quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O Natal, a desigualdade e a Economia Solidária

Banco Palmas

Fortaleza é uma cidade brutalmente desigual. Economicamente dividida entre
dois lados: um que vai do Mar até a Majestosa Arena Castelão e outro que
fica entre o Castelão e o extremo sul da cidade. No primeiro concentram-se
todos os investimentos públicos e privados. No outro, um gigantesco
território de bairros empobrecidos onde vivem a maioria das pessoas. Em
dezembro, essa brutal desigualdade se acende (no sentido literal da
palavra) pela iluminação natalina. No lado de lá, a cidade brilha de forma
majestosa com belíssimas decorações nas praças, nas ruas, nos postes, nas
árvores, nas fachadas das empresas, nas decorações dos shoppings... No
lado de cá a escuridão e o abandono parece desconhecer que o natal chegou:
não existe uma praça se quer iluminada, um único espaço público ou privado
com decorações e enfeites natalinos. O apartheid (separação-divisão) expõe
de forma grotesca sua cara. Duas cidades, dois mundos, duas Fortalezas.
Quando o Banco Palmas (sem apoio de empresas e do poder público) ilumina
sua fachada e enfeita o quarteirão com luzes de natal, se torna um foco de
resistência. Esse quarteirão enfeitado, com shows natalinos para (e com) a
população local é como um náufrago que grita: nós estamos aqui, estamos
vivos, também fazemos parte dessa festa. Ao mesmo tempo serve como um
recado para a iniciativa privada e o poder público: insistir numa lógica
da “cidade com escoliose” (torta para um lado) além de injusto é
socialmente perigoso.
E nós, da Economia Solidária, o que temos haver com essa agenda? Tudo.
Quando organizamos as pessoas de um território para celebrar uma festa
como o Natal, estamos praticando um ato extremamente generoso e
transformador. Exercitamos a solidariedade coletiva. Ampliamos o horizonte
de nossa ação para além do nosso empreendimento. Isso testemunha no meio
popular que é possível, através de nossa organização, gerar soluções
econômicas e sociais. E, não tenhamos dúvida, gera felicidade nas pessoas.
Emociona. Esse é um fator decisivo para ela optar por este ou aquele
caminho.
Alegria!!! Celebremos o Natal!!!

In
Fórum Brasileiro de Economia Solidária
http://www.fbes.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=8028&Itemid=62
20/12/2013

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