sábado, 25 de junho de 2016

Um gigantesco abalo numa União Europeia em crise






Resistir.info Nota dos Editores



A Grã-Bretanha votou de forma inequívoca pela saída da UE. Mas se a opção
“Brexit” foi clara, é ainda muito cedo para retirar conclusões acerca do
significado profundo deste importantíssimo acontecimento, cujas repercussões
futuras provocarão um profundo abalo na UE.

E será necessário repetir o que é efectivamente esta UE: a “Europa” do capital
monopolista, inimiga dos direitos dos trabalhadores e da soberania dos povos,
imperialista, neocolonialista, pilar “europeu” das agressões militares e dos
planos de guerra da NATO. A UE de um capitalismo afundado na crise, cujas
contradições internas não cessam de se agudizar.

Pela primeira vez um país soberano pronunciou-se sobre a saída da UE. E a
importância que o grande capital transnacional atribuía ao voto pela permanência
fica bem clara se lembrarmos que, de Obama a Hollande, de Merkel a George Soros,
não houve figura de peso do sistema capitalista global que não interviesse na
campanha. Nesse sentido, é também o que essas figuras significam que sofreu uma
pesada derrota.

David Cameron, que se aventurou na convocação do referendo para negociar com a
UE em posição de força - e com isso conseguiu no início deste ano um acordo
especial particularmente retrógado - demitiu-se, depois de uma campanha em que
recuou em toda a linha. O reaccionário Boris Johnson, que fez campanha pela
saída, veio já dizer que não há pressa em sair. A comissão europeia
respondeu-lhe de imediato que quanto mais depressa saia, menor será a
“incerteza”.

Os grandes media internacionais promoveram uma campanha verdadeiramente
terrorista acerca das “devastadoras consequências”, nacionais e internacionais,
que o Brexit teria. Os grandes media portugueses intervieram activamente nessa
linha. O grande capital não permite que qualquer debate sobre a UE não seja de
imediato inquinado. Mas é significativo do beco sem saída em que a UE se
encontra que só lhe seja possível utilizar argumentos negativos, do “colapso
económico” à “ameaça terrorista”.

A história da UE é a de desrespeito pelo resultado de qualquer referendo que lhe
seja desfavorável, o que significa que este processo está longe de ter ficado
encerrado. Mas o que a UE, nas actuais condições, dificilmente poderá conter é o
generalizado descontentamento e insatisfação perante a situação existente.
Descontentamento que está longe de identificar com acerto as suas causas, e que
por esse facto envolve graves riscos. Mas que contém também um valioso
potencial, se a luta dos trabalhadores e dos povos lhe der o sentido da ruptura
com um sistema apodrecido e sem saída.

Os Editores de odiario.info

In
O DIARIO.INFO
http://www.odiario.info/um-gigantesco-abalo-numa-uniao-europeia/
24/6/2016

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