segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A esquerda europeia representada pelos partidos reformistas e revisionistas está acabada




Escrito por Achille Lollo, de Roma para o Correio da
Cidadania



A crise sistêmica ocasionou nos países da União Europeia
situações econômicas anacrônicas e paradoxais do ponto de
vista político, ao ponto que muitos partidos da chamada
esquerda europeia e afiliados à Internacional Socialista,
depois de terem se deslumbrado com as salas do Poder, se
comportam da mesma forma que os partidos de direita ou de
centro-direita. É sobre esso e muitos outros aspectos que
entrevistamos Luciano Vasapollo, economista e professor da
Universidade La Sapienza, em Roma, em entrevista que será
apresentada em duas partes.



“Acredito que, apesar de algumas exceções, que não escapam de
algumas críticas, a chamada esquerda europeia representada
pelos partidos reformistas e revisionistas está praticamente
acabada. Trata-se de uma esquerda que campeou as ideias do
eurocomunismo para depois aceitar a lógica do eurocentrismo,
que é uma opção totalmente em antítese com tudo o que a
esquerda representou no passado. De fato, o eurocentrismo,
mesmo se praticado por quem se diz de esquerda, é sempre um
instrumento do neocolonialismo”, analisa.



Em sua explicação, as reformas estruturais apresentadas nas
campanhas eleitorais pelos partidos da direita e os da
esquerda, como instrumento para favorecer o crescimento, na
realidade se tornam o álibi perfeito para novas privatizações,
maiores cortes aos serviços públicos, programas de
austeridade, ataques ao mundo do trabalho para legitimar as
“resoluções objetivas” das excelências da burguesia
transnacional europeia e oficializar as políticas antissociais
da Troika (BCE, FMI, Comissão Europeia).



Uma situação que, dia após dia, aprofunda nos países da União
Europeia a fossa entre os partidos da chamada esquerda e os
movimentos sociais e sindicais conflitantes e
anticapitalistas, como descreve Vasapollo, também diretor do
CESTES (Centro de Estudos da União dos Sindicatos de Base) e
das revistas “Proteo” e “Nuestra América”.



Confira, a seguir, a primeira parte da conversa com Luciano
Vasapollo.







Correio da Cidadania: Por qual motivo as novas formas de
organização e inclusive os comportamentos políticos dos
movimentos sociais, estudantis, territoriais e ambientais se
situam cada vez mais longe dos partidos tradicionais da
esquerda?






Luciano Vasapollo: Hoje, estamos assistindo ao definitivo
fechamento de um ciclo político que foi dominado pelos
partidos da esquerda reformista e que nesse tempo têm operado
uma longa e complexa revisão teórica e política, ao ponto de
abandonarem qualquer perspectiva de classe, para depois se
tornarem os partidos que não só defendem o poder, mas que o
administram.



Os exemplos clássicos desses partidos que se dizem de
esquerda, apesar de legitimarem o poder da burguesia
transnacional, a repressão social, as guerras expansionistas,
a especulação dos banqueiros, e que subscreveram os programas
liberais do FMI, do BCE e da Comissão Europeia, são
representados pelo PS francês (Partido Socialista) de François
Hollande, a SPD alemã (Socialdemocracia), fiel aliada de
Angela Merkel, e o PD italiano (Partido Democrático) de Matteo
Renzi.



Acredito que, apesar de algumas exceções, que não escapam de
algumas críticas, a chamada esquerda europeia representada
pelos partidos reformistas e revisionistas está praticamente
acabada. Trata-se de uma esquerda que campeou as ideias do
eurocomunismo para depois aceitar a lógica do eurocentrismo,
que é uma opção totalmente em antítese com tudo o que a
esquerda representou no passado.



De fato, o eurocentrismo, mesmo se praticado por quem se diz
de esquerda, é sempre um instrumento do neocolonialismo, com o
qual se pretende impor os tempos e as fórmulas da política
imperialista e, portanto, fazer com que os comportamentos e os
objetivos da esquerda da América Latina, africana e asiática
sejam compatíveis com as políticas do neoliberalismo e os
programas da Troika.



Correio da Cidadania: O partido Democrático de Matteo Renzi,
como o de D’Alema, são filhos legítimos ou ilegítimos do
Partido Comunista Italiano (PCI) de Enrico Berlinguer?






Luciano Vasapollo: Devemos admitir que o Partido Comunista
Italiano, mesmo não concordando com as políticas reformistas
que ele abraçou na década de 50, foi um partido com uma longa
história política de resistências revolucionárias e uma grande
tradição de lutas, que permitiram a afirmação dos conceitos
classistas nas atividades das estruturas de massa do partido
e, também, naquelas do sindicato. Por isso, após a evolução
histórica do PCI aconteceu um processo de decadência política,
sobretudo teórica, que começou muito antes do eurocomunismo.
Lembro perfeitamente que a chamada esquerda “extraparlamentar”
nasceu no fim dos anos 60 não só para se contrapor ao
"poder-poderoso” das Democracia Cristã, mas para reafirmar nas
praças, nos bairros, nas universidades e nas fábricas as
características do antifascismo do movimento popular.



