quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Um livro de Lenine que fala de hoje… e de amanhã



 Georges Gastaud

Escrito em 1916, há cerca de cem anos, o estudo magistral de Lenine intitulado O
Imperialismo, estado superior do capitalismo, continua de uma actualidade
extraordinária. O imperialismo tornou-se tão reaccionário, não só no plano
militar, como nos planos económico, político, ambiental, cultural que é
incompatível a médio, ou mesmo a curto prazo, com a sobrevivência da
civilização, e até com a sobrevivência da humanidade.


Escrito em 1916, há cerca de cem anos, o estudo magistral de Lenine intitulado O
Imperialismo, estado superior do capitalismo, continua de uma actualidade
extraordinária.
 
1.   Ver claro os carteis hiper-imperialistas
Ao relê-lo ficamos siderados pela visão superior do autor que, unindo a teoria à
prática, levaria em breve ao sucesso a primeira Revolução proletária da história
à escala de um grande país. Nesta brochura surgida em plena guerra mundial,
Lenine não se contenta em refutar as concepções ditas «hiper-imperialistas»
caras aos tenores da Segunda Internacional (os Kautsky e outros Hilferding
vaticinavam sem rir a extinção próxima das guerras imperialistas… enquanto os
operários socialistas, russos, alemães, ingleses, se matavam nas trincheiras ao
apelo dos respectivos partidos!). Esses teóricos falhados mascaravam assim nos
seus «discursos sapientíssimos» as contradições explosivas inerentes às quais o
estado monopolista do modo de produção capitalista tinha chegado desde o fim do
século 19. Lenine provou o inverso: o capitalismo moderno não marcha para a
ultrapassagem      espontânea das suas contradições pela colocação de um dos
vários Estados capitalistas mundiais ou continentais que sem cessar de explorar
os trabalhadores, se tornava  pelo menos em factor de paz e equilíbrio
geopolítico. Pelo contrário, afirma Lenine, as contradições inter-imperialistas
só podem agudizar-se: nesse ponto, Lenine concordava com Jean Jaurés quando este
último, assassinado dois anos mais tarde por um partidário da guerra
imperialista, declarou que «o capitalismo traz em si a guerra como a nuvem de
tempestade traz o raio».
 
Com efeito, os acordos do género «hiper-imperialista» pelos quais os Estados
capitalistas podem transitoriamente associar-se só podem ser muito instáveis. O
capitalismo é efectivamente marcado por um desenvolvimento desigual,
profundamente dissonante e desequilibrado, pretensos «Estados associados»; pela
sua natureza exploradora, estes não podem ter como fim a paz e a cooperação
internacional mas apenas a predação no interior e no exterior das suas próprias
fronteiras; agravamento da exploração dos trabalhadores pelas burguesias
coligadas de países diversos, pilhagem dos Estados mais fracos pelos Estados
mais fortes (ingénuos partidários da «Europa social», não vos lembra nada?),
ameaças militares, ingerência e invasão (bem entendido claro está em nome da
«civilização») contra os Estados que não fazem parte do cartel…
Pois o fim incessante desses acordos inter-estados transitórios entre máfias
capitalistas é a partilha incessante do mundo no quadro da caça ao lucro máximo,
da exportação dos capitais e da extorsão colonial (que se tornou hoje,
essencialmente, neocolonial) do surplus arrancado aos trabalhadores do «Oriente» 
sobre-explorados hoje, do Sul e do Leste, enquanto as forças produtivas dos
países dominadores são desmanteladas e/ou desviadas para o «parasitismo
económico». Passando assim tanto por tais carteis «hiper-imperialistas» como
pelas fases de confrontação inter-estados directa, o objectivo de classe dos
oligarcas imperialistas é sempre aumentar a rentabilidade dos investimentos
capitalistas e também o beneficio secundário não negligenciável para as
burguesias dominantes terem meios de «comprar» e «corromper» as camadas
superiores do salário, «institucionalizá-las» como diríamos hoje. Em particular,
o sobrelucro imperialista arrancado aos trabalhadores dos países dominados serve
para comprar (muitas vezes de maneira indirecta…) uma parte dos dirigentes
sindicais e dos eleitos «socialistas» dos países dominantes. Assim, a oligarquia
e o Estado imperialista que a serve asseguram-se de neutralizar o movimento
operário organizado: uma parte do «tributo» imperialista é assim prevalente
pelos capitalistas sobre o seu saque neocolonial serve para «irrigar» de mil
maneiras o que Lenine chama sarcasticamente os «tenentes trabalhadores da classe
capitalista», o mesmo acontecendo mais do que nunca nos nossos dias, tal é a
base material, «social-imperialista»  (ou seja «socialista em palavras,
imperialista na pratica») e contra-revolucionaria de uma social democracia que
passa normalmente do vermelho ao amarelo passando pelo rosa vivo: é hoje a
grande tentação de muitos dos «cães de Berger» do capital que se ajoelham
perante os pormenores do MEDEF e da CES pró-Maastricht.
Consequentemente, Lenine mostra que a luta anti-imperialista coincide com a luta
anti-oportunista e anti-revisionista já que essa gangrena do movimento
proletário se ancorava nas prebendas imperialistas aceites em certos
estados-maiores cuja missão pouco e pseudo-«internacionalista» é de paralisar as
organizações operárias mantendo os carteis imperialistas apresentados como
potencialmente «sociais, democráticos e pacíficos».
 
