segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O sujeito oculto: ao vencedor as batatas



Por Mauro Luis Iasi.
Blog da Boitempo


Uma pergunta assombra os cérebros inquietos que procuram compreender o cenário
que se abre com a eleição de Bolsonaro: como isso foi possível? É compreensível,
uma vez que essas pessoas se pautam pela razão e o bom senso e imaginam que os
acontecimentos se definem por uma certa razoabilidade. Infelizmente, o que a
história nos comprova é que na luta de classes, como na guerra, a primeira
vítima é a razão.
Em um importante documentário de 2003, dirigido por Errol Morris, chamado Sob a
névoa da guerra, o ex-Secretário de Defesa dos EUA, McNamara, afirma exatamente
isso: “a racionalidade não nos salvará”. É evidente que qualquer pessoa sensata,
diante das alternativas apresentadas, não escolheria alguém que revelasse o
despreparo, a barbárie explícita e a evidente idiotia do candidato em questão.
Mas não se trata de escolhas movidas pela razão e, por mais que doa constatar,
não se trata de pessoas sensatas.
Neste ponto, a busca por respostas se refugia na noção de manipulação. Isto é,
estaríamos diante de pessoas sensatas, mas que estariam sendo manipuladas por
uma eficiente enxurrada de mentiras, eufemisticamente denominadas fake news.
Ciro Gomes parece apontar na direção dessa interpretação ao afirmar em
entrevista recente que não pode acreditar que quase 60% o eleitorado seja
fascista. Tendo a concordar, mas a pergunta persiste: então porque foram
receptivos à proposta do fascismo?
Outros procuram consolo em um raciocínio matemático pouco convincente. O
eleitorado estaria dividido em três partes: a primeira votou no candidato da
extrema direita (39% ou 57 milhões), a segunda em Haddad (32% ou 47 milhões) e
uma terceira formada pelas abstenções, votos brancos e nulos (29% ou 42
milhões). Por este raciocínio, a maioria não teria votado em Bolsonaro, isto é,
61% ou 89 milhões), querendo com isso acreditar que a maioria não o apoia.
Creio que esse argumento é falho por alguns motivos. Primeiro porque insiste que
a maioria sempre tende ao bom senso, o que não é verdade de forma alguma.
Rousseau acreditava nisso, mas ninguém leva muito a sério essa esperança.
Segundo porque esse argumento agrupa coisas de substâncias distintas
(abstenções, brancos e nulos) como se fossem votos contrários à extrema direita,
e não creio que seja verdade.
São expressões de quem não votou e só isso. Pessoas não votam por muitos e
diferentes motivos, desde ao possível erro de cadastramento, casualidades
fortuitas até o desencanto com as eleições e críticas variadas ao sistema. Caso
desprezemos os acidentes, ainda assim esse desencanto é combustível para a
posição política expressa na candidatura de Bolsonaro e para aqueles que ainda
defendem alternativas à esquerda. Estatisticamente é mais provável que esses
não-votos se distribuíssem na mesma proporção dos votos. Isto é, algo em torno
de 39% para o candidato eleito e 32% para seu opositor.
Acredito que esse deslocamento de uma maioria eleitoral para a direita e para a
extrema direita tem outra explicação. Defenderei aqui que uma pista para
compreender as determinações mais profundas desse processo remete nossa análise
para um “sujeito oculto”. Mas comecemos pelos sujeitos visíveis. Claramente o
espectro político brasileiro se dividiu em segmentos de direita e extrema
direta, de centro esquerda, de centro, de esquerda e de extrema esquerda. Esses
segmentos ganham suas personificações em indivíduos: Alckmin, Meirelles e Amoedo
(direita), Bolsonaro (extrema direita), Haddad e Ciro (centro esquerda), Marina
(centro ou centro direita, com ela a gente nunca sabe), Boulos (esquerda), Vera
(extrema esquerda) e assim por diante. Não me peçam para localizar um
ex-bombeiro, grevista, crente, deputado raivoso contra o risco do comunismo na
América Latina e contra os poderosos, porque francamente essa tarefa foge à
minha área de especialidade.
A questão de importância decisiva do ponto de vista eleitoral é determinar a
capacidade dessas expressões políticas mobilizarem massas eleitorais
significativas. Sigamos por eliminação. Por motivos diferentes, a direita, o
centro e a esquerda não tinham como mobilizar contingentes significativos. De um
lado pelo desgaste do governo Temer, a visível piora das condições de vida e a
insegurança; de outro o prolongado período de conciliação de classes e sabotagem
da capacidade de resistência e autonomia dos trabalhadores que limita a
possibilidade de um discurso de esquerda. Restam, num quadro de acirramento da
crise, a polaridade entre a extrema direita e o centro esquerda, materializada
nas três candidaturas que despontaram à frente no primeiro turno. Com métodos
eficientes, ainda que não muito louváveis, a centro esquerda pendeu para o
candidato petista e a polarização encontrou seu termo: antipetismo e petismo.
