quinta-feira, 29 de junho de 2023

Espanha: Resolução do I Encontro Estatal do Movimento Operário

 


    PCPE e CNC [*]
    <https://www.resistir.info/espanha/resolucao_jun23.html#asterisco>

Resolução.

*Se as lutas não se inserem numa estratégia de conquista do poder
político pela classe trabalhadora, desaparecem sem deixar rastro.*

Reunidos trabalhadores e trabalhadoras de diferentes territórios do
Estado espanhol, de diferentes sectores produtivos e de serviços
públicos, afiliados a diversos sindicatos, todos e todas comprometidos
com as lutas da classe trabalhadora, constatamos que:

*1º* A ofensiva da burguesia contra o proletariado (todos e todas que
necessitamos vender nossa força de trabalho para poder viver) é brutal e
em todas as frentes: paralisação, precariedade laboral, carestia da
vida, despejos, destruição e privatização de serviços públicos.
Principalmente o Sistema Público de Pensões que afeta mais de 9 milhões
de reformados e pensionados. Responde à maior crise da história do
capitalismo, uma crise estrutural sem solução e que pretende carregar
essa crise sobre as nossas costas.

*2º* A guerra da NATO contra a Rússia, o belicismo feroz do imperialismo
encabeçado pelos EUA e a pandemia Covid (e as novas que se anunciam),
além de estarem a produzir uma maciça transferência de recursos
públicos, do nosso dinheiro, para empresas privadas – armamentísticas e
farmacêuticas – estão a ser utilizadas para incrementar os mecanismos de
controle social, de repressão e de manipulação informativa, situando a
classe trabalhadora e demais sectores populares num autêntico cenário de
guerra.

*3º* Após as mobilizações populares de há 10 anos (15M e Marchas da
Dignidade), que a burguesia soube canalizar eleitoralmente, a
substituição da luta de classes pelo pacto social que desde há tempos
vem propiciando o revisionismo e a social-democracia e a frustração de
comprovar que aqueles que iam assaltar os céus pariram um rato,
saldou-se na classe operária e demais sectores populares por um
incremento da desmobilização e extensão de um sentimento de impotência.
O incremento espetacular dos suicídios, do consumo de fármacos e o auge
da extrema direita são boa amostra disso.

*Frente a isso, os trabalhadores e as trabalhadoras conscientes devem
saber que:*

  * São precisamente nas épocas de crises e de guerras que o capitalismo
    mostra sua debilidade e mais precisamente na crise atual, por
    tratar-se de uma profunda crise estrutural de um sistema em agonia
    que é incapaz de garantir as mais mínimas condições de vida à
    maioria da sociedade e só oferece miséria, repressão, destruição e
    guerra, afetando de forma especial à mulher e à juventude de origem
    operária.
  * As lutas operárias, tantas vezes heroicas, que se dão em muitos
    sectores, quando não são diretamente traídas pelos sindicatos do
    poder, surgem e decaem, sem deixar atrás de si um terreno para novas
    formas de organização; de modo que cada vez há que começar de novo.
    Além disso, em momentos de crise, a margem de manobra é muito
    pequena: o pouco que se consegue por um lado (subidas salariais que
    nunca chegam a superar a inflação) perde-se pelo outros (subida de
    alugueres, de hipotecas, carestia de vida, destruição de serviços
    públicos, etc), sendo o normal que se lute não já para conseguir
    algum êxito ou vantagem e sim para manter o que já se tinha:
    Convénios negociados em baixa, perda de direitos, etc…

Em definitivo, parece que corremos sem avançar ou que construímos na
água. É necessário e urgente que, pelo menos os sectores mais
conscientes da classe operária, não continuem a delapidar esforços
inutilmente. As lutas que não se inserem numa estratégia afundam-se sem
deixar rastro.

*Por tudo isso nos propomos a:*

*1º* Construir um instrumento de coordenação independente da afiliação
sindical que sirva para o apoio, a comunicação e divulgação das lutas
operárias que se verifiquem em cada território ou sector.

*2º* Lutar por impor em cada empresa o poder decisório da assembleia de
trabalhadores, por cima inclusive dos próprios comités de empresa.

*3º* Trabalhar para constituir com os companheiros e companheiras mais
conscientes e mais comprometidos comités ou conselhos cujas funções,
mais políticas que sindicais, sejam: analisar os erros e os êxito de
cada luta, garantindo a sua continuidade; elevar o nível de consciência
e de organização para preparar a seguinte; informar os companheiros da
lutas em outros lugares e reforçar a solidariedade com elas.

*E, sobretudo, trabalhar para que os companheiros e companheiras sejam
conscientes dos limites inevitáveis da luta sindical e que vejam a
necessidade inescapável de organizar-se para a tomada do poder político
pela classe trabalhadora.*


        27/Junho/2023


    [*] Partido Comunista dos Povos de Espanha e Coordenação de Núcleos
    Comunistas

Em
COORDINACIÓN NÚCLEOS COMUNISTAS
https://cnc2022.wordpress.com/2023/06/27/resolucion-comunicado-i-encuentro-estatal-de-movimiento-obrero/
27/6/2023

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