sábado, 8 de outubro de 2016

Congresso chileno declara Pinochet ditador e terrorista de Estado




A medida tem como principal implicação a proibição do uso ou exibição do nome ou
da imagem do ditador dentro de organismos públicos

Da Carta Maior – A Câmara dos Deputados aprovou nesta semana uma resolução que
declara oficialmente a Augusto Pinochet como "ditador e artífice de um aparato
terrorista do Estado". O texto da resolução também descreve o líder do golpe de
Estado de 1973 como "autor intelectual do premeditado e aleivoso assassinato do
ex-chanceler Orlando Letelier".
A resolução é fruto de uma iniciativa de um grupo de parlamentares de
centro-esquerda, baseada em antecedentes entregues pelo governo dos Estados
Unidos, nos quais se estabelece a participação de Pinochet no atentado contra
quem foi o chefe da diplomacia do governo de Salvador Allende.
Orlando Letelier faleceu devido à explosão de uma bomba instalada em seu carro
pelo agente estadunidense Michael Townley, que foi treinado pela CIA mas que
trabalhava em colaboração direta com a DINA (sigla em espanhol do Departamento
de Inteligência Nacional do Chile). O crime aconteceu em Washington, onde o
diplomata vivia exilado, no dia 21 de setembro de 1976.
A resolução também declara como "vergonha nacional" a atuação do ex-presidente
da Corte Suprema de Justiça do Chile, Israel Bórquez, que segundo documentos
recentemente desclassificados da CIA (sigla em inglês da Agência Central de
Inteligência dos Estados Unidos), foi o principal operador a favor de Pinochet
no Poder Judiciário, sendo o responsável pelo encobrimento das evidências que
ligavam o ditador a este e outros casos.
A resolução foi aprovada com 69 votos a favor e 23 contra. Também houve seis
abstenções. Entre suas implicações está o fato de que, a partir de sua
publicação – na próxima semana –, estará proibido o uso ou a exibição do nome o
de imagens do ditador em organismos públicos. Também passou a ser proibido
realizar homenagens em seu nome.
Repercussão
Após a votação, um grupo de deputados do partido de centro-direita Renovação
Nacional reclamaram que "o texto continha algumas trechos pouco claros e
enganosos". A situação gerou polêmica, porque dentro desse grupo estavam Germán
Becker e Jorge Rathgeb, dois históricos defensores do pinochetismo no Chile, que
terminaram votando a favor da resolução. A controvérsia horas depois, com os
parlamentares admitindo que votaram sem ler o texto.
Entretanto, setores mais extremos da direita reagiram com mais indignação. O
deputado Ignacio Urrutia do partido ultraconservador UDI (União Democrata
Independente), prometeu relançar um projeto criado por ele em 2015 pedindo que o
nome e as imagens de Salvador Allende também sejam banidas dos organismos
públicos – rejeitado na época.
Com a aprovação da resolução, o ministro de Defesa do Chile, José Antonio Gómez,
afirmou que solicitará, na próxima semana, o retiro de todas as imagens do
ditador nas dependências do Exército, e decretará a proibição de homenagens em
sua honra dentro de edifícios do Estado. O mesmo acontecerá no caso de Israel
Bórquez, cujas imagens suas dentro de edifícios do Poder Judiciário deverão ser
retiradas, por iniciativa da ministra da Justiça, Javiera Blanco.
Tradução: Victor Farinelli

In
BRASIL247
http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/259440/Congresso-chileno-declara-Pinochet-ditador-e-terrorista-de-Estado.htm
8/10/2016

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