Na realidade, essa nova esquerda, antagônica e alternativa,
nasceu, também, para exercer a crítica, rigorosa e às vezes
implacável, à prática revisionista do reformismo do PCI, para
depois criar uma nova área política revolucionária e, antes de
tudo, classista. De fato, a prática revisionista do reformismo
do PCI aumentou em volume, em particular quando Enrico
Berlinguer e depois Achille Occhetto foram secretários do
partido. Com eles, o conjunto das instituições burguesas se
tornou “politicamente aceitável se as mesmas abrissem as
portas do poder ao PCI”.



Uma lógica que, em seguida, foi aplicada cientificamente para
que as portas do poder se abrissem para Romano Prodi, Massimo
D’Alema, Giorgio Napolitano, Enrico Letta e por último Matteo
Renzi. Hoje, muitos lembram com saudade de Berlinguer, por
causa das maneiras abusadas e arrogantes de Renzi, porém, os
mesmos não admitem que o PD de Renzi, tal como o de D’Alema ou
de Prodi, enquanto partido de poder, interagiu com as
multinacionais e gerenciou os interesses da Troika. Por isso o
DS (Democratas de Esquerda) e o PD (Partido Democrático) são
um produto histórico da continuidade do reformismo político
que ficou acentuado com Berlinguer.



Correio da Cidadania: Se na Itália o PD virou um instrumento
político do sistema capaz de garantir o controle social, qual
é a situação no resto da Europa?






Luciano Vasapollo: O que aconteceu na Itália, em geral, se
repetiu em todo o mundo e não só na Europa. É suficiente
lembrar o que aconteceu ao Partido Comunista Francês, bem como
ao espanhol, que ao enfileirarem-se no eurocomunismo assinaram
a própria autodestruição, inclusive por que já haviam
renunciado a ser um partido de classe revolucionário. Haviam
abdicado da estratégia da ruptura revolucionária. Enfim,
haviam decidido ficar longe do conceito “revolução”, para
poderem mostrar formalmente sua renúncia à tomada do poder e,
consequentemente, se tornarem compatíveis com as instituições
do sistema capitalista. Pois, como falou Fidel Castro, “a
revolução é o sentido do momento histórico”.



Hoje, no momento histórico, nesse contexto internacional onde
as relações de força são desfavoráveis não só pelos
comunistas, pelos revolucionários, mas também pelo movimento
internacional dos trabalhadores, nós falamos de socialismo
possível e do que é realmente possível fazer em termos de
transição ao socialismo, aqui e agora. Eles, os
ex-socialdemocratas que agora se tornaram neoconservadores e
falsos progressistas de esquerda, falam de políticas de
austeridade, de programas neoliberais cada vez mais
antiproletários e antioperários.



É verdade que no passado houve numerosos momentos históricos
de ruptura, com a realização de revoluções socialistas e
outras que depois foram derrotadas. Porém, hoje as condições
são diferentes e estou convencido de que neste momento estamos
passando pela fase da reconstrução de uma nova esquerda
europeia anticapitalista e revolucionaria, porque a esquerda
tradicional ficou esgotada, visto que há muito tempo se recusa
até a debater o modo de produção capitalista.



Consequentemente, essa esquerda não tem mais perspectivas
políticas e, antes de tudo, não tem mais uma estratégia
revolucionária e não quer uma mudança estrutural, nem em
termos reformistas e tampouco nos moldes da socialdemocracia.





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Hoje, a Federação Sindical Mundial (FSM) representa o nível
mais alto do conflito sindical e social, que cresce no âmbito
mundial. Na Itália, a USB (União dos Sindicatos de Base) é a
única confederação sindical filiada à FSM, que exerce um
importante papel político e social com o objetivo de manter em
vida as problemáticas da luta de classe. Ao mesmo tempo, temos
os movimentos sociais conflitantes que desempenham um papel
político cada vez mais definido ao propor uma ruptura
anticapitalista, anti-União Europeia e anti-Euro, e que ganhou
a simpatia e um consenso popular sem precedentes, sobretudo na
Grécia, na Espanha e na Itália. Um consenso que também nos
outros países da União Europeia começou a se afirmar.






Este acontecimento nos obriga a fazer uma profunda reflexão
sobre os novos comportamentos de classe e sobre os novos
sujeitos políticos que intervêm nas lutas anticapitalistas.
Praticamente, isso indica que existe um outro mundo de
explorados e de potenciais lutadores sociais que precisa ser
organizado, do momento que não se reconhecem mais os partidos
tradicionais da esquerda, não só porque eles estão todos no
governo, mas por que aqueles partidos não são mais de
esquerda, ou seja, representam os interesses das classes
patronais.



