotskistas
igualmente judeus, que haviam conhecido no City College de Nova Iorque e
editavam a revista /Commentary./ Eram conhecidos por os « Intelectuais
nova-iorquinos » (/New York Intellectuals/). Estes dois grupos estavam
muito ligados à CIA, mas também, graças ao sogro de Perle, Albert
Wohlstetter —o estratega militar dos EUA—, à Rand Corporation (o
“think-tank” do complexo militar-industrial). Muitos destes jovens
casaram-se entre si até formar um grupo compacto de cerca de uma centena
de pessoas.

Juntos redigiram e fizeram adoptar, em plena crise do Watergate (1974),
a « Emenda Jackson-Vanik », que forçava a União Soviética a autorizar a
emigração da sua população judaica para Israel sob pena de sanções
económicas. Foi o seu acto fundador.

Em 1976, Paul Wolfowitz [1 <#nb1>] foi um dos artesãos da « equipa B »
(/Team B/) encarregada pelo Presidente Gerald Ford de avaliar a ameaça
soviética [2 <#nb2>]. Produziu um relatório delirante acusando a União
Soviética de se preparar para assumir uma «hegemonia global». A Guerra
Fria mudava de natureza : já não se tratava mais de isolar (containment)
a URSS, era preciso pará-la para salvar o « mundo livre ».

Os Straussianos e os “Intelectuais” de Nova Iorque, todos de esquerda,
colocam-se ao serviço do Presidente de direita Ronald Reagan. É preciso
compreender bem que estes grupos não são verdadeiramente, nem de
esquerda, nem de direita. Alguns membros mudaram, aliás. cinco vezes do
Partido Democrata para o Partido Republicano e vice-versa. Aquilo que é
importante para eles, é infiltrar-se no Poder, seja qual for a
ideologia. Elliott Abrams tornou-se Secretário de Estado Adjunto. Ele
dirigiu uma operação na Guatemala onde colocou um ditador no Poder e
experimentou, com oficiais israelitas da Mossad, a forma de criar
reservas para os Índios Maias a fim de, a prazo, fazer a mesma coisa em
Israel com os Árabes palestinianos (a Resistência maia valeu a Rigoberta
Menchú o seu prémio Nobel da Paz).

Depois Elliott Abrams continuou os seus abusos em El Salvador e por fim
na Nicarágua contra os Sandinistas com o escândalo Irão-Contras. Por seu
lado, os “Intelectuais” nova-iorquinos, agora denominados «
Neoconservadores », criaram o Fundo Nacional para a Democracia
(/National Endowment for Democracy/ — NED) e o Instituto dos EUA para a
Paz (/U.S. Institute of Peace/); um dispositivo que organizou muitas
revoluções coloridas, a começar pela China com a tentativa de Golpe de
Estado do Primeiro-Ministro Zhao Ziyang e a repressão que se seguiu na
Praça Tienanmen.

No fim do mandato de George H. Bush (o pai), Paul Wolfowitz, então o
numero 3 do secretariado da Defesa, elaborou um documento [3 <#nb3>] à
volta de uma ponto forte : após a decomposição da URSS, os Estados
Unidos deviam prevenir a emergência de novos rivais, a começar pela
União Europeia. Ele concluiu preconizando a possibilidade de tomar
acções unilaterais, ou seja, de por fim a intervenção das Nações Unidas.
Wolfowitz é, sem qualquer dúvida, o mentor da « Tempestade do Deserto »,
a operação de destruição do Iraque que permitiu aos Estados Unidos mudar
as regras do jogo e impor um mundo unilateral. Foi nesta altura que os
Straussianos lançaram os conceitos de « mudança de regime » e « promoção
da democracia ».

Gary Schmitt, Abram Shulsky e Paul Wolfowitz infiltraram a comunidade de
Inteligência dos EUA graças ao Grupo de Trabalho sobre a reforma da
Inteligência (/Consortium for the Study of Intelligence’s Working Group
on Intelligence Reform/). Eles criticaram o a priori segundo o qual os
outros governos pensam do mesmo modo que os Estados Unidos [4 <#nb4>].
Depois, criticaram a ausência de conduta política dos Serviços Secretos,
afirmando que vagueava por assuntos sem importância em vez de se
concentrarem nos que achavam essenciais. Politizar a Inteligência, fora
o que Wolfowitz havia já feito com a equipa B e que ele recomeçou com
êxito, em 2002, com o Gabinete dos Planos Especiais (/Office of Special
Plans/) ; inventando argumentos para novas guerras contra o Iraque e
contra o Irão (usando a « nobre mentira » de Leo Strauss).

Os Straussianos foram afastados do Poder durante o mandato de Bill
Clinton. Introduziram-se então nos “think-tanks” de Washington. Em 1992,
William Kristol e Robert Kagan (o marido de Victoria Nuland, amplamente
citado nos artigos anteriores) publicaram um artigo na Foreign Affairs
deplorando a tímida política estrangeira do Presidente Clinton e
apelando a uma renovação da « hegemonia benevolente dos Estados Unidos »
(/benevolent global hegemony/) [5 <#nb5>]. No ano seguinte, fundaram o
Projecto para um Novo Século Americano (/Projet for a New American
Century/ — PNAC) nas instalações do Instituto Americano das Empresas
(/American Enterprise Institute/). Gary Schmitt, Abram Shulsky e Paul
Wolfowitz apareceram como membros dele. Todos os admiradores não-judeus
de Leo Strauss, entre os quais o protestante Francis Fukuyama (o autor
de /O Fim da História/), juntaram-se imediatamente a eles.

*Richard Perle *

Em 1994, Richard Perle (aliás « o príncipe das trevas ») agora
traficante de armas, torna-se Conselheiro do Presidente e antigo nazi,
Alija Izetbegović, na Bósnia- Herzegovina. Foi ele quem fez vir do
Afeganistão Osama Bin Laden e a sua Legião Árabe (ancestral da Alcaida)
para defender o país. Perle será mesmo membro da delegação bósnia
durante a assinatura em Paris dos Acordos de Dayton.

Em 1996, membros do PNAC (entre os quais Richard Perle, Douglas Feith e
David Wurmser) redigiram um estudo no seio do Institute for Advanced
Strategic and Political Studies — IASPS), por conta do novo
Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Este relatório [6
<#nb6>] preconiza a eliminação de Yasser Arafat, a anexação dos
territórios palestinianos, uma guerra contra o Iraque e a transferência
dos Palestinianos para lá. Ele inspira-se não apenas nas teorias
políticas de Leo Strauss, mas também nas do seu amigo, Ze’ev Jabotinsky,
o fundador do « sionismo revisionnista », de quem o pai de Netanyahu era
o secretário particular.

*Robert Kagan *

O PNAC recolheu fundos para a candidatura de George W. Bush (Jr.) e
publicou, antes da sua eleição, o seu famoso relatório « Reconstruir as
Defesas da América » (/Rebuilding America’s Defenses/). Nele apela, com
todas as forças, para uma catástrofe comparável à de Pearl Harbor que
permita lançar o povo norte-americano para uma guerra pela hegemonia
global. Foram estas exactamente as palavras que o Secretário da Defesa
Donald Rumsfeld, membro do PNAC, utilizou no dia 11 de Setembro de 2001.

Graças aos atentados do 11-de- Setembro, Richard Perle e Paul Wolfowitz
instalaram o Almirante Arthur Cebrowski à sombra de Donald Rumsfeld. Ele
teve um papel comparável ao que Albert Wohlstetter teve durante a Guerra
Fria. Impôs a estratégia da « guerra sem fim »: as Forças Armadas
norte-americanas não deveriam ganhar guerras, mas iniciar uma quantidade
delas e fazê-las durar o maior tempo possível. Tratava-se de destruir
todas as estruturas políticas dos Estados visados a fim de arruinar
essas populações e de as privar de qualquer meio de defesa face aos
EUA [7 <#nb7>] ; uma estratégia posta em prática durante vinte anos no
Afeganistão, no Iraque, na Líbia, na Síria, no Iémene…

A aliança dos Straussianos e dos sionistas revisionistas foi selada
durante uma grande conferência em Jerusalém, em 2003, a que infelizmente
personalidades políticas israelitas de todos os quadrantes acreditaram
dever assistir [8 <#nb8>]. Não é pois de espantar que Victoria Nuland (a
esposa de Robert Kagan, então embaixatriz na OTAN) tenha intervido para
proclamar um cessar-fogo, em 2006, no Líbano, que permitiu ao Exército
israelita batido retirar-se, sem ser perseguido pelo Hezbolla.

