quarta-feira, 3 de julho de 2019

"O que aprendemos com o Maio de 68?"




*por Makis Papadopoulos [*]

Fábrica ocupada, 1968. Talvez alguns se perguntem por que estamos a
discutir esse assunto hoje, cinquenta anos depois de Maio de 68.
Certamente não o fazemos por nostalgia. Felizmente para nós, *ao
contrário do SYRIZA e de algumas correntes oportunistas * , o evento de
hoje do KNE é participado principalmente por jovens, estudantes
universitários, e não apenas por algumas pessoas de meia-idade que têm
uma lembrança experiencial dos eventos ou discussões relativas às
últimas décadas através de reuniões na universidade.

Estamos a discutir Maio de 1968 não só para revelar os mitos da
propaganda burguesa que querem encobrir a realidade, os mitos que negam
o papel condutor da classe trabalhadora, da CGT e do PCF nas lutas,
enquanto ao mesmo tempo de modo provocador *colocam a responsabilidade
política exclusiva pela rápido declínio do movimento apenas sobre eles.
* Os mitos burgueses que persistentemente apresentam aventureiros
anti-comunistas proeminentes como Cohn-Bendit como genuínos
revolucionários e apresentam Maio como uma mera revolta de estudantes.

Estamos a discutir Maio de 1968 porque o exame autocrítico da
experiência positiva e dos erros, das fraquezas do movimento comunista
internacional tornam-nos *mais fortes nos dias de hoje, * a fim de não
repetir os mesmos erros, de acelerar o futuro, com a abolição da
exploração do homem pelo homem e o socialismo.

No entanto, a fim de entender as causas dos acontecimentos de Maio de
1968, como em qualquer outro evento histórico, precisamos esclarecer a
relação entre economia e política, devemos entender o contexto económico
dos acontecimentos. É claro que há a dimensão internacional da ascensão
do movimento, por exemplo, o movimento nos EUA contra a Guerra do
Vietname nos anos 60, mas hoje nos limitaremos à França.

Este ano é o bicentenário do nascimento de Marx, que observou em seu
trabalho " ;O 18º Brumário de Luís Bonaparte" ;, que o *povo escreve a
sua própria história, * mas não a escreve arbitrariamente em condições
livres escolhidas por si próprio, mas sob as condições objectivas em que
se encontra, ou seja, as relações de produção em cada período dado.

Assim, para entender os desenvolvimentos, vamos dar uma breve olhadela à
evolução da economia capitalista na França neste momento.

*O desenvolvimento da economia capitalista francesa *

Após a Segunda Guerra Mundial, foi implementado em França um Plano
Estatal de Modernização e Infraestrutura elaborado por Jean Monnet, com
o financiamento de uma parte do investimento pelo Plano Marshall
americano. Depois de 1954, a *taxa de crescimento * da produção
industrial francesa atingiu 9-10% ao ano. Os ramos modernos da produção
de energia nuclear, aeroespacial, electrónica ganharam muito dinamismo
em comparação com outras poderosas economias capitalistas europeias. Em
1968, não havia crise capitalista em França. Em contraste, entre 1969 e
1973, a França teve a segunda maior taxa de crescimento depois do Japão.

A burguesia francesa procurava naturalmente *melhorar seu papel de
potência imperialista no território europeu. * Este objectivo tornou-se
mais imperioso, pois depois de 1960 perdera de imediato a soberania
política nas suas 15 colónias, especialmente em África.

À medida que a correlação de forças mudava, o general De Gaulle, que
representava a maior independência do imperialismo francês,
distanciava-se em certa medida das opções dos EUA.

Em 1966, a França retirou-se da *secção militar e da estrutura
organizacional * da NATO. Foi criada uma rede francesa de enriquecimento
de urânio para a produção interna de armas nucleares.

Depois de 1963, o governo restringiu os investimentos estrangeiros em
sectores estratégicos da economia francesa. Foi lançado um ataque contra
a soberania do dólar. De Gaulle falou no período da guerra-fria de uma
"Europa do Atlântico aos Urais". Ele criticou a intervenção dos EUA no
Vietname, falando a Phnom Penh em Setembro de 1966, enquanto visitava a
União Soviética no mesmo ano e reconhecia a República Popular da China.

No processo de estabelecimento e evolução da CEE, De Gaulle contrapôs a
" ;Europa dos Estados" ; às propostas em favor de instituições
supranacionais e de uma política externa e de defesa comum europeia. Ele
vetou a adesão da Grã-Bretanha em 1963, que considerava o "cavalo de
Tróia" dos Estados Unidos. Ele tentou construir o eixo franco-alemão e
assinou com o chanceler Adenauer uma convenção franco-alemã de reuniões
periódicas.

*Controvérsia EUA-De Gaulle *

Depois do que mencionamos, todos entendemos por que houve uma reacção
americana à política de De Gaulle e por que as contradições
intra-burguesas em França foram intensificadas. A actividade
independente e multifacetada do pós-guerra na França por parte dos EUA,
em cooperação com a maior parte das forças pró-atlântistas da burguesia
francesa não se limitava apenas a restringir a influência do PCF e ao
cultivo do anticomunismo, mas incluía também, ao longo do tempo, uma
forma de pressão burguesa e de enfraquecimento da dominância política de
De Gaulle.

Nos primeiros anos do pós-guerra, ela se concentrou no objectivo da
expulsão do PCF do governo de unidade nacional e da contracção da sua
influência na classe trabalhadora. Apesar de sua linha reformista, a
forte influência do PCF era considerada *um obstáculo à ampliação do *
anti-sovietismo pelos serviços americanos e como um risco potencial para
a estabilidade do sistema, caso o partido corrigisse sua linha e
adquirisse uma estratégia e actividade revolucionárias.

O PCF recebeu 29% dos votos nas eleições nacionais de 1946, /L'Humanité
/ era o jornal com mais leitores e o director do CIG (antecessor da
CIA), Hoyt Vandenberg, advertiu que se o partido quisesse poderia tomar
o poder.

A intervenção anticomunista dos EUA no pós-guerra incluiu vários planos
e redes de agentes secretos, alguns dos quais foram revelados por
políticos burgueses franceses no contexto de contradições
intra-burguesas. O Plano Azul para impedir a criação de uma França
vermelha tornou-se conhecido. A rede anticomunista francesa, com o nome
de código de "Rosa dos Ventos" foi estabelecida, com o símbolo da
Aliança Atlântica, liderada por François de Grossouvre que viria a ser
assessor especial do presidente socialista Mitterrand,.

A CIA apoiou a criação e a actividade da central sindical divisionista e
anticomunista Force Ouvrière, a qual tentava limitar a grande influência
da confederação dos trabalhadores vermelhos, a CGT.

A CIA também apoiou a acção da Organização do Exército Secreto (OAS), a
qual organizou um golpe contra De Gaulle. Procurando manter o jugo
colonial sobre a Argélia, bem como assassinatos tais como o presidente
da municipalidade de Evian que apoiava De Gaulle e uma tentativa de
matar o próprio De Gaulle.

Durante o período anterior a Maio de 1968, de acordo com um relatório do
Parlamento francês muitos anos depois, dezenas de milhares de membros
foram recrutados para o /Serviço de Acção Cívica, / o qual participou
desta guerra encoberta de serviços secretos.

Também digno de nota é o apoio de políticos social-democratas
pró-atlantistas por grupos de estudantes anti-autoritários e
oportunistas, como Pierre Mendès France, que foi calorosamente saudado
pela assembleia anti-governamental em 27 de Maio de 1968 no Estádio
Charléty.

O grupo de Cohn-Bendit, incluindo as tendências maoísta, trotskista e
anti-autoritária, visava tanto o governo De Gaulle como o PCF e na
prática facilitou o acesso ao governo da social-democracia atlantista
francesa.

Mesmo militantes não-comunistas de Maio de 68, como Guy Hocquenghem,
nomearam importantes protagonistas da época, tais como Bernard Kouchner
e Serge July, como órgãos de uma pseudo-esquerda pró-americana.

Tendo visto o que estava a acontecer no campo burguês, vamos agora ver
quais foram as consequências desses desdobramentos sobre a classe
trabalhadora, os estudantes, a juventude.

*Necessidades contemporâneas insatisfeitas *

No período específico de 1968, não tivemos uma rápida deterioração, *um
aumento acentuado da miséria absoluta * da classe trabalhadora em
relação aos anos anteriores, nem se desencadeou uma crise capitalista
profunda.

Então, o que temos nós? Na década de 1960, a tendência da *pauperização
relativa * da classe trabalhadora foi fortalecida em relação à riqueza
produzida, que a burguesia, os grandes accionistas dos grupos
monopolistas, desfrutavam. Os trabalhadores viam empiricamente *uma
distância crescente entre as suas necessidades modernas * e o seu poder
de compra.

Na nossa época, a classe trabalhadora já não pode mais contentar-se em
satisfazer apenas necessidades básicas, como vestuário e alimentação
diária. Ela se preocupa *com a necessidade de mais tempo de lazer, *
conteúdo criativo de trabalho, *erradicação da insegurança quanto ao
futuro, * a educação real dos seus filhos, a melhoria da protecção à saúde.

Ainda que não compreendesse o mecanismo da exploração capitalista e não
estudasse o marxismo em massa, ela *experimentava mais intensamente a
contradição entre a socialização do trabalho * em centrais nucleares,
indústria automobilística, fábricas modernas e a *apropriação * dos
resultados da produção pelo grande capital.

Era agora mais educada e qualificada do que nas primeiras décadas do
século XX. Ela podia objectivamente reflectir mais sobre *quem *
determina o ritmo do trabalho, *quem * decide sobre investimentos e
prioridades. Desde que a vanguarda revolucionária a orientasse nesta
direcção.

Os empregados estavam preocupados com o *aumento do desemprego em massa,
* particularmente entre os jovens, que havia aumentado de 200 mil em
1964 para 300 mil em 1967 e a eclosão de uma crise de certos sectores,
como os estaleiros navais de Nantes e St Nazaire. Eles experimentavam as
primeiras medidas para limitar os direitos trabalhistas e de segurança
social com o Plano de Estabilização de De Gaulle que, entre outras
coisas, elevava as contribuições para a segurança social e retirava os
fundos da mesma do controle dos sindicatos.

O estrato inferior da classe trabalhadora, isto é, um milhão e meio de
trabalhadores, recebia o *salário mínimo * (apenas 400 francos por mês),
o qual não chegava para uma sobrevivência decente, a menos que
trabalhassem muito tempo extra todas as semanas.

Onde a falta de satisfação das necessidades modernas emergiu com
particular acuidade *foi nas universidades. * As necessidades de
expandir a reprodução do capital após a guerra *aumentaram a exigências
* por mão-de-obra científica qualificada. A investigação e o
conhecimento científico estavam a tornar-se cada vez mais generalizados
na produção para benefício da lucratividade capitalista.

Assim, na década de 1960, temos o *aumento espetacular * da entrada de
estudantes nas universidades. Isto muda a composição dos estudantes em
termos de *origem de classe * , mas principalmente diferencia sua
*perspectiva de classe. O risco de desemprego * e de trabalho
assalariado mal pago surge pela primeira vez. Por outras palavras, a
tendência da proletarização aparece.

Ao mesmo tempo, a infraestrutura, laboratórios, edifícios, professores
não são adequados para os estudantes. As barreiras de classe na educação
estão a tornar-se mais intensas. Uma série de anacronismos, como a
autoridade do professor e a separação dos átrios estudantis naqueles
para homens e naqueles para mulheres, eram agora considerados
inaceitáveis. Discussões sobre opressão sexual e igualdade das mulheres
foram abertas.

Dentro deste clima, uma faísca, como a *Lei do Ministério da Educação, *
que dizia respeito a barreiras de exame e mecanismos de separação para
futuros estudantes, foi suficiente para desencadear as primeiras
mobilizações estudantis *no final de Abril. * Assim, a questão das
necessidades modernas insatisfeitas desencadeou um clima de um desafio
geral difuso, e algumas lutas estalaram. A questão é como o PC enfrentou
a situação.

*A fraqueza política do PCF *

O PCF tinha *fortes laços com a classe trabalhadora * e grande
influência política no movimento sindical. Em ocupações de fábricas, em
lutas trabalhistas, na grande greve geral de 10 milhões que deu peso
político real a Maio de 68, onde as forças sindicais do PCF através da
CGT estavam na liderança.

Só após a gigantesca manifestação política do PCF em 29 de Maio de 1968
é que De Gaulle ficou realmente alarmado com a possibilidade de uma
escalada da luta de classes e da ocupação do Palácio Presidencial devido
à dinâmica das lutas, embora os slogans fossem limitados ao objectivo de
uma mudança no governo.

De Gaulle em 30 de Maio acusou o PCF de tramar contra a legalidade
civil, a fim de pressioná-lo na direcção da desescalada das lutas
trabalhistas e do compromisso. Foi só depois das aparições dinâmicas do
partido que ele ameaçou escolher "outro caminho para além do voto
directo", isto é, medidas de repressão de emergência.

Infelizmente as coisas não foram tão difíceis para a burguesia. O clima
de um desafio geral difuso nunca foi suficiente para levar a um ataque
planeado e organizado da classe trabalhadora pelo poder, nem para que o
movimento trabalhista formasse as alianças sociais apropriadas.

O PCF no período do pós-guerra até 1968 estava *recuando cada vez mais
da estratégia revolucionária * e, finalmente, acabou por seguir a linha
da capitulação aberta do eurocomunismo. Não nos preocuparemos hoje em
profundidade desta questão, a qual está enraizada em contradições e
considerações erradas na elaboração da estratégia da Internacional
Comunista anterior à guerra.

O que é importante entender é *o impacto negativo decisivo da linha
reformista, as ilusões acerca de uma transição parlamentar para o
socialismo, * com um governo de cooperação de sociais-democratas e
comunistas. Esta estratégia levou o PCF *a alinhar-se frequentemente
como um pêndulo nas contradições intra-burguesas em França * entre os
burgueses pró-atlantistas e os apoiantes de De Gaulle.

O tempo não permite uma apresentação pormenorizada deste rumo de desvio
oportunista e de negação das leis da revolução socialista. No entanto,
vale a pena mencionar brevemente seus pontos-chave:

O PCF participou do governo de unidade nacional de 1846, o qual tinha
como objectivo a reconstrução capitalista da França. Por esta opção, foi
criticado pela Cominform em 1947.

Após o seu afastamento pelo governo, com o comprovado envolvimento dos
Estados Unidos neste desenvolvimento, ele voltou o seu fogo no 12º
Congresso (1950) somente contra a influência americana, absolvendo na
prática a burguesia francesa.

Depois do 20º Congresso do PCUS em 1956, emergiu a meta da unidade de
acção com a social-democracia, na qual, entre outras coisas, se encontra
a maioria dos políticos burgueses pró-atlântistas. Foi proclamado que a
*passagem revolucionária violenta * ao socialismo não é obrigatória e
que *agora é possível impedir as guerras imperialistas devido a uma
mudança na correlação internacional de forças. *

Após o golpe militar na Argélia, e no referendo de 1958, onde De Gaulle
pediu a concentração de muitos poderes como Presidente da República, bem
como a dissolução da Assembleia Nacional, o PCF agora especificamente
*mencionou o objectivo de cooperação governamental entre
social-democratas e comunistas * com um programa conjunto que enfoca a
nacionalização de certos monopólios, o fortalecimento de sectores
modernos da produção capitalista, a redução do desemprego, a reforma
educacional.

