segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Controle pelos trabalhadores - Brasil*



Graça Foster vai cair? Por uma nova direção da Petrobrás, eleita e controlada
pelos trabalhadores

CSP Conlutas

A presidente da Petrobrás, Graça Foster, foi acusada de saber do esquema de
corrupção na empresa desde 2009. A denúncia partiu da ex-gerente de
abastecimento da Petrobrás, a geóloga Venina Veloso. A avaliação do Governo
Federal, segundo reportagem da Folha de S. Paulo, é que as novas revelações da
ex-gerente, destroem as condições para que Foster siga à frente da empresa.



Diante das denúncias de corrupção e da reação do mercado, com forte queda das
ações da empresa, já iniciaram os burburinhos sobre a busca de um substituto
para Graça Foster e para as demais diretorias da estatal. Um dos nomes citados
seria o atual presidente da Vale, Murilo Ferreira, empresa que já foi estatal,
mas sofreu privatização em 1997 no governo de Fernando Henrique Cardoso.



Segundo o petroleiro de Sergipe, Bruno Dantas, diretor do Sindipetro AL/SE, o
momento é ideal para a categoria entrar em ação e exigir do Governo Dilma uma
nova direção, eleita e controlada pelos trabalhadores, em defesa da Petrobrás
100% estatal. “Não muda nada deixar mais uma vez o governo e um Congresso
Nacional corrupto decidirem quem é a próxima diretoria executiva. Quase todos
eles foram eleitos através de campanhas milionárias, financiada com propina paga
pelas empreiteiras, grandes empresas e bancos, portanto escolherão quem lhes
interessa”.



Expulsar as raposas do galinheiro



O governo do PT e a diretoria executiva da empresa apontam soluções que não
resolvem nada e ainda aprofundam o problema. Exemplo disso é a Diretoria de
Governança, criada pelo Conselho de Administração da Petrobrás no final de
novembro. Essa diretoria será indicada através de uma lista tríplice encaminhada
ao Conselho Diretor da Petrobrás por uma empresa privada especializada do
mercado.



De acordo com Bruno, esse diretor não poderá ser demitido e vai ter um mandato
de três anos. Ou seja, é um representante dos acionistas internacionais, dentro
da Petrobrás, com poderes e cheio de liberdade. “Com o lobo tomando conta do
galinheiro, a empresa continuará sendo dilapidada e os trabalhadores na pior”,
ironiza o petroleiro.



Campanha em defesa da Petrobrás



A CSP-Conlutas deliberou na sua última reunião de Coordenação Nacional,
realizada em novembro, a organização de uma campanha nacional em defesa da
Petrobras 100% estatal. A Central convoca suas bases e entidades filiadas a
desenvolverem essa ação conjuntamente.



O Sindicato dos Petroleiros de Alagoas e Sergipe (Sindpetro AL/SE), filiado à
CSP-Conlutas, é um dos impulsionadores dessa campanha. A entidade é contra a
relação da empresa com o setor privado e credita a essa relação o esquema de
corrupção vigente na empresa, por isso, exige que a Petrobrás deixe de atender
aos interesses privados para se livrar da corrupção.



A CSP-Conlutas e seus sindicatos filiados defendem que trabalhadores não podem
ser penalizados pela crise de corrupção na empresa, com a perda de emprego e
outros ataques.



No município de Charqueadas (RS), cerca de 6 mil metalúrgicos estão com
empregos ameaçados. Uma empreiteira da região, contratada da Petrobras, está
envolvida com a operação Lava Jato, o “petrolão”, e vai demitir em massa.
Mobilizações de ruas estão ocorrendo com a exigência de manutenção dos empregos
e denúncia que os trabalhadores não podem pagar pela corrupção com seus
empregos.



A CSP-Conlutas também se colocou à disposição do chamado feito pelo Sindicato
dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN), que propõe a realização
de uma Conferência Nacional, juntando todos os sindicatos, a Federação Única
dos Petroleiros (FUP), a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), as centrais
sindicais e outros movimentos sociais para uma Conferência Nacional pela
Reestatização da Petrobrás.



De acordo com a resolução aprovada na Coordenação Nacional sobre o tema, a
Central assume as bandeiras definidas unitariamente na plenária do Comitê “O
Petróleo Tem Que Ser Nosso”, do Rio de Janeiro, e chama as bases das entidades
filiadas a somarem-se a essas ações, cujas exigências devem ser levadas ao
governo Dilma.



A Central exige:



– Em defesa da Petrobrás 100% estatal.

– Prisão e confisco dos bens de corruptos e corruptores. Abaixo a propaganda
privatista da velha direita.

– Em defesa da Petrobrás e seus empregados.

– Pela volta do Monopólio.

– Petrobrás 100% estatal e pública sob controle dos trabalhadores e do povo
brasileiro.

– Fim da terceirização.

– Abertura dos livros de todas as empresas.

– Transparência de verdade – acesso a todas as fases e valores dos contratos.

– Investigação rigorosa de todos os desvios e suspeitas, levada a cabo por
movimentos sociais independentes.

– Estatização das empreiteiras envolvidas.

– Confisco dos bens de corruptos e corruptores.

– Estabilidade para fiscais de contrato e qualquer trabalhador que denunciar
fraudes.

– Proibição de demissão nas empreiteiras envolvidas.

– Eleição dos gerentes pelos trabalhadores do setor.

– Eleição dos Executivos por Conselho de Representantes dos trabalhadores
brasileiros.



Com informações do Sindpetro AL/SE e resolução da Coordenação Nacional


In
CSP Conlutas
http://cspconlutas.org.br/2014/12/graca-foster-vai-cair-por-uma-nova-direcao-da-petrobras-eleita-e-controlada-pelos-trabalhadores/
17/12/2014
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* A CSP Conlutas, Central Sindical e Popular, lançou a propositura de estatização da Petrobras sob controle dos trabalhadores. O controle
da empresa, na visão da Conlutas, se realizaria mediante a eleição do corpo dirigente da empresa pelos trabalhadores. Bem vistas as
coisas esse mecanismo não colocaria a empresa sob controle dos trabalhadores, mas se consumado, seria um passo notável nessa direção.
De qualquer modo a apresentação e defesa dessa consigna nos meios sindicais - e partidários - é insólita e notável por suas implicações
e potencial político. A luta pelo "contole operário", que teve um importante papel na revolução russa de 1917, foi subsequentemente
eclipsada no movimento social, seja como ferramenta fundamental para a superação do trabalho alienado nas sociedades em que se instaurou o socialismo,
seja como forma de luta no capitalismo visando a transformação social. Uma peculiaridade estratégica da luta pelo controle dos
trabalhadores, o que hodiernamente poderia ocorrer tanto nas unidades de produção quanto em outros setores da sociedade como
no sistema escolar, etc., é que esse é um tipo de proposição/ação que possibilita o encaminhamento de reformas não reformistas.
Ou seja, possibilita às massas tanto o desvelamento quanto a negação imediata - ainda que em níveis diferenciais - das relações capitalistas
de produção, para o que as lutas parlamentares são usualmente pouco propícias. Resta saber se, depois de décadas e décadas
de ações políticas centradas na economia ou na política, esta típica propositura de economia-política operária, enuncia uma possível viragem
no mundo do movimento dos trabalhadores ou é apenas um episódio pontual.

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