quinta-feira, 21 de julho de 2016

Cartilha desconstrói todas as mentiras do governo Temer para tungar seus direitos na Previdência





Joaão Sicsú, Juvandia Moreira e Eduardo Fagnani







Revelando as mentiras sobre a Previdência

Cartilha lançada pelo Sindicato desconstrói argumentos usados pelo governo
interino para justificar retirada de direitos na aposentadoria

do portal do Sindicato dos Bancários de São Paulo

São Paulo – A Previdência Social é uma das instituições de proteção social do
Estado ameaçadas pelo projeto político neoliberal que, derrotado nas últimas
eleições presidenciais, voltou a comandar o país por meio de um golpe contra a
democracia.

Para se contrapor a argumentos falsos, que tentam vender a ideia de que a
Previdência Social no Brasil é deficitária, e para alertar a população contra os
riscos que ameaçam a aposentadoria de milhares de trabalhadores, o Sindicato
lançou a cartilha Entender e Defender a Previdência Social, em parceria com os
economistas João Sicsú e Eduardo Fagnani, professores da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp) e da Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), respectivamente.

A edição foi lançada na sexta 15, no encerramento do seminário Conjuntura e
Previdência Social, promovido pelo Sindicato.

“Queremos esclarecer e debater os falsos argumentos usados pelo atual governo, e
sistematicamente reproduzidos pela grande mídia, que criticam a Previdência
brasileira com o propósito de impor novas rodadas de supressão de direitos. O
que eles querem é acabar com conquistas trabalhistas e sociais previstas na
Constituição de 1988, querem de volta um Brasil do início do século passado”,
disse a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

“A Previdência tem sido uma das principais responsáveis por distribuição de
renda e inclusão social. Portanto, não pode ser vista como um custo e sim como
um investimento para promover justiça social e igualdade. E a nós, que temos
compromisso com justiça social e igualdade, cabe fazer o debate e organizar a
luta contra os ataques aos nossos direitos. A cartilha é mais um instrumento da
disputa que estamos fazendo nesse momento”, acrescentou Juvandia.

O economista João Sicsú reforçou que a Previdência é fundamental não só para
quem recebe benefícios, mas para toda a economia do país.

“Ela cumpre um outro papel muito importante que não é o exclusivamente
previdenciário, mas um papel extraordinário para toda a economia. São quase R$
500 bilhões em benefícios por ano. E as 30 milhões de pessoas que recebem
benefícios todo o mês não gastam esse dinheiro indo para Nova Iorque, ou
comprando carros importados, ou com títulos da dívida pública. Elas gastam nas
lojas de vestuário, nos mercados, nas feiras, portanto dinamizam o mercado
interno e a economia do país, e isso gera emprego e renda. Muito melhor do que
os R$ 500 bi gastos com juros, que não fazem crescer a economia. Ou seja,
colocar dinheiro na mão do pobre dinamiza a economia, colocar dinheiro na mão de
rico gera estagnação.”

Eduardo Fagnani também destacou que a reforma proposta pelo governo golpista não
leva em conta o papel distributivo da Previdência.

“Essa reforma não é para aperfeiçoar, e sim para destruir o Estado de Bem-Estar
Social. Desde a Constituição de 1988 persiste uma campanha ideológica, sem base
em dados reais, para demonizar a Previdência. Mostramos com dados, nessa
cartilha, que não existe déficit na Previdência. E desconstruímos outros mitos
como o da não existência da idade mínima, o das aposentadorias precoces e
finalmente mostramos que caso se concretize a reforma do governo Temer, seremos
os campeões mundiais de regras mais rígidas para a aposentadoria.”

Fagnani também ressaltou que a alternativa para melhorar o sistema
previdenciário é o crescimento do mercado de trabalho. “O problema da
Previdência não é despesa, é queda da arrecadação. Quando a economia voltou a
crescer, a partir de 2006, a previdência urbana passou a dar superávit, que
chegou em 2012 a R$ 40 bi.”

Aposentadoria 40% menor – A cartilha explica, uma a uma, as ameaças à
aposentadoria dos brasileiros na reforma proposta pelo governo Temer.

Uma delas é o fim da regra que estabelece o que a Previdência Social não pode
pagar benefícios com valores inferiores ao salário mínimo. Se essa proposta de
Temer vigorasse há dez anos, os valores dos rendimentos teriam caído 40%.
Segundo previsão dos economistas, sem a vinculação com o salário mínimo, o valor
médio do vencimentos pagos aos aposentados e pensionistas cairia dos atuais R$
1.608 para R$ 1.013.

Outro item é a exigência – para homens e mulheres, trabalhadores rurais e do
campo – de idade mínima de 65 anos e 35 anos de contribuição.

“Não será fácil encontrar precedentes no mundo de regras tão restritivas
combinando idade e tempo de contribuição. Se passarem a vigorar, seremos
campeões mundiais em exigências para aposentadoria”, diz texto da cartilha.

A proposta ainda coloca no mesmo balaio homens e mulheres, brasileiros do campo
e da cidade, quando dados mostram que elas e os trabalhadores rurais enfrentam
condições muito desfavoráveis no mercado de trabalho.

As mulheres por conta da dupla jornada que ainda persiste em nossa sociedade
patriarcal, acumulando as horas no emprego com as que dedicam às tarefas
domésticas. E os do campo pela conhecida precariedade no meio rural, que
concentra 70% da pobreza extrema no país. Para os camponeses, o governo interino
ainda divulgou a intenção de transformar a Previdência rural em benefício
assistencial, com a intenção de fixar o valor desse benefício bem abaixo do
salário mínimo.

Não há déficit – A cartilha explica que a Previdência faz parte do Sistema de
Seguridade Social, formado ainda pelas áreas de Assistência Social e Saúde. No
Brasil, o financiamento da Previdência segue o modelo tripartite utilizado pela
maioria dos países no mundo, com contribuições de trabalhadores, empresários e
do governo.

Além de reforçar esse modelo, a Constituição de 1988 instituiu novas fontes de
financiamento por parte do Estado: a Contribuição Social para o Financiamento da
Seguridade Social (Cofins) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido das
Empresas (CSLL). Quando se contabiliza o total de contribuição por parte do
Estado, nota-se que a Previdência é superavitária desde 2007.

O problema é que, desde 1989, os sucessivos governos contabilizam apenas as
contribuições dos trabalhadores e dos empresários, e é desse cálculo
inconstitucional que vem o tal “rombo” insistentemente noticiado pela imprensa
tradicional. “O ‘déficit’ da Previdência é a parcela do governo que não é
contabilizada”, explica a cartilha.

Propostas – A cartilha (abaixo, na íntegra) também enumera algumas propostas
para melhorar a Previdência e enfrentar problemas orçamentários.

Antes de mais nada, é necessário crescimento econômico, e para isso o Estado
precisa investir, e não reduzir seu tamanho, como prega o governo interino e sua
política neoliberal. Aponta ainda a necessidade de reduzir a taxa de juro Selic;
rever a política de isenções fiscais para setores econômicos e famílias de alta
renda, que retira R$ 280 bi todos os anos dos cofres públicos; combater a
sonegação de impostos que atinge 13,4% do PIB nacional, entre outros pontos.

Cartilha Previdência.pdf by Conceição Lemes


In
VIOMUNDO
http://www.viomundo.com.br/denuncias/desconstroi-todas-as-mentiras-do-governo-temer-para-alterar-a-previdencia-e-tungar-seus-direitos.html
18/7/2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário