quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Quem são os nacionalistas integralistas ucranianos ?

 

 

Thierry Meyssan

Quem conhece a história dos « nacionalistas integralistas » ucranianos,
« nazis » segundo a terminologia do Kremlin ? Ela começou durante a
Primeira guerra mundial, prossegue durante a Segunda, a Guerra Fria e
continua hoje na Ucrânia moderna. Muitos documentos foram destruídos e a
Ucrânia moderna interdita, sob pena de prisão, evocar os seus crimes. O
que acontece é que essa gente massacrou pelo menos quatro milhões de
seus compatriotas e conceberam a arquitectura da solução final, ou seja,
o assassínio de milhões de pessoas devido à sua pertença real ou suposta
a comunidades judaicas ou ciganas da Europa.

Como a maior parte dos analistas e comentadores políticos ocidentais, eu
ignorava a existência de neo-nazis ucranianos até 2014. Aquando do
derrube do Presidente eleito, eu morava na Síria e acreditei que se
tinha tratado de grupúsculos violentos que haviam irrompido na cena
pública para dar uma mão aos elementos Pró-Europeus. No entanto, a
partir da intervenção militar russa, progressivamente descobri inúmeros
documentos e informações sobre esse movimento político que representava,
em 2021, um terço das Forças Armadas ucranianas. Este artigo apresenta
uma síntese a propósito.

Bem no início desta história, quer dizer, antes da Primeira Guerra
Mundial, a Ucrânia era uma grande planície que sempre tinha sido
sacudida entre as influências alemã e russa. Nessa altura, não era um
País independente, mas uma província do império czarista. Estava povoada
por Alemães, Búlgaros, Gregos, Polacos (Poloneses-br), Romenos, Russos,
Checos, Tártaros e por uma grande minoria judaica que se acredita
descender do antigo povo kazar.

Um jovem poeta, Dmytro Dontsov, apaixonou-se pelos movimentos artísticos
de vanguarda, considerando que eles conseguiriam tirar o seu país do
atraso social. Tendo o império czarista caído no imobilismo desde a
morte da grande Catarina, enquanto o império alemão era o centro
científico do Ocidente, Dontsov escolheu Berlim contra Moscovo (Moscou-br).

Quando a Grande Guerra estourou, ele transformou-se em agente dos
Serviços Secretos alemães. Emigrou para a Suíça onde publicou, por conta
dos seus patrões, o Boletim das Nacionalidades da Rússia em várias
línguas, apelando ao levantamento das minorias étnicas do Império
Czarista a fim de provocar a sua derrota. Foi este o modelo que foi
escolhido pelos Serviços Secretos ocidentais para organizar o « Fórum
dos Povos Livres da Rússia » este Verão, em Praga [1 <#nb1>].

Em 1917, a Revolução bolchevique inverteu a situação. Os amigos de
Dontsov tomaram partido pela revolução russa, mas ele permaneceu
pró-alemão. Na anarquia que se seguiu, a Ucrânia foi dividida de facto
por três regimes diferentes: os nacionalistas de Symon Petliura (que se
impuseram na zona hoje controlada pela administração Zelensky), os
anarquistas de Nestor Makhno (que se organizaram como a Novorossia, a
terra que havia sido desenvolvida pelo Príncipe Potemkin e que nunca
conhecera a servidão), e os bolcheviques (especialmente no Donbass). O
grito de guerra dos partidários de Petliura era « Morte aos judeus e aos
bolcheviques! ». Eles perpetraram inúmeros pogroms mortíferos.

Dmytro Dontsov regressou à Ucrânia antes da derrota alemã e tornou-se o
protegido de Symon Petlyura. Ele participou brevemente na Conferência de
Paz de Paris, mas, por alguma razão desconhecida, não permaneceu na sua
delegação. Na Ucrânia, ele ajudou Petliura a aliar-se à Polónia para
esmagar os anarquistas e os bolcheviques. Depois da tomada de Kiev pelos
bolcheviques, Petliura e Dontsov negociaram o Tratado de Varsóvia (22 de
Abril de 1920): o Exército polaco comprometeu-se a repelir os
bolcheviques e a libertar a Ucrânia em troca da Galícia e da Volínia
(exactamente como o governo Zelensky negoceia hoje entrada da Polónia na
guerra em troca das mesmas terras [2 <#nb2>]). Ora, esta nova guerra foi
um fiasco.

