terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Guerra, terrorismo e crise econômica global em 2015



Guerra, terrorismo e crise econômica global em 2015
— 113 conceitos inter-relacionados

por Michel Chossudovsky

Tudo está inter-relacionado: guerra, terrorismo, estado policial,
economia global, austeridade econômica, fraude financeira, governos
corruptos, pobreza e desigualdade social, violência policial, Al Qaeda,
ISIS, desinformação midiática, racismo, propaganda de guerra, armas de
destruição em massa, menosprezo do direito internacional, criminalização
da política, CIA, FBI, mudança climática, guerra nuclear, Fukushima,
radiação nuclear, crimes contra a humanidade, aliança sino-russa, Síria,
Ucrânia, OTAN, false flags, 11 de setembro, Verdade,…

Exige-se uma compreensão geral desta crise mundial: a última seção aborda
brevemente a reversão do quadro de guerra, celebração de paz, instauração
da justiça social e da verdadeira democracia.

Este artigo compendia citações relevantes (de meus textos) relacionadas a
diferentes dimensões desta crise global. Citações de outros autores são
indicadas em itálico.

Os links em cada parágrafo indicam a fonte original da citação.

A globalização da guerra. A longa guerra estadunidense contra a
humanidade

1. Os EUA embarcaram em uma aventura militar, "uma longa guerra", que
ameaça o futuro da humanidade. As armas de destruição em massa da
coalizão OTAN-EUA são apresentadas como instrumentos de paz.

2. Grandes operações militares e de inteligência estão sendo realizadas
simultaneamente no Oriente Médio, na Europa Oriental, na África
Subsaariana, na Ásia Central e no Extermo Oriente . A agenda militar
estadunidense combina tanto ações nos principais teatros de operação como
operações encobertas, destinadas a desestabilizar estados soberanos.

3. "[O] Plano de campanha de cinco anos [inclui]… sete países, começando
com Iraque, depois Síria, Líbano, Líbia, Irã, Somália e Sudão." General
Wesley Clark em "Winning Modern Wars" (p. 130).

4. Em 2005, o ex-vice presidente Dick Cheney colocou, em termos precisos,
que o Irã estaria "no topo da lista" dos 'inimigos marginais' da América,
e que Israel, faria, por assim dizer, "o bombardeio para nós sem ser
solicitada" , isto é, sem o envolvimento militar estadunidense e sem que
os pressionássemos para que "o fizessem".

O 11 de setembro e a Guerra Global contra o Terrorismo (GWOT)

5. A "guerra contra o terrorismo" é uma guerra de domínio. A globalização
é a marcha final para a "Nova Ordem Mundial", dominada por Wall Street e
pelo complexo militar-industrial dos EUA.

6. O 11 de setembro de 2001 oferece uma justificativa para uma guerra
sem limites . A agenda de Washington consiste em estender as fronteiras do
Império Americano para facilitar o controle corporativo estadunidense
total, enquanto se instalam nos EUA as instituições do Estado de Segurança
Interna.

7. A "verdade inaceitável" é que os governos ocidentais, incluindo EUA,
Reino Unido, França, OTAN e Israel – enquanto realizam uma autoproclamada
"Guerra Global contra o Terrorismo" – oferecem apoio secreto e sistemático
às mesmas entidades terroristas que são alvo de suas "guerras
humanitárias" e "operações de contra-terrorismo".

Guerra e crise econômica

8. Em todas as regiões do mundo, a recessão econômica está profundamente
estabelecida, resultando em desempregos massivos, no colapso dos programas
de estado social e no empobrecimento de milhões de pessoas.

9. A crise econômica vem acompanhada de um processo de militarização
mundial , uma "guerra sem fronteiras" liderada pelos Estados Unidos e por
seus aliados da OTAN. A conduta de "longa guerra" do Pentágono está
intimamente relacionada com a reestruturação da economia global.