II Desmascarar a palavra de ordem dos Estados unidos «socialistas» da Europa
 
 Não nos admiramos que nestas condições, Lenine tenha visto na mesma época o
significado de classe real dos «Estados Unidos da Europa», ou da sua variante
trotskista, os Estados Unidos «socialistas» da Europa. Tratando-se dessa palavra
de ordem, no verdadeiro sentido de hiper-imperialista, Lenine afirmava então que
era tanto inútil como de uso duplo com a ideia da revolução socialista (do
entendimento entre os países já tornados socialistas ou em transição para o
socialismo), seja utopicamente (a paz, ou seja o acordo cordial durável e
impossível entre países capitalistas, cada um procura necessariamente devorar o
outro), seja francamente reaccionário pois voltado contra o conjunto das classes
trabalhadoras e também contra as nações mais fracas. Na mesma época Lenine,
polémico de resto contra Rosa Luxemburg - que na realidade se situa do mesmo
lado que os bolcheviques russos no ataque aos tenentes da guerra imperialista a
decorrer, mas que recusava o direito das nações (nomeadamente da sua Polónia
natal) a dispor de si mesmas: pelo contrário, na época imperialista onde o
desenvolvimento dos países é cada vez mais desigual e selvagem, é necessário
defender o direito das nações a formar o seu próprio Estado, a falar a sua
própria língua (ou seja separar-se da Rússia dos sovietes para formar a sua
própria República, sair para se federar depois da Rússia vermelha no quadro de
uma Federação soviética…) Embora seja necessário alargar a palavra de ordem de
Marx/Engels  «Proletários de todos os países uni-vos» associando a revolução
socialista à luta para a emancipação nacional dos povos dependentes:
«Proletários de todos os países, povos oprimidos do mundo uni-vos» tornar-se-ia
a palavra de ordem da internacional comunista nascente (o Komintern», para
retomar o acrónimo russo).
 