Para reforçar o seu campo, Petlyura negociou em segredo com o fundador
dos Batalhões Judaicos do Exército britânico (a « Legião Judaica ») e na
altura administrador da Organização Sionista Mundial (OSM), Vladimir
Jabotinsky. Em Setembro de 1921, os dois homens acordaram unir-se contra
os bolcheviques em troca do compromisso de Petliura em proibir as suas
tropas de continuar os pogroms. A Legião Judaica devia tornar-se a «
Gendarmaria Judaica ». No entanto, apesar dos seus esforços, Petliura
não conseguiu acalmar as suas tropas, sobretudo porque o seu colaborador
mais chegado, Dontsov, continuou a encorajar sempre o massacre de
judeus. No fim, descoberto o acordo, a Organização Sionista Mundial
virou-se contra o regime de Petliura. Em 17 de Janeiro de 1923, a OSM
criou uma comissão de inquérito sobre as actividades de Jabotinsky. Este
recusou vir explicar-se e demitiu-se das suas funções.


Petlioura fugiu para a Polónia, depois para a França, onde foi
assassinado por um judeu anarquista da Bessarábia (atual Transnístria).
Durante o julgamento, este assumiu o seu crime e alegou ter vingado as
centenas de milhar de judeus assassinados pelas tropas de Petliura e
Dontsov. O julgamento teve um grande impacto. O tribunal absolveu o
assassino. Foi nessa ocasião que foi fundada a Liga Contra os Pogroms,
futura Licra (Liga Internacional Contra o Racismo e Antissemitismo).

Não só os nacionalistas foram vencidos, mas os anarquistas também. Os
bolcheviques triunfaram em todo o lado e escolheram, não sem debate,
juntar-se à União Soviética.

Dmytro Dontsov editou revistas literárias que exerceram um fascínio
sobre a juventude. Ele continuou a promover uma Europa Central dominada
pela Alemanha e aproximou-se do nazismo cada vez mais à medida que este
crescia. Cedo designou a sua doutrina como o « nacionalismo integral »
ucraniano. Ao fazê-lo, fazia referência ao poeta francês, Charles
Maurras. Com efeito, à partida a lógica dos dois homens era idêntica :
eles buscavam em sua própria cultura os meios de afirmar um nacionalismo
moderno. No entanto, Maurras era germanófobo, enquanto Dontsov era
germanófilo. A expressão « nacionalismo integral » ainda hoje é
reivindicada pelos adeptos de Dontsov, que cuidam, após a queda do IIIº
Reich, de refutar o termo «nazismo» com o qual os Russos o qualificam,
não sem razão.

De acordo com ele, o « nacionalismo ucraniano » caracteriza-se por :
*–* « afirmação da vontade de viver, de poderio, de expansão » ( promove
« O direito das raças fortes em organizar os povos e as nações para
reforçar a cultura e a civilização existentes »)
*–* « o desejo de combater e a consciência do seu extremismo » (louva a
« violência criadora da minoria de iniciativa »)

As suas qualidades são :
*–* « o fanatismo » ;
*–* « a imoralidade ».

Em última análise, virando as costas ao seu passado, Dontsov tornou-se
um admirador incondicional do Führer. Os seus discípulos fundaram, em
1929, a Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN) em torno do
Coronel Yevhen Konovalets. Este qualificou Dontsov de « o ditador
espiritual da juventude da Galícia ». No entanto, uma querela opôs
Dontsov a um outro intelectual, a propósito do seu extremismo que
obrigava a fazer a guerra contra todos, quando subitamente Konovalets
foi assassinado. A OUN (financiada pelos Serviços Secretos alemães)
dividiu-se então em duas. Com os «nacionalistas integralistas»
reservando a OUN-B em nome do discípulo preferido de Dontsov, Stepan
Bandera.

Durante os anos de 1932-33, os comissários políticos bolcheviques,
maioritariamente judeus, aumentaram um imposto sobre as colheitas, como
nas outras regiões da União Soviética. Combinado com importantes e
imprevisíveis acasos climáticos, esta política provocou uma gigantesca
fome em várias regiões do URSS, incluindo a Ucrânia. Ela é conhecida sob
o nome de « Holodomor ». Contrariamente ao que diz o historiador
nacionalista integralista Lev Dobrianski, não se tratava de um plano de
extermínio dos Ucranianos pelos Russos, já que outras regiões soviéticas
foram atingidas, mas uma gestão inadequada dos recursos públicos em
tempos de crise climática. A filha de Lev Dobrianski, Paula Dobrianski,
tornou-se uma das assessoras do Presidente George W. Bush. Ela travou
uma luta sem piedade para fazer excluir das universidades ocidentais os
historiadores que não aderiram à propaganda do seu pai [3 <#nb3>].

Em 1934, Bandera organizou, enquanto membro dos Serviços Secretos nazis
e Chefe da OUN-B, o assassinato do Ministro polaco do Interior,
Bronisław Pieracki.

A partir de 1939, os membros da OUN-B, constituindo uma organização
militar, a UPA, foram treinados na Alemanha pelo Exército alemão, depois
ainda na Alemanha, mas pelos seus aliados japoneses. Stepan Bandera
propôs a Dmytro Dontsov tornar-se o chefe da sua organização, mas o
intelectual recusou, preferindo desempenhar um papel de liderança em vez
do de mero comandante operacional.

Os « nacionalistas integralistas» aplaudem a invasão da Polónia,
decorrente do Pacto germano-soviético. Como demonstrou Henry Kissinger,
que não pode ser suspeito de pró-sovietismo, não se tratava para a URSS
de anexar a Polónia, mas de neutralizar uma parte dela a fim de se
preparar para o confronto com o Reich alemão. Pelo contrário, para o
Chanceler Hitler, tratava-se de iniciar a conquista de um « espaço vital
» na Europa Central.

Desde o princípio da Segunda Guerra Mundial, sob indicações de Dmytro
Dontsov, a OUN-B bateu-se ao lado dos Exércitos nazis contra os judeus e
os soviéticos.

A colaboração entre os «nacionalistas integralistas» ucranianos e os
nazis prosseguiu com massacres permanentes da maioria da população
ucraniana, acusada de ser judia ou comunista, até à « libertação » da
Ucrânia pelo III° Reich no Verão de 1941 ao grito de « Slava Ukraїni ! »
(Glória à Ucrânia), o grito de guerra utilizado hoje pelo governo
Zelensky e pelos democratas dos EUA. Nessa altura, os « nacionalistas
integralistas » proclamaram a «independência » da União Soviética na
presença de representantes nazis e do clero grego ortodoxo, não em Kiev,
mas em Lviv, segundo o modelo da Garde Hlinka na Eslováquia et dos
Ustachis na Croácia. Eles formaram um governo sob a liderança do
Providnyk (guia) Stepan Bandera, do qual o seu amigo Yaroslav Stetsko
foi o Primeiro-Ministro. Estima-se em 1,5 milhão de pessoas a sua base
de apoio na Ucrânia. Quer dizer que os « nacionalistas integralistas »
foram sempre muito minoritários.


Os nazis dividiram-se entre, por um lado, o Comissário do Reich para a
Ucrânia, Erich Koch, para quem os Ucranianos eram sub-humanos, e, por
outro, o Ministro dos Territórios Ocupados do Leste, Alfred Rosenberg,
para quem os « nacionalistas integralistas » eram verdadeiros aliados.
Finalmente, em 5 de Julho de 1941, Bandera foi deportado para Berlim e
colocado na Ehrenhaft (cativeiro honroso), ou seja, em prisão domiciliar
como uma alta personalidade. No entanto, tendo os membros da OUN-B
assassinado os chefes da facção rival, a OUN-M, os nazis sancionaram
Stepan Bandera e a sua organização, em 13 de Setembro de 1941. Foram
deportados 48 dos seus dirigentes para um campo de prisioneiros, em
Auschwitz (que não era ainda um campo de extermínio, mas apenas uma
prisão). A OUN-B foi reorganizada sob comando alemão. Foi nesse momento
que todos os nacionalistas ucranianos assumiram o seguinte juramento : «
Filho fiel da minha Pátria, ingresso voluntariamente nas fileiras do
Exército de Libertação Ucraniano e, com alegria, eu juro que combaterei
fielmente contra o bolchevismo pela honra do povo. Fazemos este combate
ao lado da Alemanha e dos seus aliados contra um inimigo comum. Com
fidelidade e submissão incondicional, eu creio em Adolf Hitler como
dirigente e comandante supremo do Exército de Libertação. Estou disposto
a dar minha vida pela verdade, em todos os momentos ».


Os nazis anunciaram que se havia descoberto muitos corpos em prisões
vítimas de « judeus bolcheviques ». Além disso, os « nacionalistas
integralistas » celebraram a sua «independência» assassinando mais de
30. 000 judeus e participando activamente na leva dos judeus de Kiev
para Babi Yar, onde 33.771 foram fuzilados em dois dias, 29 e 30 de
Setembro de 1941, pelo Einsatzgruppen do SS Reinhard Heydrich.

Nesta agitação, Dmytro Dontsov desapareceu. Na realidade, dirigira-se a
Praga e tinha-se colocado ao serviço do arquitecto da solução final,
Reinard Heydrich, que acabava de ser nomeado vice-governador da Boémia e
Morávia. Heydrich organizou a Conferência de Wannsee onde se planeou a «
solução final das questões judaicas e ciganas » [4 <#nb4>]. Depois, ele
criou o Instituto Reinard Heydrich em Praga a fim de coordenar o
extermínio sistemático de todas essas populações na Europa. O Ucraniano
Dontsov, que residia agora em Praga no maior luxo, tornou-se
imediatamente seu administrador. Ele é, portanto, um dos principais
arquitectos do maior massacre da História. Heydrich foi assassinado em
Junho de 1942, mas Dontsov conservou as suas funções e os seus privilégios.


Stepan Bandera e o seu adjunto Yaroslav Stetsko foram colocados em
prisão domiciliar na sede da Inspecção-Geral dos Campos de Concentração,
em Oranienburg-Sachsenhausen (a 30 km de Berlim). Eles endereçavam
cartas aos seus partidários e aos dirigentes do Reich com toda a
liberdade e não sofriam de quaisquer privações. Em Setembro de 1944,
quando o Exército do Reich recuava e os partidários de Bandera começaram
a se rebelar contra ele, os dois líderes foram libertados pelos nazis e
reintegrados nas suas funções anteriores. Bandera e Stetsko retomaram a
luta armada contra os judeus e os bolcheviques.

Mas já era tarde demais. O Reich afundou-se. Os Anglo-Saxões recuperaram
Dontsov, Bandera e Stetsko. O teórico do nacionalismo integralista foi
transferido para o Canadá, enquanto os dois praticantes dos massacres
foram para a Alemanha. O MI6 e o OSS (predecessor da CIA) reescreveram
suas biografias, fazendo desaparecer o seu envolvimento nazi e a sua
responsabilidade na Solução Final.

Bandera e Stetsko foram instalados em Munique para organizar as redes
stay-behind (retaguarda-ndT) anglo-saxónicas na União Soviética. A
partir de 1950, eles dispunham de uma grande estação de rádio, a Radio
Free Europe, que partilhavam com os Irmãos Muçulmanos de Said Ramadan (o
pai de Tariq Ramadan). A rádio era financiada pelo National Committee
for a Free Europe, uma emanação da CIA da qual o Director, Alan Dulles,
era membro, assim como o futuro Presidente Dwight Eisenhower, o magnata
da imprensa Henry Luce e o realizador Cecil B. DeMilles. O especialista
de guerra psicológica e futuro protetor dos Straussianos, Charles D.
Jackson, era o presidente.

Vladimir Jabotinsky, esse, depois de ter vivido na Palestina,
refugiou-se em Nova Iorque. Benzion Netanyahu (o pai do actual
Primeiro-Ministro israelita) juntou-se a ele. Os dois homens redigiram
os textos doutrinários do « sionismo revisionista » e a Enciclopédia
Judaica.

Bandera e Stetsko deslocavam-se muito. Eles organizaram operações de
sabotagem em toda a União Soviética, e particularmente na Ucrânia, assim
como o lançamento aéreo de panfletos. Para isso, criaram o Bloco das
Nações Anti-bolcheviques (ABN) que reunia os seus homólogos da Europa
Central [5 <#nb5>]. O agente duplo britânico, Kim Philby, informava os
Soviéticos sobre as ações dos banderistas com antecedência. Bandera
encontrou-se com Dontsov no Canadá para lhe pedir que assumisse a chefia
da luta. Uma vez mais, o intelectual recusou, preferindo consagrar-se
aos seus escritos. Ele mergulhou então num delírio místico inspirado nos
mitos dos vikings varangianos. Anunciava o combate final dos cavaleiros
ucranianos contra o dragão russo. Bandera, por sua vez, aliou-se ao
líder chinês Chiang Kai-Shek que conheceu em 1958. Mas foi assassinado
no ano seguinte em Munique pelo KGB.

Iaroslav Stetsko prosseguiu a luta através da Radio Free Europe e da
ABN. Ele foi aos Estados Unidos para testemunhar perante a Comissão das
actividades não-americanas do Senador Joseph MacCarthy. Em 1967, fundou
com Tchang Kaï-Chek, a Liga anti-comunista mundial [6 <#nb6>]. A Liga
incluía muitos ditadores Pró-EUA do mundo inteiro e duas escolas de
tortura, no Panamá e em Taiwan. Klaus Barbie, que assassinou Jean Moulin
em França, depois Che Guevara na Bolívia, fez parte dela. Em 1983,
Stetsko foi recebido na Casa Branca pelo Presidente Ronald Reagan e
participou, com o Vice-Presidente George Bush Sr, nas cerimónias das «
Nações Cativas » (quer dizer povos ocupados pelos Soviéticos) de Lev
Dobrianski. Por fim, morreu em 1986.

Mas a história não termina aqui. A sua esposa, Slava Stetsko, assumiu a
chefia das suas organizações. Ela também percorreu o mundo para apoiar
todas as lutas contra os Russos e os Chineses, ou melhor, contra os
comunistas. Quando a URSS foi dissolvida, limitou-se a mudar o título da
Liga para Liga Mundial pela Liberdade e Democracia, denominação que
ainda hoje tem. Então consagrou-se retomar a acção na Ucrânia.

Slava Stetsko concorreu às primeiras eleições da Ucrânia independente,
em 1994. Ela foi eleita para a Verkhovna Rada, mas tendo sido destituída
de sua nacionalidade pelos Soviéticos, não pôde tomar assento. Pouco
importa, ela fez com que o Presidente ucraniano Leonid Kuchma viesse às
instalações da CIA, em Munique, e ditou-lhe passagens da nova
Constituição. Ainda hoje, esta estipula no seu Artigo 16: « preservar o
património genético do povo ucraniano implica a responsabilidade do
Estado ». A discriminação racial nazi continua, pois, a ser proclamada
pela Ucrânia como nos piores momentos da Segunda Guerra Mundial.


Slava Stetsko foi reeleita nas duas épocas seguintes. Ela presidiu com
solenidade às cerimónias de abertura das sessões de 19 de Março de 1998
e de 14 de Maio de 2002.

Em 2000, Lev Dobriansky organizou uma grande conferência em Washington
com muitos funcionários ucranianos. Ele convidou o straussiano Paul
Wolfowitz (antigo colaborador de Charles D. Jackson). No decorrer dessa
reunião, os « nacionalistas integralistas » colocaram-se ao serviço dos
straussianos para destruir a Rússia [7 <#nb7>].



Em 8 de Maio de 2007, em Ternopol, por iniciativa da CIA, os «
nacionalistas integralistas » da Autodefesa do Povo Ucraniano e os
islamistas criaram uma «Frente Anti-Imperialista» anti-russa sob a
presidência conjunta do Emir da « Ichquéria », Dokka Umarov e de Dmytro
Yarosh (o actual Conselheiro especial do Chefe das Forças Armadas
ucranianas). Organizações da Lituânia, da Polónia, da Ucrânia e da
Rússia participaram nesta reunião, entre os quais separatistas
islamistas da Crimeia, da Adigueia, do Daguestão, da Inguchétia, da
Cabardino-Balcária, do Carachaevo-Cherquéssia, da Ossétia e da
Chechénia. Impossibilitado de aí se deslocar devido a sanções
internacionais, Dokka Umarov teve a sua declaração lida.
Retrospectivamente, os Tártaros da Crimeia não conseguem explicar a sua
presença nesta reunião, senão pelo seu passado ao serviço da CIA contra
os Soviéticos.

O Presidente Pro-EUA, Viktor Iuchenko, criou um Instituto Dmytro
Dontsov, no seguimento da « revolução laranja ». Iuchenko é um exemplo
do branqueamento anglo-saxónico. Sempre fingiu não ter nenhuma relação
com os nacionalistas integralistas, mas o seu pai, Andrei, foi guarda
num campo de extermínio nazi [8 <#nb8>]. O Instituto Dmytro Dontsov será
fechado em 2010, depois reaberto após o Golpe de Estado de 2014. O
Presidente Viktor Iuchenko, pouco antes do fim do seu mandato, elevou o
criminoso contra a Humanidade Stepan Bandera ao título de « herói da
Nação ».

Em 2011, os nacionalistas integralistas conseguiram fazer aprovar uma
lei proibindo a comemoração do fim da Segunda Guerra Mundial porque
havia sido vencida pelos Soviéticos e perdida pelos banderistas. Mas o
Presidente Viktor Yanukovych recusou promulgá-la. Furiosos, os «
nacionalistas integralistas » atacaram o cortejo dos antigos combatentes
do Exército Vermelho, espancando os velhos. Dois anos mais tarde, as
cidades de Lviv e Ivano-Frankivsk aboliram as cerimónias da Vitória e
proibiram qualquer manifestação de regozijo. O Presidente Viktor
Iushenko, pouco antes do fim do seu mandato, elevou o criminoso contra a
humanidade Stepan Bandera ao título de « Herói da Nação ».

Em 2014, os Ucranianos da Crimeia e do Donbass recusaram-se a reconhecer
o governo saído do Golpe de Estado. A Crimeia, que se havia declarado
independente antes do resto da Ucrânia, reafirmou-o uma segunda vez e
aderiu à Federação da Rússia. O Donbass procurou um compromisso. Os «
nacionalistas ucranianos », liderados pelo Presidente Petro Poroshenko,
deixaram de ali manter os serviços públicos e atacaram a população. Em
oito anos, eles assassinaram, pelo menos, 16.000 pessoas perante a
indiferença geral.

Foi também a partir do Golpe de Estado de 2014, que as milícias
nacionalistas integralistas foram incorporadas nas Forças Armadas
Ucranianas. No seu regulamento interno, elas obrigam todo o combatente a
ler as obras de Dmytro Dontsov, nomeadamente o seu livro intitulado
Nacionalismo.

Em Abril de 2015, a Verkhovna Rada declarou os membros da Organização
dos Nacionalistas Ucranianos (OUN) « combatentes da independência ». A
lei foi promulgada pelo Presidente Poroshenko em Dezembro de 2018. Os
antigos, Waffen SS tiveram direito retrospectivamente a uma pensão de
aposentadoria e a todo o tipo de benefícios. A mesma lei criminalizou
qualquer alegação segundo a qual os militantes da OUN e os combatentes
da UPA colaboraram com os nazis e praticaram limpeza étnica de judeus e
polacos. Publicado na Ucrânia, o presente artigo enviar-me-ia e a vós
também para a prisão só por tê-lo lido.


Em 1 de Julho de 2021, o Presidente Volodymyr Zelenski promulgou a lei
sobre os povos autóctones da Ucrânia que os coloca sob a protecção dos
Direitos do homem. Como regra geral, os cidadãos de origem russa não
podem mais invocá-los perante os tribunais.

Em Fevereiro de 2022, as milícias « nacionalistas integralistas », que
formavam um terço das Forças Armadas do país, planearam uma invasão
coordenada da Crimeia e do Donbass. Foram impedidas pela operação
militar russa destinada a aplicar a Resolução 2202 do Conselho de
Segurança das Nações Unidas para abreviar o calvário das populações de
Donbass.


Em Março de 2022, o Primeiro-Ministro israelita, Nafatali Bennett,
rompendo com o « sionismo revisionista » de Benjamin Netanyahu (filho do
secretário de Jabotinsky), sugeriu ao Presidente Volodymyr Zelensky que
subscrevesse as exigências russas e que desnazificasse o seu país [9
<#nb9>].

Encorajado por este apoio inesperado, o Ministro russo dos Negócios
Estrangeiros (Relações Exteriores-br), Serguei Lavrov, ousou trazer à
tona o caso do Presidente judeu ucraniano, dizendo : « O povo judeu, em
sua sabedoria, disse que os antissemitas mais ardentes são geralmente
judeus. Todas as famílias têm a sua ovelha negra, como diz o ditado ».
Foi demais para os Israelitas que ficam sempre inquietos quando se tenta
dividi-los. O seu homólogo de então, Yaïr Lapid, lembrou que os judeus
nunca organizaram o holocausto de que foram vítimas. Encurralado entre a
sua consciência e as suas alianças, o Estado hebreu repetiu à saciedade
apoiar a Ucrânia, mas recusou enviar-lhe o mínimo armamento. Por fim, o
Estado-Maior decidiu e o Ministro da Defesa, Benny Gantz, cortou
qualquer possibilidade de um apoio aos sucessores dos assassinos de judeus .

Os Ucranianos são os únicos nacionalistas que não se batem nem pelo seu
povo, nem pela sua terra, mas por uma única ideia : aniquilar os judeus
e os Russos .

Em
VOLTAIRE.NET
https://www.voltairenet.org/article218410.html
17/11/2022

Nenhum comentário:

Postar um comentário