sábado, 7 de março de 2015

Na Grécia, Syriza abre cenário de polêmicas e interrogações*






Escrito por Achille Lollo, de Roma para o Correio da
Cidadania
Quarta, 04 de Março de 2015



Na Grécia, o entusiasmo da empolgante vitória eleitoral do
partido Syriza durou apenas três dias, durante os quais Alexis
Tsipras e seu braço direto, Yanis Varoufakis, o novo Ministro
das Finanças, continuaram a recitar o copião do populismo
eleitoreiro, repetindo nos palanques a célebre frase
“....Nunca nós iremos nos rebaixar aos homens da Troika e
nunca mais seus ditames voltarão em Athenas...”.



Durante três anos, isto é, do momento em que a Coalizão de
Esquerda “Syriza” se transformou em partido, Alexis Tsipras
alimentou sabiamente a esperança na maioria dos gregos que,
repetitivamente, votaram nele e nos deputados do Syriza,
acreditando nas palavras de ordem das campanhas eleitorais,
que eram claras, diretas, tal como o programa que não
apresentava dúvidas, concluindo com a celebre frase: “...nunca
iremos baixar a cabeça, nunca iremos aceitar a continuação
dos programas de austeridade....”.



Lindas palavras, que fizeram chorar de felicidade os gregos,
tanto que, nos dias que antecederam as eleições, o que mais se
escutava nas ruas era o jingle da campanha eleitoral do
Syriza, “...Afinal chegou a hora de uma mudança…”. Um refrão
que as rádios haviam transformado em um segundo hino nacional
e que recebeu a solidariedade dos partidos da esquerda do
mundo inteiro.



Syriza bicéfalo?



Hoje, devemos reconhecer que o marketing eleitoral do Syriza
foi mais que ótimo. Em particular, a performance do seu líder,
Alexis Tsipras, foi nota dez, do momento que soube persuadir a
maioria dos gregos de que o novo governo iria batalhar
intensamente em Bruxelas, na mesa de negociações, para dobrar
os tecnocratas da BCE.



Excluindo poucos comentaristas – entre os quais o próprio –,
todos acreditaram nas promessas de Tsipras, inclusive porque o
New York Times, uma semana antes das eleições, sentenciou:
“…Alexis Tsipras é o Hugo Chávez helênico, capaz de tirar a
Grécia da União Europeia e romper com o Euro...”.



Um equívoco político gigantesco, que a “grande mídia” criou
propositalmente, para fazer explodir o sentimento de alarmismo
já existente nos países da União Europeia, à causa das ameaças
dos jihadistas do IS, do caos na Líbia e da guerra na Ucrânia.
Um equívoco no qual tropeçou todo mundo, de Atílio Boron a
Noam Chomsky, de Tony Negri a Naomi Klein.



Mas foi na Itália que esse equívoco atingiu o nível máximo,
porque, nesse país, Paolo Ferrero, líder do PRC (Partido para
a Refundação Comunista), já nas eleições europeias de maio de
2014, havia tentado a carta do marketing eleitoral do Syriza,
trocando o nome e o emblema do PRC para o slogan “Lista
Tsipras”. Uma opção que provocou a perda de quase 3% de
sufrágios, do momento que nem todos os eleitores da esquerda
sabiam quem era Alexis Tsipras e porque o partido havia
renunciado a sua identidade comunista!



Porém, apesar do deslavado resultado eleitoral, na esquerda
italiana continuou forte a convicção de que o Syriza era “a
essência da nova esquerda do século XXI”, tanto que Nick
Vendola, líder do SEL (Socialismo Ecologia e Liberdade) - uma
espécie de PSOL, mas muito mais parlamentar e reformista -,
logo após a vitória eleitoral de Syriza, declarou: “...Alexis
Tsipras, líder de Syriza, entende libertar os grupos da
esquerda das aréolas da ortodoxia e dos vestígios do
extremismo. De fato, ontem, Tsipras esteve com o presidente do
Parlamento Europeu e do PSE (Partido Socialista Europeu),
Martin Schultz, depois deverá se encontrar com Matteo Renzi, e
isso significa que ele quer fazer política.... Depois da
afirmação do Syriza, acredito que precisamos olhar com muita
atenção o que vai acontecer nas famílias da esquerda política
europeia, visto que os partidos ortodoxos, ou seja, os
partidinhos comunistas, podem abandonar o GUE/NGL (grupo
parlamentar da esquerda europeia), tal como fizeram os dois
deputados europeus do KKE em junho do ano passado...”.