 É preciso ser cego até ao limite, como acontece hoje, não apenas aos
sociais-democratas do PS europeu, mas aos dirigentes «eurocomunistas» à Pierre
Laurent  (presidente do Partido da Esquerda Europeia),  da Confederação Europeia
dos Sindicatos, os partidos euro-trotskistas (Luta operária e o NPA
principalmente) e até alguns pseudo-«ML» que confundem nacionalismo e soberania
nacional, para não ver que as previsões de Lenine, total e sinistramente, se
concretizaram: consequentemente a subordinação ao principio, senão às
modalidades da «construção» europeia só poderiam levar à vassalização total do
movimento operário pela grande burguesia «europeia». Já a pretensa «Sociedade
das Nações» posterior à Primeira Guerra Mundial não fez mais que organizar a
repartição do mundo entre Estados imperialistas vencedores (cf. Acordos
Skyes-Picot que explodem hoje no rosto dos habitantes do Próximo Oriente), mas
também ela implodiu quando a corda ficou novamente tensa entre o imperialismo
alemão e o bloco anglo-americano. Quanto à «construção» europeia concebida
inicialmente por Monnet e Schumann como uma rampa anti-soviética arrimada à NATO
(esta «construção» foi fortemente acelerada pela contra-revolução no Leste) é
cada vez mais identificada pelos TRABALHADORES da Europa como o que
verdadeiramente é: uma prisão de povos triturando as aquisições sociais,
esmagando as soberanias nacionais, armando a Europa atlântica contra a Rússia,
associada aos Estados Unidos para submeter os povos do leste e do sul,
restaurando o seu negro esplendor ao imperialismo alemão. Enquanto os Estados
Unidos construíam o acordo «trans-pacífico» com o Japão revanchista e com a
ditadura sul-coreana para cercar os BRICS, principalmente a China e a Rússia,
desestabilizar a alternativa bolivariana das Américas, marginalizar as línguas e
as culturas nacionais que obstruem o «livre» comércio tal como o Tio Sam o
entende, e preparando a terceira repartição mundial dos pólos imperialistas
«transatlânticos» e «trans-pacíficos». Ver na construção europeia um espaço
possível para a «Europa social, democrática e pacífica», como o fazem o PS
europeu e os seus satélites eurocomunistas» e euro-trotskistas, negar a
possibilidade de cada país tentar sair da UE/NATO sem esperar pelos outros a fim
de empreender a construção do socialismo, isso só pode ser um logro
social-maastrichtiano, mesmo que tais slogans adocicados se dissimulem
normalmente por detrás de tiradas «antinacionalistas». Como a UE/NATO se
encontra numa escalada militar anti-russa que pode derrapar a qualquer instante
para a guerra mundial, os camaradas, incluindo os que militam no seio do
PCF-PGE, devem ver a tempo que o aparelho deste partido não é apenas, aquilo em
que se tornou depois quarenta anos de revisionismo (o abandono da ditadura do
proletariado data já de 1976!), um «partido reformista», mas - não obstante a
sua pequena envergadura eleitoral — uma peça importante do social-imperialismo
no movimento operário politico-sindical.
 
III Tendências exterministas do imperialismo contemporâneo
 
 Mas para lá dos aspectos estratégicos do texto de Lénine, é preciso apreender a
sua importância histórico-antropológica.
 
