sábado, 19 de setembro de 2015

Elementos da História do Trabalho Associado

Candido Giraldez VIEITEZ
Neusa Maria DAL RI

Introdução
Na sociedade capitalista, a organização do trabalho em sua forma característica está constituída pelo instituto social do assalariamento, ou seja, pelo fato de que os proprietários compram a força de trabalho do trabalhador no mercado mediante o pagamento de um salário. Entretanto, o assalariamento convive com outras modalidades de organização do trabalho, como, por exemplo, o caso do camponês que com a ajuda da família cultiva seu pequeno lote, ou de trabalhadores associados que conduzem de modo autônomo seu próprio empreendimento.
O nosso interesse recai sobre o estudo do trabalho associado (TA) ou dos produtores associados tendo como pressuposto que os verdadeiros produtores são os trabalhadores. Esta posição é o inverso daquela sustentada pelo pensamento oficial, que supõe que o produtor é o burguês, e que os trabalhadores são simples instrumentos, isto é, a mão de obra da produção.
Uma característica inerente ao trabalho associado é que a cooperação realizada pelos trabalhadores em seu trabalho é uma cooperação para si. Mas, a ideia de produtores associados vai muito além das unidades de trabalho, uma vez que ela está ligada a um projeto de governo para a sociedade, ou seja, um projeto que prevê o controle da sociedade pelos trabalhadores. Neste trabalho, porém, nos limitamos a examinar a luta dos produtores pelo controle no âmbito dos empreendimentos econômicos.
Dados os limites deste texto, além das sinalizações mais gerais, examinamos mais detidamente a luta pelo controle dos trabalhadores no processo que conduziu à revolução russa e, em seguida, examinamos a criação de organizações de trabalho associado (OTAs) na ordem social capitalista. Desse modo, o objetivo principal deste texto é apresentar aos leitores elementos da história do trabalho associado.
Para a elaboração deste texto baseamo-nos em nossa experiência teórica e empírica acerca da temática, alicerçada nos longos anos de estudo e pesquisas sobre a problemática do trabalho associado.

1. O poder social
Beauvois (2008, p.251-266) afirma que uma das mais importantes invenções da humanidade foi a criação coletiva de um poder social, um artefato ou técnica social que propiciou uma nova forma de sociabilidade estabelecida antes da revolução neolítica. Nas palavras do autor (2008, p. 260): “O poder social é o fato deliberado da organização categorial [...] é a organização deliberada das pessoas em categorias de agentes. Essas categorias estão pensadas com fins de realização de certos valores sociais predefinidos”. Uma variante desse poder social continua presente nos dias atuais nas fábricas, administrações, hospitais, escolas e em associações.
As propriedades elementares presentes nesse poder social originário são as seguintes: 1) a possibilidade de substituição dos agentes sociais; 2) a formalização das condutas que os membros de uma categoria de agentes devem adotar; 3) a definição e avaliação do agente social de determinada categoria de agentes; 4) a inexistência de estruturas de poder hierárquico .
Esse pode social, que não pode ser confundido com o poder como dominação social, é do mesmo tipo do poder que deriva da organização social ou da cooperação. Dado o objetivo deste trabalho passamos a referir-nos a esse poder como cooperação.
O desenvolvimento do poder social cooperativo contribuiu decisivamente para o aumento da produtividade do trabalho. O aumento da produtividade fez com que o trabalhador gerasse riqueza suficiente para sua subsistência e ainda produzisse uma sobra significativa, ou seja, um excedente econômico. Este fato abriu o caminho para a exploração do homem pelo homem, porque ter escravos ou servos passou a ser economicamente compensador . Em consequência, provavelmente por volta do ano 10 000 A.C., começaram a formar-se as sociedades de classes. Nesse tipo de sociedade, uma classe impunha o domínio sobre escravos ou servos, capturando o poder da cooperação para seu próprio benefício. Na atualidade não há servidão e nem escravidão, ao menos segundo a lei. Porém, a burguesia, mediante a exploração do trabalho assalariado e outras formas, consegue capturar para si o excedente econômico resultante do trabalho dos produtores.

2. A cooperação e o trabalho na sociedade capitalista
Anteriormente, nos referimos à descoberta do poder social da cooperação pelas sociedades pretéritas em termos muito gerais. Isso pode dar a impressão de que uma vez descoberta, a prática da cooperação disseminou-se pelas sociedades de modo avassalador e homogêneo. Entretanto, não foi isso que ocorreu, pois, a difusão da cooperação através dos tempos apresentou formas e escalas muito diferentes segundo as diferentes sociedades.
Em seguida, vamos observar a cooperação de um modo muito mais preciso e concreto, examinando como ela se apresenta na sociedade capitalista e apenas no que diz respeito à esfera do trabalho.
Como indicamos a cooperação não foi inventada pela sociedade capitalista. No entanto, a força da cooperação passou a ser empregada no capitalismo de um modo diferente daquele observado nas sociedades que o antecederam. Um primeiro ponto de diferenciação é a sua escala. Por vezes, as sociedades pretéritas usaram a cooperação no trabalho em grande escala, como, por exemplo, na construção das pirâmides. Sob o capital, no entanto, a cooperação empregada em grande escala é inerente ao sistema, embora conviva com escalas mais modestas. Um segundo ponto diz respeito ao grau de disseminação da potência cooperativa. De modo diverso do que ocorria anteriormente, sob o capital a cooperação tornou-se um acontecimento praticamente universal. Ela começou na manufatura, estendeu-se à fábrica e em seguida alcançou a administração pública e privada, o hospital, a escola e assim por diante. O terceiro ponto diferenciador é o tipo de trabalhador utilizado nessa cooperação, que no capitalismo é o trabalhador assalariado. A exploração do trabalho assalariado tampouco foi uma descoberta do capitalismo. Porém, só o capitalismo fez do trabalhador assalariado o agente universal da cooperação no trabalho, o produtor geral cujo excedente econômico o capital apropria sem contrapartida .
Marx (1972, p. 262, grifos nossos) se refere a esse acontecimento caracterizante da organização do trabalho na sociedade atual da seguinte forma: “A forma de trabalho de muitos operários coordenados e reunidos em função de um plano no mesmo processo de produção ou em processos de produção diferentes, mas enlaçados, se chama cooperação”. Marx denomina ainda esses trabalhadores cooperantes de trabalhador combinado ou trabalhador coletivo.
Por que organizar os trabalhadores assalariados como um trabalhador coletivo na fábrica, na fazenda ou na escola? Primeiro, porque “A cooperação não tende apenas a potenciar a força produtiva individual, senão que tende a criar uma força produtiva nova, com a necessária característica de força de massa” (MARX, 1972, p.262). E, depois, porque esse é o método que possibilita à burguesia controlar, mediante mecanismos de assentimento ou coerção, um contingente de trabalhadores assalariados, com a finalidade de realizar a combustão produtiva de sua força de trabalho nos locais de trabalho.
O trabalhador coletivo como ente cooperante é uma das maravilhas da criatividade humana, é o rei Midas de nossa era, a fonte real das imensas riquezas que são apropriadas pelo capital, embora o capital apresente o trabalhador coletivo como produto de seu próprio engenho.
Há, porém, um imenso problema com essa cooperação. Os trabalhadores constitutivos do trabalhador coletivo cooperam entre si. Mas, esta cooperação é alienada para o capital, apropriada pelo capital, uma cooperação que não pertence aos trabalhadores e sobre a qual eles não têm praticamente nenhum controle.
Marx (1972, p. 267) nos explica esse acontecimento.
A cooperação entre trabalhadores assalariados é, além do mais, um simples resultado do capital que os emprega simultaneamente. A coordenação de suas funções e sua unidade como organismo produtivo encontra-se fora deles, no capital, que os reúne e mantém em coesão. Desde um ponto de vista ideal, a coordenação de seus trabalhos se apresenta aos trabalhadores como plano; praticamente, como a autoridade do capitalista, como o poder de uma vontade alheia que submete sua atividade aos fins perseguidos por ela.

Na Idade Média européia, do século V ao XVIII, de cuja entranha nasceu o moderno capitalismo, o trabalho assalariado não tinha expressão social. É necessário que nos perguntemos, portanto, de onde surgiu o crescente contingente de assalariados que a partir do século XV progressivamente passou a servir aos capitalistas. Esse contingente saiu basicamente da massa de camponeses, a maioria da população economicamente ativa até 1850, e dos artesãos urbanos. Mas, para criar essa massa disponível para o trabalho assalariado foi necessário ao capital expropriar os camponeses e artesãos de suas terras, suas propriedades e seus instrumentos de trabalho, ao ponto de terem que vender sua força de trabalho para poderem comer.
Nos dias atuais o assalariamento aparece como algo natural. No entanto, originariamente, nem mesmo a fome foi suficiente para que os camponeses e artesãos se dispusessem a trabalhar como assalariados. Muito frequentemente preferiam a vagabundagem e a delinquência, de maneira que sua aquiescência à condição de assalariados só ocorreu porque os governos do Antigo Regime, já com forte influência da burguesia, passaram a ameaçá-los com a violência do Estado, o que incluía pesados castigos e prisão.

3. A resistência dos assalariados à alienação do trabalho: o controle operário tradicional ou econômico-corporativo.
Quando os trabalhadores cruzaram o umbral da manufatura na Inglaterra, no século XVI, eles já haviam perdido as condições propiciadoras de meios de subsistência autônomos. Tinham sido expropriados dos meios de produção - a terra ou a oficina artesanal -, das ferramentas de trabalho, da liberdade de compra de utensílios e matérias primas, da liberdade para intercambiarem livremente o produto de seu trabalho, ou seja, tinham sido transformados em assalariados.
Diante de uma situação tão adversa, parece que os trabalhadores haviam se convertido em uma massa inerme, mas, não foi bem assim. Na verdade foram necessários séculos para que a alienação do trabalho chegasse a uma forma extremada, o que apenas ocorreu no primeiro quarto do século XX.
Essa demora do processo que levou à alienação da cooperação realizada pelos trabalhadores teve basicamente duas causas. A primeira causa residiu no fato de que, quem detinha os saberes necessários à confecção dos bens, quem dominava o que chamamos hoje em dia de processo de produção eram os trabalhadores. Naquela época ainda não existiam as máquinas-ferramentas que só seriam inventadas na revolução industrial. Em virtude disso, a fabricação de bens permaneceu durante longo tempo na dependência dos conhecimentos e habilidades dos artesãos que foram denominados mais tarde de oficiais da indústria. Aproveitando-se disso, os artesãos mantiveram na manufatura uma organização do trabalho inspirada nas corporações feudais. Com isto, eles conseguiram preservar um controle – denominado pelos estudos históricos como controle operário - que esquematicamente podemos descrever como controle significativo, ainda que parcial, sobre o processo de trabalho e sobre a educação profissional dos trabalhadores da indústria. Podemos afirmar que até o advento do taylorismo-fordismo, a educação profissional era realizada nos locais de trabalho sob a direção dos oficiais industriais.
A segunda causa foi que os trabalhadores resistiram ao domínio do capitalista e lutaram pelo controle operário. Para essa luta eles utilizaram, inicialmente, a ética gremial remanescente das antigas corporações de ofícios que os municiava com um marco de valores e solidariedade. Com o advento da revolução industrial, na segunda metade do séc. XVIII, a luta pelo controle se acirrou. A exacerbação da luta decorreu do fato de que as máquinas ferramentas criadas na revolução industrial, ao possibilitar o banimento do controle operário em alguns ramos industriais de vanguarda, notadamente o têxtil, alimentou o desejo dos capitalistas de se livrarem integralmente do controle operário.
Foi nessa época da revolução industrial que os trabalhadores inventaram as primeiras organizações populares modernas (THOMPSON, 1977) com o objetivo de se defenderem dos capitalistas e da opressão política do Estado. Dentre as organizações surgidas nesse momento destacaram-se os sindicatos de ofícios, ou seja, sindicatos formados basicamente pelos trabalhadores qualificados ou com ofícios industriais. Estes sindicatos, que no final do século XIX começaram a aceitar como associados também os trabalhadores sem ofícios (MONTGOMERY, 1985), travaram uma luta contra a política patronal de acabar com o controle operário, o que afinal veio a ocorrer na indústria com a introdução dos métodos do fordismo e taylorismo .
As consequências nefastas da alienação para os trabalhadores assalariados se tornaram completamente visíveis no contexto da revolução industrial, quando se deu a passagem da manufatura para a fábrica, do trabalho artesanal para a máquina-ferramenta. Esse processo de desenvolvimento do capitalismo colocou a classe operária em péssimas e degradantes condições de vida.
Após a revolução industrial, os trabalhadores em sua luta contra o domínio do capital seguiram por dois caminhos diferentes, mais ou menos confluentes. No primeiro deles, que denominamos de controle econômico-corporativo, os trabalhadores lutaram dentro da própria empresa capitalista para não perder o controle do processo de trabalho, que ainda lhes restava sob o assalariamento. No outro caminho, os trabalhadores associaram-se em empreendimentos próprios, que tinham como um pressuposto a ausência do domínio capitalista na empresa.
Essas duas vias seguiram tempos afora cada uma com seus próprios métodos. Mas, em algumas situações históricas esses caminhos estiveram imbricados e mais ou menos enlaçados no movimento operário e popular (MOP). Aqui, por uma questão de exposição vamos examiná-los em separado. Primeiro trataremos do que classicamente se denominou o controle operário, a luta dentro da empresa capitalista e, depois, do movimento que aparece ligado à criação de organizações de trabalho associado (OTAs), a maioria das quais tomam a forma de cooperativas de trabalhadores.

