terça-feira, 6 de setembro de 2016

NED, a janela legal da CIA



     
       por Thierry Meyssan 

       Desde há 30 anos, a National Endowment for Democracy (NED), tem sido
       subcontratada para a parte legal das operações ilegais da CIA. Sem
      despertar suspeitas, pôs em prática a maior rede de corrupção do mundo,
      subornando sindicatos, associações patronais, partidos políticos, tanto da
       direita e como da esquerda para defenderem os interesses dos EUA em vez
      de defenderem os dos seus associados. Neste artigo descreve-se a extensão
       deste sistema. 
       Em 2006, o Kremlin denunciou a proliferação de associações estrangeiras
      na Rússia, algumas das quais participaram de um plano secreto, orquestrado
      pelo NED, para desestabilizar o país. Para evitar uma "revolução
      colorida", Vladislav Surkov elaborou uma estrita regulamentação sobre
      estas organizações não-governamentais (ONGs). No Ocidente, esse quadro
      administrativo foi descrito como um "ataque à liberdade de associação” por
      Putin, o "Ditador" e pelo seu conselheiro.
       Esta política tem sido seguida por outros Estados os quais, por sua vez,
       são rotulados pela imprensa internacional como dominados por "ditadores".
       O governo dos EUA alega que o Congresso pode subsidiar a NED e que a NED
      pode, por sua vez e de forma totalmente independente, ajudar direta ou
      indiretamente, associações, partidos políticos ou sindicatos, em todo o
       mundo. As ONGs, sendo, como seu nome sugere, "não-governamentais" podem
      tomar iniciativas políticas que embaixadores não poderiam assumir sem
      violar a soberania dos Estados que os recebem. O cerne da questão
      encontra-se aqui: a NED e a rede de ONGs que financia são iniciativas da
      sociedade civil injustamente reprimidas pelo Kremlin ou uma cobertura para
      os serviços secretos dos EUA apanharem os povos de mãos atadas com a sua
      ingerência?
       Para responder a esta pergunta, vejamos as origens e funções do NED. Mas
      o nosso primeiro passo será analisar o significado deste projeto oficial
      dos EUA: "exportar a democracia".
       Que democracia? 
       Os EUA, como povo, subscreve a ideologia dos seus fundadores. Pensam de
      si mesmos como uma colónia que veio da Europa para estabelecer uma cidade
       obedecendo a Deus. Eles vêem o seu país como "uma luz na montanha" nas
      palavras de S. Mateus, adotada desde há dois séculos pela maioria dos seus
      presidentes nos seus discursos políticos. Os EUA seriam uma nação modelo,
      brilhando no topo de uma colina, iluminando o mundo inteiro. E todas as
      outras pessoas no mundo gostariam de emular este modelo para alcançar o
      seu bem-estar.
       Para o povo dos Estados Unidos, esta crença muito ingénua implica que o
      seu país é uma democracia exemplar e que têm um dever messiânico de
      impô-la ao resto do mundo. (…)
      Impregnado por essa mitologia nacional, o povo dos Estados Unidos não
       percebe que a política externa de seu governo é uma forma de
       imperialismo. (…) Por exemplo, aprendem na escola, que levaram a
       democracia para a Alemanha, não sabem que os factos históricos indicam o
      oposto: seu governo ajudou Hitler a derrubar a República de Weimar e criar
      um regime militar para combater os soviéticos. Esta ideologia irracional
      impede-os de contestar a natureza das suas instituições e o absurdo
      conceito de "democracia pela força".
       De acordo com o presidente Abraham Lincoln, a "democracia é o governo do
      povo, pelo povo para o povo". Deste ponto de vista, os Estados Unidos não
      são uma democracia, mas um sistema híbrido onde o poder executivo está
      voltado para a oligarquia, enquanto as pessoas limitam este exercício
      arbitrário através de poderes legislativos e judiciais que podem
      controla-lo.