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Correio da Cidadania: Nesse mundo de crises globalizadas os
novos grupos sociais se recusam de interagir ou de
subordinar-se aos partidos tradicionais da esquerda
reformista. Esse fato pode prefaciar, inclusive, a formação de
um novo internacionalismo?






Luciano Vasapollo: Antes de tudo, à frente dessa crise
encontramos a opção estratégica da maioria da esquerda
europeia, que se identificou no chamado social-liberalismo
para poder receber o encargo de administradora do poder das
burguesias transnacionais e defensora do sistema capitalista.
Para esclarecer tal opção, quero lembrar que aqui na Itália
não foi Berlusconi quem assinou o protocolo para impor o Euro.
Foi, primeiro, Romano Prodi com o DS. Depois, foi ratificado
por Massimo d’Alema, após a transformação do DS em PD.



É oportuno lembrar que Prodi, na época fundador do PD,
juntamente a Lionel Jospin, então secretário do PS francês, e
Tony Blair, dono absoluto do New Labour Party naqueles anos,
utilizaram a nefasta legislação da União Europeia para
finalizar suas campanhas eleitorais. De fato, por serem as
forças políticas com maior consenso político, suas lideranças
fizeram de tudo para tornar seus partidos o bloco partidário
mais compatível com o sistema de poder capitalista.



Por isso, os governos ditos de centro-esquerda, que hoje guiam
o destino da nova Europa patronal, exercem uma forte liderança
para contrastar a afirmação política dos novos grupos sociais
e dos movimentos antagônicos, além de reprimirem as lutas
operárias e proletárias.

Depois de ter analisado as questões políticas que determinaram
o surgimento do novo bloco social antissistêmico, no lugar de
falar de internacionalismo comunista, gostaria de falar mais
de internacionalismo de classe e de internacionalismo
proletário.



Por ser marxista de longa data, esse argumento é uma ferida
que permanece aberta, porque hoje a grande maioria dos
partidos comunistas têm posições muitas atrasadas no terreno
político e em nível internacional, no que diz respeito à
interpretação revolucionária do conflito capital-trabalho.



De fato, o posicionamento anticapitalista das novas forças
sociais, dos movimentos de base e dos sindicados classistas,
em termos de análise política e de capacidade de luta, bem
como na lógica de exercer o contrapoder no território, é muito
dinâmico, além de rejeitar as hesitações e a condescendência
de muitos partidos e organismos que continuam a se definir
comunistas.



Por isso, devemos dar muita atenção aos novos acontecimentos
do conflito de classe, visto que em função da crise sistêmica
e por efeito da globalização neoliberal estão surgindo novos
blocos sociais que revelam formas de organização classista com
altos níveis de conflitualidade antiimperialista e
anticapitalista.



Correio da Cidadania: Mas ainda tem sentido falar em classe
operaria?






Luciano Vasapollo: A classe operária não desaparece, mas se
movimenta, ocupa novos territórios juntamente à produção
industrial e sofre os efeitos da divisão internacional do
trabalho nas diferentes áreas geográficas do mundo. É evidente
que a Europa e os Estados Unidos, que ainda são o coração do
capitalismo maduro, na tentativa de compensar a ausência de
altas margens de lucro e, portanto, com vista impedir a queda
da taxa média de lucro, praticam a desindustrialização das
grandes áreas de concentração capitalista e multiplicam a
eficiência do setor terciário e até do chamado quaternário,
subordinando a economia real ao desenvolvimento especulativo
dos serviços financeiros que realizam renda ao invés de
mais-valia.



Desta forma, enfraquecem a economia real material, isto é,
aqueles setores localizados nas periferias das metrópoles onde
a classe operária ainda tem um papel político central. Quando
se fala de operários, na linguagem política tradicional, logo
se entende a força de trabalho da fábrica fordista, que, nos
nossos dias, apesar de sua diversificação no planeta, ainda
reúne um bilhão de trabalhadores, aos quais se devem juntar o
bilhão e meio de camponeses.



Pois são eles que ainda contribuem na extração da mais-valia
no mundo inteiro! Mesmo assim, devemos admitir que no mundo do
trabalho existe um processo de redefinição do bloco social,
que cria amplas faixas de proletariado, cada vez mais
explorado fora do perímetro industrial de tipo fordista, isto
é, uma classe operária num sentido muito vago, que é classe em
termos de trabalho e de exploração capitalista. Temas que os
movimentos de base e os sindicatos antagônicos
anticapitalistas, como, por exemplo, os que prioritariamente
estão afiliados a FSM (Federação Sindical Mundial), estão
avaliando para definir modernos moldes organizativos e,
juntos, enfrentarem as novas formas do conflito
capital-trabalho.