 Pois Lenine não se contenta em analisar o «momento actual»; tal como Hegel,
Marx ou Engels o fizeram antes dele, Lenine situa sempre as grandes etapas da
conjuntura na história geral da humanidade. E com efeito, se lermos bem esta
brochura, constatamos a alta consciência que Lenine tem do perigo maior, que o
estádio imperialista do capitalismo se torne uma ameaça terrível de regressão
absoluta, mesmo de destruição para a humanidade. Enquanto a primeira fase do
capitalismo analisada por Marx/Engels era ainda parcial e momentaneamente
progressista (como demonstra abertamente o Manifesto do Partido comunista), o
capitalismo «monopolista, agonizante e apodrecido» que é o imperialismo
caracteriza-se com efeito pela «reacção em toda a linha». Lenine tinha já sob o
olhar as terrificas devastações da Primeira Grande Guerra Mundial, que esmagou
literalmente uma geração de seres humanos. A Segunda Guerra mundial provocou,
como se sabe, a morte de cinquenta milhões de pessoas e concluiu-se com a
promessa de fazer ainda pior no futuro, porque é esse o significado de facto da
destruição gratuita de cidades alemãs desarmadas como Dresden ou o esmagamento
nuclear, sem a menor necessidade militar, senão a de ameaçar a URSS, de Hiroxima
e Nagasaki. Em resultado houve uma vertiginosa corrida aos armamentos em que
todas as etapas foram iniciadas pelos Estados Unidos (a URSS não parou de propor
a destruição de TODO o arsenal nuclear e de anunciar que, pelo seu lado,
renunciava a jamais usar a arma atómica em primeiro lugar, o que os Estados
Unidos nunca aceitaram assumir). Esta corrida aos armamentos imposta e levada «à
beira do abismo» tolheu largamente a construção do socialismo na URSS (mal saída
da invasão hitleriana que a privou de 30 milhões de cidadãos e da maioria
masculina da geração jovem, a URSS teve de consagrar uma parte maior dos seus
recursos a conter militarmente os Estados Unidos muito mais ricos, que saíram
economicamente mais fortes da guerra). Nos anos 80, é verdadeiramente a
humanidade que os imperialistas ocidentais conduzidos por Reagan e Thatcher,
seguidos por Mitterrand, justificados pelos pseudo-filosofos BHL e A.
Gklucksmann, tomaram por refém na sua chantagem nuclear anti-soviética. «Os
dirigentes soviéticos devem saber, explicava cruamente Nixon no Mito da paz, que
terão a guerra se não mudarem o seu sistema comunista». A reacção alemã reforça:
lieber tot, als rot! (antes mortos que vermelhos) ao mesmo tempo que Reagan
vaticinava reiteradamente em publico a iminência do Armagedon (A batalha bíblica
que precede o Juízo final e onde o «Império do Mal» e os «descrentes» são
vencidos pelos amigos de Deus). Quanto a Glucksmann, foi ao ponto de escrever em
plena crise dos euromísseis (1984): «prefiro sucumbir com o meu filho que eu amo
numa troca de tiros nucleares a imaginá-lo numa Sibéria planetária». É espantoso
como tantos analistas e mesmo marxistas não digam, sobre o processo
contra-revolucionário de Leste, uma palavra sobre a enorme chantagem
exterminista que pesou  de um modo terrível sobre a Rússia pós-Brejnev (em
dificuldades, ninguém nega) e que muito auxiliou o social-pacifista, ou melhor,
o neo-munique e super-capitulacionista Gorbatchev, a tomar o comando no seio do
PCUS tetanizado pelo espectro da guerra nuclear mundial. Como é escandaloso que
tantos «teóricos» actuais, mesmo alguns que se dizem marxistas,  e mesmo
leninistas, não tomem em linha de conta este carácter exterminista do
capitalismo imperialista contemporâneo. Este tornou-se tão reaccionário, não só
no plano militar, como nos planos económico, político (fascização, redução da
democracia burguesa a uma pura mascarada de «escolhas» fraudulentas) ambiental,
cultural (mercantilização galopante de todos os aspectos da vida social) que é
incompatível a médio, ou mesmo a curto prazo, com a sobrevivência da
civilização, e até com a sobrevivência da humanidade. Tudo isso Fidel já tinha
visto e transparece no ultimo discurso do velho sábio da revolução  perante o
congresso do PC de Cuba. Tudo isto já Engels, e depois Rosa, tinham anunciado
quando colocaram o problema «socialismo ou barbárie» no decurso dos séculos XIX
e XX.
 
 Consequentemente a presente critica de exterminismo imperialista justifica mais
do que nunca um slogan cubano, que para além do seu apelo entusiasta ao heroísmo
revolucionário comporta um significado simultaneamente patriótico e
anti-exterminista. «Pátria ou morte, socialismo ou morrer» Pois se a humanidade
não conseguir liquidar o capitalismo e construir o socialismo no século XXI,
então sim, tendo o capitalismo há muito tempo atingido a sua fase supremamente
senil, o imperialismo, e sendo o exterminismo a quinta-essência deste último
(num imenso «aprés moi le déluge», depois de mim o dilúvio», o lucro total
máximo über alles!), o capitalismo terá feito tudo para eliminar a humanidade, e
talvez mesmo a vida, da superfície do globo.
 