*Bernard Lewis e Benjamin Netanyahu *
Gabinete de Imprensa do Primeiro-Ministro

Alguns indivíduos, como Bernard Lewis, trabalharam com os três grupos,
os Straussianos, os Neoconservadores e os Sionistas revisionistas.
Antigo agente da Secreta britânica, ele adquiriu as nacionalidades
americana e israelita, foi conselheiro de Benjamin Netanyahu e membro do
Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Lewis, que no meio da
sua carreira garantia que o islão é incompatível com o terrorismo e que
os terroristas árabes eram na realidade agentes soviéticos, mudou de
ideias em seguida e afirmava com o mesmo à vontade que esta religião
prega o terrorismo. Ele inventou para o Conselho de Segurança Nacional
dos EUA a estratégia do « choque de civilizações ». Tratava-se de
instrumentalizar as diferenças culturais para mobilizar os muçulmanos
contra os ortodoxos; um conceito que foi popularizado pelo seu
assistente no Conselho, Samuel Huntington, só que esse não o apresentava
como uma estratégia, mas como uma fatalidade contra a qual era preciso
agir. Huntington iniciara a sua carreira como conselheiro dos Serviço
Secretos sul-africano do apartheid, depois escrevera um livro, /The
Soldier and the State/ [9 <#nb9>], garantindo que os militares
(regulares e mercenários) formam uma casta à parte, única capaz de
compreender as necessidades da segurança nacional.

Após a destruição do Iraque, os Straussianos são objecto de todo o tipo
de polémicas [10 <#nb10>]. Toda a gente ficou espantada como um grupo
tão pequeno, apoiado por jornalistas neoconservadores, tinha podido
adquirir tamanha autoridade sem ter sido objeto de escrutínio público. O
Congresso dos Estados Unidos designou um Grupo de Estudo sobre o Iraque
(chamada « Comissão Baker-Hamilton ») para avaliar a sua política. Ela
condena, sem a nomear, a estratégia Rumsfeld / Cebrowski e deplora as
centenas de milhar de mortos que causou. Mas, entretanto, Rumsfeld
demite-se e o Pentágono prossegue inexoravelmente esta estratégia que
oficialmente nunca adoptara.

Na Administração Obama, os Straussianos acabaram no gabinete do
Vice-Presidente Joe Biden. O seu Conselheiro de Segurança Nacional,
Jacob “Jake” Sullivan (conhecido como “Jake the snake”- ndT), jogou um
papel central na organização das operações contra a Líbia, a Síria e o
Mianmar, enquanto um dos seus outros conselheiros, Antony Blinken, se
concentrou no Afeganistão, Paquistão e Irão. Foi ele que dirigiu as
negociações com o Guia supremo, Ali Khamenei, que levaram à detenção e
prisão dos principais membros da equipa do Presidente Mahmoud
Ahmadinejad em troca do acordo sobre o nuclear iraniano.

A mudança de regime em Kiev, em 2014, foi organizada pelos Straussianos.
O Vice-Presidente Biden envolve-se nela resolutamente. Victoria Nuland
vem apoiar os elementos neo-nazis do Sector Direito (Praviy Sektor-ndT)
supervisionar o comando israelita « Delta » [11 <#nb11>] na Praça
Maidan. Uma escuta telefónica revela o seu desejo de « enrabar a União
Europeia » (sic) na tradição do relatório Wolfowitz de 1992. Mas os
dirigentes da União Europeia não compreendem e apenas protestam
timidamente [12 <#nb12>].

“Jake” Sullivan e Antony Blinken colocam o filho do Vice-Presidente
Biden, Hunter, no conselho de administração de uma das maiores firmas de
gás, a Burisma Holdings, apesar da oposição do Secretário de Estado,
John Kerry. Hunter Biden não passa infelizmente de um drogado, ele
servirá de cortina a um gigantesco golpe às custas do povo ucraniano.
Ele irá nomear, sob a supervisão de Amos Hochstein, vários dos seus
compinchas de ganza para servirem de espantalhos à frente de várias
empresas e pilhar o gás ucraniano. Foram estes tipos que o Presidente
Vladimir Putin qualificou como « clique de drogados ».