10. "As operações 'negras' do Pentágono , inclusive os orçamentos da
inteligência neles implícitos, são praticamente iguais em magnitude aos
orçamentos totais de defesa do Reino Unido, França ou Japão e são dez por
cento do total" (Tom Burghardt).

11. Uma "guerra econômica" instantânea, a qual resulta em desemprego,
pobreza e doenças é conduzida pelo livre mercado. As vidas das pessoas
estão em queda livre e seu poder aquisitivo é destruído . Na verdade, os
últimos vinte anos da economia de "livre mercado" global resultaram, por
meio da pobreza e da destituição social, na destruição de vidas de
milhares de pessoas.

12. Vastas quantidades de dinheiro são adquiridas através de manipulação
de mercado . Frequentemente denominado como "desregulação", o aparelho
financeiro desenvolveu instrumentos sofisticados de manipulação
instantânea e de fraude.

13. Com informação interna e conhecimento prévio, os principais actores
financeiros, utilizando os instrumentos do comércio especulativo, têm a
capacidade para trapacear e falsificar movimentos do mercado em seu
benefício, precipitar o colapso de um competidor e arruinar economias de
países em desenvolvimento.

14. O que está em jogo é um processo de "limpeza financeira", no qual os
"bancos grandes demais para quebrar" da Europa e norteamericanos (Citi,
JPMorgan Chase, Goldman Sachs e outros) deslocam e destroem instituições
financeiras de baixo calibre, com vistas à tomada total do "cenário
financeiro".

15. A tendência subjacente aos níveis nacional e global está na direção
da centralização e concentração do poder bancário, enquanto leva ao
desmoronamento dramático da economia real.

Grécia: Medidas de austeridade

16. Os credores utilizarão as obrigações da dívida multibilionária da
Grécia como forma de impor reformas macroeconômicas mortais, as quais
servirão para desestabilizar a economia nacional e, por sua vez,
empobrecer a população. Estas reformas são denominadas pelo FMI como
'política de condicionalidades', a qual permitirá essencialmente que os
credores ditem a política econômica e social.

17. Os credores estão muito interessados em adquirir riqueza real a
partir da economia nacional, principalmente na aquisição das instituições
bancárias nacionais, suas empresas estatais, sua terra agrícola, etc.

Desinformação, propaganda midiática e CIA

18. A desinformação é sistematicamente "plantada" por operadores da CIA
nas salas de redação de grandes jornais, revistas e canais de TV. Empresas
externas de relações públicas são frequentemente utilizadas para criar
"factóides".

19. "Um grupo relativamente pequeno de correspondentes bem conectados
oferece as manchetes, que conseguem a cobertura no grupo relativamente
pequeno das fontes de notícias mainstream, onde os parâmetros do debate
são estabelecidos e a "realidade oficial" é consagrada para divulgadores
essenciais na cadeia de notícias" (Chaim Kupferberg sobre a cobertura
midiática do 11 de setembro).

20. Para manter a agenda de guerra, estas "realidades fabricadas",
despejadas diariamente nos canais de notícias devem tornar-se verdades
indeléveis, as quais formam parte de um amplo consenso midiático e
político. Neste particular, a mídia corporativa – embora agindo de forma
independente do aparelho de inteligência militar – é um instrumento da
evolução deste sistema totalitário.

O "terrorismo islâmico" e a mentalidade humana

21 Os conceitos ISIS-Al Qaeda , repetidos ad nauseam têm
potencialmente impactos traumáticos na mente humana e na capacidade de
pessoas normais na análise e compreensão do "mundo realmente externo" da
guerra, da política e da crise econômica.

22. A Al Qaeda constitui uma abstração estilizada, falsa e quase
folclórica do terrorismo, a qual permeia as consciências de milhões de
pessoas em todo o mundo.

O projeto califado do estado islâmico (ISIS/ISIL/Daesh)

23. Aqueles que organizaram a campanha de bombardeio são aqueles que
estão por trás do Projeto Califado.

24. A milícia do Estado Islâmico, a qual é supostamente o alvo da
campanha "contra-terrorista" de bombardeio da coalizão OTAN-EUA, é
secretamente apoiada pelos EUA e seus aliados.

25. Os terroristas do Estado Islâmico são a infantaria da aliança
ocidental. Enquanto os EUA declaram atacar o Estado Islâmico, na verdade o
protege. A campanha aérea tem o objetivo de destruir a Síria e o Iraque,
ao invés de "caçar os terroristas".

26. Uma complexa rede de organizações terroristas afiliadas à Al Qaeda ,
supervisionada pelas agências de inteligência dos EUA e dos aliados,
expandiu-se, e se estendeu para o Oriente Médio, África Setentrional,
África Subsaariana, Ásia Central, China Ocidental, Sudeste da Ásia e Ásia
Meridional.

27. O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL) é uma criação da
inteligência estadunidense .

A "agenda de contra-terrorismo" de Washington no Iraque e na Síria
consiste em apoio a terroristas

28. A incursão das brigadas do Estado Islâmico (IS) no Iraque iniciada em
junho de 2014 integrou-se em uma operação de inteligência militar
cuidadosamente planejada e apoiada secretamente pelos EUA, OTAN e Israel.

29. Sem o apoio Ocidental, segundo Vladimir Putin, os terroristas não
teriam sido capazes de tomar regiões inteiras do país. " O propalado
Estado Islâmico [ISIS] tomou o controle de um vasto território. Como isto
foi possível? " (discurso de Vladimir Putin na Conferência de Valdai,
outubro de 2015).

Forças especiais do Ocidente dão assistência a terroristas na Síria

30. Forças especiais do ocidente e agentes secretos , incluindo o SAS
britânico, paraquedistas franceses, CIA, MI6 e Mossad, integraram as
fileiras rebeldes.

31 Suas atividades não se limitam a treino. Estão sistematicamente
envolvidos na supervisão de operações terroristas no terreno, juntamente
com as forças especiais turcas e do Qatar, bem como milhares de
mercenários recrutados a partir de países árabes.

32. Os franceses envolveram-se ativamente na Síria desde o início da
insurgência no terreno como contatos de suas contrapartes estadunidenses,
britânicas e israelenses. Em fevereiro de 2012, 13 oficiais militares
franceses foram detidos em Homs, apontando para a presença de tropas
externas em solo sírio no interior de postos rebeldes.

Os aliados da América: apoio da Arábia Saudita, Catar e Turquia ao estado
islâmico

33. A Arábia Saudita, Turquia, Paquistão, Catar, Jordânia e outros países
estão envolvidos no recrutamento, treino e financiamento de terroristas
islâmicos.

34. Um grande grupo de mercenários do ISIS é de criminosos condenados,
libertados de prisões sauditas sob a condição de se juntarem ao ISIL.
Condenados sauditas que estavam no corredor da morte foram recrutados para
atuarem nas brigadas terroristas (23 de janeiro de 2013).

35. A prática da decapitação de civis pelo ISIS operante na Síria provém
da Arábia Saudita. A prática de decapitações do ISIL faz parte dos
programas de treinamento de terroristas financiados pelos EUA e
implementados na Arábia Saudita e no Catar.

Israel e o estado islâmico

36. Netanyahu não nega que seu governo apoia os terroristas na Síria. O
alto comando das forças de defesa de Israel reconheceram que "elementos
da jihad global na Síria" têm o apoio de Israel.

37. O Estado de Israel colabora com as autoridades na operação
contra-terrorista Charlie Hebdo e também apoia as duas principais
entidades terroristas na Síria: o Estado Islâmico (ISIS) e a Frente Al
Nusra .