Como a direita e a extrema direita se uniram taticamente contra o petismo e,
desde o golpe parlamentar, midiático e institucional de 2016, operaram para
eliminar a maior chance de vitória da centro esquerda (Lula), o jogo se
desequilibrou a favor dos conservadores e depois, diante da falência da
alternativa Alckmin, para os reacionários.
O combustível principal da extrema direita sempre foi o antipetismo. Estou
convencido de que a maioria daqueles que se dispuseram a votar num fanfarrão
autoritário e despreparado foi a clara convicção de que era necessário evitar
que o PT voltasse a governar. Todos nossos alertas sobre o risco de medidas
fascistas, da violência, do retrocesso democrático, das propostas tresloucadas
na área econômica, da flagrante prepotência amoral e cínica, do preconceito
machista, homofóbico e racista, não faziam diferença diante da prioridade de se
livrar do PT.
Para dar um toque de perversidade ao já trágico cenário, muitos dos que se
beneficiaram das limitadíssimas políticas compensatórias na área social e das
condições de inserção via consumo, votaram contra o PT.
É evidente que há um componente de manipulação. Isso tudo não teria a
intensidade que teve não fora o massivo ataque dos meios de comunicação, a ação
judicial que priorizou o ataque aos petistas envolvidos nos esquemas de
corrupção, à insistente vinculação da pregação moral de um certo fundamentalismo
religioso às posturas minimamente progressistas no campo dos costumes como
depravação e uma ameaça à família e aos bons costumes. Da mesma forma, ficou
comprovado um poderoso e milionário esquema de organizações que difundem uma
espécie de liberalismo raivoso de extrema direita na criação de movimentos e
personalidades para agir na propaganda e contra informação como armas de guerra
e de desestabilização, como as iniciativas dos bilionários irmãos Charles e
David Koch, da ultradireitista John Birch Society, da organização Students for
Liberty, além de recursos vindos de partidos (PSDB, DEM, etc.) e empresários.
Se somarmos a isso a doutrinação sistemática operada por um conjunto de
segmentos ditos religiosos, mais precisamente envolvidos em empresas altamente
lucrativas de exploração da fé e do obscurantismo, temos uma boa explicação da
imensa capacidade de manipulação de massa operada.
Caso o petismo dependesse de si mesmo teria sido derrotado de forma ainda mais
fragorosa. Para muitos, isso é um mistério. As pessoas deviam reconhecer o que
foi afirmado como o melhor governo de nossa história, a atenção aos que se
encontram abaixo da miséria absoluta, o Bolsa Família, o acesso à universidade,
a valorização do salário mínimo, as oportunidades de consumo e crédito, e tudo
isso fazendo com que os empresários, o agronegócio e os bancos ganhassem muito
dinheiro, como o ex-presidente adora lembrar.
O pragmatismo petista, é verdade, colheu os frutos de seus governos. Estes
foram, comparativamente, governos “bons” – foram gestores bons e responsáveis,
aceitaram e trabalharam dentro das regras e das posturas vigentes (o que inclui,
ainda que alguns finjam não saber, praticas declaradas de corrupção direta e
indireta). A surpresa é compreensível: por que uma experiência de governo que
abre mão de qualquer perspectiva revolucionária e aceita se ater aos limites da
institucionalidade burguesa foi vítima de tanto ódio, preconceito e violência?
Uma parte do reconhecimento aos seus feitos deu uma sobrevida ao PT, em grande
parte pelo contraste com a catástrofe do desgoverno Temer, em parte pela
liderança carismática de seu principal líder. Isso, somado a algumas manobras,
colocou seu candidato no segundo turno, mas não foi suficiente para equilibrar
ou pretender virar o jogo contra a extrema direita. A balança eleitoral só se
equilibrou porque para o PT confluiu o antifascismo, o que é uma conformação
para lá de heterogênea – vai desde a esquerda (interessante notar, toda ela, o
que inclui a extrema esquerda), passando por segmentos médios progressistas mas
que tinham se desiludido com o PT, e até segmentos do centro direita e da
direita, como é o caso da Marina e de determinadas figuras e setores do próprio
PSDB.
Até aqui, trabalhamos apenas no descritor do movimento dos segmentos e sua
polarização entre a extrema direita e o centro esquerda. Uma questão segue sem
resposta: por que a classe trabalhadora não saiu em defesa, primeiro do governo
do PT e depois da democracia contra o fascismo? Ou pelo menos, por que não o fez
na dimensão e força que poderia?
Eis que aparece nosso sujeito oculto: a classe trabalhadora. Lembram dela?