       Com efeito, enquanto o povo elege o Congresso e alguns juízes, são os
      Estados da Federação que elegem o poder executivo e este último nomeia os
      juízes de mais alto escalão. Embora os cidadãos tenham sido chamados para
      determinar a escolha do Presidente, seu voto nesta matéria só funciona
      como uma ratificação, como o Supremo Tribunal salientou em 2000, em Gore
       versus Bush. A Constituição dos EUA não reconhece que o povo é soberano,
      porque o poder é dividido entre o povo e uma Federação de Estados, por
      outras palavras, entre os líderes dessas Comunidades. (…)
      Nos últimos trinta anos, esta contradição foi suportada pela NED e à qual
      foi dada uma forma específica como desestabilizador de numerosos Estados.
      Com um sorriso, milhares de ativistas e ONG tornadas credíveis têm violado
      a soberania popular.
       Em 1982, Ronald Reagan estabeleceu a NED em parceria com o Reino Unido e
       Austrália, para derrubar o "Império do mal".
       Uma fundação pluralista e independente 
       No seu famoso discurso em 8 de junho de 1982 no Parlamento britânico, o
       Presidente Reagan denunciou a URSS como "o Império do mal" e propôs-se ir
      em auxílio dos dissidentes lá e em quaisquer outros lugares. Ele declarou:
      "Precisamos criar a infraestrutura necessária para a democracia: a
      liberdade de imprensa, sindicatos, partidos políticos e universidades.
      Isto permitirá para as pessoas a liberdade de escolher o melhor caminho
      para eles para desenvolverem a sua cultura e para resolver suas disputas
      pacificamente". Nesta base consensual da luta contra a tirania, uma
      Comissão de reflexão bipartidária patrocinou a criação da NED em
      Washington, criada pelo Congresso em novembro de 1983 e imediatamente
      financiada.
       A Fundação subsidia quatro estruturas independentes que redistribuem
      dinheiro no exterior, tornando-o disponível para associações, sindicatos,
      membros da classe dominante e partidos da direita e da esquerda:
         Free Trade Union Institute (FTUI), atualmente renomeado American Centre
        for International Labour Solidarity (ACILS), gerido pela central
        sindical AFL-CIO;
         Centre for International Private Enterprise (CIPE), gerido pela Camara
        de Comércio dos EUA
         International Republican Institute (IRI), gerido pelo Partido
        Republicano
         National Democratic Institute for International Affairs (NDI), gerido
        pelo Partido Democrata.
      Apresentado desta forma, a NED e os seus quatro tentáculos parecem estar
       ancorados na sociedade civil, refletindo a diversidade social e o
      pluralismo político. Financiado pelo povo dos EUA, pelo Congresso,
      estariam a funcionar para um ideal universal. Seriam completamente
      independentes da administração presidencial e a sua ação transparente não
      poderia ser uma máscara para operações secretas, servindo interesses não
      declarados. A realidade é completamente diferente.
       Um drama produzido pela CIA, MI6 e ASIS 
       O discurso de Reagan em Londres teve lugar na sequência de escândalos
      envolvendo revelações em comissões do Congresso para inquirir sobre golpes
      sujos da CIA. O Congresso então proibiu a Agência de organizar mais golpes
      de Estado para serem conquistados mercados. Mas enquanto isso, na Casa
      Branca, o Conselho de Segurança Nacional (NSC) procurava pôr em prática
      outros instrumentos contornar esta proibição. (…)
      O Presidente da Comissão bipartidária do Congresso era o representante
      especial dos EUA para o comércio, que considerou que a comissão não visava
      promover a da democracia, mas, de acordo com a terminologia corrente, a
      "democracia de mercado". Este estranho conceito está de acordo com o
      modelo político dos EUA: uma oligarquia económica e financeira que impõe
      as suas escolhas políticas através dos mercados e um estado federal,
      enquanto parlamentares e juízes eleitos pelo povo protegem as pessoas de
      um governo arbitrário.
       Três das quatro organizações periféricas do NED foram formadas na
      ocasião. No entanto, não havia necessidade de estabelecer uma quarta, a
      ACILS. Tinha sido criada no final da segunda guerra mundial embora tenha
      mudado de nome em 1978, quando a sua subordinação à CIA foi desmascarada.
      Com isso podemos tirar a conclusão de que a CIPE, IRI e NDI não nasceram
       espontaneamente, mas foram projetadas pela CIA.