A criminalização do Estado

38. A "criminalização do Estado" ocorre quando criminosos de guerra
legitimamente ocupam cargos de autoridade, os quais habilitam-nos a
decidir "quem são os criminosos", quando, na realidade, são eles próprios.

Guerras perpetradas por agressão violam o Direito Internacional e a Carta
das Nações Unidas

39. Estados Unidos, França e Inglaterra são os países agressores contra
a Síria . Eles não podem, em hipótese alguma, invocar o direito de
auto-defesa.

40. Por outro lado, a Síria é a vítima do ataque externo e tem o direito
de auto-defesa, consoante o Artigo 51 da Carta das Nações Unidas, onde
lê-se: "Nada, na presente Carta, poderá impedir o direito inalienável à
auto-defesa coletiva ou individual se um ataque armado é dirigido a um
membro das Nações Unidas".

Crimes de guerra

41. A guerra em escala global conduzida pela coalizão OTAN-EUA é um
empreendimento criminoso sob o disfarce de contra-terrorismo. Ela viola a
Carta de Nuremberg, a constituição dos EUA e a Carta das Nações Unidas .

42. Segundo o ex procurador-geral de Nuremberg, Benjamin Ferencz, em
relação à invasão do Iraque de 2003: "um caso prima facie que pode ser
feito é que os Estados Unidos são culpados do crime supremo contra a
humanidade – que consiste numa guerra ilegal de agressão contra uma nação
soberana." Ferencz referia-se ao "Crimes contra a Paz e de Guerra" (
Princípio VI de Nuremberg ).

43. O Princípio III de Nuremberg aplica-se diretamente ao presidente
Obama e aos chefes de Estado, bem como aos chefes de governo da coalizão
OTAN-EUA: "uma pessoa que cometeu um ato que constitui um crime sob o
direito internacional na qualidade de Chefe de Estado ou responsável de
governo não fica isento de responsabilidade sob o direito internacional".

O choque de civilizações: campanha mundial contra os árabes

44. Uma dicotomia 'bem' versus 'mal' prevalece: um "Choque de
Civilizações".

45. O ocidente tem uma "Missão": "Devemos lutar contra o mal em todas as
suas formas como meio de preservar o modo ocidental de vida." Os
perpetradores da guerra são apresentados como vítimas.

46. A "Guerra Global contra o Terrorismo" (GWOT) dirigida contra a Al
Qaeda, lançada na sequência do 11 de setembro, está a evoluir rumo a uma
completa "guerra religiosa", uma "santa cruzada" contra o mundo muçulmano
.

47. Uma "guerra religiosa" está a desdobrar-se, tendo em vista
justificar uma cruzada militar global . Na consciência profunda de muitos
americanos, esta "santa cruzada" contra muçulmanos justifica-se.

48. Enquanto o presidente Obama sustenta a liberdade religiosa, a ordem
social inquisitorial dos EUA institucionalizou padrões de discriminação,
preconceito e xenofobia contra os árabes.

49. O perfilamento étnico aplica-se a viagens, ao mercado de trabalho, ao
acesso à educação e a serviços sociais, bem como, de forma geral, ao
status social e sua mobilidade.

50. A onda de xenofobia direcionada contra muçulmanos que assolou a
Europa Ocidental está vinculada à geopolítica. É parte de uma agenda
militar. Consiste em demonizar o inimigo.

51. Países árabes possuem mais de 60 por cento do total das reservas
petrolíferas. Por outro lado, os Estados Unidos mal têm 2 por cento. O
Iraque possui cinco vezes mais petróleo que os Estados Unidos.

52. Uma vasta parte do petróleo mundial se encontra em terras árabes. O
objetivo da guerra liderada pelos EUA é roubar aquelas reservas
petrolíferas. E para alcançar este objetivo, estes países serão alvo de
guerras, operações secretas, desestabilização econômica e mudanças de
regime.

A coalizão OTAN-EUA ameaça a Rússia e a China

53. A "Ameaça Comunista" da Guerra Fria foi substituída pela ameaça
mundial do "Terrorismo Islâmico".

54. Apesar de a Rússia e China se terem tornado economias capitalistas de
"livre mercado", um primeiro ataque nuclear preventivo é, contudo,
considerado.

55. China e Rússia não são mais consideradas "ameaças ao capitalismo".
Muito pelo contrário. O que está em jogo é a rivalidade econômica e
financeira entre as potências capitalistas.

56. A aliança sino-russa sob a Organização de Cooperação de Xangai (SCO)
constitui um "bloco competidor capitalista" que mina a hegemonia econômica
dos EUA.

57. Em maio de 2014, a Lei de Prevenção de Agressão Russa (RAPA) foi
introduzida no senado americano (S 2277), exigindo a militarização da
Europa Oriental e dos Países Bálticos, bem como o posicionamento de tropas
estadunidenses e da OTAN na fronteira com a Rússia.

58. Na Ásia, os Estados Unidos contribuíram, sob o seu "Eixo para a
Ásia", para estimular seus aliados da Ásia-Pacífico, incluindo Japão,
Austrália, Coréia do Sul, Filipinas e Vietnã a que ameaçassem e isolassem
a China como parte de um processo de "cerco militar", que ganhou força em
fins da década de 1990.

Os perigos da guerra nuclear

59. Na sequência da Guerra Fria, a compreensão dos perigos de uma guerra
nuclear não está mais na ordem do dia. Documentos publicamente disponíveis
confirmam que uma guerra nuclear preventiva ainda figura como tática
possível para o Pentágono. As armas nucleares, comparadas às dos anos de
1950, são mais avançadas. O sistema de entrega é mais preciso.

60. Para além da China e da Russia, o Irã, a Síria e a Coréia do Norte
são alvos de uma guerra nuclear preventiva. Não nos iludamos, o plano do
Pentágono de explodir o planeta utilizando armas nucleares avançadas ainda
vem à baila.

61. Com uma capacidade explosiva que varia entre um terço a seis vezes
uma bomba de Hiroshima, mini ogivas nucleares são consideradas
"inofensivas para civis". A guerra nuclear preventiva é vista como um
"empreendimento humanitário" . Os cientistas contratados do Pentágono
apoiaram o uso de armas nucleares táticas: elas são "inofensivas aos civis
porque a explosão se dá abaixo do solo."

62. O Pentágono confirmou sua política de um ataque nuclear preventivo à
Rússia em resposta ao suposto ataque russo contra a Ucrânia . Se esses
ataques nucleares americanos fossem implementados, a humanidade seria
precipitada numa Terceira Guerra Mundial, a qual potencialmente seria a
"guerra final" no planeta Terra.

63. Deveríamos estar preocupados? As pessoas nos mais altos níveis de
governo que decidem o uso de armas nucleares não tem a menor ideia das
implicações de suas ações. A ideia de explodir o planeta utilizando armas
nucleares é totalmente apoiada pela candidata à presidência Hillary
Clinton, que acredita que as armas nucleares são instrumentos de
pacificação. Sua campanha eleitoral é financiada por corporações que
produzem armas de destruição em massa.





Fidel Castro e os perigos da guerra nuclear

64. "Os EUA perderiam a guerra convencional e a guerra nuclear não é
alternativa para ninguém. Aliás, a guerra nuclear se tornaria
inevitavelmente global".

65. "Penso que ninguém na terra deseja que a humanidade desapareça. Esta
é a razão pela qual penso que o que deveria desaparecer não são apenas as
armas nucleares, mas também todas as convencionais. Devemos garantir a paz
a todos os povos, sem distinção.

66. "Em uma guerra nuclear o dano colateral seria a vida humana .
Tenhamos a coragem de anunciar que todas as armas nucleares ou
convencionais, tudo o que for usado para fazer guerra, deve desaparecer!"

67. "Trata-se de exigir que o mundo não padeça uma catástrofe nuclear
para que se preserve a vida." Fidel Castro Ruz, Havana, outubro de 2010.
(Gravado por Michel Chossudovsky, Havana, outubro de 2010, direito de
imagem, Fidel Castro, Michel Chossudovsky).

Fukushima: radiação nuclear global

68. O desastre de Fukushima no Japão trouxe à tona os perigos de uma
radiação nuclear mundial . A crise no Japão foi descrita como "uma guerra
nuclear sem uma guerra".

69. Nas palavras do famoso romancista Haruki Murakami : "Dessa vez
ninguém nos jogou uma bomba... Preparamos o terreno, cometemos o crime com
nossas próprias mãos, estamos destruindo nossas próprias terras, e estamos
destruindo nossas próprias vidas".

70. A radiação nuclear – a qual ameaça a vida no planeta Terra – não é
primeira página dos noticiários em face de questões mais insignificantes
de interesse público, incluindo cenas ao nível local de crimes ou notícias
de tablóides sobre celebridades de Hollywood.

71. O consenso político duvidoso no Japão, EUA e Europa Oriental é que a
crise em Fukushima foi contida. A verdade é o oposto. A partir do que é
sabido e documentado, o depósito sistemático de águas altamente
radioativas no Oceano Pacífico constitui um disparador potencial de um
processo de contaminação radioativa global.

72. Estas águas contêm plutônio 239 e sua libertação no Oceano tem tanto
repercussões locais como globais. De acordo com a Dra. Helen Caldicott,
se um micrograma de plutônio for inalado pode causar a morte .

Geoengenharia: alteração do clima para fins militares

73. As técnicas de modificação ambiental (ENMOD) para uso militar
constituem, no atual contexto de guerra global, a arma suprema de
destruição em massa.

74. Tema raramente reconhecido no debate global de mudança climática, o
tempo mundial agora pode ser modificado como parte de uma nova geração de
armas eletromagnéticas sofisticadas. Os EUA e a Rússia desenvolveram
habilidades de manuseio do clima para uso militar.

75. A manipulação do clima é a arma preventiva par excellence . Pode ser
ativada contra países inimigos ou até "nações amistosas", sem que o
saibam. A guerra climática constitui uma forma secreta de guerra
preventiva. A manipulação do clima pode ser utilizada para desestabilizar
economias, ecossistemas, bem como agriculturas adversárias.

O ressurgimento do nazismo na Ucrânia

76. A verdade proibida é que o ocidente engendrou na Ucrânia – por meio
de uma meticulosa operação secreta – um regime proxy integrado por
neonazis.

77. Fato desconhecido de muitos americanos, o governo americano está
canalizando recursos financeiros, armas e treino para uma entidade
neonazista – a qual é parte da Guarda Nacional da Ucrânia – o Batalhão
Azov (Батальйон Аэов). O Canadá e a Inglaterra confirmaram que também
apoiam a Guarda Nacional.

78. O Batalhão Azov – que ostenta "oficialmente" o emblema nazista – é
descrito pelo regime Kiev como "um batalhão voluntário de defesa
territorial". Trata-se de um batalhão da Guarda Nacional sob a jurisdição
do Ministério de Assuntos Internos, o equivalente ao Departamento de
Segurança Interna americano.

79. O Batalhão Azov apoiado por seus parceiros ocidentais não está apenas
envolvido em operações paramilitares na Ucrânia Oriental. Também está
gerindo um projeto de treino militar em regime de campo de férias para
crianças, como parte de seu programa de doutrinação nazista e de treino .

80. Com os nomeados políticos do Svoboda e do Right Sector encarregados
da segurança nacional e das forças armadas, um verdadeiro movimento
contestatário de base contra as reformas macroeconômicas mortais do FMI
será provavelmente reprimido brutalmente pelos "camisas marrons" do Right
Sector, bem como pela Guarda Nacional conduzida por Dmitri Yarosh, por
conta da Wall Street e do Consenso de Washington.