Aquela que teria deixado de existir em tempos agora “pós-industriais”, numa
sociedade do “fim do trabalho”; aquela cuja identidade de classe a
multiplicidade de identidades secundarizou e cuja centralidade na luta política
se diluiu em “novos sujeitos” e “novas formas de luta”… Pois então, este sujeito
que ninguém mais via, que havia deixado de existir e ter importância nas
disputas políticas, este sujeito decidiu a eleição a favor do fascismo.
Há bastante tempo, algumas vozes destoantes insistem que a classe trabalhadora
passou por um processo de mudança de forma graças a uma nova configuração do
mundo do trabalho. Ela teria assumido uma nova morfologia, mas não somente
continuaria existindo como mantém uma centralidade na configuração contemporânea
do modo de produção capitalista. Não quero ser injusto esquecendo contribuições
essenciais nesta direção, mas bastaria citar a consistente obra de Ricardo
Antunes, as contribuições valorosas de Ruy Braga, Giovanni Alves, Edvânia
Lourenço, Maria Orlanda Pinassi, Marilda Iamamoto, só para citar algumas das
pessoas que ficaram na linha de frente desta resistência contra a ideologia do
“fim do mundo do trabalho”.
Queria, aqui, somar minha modesta contribuição no que diz respeito à
configuração de classe e da consciência de classe. Já faz tempo que temos
alertado para o fato de que a mudança da morfologia da classe trabalhadora,
apesar de não alterar (concordando com os autores acima citados) a sua
centralidade na ordem capitalista contemporânea, não deixar de produzir
importantes alterações no que diz respeito à consciência de classe.
Resumidamente, sabemos que não há uma correspondência mecânica entre o ser da
classe e sua consciência, de forma que os trabalhadores, pela posição que ocupam
nas relações sociais, possam adquirir uma consciência correspondente. Os
trabalhadores, na forma imediata de sua manifestação, são apenas indivíduos
inseridos na divisão social do trabalho e na concorrência, se apresentando
portanto como adversários imediatos uns dos outros. Nesta forma imediata,
configuram aquilo que Sartre chama de “serialidade”. Isto é: estão no mesmo
espaço, fazendo a mesma coisa, mas não se conformam como um grupo ou uma forma
mais orgânica de unidade política. É no enfrentamento contra as contradições da
ordem capitalista, primeiro de forma isolada e casual, depois de maneira mais
sistemática, que esses indivíduos encontram pontos de fusão que podem levá-los à
condição de classe, primeiramente como mera oposição aos capitalistas (como
classe em si), depois, em certas condições, como possibilidade de se constituir
como sujeitos de um projeto histórico contra e para além do capital (classe para
si).
Como vemos, para a teoria marxista, a classe e a consciência de classe se
inserem em um movimento de continua constituição e desconstrução, determinado
pela luta de classes, como bem captou E. P. Thompson. Ora, quando analisamos o
movimento objeto da classe trabalhadora desde a crise da autocracia burguesa nos
anos 1970 até hoje, vemos claramente um processo no interior do qual se tornou
possível a fusão de classe e a passagem para uma classe em si nos anos 1980,
seguida de uma interrupção nesse caminho e sua desconstrução como classe que
culmina no período de conciliação de classes dos governos petistas e sua
reversão à serialidade no período recente.
Caso agreguemos a isso as transformações no mundo do trabalho, compreenderemos a
base material que, somada aos desvios políticos, leva a uma configuração da
classe em novo e brutal momento de serialidade. O que nos interessa neste
momento é entender como isso se manifesta em um particular comportamento
político. Para tanto, temos que remeter nossa análise para uma passagem do
famoso O 18 de brumário de Luís Bonaparte em que Marx trata dos camponeses,
naquela oportunidade procurando responder qual seria a base de massa para a
aventura golpista de Luís Bonaparte.
Em síntese, Marx afirma que os camponeses, pela posição que ocupavam nas
relações sociais e diante das formas de propriedade, formavam um certo
agrupamento de classe mas no entanto não constituíam uma classe propriamente
dita. Por viverem do mesmo modo, partilharem de uma determinada cultura e
manifestarem certos interesses, formavam uma classe; mas, não formavam uma
comunidade mais ampla do que aquela dos interesses e situações mais imediatas,
não formavam qualquer união nacional, não podiam se representar, tinham que ser
representados, por isso, não eram ainda uma classe. Seriam, na metáfora do
autor, como “batatas que somadas, constituem um saco de batatas”.
Muita gente considera que isso não passava de um preconceito de Marx em relação
aos camponeses. Mas na minha avaliação essa observação não vale apenas para as
condições objetivas do campesinato na França daquela época, e pode servir para
qualquer classe em seu processo de formação – inclusive para o proletariado
urbano e, mais do que isso, cabe perfeitamente para a condição se serialidade
que estamos descrevendo.