Declarações de mero oportunismo político, que pretendem
mascarar e, sobretudo, esconder aos militantes da esquerda o
conúbio no Parlamento Europeu com os deputados europeus da
socialdemocracia alemã. Um casamento ilícito, que provocou a
saída do KKE (Partido Comunista da Grécia) do GUE/NGL
(Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica), porque,
segundo o secretário do KKE, Dimitris Koutsoumpas: “...o novo
posicionamento político e a pressão hegemônica do Syriza e dos
alemães do Die Linke (partido “A Esquerda”) no âmbito do GUE,
em favor de um maior relacionamento com os socialdemocratas
do PSE (Partido do Socialismo Europeu), na realidade acabou
por desnaturar a natureza política confederativa do GUE que,
originariamente, visava preservar a identidade da esquerda
europeia...”.



Alinhamento com a socialdemocracia?



Em Bruxelas, as negociações entre o Syriza, o BCE e a União
Europeia duraram dez dias. Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis
foram os únicos representantes do Syriza, visto que, na
delegação do governo grego, não havia nenhum membro da chamada
“Plataforma de Esquerda”, a minoria de esquerda do Syriza. Por
sua parte, a Troika era representada por Jeroen Dijsselbloem,
presidente do Euro-grupo, Wolfang Scauble, ministro das
Finanças da Alemanha, e Mario Draghi, presidente do BCE, todos
em contato direto com a presidente do FMI, Christine Lagarde,
e o primeiro-ministro da Alemanha, Ângela Merkel.



Foi nessa fase que a verdadeira essência política e ideológica
dos antigos “eurocomunistas” gregos, Alexis Tsipras e Yanis
Varoufakis, se manifestou claramente. Aliás, foi com base à
lógica de um pretenso “compromisso histórico em moldes
europeu” que Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis assinaram um
acordo que, por um lado, é a negação do Programa de Salonico
de 14 de Setembro de 2014 e, por outro, é uma reedição
melhorada do antigo Memorando que o governo de Samaras assinou
com a Troika (FMI, EU e BCE) em julho de 2012.



A imprensa europeia e, em particular, os jornais e as
televisões da Alemanha exaltaram “o realismo político de
Alexis Tsipras”, para poder estraçalhar até o fim as temáticas
da esquerda do Syryza (Plataforma de Esquerda e Tendência
Comunista).



Entretanto, é necessário sublinhar que o verdadeiro objetivo
estratégico dos tecnocratas da União Europeia era manter a
Grécia atrelada ao Euro, estritamente monitorada com os
programas de austeridade da BCE. Desta forma, era evidente que
o novo governo grego perderia toda sua vitalidade política,
deixando de ser um reiterado exemplo de resistência na Europa.
Consequentemente, o “realismo político” de Alexis Tsipras e
Yanis Varoufakis possibilitaria evitar hipotéticas fraturas no
Euro-grupo, visto que o alinhamento do Syriza com as posições
conciliadoras da socialdemocracia alemã abafaria as
contradições políticas na Espanha, em Portugal, na Itália e na
própria França.



De fato, é necessário lembrar que, nesses países, o desemprego
e a espiral recessiva chegaram aos níveis máximos à causa dos
programas de austeridade e das regras financeiras europeias
fixadas aos 12 de março de 2012, com o Tratado Europeu sobre
Estabilidade, Coordenação e Governança. Regras que, no lugar
de ajudar, deprimiram ainda mais as economias da Itália,
Espanha, Portugal e França, com a introdução do Fiscal Compact
e a obrigação de manter a relação entre déficit orçamentário e
PIB em no máximo 3%.



