quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

A ditadura ataca agora a UFMG


 por Luis Nassif

A notícia, agora de manhã, de que a Polícia Federal invadiu a Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) levando em condução coercitiva o reitor e a
vice-reitora, em uma operação sintomaticamente denominado de “Esperança
Equilibrista”, comprova o avanço político do estado de exceção.
A operação visa apurar desvios no Memorial da Anistia, construído pela UFMG.
Assim como no caso da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) repete-se a
combinação de PF, Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da
União (TCU).
  ​
Há anos o Memorial padece de problemas burocráticos.
Problemas administrativos, que demandam análises administrativas, são
transformados em casos policiais, para que se infunda o terror nas
universidades, último reduto da liberdade de pensamento no país, depois que a
Lava Jato se incumbiu de desmontar o PT e a reforma trabalhista investiu contra
as centrais sindicais.
A história do Memorial é bonita.
Todo o país que passou por ditaduras tem movimentos emblemáticos representando a
luta contra a repressão. O Brasil teve mais de 50 mil pessoas anistiadas,
reconhecidas como perseguidas pela ditadura e não tinha nenhum monumento.
A Comissão de Anistia, quase dez anos atrás, lançou o projeto de Memorial da
Anistia, com verbas do Ministério da Justiça e parceria com UFMG. A ideia seria
reformar o Coleginho e ali fazer uma exposição permanente. E, ao lado, um prédio
para ser o acervo da Comissão de Anistia.
Os problemas ocorreram quando se analisaram as condições do Coleginho, cuja
estrutura, antiga, não suportaria as reformas. Foi planejado, então, a
construção de um prédio ao lado, que abrigaria o acervo e a própria Comissão de
Anistia.
Os valores, de R$ 19 milhões, eram perfeitamente compatíveis com a nova
estrutura proposta. Foram abertas três sindicâncias, no Ministério da Justiça,
do Ministério Público Federal e na própria UFMG apenas para apurar se houve
imperícia no projeto para o Coleginho, que não levou em conta suas condições.
Com o impeachment, não houve sequer nomeação do novo presidente da Comissão de
Anistia, e as obras foram paralisadas.
Este ano, foi realizada uma audiência pública em Belo Horizonte, na qual se
solicitou à UFMG que terminasse o projeto. E foi recusado pela óbvia falta de
verbas que assola as universidades federais.
A invasão da UFMG e a condução coercitiva de oito pessoas mostram três coisas.
A primeira, é que não há um fato apurado e um suspeito preso. Monta-se o velho
circo de prender várias pessoas, infundir terror na comunidade, e obter
confissões sabe-se lá por quais métodos. A segunda é que a morte do reitor da
UFSC não mudou em nada os procedimento.
Têm-se uma PF incapaz de solucionar o caso do helicóptero transportando 500
quilos de cocaína, soltando o piloto e liberando o veículo em prazo recorde e,
agora, a investida política contra a segunda universidade. A terceira, é que o
nome dado à operação – “Esperança Equilibrista” – é claramente uma provocação
aos setores de direitos humanos.
Esse monstro está sendo diretamente alimentado pelo Ministro Luís Roberto
Barroso, do STF, que se transformou no principal inspirador da segunda onda
repressiva dos filhotes da Lava Jato.
Vamos ver quem são as vozes que se levantarão para denunciar mais esse ataque.
A força policial invadiu a sala da vice-reitora. Quando outros professores
chegaram lá, aboletada na cadeira da vice-reitora estava uma corregedora da CGU,
como se fosse a nova dona do pedaço.
Faltou uma foto para documentar a extensão do arbítrio.


In
GGN
https://jornalggn.com.br/noticia/a-ditadura-ataca-agora-a-ufmg-por-luis-nassif
6/12/2017

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