segunda-feira, 13 de março de 2023

Falcoa ucraniana que dirige a Comissão Europeia esconde um pedigree nazi

 
 

    Evan Reif [*]

Ursula a cavalo, 2007.

*O seu pai Ernst Albrecht, Presidente do estado alemão da Baixa Saxónia
entre 1978 e 1990, trouxe nazis não reabilitados para a sua
administração e levou a cabo uma operação terrorista de bandeira negra
destinada a desacreditar a Fação do Exército Vermelho de esquerda.*

Na sequência da guerra Russo-Ucraniana, conceitos como "valores
europeus" dominam os media. Uma das pessoas mais responsáveis por esta
situação é Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, que
é agora uma figura quase omnipresente nos media.

Segundo Ursula, os "valores europeus" representam apenas os mais altos
atributos da humanidade: liberdade, justiça, solidariedade, e Estado de
direito.

Qualquer pessoa com um conhecimento superficial da história pode afirmar
que isto não passa de eufemismos. Não há muito tempo, "valores europeus"
significavam algo muito diferente. Esses valores traçaram as fronteiras
do mundo em oceanos de sangue, tanto de Europeus como dos que
conquistaram. Um olhar sobre a história da aristocrática família
europeia de Úrsula pode mostrar-nos a verdadeira face destes "valores
europeus" e como a classe dominante lucrou com a sua imposição ao mundo.

*Os pecados do pai*

"Se conseguirmos trazer para a governação pessoas com capacidades acima
da média uma autocracia ou a lei dos poucos será capaz de criar uma
ordem melhor do que a lei do povo". – Ernst Albrecht

Cota de armas da família.

Ursula von der Leyen é a herdeira de duas famílias aristocráticas
alemãs. Nasceu como Ursula Albrecht, filha de Ernst Albrech, proeminente
burocrata europeu, líder do partido CDU e ex-governador da Baixa
Saxónia. A família cultivou cuidadosamente uma imagem cosmopolita, pois
Ernst passou a maior parte da sua vida a trabalhar para a UE e várias
organizações suas precursoras. Ao crescer, Ursula foi apelidada de
"Röschen" (Rosie em inglês) pelo seu pai, e imagens da família feliz
aparecem em destaque nos anúncios políticos do seu pai.

A família Albrecht fez a sua fortuna usando a sua posição como agentes
aduaneiros no Sagrado Império Romano para dominar os mercados de algodão
de Bremen do século XIX e, a partir então, o nome Albrecht tem sido um
marco ao longo da história alemã.

A extensa história documentada da família Albrecht, como era da praxe
entre a burguesia alemã, regista no entanto uma misteriosa lacuna entre
1936 e 1945. Para evitar perguntas desconfortáveis sobre de onde veio o
seu poder e dinheiro e o que fizeram para o ganhar, a Casa de Albrecht,
tal como outras, limita-se a fingir que o regime nazi nunca existiu. Uma
vez que nunca teremos respostas, se levantarmos o véu sobre o que rodeia
este vazio, talvez possamos mostrar a verdadeira forma dos "valores
europeus" de que a Úrsula tanto gosta.

Comecemos por considerar o primeiro trabalho
<https://web.archive.org/web/20151002014909/http:/www.kas.de:80/wf/de/71.8396> de Ernst na política, na Comissão Europeia do Carvão e do Aço sob a direção de outro aristocrata, Hans von der Groeben.

Darré cumprimenta Hitler.

Hans já era na altura um burocrata de longa data. Durante a guerra,
colaborou no Ministério da Agricultura do Reich, sob o comando de
Richard Walther Darré. Darré era um nazi fanático, tendo escrito a sua
primeira propaganda fascista em 1926 e aderido ao Partido Nazi em 1930.

Cedo aderiu às SS e a sua lealdade e dedicação à causa levou Heinrich
Himmler a selecionar pessoalmente o /Obergruppenführer/ Darré como chefe
do Gabinete de Raça e Repovoamento das SS e, mais tarde, do Departamento
de Agricultura do Reich. Darré foi um dos principais ideólogos do
partido, combinando as tarefas dos gabinetes agrícolas e raciais para
estabelecer a fundação do Generalplan Ost
<https://www.jstor.org/stable/40542587>, o plano nazi para exterminar
toda a raça eslava e colonizar a Europa Oriental.

Darré foi o arquiteto das políticas agrárias nazis "sangue e solo"
<https://scholarworks.uni.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=2018&context=etd>e procurou criar uma nova aristocracia "ariana" proprietária da terra. Aprovou leis que exigiam um "certificado ariano" para herdar terras agrícolas e foi fundamental nos programas de eugenia nazi, particularmente o programa Lebensborn, concebido para criar uma nova geração de super-homens "arianos" e purgar o povo alemão de "linhas de sangue indesejáveis".

Um dos seus acólitos mais promissores foi um médico chamado Josef
Mengele <https://archive.org/details/kaiserwilhelmins00schm>, que foi
encarregado das políticas de "saúde racial" dentro do departamento.
Mengele tornar-se-ia mais tarde no infame anjo da morte
<https://archive.org/details/anatomyofauschwi00gutm_1> que levou a cabo
alguns dos crimes mais vis da história com as suas experiências médicas
à escala industrial no campo de concentração de Auschwitz. Mengele visou
particularmente as crianças como suas vítimas e manteve-as vivas durante
meses para obter o máximo de dados possível. Nunca se esqueceu de onde
veio: Mengele citou sempre Darré como inspiração para as suas ideias
sobre "higiene racial".

Depois da guerra, Mengele escapou à justiça fugindo para a Argentina e
mais tarde para o Brasil nas "linhas de rato" operadas pelo agente da
CIA, futuro chefe da secreta alemã ocidental e nazi indefetível Reinhard
Gehlen
<https://www.archives.gov/publications/prologue/2007/winter/iwg.html> e
foi protegido sob a ordem pessoal do director da CIA Allen Dulles
<https://www.jstor.org/stable/4383422>, que via Mengele como um aliado
útil na sua guerra contra a URSS. Mengele morreu como homem livre em
1976 e foi enterrado sob o nome de Wolfgang Gerhard em São Paulo, Brasil.

