quarta-feira, 25 de maio de 2016

Lançado com êxito o Bloco da Esquerda Socialista em São Paulo




PCB

Cerca de 200 militantes das organizações convocadoras do evento, de coletivos em
geral e militantes independentes participaram do ato-debate de lançamento do
Bloco de Esquerda Socialista, em São Paulo. O evento foi convocado por várias
organizações políticas e animado por dois debatedores, Virgínia Fontes e Plinio
de Arruda Sampaio Filho, que realizaram uma análise da conjuntura atual e
convergiram no sentido de que é necessário a criação de um instrumento que
busque a construção de uma alternativa dos trabalhadores para enfrentar o
governo Temer e os ataques do capital, além da necessidade de se forjar uma
perspectiva clara que rejeite a conciliação de classe e aponte a necessidade das
transformações sociais no Brasil.

Após a exposição dos dois camaradas, abriu-se a fala para as organizações e
militantes presentes, ocasião em que todos os organizadores destacaram a
importância da iniciativa de se formar um Bloco da Esquerda Socialista, com
capacidade de buscar a unidade de todos os lutadores anticapitalistas e
antiimperialistas numa grande frente para construir um novo rumo para o Brasil.

Ao final do evento aprovou-se a Carta de São Paulo Por um Bloco da Esquerda
Socialista (veja íntegra no final), uma Coordenação composta por representantes
das organizações que convocaram o ato, um seminário para aprofundar o debate
entre as organizações, além de um conjunto de intervenções nas lutas sociais que
estão se desenvolvendo em São Paulo. O Bloco deverá realizar ainda contatos com
outras organizações sociais e coletivos independentes no sentido de ampliar a
unidade da esquerda socialista.

Para Edmilson Costa, do PCB e um dos organizadores do evento, a atividade foi um
sucesso, muito além das expectativas, uma vez que no mesmo dia estavam ocorrendo
várias ocupações na cidade e assembleias de trabalhadores. “Reunir cerca de 200
pessoas numa noite de frio, com várias atividades pela cidade, demonstra que há
um espaço muito largo para a unidade da esquerda socialista e para a construção
de um grande bloco de lutas para enfrentar o atual governo, os ataques do
capital e apontar uma alternativa dos trabalhadores para a conjuntura de crise
que o país está vivendo”.

Carta de São Paulo: Por um Bloco da Esquerda Socialista

A luta de classes no Brasil entrou em uma nova etapa. Vivemos uma das crises
econômicas e sociais mais graves de nossa história. Junto com ela, uma crise
política resultante, de um lado, das manobras antidemocráticas da direita e do
grande capital e, de outro, da absoluta falência da política de conciliação de
classes adotada pelo PT e o modelo lulista.
A ofensiva da direita e as manobras antidemocráticas que resultaram no
impeachment de Dilma Rousseff oferecem ao grande capital uma chance para que
aprofundem ao máximo sua política de colocar na conta dos trabalhadores e do
povo todo o peso da crise. Com Michel Temer buscarão aplicar de maneira mais
brutal as contrarreformas estruturais que o débil governo de Dilma vinha
aplicando de maneira lenta.

Diante de nós temos a ameaça concreta de uma nova contrarreforma da previdência,
o fim da garantia legal dos direitos trabalhistas, a desvinculação permanente
dos recursos da saúde e educação no orçamento e uma política radical de
privatizações. Já estamos vendo a concretização dessa política de ataques nos
cortes do programa Minha Casa Minha Vida – Entidades e o desmonte do Ministério
da Cultura. Além disso, existe o risco de um retrocesso histórico nos direitos
das mulheres, negros e negras, população LGBT, indígenas, etc.

Sem ter recebido nenhum voto e sem apoio popular, o conglomerado reacionário que
usurpou o poder (PSDB, DEM, PMDB, etc), liderado por Michel Temer, terá que
recorrer à repressão em níveis qualitativamente superiores para que consiga
implementar suas políticas. Para isso, aprofundará a criminalização dos
movimentos sociais e a perseguição a quem luta e resiste. Poderá inclusive
utilizar-se do aparato repressivo e legal (como a lei antiterrorismo) criados
pelo próprio governo Dilma Rousseff.

A luta contra o governo ilegítimo, golpista e antipopular de Michel Temer é a
tarefa central de toda a esquerda e dos movimentos da classe trabalhadora, de
todos os explorados e oprimidos em nosso País. Lutamos para construir um grande
movimento de massas pelo “Fora, Temer” e suas políticas de ataques aos direitos
e garantias dos trabalhadores, na perspectiva de construção de um novo rumo para
o País. Para isso, é preciso o máximo de combatividade, organização de base,
democracia e unidade nas fileiras da classe trabalhadora, da juventude e do
povo.

Um exemplo da combatividade e radicalidade necessários é o da juventude
estudantil na ocupação de escolas em vários estados e sua disposição de luta
conjunta com os trabalhadores da educação, como no caso do Rio de Janeiro.
Porém, além disso, essa nova etapa exige novas respostas e alternativas
políticas que a esquerda socialista ainda não foi capaz de apresentar
plenamente. Essa alternativa política se mostra ainda mais urgente na medida em
que a velha direção lulista e petista coloca a nu todos os seus limites e
debilidades.

Um dos principais obstáculos da luta contra a direita no último período,
incluindo a luta contra o impeachment, foi o caráter burguês e antipopular do
próprio governo Dilma. Esse governo até o último dia insistiu em aplicar
políticas típicas da direita como a lei antiterrorismo, o apoio ao projeto de
abertura do pré-sal para exploração de empresas estrangeiras, a reforma da
previdência, o PL 257 que ataca os servidores e, mesmo com o impeachment já
definido, ainda buscava ilusoriamente um pacto nacional com a burguesia.

As direções do PT e do PCdoB, atreladas ao governo como estavam, não foram
capazes de levar a luta até as últimas consequências. Da mesma forma, não
conseguem apontar uma estratégia de luta contra Temer que vá além da disputa
institucional e supere sua velha forma de fazer política, além de procurar
desviar a luta das massas contra o impeachment para ilusões em relação à disputa
eleitoral de 2018.

Uma nova alternativa de esquerda é urgentemente necessária. Uma alternativa que
rejeite o sectarismo estéril – que saiba, portanto, fazer unidade de ação contra
o inimigo de classe e ao mesmo tempo saiba construir coletivamente, sem
hegemonismos, no campo da esquerda, uma frente de luta anticapitalista, que
recuse firmemente o atrelamento à estratégia do lulismo e que aponte uma nova
perspectiva para os trabalhadores.

A construção dessa alternativa política passa necessariamente pela unidade das
forças políticas e sociais da esquerda socialista sobre uma base programática
clara, anticapitalista e socialista. Por isso, defendemos a construção de um
Bloco da Esquerda Socialista para lutar em todos os espaços possíveis,
unificando partidos como o PSOL, PSTU e PCB, organizações políticas de esquerda
não legalizadas e movimentos sociais classistas e combativos, como o MTST, a
CSP-Conlutas, Intersindical, além da juventude que enfrenta com bravura a
política neoliberal.

Esse bloco político unificado da esquerda socialista poderá representar um
grande polo de atração para amplos setores que estão tirando as conclusões sobre
os limites do lulismo e do PT e suas organizações aliadas, além de poder atrair
as novas gerações que nunca tiveram referência nessas velhas direções.

Na luta por esse Bloco da Esquerda Socialista buscaremos promover a discussão
política sobre programa, políticas, táticas e estratégia, além de uma
intervenção organizada em todos os espaços de luta da classe trabalhadora. Não
somos aqueles que já têm as respostas prontas, mas sim aqueles que querem, a
partir do debate franco e aberto e da atuação concreta na luta, ajudar na
construção de novas sínteses e alternativas para os trabalhadores e a juventude.

Primeiros signatários
Coletivo “Chega de Sufoco”- Metroviários
Conspiração Socialista – CS
Insurgência (PSOL)
Liberdade, Socialismo e Revolução – LSR (PSOL)
Nova Organização Socialista – NOS (PSOL)
Partido Comunista Brasileiro – PCB
Socialismo ou Barbárie – SoB (PSOL

In
PCB
http://pcb.org.br/portal2/11158
23/5/2016

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