Na realidade, o cerne da situação grega é de natureza
política, visto que o argumento do reescalonamento da dívida
ou o agendamento de novos empréstimos para realizar
intervenções de caráter meramente assistenciais são elementos
técnicos que podem ser enquadrados, a qualquer hora, nos
diferentes programas “Salva-Estados”, que o BCE guarda nos
seus cofres como uma mera reserva financeira de última hora.
Portanto, o elemento político determinante da questão grega
era impedir que o Syriza radicalizasse o programa político de
esquerda para a salvação da nação grega e que o apoio popular
recebido por sua contraposição aos ditados de Ângela Merkel e
de Christine Lagarde não se tornasse um exemplo vitorioso,
sobretudo na Espanha e na Itália, onde existem forças
políticas em ascensão que apostam na possibilidade de
construir uma real alternativa ao fiscal compact da União
Europeia e à lógica neoliberal dos conglomerados financeiros
alemães e franceses.



Um contexto que também evidenciou a ausência de uma base
ideológica e de um preparo político por parte do grupo
majoritário do Syriza – politicamente chefiado por Alexis
Tsipras e Yanis Varoufakis -, necessários para sustentar o
confronto político com os tecnocratas da União Europeia e,
também, com a primeira-ministra da Alemanha, Ângela Merkel,
cujo governo é sustentado pelos socialdemocratas com a chamada
“Grande Coalizão”.



Elementos que ficaram evidentes quando Alexis Tsipras convocou
ao governo o partido da direita nacionalista ANEL, para depois
empossar na presidência da República Procopios Pavlopoulos
(historicamente ligado ao partido de direita Nova Democracia),
no lugar de Manolis Glezos, herói da resistência ao
nazi-fascismo e atual deputado europeu do Syriza.



Todas essas opções prognosticavam o alinhamento com as
posições conciliadoras da socialdemocracia alemã; de fato não
foi por mera simpatia que o socialdemocrata Martin Schultz,
presidente do Parlamento Europeu e do PSE, dois dias depois da
vitória eleitoral do Syriza, já estava em Athenas para se
reunir com Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis!



Por dentro do Syriza



O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble,
porta-voz da ala mais conservadora da CDU, após o
enquadramento do governo grego, com ar de vencedor, declarou
...os parlamentares do Bundestang, em larga maioria,
ratificaram o acordo entre a União Europeia e o novo governo
da Grécia, configurando a extensão da ajuda financeira por
mais quatro meses, sendo que a mesma será condicionada com a
realização das reformas econômicas que o governo grego se
comprometeu em realizar. Por isso, o montante de 11 bilhões de
euros não ficará no National Bank of Grece, mas nos cofres do
Fundo Europeu (EFSF) gerenciado pelo Banco Central
Europeu...”.



É evidente que um acordo desse tipo desmascarou por completo
as contradições entre a estratégia política do Syriza,
adversa aos programas de austeridade da Troika e ao
progressivo endividamento de quase 153 bilhões de Euros, em
grande parte utilizados para saldar as dívidas com os bancos
europeus (alemães, franceses e italianos) e para o
refinanciamento dos bancos gregos, e o marketing eleitoral de
Alexis Tsipras, que, no último comício realizado em Athenas,
aos 25 de janeiro, diante de quase cem mil pessoas, disse:
“... Depois de ter ganho essas eleições, o pessoal da Troika
nunca mais pisará o chão de Athenas!!!”.



Se Alexis Tsipras e seu braço direito, Yanis Varoufakis,
tivessem logo declarado que nunca iriam romper com o
Euro-grupo, mas que pretendiam, apenas, melhorar as duras
condições do endividamento, realizando os programas de
privatização identificados pelos técnicos do FMI, certamente
muitos eleitores teriam votado nos comunistas do KKE, que
sempre se manifestaram contra a União Europeia e a OTAN. Por
outro lado, se Alexis Tsipras tivesse revelado que o aumento
do salário mínimo de 450 para 750 euros não seria imediato,
mas gradual e, talvez, a partir de setembro de 2015, em base
ao conjunto dos novos recursos financeiros, é evidente que o
Syriza nunca teria ganho as eleições, e talvez nunca existiria
como Partido da Esquerda Radical.