4. Do controle operário ao trabalho associado
Com o taylorismo e fordismo o controle operário foi drasticamente lapidado . De fato, um controle com alguns pontos comuns com o tradicional conseguiu sobreviver até os anos de 1970 entre certos segmentos de trabalhadores das classes medias, notadamente entre os médicos e professores. Porém, esse acontecimento manteve-se a muita distância do impacto que o controle operário tradicional gerava no mundo do trabalho.
O controle operário tradicional era econômico-corporativo. O denominamos assim porque ele próprio hierarquizava os trabalhadores em qualificados - os que efetivamente exerciam o controle -, e os trabalhadores manuais chamados de peões do chão de fábrica. Além disso, esse tipo de controle, enquanto a burguesia não descobriu como se livrar dele, era aceito como parte da ordem estabelecida.
Com tal estatuto, o controle operário tradicional efetivamente caducou. No entanto, no século XX, o controle operário ressurgiu sob uma forma nova, uma forma que incluía todos os trabalhadores indistintamente e que se apresentou como revolucionária ou virtualmente revolucionária. Este ressurgimento ocorreu de um modo que hoje podemos considerar modernamente clássico na revolução russa de 1917, que examinamos a seguir por seu valor paradigmático.
Em fevereiro de 1917 a Rússia encontrava-se à beira da catástrofe por sua participação desastrosa na primeira guerra mundial, pela desorganização da economia e por falta de condições de vida para a massa trabalhadora em geral, pois a fome rondava a classe proletária. Os operários e camponeses revoltaram-se e fizeram com que o czar abdicasse do trono. O governo democrático-burguês que o substituiu, presidido por Kerenski, deu início a modificações que não resolveram os problemas. Entre fevereiro e outubro de 1917 as greves na indústria tornaram-se uma constante. Os trabalhadores nas indústrias ou de outros setores elegiam delegados para a constituição de comitês ou conselhos de fábrica que atuavam como delegados representantes e coordenação política do trabalhador coletivo em cada unidade econômica. Os conselhos de fábrica espalharam-se como cogumelos e instalaram-se em praticamente todas as indústrias grandes ou médias. Os patrões reagiam ao clima revolucionário e às mobilizações com perseguições, repressão ao movimento e lock-out da produção. Não tardou para que os trabalhadores levantassem a bandeira do controle operário da indústria.
Na Primeira Conferência dos Comitês de Fábricas os trabalhadores aprovaram o programa relativo à aplicação do controle operário. Os pontos principais eram os seguintes:
1. O controle operário deve desenvolver-se dentro da completa normalização da produção e distribuição. 2. O controle operário deve estender-se a todas as operações financeiras e bancárias. 3. Deve passar para as mãos dos trabalhadores a maior parte dos lucros e das rendas da grande economia capitalista. 4. Organizar, por intermédio das cooperativas, o intercâmbio de objetos e máquinas agrícolas por produtos da terra. 5. Realização do serviço obrigatório de trabalho, criação da milícia operária. 6. Dirigir a força operária [...] para a fabricação dos produtos necessários para a reconstrução econômica. 7. Tomada do poder pelos sovietes (PANKRATOVA apud MANDEL, 1974, p.110).


O IV Congresso Pan russo do Partido Socialdemocrata Bolchevique, o único partido que era a favor da derrubada do governo burguês e da tomada do poder pelos sovietes (conselhos geopolíticos), adotou esse programa de controle operário. Daí em diante o MOP moveu-se sob a consigna do controle operário, expandiu-se explosivamente e travou com a burguesia uma batalha sem quartel.
Em geral, o controle operário mantinha o burguês no comando da fábrica, pois, em princípio, era um programa de fiscalização para evitar os desmandos dos capitalistas num ambiente de sublevação revolucionária das classes trabalhadoras. Na prática, entretanto, a intervenção do controle operário significava uma notável amputação da usual soberania do proprietário na empresa. Afora isso, a tendência espontânea dos trabalhadores do movimento pelo controle operário era ir até as últimas consequências, isto é, vir a assumir integralmente o controle das empresas. A burguesia não podia admitir nada disso. A reação dos patrões à intervenção do controle operário foi desde a fuga, abandono da empresa, recusa do controle operário até o lock-out .
Nesses casos a resposta dos trabalhadores coletivos unidos em associação informal, sob a coordenação de seus comitês de fábrica, era a de tomar posse das empresas e assumirem integralmente o seu controle. Com este ato o controle operário se metamorfoseava em controle integral ou trabalho associado. Nesse movimento, a cooperação fabril realizada pelo trabalhador coletivo, que se encontrava alienada no capital, era apropriada pelos produtores que, assim, enquanto trabalhadores assumiam todas as funções de produção, técnicas, políticas, de coordenação, etc., anteriormente dominadas pelo capital .
Em outubro de 1917, o governo burguês foi derrocado pelo movimento revolucionário dos operários e camponeses que passaram a governar por meio dos sovietes, que eram organismos geopolíticos de bairros, distritos, cidades ou nação formados por delegados dos trabalhadores coletivos das empresas e de outros segmentos. Durante breve período os sovietes exerceram efetivamente a ditadura democrática de operários, camponeses e outros trabalhadores. Em 14 de novembro de 1917 o novo governo revolucionário legalizou a prática do controle operário, o que proporcionou a este uma nova estatura.
O movimento do controle operário, com suas práticas de supervisão e também de implantação do trabalho associado com apropriação e recuperação de empresas, manteve-se atuante de fevereiro de 1917 até a desautorização do movimento pelo governo bolchevique. Aqui é necessário esclarecer dois pontos. O primeiro é que o Partido Bolchevique, em aproximadamente dois anos após a revolução de outubro, passou a controlar o governo, o que fez com que o poder dos sovietes se tornasse crescentemente nominal. O segundo ponto é que o Partido Bolchevique, ao menos sua maioria predominante, embora tenha apoiado o movimento do controle operário não foi a favor da gestão das unidades econômicas pelo trabalhador coletivo, dado que sua própria visão do controle na fábrica limitava-se ao conceito de supervisão ou fiscalização (BRINTON, 1975).
Com a derrogação do apoio bolchevique ao movimento do controle operário, este feneceu rapidamente. Pouco mais tarde, quando a economia soviética foi nacionalizada, os trabalhadores passaram a ser uma espécie de assalariados das empresas estatais, com o que voltaram a uma situação de alienação do trabalho, embora menos gravosa do que aquela que haviam tido sob a dominação da empresa capitalista (BURAWOY, 2014).
A razão pela qual o Partido Bolchevique retirou seu apoio ao movimento de conselhos de fábrica, ainda está à espera de explicações mais conclusivas. O certo é que houve um grande debate no interior do partido entre os que eram a favor da gestão das empresas socializadas pelo trabalhador coletivo - a chamada oposição operária comunista (KOLLONTAI, 198) - e os que eram a favor da direção unipessoal de um diretor indicado pelo Estado. Aparentemente, a maioria bolchevique temia que com a gestão do trabalhador coletivo ou conselhos de fábrica, em vez de vir a se constituir a comunidade socialista, se constituísse a comunidade do artel (granja coletiva Russa). No dizer de um dirigente bolchevique (PANKRATOVA apud MANDEL, 1974, p. 115): “Em vez de uma rápida normalização de toda a produção [...] em vez de medidas que constituíssem uma aproximação à organização socialista da sociedade, encontramos uma prática que lembra os sonhos anarquistas das comunidades autônomas”.
Independentemente das causas que levaram o Partido Bolchevique a se opor à tendência espontânea do trabalhador coletivo a assumir um papel protagonista na condução dos empreendimentos econômicos na Revolução, pouca dúvida pode haver de que a persistência do trabalho assalariado na URSS teve consequências negativas tanto para ela como para o movimento operário mundial (GRUPPI, 1979).
Movimentos de controle operário mais ou menos próximos à linha soviética surgiram quase que simultaneamente com a revolução russa ou mais tarde em vários países (MANDEL, 1974). Os principais ocorreram na Itália (1919-1920), na Alemanha (1918-1920), na Hungria (1919), na Espanha (1930) e vários outros. Depois da segunda guerra mundial, experimentos autogestionários emergiram também em alguns países socialistas, como a Hungria, Tchecoslováquia etc., tendo permanecido limitados em seu alcance econômico e político.
Finalmente, observamos que depois da segunda grande guerra, o controle operário na acepção que caracterizou o tempo da revolução soviética, talvez devido à sua radicalidade e ao reformismo político que veio a predominar depois da grande guerra, inclusive entre os partidos comunistas, esteve praticamente ausente da pauta de ações do movimento operário, bem como de partidos, sindicatos e outras organizações.

5. O trabalho associado como criação em paralelo à empresa capitalista.
A criação de organizações de trabalho associado como acontecimento relativamente independente da luta travada diretamente no interior das empresas capitalistas teve início na atmosfera da revolução industrial.
Os primeiros intentos se inspiraram, pelo menos em parte, nas ideias de socialistas como Louis Blanc, François Marie Charles Fourier e Robert Owen, dentre outros. Estes pensadores imaginaram que seria possível superar o capitalismo contrapondo-lhe a criação de pequenas comunidades alternativas igualitárias, que se expandiriam sem limites até substituírem o tipo de organização social existente. Essas comunidades mostraram-se logo inviáveis. Porém, os trabalhadores aproveitaram algo desse ideário para trazerem à luz algo bem menos complicado que uma comunidade alternativa, ou seja, um empreendimento econômico. Eis como Watkins (1973, p. 21-22) se refere a uma empresa pioneira desse tipo que surgiu no setor da produção industrial.


É a associação de trabalhadores de uma mesma indústria ou empresa organizada para exercer sua vocação profissional com uma direção eleita por eles [pelo trabalhador coletivo] e perante eles responsável. Esta forma de ajuda mútua foi adotada por reduzidos grupos de trabalhadores desde começos da revolução industrial, tanto na Grã-Bretanha como na França, mas a primeira estrutura bem definida, apoiada em um fundamento teórico, parece ter sido elaborada na França pelo saintsimoniano Philippe Buchez que apareceu em sua revista l’Europeen em 1832. Era apresentada, não para sua adoção generalizada, senão que como um sistema graças ao qual os trabalhadores cujo setor industrial estava ameaçado pelas máquinas, embora todavia não revolucionado por elas, poderiam defender seus meios de vida e seu nível econômico. Com a capitalização de seus ingressos excedentes eles poderiam chegar a ser proprietários coletivos das máquinas que necessitavam para seu trabalho, em lugar de trabalhar para um empresário, na oficina dele e com máquinas que lhe pertenciam. [...], na França ainda era possível convencer aos trabalhadores de que se associando poderiam opor-se e resistir, e quem sabe até escapar, à sujeição da disciplina da fábrica, imposta em interesse exclusivo dos patrões.

As organizações de TA estavam fadadas a se cruzarem e se imbricarem com um tipo de organização surgida pela mesma época: a cooperativa.
Em 1844, em Rochdale, Manchester, Inglaterra, 27 tecelões e uma tecelã, vários dos quais owenistas, fundaram a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale. Esta associação criou uma empresa que consistia de um armazém que oferecia aos associados alguns artigos básicos a preços mais baixos que os do mercado. Esta associação notabilizou-se porque formulou um conjunto de regras ou normas para seu funcionamento, as quais praticamente lançaram as bases da organização cooperativa, e que logo a seguir deu origem ao movimento cooperativista em âmbito mundial. Os princípios que essa organização elaborou foram: associação aberta; controle democrático (um homem, um voto); distribuição dos excedentes proporcional ao volume das transações realizadas; pagamento restrito de juros de capital; neutralidade religiosa e política; compras em dinheiro; promoção da educação.
Com relação ao amplo significado dessas normas destacamos dois aspectos essenciais. O primeiro é que as noramas não se atém à questão do trabalho assalariado, pedra angular do modo capitalista de produção. Uma associação de trabalhadores regida por essas normas poderia contratar trabalhadores assalariados ou de tipo conexo, o que reproduziria a exploração e subordinação do trabalho. O segundo ponto é que essa modalidade de organização abria a possibilidades para a utilização do poder social da cooperação. Tanto é verdade que não tardou para que os próprios capitalistas, valendo-se desses princípios, criassem suas próprias cooperativas, sobretudo no campo, com amplos contingentes de assalariados como força de trabalho.
Esses dois aspectos foram a razão pela qual os estados capitalistas aceitaram, sem maiores problemas, as dirertrizes de Rochdale, com modificações não essenciais, e estabelecessem mundo afora uma legislação cooperativista, o que proprcionou um marco legal para o funcionamento de organizações erigidas sobre as normas enunciadas. Essas normas acrescida de sua transformação em lei em âmbito internacional deram impulso ao cooperativismo como um movimento supostamente não classista ou politicamente neutro .
Quando os trabalhadores criam uma organização de trabalho associado (OTA) na vigência do regime social burguês necessitam de um marco legal ou jurídico para poderem operar. Sob esta dimensão a OTA pode se apresentar como associação de trabalhadores proprietária de um empreendimento, sociedade anônima de tipo especial ou como uma cooperativa (VIEITEZ; DAL RI, 2001). Em geral, a OTA prefere assumir a forma jurídica de cooperativa porque porque esta é a forma mais amigável para o trabalho associado, além do que conta com uma legislação bem estabelecida .
Mesmo quando a cooperativa é de trabalhadores, as normas que regem as cooperativas não estabelecem que a cooperativa seja de trabalho associado. Isto significa que as diretrizes que fazem com que uma cooperativa atue como uma organização de trabalho associado dependem da vontade subjetiva dos associados, ou seja, dependem de um acordo estabelecido entre os associados que se cristaliza numa espécie de constituição interna da cooperativa. Este acordo não atrapalha o funcionamento da cooperativa, porém, é um compromisso informal entre os trabalhadores que não encontra amparo na lei que rege as cooperativas. Coloca-se, então a questão: quando podemos dizer que estamos em presença de uma organização de trabalho associado ou, no caso, de uma cooperativa de trabalho associado?
O trabalho associado na sociedade capitalista é uma dissidência engendrada pela classe trabalhadora, um epifenômeno da luta de classes, um acontecimento que nunca deixou de ser excêntrico no sistema, portanto, uma espécie de anomalia social. Em virtude disto, o TA, tanto como prática empírica, quanto do ponto de vista conceitual ou teórico é uma categoria que, à diferença do cooperativismo, permanece como um conceito historicamente em aberto, sujeito a importantes variações de significado. A rigor temos duas determinantes que funcionam como divisores de águas e um conjunto de descritores que variam segundo o contexto, a posição política do trabalhador coletivo e outros fatores.
As principais determinantes são as seguintes: a) a organização de trabalho associado não utiliza trabalho assalariado ou conexo, salvo emergencialmente e com um quantitativo desprezível; b) a força de trabalho é constituída pelo próprios trabalhadores associados. O associado é ao mesmo tempo associado e trabalhador, não sendo admissíveis associados investidores ou não diretamente trabalhadores.
Os descritores dizem respeito a diversas outras dimensões da vida da organização que podem variar bastante em torno do eixo estruturante da OTA, que está definido pelas principais determinantes, ou seja, a igualdade real dos associados na organização. Os descritores mais importantes dizem respeito ao seguinte: a) gestão democrática ou distribuição igualitária do poder. A legislação cooperativa determina que o corpo de associados constituem a assembléia geral soberana, que elege periodicamente um conselho de administração e um conselho fiscal com base em um homem, um voto. Esse princípio do cooperativismo constitui na OTA a base democrática mínima a partir do qual emergem outros mecanismos democráticos. b) distribuição das retiradas. As retiradas (salários) mensais dos associados são igualitárias ou apresentam uma margem diferencial pequena, equitativa; c) distribuição do excedente econômico. A distribuição do excedente entre os sócios é semelhante à do ítem anterior.
Nesta vertente de TA, o mais usual é que os trabalhadores assalariados reais ou virtuais se unam ou se associem a partir de uma posição individual para constituir um empreendimento econômico pertencente aos trabalhadores. Podemos incluir nessa modalidade o pequeno produtor rural familiar que resolve constituir uma OTA. Essa associação também pode ocorrer por iniciativa de um trabalhador coletivo de uma empresa capitalista que busca operar um empreendimento próprio. Pode ocorrer, ainda, que os trabalhadores de uma empresa capitalista em processo de falência ou fechamento, mesmo sem um antecedente de luta pelo controle, apropriem-se da infra-estrutura instalada . Isso pode ocorrer também após um processo de luta pelo controle, porém, depois da segunda guerra mundial as lutas pelo controle foram raras .

6. Um exemplo concreto de trabalho associado no campo.
O trabalho associado aparece mais usualmente no meio urbano e industrial. No entanto, empreendimentos de TA vêem se formando também no campo. No Brasil, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem incentivado os trabalhadores da reforma agrária a se reunirem num trabalhador coletivo para constituírem as Cooperativas de Produção Agropecuária (CPA). Em seguida apresentamos sumariamente, em clave de arquétipo, alguns elementos constitutivos da CPA União do Oeste (Cooperunião) com o propósito de exemplificar como, dentre a variedade de arranjos possíveis, pode se apresentar uma cooperativa de trabalho associado. Os dados apresentados foram coletados em 2002, quando essa cooperativa tinha aproximadamente uma década de existência, e quando tivemos a possibilidade de estudá-la in loco.
A Cooperunião está situada no Município de Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, no assentamento Conquista na Fronteira, em uma área coletiva de 1200 hectares, na qual viviam e trabalhavam em torno de 56 famílias, na época.
A Cooperativa não empregava trabalhadores assalariados e esse era um dos seus princípios. A distribuição das retiradas era igualitária, variando de acordo com o montante de horas trabalhadas. A distribuição do excedente econômico também seguia o mesmo método. Eis uma visão mais circunstanciada dessa dimensão capturada naquela pesquisa.


O coordenador das equipes de trabalho marca as horas trabalhadas de todos. As retiradas são de acordo com as horas trabalhadas. A jornada de trabalho é de segunda a sexta, os homens trabalham no mínimo oito horas, e as mulheres no mínimo quatro horas. Se há necessidade, trabalha-se mais horas. As pessoas têm quatro dias para usar como quiser, mas não ganha. Se usar mais do que quatro dias tem multa. Tem férias de 15 ou 20 dias, mas não ganha. As pessoas ganham mais ou menos iguais. As crianças começam a trabalhar com 12 anos. De 12 a 14 anos, recebem 50% das horas trabalhadas. De 15 a 17 anos recebem 50% do valor das horas trabalhadas. E quando faz 18 anos, passam a ser sócias e ganham os 100%. As pessoas recebem uma cota de subsistência de acordo com as horas trabalhadas, por família. Se não consome, pode vender, trocar, etc. De seis em seis meses há distribuição das sobras, que também segue o padrão das horas trabalhadas. Os que trabalham fora, por exemplo, o vereador e a professora, deixam o salário com a cooperativa e recebem pelas horas trabalhadas igual a todo mundo. Mas, por exemplo, o vereador precisa de roupas, viagem, etc., então recebe um adicional (DIRIGENTE DA COOPERUNIÃO, 2002). (VIEITEZ; DAL RI, 2003, p. 123)


A Cooperativa era regida por uma assembleia geral soberana, da qual participavam inclusive as crianças maiores de 12 anos, um conselho diretor ou administrativo (renovado por voto secreto a cada três anos) e um conselho fiscal eleito, de acordo com as normas da cooperativa. Além disso, com o propósito de possibilitar a participação direta dos associados, a Cooperativa se organizava por equipes de trabalho, cada uma das quais reunia certo número de trabalhadores, que coordenavam a divisão do trabalho da produção, social, político e educacional.
Esses eram os principais elementos da estruturação da CPA de trabalho associado, embora houvesse vários outros elementos também importantes, como, por exemplo, o fato de que a Escola Municipal de Ensino fundamental I denominada Construindo o Caminho era administrada pela comunidade do assentamento, ou seja, pelos pais, alunos e professoras. A cooperativa passou por dificuldades consideráveis em anos anteriores. Mas, à época da pesquisa era um estabelecimento próspero e que já tinha se transformado em agroindústria, com criação e processamento industrial de aves .

Conclusão
A classe trabalhadora tem resistido através dos tempos à dominação capitalista. Os camponeses têm lutado para não perderem suas terras ou para retomarem a propriedade alienada. Os trabalhadores assalariados têm lutado com o intuito de preservar, melhorar ou até revolucionar suas condições de trabalho e vida por meio de sindicatos, conselhos, partidos políticos ou outras formas de movimentos sociais. Uma das variantes dessas ações, que mantém o trabalhador coletivo como epicentro, se dá no interior da empresa capitalista, mediante a luta pelo controle operário parcial ou integral, ou por meio da formação de organizações de trabalho associado.
O trabalho associado que emergiu embrionariamente na revolução russa de 1917 sob a designação de controle operário, por razões não totalmente esclarecidas, foi tolhido em seu potencial, embora possamos supor que, tanto conceitualmente quanto praticamente, o seu desenvolvimento fosse uma condição para o desenvolvimento do socialismo, assim como a instauração do socialismo deveria ser uma condição para o desenvolvimento do TA. Em posteriores revoluções que se autodenominaram socialistas, a evolução do trabalho associado seguiu, aparentemente, a pauta da revolução russa.
Marx e Engels foram os teóricos, por excelência, da emancipação do proletariado. Porém, como militantes e pesquisadores sociais, não perderam tempo com especulações abstratas sobre como deveria se organizar concretamente a sociedade revolucionada, uma vez que não tinham dúvida de que isso só poderia ser obra dos próprios trabalhadores. Assim, as parcimoniosas projeções para o futuro que legaram ao movimento social estão assentadas no que consideravam possíveis desdobramentos a partir da sociedade atual. Numa dessas projeções podemos observar que quaisquer que fossem as formas que assumisse o controle dos trabalhadores sobre as unidades de produção, este controle não poderia estar baseado na propriedade privada e, consequentemente, na produção de mercadorias. Eis uma dessas passagens de Marx (1972, p. 43).
[...] imaginemos para variar, uma associação de homens livres que trabalhem com meios coletivos e que coloquem em movimento suas numerosas forças individuais de trabalho, com plena consciência do que fazem, como uma grande força social. O produto da associação a que nos referimos é um produto social. Uma parte deste produto volta a prestar serviço sob a forma de meios de produção. Segue sendo social. Outra parte é consumida pelos indivíduos associados, sob a forma de meios de vida. Deve, portanto, ser distribuída. O caráter desta distribuição variará segundo o caráter especial do próprio organismo social de produção e tendo em vista o nível histórico dos produtores. Sua distribuição de acordo com um plano social servirá para regular a proporção adequada entre as diversas funções do trabalho e as distintas necessidades. [...]as relações sociais dos homens com seu trabalho e os produtos de seu trabalho são claras e simples, tanto no tocante à produção, como no que se refere à distribuição.

A criação de empreendimentos de trabalho associado, ainda sob a hegemonia burguesa, é de grande valia para os trabalhadores sob muitos aspectos e não vamos nos estender quanto a isto. Mas vale a pena deixar indicada uma grande lição histórica oferecida ao movimento operário e popular pelas unidades industriais ou agrárias de trabalho associado contemporâneas. Na época da revolução russa, uma boa parte dos revolucionários considerava que a classe operária, ou seja, os inúmeros trabalhadores coletivos que realizavam a produção industrial, não estavam preparados para assumirem a condução integral das indústrias, e para que isso pudesse ocorrer seria necessário um longo processo de educação. Mas, o que nos mostram os exemplos de trabalho associado atual é que essa visão era um equívoco, uma vez que de fato quem domina o processo de produção é, e sempre foi, o trabalhador coletivo e as carências existentes deste trabalhador combinado são rapidamente superadas, seja pelo aprendizado próprio, seja com o auxílio de profissionais importados.
No entanto, temos de considerar que o empreendimento de trabalho associado criado na vigência do regime capitalista está permanentemente sujeito a pressões degenerativas ou de reconversão, o que não poucas vezes o levam mesmo à dissolução das organizações de trabalho associado. O único antídoto razoável para neutralizar essas pressões (des)estruturadoras, excetuando a emersão de uma situação revolucionária, parece estar na prática militante junto ao movimento operário e popular e na fortaleza das convicções ideológicas que apontem para a emancipação social dos trabalhadores do jugo capitalista.

Referências
BEAUVOIS, J-L. Tratado de la servidumbre liberal – análisis de la sumisión. Madrid: La Oveja Roja, 2008.
BRINTON, M. Os bolcheviques e o controle operário. Porto: Afrontamento, 1975.
BURAWOY, M. Marxismo sociológico - quatro países, quatro décadas, quatro grandes transformações e uma tradição crítica. São Paulo: Alameda, 2014.
CLASTRES, P. A sociedade contra o Estado - pesquisa de antropologia política. São Paulo: Cosacnaify, 2003.
CUADERNOS DE PASADO Y PRESENTE. Consejos obreros y democracia socialista. México: Siglo XXI, 1977.
DAL RI, N. M.; VIEITEZ, C. G. Educação democrática e trabalho associado no movimento dos trabalhadores rurais sem terra e nas fábricas de autogestão. São Paulo: Ícone: FAPESP, 2008.
GRUPPI, L. O pensamento de Lênin. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
KOLLONTAI, A. Oposição operária 1920-1921. São Paulo: Global, 1980.
HUNT, T. Marx's general - the revolutionary life of Friedrich Engels. New York: Henry Holt and Company, 2010.
MANDEL, E. Control obrero, consejos obreros, autogestión. México: Era, 1974.
MARX, K. El Capital – crítica de la economía política. México: Fondo de Cultura Económica, 1972.
MONTGOMERY, D. El control obrero en Estados Unidos Madrid: Ministerio de Trabajo y Seguridad Social, 1985.
THOMPSON, E. P. La formación histórica de la clase obrera - Inglaterra 1780-1832. Barcelona: Laia, 1977.
WATKINS, W. P. La Alianza Cooperativa Internacional 1895-1970. Buenos Aires: Itercoop, 1973.
VIEITEZ, C. G.; DAL RI, N. M. Trabalho associado: cooperativas e empresas de autogestão. Rio de Janeiro: DP&A: Finep, 2001
VIEITEZ, C. G., DAL RI, N. M. Formação da Cooperativa de Produção Agropecuária União do Oeste Ltda. Org&Demo. Marília, n.4, p. 119-124, 2003.


IN


CANDIDO GIRALDEZ VIEITEZ; NEUSA MARIA DAL RI. Elementos da história do trabalho associado. In: NOVAES, H.; MAZIN, A. D.; SANTOS, L. (orgs). Questão agrária, cooperação e agroecologia. São Paulo: Outras Expressões, 2015. p. 105-128

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O choque de realidade sofrido pelos jornalistas demitidos



Um dia após o passaralho de dezenas (talvez centenas) de jornalistas na redação
do Grupo Globo, o tema ainda reverbera forte nas redes sociais e entre
jornalistas. Repórter com larga experiência em vários jornais do país, Marcelo
Migliaccio faz uma análise dura, porém realista, do quanto a perda do emprego
provoca em significativa parcela do universo profissional que, não raro,
confunde o cargo, o posto alcançado, a ascensão profissional, com a própria
personalidade. O choque de realidade que espera alguns daqueles que perderam
seus empregos, e ingenuamente se deixaram confundir, pode parecer duro, mas se
transformará necessariamente em um grande aprendizado. Leia o artigo.


Marcelo Migliaccio


A demissão é um choque de realidade. Você passa centenas, milhares de manhãs,
tardes, noites e até madrugadas enfurnado numa redação tensa e claustrofóbica.
Perde os melhores momentos da infância de seus filhos equilibrando-se sobre um
tapete que seus amigos virtuais puxam dissimuladamente, dando-lhe tapinhas nas
costas toda segunda-feira e perguntando como foi o fim de semana.

Não importava pra você se o jornal em que você trabalhava apoiou dois golpes de
estado e só desistiu na última hora de liderar o terceiro porque ia pegar muito
mal. Sentindo-se parte daquela família, você relativizava toda a sacanagem. O
que queria mesmo era poder entrar num shopping sábado à tarde e posar de classe
dominante. Sim, você era o rei do supermercado, carteira cheia, empáfia,
carrinho abarrotado. Venci, você pensava, com cuidado para o seu orgulho besta
não dar na vista.

Parecia até que era dono de alguma coisa além da sua força de trabalho. Sim,
você confundiu tudo: uma coisa é o patrão, o dono da parada, a outra é você, o
empregado, peça descartável como aquele faxineiro que coloca papel higiênico nos
banheiros da redação. A culpa não é sua, qualquer um ficaria inebriado. Sei,
seus textos são ótimos, nesses anos você fez isso e aquilo, entrevistou grandes
astros, ministros, até presidentes. Mas isso tudo e nada para o mandachuva é a
mesma coisa. Seu belo currículo não resistiu à tesoura de um tecnocrata e Prêmio
Esso não tem valor em nenhuma padaria da cidade.



Você ontem caiu das nuvens (bem, é melhor do que cair do segundo andar). Pelos
seus anos de dedicação e suor, recebeu um rotundo pontapé no traseiro. Agora,
ninguém vai mais convidar o "Fulano do Jornal Tal" para um almoço grátis. Porque
o convidado na verdade era o Jornal Tal e não o Fulano. Entradas para teatro e
cinema? Esqueça. Daqui em diante, ou você paga o ingresso ou fica na calçada da
infâmia.


Não, amigo, você não é classe dominante, mesmo que tenha defendido os ideais
dos seus patrões com unhas e dentes e a maior convicção do mundo. Suas ideias
neoliberais talvez não façam mais sentido a partir de hoje. Será preciso encarar
os vizinhos sem aquele poderoso crachá no peito. É hora de engolir o orgulho.
Tem um gosto meio amargo, mas você consegue.
Marcelo Migliaccio é jornalista com passagens nos principais jornais do país.

Via Conexão Jornalismo e lido no Jornal GGN em 3/9/2015

In
PORT.PRAVDA.RU
http://port.pravda.ru/cplp/brasil/15-09-2015/39472-jornalistas_demitidos-0/
15/9/2015

¿Qué significa la victoria de Jeremy Corbyn?


Tariq Alí · · · · ·



Las ironías de la historia nunca dejan de sorprendernos. Miremos por
donde miremos, Jeremy Corbyn es el líder más izquierdista en toda la
historia del Partido Laborista. Tiene claro que quienes actúan mal
en el extranjero no pueden actuar bien en casa. Es el
antiimperialista más firme del Parlamento. Basta compararlo con sus
predecesores para verificar estas afirmaciones. El socialismo de
Keir Hardi/1 fracasó en los campos de batalla de la Primera Guerra
Mundial. Clement Attlee/2 fue un gran reformador a nivel nacional,
pero en el exterior su gobierno aprobó el bombardeo nuclear de
Hiroshima y Nagasaki. Harold Wilson/3 redistribuyó la riqueza, pero
apoyó a EE UU en Vietnam; Micahel Foot/4, como líder de la
oposición, fue un rabioso defensor de la guerra de Margaret Thatcher
para recuperar las Malvinas.

Los gemelos thatcheristas Blair/Brown/5-6 acordaron compartir el
poder creando para ello dos fracciones con hambre de poder pero sin
diferencias políticas entre ellas, salvo que Tony Blair ansiaba el
dinero tanto como el poder. Él nos metió en las guerras de la
antigua Yugoslavia y de Irak, mientras que Gordon Brown, ajeno a la
vulnerabilidad del capitalismo financiarizado, gastó miles de
millones de las y los contribuyentes para rescatar bancos (después
de pagar a los depositantes) que hubiera sido mejor dejar que la
palmaran. Ambos burocratizaron el Partido Laborista castrando la
conferencia del partido, reduciéndola a una mala versión de la de
los demócratas estadounidenses. Un show total, sin contenido alguno.
Barrieron los distritos de la derecha del laborismo para seleccionar
sus futuros candidatos parlamentarios. Era la única forma de
transformar a una gran parte del Grupo Parlamentario Laborista
(Parliamentary Labour Party, PLP) en un grupo de chicos y chicas de
despacho sobrepromocionados junto a un carro de arribistas.

Tres de ellos formaban parte de la lista habitual para suceder a
otro de su misma especie, Ed Miliband/7. Lo que resulta irónico es
que la reforma del sistema electoral impuesta por Miliband fue
diseñada para apaciguar a los blairistas y a sus compinches
mediáticos eliminando lo que quedada del poder sindical en el
partido y abriéndolo al exterior con la vana esperanza de que los
votantes más afines garantizarían el dominio de la política extrema
del centro [política de derechas].

Estaban tan confiados que unos pocos blairistas ofrecieron a Corbyn
el necesario apoyo parlamentario para presentarse como candidato
simbólico de la izquierda, como una muestra de la generosidad y
compromiso con la diversidad del partido. ¿Quién hubiera imaginado
que les saldría el tiro por la culata de forma tan impresionante?
Seguro que Corbyn no. Y otros tampoco. The Guardian salió a favor
de Yvette Cooper, sus columnistas blairistas denunciaron al
dinosaurio de Islington, olvidando que para la gente más joven los
dinosaurios constituyen una especie desaparecida pero muy querida y
el Dalily Mirror apoyó a Andy Burnham.

Nadie que conozca, vea u oiga a Corbyn puede dudar de su
autenticidad. En los últimos 40 años he compartido numerosas
iniciativas con él. En las cuestiones clave se ha mantenido firme.
Precisamente, lo que llamó la atención a la juventud, lo que
transformó la campaña en un movimiento social fue lo mismo que
aisló a las camarillas políticas y a los medios de comunicación
tradicionales. Corbyn era ignorante, retórico y también de
izquierda: quería revertir las privatizaciones de los ferrocarriles
y de los servicios públicos, etc. Muchos de los que se inscribieron
para votar por él lo hicieron por eso y para romper con el tedio, la
falta de imaginación y falta de visión del Nuevo Laborismo.

Corbyn subestimó los cambios en Escocia pero, de hecho, éstos le
ayudaron en su campaña. El grupo parlamentario del Partido Nacional
Escocés que quería deshacerse del redundante y caro Trident/8; el
electrizante primer discurso de un joven de 20 años, Mhairi Black,
sobre los tories... Todo esto ayudó a la campaña de Corbyn. Si fue
posible en Escocia, ¿por qué no en Inglaterra?

Mientras los miembros del Partido Laborista eligen al líder más
izquierdista, la abrumadora mayoría del grupo parlamentario
laborista está en las garras asesinas de la derecha. Cualquiera que
escuche el discurso de Sadiq Khan tras haber sido elegido como
candidato laborista para la alcaldía de Londres verá la diferencia
con la campaña de Corbyn. Los clichés de Khan eran un recordatorio
de lo aislado que se encontrará Corbyn en el seno del grupo
parlamentario. Corbyn llamará al partido a unirse tras él, pero no
podrá obviar el hecho de que la mayoría del grupo parlamentario se
opone a su política. Supongo que tratarán de agotarlo y obligarle a
un compromiso tras otro para desacreditarlo (no olvidemos a Alexis
Tsipras en Grecia), pero dudo que lo consigan.

Corbyn tiene claros los temas clave en los que no es posible el
compromiso. Ha trabajado sobre ellos desde hace bastante tiempo. Su
identificación con la agenda verde no es un secreto y ahora el único
parlamentario del partido verde tiene un sólido apoyo en el nuevo
líder del Partido Laborista. Recuperar el transporte público de
manos de los especuladores es otro de esos puntos; como lo son el de
una vivienda barata para la gente joven y de la tercera edad, que le
ayudará a reconstruir las comunidades, y un régimen fiscal sólido
que revierta décadas de privilegios otorgados a los ricos, que va a
desatar una feroz ofensiva por parte de la City londinense y sus
políticos y medios de comunicación acólitos, pero que resulta
absolutamente necesaria.

Desde finales de los años setenta, la redistribución de la riqueza a
favor de los ricos y de los muy ricos ha aumentado más rápidamente
en Gran Bretaña que en cualquier otro país de la Organización para
la Cooperación y el Desarrollo (OCDE). Corbyn no está interesado en
el poder para beneficio propio o para acumular riqueza personal.

Sin duda, Corbyn restaurará la democracia en el seno del partido. Es
la única manera de que los partidarios del laborismo en el país
estén debidamente representados en el parlamento. Nada de esto es
fácil y por eso sigue siendo fundamental un movimiento de largo
alcance, un nuevo modelo de ejército de campaña fuera del
Parlamento. Es la única manera de asegurar que se cumpla la agenda
Corbyn. Nada de esto va a suceder de la noche a la mañana y los
partidarios tienen que ser pacientes y no gritar desde la barrera.

Algunos parlamentarios laboristas van a desertar. Después de todo,
apoyaron felizmente la austeridad. Pero, pase lo que pase, para la
auto-censura de la BBC ya no será posible mantener fuera de la
pantalla los puntos de vista expuestos por el nuevo líder laborista.
Aunque temporalmente, los muertos vivientes han sido vencidos. La
política inglesa ha vuelto a la vida.

Notas:

1/ James Keir Hardie (15/08/1856 – 26/09/1915), uno de los primeros
fundadores del Independent Labour Party y de los primeros electos
por este partido en el Parlamento del Reino Unido. Militó a favor de
la autodeterminación de la India y contra la segregación racial en
África del Sur. Convencido pacifista, se opuso a la Primera Guerra
Mundial y trabajó por organizar la oposición a la misma al mismo
tiempo que apoyaba a los objetores de conciencia, lo que le valió
numerosas críticas, incluso en su propio partido (Wikipedia)

2/ Clement Richard Attlee (3/01/1883-8/10/1967), líder del Partido
Laborista entre 1935 y 1955 y Primer ministro del Reino Unido entre
1945 y 1951. Durante su mandato sentó las bases para el
establecimiento del Estado del bienestar en su país creando, entre
otras, la asistencia sanitaria universal y gratuita en Reino Unido.
Está considerado como uno de los mejores primeros ministros del
Reino Unido, y como uno de los más populares (Wikipedia)

3/ James Harold Wilson, Baron Wilson de Rievaulx, (11/03/1916 -
24/05/1995) fue un político del Partido Laborista Británico y Primer
Ministro del Reino Unido en dos ocasiones. Wilson es considerado por
muchos como uno de los políticos más intelectuales del siglo XX
(Wikipedia).

4/ Michael Mackintosh Foot (23/07/1913 – 3/03/2010) miembro del
Partido Laborista y escritor, fue miembro del Parlamento en dos
ocasiones (19145/1955 y 190/1992) y líder del partido laborista de
1976 a 1983 (Wikipedia).

5/ Tony Blair fue primer ministro del Reino Unido entre 1997 y 2007.
También fue líder del Partido Laborista entre 1994 y 2007
(Wikipedia).

6/ Gordon Brown miembro del Partido Laborista. Fue primer ministro
del Reino Unido entre 2007 y 2010 (Wikipedia).

7/ Ed Miliband fue líder del Partido Laborista desde el 25 de
septiembre de 2010 hasta su dimisión el 8 de mayo de 2015 después de
su derrota en las elecciones generales del Reino Unido de 2015
(Wikipedia).

8/ Una de las bases de misiles nucleares submarinos británicas
(misiles Trident) se encuentra en Escocia y el Partido Nacionalista
Escocés (SNP) se opone a la misma (ndt).



Tariq Ali es miembro del Consejo Editorial de SinPermiso



Traducción: VIENTO SUR


http://vientosur.info/spip.php?article10466


In
SINPERMISO
http://www.sinpermiso.info/textos/index.php?id=8322
13/9/2015

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Los obreros de Barcelona edificaron en 1936 una sociedad paralela, al margen de la burguesía




Entrevista a Josep Antoni Pimentel, autor de “Barricada. Una historia de la
Barcelona revolucionaria”

Enric Llopis

Rebelión


A partir del 18 de julio de 1936 Barcelona experimentó una transformación
radical. La clase obrera, en un proceso impulsado por la CNT, colectivizó la
mayor parte de las empresas: la industria, el sector de la construcción, los
servicios públicos, transporte, cines, hoteles o distribución de alimentos. “Los
obreros habían creado su propia sociedad al margen de la burguesía”, destaca
Josep Pimentel, autor de “Barricada. Una historia de la Barcelona
revolucionaria” (Centre d’Estudis Llibertaris Federica Montseny de Badalona). El
protagonista de este libro de cien páginas es el obrero manual, que se situaba
en primera línea de la barricada emancipadora. “No me interesan los líderes”,
afirma el autor.

El origen de la experiencia revolucionaria se remonta a 1870, cuando el
proletariado, en Barcelona de tendencia mayoritariamente bakuninista, empieza a
organizarse de manera autónoma en escuelas racionalistas, cooperativas,
proyectos editoriales, teatros… La calle, extensión del hogar proletario, y la
barriada también fueron espacios centrales de socialización en el primer tercio
del siglo XX. Josep Pimentel, diplomado en Relaciones Laborales, licenciado en
Humanidades e historiador vocacional, resume algunos de los aspectos más
novedosos de su investigación: la receptividad del anarquismo a las demandas
populares (“La CNT era más que un sindicato; abordaba todos los problemas de la
vida cotidiana y llegaba allí donde el estado fallaba); el hambre como factor
explicativo del final de los procesos revolucionarios; y la importancia de la
venta ambulante como forma de autoayuda revolucionaria.

-¿Cómo ha tratado la historiografía, en términos generales, la experiencia
revolucionaria que vivió Barcelona entre julio de 1936 y finales de 1938?

La historiografía clásica se ha centrado en analizar la experiencia
revolucionaria desde la perspectiva de los líderes que participaron en esta
revolución, y en algunos casos se ha tratado de explicar estos hechos bajo un
punto de vista más político que social. Una parte de la historiografía oficial
no ha tenido interés en estudiarla a fondo, han pasado de puntillas y han
relativizado la importancia de los hechos revolucionarios en Barcelona y otros
puntos de la península.

Actualmente, la nueva historiografía se centra en estudiar la experiencia
revolucionaria bajo la óptica de los obreros manuales y sus familiares, que
participaron directamente en los hechos. Nos interesa reconstruir la historia de
la gente anónima y de base. También está despertando el interés entre la nueva
historiografía, estudiar la importancia y la implantación de la cultura
autogestionaria y de apoyo mutuo de los barrios populares, y la posterior
participación de estos obreros en los hechos revolucionarios. Autores como Chris
Ealman, Xavier Díez o Miquel Izard son prueba de que los enfoques de la nueva
historiografía van por el camino de conceder importancia a los hechos
revolucionarios bajo un análisis histórico diferente.

-El libro toma como punto de partida las memorias de Pedro García Martínez, un
barcelonés hijo de inmigrantes andaluces. ¿Cuáles son los trazos gruesos de su
recorrido vital y por qué lo has escogido como elemento conductor del libro?

Pedro es hijo de uno de estos obreros manuales que participó plenamente en la
revolución. Su padre, al igual que sus tíos, se afilió a la CNT. El padre de
Pedro perteneció al sindicato de la construcción. Pedro García Martínez nació en
el barrio barcelonés de Can Tunis, como tantos hijos de inmigrantes recién
llegados a Barcelona en las primeras décadas del siglo XX. Su familia se
traslada al barrio de La Ribera (Casco Viejo de la ciudad), donde vivirá los
hechos revolucionarios.

Lo he escogido como hilo conductor del libro puesto que su experiencia vital es
la de los verdaderos protagonistas de esta revolución, los obreros manuales y
sus familiares. Las memorias de Pedro García han aportado a este libro, la
importancia de la calle como elemento socializador, el concepto de solidaridad y
la importancia de una “sociedad paralela”.

-En numerosos pasajes se subraya precisamente la consolidación de una “sociedad
paralela” como elemento clave del periodo revolucionario (julio de 1936-finales
de 1938) en Barcelona. ¿En qué consistió esta “sociedad paralela” y cuáles
fueron sus orígenes? ¿Le hizo falta a la CNT destruir el aparato estatal para
construirla?

Los obreros y sus familias estaban organizados en Barcelona al margen de la
sociedad burguesa construida por encima de la Diagonal (avenida que separaba la
Barcelona popular de la burguesa). Los orígenes de esta “sociedad paralela” se
remontan a 1870, con la adhesión de las sociedades obreras barcelonesas a la
Asociación Internacional de Trabajadores, de tendencia bakuninista, que junto a
un fuerte sentimiento antiestatal de la sociedad civil, hizo que los obreros
tomaran consciencia de la necesidad de organizarse al margen del estado.

Los obreros habían creado su propia sociedad al margen de la burguesa. Tenían
sus escuelas racionalistas a las que asistían sus hijos e hijas, contaban con
sus propios periódicos, editoriales, centros excursionistas, cooperativas,
teatros… El papel del estado era residual, y lo asociaban con la represión y la
beneficencia. A modo de ejemplo, la escuela racionalista Natura del Clot fue un
auténtico “vivero” de revolucionarios, como definió Abel Paz. En ella estudiaron
muchos de los revolucionarios de este barrio barcelonés que formaron parte de
las Juventudes Libertarias, durante el periodo de la revolución. A diferencia de
la Revolución rusa o la francesa, en Barcelona no creyeron necesario destruir el
aparato estatal. No necesitaron otras estructuras que las propias para
desarrollar la revolución.