Sullivan e Blinken apoiam-se no padrinho mafioso Ihor Kolomoisky, a
terceira fortuna do país. Embora judeu, ele financia o braço armado do
Sector Direito, uma organização neo-nazi que trabalha para a OTAN e se
bate na Praça Maidan durante a « mudança de regime ». Kolomoisky
aproveita-se dos seus conhecidos para tomar o Poder no seio da
comunidade judaica europeia, mas os seus correligionários reagem e
expulsam-no das associações internacionais. No entanto, ele consegue que
o cabecilha do Sector Direito, Dmytro Yarosh, seja nomeado
Secretário-adjunto do Conselho Nacional de Segurança e de Defesa da
Ucrânia e fazer-se nomear, ele mesmo, Governador do oblast de
Dnipropetrovsk. Os dois homens serão rapidamente afastados de qualquer
função política. Foi este grupo que o Presidente Vladimir Putin
qualificou de « clique neo-nazi ».

Em 2017, Antony Blinken funda a WestExec Advisors, uma firma de
consultadoria que reúne antigos funcionários da Administração Obama e
muitos Straussianos. Esta empresa é extremamente discreta quanto às suas
actividades. Usa as conexões políticas dos seus funcionários para ganhar
dinheiro; o que em qualquer lado do mundo seria chamado de corrupção.

*Joe Biden não é un Straussiano, mas faz negócios com eles desde há uns
quinze anos. Aqui com Anthony Blinken. *


    Os Straussianos sempre iguais a si mesmos

Desde o regresso de Joe Biden à Casa Branca, desta vez como Presidente
dos Estados Unidos, os Straussianos controlam todo o sistema. “Jake”
Sullivan é o Conselheiro de Segurança Nacional, enquanto Antony Blinken
é o Secretário de Estado com Victoria Nuland ao seu lado. Tal como
relatei em artigos precedentes, ela viajou para Moscovo, em Outubro de
2021, e ameaçou esmagar a economia da Rússia se esta não se vergasse.
Foi o início da crise actual.

A Sub-secretária de Estado, Nuland, faz reaparecer Dmitro Yarosh e
impõe-no ao Presidente Zelinsky, um actor de televisão protegido por
Ihor Kolomoisky. Em 2 de Novembro de 2021, ele nomeia-o Conselheiro
especial do Chefe das Forças Armadas, o General Valerii Zaluzhnyi. Este,
um autêntico democrata, reclama primeiro e finalmente acaba aceitando.
Interrogado pela imprensa sobre este espantoso dueto, recusa responder e
evoca matéria de Segurança Nacional. Yarosh dá o seu total apoio ao «
führer branco », o Coronel Andrey Biletsky, e ao seu Batalhão Azov. Esta
cópia da divisão SS /Das Reich/ é enquadrada desde o Verão de 2021 por
mercenários norte-americanos da antiga Blackwater [13 <#nb13>].

Tendo esta longa dissertação permitido identificar os Straussianos, é
forçoso admitir que a ambição da Rússia é compreensível, até desejável.
Livrar o mundo dos Straussianos seria prestar justiça ao milhão de
mortos e mais que eles provocaram e salvar aqueles que eles se aprestam
para matar. Resta saber se esta intervenção na Ucrânia é o melhor
caminho para isso.

Seja como for, se a responsabilidade pelos acontecimentos actuais
incumbe aos Straussianos, todos aqueles que os deixaram agir sem mexer
uma palha têm também responsabilidades. A começar pela Alemanha e pela
França que assinaram os Acordos de Minsk há sete anos e nada fizeram
para que fossem aplicados, depois pelos cinquenta Estados que assinaram
as declarações da OSCE proibindo a expansão da OTAN para Leste da linha
Oder-Neisse e nada fizeram. Apenas Israel, que acaba de se livrar dos
sionistas revisionistas, acaba por expressar uma posição subtil
(sutil-br) sobre estes eventos.

É uma das lições desta crise : os povos governados democraticamente são
responsáveis pelas decisões tomadas há longo tempo pelos seus dirigentes
e mantidas após alternâncias do Poder.

In
VOLTAIRE.NET
https://www.voltairenet.org/article215906.html
3/3/2022

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