       Além disto, embora a NED seja uma associação sob a lei americana, não é
      apenas uma ferramenta da CIA, mas um instrumento compartilhado com os
      serviços secretos britânicos (por isso Reagan anunciou a sua criação, em
      Londres) e os serviços secretos australianos. Este ponto-chave é muitas
      vezes encoberto sem comentários. No entanto, é validado por mensagens de
       felicitações pelos primeiros-ministros Tony Blair e John Howard por
      ocasião do 20º aniversário desta assim chamada "ONG". A NED e seus
      tentáculos são órgãos de um pacto militar anglo-saxão, ligando Londres,
      Washington e Canberra; o mesmo vale para o Echelon, a rede de intercepção
       electrónica, que pode ser utilizada não só pela CIA mas também pelo MI6
      britânico e o australiano ASIS.
       Para esconder esta realidade, a NED estimulou entre seus aliados a
       criação de organizações similares que trabalham com ela. Em 1988, o
      Canadá criou o centro Droits & Démocratie, que teve um foco especial
      primeiro no Haiti, depois no Afeganistão. Em 1991, o Reino Unido
      estabeleceu a Fundação de Westminster para a democracia (DQA). O
      funcionamento deste órgão público é decalcado da NED. A sua administração
      é confiada a partidos políticos (oito delegados: três para o partido
       conservador; três para o Partido Trabalhista; um para o Partido Liberal e
       outro para os outros partidos representados no Parlamento). A DQA tem
       trabalhado sobretudo na Europa Oriental. Desde 2001, a União Europeia
       está equipada com um instrumento europeu para a democracia e os direitos
       humanos (IEDDH), que desperta menos suspeitas que suas contrapartes. Este
       escritório é o EuropeAid, liderado por um alto funcionário tão poderoso
      quanto é desconhecido: o holandês, Jacobus Richelle.
       Diretiva presidencial 77 
       Quando os parlamentares dos EUA votaram a o estabelecimento da NED em 22
      de novembro de 1983, não sabiam que esta já existia em segredo nos termos
      da diretiva presidencial de 14 de janeiro. Este documento, desclassificado
      somente duas décadas mais tarde, organiza a "diplomacia pública" uma
      expressão politicamente correta para designar "propaganda". A diretiva
      estabelece na Casa Branca grupos de trabalho para a NSC. Um destes grupos
      tem a tarefa de liderar a NED.
       (…)
      As coisas, no entanto, não passaram a ser transparentes. A maioria dos
       altos funcionários que têm desempenhado um papel central no NSC foram
      diretores da NED. Tais são os exemplos de Henry Kissinger, Franck
       Carlucci, Zbigniew Brzezinski ou até mesmo Paul Wolfowitz; personalidades
      que não permanecerão na história como idealistas da democracia, mas como
      cínicos estrategistas de violência.
       O orçamento da NED não pode ser visto isoladamente, porque recebe
       instruções do NSC para liderar a ação como parte de vastas operações onde
      participam várias agências. Merece menção que os fundos são libertados
      pela International Aid Agency (USAID), sem serem registados no balanço da
       NED, simplesmente para não se dizer que é governamentalizada. Além disso,
      a Fundação recebe dinheiro indiretamente da CIA, após ter sido branqueado
      por intermediários privados como o Smith Richardson Foundation, o John M.
      Olin Foundation ou mesmo o Lynde e Harry Bradley Foundation.
       Para avaliar a extensão do presente programa, precisamos combinar o
       orçamento do NED com correspondentes itens de orçamentos da Secretaria de
      Estado, da USAID, da CIA e do departamento de defesa. Hoje, tal estimativa
      é impossível.
       No entanto, certos elementos podem nos dar uma ideia de sua importância.
       Durante os últimos cinco anos, os Estados Unidos gastaram mais de mil
       milhões de dólares em organizações e partidos da Líbia, um pequeno estado
      de 4 milhões de habitantes. No geral, metade deste maná foi lançado
      publicamente pela Secretaria de Estado, a USAID e a NED; a outra metade
      foi secretamente entregue pela CIA e pela Secretaria da Defesa.
