segunda-feira, 17 de abril de 2017

MANIFESTO DO PCB AOS TRABALHADORES E À JUVENTUDE



PCB

 
Contra a reforma da previdência, reforma trabalhista, a terceirização e o ajuste
fiscal. Pelo poder popular e o socialismo!
O Brasil vive a mais grave crise de sua história, resultado tanto do fracasso
dos governos do PT e de sua política de aliança com o empresariado e os velhos
políticos tradicionais, bem como do ataque brutal desse governo golpista de
Michel Temer contra os trabalhadores e a juventude. Na verdade, não se trata de
um governo, mas de uma quadrilha encastelada no Planalto, no Parlamento e na
Administração Pública, que rouba descaradamente os cofres públicos e que agora
realiza todo tipo de manobras para se safar da cadeia. O país está há quatros em
recessão profunda, com crescimento médio negativo e um brutal desemprego que
atinge mais de vinte milhões de trabalhadores, considerando os treze milhões a
procura de vagas, somados aos sete milhões que desistiram de procurar emprego. A
essa situação se juntam o caos no sistema de transporte, a degradação da saúde
pública, os baixos salários, a insegurança nas grandes cidades, a crise
financeira dos Estados e a falta de saneamento para amplas faixas da população.
Não bastasse essa situação dramática, o governo ilegítimo de Michel Temer, a
serviço dos patrões, vem realizando um conjunto de medidas antipopulares para
favorecer os bancos, o agronegócio e as grandes empresas em geral. Aprovou no
Parlamento um ajuste fiscal por 20 anos, cujo objetivo é congelar por duas
décadas os gastos públicos, reduzir as verbas para saúde e educação, de forma a
privatizar os hospitais e as escolas públicas, além de cortar os recursos para
as áreas sociais. Os primeiros resultados desses cortes já podem ser sentidos na
crise financeira dos Estados e Municípios, com atraso e parcelamento dos
pagamentos de funcionários e aposentados, fechamento de postos de saúde, redução
da merenda escolar, falta de creches, além da violenta crise nas penitenciárias,
cuja face mais visível são as cenas de barbárie nos presídios de vários Estados.
Na sua escalada para servir aos milionários e poderosos, o governo aprovou a lei
das terceirizações do trabalho, que na prática revoga grande parte da CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho), reduzindo direitos, salários e garantias
dos trabalhadores. Com esta lei, as empresas podem terceirizar todas as suas
atividades, o que vai resultar no rebaixamento de salários e na precarização das
condições de trabalho. Além disso, governo quer aprovar ainda uma reforma
trabalhista para acabar de vez com os direitos dos trabalhadores, que foram
conquistados com muita luta na década de 40 do século passado. Essas duas
medidas favorecem o trabalho escravo no campo, retiram os direitos dos
trabalhadores nas cidades, configurando-se assim o mais brutal retrocesso contra
o proletariado brasileiro em toda sua história moderna.
Para completar o ciclo de barbárie, o governo quer aprovar ainda a reforma da
previdência, a partir da qual os trabalhadores só poderão receber o benefício
pleno se trabalharem ao longo de 49 anos. As mulheres e homens terão que
trabalhar até os 65 anos para ter direito à aposentadoria. Num país onde, em
muitos Estados e, especialmente, na área rural, a média de vida é de 65 anos,
isso significa que grande parte da população irá morrer sem poder se aposentar.
A juventude, além de perder a perspectiva da aposentadoria, vai ser prejudicada
também com a reforma do ensino médio, que reduz as disciplinas de ciências
sociais, implanta o obscurantismo e a repressão contra o ensino crítico e
democrático.
Que os ricos paguem pela crise
Na verdade, é importante entender claramente que essas medidas antipopulares têm
como objetivo favorecer os ricos e poderosos às custas dos trabalhadores, da
juventude e do povo pobre dos bairros.  As terceirizações vão baratear o preço
da mão de obra, aumentar a rotatividade no trabalho e reduzir salários; a
reforma trabalhista tira nossos direitos e vai acabar com férias, 13º salário, a
licença maternidade, o descanso semanal renumerado e um conjunto de outros
direitos trabalhistas. A reforma da previdência, além de inviabilizar a
aposentadoria dos trabalhadores e da juventude, visa a desmontar e privatizar o
sistema previdenciário e deixar que esses recursos públicos sejam administrados 
