sexta-feira, 24 de junho de 2016

Tenha esperança, agora é possível outra Grã-Bretanha e outra Europa




Tenha esperança, agora é possível outra Grã-Bretanha e outra Europa

por TUAEU [*]

Fora da UE podemos prosseguir o assunto essencial de reconstruir nossa
indústria manufactureira, nacionalizar nossas ferrovias, serviços
postais, empresas de utilidade pública e companhias de energia; podemos
reinvestir nos nossos serviços públicos e nas pessoas que os
providenciam. Podemos proteger nosso Serviço Nacional de Saúde do TTIP ou
de qualquer coisa equivalente, podemos desenvolver nossas escolas sob
controle público e começar a providenciar segurança de emprego e salários
decentes e pensões para todos.

Os apoiantes do Trade Unionists Against the EU (TUAEU) quando falavam ao
país sabiam que o povo estava farto das consequências da
desindustrialização, da austeridade, congelamentos de pagamentos, pioria
das pessoas e do sentimento de impotência que acompanhou o desemprego em
massa, o trabalho precário, a pobreza e o estar sujeito a decisores cada
vez mais distantes da responsabilização democrática.

Durante 40 anos foi-nos negado um voto sobre a UE. Ao longo desse tempo
ela tornou-se mais remota, mais centralizada, mais submetida aos bancos e
grandes corporações e mais indiferente à democracia. Seus pais fundadores,
como Monnet, sempre foram claros que era um projecto destinado a "abolir o
estado nação".

Seus sucessores, como o actual presidente da UE, Junkers, o qual
transformou um país chamado Luxemburgo em nada mais do que um paraíso
fiscal, herdou este ódio às nações e à democracia do povo. Portanto, a
votação de referendo britânico sacudiu todo o seu projecto até ao seu
âmago.

Esperamos outros apelos a referendos por todos os países da UE vindos de
populações que nunca tiveram uma oportunidade de votar sobre a adesão e
de algumas que o fizeram mas agora lamentam.

No movimento sindical estamos habituados à prática democrática. Foram
nossos antecessores que estabeleceram o sufrágio universal e conceitos de
democracia participativa e representativa nos nossos lugares de trabalho e
organizações comunitárias.

Defendemos que os nossos líderes sejam responsabilizados pelas suas
acções e os mandatamos para fazer o que o colectivo deseja que façam.
Isso é o que exigimos agora a todo o país que seja implementado.

Nenhuns obstáculos deveriam ser postos no caminho por uma Câmara dos
Comuns dominada por aqueles que fizeram campanha pela permanência.

Obstáculos no caminho serão colocados pelos bancos, parasitas e
especuladores. Eles estiveram ocupados durante toda a noite do referendo
a fazerem apostas sobre isto e aquilo. E não é incrível que um voto do
povo de Sunderland [NR] possa afecta o valor do esterlino. Que poder temos
nós!

Os magnatas do mercado do dinheiro, que foram os principais apoiantes da
permanência, são altamente voláteis e preparam-se para outro crash. A
culpa disto sem dúvida será atribuída ao bom povo de Sunderland e àqueles
como eles.

O povo britânico, como esperava o TUAEU, decidiu rejeitar toda a base da
anti-democrática União Europeia e seus compromissos essenciais com a
austeridade, o "livre" movimento de capitais, de trabalho e de bens e
serviços. Terão de ser implementadas políticas centradas na remoção destes
princípios da nossa sociedade e na reconstrução da nossa economia real e
serviços públicos.

Foi um movimento sindical altamente organizado que deu um grande sentido
de finalidade e integração à nação. Sindicatos trabalham em prol de
trabalhadores por toda a Gales, Escócia e Inglaterra e naturalmente no
nosso vizinho mais próximo, a Irlanda.

Nossas necessidades como trabalhadores e sindicalistas, nossos problemas
partilhados, nossos interesses são comuns e nossos valores irradiam-se em
oposição a divisões superficiais e o flagelo do racismo.

Deve haver um retorno ao sindicalismo activo em todos os lugares de
trabalho a fim de proporcionar o leito sólido para prosseguir com a
decisão de colocar o povo em primeiro lugar e mobilizar toda a população
em idade de trabalhar com confiança rumo a objectivos partilhados.

Finalmente o espírito de 1945 retornou. Devemo-lo inteiramente aos nossos
avós assim como aos nossos netos mobilizarem-se e finalizarem o pesadelo
neoliberal. Este pesadelo procurou arruinar as conquistas do passado e
remover as oportunidades de vida do futuro.

A chave para isto é uma nova expressão do poder popular, um empenho da
vontade da maioria sobre a minúscula minoria que apoia os bancos e grandes
corporações. Desde 1975 os principais apoiantes da UE no Partido Tory
estraçalharam nossa manufactura, liquidaram nossas empresas de serviços
públicos, reduziram a democracia local e introduziram o desemprego em
massa e os contratos de zero horas. Uma condenação sobre tudo isto nunca
foi feita.

Libertos do Tratado de Lisboa, agora seremos capazes de construir uma
verdadeira solidariedade internacional com os países da Europa e para
além dela.

O internacionalismo significativo precisa retornar. Alguns, durante o
referendo, passaram por alto o que estava a acontecer aos trabalhadores e
sindicatos na Grécia, Portugal, Espanha, Itália e França porque isto
inconvenientemente revelava a natureza real da UE.

Sindicalistas na Grã-Bretanha diziam-nos continuamente que a
solidariedade com os nossos irmãos e irmãs em países da UE, quando as
suas estruturas e direitos de negociação colectiva estavam sob ataque, era
mais necessária do que nunca. A TUAEU visitou vários países e conferências
internacionais para tentá-lo e manter a sua responsabilidade
internacional.

Sindicalistas de todo o globo escreveram-nos instando-nos a abandonar a
UE e dar um sinal a pessoas progressistas por toda a parte de que, como
nação poderosa e com a primeira classe trabalhadora sindicalizada,
precisamos dar um sinal importante de que a agenda neoliberal que tem
devastado a maior parte do mundo pode ser derrotada.

Podemos fazer isto. Todos nós temos um mandato, devemos todos
implementá-lo.

Sindicalistas contra a UE (Trade Unionists Against the EU)
[NR] A votação em Sunderland foi de 61,3% a favor da saída da UE e 38,7%
pela permanência

Ver também:
Resultados do referendo britânico

O original encontra-se em www.tuaeu.co.uk

IN
RESISTIR.INFO
http://resistir.info/gb/vitoria_23jun16.html
24/6/2016

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