       Este exemplo permite-nos extrapolar que o orçamento global para corrupção
      institucional dos EUA equivale a dezenas de milhar de milhões de dólares
      anualmente. Além disso, o programa equivalente da União Europeia que é
      inteiramente público e prevê a integração com ações dos EUA, é de 7 mil
      milhões de euros por ano.
       Em última análise, a estrutura jurídica da NED e volume do seu orçamento
      oficial são apenas disfarces. Na sua essência, não é uma organização
      independente para ações legais anteriormente confiadas à CIA, mas sim uma
      janela através da qual o NSC dá as ordens para ações legais incluídas nas
      operações ilegais.
       A estratégia trotskista 
       Quando estava sendo organizada em 1984, a NED foi presidida por Allen
       Weinstein, em seguida, por John Richardson durante quatro anos (1984-88),
       finalmente por Carl Gershman (desde 1998). Estes três homens têm três
      coisas em comum:
         Estão ligados ao judaísmo;
         Eram membros ativos no partido trotskista, Trotskyite Party - Social
         Democrats USA
         Haviam trabalhado na Freedom House
      Há uma lógica nisto: o ódio ao estalinismo levou alguns trotskistas a
      juntarem-se à CIA para lutar contra os soviéticos. Trouxeram com eles a
      teoria do poder global transpondo-o para as "revoluções coloridas" e a
       "democratização". Eles simplesmente aplicaram a vulgata de Trotsky à
      batalha cultural analisada por Gramsci: o poder exercido psicologicamente,
      ao invés de pela força. Para governar as massas, a elite tem que primeiro
      inculcar uma ideologia que programe a sua aceitação do poder que pretende
      domina-lo.
       American Centre for the Solidarity of Workers (ACILS) 
       Conhecido também como Solidarity Centre, o ACILS é o ramo sindical da
      NED, e pode ser considerado como o seu principal canal: distribui mais de
      metade dos donativos da Fundação. Substituiu organizações anteriores que
      serviram durante a Guerra Fria para organizar sindicatos não-comunistas
      pelo mundo, do Vietnam a Angola, passando pela França e pelo Chile.
       O facto de sindicatos serem escolhidos para dar cobertura a este programa
      da CIA é de rara perversidade. Longe do lema marxista: Proletários de todo
      o mundo, uni-vos", a ACILS junta os sindicatos dos EUA numa ação
      imperialista que esmaga trabalhadores de outros países. Esta subsidiária
      foi dirigida por Irving Brown, uma personalidade exuberante, desde 1948
      até 1989, ano da sua morte.
       Alguns autores garantem que Irving Brown era filho de um "russo branco",
      companheiro de Alexander Kerensky. O que sabemos de certeza é que foi
      agente do OSS (serviço secreto dos EUA durante a Segunda Guerra mundial) e
      que participou na criação da rede Gladio organização da CIA e da NATO.
      Contudo recusou-se lidera-la, preferindo focar-se na área em que era
      perito, os sindicatos. Residiu em Roma, depois em Paris, nunca em
      Washington. Teve portanto um significativo impacto na vida pública
      italiana e francesa.
       Em 1981 Irving Brown colocou Jean-Claude Mailly como assistente de André
       Bergeron secretário-geral da Force Ouvrière (FO). Este último reconheceu
      ter financiado as suas atividades graças à CIA. Em 2004 Mailly tornou-se
      secretário-geral da FO.
       No fim da sua vida, gabou-se de nunca ter deixado de conduzir a central
       sindical francesa FO por detrás da cortina, para além de puxar os
       cordelinhos da associação estudantil UNI (em que estiveram ativos Nicolas
      Sarkozy e os seus ministros François Fillon, Xavier Darcos, Hervé Morin e
      Michèle Alliot-Marie, bem como o presidente da Assembleia Nacional,
      Bernard Accoyer e o presidente do grupo parlamentar da maioria
      Jean-François Copé) e ter formado pessoalmente membros de um grupo
      trotskista dissidente que incluíam Jean-Christophe Cambadelis e o futuro
      primeiro-ministro Lionel Jospin.