De fato, quem trabalha oito ou dez horas frente aos
computadores dos Call Centers ou dos serviços informáticos
bancários, ou do crédito ou dos serviços das empresas
industriais, é um trabalhador explorado tal como o operário da
FIAT ou da ILVA. Hoje, a imensa diversificação eletrônica,
tecnológica e informática da produção industrial e do setor
terciário avançado criou novas categorias de trabalhadores que
produzem mais-valia absoluta e relativa. Eles são também
trabalhadores superexplorados. Por isso, representam a nova
classe operária.



Correio da Cidadania: Por qual motivo os movimentos contra a
guerra, contra as injustiças sociais se revelam instáveis e,
às vezes, excessivamente espontaneístas e com pouco fôlego,
enquanto os movimentos sindicais conflitantes dão muita
importância à organização e à continuidade das lutas?






Luciano Vasapollo: Nas últimas décadas, surgiram e
desapareceram muitos movimentos sociais, mais ou menos
antagônicos, como por exemplo o NO TAV (movimento contrário à
construção de uma linha para trens de alta velocidade, que
ligaria Turim a Lyon), os dos Bens Comuns, aqueles contra a
guerra etc. etc. Lembro que no início do século os movimentos
contra a globalização tiveram um específico momento de
esplendor com o Fórum Social Mundial de Porto Alegre. Na mesma
onda, mas com uma visão mais organizada e uma atuação
orientada em termos estratégicos, aparece o movimento
internacional organizado no âmbito da nova conflitualidade
sindical, que agrupa organizações que por terem sólidas
estruturas de massa e por estarem fortemente ligadas às
classes trabalhadoras adquiriram uma maior eficácia na
resistência e na projetação de lutas de longa duração.



Na Itália, os novos sindicatos conflitantes convergem na USB
(União dos Sindicatos de Base), que por ser uma confederação
ligada à Federação Sindical Mundial consegue organizar e
sustentar as lutas por muito tempo. Eles são as verdadeiras
organizações sindicais do novo antagonismo anticapitalista,
que por exprimirem o nível máximo do conflito de classe
realizam o cruzamento da velha classe operária e camponesa com
aquelas que hoje são os novos sujeitos sociais do mundo do
trabalho e do não-trabalho, isto é, o desemprego. Ao darem
continuidade e projeção estratégica conseguem definir a
construção da nova organização de classe.



Por esse motivo, os movimentos sociais deveriam tentar definir
uma estratégia para realizar lutas reivindicativas e aceitar a
formação de um horizonte organizado e não espontaneísta ou
situacionista, para assumir formas de luta antiimperialistas,
anticapitalistas e para a superação dessa sociedade, vítima da
exploração do homem sobre o homem e do homem sobre a natureza.





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O Parlamento e a democracia burguesa exercem uma certa
fascinação, sobretudo se alimentada pelo retórico epíteto
“Deputado ou Senador do povo italiano”. Na maior parte dos
casos, a boa vontade e as qualidades morais do parlamentar
devem se dobrar e aceitar as indicações do líder da bancada,
que repete nada menos que as palavras do secretariado do
partido.






Por isso, o Parlamento italiano virou um complemento
subordinado aos compromissos que o grupo dirigente de cada
partido assume com o lobby desta ou doutra multinacional, com
aquele conglomerado financeiro, com aquele grupo bancário, com
aquele jornal ou televisão.






Infelizmente, o Parlamento italiano, desde os tempos de Crispi
e de Giolitti, resultou ser um ótimo instrumento para
manipular a consciência e a inteligência dos italianos e,
também, para condenar qualquer manifestação popular que
denuncie a realidade do desemprego, da imigração, da violência
mafiosa, da pobreza absoluta, da corrução e das ausências do
Estado.



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Correio da Cidadania: Os movimentos deveriam se relacionar com
os partidos que tem assentos no Parlamento ou devem promover
novas formações políticas para desfrutarem os privilégios
políticos do parlamentarismo?



Luciano Vasapollo: Não quero aparecer como um
antiparlamentarista em absoluto, quando afirmo que,
atualmente, nos Parlamentos dos países membros da União
Europeia, com exceção da Grécia e de Portugal, onde a presença
combativa e militante dos partidos comunistas é muito bem
estruturada, não existem grupos políticos que representam os
interesses de classe. Quero, portanto, lembrar que a luta de
classe e a luta para livrar-se do capitalismo utilizam
diferentes instrumentos políticos, inclusive o
parlamentarismo.



Quem deveria representar no Parlamento os interesses das
classes, manifestados com as lutas, se revela um instrumento
de luta válido por ser um alto-falante militante das
conquistas alcançadas com as lutas. Infelizmente, até agora,
não encontrei organizações políticas capacitadas a desempenhar
um papel classista no Parlamento.



Correio da Cidadania: Portanto o cerne do problema é saber se
é possível, e quando factível, ter uma relação com as
instituições?



Luciano Vasapollo: Hoje, na Itália, ainda não existe uma força
política que possa representar as verdadeiras instâncias dos
movimentos sociais e os interesses de classe do movimento dos
trabalhadores. As organizações políticas com uma forte
subjetividade estratégica e amarradas à dimensão social da
luta de classe, como por exemplo a Rede dos Comunistas, nunca
aceitaram trilhar o caminho do Parlamento, não porque eram
sectários ou tinham conotações autorreferenciais. Na
realidade, nunca existiram as condições objetivas e as
subjetivas para pegar esse caminho, mesmo no nível de
coalizão, onde os interesses de classe mantêm um nível
aceitável de coerência.



Portanto, se hoje os movimentos sociais e as organizações
anticapitalistas, juntamente aos grupos comunistas,
conseguissem eleger no Parlamento os representantes de uma
linha de ruptura, capazes de fazer os interesses estratégicos
de classe no âmbito da institucionalidade, ninguém seria
contra. Especialmente se tais representantes tivessem a
competência de relatar no Parlamento a atuação, articulada e
complexa, das diferentes frentes de luta, como há muitos anos
fazem os parlamentares comunistas da Grécia e de Portugal. É
claro que nesse caso iríamos logo aceitar a participação no
pleito eleitoral, convencidos de que assim construiremos uma
representação institucional e revolucionária na mais
estratégica representação política!



O problema é que, atualmente, o Parlamento não é uma caixa de
ressonância institucional que aceita e permite a eleição de
alguém que se faz portador das expressões reais da
potencialidade do conflito social e, portanto, militante da
atualidade das lutas.



O verdadeiro alto-falante dos movimentos de classe é
apresentar-se como sujeito de classe organizado, reconhecido
por ser um sujeito que no interior das fábricas, no seio dos
centros sociais, no âmbito dos movimentos antagônicos e nas
instâncias territoriais, consegue, sempre, realizar um
saudável reformismo estrutural, com o qual se pode alcançar os
objetivos que o povo quer.



Refiro às pequenas conquistas no mundo do trabalho, onde ainda
certos direitos são negados ou os níveis de precariedade são
altíssimos. No território, é viável promover lutas para ter de
volta a construção dos condomínios populares, baixar os
alugueis nas antigas casas populares e resolver as exigências
e as necessidades dos bairros populares. Na sociedade, é
possível pressionar para requerer a taxação dos lucros, fixar
uma renda para todos, que vai além do salário e do trabalho,
do momento que hoje o povo reivindica uma maior distribuição
social da riqueza, com a qual se satisfaçam as necessidades
primárias que aumentaram com a modernização da sociedade.



Correio da Cidadania: Afinal os movimentos sociais podem
dinamizar as lutas para as reformas estruturais e, portanto,
impedir que as mesmas sejam usadas como produtos do marketing
eleitoral?



Luciano Vasapollo: As conquistas obtidas com as reformas
estruturais, que, na realidade, são processos táticos
reivindicativos, tornam possível a construção de formas de
organização de classe, com as quais se reforça, em seguida, a
subjetividade comunista do partido com o trabalho de massa. O
grande problema é de que maneira será possível estruturar em
termos estratégicos a organização de classe.



A solução implica entender o pensamento dos novos sujeitos que
compõem a classe, dando-lhe, em seguida, uma possibilidade de
projeção. Na prática significa voltar e se integrar na classe.
De fato, é necessário entender as aspirações do novo bloco
social, relatar as novas exigências dos trabalhadores, para
depois formular princípios, estruturas e momentos de
organizações de classe, com vistas à construção da organização
comunista de massa. Neste âmbito, por exemplo, poderíamos
transformar as reivindicações sindicais territoriais em
elementos de luta política e, consequentemente, proceder na
construção da organização política no território.



Na prática, é preciso voltar a escutar o que o povo diz, o que
os trabalhadores comentam, conhecer as aspirações dos
explorados, mesmo quando eles se manifestam de uma maneira e
através de uma lógica que podemos considerar atrasada. Será,
enfim, neste contexto que serão definidos os instrumentos
organizativos para continuar e definir novas perspectivas de
luta.



Ao contrário disso tudo, se a reivindicação é monopolizada
para justificar apenas candidaturas eleitorais e se as mesmas
não têm um fim estratégico, mas apenas um oportunismo tático,
é melhor deixar de lado. Continuar a trilhar esse caminho
significa repetir a pior experiência dos partidos da esquerda
europeia, que em um primeiro lugar transformaram a tática em
estratégia, para depois rejeitarem a estratégia classista da
ruptura política e se adaptarem ao status quo do capitalismo.





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As gerações de italianos dos últimos vinte anos, para além da
manipulação midiática (RAI/MEDIASET/La Repubblica), das
iniquidades do consumismo e dos efeitos nefandos do
neoliberalismo, tiveram que engolir a revisão da cultura
política, visto que uma “Inquisição” moderna, logo após a
dissolução da URSS, vetou a publicação dos livros com conteúdo
“excessivamente revolucionário e anticapitalista”.