Uma consideração que reflete a análise sobre o complexo
processo de transformação do Syriza em partido. De fato, em
2004, a coalizão de movimentos Synaspismós foi transformada em
partido, com um programa de esquerda totalmente diferente da
lógica social-democrática do PSE (Partido da Esquerda
Europeia), de que, hoje, Alexis Tsipras e seu braço direito,
Yanis Varoufakis, são ferventes discípulos.



Um contexto que o acadêmico marxista esloveno, Slavoj Zizek,
enfocou perfeitamente em outubro de 2013 no Subversive
Festival de Zagabria, sublinhando: “...a situação da Grécia e,
portanto, o surgimento do Syriza nos obriga a questionar as
chamadas alianças inteligentes, do momento que deveremos viver
ainda várias décadas no capitalismo, isto é, com a chamada
burguesia progressista ou patriótica que, de fato, tem
interesse em produzir....Hoje, no capitalismo, há coisas que
funcionam, como, por exemplo, a competição. Por isso o Syriza,
atuando no âmbito da redistribuição global da economia,
deveria tornar a vida mais simples para os capitalistas que
produzem. Este seria o verdadeiro triunfo do Syriza, no
sentido de que, além de apoiar os trabalhadores, seria capaz
de resolver os problemas dos capitalistas. Aliás, acredito
que, hoje, um capitalista honesto deveria votar para o
Syriza!!!”.



Um argumento que não escapou a Paolo Ferrero, líder do PRC
italiano (Rifondazione Comunista) e fiel discípulo de Fausto
Bertinotti, teórico do socialismo democrático, mas também
adjetivado “ ... o fomentador do anticomunismo do século
XXI...”. Desde 2014, Ferrero utiliza o exemplo das vitórias
eleitorais do Syriza para reformular ideologicamente o PRC
italiano, com vista a lhe tirar o “estigma de comunista” e,
assim, poder abocanhar consensos no eleitorado e voltar no
Parlamento.



De fato, para os órfãos do “compromisso histórico” do PCI de
Berlinguer, as vitórias eleitorais e o crescimento político do
Syriza se tornaram o elemento fundamental para impor o chamado
“socialismo democrático”, que é uma mera forma de convivência
pacífica com o capitalismo. Um contexto que, hoje, após a
assinatura do acordo com a União Europeia, os grupos
majoritários que controlam o partido Syriza, os
eurocomunistas do grupo AKOA, os socialdemocratas e os
ambientalistas do Synaspismós e os nacionalistas de esquerda
(DIKKI), não escondem mais.



Entretanto, o pretenso “controle político” do Comitê Central
do Syriza e, portanto, o “controle social das massas” podem
fugir das mãos de Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis, do
momento em que os grupos minoritários de esquerda se rebelaram
na última reunião do Comitê Central do Syriza, quando 5
deputados não votaram o acordo que Alexis Tsipras e Yanis
Varoufakis assinaram com a União Europeia, e outros 30 se
recusaram a votar. Enquanto isso, as pequenas organizações da
esquerda associadas ao Syriza, nomeadamente os trotskistas de
Xekinima, Κόκκινο e DEA, os maoístas do KOE, os revolucionário
do KEDA, os grupos feministas, os ambientalistas e os
eco-socialistas, já iniciaram protestos publicamente contra a
assinatura do acordo com a União Europeia.