       No final dos anos noventa, membros da Confederação AFL-CIO pediram contas
      da atividade real do ACILS, quando o seu caráter criminoso havia sido
      totalmente documentado em vários países. Poderia pensar-se que as coisas
      mudariam após esta exibição de provas. Nada disso ocorreu. Em 2002 e 2004,
      ACILS participou ativamente num fracassado golpe de Estado na Venezuela
      para derrubar o presidente Hugo Chávez e noutro com sucesso no Haiti para
      derrubar Jean-Bertrand Aristide. Atualmente, o ACILS é dirigido por John
      Sweeney, o ex-presidente da Confederação, AFL-CIO, que por sua vez é ele
      próprio originário do Trotskyite Party - Social Democrats USA.
       Centre for International Private Enterprise (CIPE) 
       A CIPE centra-se na divulgação da ideologia liberal capitalista e luta
      contra a corrupção. O primeiro sucesso da CIPE: transformar em 1987 o
      European Management Forum (um clube de CEOs das grandes empresas
       europeias) no World Economic Forum (o clube da classe dominante
      transnacional). Esta grande reunião econômica e política anual de "quem é
      quem" no mundo, realiza-se na estância de esqui de Davos na Suíça,
      contribui para a criação de uma associação de classe que transcende a
      identidade nacional. CIPE certifica-se de que não tem nenhum vínculo
      estrutural com o fórum de Davos, e não foi possível – até o momento –
      provar que o Fórum Econômico Mundial é um instrumento da CIA. Mas pelo
      contrário, os chefes de Davos teriam muita dificuldade em explicar por que
      certos líderes políticos teriam escolhido o Fórum econômico como o lugar
      para atos da maior importância se não houvesse operações planeadas pelo
       NSC norte-americano.
       Por exemplo:
         1988: foi em Davos – não na ONU – que a Grécia e a Turquia fizeram as
        pazes.
         1989: foi em Davos, que as duas Coreias, realizaram sua primeira
         reunião a nível ministerial e as duas Alemanhas realizaram sua primeira
        reunião sobre a reunificação.
         1992: é novamente em Davos que Frederik de Klerk e Nelson Mandela
         libertado se reúnem para apresentar o seu projeto comum para a África
        do Sul pela primeira vez no exterior.
         1994: ainda mais improvável, é em Davos, após o acordo de Oslo, que
        Shimon Peres e Yasser Arafat vêm negociar e assinar seu acordo para Gaza
        e Jericó.
      A ligação entre Washington e o Fórum é notória através de Susan K.
      Reardon, ex-diretora da Association of Professional Employees of the
      Department of State tendo-se tornado diretora da Fundação da Câmara de
      Comércio dos EUA que gere a CIPE.
       Outro sucesso da CIPE é a Transparency International, uma "ONG"
      oficialmente estabelecida por Michael J. Hershman, um oficial dos serviços
      secretos militares dos EUA. Além disso, é um dos diretores da CIPE e líder
      do serviço de recrutamento de informadores do FBI, bem como administrador
      do serviço de segurança e investigação privado Fairfax Group.
       Transparency International é a primeira e principal cobertura para as
       atividades de espionagem económica da CIA. É também uma ferramenta para a
      comunicação social para obrigar os Estados a alterar a sua legislação
      garantindo a abertura dos mercados.
       Para mascarar a origem da Transparency International, a CIPE apela para o
       savoir-faire  do antigo responsável junto da imprensa do Banco Mundial, o
       neoconservador Frank Vogl. Este último instituiu uma Comissão que
       contribui para criar a impressão de que é uma associação nascida da
      sociedade civil. Esta Comissão de fachada é liderada por Peter Eigen,
      ex-diretor do Banco Mundial na África Oriental. Em 2004 e 2009, sua esposa
      foi candidata do SPD para a Presidência da República Federal da Alemanha.
