domingo, 25 de fevereiro de 2018

Reflexões em torno da intervenção no Rio.



Pedro Augusto Pinho

O empoderamento do sistema financeiro internacional, que abrevio denominando
banca, no mundo capitalista, a partir de 1990, mudou profundamente as
realidades, não apenas econômicas, mas sociais e políticas.
Surpreendo-me, com desconfortável frequência, ao ler, ouvir, assistir
entrevistas e depoimentos de pessoas inteligentes, tanto as que se posicionam à
direita quanto à esquerda dos perfis ideológicos, ignorando esta fundamental e
significativa mudança no processo civilizatório, quando em suas reflexões.
Não irei repetir as colocações que tenho feito sobre origem, composição,
objetivos e estratégia geral da banca. Vou procurar verificar se há alguma
relação ou interferência da banca na intervenção, agora confirmada pelo
legislativo, das Forças Armadas (FFAA) no Rio de Janeiro.
Como se recomenda sempre, diante de qualquer investigação, siga o dinheiro. E o
farei a partir do conciso e esclarecedor artigo, “O lado financeiro da
intervenção federal no Rio”, do economista e jornalista J. Carlos de Assis,
publicado no Monitor Mercantil (21/02/2018, página 2).
O Rio e todos os entes federativos (Estados e Municípios) sofrem com uma
orientação da banca, implementada sob recomendação do Fundo Monetário
Internacional (FMI), que gera o insolúvel endividamento. Isto é óbvio para quem
reconhece a dívida como arma política, já implementada há séculos pelo
Imperialismo Inglês, pai ou avô da banca contemporânea. Como observou, com
argúcia, J. Carlos de Assis, o que Sergio Cabral e todos demais comparsas, nos
prováveis assaltos aos recursos públicos, tenham retirado dos orçamentos é uma
gota d’água no oceano, diante das obrigações impositivas da dívida provocadas
pela banca/FMI/Governo FHC.
Não são apenas recursos para segurança pública, mas para todas as ações em prol
do desenvolvimento econômico e das obrigações sociais do Estado que estão
faltando. O economista Assis lembra o COMPERJ. Poderíamos enumerar os malefícios
econômicos da Lava Jato, sem dúvida uma operação conduzida do exterior e sob o
planejamento da banca, que aniquilou a construção civil, sempre uma poderosa
força econômica e geradora de empregos para a cidade e o Estado do Rio de
Janeiro.
Ainda na esfera econômica incluiríamos o tráfico de drogas. Hoje, conforme
confiáveis estatísticas econômicas, as drogas representam a terceira maior fonte
de receita da banca. Recordemos apenas que a desregulações proporcionadas pela
dupla Thatcher-Reagan colocou todas as receitas ilícitas nos canais de
circulação monetária da banca. Vejam apenas as quantidades de “paraísos fiscais”
e seus montantes monetários antes e a partir dos anos 1980.
Onde estão as drogas? Nos morros; por favor, sem ironias. Como escreveu,
metaforicamente, um internauta: na Avenida Atlântica. Ou seja, nestas fazendas
de senadores inimputáveis por suas filiações partidárias. E no conhecimento dos
cúmplices que ocupam desde sempre postos de comando e decisão nos Estados, em
especial onde o Primeiro Comando da Capital (PCC) é cogestor. Entendo que os
serviços de inteligência das FFAA tenham absoluta certeza e conhecimento desta
realidade. Cabe então perguntar: por que então elas se submetem a este vexame? A
esta desmoralização? Acreditam tanto assim no poder da mídia oligopolista
brasileira? É um ponto em aberto para aprofundar.
Assim, os dois caminhos do dinheiro estão, a meu ver, razoavelmente
equacionados: dívidas e drogas. Nenhum justificando a intervenção.
Mas há outros aspectos do poder. O psicossocial e o político. Analisemo-los
portanto.
A banca tem um objetivo de redução populacional. Isto é evidente num poder
infértil, que não produz. Como todos sabemos a banca apenas carea para seus
cofres os ganhos da indústria, da agricultura, do transporte, dos serviços
públicos e privados pela arma da dívida e dos subornos, onde é mestra.
Consequentemente, a pressão demográfica é um dos principais, talvez o mais
importante inimigo da banca. Entre as ações convencionais para redução
populacional, que a banca usa, estão a fome e a guerra. Não é por acaso que as
guerras da banca (com seu suporte financeiro e suporte operacional dos órgãos de
golpes dos Estados Unidos da América (EUA): CIA, NSA, e do Reino Unido: MI5 e 6)
atingem o mundo islâmico – a maior taxa de fecundidade está nos muçulmanos – e
se propagam pela Ásia, o mais populoso continente.
A vez da América do Sul chegou. Os fantoches da banca nem pensam que a guerra
sempre atinge a todos e os que dela enriquecem não estão em nosso subcontinente.
A militarização do conflito social é um ponto deste objetivo. Não é por acaso
que as redes comerciais de televisão, harmonicamente articuladas com a Globo, há
um ano emprenham olhos e ouvidos de seus incautos espectadores com a violência.
Chegam ao cúmulo de trazer a violência nos EUA – o mais violento país do mundo –
como o nosso próximo passo, principalmente quando prejudica a formação dos
jovens. É tal ignomínia, que só um país sem soberania e cidadania permite
existir.
Qual o sentido do envolvimento das FFAA, neste contexto? Obrigá-las a agir na
guerra que se arma contra a Venezuela. Ou o caro leitor acha que o périplo do
secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, excluindo o Brasil, teria objetivos
pacifistas e humanitários? Este é um dos aspectos da influência da banca na
intervenção, que classifico como político. E, por motivos distintos e
mesquinhos, se agrega aos políticos locais temerosos (não se perca pela palavra)
da eleição deste ano.
Falta-nos apenas verificar o psicossocial. Da parte dos detentores do governo
atual (judiciário, executivo e maioria do legislativo) é o ódio que nutrem aos
negros, pardos e pobres. Eliminá-los com tão aceitável desculpa parece-lhes até
um sonho. Ou não senhora ministra frasista? Que mais lhe pediu a Shell, no
regabofe que lhe foi oferecido? Não é mero acaso a presença desta antiga
multinacional anglo-neerlandesa, experiente em guerras e corrupções por todo
mundo e, em especial, no Oriente Médio. Não há amadorismo na banca.
E, com tal pretexto e as deformações dos noticiários televisivos, não será
difícil incluir entre os mortos os opositores do governo, principalmente os das
classes sindicais e menos favorecidas.
Fechamos, creio eu, com os interesses externos – que reputo os mais relevantes –
e os mesquinhos e nada cristãos internos, estas considerações em torno de uma
intervenção.
Pela paz.

In
DINÂMICA GLOBAL

https://dinamicaglobal.wordpress.com/2018/02/24/reflexoes-em-torno-da-intervencao-no-rio/
24/2/2018

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