por bancos e financeiras privados. Esse governo usurpador quer roubar o nosso
futuro para servir aos agiotas nacionais e internacionais, ao grande capital e
ao agronegócio. A crise que o país vive foi provocada pelos patrões e seus
aliados. Portanto, que eles paguem pela crise e não os trabalhadores.
Esse é um governo sem legitimidade, nem popularidade, odiado pela grande maioria
da população, um governo que não foi eleito e por isso mesmo não tem nenhum
respeito para com os trabalhadores e a juventude e que só está se sustentando
porque faz o trabalho sujo para seus patrocinadores, o grande capital, a
oligarquia financeira e o agronegócio. Um governo cheio de corruptos, desde o
presidente, ministros e funcionários da administração governamental, que
transformaram a coisa pública em um balcão de negócios. Governa com um
Parlamento que é uma vergonha nacional, cheio também de corruptos, com  mais da
metade envolvidos nas investigações em curso. Alguns deles já foram presos, como
o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Ou seja, governantes desse tipo
deveriam estar na cadeia e não aprovando medidas contra o povo.
Por que tudo isso está acontecendo? Primeiro, porque o sistema capitalista está
em crise no mundo inteiro. A burguesia mundial realiza uma ofensiva contra os
direitos e garantias dos trabalhadores procurando colocar na conta dos
assalariados todo o ônus da crise internacional. O que está ocorrendo atualmente
no Brasil acontece também na maior parte dos países capitalistas. A crise
brasileira também é parte da crise mundial do capital. Mas a crise brasileira
encerra um ciclo que se fechou dramaticamente com o impeachment da presidente
Dilma. Um ciclo que demonstrou o fracasso da política de conciliação de classes
e que também foi pedagógica para todos, pois evidenciou claramente que as
alianças com a burguesia sempre levarão os trabalhadores à derrota.
Por isso, o PT também tem grande responsabilidade nessa crise, pois, ao longo
dos seus 13 anos de governo, se aliou com o grande empresariado e  com todos
aqueles políticos corruptos que no passado criticava e não realizou as mudanças
necessárias para reduzir o poder dos milionários e poderosos. Amarelou diante da
luta pelas transformações sociais e foi descartado pelas classes dominantes
quando já não servia mais. Fez muito pouco pelos trabalhadores. Para se ter uma
ideia, os gastos com o Bolsa Família, por exemplo, representam apenas 10% do que
é embolsado pelos bancos e rentistas em geral por conta do pagamento dos juros
da dívida interna. Esses recursos pagos aos rentistas dariam para investir na
produção, retomar o crescimento econômico, ampliar as verbas para saúde e
educação, construir creches nos bairros e mais escolas, hospitais e
universidades públicas.  É sempre assim: quem dorme com o inimigo acorda morto,
ou quase.
Só a luta organizada muda a vida
Em outras palavras, estamos à beira de uma catástrofe social que precisa ser
evitada de qualquer maneira. O PCB, com sua longa experiência de luta contra os
patrões e o governo, quer alertar a todos que não adianta ficar acomodado em
casa esperando a fatalidade chegar. Não adiante se fingir de morto como se nada
estivesse acontecendo. A crise atinge a imensa maioria do povo. Se não reagirmos
agora, iremos pagar um preço terrível pela omissão: levaremos uma vida pior do
que a que estamos vivendo atualmente. Nossos filhos e nossos netos terão também
uma vida mais difícil que a nossa, uma vida de pobreza, miséria, baixos
salários, péssimas condições de vida, desemprego, saúde pública privada, onde se
você não tiver dinheiro morre na porta do hospital; ensino também privado, onde
só os ricos e poderosos terão educação de qualidade e poderão cursar uma
universalidade, além de uma juventude marginalizada, sem qualquer futuro,
aliciada pelo banditismo e assassinada diariamente nas periferias.
Esse será nosso destino se não lutarmos. O PCB acredita que  somente a
organização e a luta dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre dos bairros
pode reverter essa conjuntura dramática. É necessário generalizar a luta contra
o corte de direitos e garantias dos trabalhadores e da juventude. Chegou a hora
de transformar a grande insatisfação que envolve a maioria da população em luta
