sexta-feira, 14 de abril de 2017

12 de Abril de 2017 : o mundo inclina-se de novo para a guerra


Thierry Meyssan

A Casa Branca alinhou-se finalmente com a Coligação constituída pelos
neo-conservadores(neo-cons) junto com o Reino Unido e diversas empresas
multinacionais. Os Estados Unidos retomam a política imperialista que tinham
assumido em 1991 e reactivam a OTAN. A ruptura com a Rússia e a China ficou
consumada a 12 de Abril de 2017. O mundo está de novo à beira da guerra nuclear.

No decorrer de duas semanas de intensa batalha no seio da Administração Trump,
os Estados Unidos atacaram a base aérea de Shairat (Síria) ilegalmente,
multiplicaram depois os sinais contraditórios antes de mostrar o seu jogo :
definitivamente, relançam a sua política imperialista.
Em menos de duas semanas, a Administração Trump defendeu 7 posições diferentes
em relação à República Árabe Síria [1].
A 12 de Abril de 2017, os Estados Unidos assumiram a sua grande reviravolta.
No preciso momento em que o Secretário de Estado Rex Tillerson se dirigia a
Moscovo (Moscou-br) para tentar uma última abordagem pacífica; o Conselho de
Segurança da ONU reunia-se e registava o choque; o Presidente Trump relançava a
OTAN contra a Rússia.
O conselheiro especial do Presidente Trump, Steve Bannon e o seu adjunto,
Sebastian Gorka, preparavam-se para se juntar ao General Michael Flynn, enquanto
a imprensa outrora pró-Trump já fazia o balanço da sua actuação. Rumores
garantem que o genro do Presidente, Jared Kushner, é quem agora detêm a atenção
privilegiada do Presidente, embora esta informação não seja confirmada.
Parece que a Casa Branca terá virado sob o impulso dos Britânicos que procuram
preservar, por todos os meios, o sistema jiadista que criaram [2]. O Ministro
dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson apoiou-se nos dirigentes europeus que se
tinham já deixado convencer pelos neo-conservadores durante a Conferência sobre
Segurança, em Munique, a 19 de Fevereiro [3].
Para justificar a agressão de um Estado soberano membro das Nações Unidas, Rex
Tillerson apenas se pode referir a um resumo de síntese dos serviços de
«Inteligência» US sobre o incidente de Khan Shaikhun ; síntese que não apresenta
nenhum indício permitindo atribuir as suspeitas à Síria, antes atirando para
informações classificadas, e concluindo com um apelo para o derrube do «regime»
[4].
O carácter irreversível desta reviravolta mede-se pela leitura da proposta de
Resolução apresentada pela OTAN no Conselho de Segurança da ONU, à qual a Rússia
opôs o seu veto [5]. Apresentado no Ocidente como um simples pedido de
investigação neutro sobre o incidente químico Khan Shaikhun, tratava-se na
realidade da colocação da Força Aérea síria sob o contrôlo do número 2 da ONU,
Jeffrey Feltman . Este antigo adjunto de Hillary Clinton, é o autor de um plano
de capitulação total e incondicional da Síria [6].
O texto desta Resolução retoma o do rascunho entregue a 6 de Abril, mas que os
Estados Unidos não tinham submetido à votação na altura, já que estavam então
muito pouco seguros de si próprios. Ele não leva em conta a tentativa de
mediação dos membros não-permanentes(eleitos) do Conselho de Segurança, que
tentaram regressar ao pedido de uma normal de investigação onusina [7].
O princípio da colocação da Força Aérea síria sob o contrôlo da ONU retoma a
táctica que fora usada, contra a Sérvia, há 19 anos, em 1998, até ao momento da
intervenção militar ilegal da OTAN.
O Presidente Donald Trump concluiu a sua reviravolta recebendo na Casa Branca o
Secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg. Durante uma conferência de imprensa
conjunta, ele indicou não considerar mais a Aliança como obsoleta, agradecer-lhe
pelo seu apoio contra a Síria, e aprestar-se para trabalhar estreitamente com os
seus aliados [8].
Em resposta, a Rússia anunciou ter actualizado 60% da sua força nuclear e estar
preparada para a guerra [9].
Voltamos, assim, seis meses atrás, quando os Estados Unidos de Barack Obama
recusavam trabalhar com a China, a Rússia e os seus aliados (Organização de
Cooperação de Xangai e Organização do Tratado de Segurança Colectiva). Eles
propunham-se então cortar o mundo em duas partes distintas não mais comunicando,
o que quer que fosse, um com o outro [10].
Thierry Meyssan
In
VOLTAIRENET.ORG
http://www.voltairenet.org/article195995.html
14/4/2017

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