quinta-feira, 21 de abril de 2016



Só a luta dos trabalhadores pode construir uma alternativa à esquerda em nosso
país











(Nota Política do PCB)

Representantes dos segmentos majoritários das classes dominantes no parlamento,
aliados a setores do judiciário e da mídia hegemônica, impuseram a
admissibilidade do impeachment da presidente Dilma, num processo repleto de
manipulações, manobras, conchavos, negociatas e jogo sujo em todas as áreas da
institucionalidade burguesa. O sinal verde para o impeachment aprovado na Câmara
dos Deputados é um acinte ao povo brasileiro, pois se trata de uma medida
comandada cinicamente por um delinquente político e apoiada por mais de uma
centena de deputados envolvidos em processos de corrupção.

Mas esse também foi um processo pedagógico para os trabalhadores, pois
demonstrou claramente a natureza da democracia burguesa e o perfil conservador
do Congresso Nacional, composto majoritariamente pelo que há de mais reacionário
na sociedade brasileira, ou seja, os representantes dos interesses dos
banqueiros, latifundiários, empreiteiras, oligopólios industriais e do grande
comércio, que financiam suas eleições. Eles não representam seus eleitores, mas
seus financiadores.

Esse processo demonstrou, além disso, que as regras formais da democracia
burguesa só são respeitadas pelas classes dominantes enquanto servem aos seus
interesses. Em momentos de crise, a burguesia tira a máscara e manipula essas
regras sem a menor cerimônia, a favor dos seus objetivos. Esta tem sido uma dura
lição para os petistas e todos aqueles que acreditam nas alianças com a direita,
no “estado democrático de direito” e nas concessões ao capital. De nada adiantou
a vergonhosa conciliação de classe que o PT praticou durante treze anos, pois
quando o governo passou a não interessar mais à burguesia – que tem pressa de
fazer as contrarreformas que o PT faz aos poucos – esta usou de todas as suas
artimanhas para descartá-lo do poder.

Tudo leva a crer que dificilmente o impeachment será revertido no Senado,
presidido por outro velho conhecido nos processos que tratam da corrupção, em
relação ao qual o PT ainda se ilude, considerando-o aliado. Chamar de traidores
aos que se lambuzaram com as benesses do seu governo e agora abandonam o barco
para se locupletar em outro é, sem dúvida, a maior evidência da ilusão de
classe. A maior parte da escória que votou pelo impeachment neste domingo
estava, há poucos dias, na base de sustentação do governo. O mesmo poderá
acontecer no Senado.

Mas é necessário lembrar que o vice-presidente, em vias de assumir o lugar de
Dilma, é também indiciado em processos por corrupção e caracteriza-se por ser um
político inescrupuloso e ardiloso, que o tempo todo conspirou nas catacumbas da
imoralidade política contra o próprio governo do qual faz parte, sempre com a
ambição de se tornar presidente, mesmo sem votos. Caso o governo Temer se
estabeleça, o movimento sindical e operário, o movimento popular e a juventude
não lhe devem conceder um minuto de trégua, mobilizando-se para derrotá-lo a
partir das lutas nas ruas, nos locais de trabalho, de moradia e estudo, nas
ocupações urbanas e rurais.

Enfatizamos que por trás das manobras da burguesia para descartar o PT estão
interesses bastante concretos para acelerar e aprofundar a pauta contra os
trabalhadores que os governos petistas já vinham levando a efeito, como a
contrarreforma da previdência, a flexibilização dos direitos trabalhistas, a
entrega do pré-sal às multinacionais e as privatizações. Sabemos que para
implantar uma pauta dessa ordem, o estado burguês tende a aumentar a
criminalização e a repressão contra as lutas populares, bastando aplicar a lei
antiterrorista já em vigor, proposta e sancionada pelo governo petista.
Portanto, a luta de classes se tornará mais acirrada. Em contrapartida, estarão
reduzidas as possibilidades de conciliação e ilusão de classes, o que poderá
levar a resistência dos trabalhadores e setores populares a um novo patamar,
colocando na ordem do dia a necessidade da construção do Poder Popular, rumo ao
Socialismo.

O PCB conclama sua militância, simpatizantes e aliados a somar esforços pela
realização de um Primeiro de Maio Unitário Classista em todas as cidades onde
for possível, para alcançarmos o máximo de unidade na ação contra a ofensiva do
capital. Essa unidade é um dos primeiros passos na construção de um Bloco de
Lutas de todas as forças anticapitalistas e condição para a realização, no
primeiro semestre do próximo ano, de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora
e dos Movimentos Populares.

PCB – Partido Comunista Brasileiro

Comissão Política Nacional – 20/04/2016

In
PCB
http://pcb.org.br/portal2/10884
20/4/2016

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