O estado policial

81. Em vez de tomarem providências em relação a uma catástrofe social
iminente, os governantes do ocidente, que servem os interesses das elites
econômicas, instalaram um estado policial "Big Brother" , com um mandato
para confrontar e reprimir todas as formas de oposição e dissidência.

82. Agora, o Departamento de Defesa autoriza a disposição interna de
tropas americanas para "a condução de operações fora do âmbito da guerra",
incluindo atividades de imposição da lei e a repressão de "distúrbios
civis".

83. A revogação da democracia é vista como meio de garantir "segurança
interna" e sustentar liberdades civis .

84. Um departamento do FBI fundado em 2004 no governo Bush contribuiu
para a integração da imposição da lei à espionagem interna . Seu mandato
foi essencialmente político, voltado para a repressão de todas as formas
de oposição política e social nos EUA.

85. De acordo com um Relatório do Conselho de Segurança Interna de 2004,
é dito que estes "conspiradores" internos estão agindo em conluio com
"terroristas externos". O Relatório identificou "grupos internos radicais"
e "funcionários descontentes".

Os ataques terroristas de Paris, 13 de novembro de 2015

86. Os ataques de 13 de novembro foram imediatamente seguidos pela
decretação de um Estado de Emergência, o fechamento das fronteiras
francesas, bem como a suspensão de liberdades civis como forma de –
segundo o presidente François Hollande – salvaguardar os valores
democráticos.

87. As mortes trágicas foram usadas pelo governo Hollande (com o apoio da
mídia) para estimular o público a aceitar a implementação de medidas de
estado policial, para o interesse da república francesa, especialmente no
que toca a segurança nacional francesa contra um autoproclamado "estado
islâmico" ilusório com base no norte da Síria, que na verdade é criação da
inteligência norteamericana.

88. As medidas também incluem procedimentos que habilitam a polícia a
realizar prisões arbitrárias e buscas em residências sem mandados, na área
metropolitana da Paris, iniciando uma potencial campanha de ódio contra a
população árabe na França.

89. Estas medidas drásticas do estado policial (incluindo a revogação do
habeas corpus), empreendidas pelo presidente Hollande, foram tomadas sem
um relatório de inquérito policial.

Mudar o quadro da guerra, construindo paz, democracia e justiça social

90. A propaganda de guerra difundiu-se gradativamente. A guerra é
justificada como operação de paz.

91. Quando a guerra se transforma em paz, o mundo vira de cabeça para
baixo. A conceptualização já não é mais possível. Surge um sistema social
inquisitório. O consenso é travar a guerra. As pessoas não conseguem mais
pensar por si mesmas. Elas aceitam a autoridade e a visão da ordem social
estabelecida.

92. No entanto, a guerra não é inevitável .

93. A guerra pode ser evitada por meio da ação social massiva .

94. A questão não é se a guerra vai ou não acontecer, mas quais os
instrumentos à nossa disposição que nos permitirão contornar e, de uma vez
por todas, desarmar esta agenda militar global.

95. Criminosos de guerra ocupam cargos de autoridade. A cidadania é
estimulada a apoiar governantes, os quais estão "comprometidos com sua
segurança e bem estar". Através da desinformação midiática, a guerra é
justificada como mandato humanitário.

96. A legitimidade da guerra deve ser discutida. Apenas o sentimento
anti-guerra não desarma uma agenda militar. Oficiais de alto escalão do
governo Obama, membros das forças militares e do congresso americano têm
autoridade delegada para apoiar uma guerra ilegal.

97. Um segmento significativo do movimento anti-guerra foi cooptado.
Agimos contra a guerra, mas apoiamos a "guerra contra o terrorismo".
Podemos contar com um discurso político ambíguo.

98. Como, de forma eficiente, acabar com a agenda de guerra e do estado
policial?

99. Principalmente negando a "guerra contra o terrorismo" e a guerra
religiosa contra a "jihad islâmica", a qual constitui a própria base da
doutrina de segurança nacional americana.

100. Sem a "guerra contra o terrorismo", os políticos do alto escalão não
têm onde se escorar. Uma vez revelada plenamente a Grande Mentira, a
legitimidade é derrubada tal como um castelo de cartas.

101. Qual a melhor forma de alcançar este objetivo? Desmascarar
totalmente as mentiras subjacentes à "guerra contra terrorismo" e revelar
o fato amplamente documentado do apoio de governos ocidentais aos
terroristas, isto é, são patrocinadores estatais do terrorismo.

102. A propaganda midiática apoia a legitimidade da "guerra contra o
terrorismo". "Grupos malignos estão à espreita", a jihad é apontada como
ameaça ao mundo ocidental.

103. Os patrocinadores da guerra e de seus crimes devem ser apontados,
incluindo empresas petrolíferas, empreiteiras de defesa, instituições
financeiras e a mídia corporativa, os quais se tornaram parte da máquina
da propaganda de guerra.

Mudança de regime no ocidente

104. O que se exige é uma rede anti-guerra de base, um movimento de
massas em níveis nacional e internacional , os quais desafiem a
legitimidade dos principais atores militares e políticos, bem como seus
patrocinadores, e que operariam de modo instrumental para remover aqueles
que governam em nosso nome.

105. Esta não é uma tarefa fácil. O primeiro passo é quebrar o consenso e
que seja feito por meio do que podemos descrever como contra-propaganda. É
neste contexto que a Verdade se torna uma arma poderosa.

106. A construção deste tipo de rede levará tempo para se desenvolver.
Inicialmente, tal rede deveria concentrar-se em desenvolver uma firme
posição anti-guerra dentro das organizações civis (e.g. sindicatos,
organizações comunitárias, organizações profissionais, federações
estudantis, conselhos municipais, etc). Entretanto, em muitas destas
organizações – as quais incluem ONGs, tais como a Anistia Internacional –
a liderança foi cooptada; muitas destas organizações são generosamente
financiadas por fundações corporativas. Consequentemente, desde 2003, o
movimento anti-guerra em países do ocidente está praticamente inativo.

107. Desmascarar a mentira significa desmascarar o projeto criminoso de
destruição global, no qual a busca pelo lucro é sua força capital.

108. Esta agenda militar guiada pelo lucro destroi os valores humanos e
transforma as pessoas em zumbis inconscientes.

109. Vamos virar a mesa rompendo o consenso, especialmente rompendo o
aparelho de propaganda.

110. Influenciar a opinião pública não é o suficiente; o que tem de ser
empreendido é a quebra do processo de propaganda interna dentro do
governo, do sistema judiciário, das agências de aplicação da lei, do corpo
militar, da inteligência, etc. Em última instância, estas são as áreas
privilegiadas onde as decisões são tomadas.

111. A doutrina das forças armadas americanas é a "guerra contra o
terrorismo". Está profundamente consolidada. Oferece uma "Causa Justa"
para a guerra. É a força motriz das tropas. É utilizada para construir
legitimidade aos bombardeios. O que precisa ser feito é quebrar o processo
de tomada de decisão dentro da arena militar por meio de
contra-propaganda.

112. William Shakespeare é certeiro ao descrever, no mundo contemporâneo,
os arquitetos da Nova Ordem Mundial: "O inferno está vazio e todos os
demônios estão aqui."

113. Nossa tarefa inegável é enviar os "demônios" de nosso tempo, os
autoproclamados arquitetos da "democracia" e do "livre mercado", para o
lugar que merecem.


25/Dezembro/2015
O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... . Tradução de Sergio
R. A. de Oliveira.

In
RESISTIR.INFO
http://resistir.info/chossudovsky/chossudovsky_25dez15_p.html
19/1/2016

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