Por exemplo, l’Unità, o jornal do PCI fundado por Antonio
Gramsci, no ano passado foi vendido a um grupo de investidores
e hoje é o porta-voz oficioso da tendência majoritária do PD,
liderada pelo primeiro-ministro, Matteo Renzi. A editora
Riuniti, com sua histórica livraria romana em Via delle
Botteghe Oscure, deletou de seus catálogos todos os autores da
chamada “Biblioteca do Pensamento” (Marx, Engels, Gramsci,
Lênin, Luxemburgo, Brus, Janniosky, Allende e tantos outros).






Isso aconteceu porque os últimos dirigentes do PCI
revisionista, para não deixar rastros do passado “comunista”
deles, resolveram minimizar a cultura política de esquerda, ao
ponto de até o famoso pôster sobre o “Quarto Estado”, símbolo
do socialismo, sair de produção!



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Correio da Cidadania: Isso significa que devemos voltar a
estudar Gramsci?






Luciano Vasapollo: Certamente! Gramsci foi negligenciado
sobretudo na Itália, mas também no resto da Europa. Aliás,
quero sublinhar que foi até hostilizado. Na realidade, Gramsci
foi utilizado e às vezes citado indignamente, somente quando
os revisionistas queriam justificar opções políticas
totalmente reformistas e sem nenhuma perspectiva de ruptura
revolucionária.



Diferentemente disso tudo, na América Latina Gramsci continua
sendo muito estudado. Hoje a Práxis continua sendo um elemento
de análise e de aplicação em Cuba, na Venezuela, na Bolívia,
no Equador, mas também no Brasil e no México, onde souberam
valorizar os conceitos gramscianos. Em particular, o processo
de construção da hegemonia que se afirma com o interagir das
relações de classe.



Uma construção que põe o problema da hegemonia cultural, das
alianças e do bloco histórico gramsciano, o que não pode ser
confundido com o bloco social. De fato, o segundo se constrói
a partir das novas dimensões e dos novos sujeitos de classe,
dos elementos do trabalho e do não-trabalho, enquanto o bloco
histórico personaliza a hegemonia de quem manda em um país
impondo um específico modus vivendi.



Correio da Cidadania: E na Itália, hoje, quem representa o
bloco histórico vitorioso?






Luciano Vasapollo: Sem dúvida é o bloco chefiado por Matteo
Renzi, que sucedeu o bloco da burguesia encabeçada por
Berlusconi e a Liga Norte. E há os sujeitos que perderam
porque não aceitaram depender da burguesia transnacional
europeia, que agora domina quase todos os países da União
Europeia. Infelizmente, o novo bloco social do proletariado
está ainda em construção, visto que antes se deve criar uma
nova organização de classe.



Posso afirmar que, hoje, o bloco histórico que detém o poder
com Matteo Renzi é a componente italiana dessa nova burguesia
transnacional, muito forte aqui na Itália. É ela quem
determina as regras no setor financeiro, na economia e na
política, utilizando para esse fim os amplos espaços que todos
os jornais e as televisões concedem aos seus representantes.
Tanto que hoje na Itália a informação parece ter sofrido um
processo de uniformização. Um único canal, uma única voz para
repetir as mesmas manipulações.



Digamos que estamos vivendo uma espécie de ditadura midiática!
Diante disso, nossa tarefa é conseguir romper a hegemonia
dessa burguesia transnacional, impondo momentos de
recomposição do bloco social com a perspectiva de construir a
hegemonia de nossa classe a partir da cultura popular e,
sobretudo, da cultura proletária.



Correio da Cidadania: Hoje, é ainda possível refundar o
Partido Comunista na Itália para promover uma mudança radical
sistêmica sem usar os conceitos políticos de Gramsci e,
portanto, confiar unicamente nos “cérebros” do marketing
eleitoral?






Luciano Vasapollo: Os conceitos gramscianos da filosofia da
Práxis ainda são atuais e de absoluta importância. Eles não
podem ser trocados como se troca um logotipo ou um título de
um pôster eleitoral. Por outro lado, a dificuldade em
refundar, hoje, o Partido Comunista não é técnica mas, sim,
política. É preciso entender que o verdadeiro problema desse
partido é ser um elemento que se torna história. Enfim, é uma
construção histórica que, também em nossos dias, se identifica
informalmente no sujeito político revolucionário
internacional.



Não é uma realidade provinciana, não é uma declaração de boas
maneiras, não se constitui com um decreto. Repito: o Partido
Comunista é um devir histórico que se desenvolve e se compacta
no processo de formação da organização de classe. Por isso,
hoje, devemos individuar as organizações que representam a
expressão de classe e que sabem dialogar com as massas dos
explorados, para, depois, saber colocar-se nos processos de
autodeterminação popular, aqui na Itália e também no resto da
Europa, onde os conceitos gramscianos foram atirados no saco
de lixo, diferentemente da América Latina, onde são cada vez
mais atuantes.