Os trabalhadores se fragmentaram: romperam-se os laços que os uniam, eles se
dispersaram geograficamente, foram derrotados politicamente (em parte, traídos),
serializaram-se. Mas, uma vez fragmentados, invisíveis e desprezados, ainda
existem e em seu conjunto são os responsáveis pela produção e distribuição de
tudo que é necessário à existência, desde produtos, serviços, manutenção e tudo
que faz a materialidade da economia girar em favor do capital. Uma vez quebrados
em sua unidade política de classe, voltam-se a outras formas de pertencimento e
grupalização, na qual expressam seus interesses imediatos e os elementos
constitutivos de sua cultura.
No caso presente, o que os uniu foi o ódio. Vejam, não é um ódio ao PT, é um
profundo descontentamento com a vida, com a violência diária vinda da
criminalidade, das condições de moradia, um ódio diante de uma sociedade
hipócrita que valoriza a meritocracia e retira as condições para que se
desenvolvam suas potencialidades, um ódio contra uma corja de sangue sugas que
controlam as instituições de governo para saquear os recursos e enriquecer
ilicitamente, um ódio contra uma democracia representativa que não representa
ninguém além daqueles que dela se apropriaram como instrumento de garantia de
privilégios, com juízes que se colocam sob a capa da lei para ser injustos,
contra a desigualdade gritante, contra a opulência de poucos que são sempre os
maus… Enfim, ressentimento e ódio contra um mundo que os despreza.
A centro esquerda viu nesse ódio, por vezes, apenas um recurso eleitoral, como
quando tentou se valer dele no segundo turno de Dilma contra Aécio em 2014, para
depois das eleições voltar ao discurso pragmático da governabilidade aliando-se
aos seus algozes. O fato é que essa força foi desprezada no sentido de dar forma
a uma consciência de classe, anticapitalista e socialista.
Coube à direita dar forma a esse ódio, colando nele a máscara de seu adversário.
O PT é o culpado da crise, das filas no atendimento na saúde, da precariedade da
educação, da corrupção, da desagregação das famílias, da explosão de uma
sexualidade aberrante que ameaça, de mulheres que levantam a voz e colocam o
dedo na cara de quem as oprime, de índios (meu deus, ainda tinham índios neste
país) querendo as terras tão bem ocupadas por mineradoras, madeireiras e o
agronegócio. A mensagem da extrema direita encontra o ódio de uma boa parte dos
trabalhadores e os representa: essa democracia é uma farsa (pode fechar o
Congresso e o STF), este Estado é um cabide de emprego, privatiza tudo, manda a
polícia atirar para matar, tirem os doutrinadores das escolas, matem viados,
negros, índios, feministas, petistas, comunistas…
Esse ódio e esse enorme ressentimento não nasce dos trabalhadores, como é
possível perceber. Ele vem de fora, contrabandeando coisas que os trabalhadores
não teriam porque temer. Por que um trabalhador deveria se preocupar com uma
maior ou menor presença do Estado na economia, ou defender privatizações, ou
destruir sua possibilidade de se aposentar um dia? Esse ressentimento nasce dos
setores médios, que vêm acumulando ódio há anos. A extrema direita, que como
sempre nasce dos segmentos médios e pequeno-burgueses, logrou colar seu ódio e
ressentimento no ódio dos trabalhadores e, assim, ganhar base de massas para seu
projeto reacionário.
A chave do enigma está em uma frase do Marx que citamos acima: não podem se
representar, tem que ser representados. A impossibilidade de se conformar como
uma classe encontra a unidade fora de si, em tempos de crise e acirramento da
luta de classes, numa figura salvadora, aparentemente acima dos interesses em
luta, que se sobrepõe à imagem abstrata de Nação e Ordem e as personifica: Luís
Bonaparte na França do Segundo Império, Getúlio Vargas na década de 1930, Perón
na Argentina, ou em outras situações mais agudas em que se somam outras
determinações, Mussolini na Itália, Hitler na Alemanha… Mais recentemente, Tump
nos EUA, e agora Bolsonaro no Brasil.
A guerra, assim como a luta de classes, não é racional. Como dizia Weber,
trata-se da manipulação de paixões irracionais para fins racionalmente
calculados. Machado de Assis, em seu magistral Quincas Borba, dizia que era como
uma disputa de duas tribos por um campo de batatas que não podia ser dividido,
pois se isso fizessem os dois lados morreriam de inanição. Por isso, conclui o
literato, é compreensível que pessoas sensatas festejem um vitória que custou o
assassinato de seus adversários, “pelo motivo real de que o homem só comemora e
ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma
pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou
compaixão; ao vencedor, as batatas”.
No nosso triste cenário, não creio em compaixão. Quem ganhou as eleições foram
as batatas.

In
PCB
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5/11/2018

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