domingo, 24 de janeiro de 2021

Maior greve da história da Índia mobiliza 250 milhões de trabalhadores



Osvaldo Bertolino


Esquerda.net

Estão ainda a decorrer manifestações massivas um pouco por todo o país
contra as políticas económicas e os ataques aos direitos laborais por
parte do governo de Narendra Modi. Autoridades indianas respondem com
forte repressão policial e prisões em grande escala.

A greve foi convocada por uma plataforma conjunta de dez sindicatos
centrais. Apenas um sindicato, o Bhartiya Mazdoor Sangh, se recusou a
participar. A paralisação conta ainda com o apoio de dezenas de
federações e sindicatos independentes, bem como de uma plataforma
conjunta de 175 organizações de agricultores e trabalhadores agrícolas,
a AIKSCC, que apelou a uma greve rural simultânea.

Os sindicatos estimam que 250 milhões de trabalhadores tenham aderido à
greve. Ainda que o governo tenha emitido um aviso aos funcionários do
governo e do setor público para não participarem do protesto, a adesão
foi massiva em setores como o aço, carvão, outras minas, produção de
defesa, portos e docas, petróleo e gás natural, telecomunicações e
produção de energia, entre outros. Inúmeras indústrias auxiliares
encerraram.

Os trabalhadores do setor privado de engenharia, automóveis e
componentes, telecomunicações, metais, têxteis e vestuário, energia,
entre vários outros, também aderiram massivamente ao protesto. Os
transportes foram afetados em todo o país, com os autocarros, táxis,
comboios e camiões parados. Em muitos locais, como Bengala Ocidental,
Bihar e Punjab os serviços ferroviários foram bloqueados pelos
manifestantes.

    Mansa Rail Jam, Patiala, Sangrur and many other places #BharatBandh
    <https://twitter.com/hashtag/BharatBandh?src=hash&ref_src=twsrc%5Etfw>
    #KisanMazdoorEkta
    <https://twitter.com/hashtag/KisanMazdoorEkta?src=hash&ref_src=twsrc%5Etfw>
    #AIKSCC
    <https://twitter.com/hashtag/AIKSCC?src=hash&ref_src=twsrc%5Etfw>
    ⁦@KisanSabha <https://twitter.com/KisanSabha?ref_src=twsrc%5Etfw>⁩
    ⁦@aviksahaindia
    <https://twitter.com/aviksahaindia?ref_src=twsrc%5Etfw>⁩
    pic.twitter.com/bIdvnUofdn <https://t.co/bIdvnUofdn>

    — Madhuresh Kumar (@kmadhuresh) 8 de janeiro de 2020
    <https://twitter.com/kmadhuresh/status/1214825290859515904?ref_src=twsrc%5Etfw>

Já nas áreas rurais, registaram-se protestos e paralisações de tráfego
em cerca de 480 distritos do país, com milhares de agricultores e
trabalhadores agrícolas, juntamente com trabalhadores rurais não
agrícolas, em protesto.

    As per the appeal laid by #AIKSCC
    <https://twitter.com/hashtag/AIKSCC?src=hash&ref_src=twsrc%5Etfw>
    #GrameenBharatBand
    <https://twitter.com/hashtag/GrameenBharatBand?src=hash&ref_src=twsrc%5Etfw>,
    farmer organisations and farmers unite across India to stand against
    anti-farmer policies by centre and state government.@aviksahaindia
    <https://twitter.com/aviksahaindia?ref_src=twsrc%5Etfw>
    @_YogendraYadav
    <https://twitter.com/_YogendraYadav?ref_src=twsrc%5Etfw>
    pic.twitter.com/In1Pw4dOQ7 <https://t.co/In1Pw4dOQ7>

    — Swaraj India (@_SwarajIndia) 8 de janeiro de 2020
    <https://twitter.com/_SwarajIndia/status/1214846659491819520?ref_src=twsrc%5Etfw>

Os estudantes engrossam a paralisação. Em mais de 60 universidades e
instituições, e suas faculdades afiliadas, a greve abrangeu milhares de
pessoas, que participaram em marchas de protesto.

    At St Stephen's today. Students boycott classes (very, very rare) to
    read the Preamble to the Constitution and to support and say
    #WeStandWithJNU
    <https://twitter.com/hashtag/WeStandWithJNU?src=hash&ref_src=twsrc%5Etfw>.
    And #NoCAANoNRC
    <https://twitter.com/hashtag/NoCAANoNRC?src=hash&ref_src=twsrc%5Etfw> pic.twitter.com/OxlGWhWjyL
    <https://t.co/OxlGWhWjyL>

    — Stephanians (@CafeSSC) 8 de janeiro de 2020
    <https://twitter.com/CafeSSC/status/1214803485620719617?ref_src=twsrc%5Etfw>

As autoridades indianas responderam aos protestos com forte repressão e
com prisões em larga escala.

Entre as reivindicações que estão na base do protesto encontram-se a
exigência de um salário mínimo digno, o controlo dos preços crescentes,
políticas para conter o desemprego, a reversão da legislação laboral que
ataca os direitos dos trabalhadores, o fim das privatizações, a renúncia
total da dívida dos agricultores, a defesa da Constituição do país, a
diminuição dos custos da educação. Os grevistas também condenam os
ataques recentes contra estudantes da Jamia Millia Islamia, da
Universidade Jawaharlal Nehru, da Universidade Aligarh Muslim, de
Jadavpur, entre outras, e protestam contra a proposta de lei da
nacionalidade promovida pelo primeiro-ministro Modi, que é considerada
“discriminatória” e “inconstitucional” por marginalizar os milhões de
muçulmanos que vivem no país.

Ao mesmo tempo que empobrece a grande maioria da população, o governo de
Modi é acusado de favorecer as multinacionais e os grandes empresários
do país, diminuindo os impostos que lhes são cobrados, concedendo
enormes concessões a grandes industriais e abrindo setores ao capital
privado e até estrangeiro, como o do carvão, produção de defesa e ferrovias.

O Partido Comunista da Índia (PCI) já veio “felicitar a classe
trabalhadora, camponeses, trabalhadores agrícolas, estudantes e outros
setores pela magnífica greve em todo o país” desta quarta-feita, “apesar
das prisões em grande escala e repressão”.

Em comunicado, o PCI sublinha que está confiante de que a continuidade e
intensificação da luta de todos estes trabalhadores e estudantes poderá
derrotar “as políticas económicas que empobrecem a esmagadora maioria do
povo trabalhador indiano, as políticas de polarização, que promovem os
ataques fascistas para minar os próprios fundamentos dos princípios
constitucionais da República.

“A greve de hoje abre caminho para uma unidade ainda mais ampla das
pessoas forjando lutas mais poderosas”, remata o PCI.

Esta é já a quarta greve nacional de trabalhadores durante o regime de
Modi. Tiveram ainda lugar vários protestos setoriais. A greve nacional
desta quarta-feira representa uma nova convergência de todas essas lutas
e deixa antever protestos ainda mais amplos nos próximos dias.

In

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA
https://outroladodanoticia.com.br/2020/01/08/maior-greve-da-historia-da-india-mobiliza-250-milhoes-de-trabalhadores/
8/1/2021

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