sexta-feira, 31 de março de 2017

Revelações: a jiade da Lafarge-Holcim


Thierry Meyssan

Por ocasião do lançamento do livro de Thierry Meyssan, «Sob os nossos olhos. Do
11 de Setembro a Donald Trump», publicamos uma série de artigos desenvolvendo
algumas das inúmeras informações que ele contém.
A seguir à intervenção de Jean-Luc Mélenchon aquando do debate da eleição
presidencial francesa, começamos com a verdadeira história Holcim-Lafarge na
Síria.

Em 2 de Março de 2017, a sociedade Lafarge-Holcim reconheceu que a sua filial
síria «remeteu fundos a terceiros a fim de conseguir acordos com um certo número
de grupos armados, entre os quais terceiros visados pelas sanções, tendo em
vista manter a actividade e garantir uma passagem segura para os funcionários e
para os aprovisionamentos para, e desde a a fábrica» [1].
Desde logo, a cimenteira foi objecto de duas investigações. A primeira foi
iniciada pelas associações Sherpa e ECCHR, a 15 de Novembro de 2016, enquanto a
segunda foi lançada pelo Ministério da Economia francês. Ambos reagindo às
pretensas revelações do Le Monde, segundo o qual a Lafarge pagou dinheiro ao
Daesh (E.I.) em violação das resoluções da ONU.
Importa observar que os artigos publicados a 2 de Março no Intelligence Online
(boletim confidencial pertencendo ao Le Monde) e na próprio jornal Le Monde de
22 de Junho, foram redigidos por uma jornalista externa a estas publicações,
Dorothy Myriam Kellou. Esta jovem mulher estudou na Universidade de Georgetown,
conhecida pelas suas ligações com a CIA, e foi assessora de imprensa no
Consulado francês em Jerusalém. Estes artigos foram confirmados por um livro de
Jacob Waerness, Risikosjef i Syra, no qual o antigo empregado descreve a grave
situação de segurança do pessoal da Lafarge na Síria. O autor prosseguiu a sua
colaboração com a cimenteira após a publicação do seu livro.
As pseudo-revelações do Monde foram organizados em conluio com a Lafrage-Holcim
para desviar a atenção da opinião pública e dos juízes para um pormenor :
deveria ou não aceitar ser chantageada pelo Daesh.
Mas, a verdade é muito mais grave.
A preparação da guerra contra a Síria
Em Junho de 2008, a OTAN organizou a reunião anual do Grupo de Bilderberg [2],
em Chantilly (Estados Unidos), no qual Hillary Clinton e Barack Obama se
apresentaram aos participantes.
Entre os 120 presentes estava Basma Kodmani (mais tarde porta-voz da Coligação
Nacional da Síria) e Volker Perthes (mais tarde assistente de Jeffrey Feltman na
ONU, para a Síria). Durante um debate sobre a continuação da política externa
dos norte-americana, eles intervieram para mostrar a importância dos Irmãos
Muçulmanos e o papel que estes poderiam jogar na «democratização» do mundo
árabe.
Jean-Pierre Jouyet (o futuro secretário-geral do Eliseu), Manuel Valls (o futuro
Primeiro-ministro) e Bertrand Collomb (o patrão da Lafarge) estavam presentes ao
lado de Henry R. Kravis (o futuro coordenador financeiro do Daech).
A Lafarge na Síria
A Lafarge é a líder mundial das cimenteiras. A OTAN confia-lhe a construção de
bunkers dos jiadistas na Síria e a reconstrução da parte sunita do Iraque. Em
troca, a Lafarge deixa a Aliança gerir as suas instalações nos dois países,
nomeadamente a fábrica(usina-br) de Jalabiyeh (na fronteira turca, a norte de
Alepo). Durante dois anos, a multinacional fornece os materiais de construção
para gigantescas fortificações subterrâneas que permitem aos jiadistas desafiar
o Exército árabe sírio.
A Lafarge é então dirigida pelos Norte-americano Eric Olsen que integrou na
empresa as fábricas dos Irmãos Sawiris e de Firas Tlass. Este último é o filho
do General Moustapha Tlass, antigo ministro da Defesa do presidente Hafez
al-Assad. Ele é o irmão do General Manaf Tlass, do qual a França tinha pensado
fazer o próximo presidente sírio. Ele ainda irmão de Nahed Tlass Ojjeh, a viúva
do negociante de armas saudita Akram Ojjeh, a qual trabalha com o jornalista
Franz-Olivier Giesbert.
As ligações entre a Lafarge e as Forças Especiais francesas são facilitadas pela
amizade entre Bertrand Collomb (agora presidente honorário da multinacional) e o
General Benoît Puga (Chefe de Gabinete dos Presidentes Sarkozy e Hollande).
A mentira do Le Monde
Num primeiro tempo, o boletim “on-line” dos mercenários anti-sírios, Zaman Al-
Wasl, publica “e-mails” mostrando que a Lafarge paga dinheiro ao Daesh (EI). Num
segundo tempo, Le Monde publica os seus artigos e os documentos de Zaman Al-
Wasl são retirados do seu sítio Internet (no entanto, vós os encontrareis aqui
no nosso site).
De acordo com o Le Monde, a multinacional abastecia-se em petróleo para fazer
funcionar a sua fábrica. O que é falso porque esta instalação funciona
principalmente a carvão, que continuava a ser-lhe enviado a partir da Turquia.
Sem se dar conta da enormidade da sua confissão, o quotidiano admite que a
Lafarge produzia 3 milhões de toneladas de cimento anualmente, destinadas às
«áreas rebeldes».
Ora, durante esta terrível guerra, nada podia ser construído por civis nessas
áreas.
  Soldados do Daesh na fábrica da Lafarge-Holcim em Jalabiyeh (Síria)
A construção dos bunkers dos jiadistas
Durante mais de dois anos 2,6 milhões de toneladas, isso perfaz pelo menos 6
milhões de toneladas produzidas para os «rebeldes». Eu coloco a palavra
«rebeldes» entre aspas uma vez que esses combatentes não são sírios, mas vêm de
todo o mundo muçulmano e mesmo da Europa.
Esta quantidade de cimento é comparável á utilizada pelo Reich alemão, em
1916-1917, para construir a Linha Siegfried. Desde Julho de 2012, a OTAN
---incluindo a França--- organizou uma guerra de posições de acordo com a
estratégia descrita por Abu Mussab «O Sírio» no seu livro de 2004, La Gestion de
la barbarie («A gestão da Barbárie»- ndT).
Imagina-se o número de engenheiros militares de Engenharia Civil da OTAN -entre
os quais Franceses--- que foram necessários para construir este conjunto de
obras.
A Lafarge, os Clinton e a CIA
No correr dos anos 1980, a Lafarge foi defendida, durante o seu processso por
poluição no Alabama, por uma célebre advogada, Hillary Rodham-Clinton. Ela
conseguiu reduzir a multa aplicada pela Agência de Proteção Ambiental para
apenas 1,8 milhões de dólares.
Durante o mandato de George Bush Sr, a Lafarge presta serviço à CIA
transportando ilegalmente para o Iraque as armas que deviam posteriormente para
uma rebelião quando o Iraque invadisse o Kuwait e que a Coligação viesse
libertá-lo.
Durante o mesmo período, Hillary Rodham Clinton, torna-se administradora da
multinacional, função que ela deixou logo que o seu marido foi eleito para a
Casa Branca. O Presidente Bill Clinton reduziu, então, para US $ 600 000 dólares
a multa que a sua esposa tinha podido evitar à Lafarge. As boas relações
continuam uma vez que a companhia pagou 100.000 dólares à Fundação Clinton em
2015, e que o seu novo CEO, Eric Olsen, não hesita em se deixar fotografar com
Hillary Clinton.
A intervenção militar russa
Entrincheirados nos seus bunkers, os jiadistas não temiam o Exército Árabe Sírio
e não tinham nenhuma dificuldade em manter as suas posições. Durante dois anos,
o país encontra-se cortado em dois, tendo o Governo escolhido proteger a
população e, portanto, abandonar os campos.
Quando a Rússia intervem militarmente, a pedido do governo sírio, a sua missão
era destruir com bombas penetrantes os bunkers jiadistas. A operação devia durar
três meses, de Setembro de 2015 até ao Natal ortodoxo (6 de Janeiro de 2016). No
entanto, a extensão das construções da Lafarge-Holcim mostrou-se tão importante
que o Exército Russo teve necessidade de seis meses para as arrasar.
Conclusão
Quando a transnacional Lafarge-Holcim termina a sua missão ao serviço da
engenharia militar da OTAN, ela fecha a sua fábrica e empresta-a à Aliança. A
fábrica de Jalabiyeh foi transformada em Quartel-General das Forças Especiais
dos Estados Unidos, da França, da Noruega e do Reino Unido que ocupavam
ilegalmente o Norte da Síria.
Contrariamente a cortina de fumo do Monde, não se trata pois da triste história
de uma empresa de construção que negociou com jiadistas para salvar o seu
pessoal. A responsabilidade da Lafarge-Holcim, é o seu papel central numa vasta
operação militar de destruição da Síria; uma guerra secreta que custou a vida a
centenas de milhares de pessoas.
In
VOLTAIRENET.ORG
http://www.voltairenet.org/article195811.html
29/3/2017

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