Por exemplo, as dinâmicas políticas dos países da ALBA têm o
mérito de terem atualizado a problemática de construir a
ruptura política com a participação popular e promoverem os
processos de emancipação e autodeterminação dos povos com
vista à transição ao socialismo.





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As crônicas dos acontecimentos políticos gregos acenderam de
esperanças os movimentos europeus durante dez longos meses, da
campanha eleitoral para as eleições europeias em maio de 2015
até as legislativas gregas de janeiro de 2015. Naquele
período, na Itália houve quem, na onda do oportunismo mais
ordinário e polichinelo, inventou a “Lista Tsipras” para
começar a enterrar as bandeiras do Rifondazione Comunista,
considerado um partido com uma simbologia “demasiado
comunista”.






Infelizmente, a vitória da Troika na Grécia tem provocado o
imediato recuo das posições políticas de Podemos para um
câmbio radical na Espanha, permitindo a afirmação dos grupos
euro-reformistas que integram o Podemos, segundo os quais é
possível administrar “com honestidade” o poder da burguesia
transnacional sem romper com a União Europeia e sem sair do
Eurogrupo.






É evidente que em termos geopolíticos tudo isso fica
impraticável no momento em que os tecnocratas do BCE e da
Comissão Europeia – os que representam em Bruxelas a burguesia
transnacional vitoriosa - uniformizaram a dívida de Portugal,
Itália, Irlanda, Grécia e Espanha (PIIGS), para poder impor
uma definitiva relação de dependência, sobretudo com as
economias dos PIIGS que são as principais clientes das
indústrias francesas e alemãs.






Portanto, o “Diktat” que a Troika formulou para o povo grego,
na realidade, é dirigido aos governos, aos partidos
progressistas e aos movimentos sociais da Europa mediterrânea.





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Correio da Cidadania: Como explica que a maioria do partido
Syriza e o mesmo Alexis Tsipras, após as extraordinárias
vitórias eleitorais de janeiro e de julho, aceitaram todas as
exigências da Troika?






Luciano Vasapollo: Para evitar ser estupidamente etiquetado
como um sectário e para inviabilizar logo um possível
posicionamento extremista, quero sublinhar que eu e a área
política, social e cultural a quem pertenço, isto é, a Rede
dos Comunistas, sempre dissemos que a vitória do Syriza foi,
antes de tudo, uma grande vitória popular e não o artefato
eleitoral de Alexis Tsipras. De fato, se um componente tão
amplo do povo grego foi capaz de dizer NÃO aos ditames da
Troika, NÃO às políticas de austeridade, ao nosso ver, esse
importante acontecimento devia ser apoiado porque representava
um momento de ruptura revolucionária.



Por outro lado, devemos sublinhar que, sem o programa do
Syriza, a potencialidade daquela componente popular teria
ficado desunida, com o risco de cair nas mãos dos grupos
nacionalistas exaltados e os da direita anti-europeísta, mas
profundamente racistas, fascistas e até nazistas, tal como
Aurora Dourada, que aqui na Itália se relaciona com os grupos
da extrema-direita (Casa Pound etc.) e os racistas da Liga
Norte.



Por isso, temos acreditado que na Grécia era possível uma
mudança radical. Temos acreditado e tivemos fé em Alexis
Tsipras quando ele dizia que teria enfrentado os poderes
fortes da Troika para sair do momento de crise. Temos
acreditado que ele iria honrar o mandato popular anti-União
Europeia. Infelizmente, o processo não correu como
esperávamos. Logo apareceram as contradições de Tsipras,
demostrando de ser um líder sem coragem política e sem nenhuma
vocação revolucionária.



Correio da Cidadania: Entrando nos particulares, Alexis
Tsipras cometeu um erro de leitura política ou de analise
geoestratégica? Afinal ele sobrevalorizou sua conceição e sua
capacidade política? Desconsiderou o papel que a União
Europeia pretende ter na competição internacional?






Luciano Vasapollo: Acredito que depois do primeiro erro ele
cometeu todos os outros. Por isso o momento de crise apareceu
publicamente somente após o referendo. Na realidade, já após o
primeiro mês de governo, Tsipras sofria com a pressão da
crise, sem, porém, dar-se conta do jogo de retórica, inclusive
violenta, que os poderes fortes da Troika realizavam para não
modificar o Memorando. A verdade é que com esta União Europeia
não se podia negociar, do momento que eles não queriam
negociar nada. De fato, os 120 bilhões de euros da dívida
grega eram apenas uma questão administrativa.



O verdadeiro problema era de natureza política do momento que
a Troika não podia se rebaixar e aceitar compromissos de um
país como a Grécia, que representa menos de 2% do PIB europeu.
Por isso, as negociações com a Grécia foram utilizadas para
reafirmar a vontade da União Europeia de alcançar a liderança
internacional com a afirmação do polo imperialista europeu,
coordenado pela intendência franco-alemã.