Isto cultivou a ilusão de que pode haver uma *gestão pró-povo * das
necessidades modernas da sociedade, do estado burguês dos capitalistas,
com a mudança de governo. Cultivou a ilusão da passagem parlamentar para
o socialismo. Nublou a oposição dos trabalhadores ao falar apenas acerca
das secções mais reactivas da burguesia francesa que apoiam as ambições
de De Gaulle de impor uma ditadura militar. Nublou *o papel da
democracia burguesa * como a principal forma de ditadura da capital.

Nas eleições presidenciais de 1966 o PCF apoiou a candidatura conjunta
de François Mitterrand, que estava comprometido com a aliança
euro-atlântica. Nas eleições parlamentares de 1967, o PCF concordou com
o socialista sobre um sistema de retiradas mútuas em que o candidato do
partido que recebesse menos votos no primeiro turno, retirava-se do
segundo turno em favor do candidato do partido com mais votos.

No 17º Congresso do PCF, o secretário-geral Maurice Thorez chegou a
referir-se ao objectivo *da unidade do partido socialista e comunista. *
Em 1968, foi formulado o *acordo francês de Champigny * para a
cooperação socialista-comunista, onde a nacionalização e a ampliação da
democracia burguesa foram confirmadas como termos básicos. Vale notar
que durante o período de 1962 a 1968, Mitterand sistematicamente evitou
comprometer-se com a participação do PCF no governo se ele vencesse as
eleições. Após o estalar da contra-revolução na Checoslováquia,
Mitterand falou na necessidade de uma nova aliança política de "
;socialismo e liberdade" ; com uma clara orientação anti-soviética. Em
essência, ele pressionou o PCF a distanciar-se mais abertamente do PCUS.

Portanto, diante da explosão de necessidades sociais insatisfeitas de
hoje, que alimentaram a corrente dos desafios desfocados de Maio de
1968, o PCF não foi mais capaz de formar uma linha revolucionária que,
por um lado *iluminasse a necessidade e a oportunidade histórica do
socialismo. * Por outro lado, contribuísse para a escalada das lutas
trabalhistas e para o aprofundamento da sua direcção anticapitalista.

*Acordo de Grenelle *

Se bem que as necessidades modernas pelo direito ao trabalho, *por mais
tempo de lazer, * pelo conteúdo criativo do trabalho, pela utilização
eficaz da força científica do homem como força produtiva para a
prosperidade social, iluminasse a *necessidade de erradicar o caminho do
crescimento baseado no lucro capitalista, * o PCF restringiu a
militância e o dinamismo do movimento do trabalho a um quadro económico
de lutas respeitantes ao crescimento salarial, à redução da idade de
reforma, às 40 horas de trabalho por semana.

Estes objectivos económicos não são sequer declaradamente vinculados à
necessidade de um conflito total com o poder do capital, da NATO e da CEE.

O único objectivo político *era a renúncia do governo De Gaulle * e a
emergência do chamado governo popular.

Para o governo burguês, era fácil lidar com essa linha reformista
sugerindo *os Acordos de Grenelle * entre o governo e os sindicatos
sobre reivindicações financeiras e pedindo *eleições * alguns dias
depois de assiná-los.

No Acordo de Grenelle de 27 de Maio, o governo burguês fez concessões
significativas face às reivindicações económicas da CGT. Aceitou um
aumento do salário mínimo de 35%, a redução da idade de reforma para
limitar o dinamismo político da escalada de lutas dos trabalhadores. Os
trabalhadores nas fábricas sob ocupação não aceitaram o acordo
imediatamente ou sem reservas. Em certos casos, um descontentamento
intenso foi expresso. No entanto, na primeira semana de Junho, a
produção industrial recomeçou.

*Os pregadores " ;libertários" ; do liberalismo *

A incapacidade do PCF de se exprimir de um modo militante, com um
programa radical de luta com uma linha anticapitalista para atender às
necessidades sociais modernas, também contribuiu *para o surgimento de
conceitos burgueses e pequeno-burgueses, os quais por sua vez ajudaram
no surgimento de uma movimento anti-comunista em massa e no desarmamento
do movimento dos trabalhadores. *

Marcuse, por exemplo, condenou *as exigências da classe trabalhadora
pelo atendimento de algumas das suas necessidades materiais modernas * ,
como adquirir electrodomésticos modernos e um carro, como *responsáveis
* por sua alienação. Assim, ele inculpou a classe trabalhadora e
obscureceu o facto de que o sistema capitalista é responsável por
alienar o trabalhador do produto de seu trabalho, da sua própria
actividade de trabalho, das outras pessoas e do meio ambiente.

Mas é o capitalismo que impõe o lucro capitalista como o objectivo do
trabalho e não o produto específico ou o serviço particular produzido
pelos trabalhadores. É o capitalismo que afecta a consciência de classe
da classe trabalhadora, a qual modela padrões de consumo específicos,
transformando tudo em mercadoria, desde a água até a saúde e a educação
das crianças. É o capitalismo que leva muitos trabalhadores a *competir
* para garantir um emprego temporário *dentro da selva do mercado
capitalista. *

Esta situação não foi criada pelo desenvolvimento da indústria e da
tecnologia em geral, mas pela *relação de exploração do homem pelo
homem, * as relações capitalistas de produção.

Não discutiremos a multiplicidade de correntes pequeno-burguesas e
burguesas que influenciaram primariamente as fileiras do movimento
estudantil em Maio de 1968. Para muitos deles, como os *situacionistas,
* os existencialistas, os neo-freudianos, os chamados anti-autoritários,
vamos fazer uma breve referência na intervenção do camarada Loukas que
se segue.

Contudo, precisamos apontar as consequências políticas da *"linha
libertária" * que glorificou os direitos individuais contra qualquer
opressão social. Essa linha não era *apenas inócua * para o sistema
capitalista, também era *útil * para a nova ofensiva do capital.
Marxistas franceses daquele tempo (Michel Clouscard) falavam
correctamente do " *liberalismo libertário". *

Os slogans anarquistas "é proibido proibir" e "qualquer tipo de poder
corrompe" *obscureceram o objectivo estratégico de derrubar o poder do
capital * e desarmou o movimento, *porque é imperioso banir a
propriedade privada * sobre os meios de produção a fim de abolir a
exploração do homem pelo homem e o desemprego.

A reivindicação difusa e generalizada de *menos burocracia governamental
* e *mais liberdade * tornou-se a bandeira da política burguesa liberal,
a qual, naturalmente, foi aplicada por poderosos estados burgueses –
junto com o anticomunismo, uma vez que compara o estado burguês ao
estado com os trabalhadores no poder.

A glorificação do individualismo em oposição à *sociedade opressiva em
geral * tornou-se o pano de fundo da campanha americana que falava
acerca de *direitos humanos * a serem espezinhados nos países
socialistas, a qual evoluiu para a promoção contemporânea *da prioridade
e protecção dos direitos individuais * em relação aos direitos e deveres
sociais. É uma linha política profundamente reaccionária que classifica
qualquer escolha que prefira o interesse da sociedade como forma de
opressão social. Esta linha política oprime e sufoca os direitos dos
milhões explorados no capitalismo.

Se aceitarmos e ampliarmos estas posições, dentro de poucos anos
estaremos a discutir acerca da protecção dos *direitos individuais * do
estuprador, do pedófilo, do traficante de drogas. E, é claro, esta
posição considera sagrado e inviolável o *direito à propriedade privada
dos meios de produção. *

O mito individualista do direito à subjectividade, ou seja, que todos
são primariamente responsáveis por si mesmos, foi explorado depois de
Maio de 1968 pela organização capitalista do trabalho. Novas formas de
organização *com o manto da participação activa e da liberalização da
iniciativa de cada funcionário * aumentaram a competição entre os
trabalhadores e a intensificação do trabalho. Eles se concentraram na
*responsabilidade individual * de cada trabalhador para aumentar a
lucratividade da empresa.

*O verdadeiro papel dos grupos trotskistas *

O Movimento de 22 de Março era tão inofensivo para o sistema que o
próprio Cohn-Bendit, um estudante de Sociologia, disse então que *não
tinha um programa definitivo, nem hierarquia, nem estrutura. * Os
estudantes que seguiam esta linha gritavam " ;abaixo a repressão" ; e "
;imaginação ao poder" ;, essencialmente *deixando o poder burguês
incólume, * permitindo ao estado burguês *organizar a exploração e a
repressão do povo. * Além disso, Cohn-Bendit havia mencionado em várias
ocasiões seu próprio anticomunismo convicto.

Este movimento condenou o governo de De Gaulle e o PCF em geral,
deixando sistematicamente intacta a social-democracia francesa
pró-atlantista. A vaga de slogans " ;libertários" ; que foram lançados
serviu na prática o objectivo de mudar o governo.

Esta presença aventureira inicialmente apoiou *o grupo trotsquista
básico * que fora expulso da organização juvenil do PCF França, a qual
emergiu como a Juventude Comunista Revolucionária com Alain Krivine como
seu *líder. *

Eles já tinham manifestado sua simpatia pelas forças
contra-revolucionárias na Polónia e principalmente na Hungria em 1956.
Recusando a possibilidade de *construir o socialismo * num país como a
França, eles adiavam o fomento da revolução socialista para o futuro
distante. O programa transicional de luta que eles propuseram
*concentrou-se na criação da organização do controle dos trabalhadores
no território do capitalismo.
*
As suas críticas ao PCF concentraram-se no facto de que ele subestimava
e não incentivava *a acção espontânea dos trabalhadores * e as formas
militantes de luta. Ernest Mandel, seu teórico, avaliando o Maio de
1968, escreveu que a experiência mostrava *que, mesmo quando a vanguarda
revolucionária não está presente * , a experiência prática das
contradições capitalistas pelos trabalhadores pode levar *à aceleração
do desenvolvimento da consciência de classe revolucionária. *

Contudo, a experiência não mostra isto. A ausência de uma vanguarda
revolucionária efectiva *permitiu à classe burguesa * neutralizar a
ascensão do movimento. O governo burguês utilizou a cenoura – que é a
*táctica das concessões temporárias * às reivindicações económicas do
trabalho – e o chicote – *repressão com prisões, * ferimentos e
assassínios e a ameaça ao PCF de estar a conspirar *contra a legalidade
burguesa. *

Mobilizou *organizações para-estatais * como " ;Comités de Defesa para a
Democracia" ;, bem como *centenas de milhares de cidadãos * que apoiaram
De Gaulle em 30 de Maio, com os slogans " ;França para os franceses" ; e
" ;O comunismo não passará" ;. As organizações para-estatais até
começaram a disparar tiros de advertência, ocasionalmente, do lado de
fora de gabinetes locais do PCF e da CGT.

Eles jogaram a carta de declarar eleições antecipadas na qual os
gaullistas aumentaram sua percentagem de 38,3% para 46,4%. Durante o
período pré-eleitoral, o trabalhador de 18 anos e membro da Juventude
Comunista, Marc Lanvin foi assassinado, assim como dois trabalhadores na
ocupação da fábrica da Peugeot e um estudante de 17 anos. O PCF que já
havia convocado os trabalhadores *a deter as greves após a satisfação de
suas exigências económicas * , estabeleceu como objectivo político a
formação de um governo burguês de " ;unidade democrática com os
socialistas" ; e declarou que não caía na armadilha que seria libertar
as mãos de De Gaulle para um Comité Constitucional. Naturalmente, os
acontecimentos mostraram que a classe burguesa francesa *não tinha como
objectivo um confronto de classe decisivo * e administrou facilmente o
movimento dos trabalhadores. A Liga Trotskista, formada principalmente
pela fracção expulsa da Juventude Comunista, apareceu nas eleições *a
apoiar o objectivo de formar um governo burguês de cooperação * entre o
Partido Socialista e o Partido Comunista.

Quanto aos estudantes universitários que em Maio cantavam, " ;sob as
pedras do pavimento, a praia" ; desde Junho já haviam começado a partir
em busca das praias reais para começarem suas férias de Verão.

Quão rapidamente as lutas militantes do Maio de 68 francês foram
dizimadas. Nos anos que se seguiram, a França foi assimilada de forma
mais orgânica dentro dos planos imperialistas euro-atlânticos.
Cohn-Bendit, que se havia iniciado na Associação de Estudantes
Socialistas Alemães, antes de se tornar activo em Nanterre, na França,
reapareceu como um político burguês na Alemanha nas décadas seguintes.

*O que foi o Maio de 68? *

Com base no que discutimos anteriormente, podemos agora extrair algumas
conclusões específicas acerca do *Maio de 1968 * francês.

Maio provou que o próprio desenvolvimento do capitalismo aguça *a
contradição básica * capital-trabalho e objectivamente *alimenta a
crescente insatisfação * da classe trabalhadora, do povo, da juventude
dos estratos populares. Revelou que nenhuma política burguesa, nenhuma
forma de modernização tecnológica na era do capitalismo monopolista,
onde o sistema está apodrecendo, *pode cobrir completamente e para
sempre * o fosso entre *as possibilidades * de satisfazer as
necessidades da sociedade que são crescentes e *os sacrifícios daquelas
necessidades * no altar do lucro capitalista.

Inversamente, à medida que o crescimento das forças produtivas prossegue
sob o capitalismo, este fosso só pode tornar-se maior, tanto que *pode
provar que * este caminho não só não conduz como na verdade se opõe à
satisfação das necessidades contemporâneas da sociedade que estão a
expandir-se e em mutação.

No entanto, o agravamento da situação e o descontentamento da classe
trabalhadora *não conduzem automaticamente ao * amadurecimento da
consciência de classe por parte dos trabalhadores e dos estratos
populares pobres.

É necessário que *uma vanguarda revolucionária * exista e actue
decisivamente. Esta é, o PC sob o capitalismo, a fim de preparar e
liderar a classe trabalhadora organizacionalmente, política e
ideologicamente, a fim de concretizar sua missão histórica, a abolição
da exploração do homem pelo homem.

Não teria havido uma revolução burguesa na França em 1789 sem os
Jacobinos e Robespierre, a revolução de libertação nacional burguesa
grega em 1821 sem o Filiki Etaireia, a Revolução de Outubro sem os
bolcheviques e Lenine.

Durante o período de Maio de 68, essa conclusão foi realçada *pela
fraqueza do * PCF em efectivamente desempenhar o papel da vanguarda
revolucionária, devido ao predomínio da linha reformista, das ilusões
parlamentares, do objectivo de formar um governo " ;progressista" ; com
social-democracia no território do capitalismo.

Em geral, o PC francês não formulou uma política revolucionária que
destacasse a importância do derrube revolucionário do capitalismo e a
ascensão ao poder da classe trabalhadora a fim de satisfazer as
necessidades da sociedade.

Assim, no período mais vasto de Maio de 1968, *a influência das
percepções burguesas, pequeno-burguesas e oportunistas foi reforçada * e
prevaleceram slogans que eram ou inócuos, facilmente integrados ao
sistema, ou úteis para o ataque do capital nos anos seguintes com.
reestruturações no capitalismo. Deste ponto de vista, o desenvolvimento
de outros líderes de Maio no movimento estudantil – como Cohn-Bendit,
que mais tarde se tornou um político burguês anticomunista – foram, em
essência, completamente naturais.

