quarta-feira, 15 de abril de 2015

"Os EUA combaterão pelo Donbass até ao último ucraniano"




"Os EUA combaterão pelo Donbass até ao último ucraniano"

por Leonid Reshetnikov [*]


Na periferia a Norte de Moscovo, sob a protecção confiável das tropas do
interior, esconde-se o antigamente secreto Instituto do Serviço de
Inteligência Estrangeira. Agora, as letras douradas "Instituto Russo de
Estudos Estratégicos" estão afixadas à entrada. Mas o nome pacífico não
confunde aqueles que estão a par – mais de 200 funcionários forjam aqui o
escudo analítico da Mãe Pátria. Haverá uma nova guerra no Sudeste da
Ucrânia? Quem está por trás do presidente dos EUA? Por que tantos entre os
nossos responsáveis podem ser chamados de agentes ideológicos de
influência? Estas e outras perguntas de "AN" foram respondidas pelo
director do RISS, o tenente-general na reserva Leonid Reshetnikov.

Rivais do mesmo campo

– Você já teve um "tecto" sério, o SVR . Por que é que eles subitamente o
desclassificaram?

– Na verdade, éramos um instituto fechado de inteligência estrangeira, o
qual era especializado sobretudo em analisar a informação disponível no
exterior próximo e remoto. Ou seja, a informação que não só é necessária
ao serviço de inteligência como também às estruturas que determinam a
política externa do país. Por incrível que pareça, não havia centros
analíticos semelhantes na administração presidencial (AP) russa. Muito
embora houvesse grande quantidade de "instituições" nas quais há apenas o
director, a secretária e a esposa do director que trabalha como analista.
À AP faltava especialistas sérios e assim o serviço de inteligência tinha
de ser compartilhado.

Hoje o nosso fundador é o presidente da Rússia e todos os pedidos de
investigação do governo são assinados pelo chefe da administração, Sergey
Ivanov.

– Quantos pedem as vossas análises? Pois somos um país do papel: toda a
gente escreve, escreve um bocado – mas será que isso influencia o
resultado final?

– Por vezes vemos acções que reflectem nossos documentos analíticos.
Algumas vezes é impressionante quando se avançam certas ideias e elas se
transformam numa tendência da opinião pública russa. É claro que nessa
altura muitas orientações estão maduras para serem prosseguidas.

– Algo semelhante é feito nos EUA pelo centro analítico Stratfor e pelo
centro de investigação estratégica Rand Corporation. Qual deles é o
melhor?

– Quando, após a transição para a AP, em Abril de 2009, elaborámos o novo
estatuto do Instituto, sugeriram-nos que utilizássemos o seu exemplo.
Pensei então: "se nos financiarem como o Stratfor ou a Rand Corporation
são financiados, então bateremos todas estas companhias analíticas
estrangeiras". Porque os analistas russos são os mais fortes do mundo.
Especialmente especialistas regionais, os quais têm cérebros mais
"frescos", não contaminados. Posso falar acerca disto confidencialmente,
ao cabo de 33 anos de experiência de trabalho analítico. A princípio no
Primeiro Directório Principal do KGB da URSS e depois no Serviço de
Inteligência Estrangeira (SVR).

ONGs, ONGs, onde nos levam

– É bem sabido que a Rand Corporation desenvolveu para a Ucrânia o plano
Anti-Terrorist Operation (ATO) no Sudeste do país. O seu Instituto
informou acerca da Ucrânia e, em particular, acerca da Crimeia?

– Naturalmente. A princípio, apenas dois institutos estavam dedicados à
Ucrânia: o IRSS e o Instituto dos Países CIS de Konstantin Zatulin. Desde
o início do nosso trabalho escrevemos documentos analíticos sobre o
crescimento do sentimento anti-russo na Ucrânia e sobre o fortalecimento
do sentimento pró-russo na Crimeia. Analisámos as acções das autoridades
ucranianas. Mas sem informação alarmista de que tudo estava perdido, ao
invés chamámos a atenção para o crescimento do problema.

Propusemos intensificar significativamente o trabalho de organizações não
governamentais (ONGs) pró-russas, intensificar, como eles dizem agora, a
pressão através da política do "soft power".

– Com um embaixador como Zurabov não precisamos de quaisquer inimigos!

– O trabalho de qualquer embaixada e de qualquer embaixador está sujeito a
um certo número de limitações. Um passo para o lado – e há um escândalo.
Mais, há um enorme problema com pessoal profissional no país. E não apenas
no campo da diplomacia. De certo modo esgotamos os stocks – muito poucas
pessoas com um foco forte permanecem ao serviço do governo.

É difícil super-estimar o papel das ONGs. As revoluções coloridas são um
exemplo claro e elas são acalentadas primariamente pelas organizações
americanas. Isto aconteceu também na Ucrânia. Infelizmente, não foi de
facto dada atenção à criação e ao apoio de tais organizações que actuariam
conforme os nossos interesses. E se elas funcionassem, então poderiam
substituir dez embaixadas e dez embaixadores, mesmo aqueles muito
talentosos. Agora a situação começou a mudar, a seguir a uma ordem
directa do presidente. Esperemos que os subordinados não enfraqueçam este
desenvolvimento.

Se haverá guerra amanhã

– Como pensa que os acontecimentos na Novorússia se desenvolverão na
Primavera e Verão próximos? Será que haverá uma nova campanha militar?

– Infelizmente, a probabilidade é muito alta. Apenas há um ano atrás, a
ideia de federalizar a Ucrânia podia funcionar. Mas agora Kiev só precisa
da guerra. Só um estado unitário. Por várias razões. A principal é que o
país é agora dirigido por pessoas ideologicamente anti-russas, as quais
não são simplesmente subordinadas a Washington, mas realmente estão
compradas e são pagas por aquelas forças que se ocultam por trás do
governo dos EUA.

– E o que é que este notório "governo mundial" precisa?

– É mais fácil dizer o que eles não precisam: eles não precisam de uma
Ucrânia federal, pois tal território seria difícil de controlar. Será
impossível instalar ali suas bases militares, um novo escalão ABM . E
tais planos existem. A partir de Lugansk e Kharkov, mísseis tácticos de
cruzeiro podem alcançar até atrás dos Urais, onde estão localizadas nossas
principais forças de dissuasão nuclear. E eles podem atingir mísseis
baseados em silos e em veículos rodoviários durante a trajectória de
ascensão com uma probabilidade de 100%. Actualmente esta área não é
atingível por eles nem a partir da Polónia nem da Turquia nem do Sudeste
da Ásia. Isto é o objectivo principal. Assim, os EUA combaterão pelo
Donbass até ao último ucraniano.

– Então o que está em causa não são as reservas de gás de xisto que foram
descobertas neste território?

– O seu objectivo estratégico principal é uma Ucrânia unitária sob seu
pleno controle para combater a Rússia. E o gás de xisto ou terras aráveis
são apenas um bónus agradável. Ganho colateral. Mais um grave ataque ao
nosso complexo industrial e militar (CIM) devido ao corte das ligações
entre o CIM da Ucrânia e o da Rússia. Isto já foi cumprido.

– Fomos ultrapassados: o "filho da puta" do Yanukovich teve de ser
evacuado com a ajuda dos Spetsnaz e Washington instalou os seus próprios
"filhos da puta"?

– Do ponto de vista estratégico-militar, fomos certamente ultrapassados. A
Rússia obteve uma "compensação" – a Crimeia. Há outra "compensação" – a
resistência dos residentes no Sudeste da Ucrânia. Mas o inimigo já obteve
um enorme território, o qual era parte da União Soviética e do Império
Russo.

– O que é que vamos ver na Ucrânia este ano?

– O processo de semi-desintegração ou mesmo absoluta desintegração. Muitos
ainda estão silenciosos face ao genuíno nazismo. Mas as pessoas que
entendem que a Ucrânia e a Rússia estão fortemente conectadas ainda não
disseram a última palavra. Nem em Odessa, nem em Kharkov, nem em
Zaporozhye e nem em Chernigov. Este silêncio não é eterno. E a tampa deste
caldeirão inevitavelmente explodirá (blown away).

– E como se desenvolverão as relações entre a Novorússia e o resto da
Ucrânia?

– A Transnítria é um cenário de baixa probabilidade. Mas não acredito
nisto – o território da República Popular de Donetsk (RPD) e República
Popular de Lugansk (RPL) é muito maior, milhões de pessoas já foram
sugadas para dentro desta guerra. Por agora a Rússia ainda pode convencer
os líderes da milícia a empenharem-se numa pausa e trégua temporária. Mas
exactamente isso – temporária. Não há que falar mais acerca do retorno da
Novorússia para dentro da Ucrânia. O povo do Sudeste não quer ser
ucraniano.

– Então, se o nosso país acabou isolado globalmente devido à reunificação
com a Crimeia, porque não avançarmos com tudo para o Sudeste? Quanta
hipocrisia pode haver aí?

– Penso que ainda é demasiado cedo para avançarmos com tudo. Subestimámos
o grau de consciência do nosso presidente, o qual sabe que há certos
processos na Europa que não são claramente visíveis para observadores
externos. Estes processos dão esperança de que seremos capazes de proteger
nossos interesses utilizando diferentes métodos e meios.

Uma frente sem uma linha de frente

– No fluxo de informação associado à Ucrânia esquecemos o crescimento
explosivo do extremismo religioso na Ásia Central...

– Isto é uma tendência extremamente perigosa para o nosso país. A situação
no Tajiquistão é muito difícil. A situação no Quirguistão é instável. Mas
o Turquemenistão pode-se tornar a direcção do primeiro ataque, tal como
escreveu "AN". De certo modo esquecemos um pouco acerca disto, porque
Ashkhabad posiciona-se um tanto solitária. Mas esta "mansão" pode entrar
em colapso em primeiro lugar. Será que eles têm força suficiente para se
defenderem? Ou será que interviremos num pais que está a grande distância
de nós? Assim, isto é uma decisão difícil.

E não só devido aos militantes do "Estado Islâmico" a penetrarem na
região. De acordo com os últimos dados, os EUA e a NATO não estão a
abandonar o Afeganistão e vão manter as suas bases ali. Do ponto de vista
militar, cinco ou dez mil soldados que lá permaneçam podem ser
desdobrados num grupo de 50 a 100 mil dentro de um mês.

Isto faz parte do plano geral de cercar e pressionar a Rússia, o qual é
implementado pelos EUA com o objectivo de depor o presidente Vladimir
Putin e dividir o país. Um típico leigo pode, naturalmente, não acreditar
nisto. Mas pessoas com acesso a um grande volume de informação sabem disto
muito bem.

– Quais os limites que tentarão fracturar?

– Primeiro eles planeiam simplesmente arrancar o que é "fácil". Não lhes
importa o que se separará: Calinigrado, o Cáucaso Norte ou o Extremo
Oriente. Isto servirá como o detonador de um processo que se pode
intensificar. Isto não é um fantasma propagandístico – é uma ideia real.
Tal pressão do Ocidente (Ucrânia) e do Sul (Ásia Central) só crescerá.
Eles estão a tentar penetrar através dos portões ocidentais, mas também
experimentarão os do Sul.

– Qual a direcção estratégica mais perigosa para nós?

– A direcção Sul é muito perigosa. Mas por agora os estados tampão
(buffer states), as antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central, ainda
funcionam. E no Ocidente a guerra já está na fronteira. Efectivamente, no
nosso território.

O que vem aí não é o banho de sangue de ucranianos e russos, mas antes
uma guerra de sistemas globais. Alguns pensam que estão no fim da Europa,
outros que estão na Rússia. Porque o nosso país não é apenas um
território. É uma enorme civilização separada, a qual tem a sua própria
visão da ordem global no mundo todo. Primariamente, naturalmente, há o
Império Russo como exemplo da civilização ortodoxa oriental. Os
bolcheviques destruíram-na, mas eles avançaram com uma nova ideia
civilizacional. Uma terceira está agora muito próxima. E veremos isso
dentro de cinco a seis anos.

– O que será?

– Penso que será uma simbiose decente das anteriores. E nossos "colegas
jurados" entendem isto perfeitamente. Eis porque começou o ataque de todos
os lados.

– Ou seja, o combate conjunto russo-americano contra o terror, em
particular contra o ISIS, é uma ficção?

– Naturalmente. A América cria terroristas, alimenta-os, treina-os e então
dá uma ordem a toda a matilha: "apanhem". Talvez eles possam abater um
"cão raivoso" na matilha, mas os outros cães serão incitados ainda mais
activamente.

O diabo dirige o baile

– Leonid Petrovich, você pensa que os EUA e os presidentes americanos são
apenas um instrumento. Então quem é que determina a sua política?

– Há comunidades de pessoas que são de facto desconhecidas do público, as
quais não só determinam os presidentes americanos como também determinam
as regras para a totalidade do "grande jogo". Em particular, são as
corporações financeiras transnacionais. Mas não apenas elas.

Actualmente há um processo em andamento de reformatação do sistema
financeiro e económico do mundo. Claramente, há uma tentativa de repensar
a estrutura total do capitalismo sem rejeitá-lo. A política externa está
sujeita a mudança rápida. Os EUA subitamente abandonaram de facto Israel –
seu principal aliado no Médio Oriente – a bem das boas relações com o
Irão. Será isto porque agora Teerão é mais valiosa e mais importante do
que Tel Aviv? É porque está entre os países em torno da Rússia. Estas
forças encobertas estabeleceram o objectivo de liquidar nosso país como
actor sério na cena global. Porque a Rússia é uma alternativa
civilizacional para todo o Ocidente.

Além disso, há um crescimento explosivo de sentimento anti-americano no
mundo. A Hungria, onde há forças conservadoras de direita no poder, e a
Grécia, onde há as de esquerda, forças opostas, estão de facto unidas e
protestam contra os ditames dos EUA na Europa. Há também os que podem
protestar na Itália, Áustria, França e assim por diante. Se a Rússia agora
mantiver seu terreno, então processos que não são benéficos para as forças
que pretendem a dominação global começarão na Europa. E estas forças
entendem isto perfeitamente.

– Alguns líderes europeus já lamuriam que os EUA de facto lhes impuseram
sanções. A Europa pode escapar ao "amistoso" abraço americano?

– Nunca. A América segura-a firmemente com várias cadeias: as impressoras
do Federal Reserve, a ameaça de revoluções coloridas e a da eliminação
física de políticos indesejados.

– Não está a exagerar na menção à eliminação física?

– De modo nenhum. A Central Intelligence Agency dos EUA, nos termos das
suas funções, não é sequer um serviço de inteligência. A KGB ou o SVR da
Federação Russa são serviços de inteligência clássicos: reúnem informação
e relatam-na para a liderança do país. Na CIA, estas características
tradicionais de um serviço de inteligência estão no fim da lista das suas
tarefas. Os principais objectivos são: eliminações, as quais incluem
eliminação física, de políticos e a organização de golpes. E eles fazem
isso em tempo real.

Após a perda do submarino "Kursk" , o director da CIA, George Tenet,
visitou-nos. Pediram-me que o fosse receber no aeroporto. Tenet demorou
para sair do avião, mas o aparelho estava aberto de modo que pude dar uma
olhadela para dentro do seu "Hercules". Aquilo era um posto de comando
voador, um centro computacional operativo, estava cheio de equipamentos e
sistemas de comunicações que podem rastrear e modelar a situação no mundo
todo. A delegação acompanhante era de 20 pessoas. Quanto a nós, voamos em
voos regulares, em equipes de 2-5 pessoas. Você pode sentir a diferença,
por assim dizer.

– A propósito, acerca de inteligência. Há outra vez conversas acerca da
ideia de restaurar o serviço de inteligência russo unindo o SVR e o FSB. O
que pensa acerca disto?

– Considero muito negativo. Se combinarmos os dois serviços especiais – o
de inteligência externa e o de contra-inteligência – então criaremos um
único para a mais alta liderança do país. Então, a pessoa que tem assento
nesta "origem da informação" torna-se um monopolista. E pode manipulá-la
para alcançar algum objectivo. No KGB da URSS tais manipulações
informacionais eram óbvias mesmo para o capitão Reshetnikov. Para um
presidente, um czar, um primeiro-ministro – não importa como se chame o
mais alto responsável – é vantajoso ter várias fontes de inteligência
independentes. Do contrário ele se torna refém de um líder específico da
estrutura ou da própria estrutura. Isso é muito perigoso.

Os autores desta ideia pensam que nos tornaremos mais fortes após esta
união. Ao invés disso estaremos a criar ameaças para nós próprios.

Onde estão os redis?

– E agora vamos das teorias da conspiração global para os nossos assuntos
locais. Como se pode distinguir entre um responsável que não sabe o que
faz e um agente de influência que sabe o que está a fazer?

– Não há tantos agentes de influência de nível sério no mundo como se
possa pensar. Transmitir ou não transmitir decisões estratégicas sérias
contra os interesses do seu próprio país começa tipicamente por, por assim
dizer, agentes ideológicos. Estes são aqueles entre os nossos responsáveis
que acabam por ocupar uma posição interna de alto escalão mas têm a alma
no Ocidente. Para estas pessoas tudo o que é feito "lá" é a mais alta
façanha da civilização. E o que é feito aqui é a Rússia deslavada. Eles
não associam o futuro dos seus filhos, aos quais enviam para o
estrangeiro, ao país. E isto é um indicador mais grave do que contas em
bancos estrangeiros. Tais "camaradas" não gostam sinceramente da Rússia,
cujo "desenvolvimento" eles supervisionam.

– Acaba de desenhar um retrato de alguns dos nossos ministros muito
precisamente. Como vamos atravessar 2015 com eles?

– Este ano, com eles ou sem eles, será difícil. Mais provavelmente, o ano
seguinte também não será fácil. Mas depois disso a nova Rússia estará
confiantemente em marcha.


08/Abril/2015

[*] Licenciado pela Faculdade de História da Universidade Estatal de
Kharkov e pós-graduado da Universidade de Sofia (Bulgária). De 1974 a
1976, trabalhou no Instituto de Economia do Sistema Socialista Mundial, da
Academia de Ciências da URSS. De Abril de 1976 a Abril de 2009 nas
unidades de análise de inteligência estrangeira. Seu últimos postos foram
Chefe do Departamento de Relações Exteriores russo e no Serviço de
Inteligência, membro do conselho de administração da SVR,
tenente-general. Em abril de 2009 foi transferido para a reserva por
limite de idade para o serviço militar. É membro do Conselho Científico
do Conselho de Segurança da Rússia.

O original encontra-se em kanchukov-sa.livejournal.com/4660225.html e em
argumenti.ru/toptheme/n481/394395 (em russo), A versão em inglês
encontra-se em cassad-eng.livejournal.com/153079.html

Esta entrevista encontra-se em http://resistir.info/ .

http://www.resistir.info/russia/reshetnikov_08abr15.html#asterisco
15/4/2015

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