Infelizmente, Tsipras não vislumbrou em tempo esses
importantes pormenores. Por outro lado, não podemos esquecer
que no momento em que Tsipras e Varoufakis davam entrevistas
em Bruxelas estava ocorrendo uma guerra econômica subterrânea
entre a área do euro e a do dólar para a aprovação silenciosa
do TTIP (Tratado Transatlântico de Comércio e Investimento).
Além disso, os Estados Unidos deviam enfrentar a áspera
incógnita da China e a evolução geral dos BRICS (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul).



Enfim, havia também um conflito de interesses em que as
transnacionais e os conglomerados financeiros europeus se
digladiavam para ter o controle das reservas do petróleo e do
gás do Iraque, da Líbia e da Síria. Novamente, Tsipras não
entendeu que a dinâmica da competição não era mais a do século
passado.



Por isso tudo, a União Europeia não podia criar uma exceção e
fazer descontos à dívida de um país tão pequeno e tão
insignificante do ponto de vista econômico como a Grécia. Em
Bruxelas, não podiam criar um precedente que poderia ser
utilizado como exemplo e, portanto, quebrar a legitimidade da
política financeira da União Europeia. Enfim, o que estava em
jogo era a estabilidade da União Europeia, por isso não houve
compromissos de nenhum tipo.


Correio da Cidadania: Entretanto, Varoufakis, após o referendo
e diante da decisão anti-União Europeia do povo grego,
elaborou logo um Plano B que Tsipras vetou. Por qual motivo?






Luciano Vasapollo: Quero sublinhar que o Plano B de
Varoufakis, inicialmente foi vetado primeiro pela maioria do
partido Syriza e depois veio o veto de Alexis Tsipras, que
assim pretendeu sustentar, até o fim, as posições do
euro-reformismo e, portanto, ter a ilusão de conseguir
reformar a União Europeia com a teoria da sustentabilidade. Se
Tsipras tivesse racionalizado politicamente em termos reais e
revolucionários, teria atuado de forma diferente, entendendo
que a Grécia no xadrez das relações internacionais ocupava um
lugar ínfimo.



Consequentemente, deveria entender que era ele que devia
deixar aquelas negociações e realizar o mandato popular da
ruptura. De fato, depois de ter ganho o referendo com 61%,
Tsipras podia muito bem dizer a senhora Merkel, aos
representantes da Troika e às excelências da burguesia
transnacional o seguinte: “senhores, agora somos que saímos do
Eurogrupo. Somos nós que decidimos não pagar mais a dívida.
Somos nós que decidimos as reformas que devemos realizar!



É e vidente que para sair do Eurogrupo é preciso ter uma
decisão e uma coragem política como a do presidente do
Equador, Rafael Correa, quando expulsou do país os
funcionários do FMI e disse: “não pagamos a dívida e nosso
dinheiro será usado para fazer investimentos em estruturas
sociais”. Lembro que antes do Equador a Argentina também disse
NÃO ao FMI e aos especuladores do mercado financeiros (Fundos
Abutres).



Entretanto, muitos falam em traição de Alexis Tsipras após o
referendo, quando ele assumiu comportamentos administrativos
não tão simples. Em geral, eu não gosto de usar a palavra
traição, mas repito que Tsipras não traiu!



A verdade é que Alexis Tsipras, enquanto militante do
euro-reformismo, foi um teimoso até o fim, acreditando em
poder construir uma possível compatibilidade com a burguesia
transnacional europeia para suavizar as obrigações econômicas
e financeiras que a Troika pretendia impor à Grécia.



Nesse contexto, penso que o erro imperdoável e incomensurável
de Alexis Tsipras veio depois, quando tomou a decisão de
dividir um movimento popular enorme e um partido alternativo
como o Syriza para obter, com as eleições antecipadas, a
investidura política de ser o único que deveria gerenciar o
momento de crise. Isto é, ele quis ser o único capaz de
garantir a Merkel, ao FMI, à BCE, à Comissão Europeia, a
Barack Obama e, portanto, a Israel a continuidade dos
compromissos assumidos no âmbito das alianças, em particular a
fidelidade à OTAN!



Portanto, não quero dizer que Tsipras seja um traidor, porém,
diante disso devo absolutamente sublinhar que os interesses de
classe dos trabalhadores e os do povo grego foram claramente
traídos.





Achille Lollo é jornalista italiano, correspondente do Brasil
de Fato na Itália, editor do programa de TV “Quadrante
Informativo” e colunista do "Correio da Cidadania. Também
colaborada com “ALBA Informazione”, “L’Antidiplomatico” e a
revista “Nuestra América”.

IN
CORREIO DA CIDADANIA
http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=11096:2015-09-18-19-06-32&catid=34:manchete
18/9/2015

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