*De modo análogo, no nosso país, experimentámos um protesto
aparentemente espontâneo nas praças em 2012, o qual não visava o inimigo
real, ele extravasava para fora do movimento do trabalho organizado e,
em essência, ajudou o SYRIZA a se elevar ao poder governamental. * Neste
caso, destacou-se a intervenção de centros organizados que capturam a
insatisfação popular direccionando-a para mudanças inócuas de governo.
As difusas palavras-de-ordem anti-memorando de 2012 constituíram um
ponto de encontro político para as forças do SYRIZA e as da Aurora
Douradas.

A classe trabalhadora mostrou em Maio de 1968 sua capacidade *de
organizar sua luta, de emergir dinamicamente na linha de frente
encerrando a produção capitalista, * com uma greve geral e tomadas
militantes de fábricas. A classe burguesa e o governo De Gaulle só
ficaram realmente preocupados quando testemunharam o êxito da greve
geral de 10 milhões de trabalhadores após o apelo da CGT e do PCF. Eles
ficaram preocupados porque o objectivo aguçado da luta de classes
*poderia ter impulsionado a liderança do PCF a corrigir sua linha
reformista numa direcção revolucionária. * Ficaram preocupados porque a
classe dominante sabe muito bem qual classe é objectivamente a classe
social de vanguarda que pode derrubá-la, uma vez que não tem nada a
perder excepto as suas cadeias.

No entanto, apesar da acção militante política e sindical das forças do
PCF, sua linha foi essencialmente o que restringiu o movimento do
trabalho às reivindicações de alívio económico e realocação, com o
objectivo sendo uma mudança de governo.

Objectivamente isto facilitou as manobras do governo De Gaulle, que
administrou com concessões económicas temporárias para neutralizar a
dinâmica do movimento e mobilizar forças sociais conservadoras sob a
bandeira da governação burguesa.

A intervenção do núcleo oportunista, *grupos trotskista e maoista, *
ajudou objectivamente no desarmamento político do movimento. O
*anti-sovietismo, * a rejeição da *luta pela vitória da revolução
socialista em um país, ao nível nacional, * a projecção da dinâmica das
*acções trabalhistas espontâneas, * um programa de transição que se
concentrava no *controle operário e na gestão amistosa das pessoas no
terreno do capitalismo * foram alguns dos elementos básicos da sua linha
oportunista. Deste modo, o Liga de Maio trotsquista começa como a cauda
e inofensiva do movimento de 22 de Março, o qual clama por um
levantamento sem conteúdo político específico que leva ao apoio do
objectivo da cooperação entre socialistas e comunistas nas eleições que
tiveram lugar a seguir.

*Foi uma revolução? *

Maio de 1968 recorda-nos também que os estudantes universitários e os
jovens não constituem *uma classe separada, com interesses objectivos
uniformes. * Suas diferentes origens de classe, mas principalmente as
diferentes perspectivas de classe para os graduados, após a sua
organização em massa nas universidades, o perigo do desemprego e a
tendência de proletarização futura para muitos deles, desempenharam um
papel nas revoltas, na luta e na radicalização do movimento estudantil
universitário. Salientou mais uma vez que a questão decisiva é a
*substancial cooperação * do movimento estudantil *com o movimento
operário com orientação de classe * , contra as políticas e o poder da
classe burguesa.

Como foi mencionado anteriormente, isto nos permite responder com maior
clareza às questões sobre o conteúdo político do de Maio de 1968 francês
e avaliar se este poderia ter evoluído de modo diferente. Maio de 68 não
exprimiu um *ataque planeado e organizado * da classe trabalhadora e
seus aliados para o derrube do poder capitalista

Por um lado, *as condições objectivas que teriam permitido isto não
existiam completamente; * ainda não existia uma situação revolucionária.
Por outro lado, o PC *não traçou uma política revolucionária * que
pudesse liderar o movimento do trabalho nesta direcção, devido à sua
estratégia reformista.

Houve no entanto um aguçamdento do conflito de classes, houve um aumento
significativo no movimento dos trabalhadores que objectivamente criou
condições favoráveis para uma escalada na luta de classe na direcção do
conflito e do derrube do poder do capital. O que estamos a descrever
esquematicamente como " ;situações não-revolucionárias" ; não é
estático, imutável, uma situação fixa.

É claro que *o momento em que uma situação revolucionária se manifesta *
não pode ser previsto com precisão, nem *depende * da vontade da
vanguarda revolucionária. *No entanto, a acção do PC e do movimento
operário revolucionário tem um efeito e é registada na mudança das
condições objectivas. * O equilíbrio de forças entre as classes não muda
por si mesmo como um fenómeno natural, nem por um milagre. Ele muda com
base no *curso e no resultado da luta de classes, * que é naturalmente
travada sob condições específicas que dizem respeito ao aguçamento da
contradição básica e às contradições intra-burguesas.

A importância desta *interacção * entre as condições objectivas e os
factores subjectivos destaca de *modo positivo * a vitória da Revolução
de Outubro de 1917 e *de modo negativo * o resultado das lutas de Maio
de 68.

Examinando o período com base nos critérios leninistas para uma condição
revolucionária, podemos confirmar:

A partir dos factos que temos, *não se pode documentar que em Maio de 68
* tivesse objectivamente sido atingida em França o ponto onde " ;os que
*estão no poder não podem mais governar como antes" ; * , isto é, que a
desestabilização da dominância política da classe burguesia tivesse
aparecido. *Contudo, a dificuldade de administrar politicamente as
crescentes necessidades sociais * havia aumentado e enfraquecido a
hegemonia burguesa. As contradições intra-imperialistas entre os EUA e a
secção da classe burguesa francesa que apoiava De Gaulle haviam-se
aguçado. Os EUA apoiaram os políticos social-democratas franceses e
intervieram de modo a que o movimento tomasse uma direcção contra o
governo De Gaulle. Apesar disso, o *estado burguês, * o exército, a
polícia e os tribunais, todos *funcionaram decisivamente e portanto não
foram perturbados. * O governo mobilizou centenas de milhares dos seus
apoiantes.

O mês de Maio de 68 não apresentou uma deterioração espectacular e
generalizada nas vidas da classe trabalhadora e da juventude. Contudo,
tornou-se mais claro que o desenvolvimento capitalista não leva à
satisfação das necessidades sociais contemporâneas, mas ao aumento do
desemprego, da insegurança e da pobreza relativa. O relativo
empobrecimento da classe trabalhadora em relação à riqueza que ela
produz aumentou.

Em Maio de 68, assistimos a um aumento dramático na atmosfera militante,
na militância, na difusa radicalização superficial de uma " ;grande
massa vinda de baixo" ;, da classe trabalhadora e dos estudantes
universitários, mas isso naturalmente não era suficiente para uma grande
mudança no equilíbrio de forças a verificar-se à custa da classe
burguesa, que marca uma situação revolucionária.

Contudo, isto não alivia o PCF das suas grandes responsabilidades pelo
resultado da luta de classe e pela rápida desintegração do movimento.
Certamente as condições não estavam maduras para que ele liderasse de
imediato uma insurreição revolucionária armada. No entanto, poderia e
deveria ter escalado e aprimorao a luta política do movimento
trabalhista, visando o inimigo real, o poder da classe burguesa, abrindo
e aprofundando a fenda na sua dominância política. Poderia ter corrigido
sua linha reformista e politicamente "fertilizado" o entusiasmo
militante que surgiu em muitas tomadas de fábricas.

Poderia ter propagado abertamente o slogan " ;trabalhador, você pode
administrar sem patrões" ; para os trabalhadores que gritavam: " ;dez
anos é suficiente sob De Gaulle" ; e para os estudantes que escreviam
nas paredes: " ;Imaginação ao poder" ;. O fraco slogan radical " ;as
fábricas para os trabalhadores" ; já era ouvido, o que mostrava haver
espaço para avançar em direcção ao poder para os trabalhadores. Poderia
ter corrigido sua linha reformista das ilusões parlamentares sobre um
governo burguês progressista dentro da própria luta de classe.

*Sem decepções *

O curso de Maio de 1968 *acima de tudo nos ensina os termos necessários
* para um PC continuar a ser a vanguarda revolucionária da classe
trabalhadora. Este papel não é simplesmente entregue e nem é concedido
de uma vez por todas pela História. A fim de que todo PC, *em acção e
não em palavras, * permaneça uma vanguarda revolucionária, estuda
contínua e auto-criticamente a experiência histórica da luta de classe,
para interpretar os desenvolvimentos contemporâneos, elaborar a
estratégia ideal que esclarecerá a necessidade da revolução socialista,
do socialismo, para a satisfação das necessidades sociais
contemporâneas. *Para mapear militantemente a política ideal * que
ajudará na escalada da luta de classe, para aprofundar e ampliar seus
laços com a classe trabalhadora e os estratos populares pobres, *para
estabelecer uma orientação anti-capitalista dentro do movimento do
trabalho, * para contribuir para a construção de alianças sociais.

Nosso Partido se esforça persistentemente todos os dias por responder a
todas estas tarefas. Somos *ensinados * pelos 100 anos de luta e
sacrifícios do heróico KKE, mas também pela *experiência * – positiva e
negativa – *do Movimento Comunista Internacional. *

Ao estudar momentos históricos importantes, como o de Maio de 68 em
França, *não sentimos qualquer decepção quanto às lutas que supostamente
foram perdidas. *

*A partir de Maio de 1968, temos em nossas mentes a imagem de centenas
de milhares de trabalhadores e estudantes que marcharam juntos no mesmo
caminho no coração do capitalismo desenvolvido, cantando /A
Internacional. / E continuamos a luta por este mesmo caminho, até o fim,
para que a classe trabalhadora finalmente tome o poder, na vida real e
não nas nossas imaginações! *

*[*] Intervenção no Festival de Estudantes Universitários da KNE, na
Ática, em 16/Junho/2018.

A versão em inglês encontra-se em
inter.kke.gr/en/articles/What-have-we-learned-from-May-of-68/
<https://inter.kke.gr/en/articles/What-have-we-learned-from-May-of-68/> *

In
RESISTIR.INFO
https://www.resistir.info/franca/maio_1968.html#asterisco
3/7/2019

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