       O trabalho da Transparency International serve os interesses dos EUA e
       não lhe pode ser concedida credibilidade. Assim, em 2008, esta pseudo ONG
      denunciou que a PDVSA, a empresa petrolífera pública da Venezuela, era
      sujeita a corrupção; com base em informações falsas, e colocava-a como a
      última no seu ranking global de empresas públicas. O objetivo era,
      evidentemente sabotar a reputação de uma empresa que constituía o
       fundamento econômico da política anti-imperialista do presidente Hugo
      Chávez. Apanhada no ato de envenenamento da informação a Transparency
      International recusou-se a responder a perguntas da imprensa
      latino-americana e a corrigir o seu relatório.
       Além disso, é surpreendente quando recordamos que Pedro Carmona, o
      correspondente da CIPE na Venezuela, foi colocado no poder por breve
       espaço de tempo pelos Estados Unidos, durante o golpe de Estado falhado
       para derrubar Hugo Chávez em 2002.
       Focando a atenção sobre a corrupção económica a Transparency
      International permite mascarar as atividades do NED, corrompendo as elites
      governantes. para vantagem anglo-saxónica.
       The International Republican Institute (IRI) and the National Democratic
       Institute for International Affairs (NDI) 
       O objetivo do IRI é corromper os partidos de direita, enquanto o NDI lida
       com partidos de esquerda. O primeiro é presidido por John McCain, o
       segundo por Madeleine Albright. Estas duas personalidades não devem ser
       consideradas políticos comuns, mas sim, como ativos líderes dos programas
      do NSC.
       Para contextualizar, IRI e NDI renunciaram ao seu controlo sobre a
       Internacional Liberal e a Internacional Socialista. Assim, criaram
       organizações rivais: a União Democrática Internacional (IDU) e a Aliança
      para Democratas (AD). O primeiro é presidido pelo australiano, John
      Howard. O russo, Leonid Gozman da Causa Justa (Правое дело) é seu
      vice-presidente. O segundo é liderado pelo italiano Gianni Vernetti e
      co-presidido pelo francês, François Bayrou.
       IRI e NDI são também suportados por fundações políticas, ligando-os a
      grandes partidos políticos na Europa (seis na Alemanha, dois na França, um
      na Holanda e outro na Suécia). Além disso, algumas operações foram
       subcontratadas a misteriosas empresas privadas tais como Democracy
       International Inc. que organizou recentes eleições manipuladas no
       Afeganistão.
       Tudo isso deixa um gosto amargo. Os EUA corromperam a maioria dos grandes
       partidos políticos e sindicatos em todo o mundo. (…). As campanhas
       eleitorais tornaram-se espetáculos onde a NED escolhe o elenco,
       fornecendo os meios financeiros necessários para uns e não para outros.
      Mesmo a noção de alternativa perdeu o sentido desde que NED promove a
      alternância de um campo ou outro desde que siga as mesmas políticas de
      negócios estrangeiros e de defesa.
       Atualmente, na União Europeia e noutros países, lamenta-se a crise da
      democracia. Os responsáveis por isto são claramente a NED e os EUA. E como
      podemos classificar um regime como o dos Estados Unidos, onde o líder da
      oposição, John McCain, na verdade é um líder do NSC? Certamente que não
      como uma democracia.
       Balanço do sistema 
       Ao longo do tempo, a USAID, a NED, suas instituições satélite e suas
      bases intermediárias produziram uma burocracia complicada e gananciosa. A
      cada ano, quando o Congresso vota o orçamento da NED, animados debates
      surgem sobre a ineficácia deste sistema tentacular e rumores de que os
      fundos têm sido apropriados para beneficiar os políticos dos EUA
      encarregados de administrá-las.
       Para conseguir uma boa gestão, têm sido encomendados estudos para
       quantificar o impacto destes fluxos financeiros. Especialistas compararam
      os montantes atribuídos em cada Estado e o ranking democrático destes
      Estados segundo a Freedom House. Então calculam quanto precisam gastar em
      dólares por habitante para melhorar de um ponto o ranking democrático de
      um dado Estado.
       Claro, tudo isso é apenas uma tentativa de autojustificação. A ideia de
      estabelecer uma classificação de democracia não é científica. Em alguns
      aspectos, é totalitária, pois assume que existe apenas uma forma de
      instituições democráticas. Por outro lado, é infantil estabelecer uma
      lista de critérios díspares com coeficientes fictícios transformando uma
       complexidade social num único número.