Consequentemente, o complexo sistema de alianças e de
compromissos políticos que rege o partido Syriza começou a
vacilar, quando Statis Kuvelakis, um dos teóricos do partido,
Dimitris Stratouli, ministro do Bem Estar Social,
Panaghiotis Lafazanis, ministro do Desenvolvimento Econômico,
Ambiental e da Energia, a presidente da Câmara dos Deputados,
Zoe Konstantopoulou, e o mítico Manolis Glezos, herói nacional
da resistência ao nazi-fascismo e hoje deputado europeu,
manifestaram seu aberto dissenso com Alexis Tsipras,
reforçando, assim, o grupo de opositores de esquerda, reunidos
na chamada “Plataforma de Esquerda”. Aliás, Manolis Glezos fez
mais, ao publicar um editorial onde, textualmente, escreveu “
...Peço desculpa aos gregos por ter apostado em uma ilusão. Eu
me dissocio das opções econômicas assumidas pelo novo chefe do
governo, Alexis Tsipras, visto que tentaram usar uma nova
terminologia para melhorar o Memorando da Troika, sem que isso
possa mudar em nada a situação da Grécia...É um mês que
esperamos implementar o que está escrito no nosso programa e
que prometemos realizar. Por isso peço desculpa ao povo grego
por ter participado dessa ilusão!!!”.



É evidente que esse contexto vai transformar o Syriza em um
grande caldeirão de ideias, reivindicações, cooptações,
alianças, programas de lutas, e que, certamente, deverá
estourar daqui a quatro meses, quando a Comissão da União
Europeia, o BCE e o governo alemão devem averiguar a
realização dos programas de austeridade e o cumprimento das
“reformas”, com as quais o governo deverá reduzir o emprego,
privatizar por completo o sistema portuário do Pireo e todas
as empresas públicas, em particular as que distribuem a
eletricidade e a água.



Um período que será extremamente positivo para o KKE (Partido
Comunista Greco) e a confederação sindical PAME, que hoje são
os verdadeiros opositores, ideológicos e políticos, ao governo
de Alex Tsipras.



Por isso, o secretário do KKE, Dimitris Koutsoumpas, declarou:
“…O que podemos esperar de um governo que legitima uma dívida
que não foi criada para beneficiar o povo, mas apenas os
bancos? Podemos contar com um governo que reduz seu orçamento
para encontrar dinheiro para os grupos empresariais e que não
se preocupou de impedir a fuga de 20 bilhões de euros dos
bancos da Grécia? Por qual motivo deveríamos apoiar um governo
que, com muita fadiga, vai conseguir poder garantir uma
estável permanência na União Europeia, mantendo inalteradas
todas as condições que destruíram a economia da Grécia? As
poucas coisas feitas em favor do povo, tais como os cupons
para dar um prato de sopa aos mais pobres, por exemplo, perdem
seu valor humanitário diante das garantias que Alexis Tsipras
deu à União Europeia, aos banqueiros, aos operadores da City
e, sobretudo, à Confederação dos Empresários Gregos. Afinal, o
que podemos esperar de um governo que se diz de esquerda, mas,
na realidade, deixou inalterado o poderio dos grandes
empresários gregos e das multinacionais?”.



Achille Lollo é jornalista italiano, correspondente do Brasil
de Fato na Itália, editor do programa TV “Quadrante
Informativo” e colunista do "Correio da Cidadania

In
CORREIO DA CIDADANIA
http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10566:manchete040315&catid=34:manchete
4/3/2015
---------
* O Syriza parece ser a expressão patente dos dilemas do "progressismo democrático". Este teve seu momento de esplendor entre o fim da grande guerra e o fim dos anos 1960, devido ao período econômico favorável da era "dourada" do capitalismo, mas antes de tudo devido ao medo pânico da classe dominante ao "espectro" do comunismo materializado numa potência atômica e ideológica, a URSS. Com a dissolução desta e da maior parte do mundo socialista, com o desaparecimento do que parecia ser a grande "concorrência" no âmbito das "concepções do mundo", as concessões feitas às lutas dos trabalhadores entraram numa rota de involução. O Syriza parece acreditar que é possível recuperar mediante um "caminho suave" o welferism que outrora fez a glória da socialdemcoracia. Isto provavelmente não ocorrerá, porque sem a presença objetiva de um concorrente ideológico real como foi o mundo socialista, não obstante os seus fatais problemas, a rota do "progressismo democrático" parece ter chegado a seu limite, e na forma de "caminho suave" seguramente encontra-se fechada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário