sábado, 26 de maio de 2018

A Petrobras é a raiz do golpe


 por André Araújo


Não há nenhuma grande petrolífera estatal à venda no mundo e elas são 13 das 20
maiores empresas globais de petróleo. Especialmente não há nenhuma estatal
petroleira à venda com grandes reservas de petróleo. É muito menos há estatais à
venda com reservas de petróleo no Hemisfério Ocidental.
Nesse sentido a PETROBRAS  é única. Não só tem as reservas como tem os meios de
extrai-la já prontos,  ganha-se três anos que levaria para explorar um campo
virgem. Nesse quadro a PETROBRAS é o objetivo estratégico numero 1 na área de
petróleo, especialmente com a elevação do nível de conflitos no Oriente Médio.
Nada melhor que um governo frágil para permitir a execução desse projeto de
privatização que já começou com a venda de ativos estratégicos da empresa, como
oleodutos e a BR Distribuidora, já se anuncia a venda de refinarias, uma empresa
em liquidação, a venda final será do pré-sal.
A assunção do grupo Temer ao poder só foi possível com o aval do “mercado”. O
preço foi a entrega da totalidade da área econômica a delegados do mercado,
Meirelles e Goldfajn na linha de frente, Paulo Pedrosa no Ministério de Minas e
Energia, Maria Silvia no BNDES, Wilson Ferreira na ELETROBRAS.
 Mas a base ideológica do golpe foi o compromisso das privatizações dos dois
maiores ativos do Estado brasileiro, a ELETROBRAS, prometida à venda por 12
bilhões de Reais para ativos físicos que valem 400 bilhões de Reais e a
PETROBRAS , que vale só pelas suas reservas 350 bilhões de dólares, sem
considerar o valor do mercado brasileiro do qual ela é a única fornecedora (até
Parente abrir a importação para concorrentes), mais as refinarias, oleodutos,
navios, enormes bases de distribuição, tancagem, apesar de boa parte desses bons
ativos terem sido vendidos com sofreguidão pela desastrosa gestão Parente.
Uma das bases dessa gestão foi a lenda da PETROBRAS QUEBRADA, que já mostramos
aqui em  dois artigos, PURA LENDA, a PETROBRAS lançou seis emissões de bônus no
periodo de dois anos antes da gestão Parente, o mercado internacional fez
ofertas para compra de três a cinco vezes mais que a oferta, houve inclusive uma
emissão de CEM ANOS de prazo, também com demanda muito maior que a oferta, o que
jamais ocorreria com uma empresa que mesmo remotamente estivesse com problemas
financeiros. Essas emissões tiveram como líderes mega bancos internacionais como
J.P. MORGAN, DEUTSCHE BANK e MORGAN STANLEY, que jamais patrocinariam emissão de
bônus em dólar de uma companhia quebrada.
Esses dois ativos, ELETROBRAS E PETROBRAS valem dez golpes., especialmente com
preços de fim de feira, especialidade de gestão tipo Pedro Parente.
A PARALISAÇÃO DOS CAMINHONEIROS
Vejo nesse movimento uma amplitude muito maior do que o preço do diesel. Atraves
da Historia os grandes movimentos populares tem como gatilho uma questão menor
mas além do fato detonador há um pano de fundo muito maior. Neste caso há de
forma subjacente a neutralização da candidatura Lula, a paralisia da economia
para atender o interesse dos bancos e rentistas,  as carências antigas de
moradia, saneamento, educação e saúde que este governo nem sequer tocou porque
seu programa é apenas atender ao mercado que lhe deu respaldo para assumir o
poder e no caminho obter algumas vantagens, o resto não interessa.
Nesse pano de fundo também está o mau cheiro do projeto de privatização da
PETROBRAS.
Muitas vezes os próprios personagens do movimento não tem consciência de suas
preocupações mais amplas, mas elas existem, caminhoneiros são trabalhadores
precarizados,
sofridos, arriscam a vida literalmente todos os dias em acidentes e assaltos,
depois de paga a prestação do caminhão resta pouco para levar para casa, é uma
classe fundamental para o funcionamento do Pais, mal reconhecida, sem nenhuma
assistência do Estado e agora desprezada de forma cruel e insensível  pela
desastrosa gestão da PETROBRAS.
A demissão de Pedro Parente seria uma obvia mensagem de paz do Governo aos
caminhoneiros, não creio que o movimento cesse sem esse gesto, Parente tornou-se
o símbolo de tudo que os caminhoneiros consideram  como agressão a sua
sobrevivência e sua permanência no cargo, sendo ele o pai da politica de
dolarização do preço do diesel, traz enormes e razoáveis desconfianças aos
caminhoneiros. Parente mostrou-se um executivo ideológico, insensivel, teimoso
na sua ideologia que serve somente e exclusivamente ao mercado, ele não está
interessado na sobrevivência dos caminhoneiros e estes PERCEBEM isso.
Executivos ideológicos ao fim do dia são pobres intelectualmente, são tipos
menores, inadaptáveis às circunstancias, Parente tem esse e outros vários
defeitos de origem, dois dos mais salientes e ser tucano de carteirinha, foi
Chefe da Casa Civil de FHC e ser do grupo dos “neoliberais cariocas”, um grupo
único cujo DNA remoto vem de Eugenio Gudin, fundador  dos cursos de economia no
Brasil e Ministro da Fazenda do desastroso governo Dutra, que achava que o
Brasil não deveria ter indústria, já estava muito bom exportar café e algodão.
Os caminhoneiros estão desmontando o grande alvo do “projeto PETROBRAS”, que era
a privatização para o qual Pedro Parente está preparando o terreno, dolarizando
os preços dos combustíveis, uma insanidade porque o Brasil produz 2,3 milhões de
barris/dia para um consumo de 2,6 milhões de barris dia, então o Brasil é
auto-sufiente em matéria prima petróleo para 88,5% do consumo, só precisa
importar 11,5%,  do ponto de vista comercial não há nenhuma logica em dolarizar
os preços e referencia-los no mercado spot de Rotterdam MAS  a dolarização tem
toda logica se for para atender aos acionistas americanos da PETROBRAS, a
dolarização dos preços é uma LOGICA PARA OS ACIONISTAS ESTRANGEIROS, a quem
Pedro Parente serve com exclusividade e entusiasmo, ele está no cargo para isso.
O PAPEL DE PEDRO PARENTE
Esse executivo de almanaque, que anda com crachá até para ir ao banheiro, tem
cara, perfil e histórico de “organization man”, aquele tipo de executivo que
subiu na vida seguindo as regras fanaticamente. Não espere desses tipos nenhuma
criatividade, capacidade de enxergar longe, visão eclética, sensibilidade das
circunstancias. É o tipo do executivo que não serve para a PETROBRAS se a ideia
for de uma companhia  estratégica para o Brasil e seu povo.
Mas Parente não está no cargo para servir ao Pais, sua missão é atender ao
“mercado”, ai representado pelos acionistas estrangeiros da PETROBRAS, é a estes
que Parente atende.
Para que a companhia possa dar o melhor tratamento a esses acionistas
especialmente os fundos americanos tipo Black Rock, hoje os maiores acionistas
da PETROBRAS depois da União, Parente DOLARIZOU a Petrobras, porisso o preço do
diesel é referenciado pelo dólar, é para atender os fundos americanos
acionistas, não é para agradar caminhoneiro.
O GOVERNO TEMER
A delegação de plenos poderes a Pedro Parente tem como substrato ser ele o
DELEGADO DO MERCADO FINANCEIRO na Petrobras, ele não trabalha para o Estado
brasileiro, que ele odeia, ele trabalha para o mercado financeiro americano  de
onde ele veio e para onde ele provavelmente vai voltar. O conglomerado BUNGE
para o qual ele trabalhava antes de ir para a Petrobras tem sede em White
Plains, New Jersey, perto de Nova York. O sinistro grupo BUNGE esteve por trás
do golpe de 1976 que implantou o governo militar em Buenos Aires, levando ao
sequestro dos irmãos Jorge e Juan Born pelos Montoneros.
O grupo BUNGE, cuja base era a Argentina mas com raízes no Seculo XIX em
Antuérpia na Belgica, então conhecido como grupo Bunge & Born, por causa de sua
péssima imagem que restou na Argentina mudou sua sede primeiro para São Paulo
nos anos 80 (onde construiu o Centro Empresarial na Marginal Pinheiros, um
imenso conjunto de edifícios). Bunge & Born, uma das quatro irmãs do trigo, um
grupo tenebroso  há mais de 100 anos, é a alma mater  atual de Pedro Parente.
A submissão do Governo Temer a Pedro Parente na Petrobras  não tem nada de
pessoal, é fruto de um grande acordo que avalizou a derrubada do Governo Dilma,
porisso Parente parece firme na PETROBRAS (até quando ?), sustentado pelo Grupo
GLOBO, as globetes a frente, Miriam Leitão é hoje a Leoa de Chácara de Parente e
até a então elogiada Natuza Nery pulou para esse lado do muro, defendendo a
PETROBRAx  NEW YORK, inimiga da PETROLEO BRASILEIRO S.A. criada por Getulio para
dar independência de petróleo ao Brasil.
È bom não esquecer o laço que liga  Pedro Parente ao Governo FHC, o mesmo
governo que colocou a frente da PETROBRAS tipos vindos do mercado financeiro
como Francisco Gros, do MORGAN STANLEY, que não tinha nada a ver com petróleo
mas tudo a ver com a Bolsa de Nova York, um estrangeiro nato que falava
português com sotaque, o francês Henri Phelippe Reichstul e para fechar a
caravana o publicitário Alexandre Machado que criou o nome PETROBRAX como
preparação para a privatização, desde sempre o projeto neoliberal carioca para a
PETROBRAS, era o sonho do “Grupo do Real”, Arida,  Bacha, Franco, sempre
quiseram vender a PETROBRAS, ELETROBRAS, BANCO DO BRASIL, até hoje dão
entrevistas para isso.
Não houve condições políticas e tempo para o grupo tucano carioca vender o
controle da PETROBRAS mas eles prepararam o terreno, abrindo o capital para
estrangeiros e listando a companhia na Bolsa de Nova York, era um importante
etapa para em seguida vender o controle porque já haveria uma referencia de
preço dada pela cotação na Bolsa de Nova York, a PETROBRAS não ganhou nada com
essa listagem, só teve prejuízos.
Com a queda do Governo Dilma o “mercado”, via neoliberais cariocas que como
abelhas infestam o governo Temer, viu uma oportunidade única para privatizar a
ELETROBRAS e a PETROBRAS, não contavam com acidentes de percurso que podem
acontecer.
O grande suporte do “projeto PETROBRAS”, como em todos os projetos
anti-brasileiros é o Grupo GLOBO, que desesperadamente tenta segurar Pedro
Parente exibindo-o como o melhor executivo do planeta, um medíocre que não teve
a sensibilidade de PERCEBER E ANTECIPAR esse movimento dos caminhoneiros QUE É
DE SUA LAVRA.

In
JORNAL GGN
https://jornalggn.com.br/fora-pauta/a-petrobras-e-a-raiz-do-golpe-por-andre-araujo
25/5/2018

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