Darré orgulhava-se do seu trabalho. Escreveu milhares de páginas
descrevendo os seus planos em várias publicações, promovendo as suas
ideias através de frequentes discursos dentro da Alemanha nazi.

"Por altura da guerra relâmpago /(blitzkrieg)/ ... antes do outono ...
seremos os senhores absolutos de dois continentes ... uma nova
aristocracia de senhores alemães será criada....[Com] escravos a ela
atribuídos, estes escravos para serem sua propriedade e para serem
constituídos por cidadãos sem terra, não alemães ... na verdade temos em
mente uma forma moderna de escravatura medieval que devemos e vamos
introduzir porque precisamos urgentemente dela para cumprir as nossas
grandes tarefas. A estes escravos não serão de modo algum negadas as
bênçãos do analfabetismo; o ensino superior será, no futuro, reservado
apenas à população alemã da Europa ..." – Richard Darré
<https://books.google.com/books?id=QUoEAAAAMBAJ&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false>

Juntamente com Hans von der Groeben, implementaram o que ficou conhecido
como Plano da Fome para alimentar o Reich à custa dos territórios
conquistados. Milhões de escravos trabalharam com rações de fome,
forçados a enviar cada pedaço de comida para o Reich onde seria
utilizada para sustentar literalmente a máquina nazi que os oprimia. Em
1944, mais de 15 milhões de toneladas
<https://hal.science/hal-02562731/document> de alimentos tinham sido
requisitadas à URSS, e isto levou à morte intencional por fome de mais
de 10 milhões de pessoas. De acordo com o plano de Darré, depois de
todos terem sido esterilizados e mortos à fome, o "Untermensch" eslavo
seria substituído pela nova raça de aristocratas "arianos" de Darré,
prontos para usar esta terra em benefício do Reich.

Após a guerra, Darré foi preso e julgado por crimes de guerra em
Nuremberga. Foi considerado culpado, mas apesar do âmbito e escala dos
seus crimes, recebeu uma sentença de apenas sete anos. Cumpriu apenas
três deles e foi libertado em 1950. Morreu de cancro do fígado em 1953.
Embora esta sentença tenha sido chocantemente indulgente, poderia ter
sido pior. Hans nunca viu o interior da sala de audiências.

Isto foi muito comum após a guerra. Os "internacionalistas liberais",
como Allen Dulles, responsável pela política externa norte-americana,
não foram incomodados com os crimes do regime nazi. De facto, já em 1940
Dulles defendia uma aliança com a Alemanha nazi, e em 1944 reunia-se com
os serviços secretos nazis para organizar uma paz separada para usar os
nazis como arma contra a URSS.

Procuvaram apenas julgamentos para os nazis mais flagrantes e, mesmo
assim, asseguravam que as suas penas fossem o mais indulgentes possível.
A hierarquia do regime nazi, o exército de pessoas que obrigaram
fisicamente a máquina nazi a fazer o trabalho assassino de subjugar e
exterminar um continente inteiro ficou quase inteiramente impune pelos
seus crimes.

Pessoas como Hans von der Groeben foram recompensadas com empregos no
novo governo "desnazificado" da Alemanha Ocidental. Apesar das
pretensões de uma nova Alemanha, apenas os nomes mudaram. Os mesmos
burocratas trabalharam para o mesmo objetivo, a destruição da União
Soviética e do seu povo. A máquina estatal outrora chamada Grande Reich
Alemão tinha sido absorvida por uma nova estrutura, agora denominada
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Agora na posição de deputado, Ernst Albrecht assumia o mesmo papel que o
seu chefe tinha nos anos 40, desta vez com "sangue e solo" substituído
por "valores europeus".

Embora Ernst Albrecht fosse demasiado novo para ter sido um nazi, ao
longo da sua longa carreira política deixou bem claras as suas
simpatias. Ernst era um elitista que desprezava o povo comum e queria
fazer prevalecer na Alemanha o que ele considerava ser o domínio da
elite, por oposição ao domínio das massas "pouco inteligentes".

Dado que ele nunca perdeu uma oportunidade de venerar o Terceiro Reich e
os seus assassinos, é muito claro quem Ernst considerava elite.

"O governo do povo, o governo direto, é essencialmente tal que as
decisões não são determinadas pela percepção da [elite] inteligente, mas
sim pelo nível médio comum baseado na maioria da população". – Ernst
Albrecht, /O Estado, a ideia e a realidade: Esboços de uma filosofia
política/

Enquanto líder do governo da União Democrática Cristã (um dos dois
maiores partidos políticos) do estado alemão da Baixa Saxónia, Ernst
<https://www.wsws.org/en/articles/2014/09/29/warm-s29.html> cortejou com
êxito membros da Deutsche Reichspartei
<https://en.wikipedia.org/wiki/Deutsche_Reichspartei> neo-Nazi (DRP)
para as fileiras da CDU. O DRP praticou o que era conhecido como
Hitlerismo Esotérico
<https://www.splcenter.org/fighting-hate/intelligence-report/2011/former-neo-nazi-explains-%E2%80%98esoteric-nazism%E2%80%99>, uma variedade bizarra de neonazismo que afirma que Hitler é a reencarnação literal do deus hindu Vishnu e os "arianos" do nazismo são os mesmos arianos <https://en.wikipedia.org/wiki/Aryan> que outrora habitavam a Índia antiga.

A ideologia foi criada por Savitri Devi
<https://www.jstor.org/stable/j.ctt9qg323>, um espião nazi nascido em
França e que tinha sido expulso da Alemanha em 1951 por divulgar
repetidamente a propaganda nazi e chegara ao DRP através do amigo mais
próximo de Devi, o piloto nazi Hans-Ulrich Rudel
<https://www.cia.gov/readingroom/docs/RUDEL%2C%20HANS_0058.pdf>, que
trabalhava como traficante de armas para fascistas sul-americanos e
conspirava ativamente para derrubar o governo alemão em favor de uma
ditadura nazi.

Rudel e Devi acreditavam que, se conseguissem construir um novo Reich,
Hitler reencarnaria uma vez mais como o deus hindu Kalki
<https://en.wikipedia.org/wiki/Kalki> para limpar todas as raças
inferiores e conduzir o povo "ariano" para um paraíso chamado
Hyperborea. Apesar disto, a CDU de Albrecht absorveu o DRP quase
completamente, pois estavam preocupados que o DRP iria de outra forma
corroer a sua base de eleitores. A estratégia de se curvar perante os
nazis funcionou, e a CDU de Albrecht governou a região ineterruptamente
de 1976 a 1990.

Quando chegou ao poder, uma das elites a quem Ernst confiou o poder foi
o seu ministro da Justiça, o jurista Hans Puvoge, um nazi fanático.
Puvogel aderiu à Sturmabteilung
<https://encyclopedia.ushmm.org/content/en/article/the-sa>, o braço
paramilitar do Partido Nazi em 1934 e, em 1937, era líder regional do
Partido Nazi Alemão (NSDAP). Puvogel usou as suas capacidades como
advogado para ajudar a justificar o extermínio dos inimigos raciais
nazis. Na sua tese de doutoramento, defendeu a eutanásia em massa e a
esterilização de todas as raças inferiores como forma de resolver o
"problema racial" nazi.

Quando foi denunciado em 1978, Puvogel mentiu e disse que estava num
pequeno grupo de direita chamado Capacete de Aço, que fora absorvido
pelo Partido Nazi, mas insistiu que não tinha passado nazi. Documentos
divulgados pelo parlamento da Baixa Saxónia em 2012
<https://web.archive.org/web/20160203033349/http:/www.landtag.niedersachsen.de/ps/tools/download.php?file=/ltnds/live/cms/dms/psfile/docfile/43/16_46674f7d3f9d92f7e.pdf&name=16-4667.pdf&disposition=attachment> provaram que se tratava de uma mentira. Puvogel nunca tentou sequer distanciar-se do conteúdo da sua dissertação e, tanto quanto se sabe, foi para a sepultura como um nazi convicto. Por seu lado, Ernst Albrecht simplesmente nunca o mencionou. A estratégia de apenas fingir que o Terceiro Reich nunca existira valeu a pena, uma vez que o próprio Albrecht não enfrentou quaisquer consequências reais.

"O valor de um indivíduo na comunidade é medido pela sua personalidade
racial. Apenas uma pessoa de valor racial tem o direito de existir
dentro da comunidade. Alguém que é inútil para a comunidade devido à sua
inferioridade, ou mesmo prejudicial para ela, deve ser eliminado". –
Hans Puvogel
<https://www.nytimes.com/1978/03/25/archives/west-german-aide-quits-over-36-pronazi-thesis-dissertation-found-by.html>

Ernst não trabalhou apenas para nazis: preencheu o seu gabinete com
nazis, convidou nazis para o seu partido e também cortejou os eleitores
nazis. Ernst e os seus adjuntos estiveram presentes em eventos de
veteranos nazis em toda a Baixa Saxónia.

O vice-ministro de Albrecht, amigo íntimo e oficial nazi Wilfried
Hasselmann, proferiu o discurso principal num jantar da Associação
Knight's Cross em 1978, venerando os piores assassinos do Reich de
Hitler como homens corajosos e honrados, cuja coragem era um exemplo
para as gerações futuras que se inspirariam nos seus "valores europeus".

Albrecht e Puvogel também estiveram envolvidos num ataque bombista
conhecido como o escândalo Celle Hole. A 25 de julho de 1978, uma bomba
explodiu no muro da prisão, em Celle, Alemanha. A bomba não obteve o
efeito desejado, criando apenas um pequeno buraco, e um grupo de 12
homens que deveriam ter entrado na prisão foram forçados a fugir. Os
perpetradores escaparam, mas foi encontrado um Mercedes carregado com
uma jangada de borracha, ferramentas de fuga, uma pistola Walther e
passaportes falsos, um dos quais com uma fotografia de um preso,
militante de esquerda Sigurd Debus. Mais tarde, foram plantadas
ferramentas na cela de Debus para selar o acordo, fazendo com que todo o
caso parecesse um plano de fuga falhado da Facção do Exército Vermelho
<https://en.wikipedia.org/wiki/Red_Army_Faction> (RAF).

Albrecht saudou os ataques como uma operação bem sucedida, que disse ter
impedido um roubo e assassinato (não apresentou provas disso), sendo o
incidente utilizado para justificar o agravamento das condições para
Debus e outros membros da RAF presos. A RAF respondeu com uma greve de
fome, que acabou por o levar à morte em 1981
<https://www.washingtonpost.com/archive/politics/1981/04/17/jailed-west-german-terrorist-dies-after-hunger-strike/aa65fc84-1a3b-43ec-adc7-823c4afa9b32/>.

No entanto, a história nunca foi bem contada. Os membros da RAF
insistiram na sua inocência, e a crescente pressão dos advogados e do
público acabou por conduzir a um inquérito parlamentar
<https://www.landtag-niedersachsen.de/drucksachen/drucksachen_11_5000/4001-4500/11-4380.pdf> em 1986, que concluiu não ter havido tentativa de fuga, nem roubo ou assassinato, e que todo o caso fora um ataque com uma falsa bandeira chamada Operação Fogo Mágico <https://web.archive.org/web/20090430095753/http:/www.zeit.de/1987/25/Feuerzauber-mit-dunklen-Figuren>, planeada pela polícia federal alemã e da Baixa Saxónia com a aprovação de Ernst Albrecht. Um polícia da Baixa Saxónia terá detonado a bomba. Apesar disso, nada aconteceu a Albrecht ou ao seu governo. O embaraçoso caso foi rapidamente abafado, e a morte de Debus foi reduzida a pouco mais do que um nome na longa lista daqueles que morreram de fome em benefício dos Albrechts.

Está ainda por esclarecer por que razão Ernst Albrecht levou a cabo este
ataque terrorista contra o seu próprio país. No entanto, é possível que
tenha tido a ver com rumores persistentes de que a RAF estava a tentar
raptar a sua querida filha Ursula em retaliação às simpatias nazis de
Ernst. Devido a esses rumores, quando Ursula se matriculou na London
School of Economics, fê-lo sob o nome falso de Rose Ladson para ocultar
a sua identidade. Esse nome não foi escolhido ao acaso. Pelo contrário,
é a ligação a uma outra época em que os "valores europeus" da Casa
Albrecht eram impostos ao mundo.

*A Rosa Sulista*

A instrução religiosa e moral dos negros tem sido, há vários anos, um
assunto de grande interesse para mim, e estou satisfeito que os nossos
esforços em seu nome (embora muito, muito ainda por fazer) não só são
mal compreendidos no estrangeiro, como também não são apreciados.
Melhorar o negro é uma tarefa muito mais árdua do que muitos, que não
têm experiência em ensiná-los, têm consciência. São naturalmente lentos,
e de inteleto fraco, embora com memórias boas; e aqueles que estiveram
envolvidos neste trabalho de caridade, têm de lamentar, depois de muito
trabalho, que a instrução que tentaram dar, embora recordada, tenha sido
pervertida e mal orientada. – James H. Ladson, “A Instrução Religiosa
dos Negros”

Ursula escolheu o seu nome a partir de outro ramo da sua família, os
Ladsons da Carolina do Sul. Os Ladsons eram uma família de comerciantes
de escravos, proprietários de plantações e secessionistas. Embora os
Ladsons não tivessem um título aristocrático como Albrecht ou von der
Leyen, tinham as mesmas caraterísticas da aristocracia europeia. O
negócio do algodão de Albrecht pôs a família em estreito contacto com os
Ladsons e a relação cresceu até que, em 1902
<https://gw.geneanet.org/peter781?lang=en&n=robertson&oc=0&p=mary+ladson>, Mary Ladson-Robertson casou com Carl Albrecht, juntando as duas famílias pelo sangue.

Os laços coloniais da família Albrecht podem explicar por que estavam
tão confortáveis perto dos nazis. Para além dos paralelos óbvios
relativos à escravidão e exploração económica de raças inteiras de
pessoas, à colonização de um continente, às hierarquias raciais, e ao
assassinato em massa à escala industrial, os nazis eram fervorosos
admiradores
<https://www.law.nyu.edu/sites/default/files/upload_documents/Hitler%27s%20American%20Model%20for%20NYU.pdf> do sistema colonial americano. Até basearam especificamente o seu sistema racial no do Sul americano.

A família Ladson teve o seu início no caminho da infâmia em Barbados
quando John Ladson imigrou de Inglaterra em meados dos anos 1600. Em
1679, John era um dos primeiros colonos da nova colónia da Carolina,
onde comprou uma plantação fora de Charleston, que há muito crescera
para a poder englobar. Na altura, Barbados era um importante ponto de
paragem para o comércio de escravos, e foi aqui que os Ladsons
apreciaram o seu primeiro sabor a sangue e dinheiro.

Barbados foi a primeira sociedade britânica de escravos. A bela ilha das
Caraíbas foi impiedosamente explorada pela sua riqueza natural quando
ficou sob controlo britânico, a partir de 1630. Frequentes ataques de
escravos, doenças, e políticas intencionais de genocídio por parte dos
espanhóis antes deles tinham exterminado o povo indígena Arawak,
deixando a ilha madura para o repovoamento de escravos. O seu clima
quente e solo fértil tornou-a perfeita para o cultivo do tabaco e da
cana-de-açúcar, depois destilada em rum e vendida para todo o mundo.

Em 1636, foram implementadas leis assegurando que todos os africanos e
os seus descendentes trazidos para a ilha seriam propriedade permanente,
sem qualquer previsão de libertação. Em 1661
<https://www.aaihs.org/on-barbados-the-first-black-slave-society/>, as
leis escravocratas foram reforçadas, considerando todos os escravos como
bens imóveis, vivos com o único objetivo de criar valor para os seus
proprietários. Os escravos eram considerados como propriedade em
primeiro lugar e seres humanos em segundo lugar, se é que eram. As leis
existiam para proteger o valor dos escravos como propriedade e não a sua
vida ou dignidade.

Entre 1630 e 1807, cerca de 380.000 africanos foram raptados das suas
casas, acorrentados e enviados para Barbados para serem explorados até
morrerem. Incontáveis milhares deles foram vendidos pelos Ladsons a
plantações em todo o hemisfério e as suas mortes e sofrimento tornaram a
família tremendamente rica.

Os escravos em Barbados sofriam uma brutalidade inimaginável às mãos de
senhores de escravos como os Ladsons. Entre 1705 e 1735, o número de
escravos importados para Barbados, para além dos que aí nasceram, foi de
cerca de 85.000. Contudo, devido à taxa de mortalidade extrema na ilha,
a população total aumentou apenas 4.000
<https://www.smithsonianmag.com/smart-news/barbados-announces-new-heritage-district-documenting-slavery-180979175/>.

Revoltas de escravos, recusa em aceitar o cristianismo, ou quaisquer
atos de rebeldia do escravo eram esmagados com a maior violência
possível para servir de exemplo ao resto dos escravos. Esta tortura e
esta carnificina eram tão comuns que a maioria dos casos nunca foram
registados mas, em alguns casos, temos relatos em primeira mão da
brutalidade. Um deles é do diário do Padre Antoine Biet
<https://jeromehandler.org/wp-content/uploads/2009/07/Biet-67.pdf>,
sacerdote e missionário francês em 1654.

"Eles tratam os seus escravos negros com grande severidade. Se alguns
vão para além dos limites da plantação num domingo, recebem cinquenta
bastonadas, que muitas vezes os ferem gravemente. Se cometem outras
ofensas ligeiramente mais graves, são espancados ao limite, por vezes
até ao ponto de aplicar uma marca de fogo em todo o seu corpo, o que os
faz gritar de desespero. Vi uma pobre mulher negra, talvez com trinta e
cinco ou quarenta anos de idade, cujo corpo estava cheio de cicatrizes
que, segundo ela, tinham sido causadas por o seu dono lhe ter aplicado a
marca de fogo: isto horrorizou-me. Como estes pobres infelizes estão
muito mal alimentados, alguns escapam ocasionalmente durante a noite e
vão roubar um porco ou algo semelhante de uma plantação vizinha. Mas, se
são descobertos, não há perdão para eles. Um dia, fui visitar o meu
irlandês. Ele tinha em ferros um destes pobres negros que tinha roubado
um porco. Todos os dias, com as suas mãos em ferros, era, a mando do
capataz, chicoteado pelos outros negros até estar todo coberto de
sangue. Depois de o ter tratado assim durante sete ou oito dias, o
capataz cortou uma das suas orelhas, mandou assá-la, e obrigou-o a comê-la".

Apesar disso, os escravos resistiam. Os atos de resistência variaram,
desde falar a sua língua nativa em privado a paragens de trabalho, atos
de sabotagem, e até revoltas organizadas. Infelizmente, as autoridades
britânicas mantiveram uma grande e bem armada força policial, e quando
as florestas de Barbados foram completamente abatidas para dar lugar a
mais cana-de-açúcar, os escravos rebeldes não tinham onde se esconder.
As revoltas foram sempre esmagadas, e os escravos em Barbados não foram
libertados até 1834, quase 200 anos após o seu primeiro encontro com
"valores europeus".

Na Carolina do Sul, os Ladsons consolidaram a sua riqueza e poder,
acabando por se tornar uma das famílias mais influentes do estado, com
profundas ligações às finanças, à política e, claro, à escravatura. Tal
como os aristocratas da Europa, os Ladsons fortaleceram a sua casa
através do casamento com outras famílias de elite, a maioria das quais
se dedicava ao comércio de escravos. Entre os seus antepassados
encontravam-se homens como James Moore
<https://www.scencyclopedia.org/sce/entries/moore-james-sr/>, o antigo
governador da Carolina, que ganhou a sua posição através de ataques
genocidas
<https://greatwarriorspath.blogspot.com/2016/07/settlers-v-natives.html>
em que mais de 4.000 apalaches indígenas foram levados como escravos,
acabando por provocar o extermínio completo da tribo.

Navio negreiro.

Na década de 1790, os Ladsons conseguiram assegurar o seu lugar nos
escalões superiores do comércio de escravos através de um casamento com
a família Wragg. Joseph Wragg era o mais prolífico comerciante de
escravos e um dos homens mais ricos das Américas. Começou como capitão
em navios de escravos até ganhar dinheiro suficiente para comprar o seu
próprio mercado de escravos e uma plantação perto de Charleston. Entre
1717 e 1747, pelo menos 10.000
<https://books.google.com/books?id=zcs3DwAAQBAJ&pg=PT165#v=onepage&q&f=false> pessoas foram sequestradas das suas casas, acorrentadas e metidas à força nos porões escuros de navios negreiros superlotados para serem vendidas como mercadoria por Joseph Wragg e companhia no cais de Wragg em Wraggborogh <https://en.wikipedia.org/wiki/Wraggborough>, Carolina do Sul.

Estima-se que dois milhões de escravos tenham morrido no chamado
comércio triangular da Grã-Bretanha para África, para as Américas e de
volta à Grã-Bretanha. Como os escravos eram, em primeiro lugar,
considerados propriedade, tudo se fazia para para maximizar os lucros,
mesmo à custa de vidas humanas. Para otimizar a sua eficiência espacial,
os escravos eram empacotados o mais apertadamente possível, levando
frequentemente a horríveis surtos de doenças e mesmo à asfixia.

    “Enquanto exprimia o meu horror pelo que via e clamava contra o
    estado deste navio por transportar seres humanos, fui informado
    pelos meus amigos, que tinham passado tanto tempo na costa de África
    e visitado tantos navios, que este era um dos melhores que tinham
    visto. A altura por vezes entre os conveses era de apenas 18
    polegadas [46 cm], de modo que os infelizes seres não se podiam
    virar de lado, sendo a altura inferior à largura dos seus ombros; e
    aqui estão normalmente acorrentados aos conveses pelo pescoço e
    pelas pernas. Em tal lugar, o sentimento de sofrimento e sufocação é
    tão grande que os negros, como os ingleses no Buraco Negro de
    Calcutá, são levados a um frenesim. Numa ocasião, tinham levado uma
    embarcação de escravos pelo rio Bonny; os escravos estavam guardados
    no espaço estreito entre os conveses e acorrentados juntos. Ouviu-se
    um barulho horrível e tumulto entre eles e não se consegui imaginar
    a causa do sucedido. Abriram-se as escotilhas e viraram-nas para
    cima, no convés. Amarraram-nas em duas e três. Imagine-se o seu
    horror quando encontraram vários deles em diferentes fases de
    asfixia; muitos deles estavam a espumar pela boca e nas últimas
    agonias – muitos estavam mortos. Um homem vivo era por vezes
    arrastado, e o seu companheiro era um cadáver; por vezes, dos três
    presos à mesma corrente, um morria e outro morria. O tumulto que
    tinham ouvido era o frenesim daqueles infelizes sufocantes na última
    fase de fúria e desespero, lutando para se libertarem. Quando todos
    eles foram arrastados para cima, dezanove estavam irrecuperavelmente
    mortos. Muitos destruíam-se uns aos outros na esperança de arranjar
    espaço para respirar; os homens estrangulavam os que estavam ao
    lado, e as mulheres espetavam pregos na cabeça umas das outras.
    Noutras ocasiões, muitas criaturas infelizes aproveitavam a primeira
    oportunidade para saltar borda fora e livrarem-se, desta forma, de
    uma vida intolerável.” – Rev. Robert Walsh
    <http://www.eyewitnesstohistory.com/slaveship.htm>, Crónicas do
    Brasil in Walsh, Crónicas do Brasil em 1828 e 1829