       (…)
      Seja como for, em 2003, no seu vigésimo aniversário, a NED elaborou um
      relatório da sua ação, evidenciando ter financiado mais de 6.000
      organizações políticas e sociais do mundo, um número que não parou de
      aumentar a partir de então. A NED afirma que sozinha criou o sindicato
      Solidarnosc na Polónia, a carta 77 na Checoslováquia e o Otpor na Sérvia.
       Estava orgulhosa por ter criado a partir do zero a rádio B92 ou o diário
      Oslobodjenje na ex-Jugoslávia e uma série de novos meios de comunicação
      independentes no Iraque "libertado".
       Em dezembro de 2011, as autoridades egípcias fizeram uma busca nos
       escritórios do NDI e IRI no Cairo. Os documentos que foram apreendidos
       são da maior importância para compreender a ingerência dos EUA desde que
      o "ninho de espiões" foi removido de Teerão, em 1979. Acusados de
      espionagem, os líderes locais do NED são julgados. Os documentos provaram
      que a NED é inteiramente responsável por ter manipulado a pseudo revolução
      que teve lugar na Praça Tahrir e que resultou em mais de 4.000 mortes
      levando a Irmandade Muçulmana ao poder.
       Mudando de cobertura 
       Depois de experimentar um sucesso global, a retórica de democratização já
      não convence. Ao utilizá-lo em todas as circunstâncias, o presidente
      George W. Bush empobreceu o seu significado. Ninguém pode reivindicar
      seriamente que os subsídios pagos pela NED vão fazer desaparecer o
      terrorismo internacional. A alegação de que as tropas dos EUA derrubaram
       Saddam Hussein para oferecer democracia aos iraquianos, não pode mais ser
      afirmada de forma persuasiva.
       Além disso, os cidadãos em todo o mundo que lutam pela democracia
       tornaram-se desconfiados. Agora entendem que a ajuda oferecida pelo NED e
      seus tentáculos na verdade visam manipular e apanhar os seus países numa
      armadilha. Eis porque cada vez mais recusam as contribuições "sem teias ou
      bastões anexados" que lhes são oferecidas.
       Nos EUA dirigentes de diferentes canais de corrupção tentaram silenciar o
      sistema por mais de uma vez. Após os truques sujos da CIA e da
      transparência da NED, pretendiam criar uma nova estrutura que substituiria
      um pacote desacreditado. Não seria gerido por sindicatos, patronato e os
      dois grandes partidos, mas pelas multinacionais no modelo da Fundação
      Ásia.
       Na década de oitenta, a imprensa revelou que esta organização foi uma
      cobertura da CIA para lutar contra o comunismo na Ásia. Posteriormente foi
      reformada e a sua gestão confiada às multinacionais (Boeing, Chevron,
      Coca-Cola, Levis Strauss, etc....). Esse novo estilo foi suficiente para
      dar a impressão de que era não-governamental e respeitável – porém era uma
       estrutura que nunca deixou de servir a CIA. Após a dissolução da Rússia,
      ela foi replicada na Fundação Eurásia, cujo mandato cobre a ação secreta
      para os novos Estados asiáticos.
       Outra questão que anima o debate é se as contribuições para a "promoção
      da democracia" teriam de assumir a forma exclusiva de contratos para
      realizar projetos específicos ou subsídios com nenhum dever de atingir
       metas. A primeira opção oferece melhor cobertura legal, mas o segundo é
      uma ferramenta muito mais eficaz de corrupção.
       Dado este panorama, os requisitos previstos por Vladimir Putin e Vladisl
      Surkov para regular o financiamento das ONGs na Rússia é legítimo, mesmo
      se a burocracia que eles criaram para o fazer é enorme e difícil de
      satisfazer. O instrumento NED, criado sob a autoridade do NSC não apenas
      falha em apoiar as tentativas de democracia em todo o mundo como as
      envenena.
       Devido à extensão do texto alguns trechos foram omitidos. A versão
      integral pode ser consultada em  www.voltairenet.org/article192992.html .
      Tradução de DVC. 
       Este artigo encontra-se em  http://resistir.info/ .  
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6/9/2016

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