concreta e organizada para derrotar esse governo ilegítimo. As lutas que estão
sendo realizadas nas ruas, os protestos nos estádios de futebol, nas
manifestações culturais, as recentes paralisações e manifestações dos dias 15 e
31 de março apontam no sentido de que é fundamental intensificarmos a luta nas
ruas, nos locais de trabalho e estudo, organizar a população nos bairros num
processo de acumulação de forças rumo à greve geral contra todas essas medidas
de arrocho.
As centrais sindicais e os movimentos sociais estão chamando uma greve geral
contra as reformas antipopulares, sob o lema “Dia 28 de abril vamos parar o
Brasil”. É nosso dever trabalharmos ativamente para o sucesso dessa jornada de
lutas, procurando transformar o 28 de abril num marco histórico que irá mudar a
correlação de forças em favor dos interesses populares até a queda desse
governo, a revogação de todas as medidas antipopulares, a colocação dos
corruptos na cadeia e o confisco de seus bens para pagar o que foi roubado dos
cofres públicos. Portanto, cada trabalhador, cada jovem, cada morador dos
bairros, cada dona de casa deve se incorporar a essa luta em cada cidade
brasileira formando os Comitês Populares Contra as Reformas. É importante
pressionar para a realização de assembleias nos sindicatos, reunir os amigos nos
bairros ou nas associações de moradores, realizar debates nos grêmios e centros
acadêmicos, conversar com os vizinhos, explicar as consequências dos ataques que
estão sendo realizados contra os trabalhadores e a juventude e convencer a todos
a participar dessa luta.
Um programa alternativo para o Brasil
Para contribuir com a unidade das forças contra Temer, o PCB propõe um
calendário de reuniões com organizações da esquerda socialista e dos movimentos
sociais, assim como as entidades nacionais da luta sindical e democrática,
dentre outras, visando à articulação de um espaço de lutas mais amplo, para além
dos blocos e frentes da esquerda socialista, pois, diante da gravidade da
situação brasileira, dos ataques contra os trabalhadores, das ameaças às
liberdades democráticas e à soberania nacional, há um vasto campo progressista
que poderá ser atraído para engrossar e fortalecer as lutas anticapitalistas e
contra a barbárie que o governo Temer quer nos impor. ​
Sabemos pela própria experiência histórica que nem todos os componentes desse
processo de lutas têm os mesmos objetivos. Por isso, é imprescindível que, no
interior do campo unitário, se fortaleça a esquerda socialista e classista
visando a constituir uma frente política permanente, um campo alternativo no
qual os interesses dos trabalhadores não sejam trapaceados por quem quer apenas
canalizar a insatisfação popular das ruas para as eleições em 2018. É
fundamental que, nesse processo de debate e entendimentos, se produzam as
ferramentas para a realização do Encontro Nacional dos Trabalhadores e do
Movimento Popular, com vistas à construção de um projeto alternativo para o país
que se transforme em referência organizativa para a grande insatisfação que hoje
existe na sociedade brasileira. Quanto mais forte esse bloco estiver, maiores
serão as possibilidades para se avançar nas conquistas populares.
O ano de 2017 será decisivo para o futuro do Brasil. Do resultado das lutas que
realizarmos dependerá o futuro próximo do país. Nesse sentido, é preciso varrer
do poder os velhos políticos e seus partidos corruptos. Queremos construir uma
outra sociedade onde as decisões não sejam tomadas nos salões da burguesia, mas
entre os trabalhadores e o movimento popular. Uma sociedade sem exploração, sem
miséria, sem fome, uma sociedade nova onde todos possam ter uma vida digna e
feliz. O PCB conclama os trabalhadores, a juventude e o povo pobre dos bairros
para uma longa jornada de lutas para destruir os podres poderes do decadente
sistema de representatividade eleitoral brasileiro e conquistar um novo governo,
que tenha como norte de ação os interesses populares, na perspectiva de
construção do poder popular e do socialismo.
Todos juntos na greve geral de 28 de abril!
Derrotar a reforma trabalhista e da previdência!
Colocar todos os corruptos na cadeia e confiscar seus bens!
Pelo poder popular e o socialismo!
Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB)


In
PCB
https://pcb.org.br/portal2/14083
11/4/2017

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