Os Ladsons também foram ativos na imposição de "valores europeus" às
suas vítimas. Em particular, James H. Ladson (há vários James Henry
Ladsons nesta família, nenhum deles com um sufixo que o distinga dos
outros; em nome da clareza, referir-me-ei a esta pessoa como James H.
Ladson) tornou-se famoso por ter construído uma enorme capela numa das
suas plantações onde podia impor "valores europeus" aos seus escravos
através da conversão forçada. Isto era típico do Sul, onde a sua marca
de supremacia branca assumia um caráter paternalista. Os donos de
escravos consideravam-se pessoas nobres e caridosas, portadoras de
"civilização" aos negros selvagens que brutalizavam por dinheiro. A
civilização, tal como "sangue e solo" e "valores europeus", não era mais
do que um maldito eufemismo.

De facto, o jornal local
<https://chroniclingamerica.loc.gov/lccn/sn84026994/1868-04-04/ed-1/seq-3/> chamou-lhe "um excelente exemplar do velho cavalheiro da Carolina, puro de caráter, e de alto tom nos seus negócios, e foi durante muitos anos o chefe da casa de James H. Ladson & Co., agora representado pela firma de W.C. Bee & Co. Esta firma realizou um extenso e lucrativo negócio como produtores de arroz e algodão. Foi também diretor do banco e durante a maior parte da sua vida um membro de destaque da Igreja Episcopal de S. Miguel da nossa cidade, onde se destacou nas virtudes cristãs e na benevolência ativa".

Este belo cavalheiro do Sul era também um devoto feroz da causa dos
"direitos dos estados", outro eufemismo maldito, e pelo qual os Ladsons
estavam dispostos a matar. A verdade dos "direitos dos estados" foi
revelada pelas próprias ações de Ladson:   ele trabalhou incansavelmente
pela causa da Confederação
<https://archive.org/details/ASPC0001996000/page/n13/mode/2up> e era
óbvio que o fez para proteger os seus interesses económicos.

Ao todo, 620.000 pessoas morreram pelos interesses económicos de James
H. Ladson, incluindo o seu próprio filho, e outros milhões foram
feridos, muitos deles permanentemente mutilados. Ele não sofreu
quaisquer consequências por isso tudo, e manteve cada cêntimo e todo o
prestígio ganho através do sangue e sofrimento quer de escravo quer de
soldado.

*Toda a rosa tem espinhos*

"Ela tem uma profunda cultura europeia, nasceu em Bruxelas e é filha de
um funcionário de Bruxelas, por isso posso dizer que tem o ADN da
união". – Emmanuel Macron
<https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-07-05/how-macron-got-the-german-he-wanted-to-run-the-european-union?leadSource=uverify+wall#xj4y7vzkg>

Não é de todo injusto perguntar de onde veio o dinheiro e o poder da
família de Ursula von der Leyen, e o que fizeram para o ganhar,
especialmente tendo em conta que Ursula beneficiou enormemente da
riqueza da sua família e das suas ligações para prosseguir a sua própria
carreira, o que pode constituir por si só um exemplo de corrupção,
escândalo grave, incompetência e, possivelmente, até de manifesta
traição. O seu tempo como política mostra que a maçã de Úrsula não caiu
longe da árvore genealógica de Albrecht.

Ursula entrou na política pela primeira vez em 2003
<https://foreignpolicy.com/2021/04/30/aristocratic-ineptitude-ursula-von-der-leyen-eu-europe-vaccines-pandemic-response/> quando foi derrotada tecnicamente numa primária eleitoral regional de Hanover frente a Lutz von der Heide, da CDU. Isto foi inaceitável para o pai de Úrsula, Ernst, que lançou uma campanha mediática <https://www.faz.net/aktuell/politik/teil-2-die-karriere-der-ursula-von-der-leyen-ein-geflecht-aus-intrigen-1436979.html?printPagedArticle=true#pageIndex_2> ao lado do seu antigo deputado e oficial de artilharia da Wehrmacht, Wilfried Hasselmann.

 

Ambos colaboraram na campanha de Úrsula e na difamação do seu
adversário, que tinha ocupado o lugar durante mais de 15 anos. Na
altura, Ursula tinha uma coluna de longa data no tablóide de
extrema-direita /Bild,/ um jornal fundado pelo ex-propagandista nazi
<https://www.deutschlandfunkkultur.de/raetselhafte-freundschaft-100.html> e ativo da CIA <https://taz.de/!734289/> Axel Springer, dezenas de vezes sancionado por violações à lei alemã e, através disso, ela foi capaz de amplificar eficazmente os seus ataques a von der Heide. Em pouco tempo, toda a Alemanha estava a ler os últimos podres sobre uma primária para uma pequena eleição regional.

A campanha foi decisiva e, na segunda volta, Ursula venceu por uma
maioria de dois terços. Era um lugar seguro, pelo que, como nova
candidata da CDU, Úrsula foi eleita facilmente. Por isso, é impossível
separar Ursula von der Leyen da herança do seu pai.

Dois anos mais tarde, foi escolhida por Angela Merkel para ministra do
Trabalho e da Família, apesar da sua experiência política quase
inexistente. Neste papel, foi sobretudo notada por cortar serviços
sociais para cegos e tentar proibir discos
<https://www.laut.de/News/Rammstein-Liebe-Ist-Fuer-Alle-Da-wird-verboten-06-11-2009-7067> de heavy-metal, um currículo que não parece justificar uma maior promoção.

Apesar disso, foi promovida a ministra da Defesa em 2013, um passo que
confundiu a oposição. Foi aqui que os "valores europeus" de Ursula von
der Leyen começaram a mostrar a sua forma, mais uma vez.

O mandato de Ursula era expandir e aumentar a prontidão da Bundeswehr, e
ela iniciou o seu trabalho com entusiasmo, argumentando que o exército
alemão era demasiado pequeno para enfrentar qualquer novo inimigo. Quer
fosse no Afeganistão, Irão, China, Rússia ou Síria, Ursula defendeu
sempre mais armas, mais guerra, e mais dinheiro. Ursula propôs mesmo uma
legião estrangeira alemã para reforçar as fileiras da Bundeswehr, uma
proposta que foi recebida com horror e condenação de todos os lados.

Simultaneamente, defendeu que o ministério necessitava de ajuda externa
e contratou uma das consultoras
<https://jacobin.com/2020/12/mckinsey-democrats-apology-purdue-pharma-opioids> favoritas e mais <https://www.trtworld.com/magazine/the-many-times-mckinsey-has-been-embroiled-in-scandals-43996> criminosas <https://www.washingtonpost.com/books/2022/09/29/scandals-hypocrisy-behind-mckinseys-sterling-reputation/> da classe política neoliberal,  McKinsey, colaboradora da CIA <https://www.politico.com/story/2019/07/02/spies-intelligence-community-mckinsey-1390863>, antiga casa de personalidades como Susan Rice, Chelsea Clinton, Pete Buttigieg e muitos outros políticos e executivos de negócios de caráter duvidoso. Os tentáculos da McKinsey chegam aos governos e empresas em todo o mundo e exemplifica a "porta giratória" entre governo, secreta e grandes empresas.

Katrin Suder e Úrsula.

Era mais do que uma mera consultoria:   a McKinsey recebeu o controlo
direto do ministério, com a consultora Katrin Suder
<https://en.wikipedia.org/wiki/Katrin_Suder> a receber um novo cargo
dentro do ministério para reformar o setor do armamento. Ursula
canalizou quase 500 milhões
<https://www.dw.com/en/german-opposition-to-probe-defense-minister-over-spending-scandal/a-46704514> de euros para os cofres da McKinsey e outros para serviços de consultoria, e não recebeu absolutamente nada em troca. A não eleita Suder era tão frequentemente vista ao lado de von der Leyen que a oposição dizia que ela era a nova guarda-costas de Úrsula.

 

Esta corrupção descarada ficou conhecida como o "caso da consultora
<https://www.dw.com/en/german-opposition-to-probe-defense-minister-over-spending-scandal/a-46704514>" e foi tão severa que levou a um inquérito parlamentar, com a oposição tanto de esquerda como de direita a exigir respostas de von der Leyen.

Ursula recusou responder a perguntas ou fornecer informações, acabando
por destruir provas
<https://www.sueddeutsche.de/politik/bundeswehr-berater-von-der-leyen-1.4796305> dos seus erros antes de poder ser chamada ao Parlamento. Como não havia provas, o inquérito falhou. Pelo papel desempenhado neste caso, Katrin Suder foi condecorada com a Cruz de Honra Bundeswehr <https://web.archive.org/web/20211030050457/https:/www.bmvg.de/de/aktuelles/serenade-fuer-katrin-suder-24430> por von der Leyen.

O escândalo foi tão grave, tão descarado e tão desconcertante que o
Partido Social Democrata da oposição acusou abertamente Ursula von der
Leyen de traição, beneficiando o governo dos EUA em prejuízo da Alemanha:

    Como ministra Federal da Defesa, von der Leyen comportou-se como
    desejava o Presidente dos EUA quando apelou ao aumento das despesas
    militares: orçamentos militares mais elevados, aumento do armamento
    em vez do desarmamento. E embora esta ministra tenha tido problemas
    devido aos seus elevados gastos em empresas de consultoria e várias
    decisões de pessoal e tenha sido tudo menos um modelo a seguir,
    tornou-se Presidente da Comissão Europeia. Esta é uma função chave e
    é importante para os EUA.

    Para von der Leyen, a decisão aconteceu silenciosamente nos
    bastidores. Nenhuma pessoa sensata pode explicar por que lhe foi
    atribuído este importante cargo. Uma explicação parcial é que ela
    teve o apoio de países importantes da Europa de Leste. Os Estados
    Unidos têm uma grande influência sobre estes Estados.

    No primeiro grande caso crítico, von der Leyen representou imediata
    e inequivocamente a posição dos EUA, afirmando que o Irão tem de ser
    responsabilizado pelo conflito no Médio Oriente e pela execução do
    general iraniano. Com ela, os Estados Unidos podem provavelmente
    também reclamar noutras ocasiões e desempenhar um papel fundamental
    na formação da estrutura interna da União Europeia. Ursula von der
    Leyen é o exemplo perfeito de um "agente de influência". – Albrecht
    Müller <https://www.nachdenkseiten.de/?p=68340>, membro do SPD no
    Parlamento, a 2 de Janeiro de 2021

O Bundeswehr de Ursula era mais do que um simples esquema de angariação
de fundos para uma classe de consultores parasitas. Era também uma
incubadora da mesma vil ideologia promovida pelo seu pai. Sob o comando
de von der Leyen, as simpatias da extrema-direita e neonazi explodiram
nas fileiras da Bundeswehr.

 

Apesar dos repetidos avisos, tanto dentro como fora do exército, von der
Leyen não fez nada de substancial. A consultora McKinsey criou cursos de
treino de sensibilidade para o exército, e Ursula fez constantes visitas
publicitárias
<https://www.dw.com/en/germanys-von-der-leyen-seeks-to-reassert-leadership-in-army-terror-scandal/a-38673282> às bases militares, mas o problema continuou a agravar-se. Finalmente, em 2018 <https://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-5398245,00.html>, foi descoberto um plano da unidade de forças especiais de elite Kommando Spezialkräfte <https://en.wikipedia.org/wiki/Kommando_Spezialkr%C3%A4fte> (KSK) para assassinar políticos alemães e derrubar o governo alemão.

Novas investigações
<https://www.nytimes.com/2020/07/03/world/europe/germany-military-neo-nazis-ksk.html> em 2019 revelaram que a unidade de forças especiais não só estava infestada de neonazis confessos mas também que tinham estado a planear ativamente durante pelo menos três anos derrubar o governo alemão. Além disso, Ursula von der Leyen e o seu exército de consultores não tinham, na melhor das hipóteses, feito nada e, na pior das hipóteses, exacerbaram ativamente a questão.

Uma rusga descobriu esconderijos de armas, explosivos e memorabilia
nazi. Outras auditorias revelaram 48.000 munições e cerca de 135 libras
de explosivos plásticos por explicar, deixando muitos políticos alemães
a questionar quantas mais destas células terroristas existiam no seio da
Bundeswehr. As munições e explosivos desaparecidos nunca foram
encontrados. No final, o Ministério da Defesa não teve outra escolha
senão desmantelar completamente o KSK.

Apesar de tudo isto, Ursula foi considerada uma favorita
<https://www.faz.net/aktuell/politik/inland/wird-von-der-leyen-die-naechste-nato-generalsekretaerin-15453878.html> para suceder a Jens Stoltenberg como secretário-geral da OTAN. Dada a história <https://nationalinterest.org/blog/buzz/covert-ex-nazi-army-helped-nato-keep-stalins-troops-out-west-germany-88616> da aliança <https://cpcml.ca/itn220328-tmld-art4/> com os nazis <https://nsarchive2.gwu.edu/NSAEBB/NSAEBB146/index.htm>, não deveria ser surpresa que os seus laços com a extrema-direita fossem ignorados ou, mais provavelmente, contados a seu favor.

 

A razão pela qual Ursula não foi escolhida foi porque tinha falhado mais
uma vez e já tinha sido eleita presidente da Comissão Europeia numa
eleição recente, que ganhou apesar da condenação quase universal dos
políticos alemães, tanto do seu próprio partido como da oposição. Angela
Merkel, chefe e amiga íntima de von der Leyen, teve de se abster na
votação depois de o Parlamento alemão se ter recusado a nomear Úrsula.

A atitude foi, no entanto, bem recebida por políticos estrangeiros como
Emmanuel Macron, que divulgou uma declaração hilariante na qual dizia
"Vi a sua capacidade de fazer as coisas, e de evitar ser cativa de
interesses particulares" sobre a líder que apenas meses antes tinha sido
acusada de traição pela sua completa submissão a interesses estrangeiros.

A Bloomberg
<https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-07-05/how-macron-got-the-german-he-wanted-to-run-the-european-union?leadSource=uverify+wall#xj4y7vzkg> chamou à mulher que tinha passado quase cinco anos a criar novos cargos de gabinete para os seus amigos e na melhor das hipóteses ignorando se não mesmo incubar ativamente um segundo golpe Beer Hall de “uma reformadora dura e visionária”.

Ursula foi a primeira mulher a ocupar esta posição, e a segunda com
alguma ligação aos nazis:  o antigo oficial de artilharia da Wehrmacht e
professor nazi de direito Walter Hallstein tinha começado na política,
defendendo
<https://www.dr-rath-foundation.org/wp-content/uploads/2018/09/Chapter-02-96.jpg> as virtudes <https://www.profit-over-life.org/books/books.php?book=54> das leis raciais de Nuremberga <https://encyclopedia.ushmm.org/content/en/article/the-nuremberg-race-laws> quando jovem, demonstrando o seu compromisso vitalício para com os "valores europeus".

Foi a partir da sua nova plataforma em Bruxelas que o mundo inteiro pôde
ver os "valores europeus" de Ursula von der Leyen. Após o início da
guerra na Ucrânia, Úrsula passou a dominar as notícias como um dos mais
vigorosos e firmes defensores de mais guerra, mais sanções
<https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/it/statement_22_1441> e mais armas <https://www.bloomberg.com/news/articles/2022-09-15/eu-s-von-der-leyen-says-ukraine-should-get-all-arms-it-asks-for>.

Úrsula verte lágrimas de crocodilo em Bucha.

Úrsula chegou mesmo a fazer uma digressão pela Ucrânia, parando para uma
já famosa operação fotográfica em Bucha, onde verteu lágrimas de
crocodilo pelas vítimas de um massacre que querem fazer-nos acreditar
ter sido causado por forças russas que bombardearam as suas próprias
posições, mas que na realidade foi quase certamente causado pela
artilharia ucraniana <https://infobrics.org/post/35646>.

Acontece que Úrsula também tem laços familiares nesta zona. A última vez
que um von der Leyen esteve na Ucrânia, o parente distante de Úrsula,
Joachim <https://de.wikipedia.org/wiki/Joachim_Freiherr_von_der_Leyen>,
estava a tintroduzir "valores europeus" na Ucrânia como o nazi Gaultier
da Galiza. Naquilo a que os nazis chamaram Operação Reinhard, a região
foi tornada "Juden Frei" graças aos esforços diligentes dos
nacionalistas ucranianos, que serviram como punidores do regime nazi,
apenas para escapar ao castigo graças aos esforços dos EUA e da NATO.

Agora, a descendência de Joachim está de novo ao lado dos nacionalistas,
trazendo morte e devastação ao povo da Ucrânia e do mundo. Quantos mais
terão de morrer desta vez pelos "valores europeus" de Ursula von der Leyen?


        06/Março/2023


    [*] Nasceu numa pequena cidade mineira no Oeste do Dakota do Sul,
    filho de um mineiro e de uma bibliotecária. As lutas do seu pai como
    organizador sindical, e as lutas da comunidade com a
    desindustrialização, alimentaram o seu profundo interesse pela
    política progressista. Isto, juntamente com o seu amor pela
    história, tornou-o um anti-fascista convicto. Contacto:
    wharghoul@gmail.com.


    O original encontra-se em /Covert Action Magazine/ e em
    cynthiachung.substack.com/p/ukraine-hawk-who-heads-european-commission?publication_id=309240&post_id=106588659&isFreemail=true <https://cynthiachung.substack.com/p/ukraine-hawk-who-heads-european-commission?publication_id=309240&post_id=106588659&isFreemail=true>.

Em
RESISTIR.INFO
https://www.resistir.info/europa/ursula_mar23.html#asterisco
6/3/2023

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