IV Combater o parasitismo financeiro, defender as forças produtivas
 
 Uma ultima palavra para sublinhar a modernidade económica fulgurante do texto
de Lenine que faz parecer muito «petit-bras» uma quantidade de obras «modernas»
deplorando sem explicações o «declínio» dos países «industrializados», com a
França à cabeça. Apoiando-se principalmente nos estudos do economista inglês
Hobson, Lenine mostrava que para a maioria dos países ocidentais, a economia
produtiva — industria, agricultura… — seria cada vez mais eliminada em proveito
de actividades parasitárias, financeiras. Além disso, como Hobson afirmava,
«grandes partes da Europa ocidental assemelhar-se-iam à Suíça ou à Riviera» de
modo que os «principais ramos de produção desapareceriam», que a «produção
material fluiria do Oriente como um tributo», que apenas seriam mantidas no
Ocidente as actividades industriais estratégicas que permitem o domínio
neocolonial e que emergiria finalmente um «enorme perigo de parasitismo
ocidental». Os habitantes dos países imperialistas e uma massa de proprietários
desclassificados e transformados em plebe arriscam então embater duramente
contra a humanidade produtiva mas escravizada: esse isolamento crescente do
«Ocidente» só poderá tornar cada vez mais agressivos esses países
automarginalizados pois cortados do Esforço mundial para produzir os seus meios
de subsistência que são, até nova ordem, a base da vida humana. Por isso quando
os militantes verdadeiramente comunistas do PRCF foram os primeiros a relançar a
batalha de «produzir em França» que o PCF euro-entontecido de R. Hue tinha
abandonado, quando denunciaram a transformação programada da França numa
plataforma logística desindustrializada completamente entregue à finança e ao
turismo cumpriram o seu triplo dever de patriotas (não numa «união sagrada» com
a sua burguesia, como tristemente o fez Guesde em 14, mas contra o patronato
«francês» deslocalizador), de defensores dos trabalhadores assalariados
produtivos e de amigos inquebrantáveis do direito à vida.
 
V A analise leninista do imperialismo, um antídoto contra o sectarismo e o
oportunismo
 
 Mas O imperialismo, estado supremo do capitalismo não se contenta em acumular
más notícias. Lenine insiste no facto de que o «capitalismo monopolista é a
antecâmara do socialismo» já que socializa, concentra e organiza a produção,
privatizando ao máximo a concentração das riquezas: um antagonismo notório que
só pode ter como consequência a alternativa: revolução proletária ou… repetidas
guerras mundiais.
 
 Isso não significa que a partir daí os comunistas não tivessem senão que
aguardar febrilmente a «luta final»: pelo contrário, devem estar à cabeça de
todas as lutas, de todas as frentes populares, pela independência nacional, pela
paz, pela igualdade homem-mulher, pela democracia (na nossa época acrescentemos:
pelo ambiente!) de maneira a orientar essas lutas contra a oligarquia
parasitária, a isolar ao máximo esta última e a abrir assim na pratica o caminho
à revolução socialista. Na nossa época, não poderão existir longas etapas entre
capitalismo e socialismo e esta constatação desagua politicamente na conclusão,
não de que os comunistas se deveriam desdenhosamente retirar dos combates
considerados «sectoriais» que respeitam à sobrevivência quotidiana da classe
trabalhadora, das nações atabafadas, das liberdades democráticas e da paz. O
leninismo não é nem a convergência amorfa a reboque da social-democracia, tipo
«união das duas esquerdas» (como desejava ardentemente o europeísta Chassagne),
nem o inverso: a proposta trotskizante do «poder operário já, senão nada!», que
só pode isolar o proletariado enviando-o para o matadouro.
 
 Pelo contrário, a aliança de trabalhadores e camponeses pela paz, pela
democracia soviética e pela nacionalização das terras, permitiu a vitória dos
bolcheviques sobre a reacção mundial coligada arrastando milhões de cidadãos
russos na luta pelo socialismo. Nem isoladamente sectário e dogmático, nem
dissolução num bloco pequeno-burguês, o leninismo mostra o caminho para uma
grande aliança antimonopolista conduzida pela classe operária.
 Uma aliança cujo termo progressista só pode ser a revolução proletária
realizada sobre as bases mais vastas possíveis. Pois a derrota do imperialismo é
necessária não apenas para emancipar a nossa classe, mas para que, sob a égide
da classe operária na ofensiva, a humanidade possa continuar a sua rota difícil
para o progresso obstruída nos nossos dias. Uma estrada provisoriamente
obstruída por um capitalismo cada vez mais bárbaro, fascizante e desumanizante.
12 Outubro de 2016
Tradução: Manuela Antunes
In
O DIARIO.INFO
http://www.odiario.info/um-livro-de-lenine-que-fala/
22/11/2016

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