-¿Qué representaron las barricadas en la Barcelona revolucionaria? ¿Aparecieron
por primera vez en julio de 1936?

Las barricadas fueron un elemento externo diferenciador y a su vez simbólico. Se
construyeron de forma espontánea en toda la ciudad, principalmente en los
barrios obreros. Simbolizaban la rebeldía y a la vez la unión para hacer frente
a las injusticias. El hecho de que se construyeran de forma espontánea no
implica necesariamente que estuvieran descoordinadas. Se organizó, durante los
primeros días de la revolución, la Federación de Barricadas, cuyo objetivo
principal fue el defensa y control del espacio urbano por parte de los obreros.
También tuvo otras funciones, como la de proveer alimentos a los comedores
populares o la de controlar la inscripción de los voluntarios en las milicias
del pueblo. Podemos considerar la Federación de Barricadas como una de las pocas
instituciones revolucionarias constituidas por esos obreros de base.

Las barricadas fueron una constante en las luchas de esta ciudad, llamada “La
Rosa de Fuego”. Formaron parte de la tradición de protesta, muy arraigada, de
los barrios barceloneses. Aparecieron en la Semana Trágica en 1909 y también se
volvieron a ver en Barcelona durante los hechos de mayo de 1937. Diversos
testimonios de la época me han comentado que algunos obreros llevaban en el
bolsillo siempre una cuchara para ser utilizada como palanca para poder separar
el primer adoquín del suelo, para acto seguido poder levantar una barricada.

-En “Barricada. Una historia de la Barcelona revolucionaria” se destaca la
importancia de la calles (“como extensión de la casa proletaria”) y de los
barrios. ¿Qué sentido tenían estos espacios para la clase obrera del primer
tercio del siglo XX?

La calle era el espacio de socialización donde discurría la vida. Las casas de
los obreros eran de dimensiones reducidas, por lo que la calle era una extensión
de la vida proletaria. Todo el mundo se conocía, y esto hizo que la solidaridad
brotara con facilidad. Actualmente sería difícil porque en las ciudades actuales
no conocemos ni al vecino del rellano. En períodos de represión, por ejemplo
durante la dictadura de Primo de Rivera, se clausuraron los sindicatos pero la
actividad siguió, porque ésta se realizaba en la calle.

Para autores como Susana Tavera, en períodos represivos donde la actividad
sindical disminuyó, la capacidad revolucionaria se mantuvo indemne gracias al
mantenimiento de formas de sociabilidad juvenil como las peñas, las cuadrillas o
las tertulias que se podían desarrollar sin problemas en la calle, que era un
espacio de socialización imposible de clausurar. La calle era un espacio
abierto, hoy en día no lo es.

-La CNT fue el sindicato mayoritario en la década de los 30. Dos tercios de los
obreros de la ciudad estuvieron afiliados a esta organización. ¿De qué modo
operaba la CNT?

La CNT era más que un sindicato, entendido desde un punto de vista clásico. Era
la puerta de entrada de los inmigrantes que llegaban a Barcelona. Fue la única
organización que estuvo dispuesta a acoger a los inmigrantes tal y como eran.
Acogía a todo aquel que tuviera cualquier tipo de problema o necesidad. Abordaba
todos los problemas de la vida cotidiana, llegaba allí donde el estado fallaba.
Facilitaba contactos para obtener una vivienda, ayudaba a que los obreros recién
llegados pudieran escolarizar a sus hijos en sus escuelas racionalistas.
Permitía que los obreros y sus familias se integraran en las actividades
culturales y lúdicas de los barrios obreros. Hacía la vida más fácil a los
obreros y sus familias. Era una herramienta al servicio de las clases populares.

La CNT se organizaba a través de sindicatos de barriada. Este hecho permitió que
los obreros no se tuvieran que desplazar a otras zonas de la ciudad e incentivó
una afiliación más participativa e implicada en la toma de decisiones que
afectaban tanto a la resolución de conflictos sindicales como a aspectos de la
vida que inquietaba a las clases populares.

-¿Qué rol desempeñó en la Barcelona revolucionaria (a partir de julio de 1936) y
en los años previos el proletariado inmigrante?

El verdadero protagonista de la revolución fue el obrero manual y especialmente
el inmigrante que llegó a Barcelona durante las primeras décadas del siglo XX.
Como apunta José Luís Oyón, el 80% de los milicianos había llegado a Barcelona a
partir de 1910 y los barrios que más milicianos aportaron fueron las segundas
coronas y el centro histórico, donde se concentraban estos obreros manuales.

Los principales bastiones de afiliación y militancia de la CNT se situaban en
los barrios periféricos y en el centro histórico, lugares de residencia de
obreros menos cualificados y procedente de la inmigración más reciente. El
sindicato del ramo de la construcción era uno de los sindicatos con mayor
afiliación confederal en la Barcelona republicana. La gran mayoría de estos
obreros se había afiliado a la CNT y puesto que no tenían nada que perder, la
revolución fue una puerta que se les abrió para cambiar la sociedad injusta en
la que vivían.

-¿Hubo también una revolución de la vida cotidiana en este “corto verano de la
anarquía” (Enzensberguer)? ¿Cuáles fueron los cambios principales en la
existencia diaria de los obreros barceloneses?

Fue un soplo de aire fresco, una primavera dentro de este “corto verano de la
anarquía”. Los obreros soñaron despiertos. En las Ramblas de Barcelona,
desaparecieron las corbatas y los sombreros, que eran el símbolo externo de la
burguesía. Se suprimieron las propinas al considerarse indignas. Desapareció la
mendicidad, se crearon comedores populares, ubicados en sedes de sindicatos, en
antiguos establecimientos hoteleros y en otros espacios antes ocupados por
órdenes eclesiásticas o burguesas.

El comedor popular que más literatura ha tenido y que más recuerdos ha generado
entre los testimonios recogidos fue el Hotel Gastronómico número 1 (antiguo
Hotel Ritz). En esta Barcelona revolucionaria, se repartían unas 50.000 raciones
de comida a diario.

Las casas de empeño y usura vieron como los objetos empeñados fueron recuperados
por sus dueños. A causa del hambre muchas familias obreras habían empañado los
pocos objetos de valor que poseían. Mayoritariamente, las mujeres de los obreros
fueron recuperando sus objetos empeñados y con ellos la dignidad perdida. El
principal objeto recuperado fue la máquina de coser, también recuperaron
colchones y objetos de ajuar.

En la prensa de la época, se publicaron avisos ofreciendo la posibilidad de
recuperar sus puestos de trabajo a obreros despedidos por represalias patronales
de años anteriores. El 25 de agosto de 1936 se ofrecía la posibilidad de
readmisión a los trabajadores se que se encontraran sin ocupación represaliados
por los despidos del año 1928 en la empresa La Maquinista Terrestre y Marítima.

-¿En qué consistieron las colectivizaciones y a qué sectores afectaron? ¿Aporta
el libro alguna investigación historiográfica nueva sobre la cuestión?

El colectivismo es una tradición arraigada dentro del anarcosindicalismo
peninsular organizado, recogido en sus congresos. La colectivización fue la obra
constructiva de la revolución en Barcelona, en la que los propios trabajadores
controlaron las empresas.

En Barcelona se colectivizó la gran mayoría de las empresas: la construcción, la
industria, los servicios públicos, los transportes, las peluquerías, los
teatros, los cines, los hoteles, la distribución de alimentos… En el libro he
analizado con especial atención la colectivización del metro de Barcelona. He
podido consultar la memoria de la empresa colectivizada de 1936 y 1937, y
analizado los cambios que se produjeron con la gestión colectivizada de este
servicio público. Es significativo que la antigua dirección privada de la
compañía había destinado entre 1932 y el 18 de julio de 1936 más de 1.300.000
pesetas a subvencionar a la prensa y la radio, a agentes de Cambio y Bolsa, a
viajes a Madrid y otros gastos de difícil justificación, en un intento claro de
comprar consciencias para obtener beneficios posteriores. ¿Nos suena a
corrupción, verdad?

El Comité Obrero de la colectividad de los Ferrocarriles Metropolitanos de
Barcelona instauró un sistema tarifario integral en el cual por un precio de 10
céntimos el viaje (anteriormente costa 15 céntimos) podías utilizar el metro, el
tranvía y los autobuses de forma enlazada. El transporte público pasó a ser
gratuito para niños, ancianos, accidentados, milicianos heridos y personas con
minusvalía. Sorprende lo que llegaron a hacer los obreros organizados sin
patrones. El ejemplo de las colectividades en Barcelona debería ser conocido por
todo el mundo por cómo una gran ciudad europea se organizó sin clases sociales.

-¿Se sumaron a las colectivizaciones los cuadros técnicos y responsables de las
empresas?

A diferencia de la Revolución Rusa, una parte considerable de los cuadros
técnicos se sumó y se integró en las colectividades. A modo de ejemplo, en la
Colectividad de los Ferrocarriles Metropolitanos de Barcelona diversos delegados
de estación, mecánicos electricistas, contables y un delegado de ruta, se
integraron en las colectividades. En la Colectividad de la España Industrial,
los responsables se marcharon al extranjero y la mayoría de los cuadros técnicos
se integraron en la colectividad, entre ellos, Rabadà, Labuena, o Joaquim
Albunia. En cambio la mayoría de los responsables de las empresas se marchó de
Barcelona. Pero en otros casos, y especialmente en pequeñas empresas, los
responsables se integraron. Es el caso de miembros de la empresa familiar
Juliachs, situada en el barrio de Sant Antoni de Barcelona y dedicada a la
comercialización de muebles.

-¿Cuál fue la reacción de la prensa burguesa a las colectivizaciones?

La prensa burguesa en general ha criticado las colectividades porque supusieron
un cambio en el orden que ellos representaban. A pesar de que varios autores han
demostrado que eran más eficientes, productivas y justas, siempre se les ha
intentado criticar e ignorar. Por eso está en nuestras manos explicar cómo
funcionaron y por qué fueron tan importantes para la emancipación de los
obreros.

-¿Fueron la “chusma” y los “bajos fondos” (expresiones con las que la prensa
conservadora se refería a los obreros rebeldes) los protagonistas de la
revolución, o correspondió más bien a los obreros manuales la primera posición
en la barricada?

En muchos casos, el obrero rebelde era también el obrero manual. Lo que yo
analizo en este libro es el papel del obrero manual, que se situó en primera
línea en la barricada y salió a defenderse del golpe de estado; inició asimismo
una revolución sin precedentes en la Europa occidental. Para mí, el protagonista
de la revolución es el obrero manual, sin perjuicio de que participaran obreros
rebeldes que no fueran trabajadores manuales. La prensa conservadora de la época
utilizaba el término despectivo de “murcianos” para referirse a los elementos
más conscientes de la clase obrera barcelonesa. De esta forma, pretendía que se
asociara radicalismo con inmigración, pero no lo consiguieron.

-Dedicas un capítulo del libro a la violencia revolucionaria. ¿En qué consistió
y cuál fue el contexto en que ésta se desplegó?

La violencia es un elemento que hay que tener presente cuando se estudia una
revolución, pero no se ha de convertir en el único hilo argumental de la misma.
Creo que la causa de esta violencia que se produjo durante los primeros meses de
la revolución hay que buscarla en las terribles desigualdades sociales y
económicas que sufrieron las clases populares durante décadas. La represión
durante la dictadura de Primo de Rivera y la continua presión institucional y
judicial contra el anarquismo organizado, provocó mucho resentimiento acumulado
que se desbordó durante los primeros meses de la revolución. Esta violencia
consistió en la ira contra los símbolos y la violencia contra las personas. La
ira popular se centró especialmente contra los símbolos religiosos. A diferencia
de lo que se pueda creer, en Barcelona se destruyeron 13 de los 236 edificios
religiosos existentes en 1936.

Durante los primeros meses de 1936, aunque se cometieron excesos, también se
empezó a ejercer control contra esta primera violencia espontánea, mediante la
instauración de la Oficina Jurídica promovida por Eduardo Barriobero y otros
jóvenes juristas. El propósito de ésta era administrar justicia de forma
directa, rápida y eficaz.

-Mucho se ha escrito sobre los sucesos de la Telefónica (mayo de 1937). ¿Qué
conclusión extraes después de las investigaciones realizadas?

Que los hechos de mayo de 1937 representan la desconexión entre los
protagonistas de esta revolución, los obreros manuales que estaban en las
barricadas, y los líderes de las organizaciones sindicales que estaban por otras
cuestiones menos mundanas. Desde el diario Solidaridad Obrera y desde la radio
se arengaba a que se desmontaran las barricadas y cesaran los combates en las
calles de Barcelona. El 7 de mayo de 1937, proclamaban por radio: “¡Abajo las
barricadas! ¡Que cada ciudadano se lleve su adoquín! ¡Volvamos a la
normalidad!”. Que estos líderes solicitaran el desmantelamiento de las
barricadas suponía renunciar a la principal fuente de poder de la Barcelona
revolucionaria, que era la calle.

-Por último, ¿qué factores terminaron a finales de 1938 con el periodo
revolucionario que vivió Barcelona?

Hubo, entre otros, tres factores que contribuyeron al desvanecimiento del
período revolucionario: el hambre, los hechos de mayo y los bombardeos
indiscriminados sobre la población civil. El hambre, puesto que cuando escasea
el alimento, la revolución pasa a un segundo plano y la búsqueda de alimento se
convierte a partir de julio de 1937 en la principal preocupación de los
habitantes de Barcelona. La falta de abastecimiento de productos de primera
necesidad hace que en Barcelona resurjan los vendedores ambulantes y se
generalice el intercambio. Los hechos de mayo, analizados en la pregunta
anterior es otra de las causas del desvanecimiento de la revolución. Por último,
los bombardeos indiscriminados contra la población, cuyo objetivo principal era
sembrar el terror entre la población civil, desmoralizarla y minar su
autoestima. Fue la primera vez que se lleva a la práctica y de forma
indiscriminada el bombardeo contra una gran ciudad europea.

En las terribles jornadas del 18 de marzo de 1938 fueron asesinadas por las
bombas más de 1.000 personas y 3.000 heridas de diversa consideración. La
mayoría de los barrios obreros de Barcelona quedaron destrozados por las bombas.
En la Barceloneta, dos de cada tres edificios quedaron dañados por los efectos
de los bombardeos. Estos tres elementos, unidos a la pérdida de la guerra,
provocaron que el 26 de enero de 1939 Barcelona fuera ocupada por las tropas
franquistas y que a continuación llegara la represión, la prisión, las
ejecuciones, la humillación y el exilio.

Rebelión ha publicado este artículo con el permiso del autor mediante una
licencia de Creative Commons, respetando su libertad para publicarlo en otras
fuentes.

In
REBELION
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=203305
15/9/2015

domingo, 13 de setembro de 2015

A crise não é grega, europeia ou chinesa, é mundial




Júlio C. Gambina


A crise não é de alguns países que se tornam visíveis por certas dificuldades -
hoje Brasil, Grécia ou China. O problema está no capitalismo no seu conjunto e,
por isso, o principal problema que intoxica o sistema mundial são as relações
sociais capitalistas e o exercício do poder mundial pelo principal Estado
capitalista: os EUA.




Em um mês, entre meados de Junho e Julho a valorização da bolsa em Xangai caiu
30%, uma das cidades emblemáticas da expansão económica de China, e em um ano a
sua dívida cresceu de forma exponencial.

Até agora, apenas se ouvia falar do crescimento económico na China,
especialmente desde o início da modernização do seu modelo económico em 1978. As
chamadas taxas chinesas, de 10% anual ou mais, assim o indicavam.

Nos últimos tempos falou-se de desaceleração, com taxas de 7%, muito superiores
à evolução de qualquer economia nacional, de países desenvolvidos, emergentes ou
atrasados. A interrogação é se nas novas condições de crise evidente isto
continuará assim, e inclusivamente se afectará a taxa de crescimento e com isso
o sistema mundial em nova espiral recessiva.

Entre nós a interrogação é válida, por a China ser um dos principais compradores
da Argentina e um novo fornecedor de fundos por investimentos externos ou
empréstimos, recusados pelo sistema mundial. É uma situação bastante
generalizada na região latino-americana e caribenha, pelo que se inclui na
agenda de preocupações dos governos e dos povos nesta parte do mundo.

O êxito do modelo escondia que juntamente com o crescimento se consolidavam
todas as formas das relações capitalistas, entre elas o trabalho assalariado
estimulado por investimentos externos difundidos por transnacionais de todo o
tipo, sustentadas no incentivo do Estado.

As relações capitalistas, o dinheiro, o Estado e a dívida

Isso supunha uma inserção da China na economia mundial, como grande produtor
fabril e gestor de uma fabulosa massa de dinheiro, usada principalmente para
sustentar o défice estado-unidense, convertendo a China no principal credor do
mayor Estado capitalista, de uma dívida pública gigantesca, a maior do mundo.

Com essas relações de produção, distribuição, troca e consumo consolidou-se um
tipo de desenvolvimento sustentado na expansão do consumismo interno e na
exportação, favorecendo a instalação de um sistema de crédito e investimento
especulativo em mercados diversos, insuflando especialmente a bolha imobiliária
e o crédito pessoal e empresarial local.

A intervenção estatal teve esse propósito, a de estimular a expansão das
relações mercantis e monetárias capitalistas.

Parecia que o gigante asiático, ascendendo no pódio da produção e da economia
mundial, ficava à margem da crise mundial do capitalismo.

De facto, a China disputa a primazia da produção mundial com os EUA e alguns
antecipavam-se a predizer o surgimento de uma nova potência hegemónica no
sistema mundial, replicando outras transições anteriores na história da ordem
capitalista.

Parece que não, que a bolha especulativa tem agora o seu trajecto na China, com
um Estado com muito forte capacidade de intervir a partir da sua disponibilidade
de 4 milhões de milhões de dólares de reservas internacionais. É o que gera
incerteza e expectativas de controlo dos desastrosos efeitos de toda a crise,
especialmente entre os sectores mais vulneráveis.

O Estado estado-unidense tem, para actuar sobre a crise, o poder do monopólio da
emissão de dólares. A China fá-lo a partir do poder da propriedade de activos
globais, especialmente estado-unidenses e da tentativa de fazer circular a sua
moeda por todo o mundo, pelo que generaliza acordos sustentados em intercâmbios
em moedas locais. O objectivo é a mundialização do yuan, a moeda local da China.

Desde aí e do poder estatal sobre a propriedade das principais empresas e a
gestão de âmbitos da regulação da política económica pode intervir para atenuar
os efeitos da inevitável crise.

A emissão como política anticrise

Uma crise que, reiteramos, é mundial e se tornou visível em 2007/2008 em Wall
Street, no mercado imobiliário, de valores e de toda a economia dos EUA,
transferida para o sistema mundial, com escalas e acontecimentos visíveis em
Espanha, Europa, com a Grécia no centro das notícias e da agenda actual.
Em todos esses países o tema do endividamento é chave. É um mecanismo utilizado
para protelar o problema da crise e tentar superá-la.

Os EUA necessitam praticamente todos os anos de autorização parlamentar para
efeito de incrementar a sua dívida, que é de 100% do seu PIB.

Ao mesmo tempo, como essa dívida gera juros que devem cancelar-se, o problema
fiscal constitui-se em problema estrutural e ano após ano, da mesma forma como
cresce a dívida, é sustentado um défice fiscal (maiores despesas do que
receitas) que se explica com emissão sem limite, forçando a possibilidade que
cada Estado tem de impor a circulação da sua moeda.

No caso dos EUA, o Estado obteve desde 1945 a prerrogativa de impor ao mundo a
circulação e dominação do dólar, mesmo com a crise da convertibilidade de 1971.

Hoje ameaça com uma subida de taxas que provoca a queda das outras moedas e dos
preços das matérias-primas de exportação, gerando condições para impor uma saída
para a crise capitalista a partir dos interesses nacionais da dominação
transnacional global. Pretende capturar os capitais excedentes do sistema
mundial em busca de rentabilidade e segurança.

Para o caso grego, o Estado está limitado pelos compromissos impostos pelo
euro-grupo, e o monopólio da emissão do euro, que alguns quiseram sem êxito
violentar, sugerindo a emissão de euros virtuais sustentados na circulação no
interior da Grécia. Era parte do que é chamado Plano B na situação grega, e
inclusivamente também para outros países aprisionados na lógica do euro e na
hegemonia ortodoxa da Alemanha e seu governo.

Alguma coisa como os títulos provinciais da crise de 2001, as “quase moedas” que
favoreciam o intercâmbio entre os habitantes da Argentina, para além, claro, de
reservas e restrições de sectores privados à circulação desses títulos públicos.
Foi o mesmo argumento usado nos clubes de troca, com o reconhecimento e
validação que a própria sociedade outorgava a esses meios de pagamento, que
foram também objecto de especulação e fraude. Foram meios que desapareceram com
o tempo, mas o Estado e a Sociedade puderam impô-los, ainda que
transitoriamente, como meios de circulação e pagamento.
A soberania dos Estados nacionais está posta em discussão pela crise actual e
suas manifestações monetárias que entre outras se formulam, segundo a CEPAL,
como volatilidades monetárias para a América Latina, com respostas conjunturais
diferenciais entre os países, alguns desvalorizando as suas moedas e outros
escalonando as medidas com políticas diferenciadas, mas todos a partir de uma
lógica de subordinação ao dólar ou às moedas aceites no mercado capitalista
mundial.

Crise, hegemonia e alternativa

Por isso é que há muito sustentamos que a crise não é de alguns países que se
tornam visíveis por certas dificuldades, hoje Brasil, Grécia ou China, mas que o
problema está no capitalismo no seu conjunto e, por isso, o principal problema
que intoxica o sistema mundial são as relações sociais capitalistas e o
exercício do poder mundial pelo principal Estado capitalista: os EUA, que
exercem a hegemonia mundial com a força do dólar, as armam e a simbologia do
poder cultural.

O problema é que as suas receitas impregnam as instituições que formulam
políticas com pretensão universal, a OMC, o FMI, o Banco Mundial, e com elas
difundem-se as receitas liberalizadoras nas cimeiras e em todo o protocolo de
assistência a países com problemas. Quando não funcionam as receitas é sempre
responsabilidade da sua má aplicação pelos poderes locais, nunca do sistema
ideológico que promove essas medidas.

Assumo a dificuldade de romper a lógica da receita do poder dominante para
superar a crise e restabelecer a normalidade da valorização e da acumulação.
Isso supõe superar o conjunto de valores culturais da sociedade capitalista, de
um modelo de produção assente na exploração e no saque juntamente com uma
cultura de consumismo estimulado pelas quotas do irresponsável endividamento
induzido pelo sistema financeiro e pelas políticas públicas do capitalismo
contemporâneo.

Temos o desafio histórico de tornar realidade as propostas emancipadoras que
sucumbiram ante o projecto de dominação. Como sempre dizemos, parece uma tarefa
gigantesca, que se inicia a partir do debate e da construção de uma prática
social por outra ordem social e cultural de cooperação, solidariedade, e que
pense na harmonia do metabolismo social, o que supõe o respeito pela reprodução
da natureza, ou seja, a inclusão da reprodução da humanidade e seu habitat na
sociedade.

Buenos Aires, 30 de Julho de 2015


Julio C. Gambina
Presidente da Fundación de Investigaciones Sociales y Políticas, FISYP


In
O DIARIO.INFO
http://www.odiario.info/?p=3767
13/9/2015

sábado, 12 de setembro de 2015

«Syriza nº 2» e a nova tentativa de enganar o povo



KKE


«Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio» dizia o antigo filósofo Heráclito,
mas alguns gregos da época actual parecem ignorar essa afirmação. Trata-se das
forças políticas que recentemente se separaram de SYRIZA e declararam a criação
de um novo partido, da «Unidade Popular» (LAEN). O Secretário-Geral do Comité
Central do KKE, Dimitris Kutsumbas, referiu-se a esse acontecimento e sublinhou
que «não se deve aceitar outra vez a mesma manobra contra o povo. Além do mais,
normalmente as continuações são piores do que o primeiro filme».

O sistema usou a sua «reserva de esquerda»

Para entender este último acontecimento político na Grécia vale a pena mencionar
alguns dados sobre a história de SYRIZA. SYRIZA constituiu-se como uma
unificação de diversos grupos oportunistas, com SYNASPISMOS (SYN) como núcleo
fundamental, ou seja as forças que se afastaram do KKE na década de noventa,
influenciadas pelas ideias de Gorbatchov, depois de terem, sem êxito, tratado de
social-democratizar e autodissolver organizativamente o KKE. A essas forças
tinham-se juntado anteriormente, em 1968, aqueles que tinham saído do KKE sob a
influência da corrente oportunista eurocomunista.

O programa de SYN foi sempre um programa de gestão social-democrata, através de
reformas.

Desde os inícios da década de 2000 e mais tarde, sobretudo através da
incorporação de diferentes grupos (trotskistas, maoistas, etc.) e da evolução
posterior de SYN a SYRIZA, este programa social-democrata vestiu-se
primorosamente com uma aparência «radical», «anti-sistema», «de movimento».
Algo que se reforçou depois de 2010, na sequência da eclosão da crise económica
capitalista. A assinatura dos acordos antipopulares (memorandos) dos governos de
PASOK e ND com os organismos imperialistas (UE, FMI, BCE), acompanhados de duras
medidas antipopulares, trouxe também a adopção da turva linha «anti memorando»
por parte de SYRIZA. Ao mesmo tempo, a rápida desagregação do social-democrata
PASOK levou à absorção de vários quadros desse partido por parte de SYRIZA. O
falso dilema «memorando-antimemorando» deu a SYRIZA a possibilidade de usar
tendenciosamente ideias, de enganar as forças populares, prometendo que pode
haver um alívio para o povo das duras medidas anti-operárias dentro do quadro da
UE, do caminho de desenvolvimento capitalista, promovendo a reivindicação de
reduzir parte da dívida pública, ou seja na realidade aceitando que a dívida,
que os governos da plutocracia criaram, deve pagá-la o povo.

No quadro da reforma do cenário político dentro do ano de 2012, SYRIZA foi
apoiado por uma parte da burguesia e cresceu eleitoralmente, conseguindo ganhar
as eleições de Janeiro de 2015. Formou governo com outro partido, ANEL, cujo
tronco provém do partido conservador ND e que tem referencias nacionalistas.

Após seis meses de governo de SYRIZA-ANEL, o povo grego viu-se perante um 3º
memorando, que inclui novas medidas anti operárias-anti populares.

A linguagem «de esquerda» ao serviço do capital

Se algo ficou comprovado da forma mais flagrante através dos acontecimentos dos
últimos meses no que se refere a SYRIZA e seu governo burguês, é a bancarrota
total da política que apregoa que pode servir ao mesmo tempo tanto os monopólios
como o povo. Que se pode, com um governo burguês, dentro da União Europeia e das
alianças imperialistas, nas condições da barbárie capitalista, servir os
interesses populares. Com a assinatura do co-governo de SYRIZA-ANEL, que se
mostraram dignos continuadores do co-governo ND-PASOK, foi adoptado, com o voto
dos demais partidos burgueses (ND, PASOK, EL RIO) o novo massacre do povo grego,
das famílias operárias e populares.

Entre as medidas deste 3º memorando já insuportável, incluem-se novos dramáticos
cortes de salários e pensões, degradação das relações laborais, nova política
fiscal abusiva, redução dos serviços de saúde, educação, assistência social,
privatizações, bem como o golpe de misericórdia contra os camponeses pobres e os
pequenos profissionais. E tudo isso enquanto são mantidos os memorandos
anteriores e as 400 leis antipopulares da sua aplicação.
Face a esse desnudamento em poucos meses e à bancarrota da social-democracia
novata - que o KKE havia previsto com exactidão e disso tinha advertido o povo -
é óbvia a necessidade do sistema político burguês de criar novos muros de
contenção à radicalização do povo.

É assim que o filme que se apresentou de 2012 a 2014 com SYRIZA como
protagonista, se repete agora na Grécia com a recém-construída «Unidade Popular»
de P. Lafazanis, até há pouco ministro da Energia do governo de SYRIZA-ANEL. O
grupo parlamentar com este nome, que surgiu 6ª feira, 21 de Agosto, depois da
independentização de 25 deputados de SYRIZA, aspira a que constitua o indicio de
uma nova formação política, de um muro de contenção para aqueles esquerdistas,
radicais, lutadores que nos anos anteriores tinham ilusões por/sobre SYRIZA, o
seu governo, e a possibilidade de abrir uma nova perspectiva a favor do povo no
país. LAEN projecta-se como uma alternativa de retorno à moeda nacional e faz
uma evidente reprodução de posições e propostas neokeynesianas, com as quais
SYRIZA cultivou nos últimos anos ilusões sobre uma gestão do capitalismo
pró-popular e de esquerda.

De primeira categoria a enganar

Esta divisão de SYRIZA efectuou-se por parte forças que tinham cargos de
primeiro plano como ministros do governo SYRIZA-ANEL, que materializaram com
rigor tudo aquilo que previam os dois primeiros memorandos e que aceitaram sem
protesto todas as decisões que preparavam o muito duro 3º memorando.

Essas forças, que já estavam no SYRIZA como sua «plataforma de esquerda»,
aceitaram o acordo de 20 de Fevereiro do governo com a UE, o BCE e o FMI, que
previa a materialização de todas las medidas antioperárias dos dois primeiros
memorandos e a aceitação de todas as reivindicações do grande capital.
Aceitaram todo esse tempo também as propostas do governo à troika sobre um novo
memorando de insuportáveis medidas antioperárias. É típico que não tenham feito
cair o governo SYRIZA-ANEL antes da adopção do cruel memorando e continuaram
assegurando de todas as maneiras que apoiam o governo apesar de estarem em
desacordo… até que o próprio primeiro-ministro Tsipras declarou a demissão do
seu governo…

Estas forças nada disseram quando o governo SYRIZA-ANEL prometeu aos Estados
Unidos e à NATO uma nova base militar no mar Egeu, e o mesmo quando o seu
governo organizava manobras militares em comum com os Estados Unidos e Israel,
ou quando votava pela continuação das sanções da UE contra a Rússia, ou quando o
ministro da Defesa declarava que o país vai participar em todas as actividades
imperialistas da NATO e da UE.

Agora apresentam-se como «donzelas enganadas» e como os verdadeiros
representantes do «radicalismo» de SYRIZA e apresentam-se sozinhos às eleições
de 20 de Setembro.

Uma Grécia capitalista com moeda nacional

Mas, ¿o que é que propõe esta força política? Se o SYRIZA prometia até agora que
o país ia manter-se na zona do euro, LAEN fala de uma «saída ordenada do euro,
se necessário». Contudo, de nenhuma forma coloca o tema da saída do país da UE e
do caminho de desenvolvimento capitalista. ¿Porque fala LAEN de uma «saída do
euro se necessário»? Como explicou o chefe de LAEN P. Lafazanis, piscando o olho
ao capital, esta saída vai dar-se apenas se a economia capitalista o necessitar
para conseguir a sua recuperação. Para além disso, LAEN «recicla» um monte de
medidas conhecidas de gestão neokeynesiana, p.ex. a «socialização dos bancos
para que desempenhem um papel de desenvolvimento», defendendo assim a posição de
que os bancos podem converter-se em «fundações caritativas» que vão repartir
dinheiro estatal para desse modo apoiar a famosa recuperação capitalista. Dessa
forma semeia ilusões entre o povo, ocultando as leis sobre as quais se move a
economia capitalista que requer continuamente novos «sacrifícios» dos
trabalhadores, redução dos direitos sociais e laborais e dos rendimentos
populares para que se recupere a rentabilidade do capital.

Finalmente, LAEN fala da «anulação da maior parte da dívida para que o país
respire», reconhecendo pela sua parte, como fazem os demais partidos do sistema,
que a culpa da dívida tem-na o povo e por isso deve pagar.

Os quadros de LAEN mencionam como exemplo «outros países fora do euro que
avançam favoravelmente». ¿Que países enuncia o chefe do novo partido
oportunista, Lafazanis? A Grã-Bretanha, a Dinamarca que não pertencem à zona do
euro, facto que não obstaculiza os golpes contra os direitos laborais e
populares nesses países, enquanto outros quadros de LAEN apelam à Frente
Nacional de Le Pen em França, aos industriais italianos, a uma parte do capital
alemão…

¿Que têm que ver os povos desses países, o povo da Grécia e a esperança de
satisfazer as suas necessidades com as aspirações dos seus exploradores que se
reflectem em propostas políticas sobre moedas nacionais, propostas que levam a
capa da radicalização para enganar e ocultar o seu real conteúdo antipopular?
Essa nova falsa separação entre «euro e dracma» quer ocultar ao povo que o
fundamental é o caminho do capital e o seu poder, é a participação na UE e no
sistema imperialista. É contra isso que o povo tem lutar. E não aderir a partes
do capital que devaneiam com a ideia de uma moeda nacional, de outra aliança
monetária.

Que fracasse a nova tentativa de enganar

A tentativa de criar um SYRIZA nº 2, agora que desaparece a dúvida sobre o papel
do nº 1, não deve encontrar eco por parte do povo que já viveu o doloroso
desmentido das esperanças que lhe cultivaram e que não tem já a possibilidade
de novas decepções que lhe façam novamente perder tempo valioso, confiar em algo
que está contra si.

O povo tem experiencia, pode retirar as suas conclusões, não deve deixar-se
enganar uma vez mais. Não pode existir uma solução a favor do povo dentro do
sistema capitalista, através de uma alternância de governos de gestão burguesa,
sem romper com o caminho do desenvolvimento capitalista e o sistema
imperialista. O povo não deve deixar-se enganar por aqueles que colocam como
objectivo fundamental a reconstrução produtiva da economia capitalista, aqueles
que serviram este objectivo, inclusivamente em cargos governamentais. Aqueles
que piscam o olho a partes do capital, que namoram a ideia da Grécia capitalista
com moeda nacional, não podem seguir um caminho diferente daquele que conduz à
bancarrota popular. Não tem importância se esta se vai realizar com ou sem
memorando. Não tem importância se se vai realizar dentro ou fora da zona do
euro. O que tem importância é que se anule a tentativa de aprisionar o povo
dentro de mais uma opção a favor do capital.

O povo, as camadas populares pobres que têm inclinações radicais não devem
permitir que se convertam uma vez mais em espectadores da mesma obra, a viver
novas desilusões. Hoje em dia, tanto na sua luta diária nos locais de trabalho e
nos bairros operários como também nas próximas eleições podem esperar mais, ter
mais confiança no KKE. Confiar, porque nunca los traiu, nem faltou na luta em
defesa dos seus interesses. Porque é a única força que tem uma proposta de saída
verdadeiramente alternativa, realista, carregada de esperança, cujos eixos são
desvincular-se da UE e da NATO, anular unilateralmente a dívida e socializar as
riquezas que este país tem, com o povo no poder.

(Artigo da Secção de Relações Internacionais do CC do KKE)

In
O DIÁRIO.INFO
http://www.odiario.info/?p=3766
12/9/2015